projecto de um controlador para um viscosímetro de fio vibrante
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Projecto de um Controlador para um Viscosímetro de Fio Vibrante
Ana Margarida Martins da Costa
Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em
Engenharia Electrotécnica e de Computadores
Júri
Presidente: Prof. Doutor Marcelino Bicho Santos
Orientador: Prof. Doutor José Luís Gonçalves Correia da Mata
Co-Orientador: Prof. Doutora Maria João Marques Martins
Vogais: Prof. Doutor Pedro Nuno Mendonça dos Santos
Outubro de 2009
iii
AGRADECIMENTOS
Gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos a todos aqueles que me
ajudaram durante a realização deste trabalho, especialmente à Prof. Doutora Isabel Teixeira,
por ter tornado possível a minha inscrição na dissertação de mestrado, ao Tenente Coronel
Rocha por ter alterado a minha área secundaria para electrónica o que constituiu uma mais
valia para a realização desta dissertação, à Prof. Doutora Maria João Martins, pelo apoio
disponibilidade e interesse demonstrados ao longo desta dissertação, disponibilizando um
gabinete para trabalhar no IST e estando sempre pronta a ajudar principalmente nos momentos
de maior dificuldade, ao Prof. Doutor José da Mata, pela disponibilidade e interesse sempre
patenteados ao longo desta intensa tarefa, empenhando sem hesitar a sua experiência e
vastos conhecimentos na resolução de todos os obstáculos que surgiram, ao Prof. Doutor João
Fareleira que permitiu a minha integração no Grupo III do Centro de Química Estrutural, ao
Prof. Doutor Fernando Caetano cuja tese muito me ajudou a perceber alguns conceitos, ao
Prof. Doutor António Serralheiro e ao Eng. José Vaz que me ajudaram com o programa Altium
Designer Winter 09, o qual serviu para desenhar e projectar o circuito.
A todos os meus familiares, pelo constante incentivo, pela compreensão e paciência
demonstradas, principalmente nas fases mais críticas. Quero mencionar em especial a minha
mãe, a minha irmã, a minha prima Andreia, o meu avô, o António, o Bruno e como não poderia
deixar de ser o meu noivo, que constituíram um apoio de estabilidade e motivação.
Por fim, mas não menos importante ao Sr. Dr. Luís Gominho e Sra. D. Ana Maria
Gominho.
iv
v
RESUMO
Este trabalho consiste no projecto de um controlador para um viscosímetro de fio vibrante,
capaz de trabalhar indiferentemente em regime livre e em regime forçado, e de medir a
viscosidade de líquidos através de um microcontrolador, controlado remotamente por um
computador. Este recolhe os sinais eléctricos da actividade para processamento e ao mesmo
tempo garante o isolamento dos transdutores de perturbações eléctricas exteriores que podem
afectar as medidas efectuadas.
Foi feito um estudo exaustivo dos componentes a utilizar no circuito do controlador, de
modo a obter o maior ganho possível na saída, maximizando a relação sinal/ruído. Para
minimizar os efeitos da interferência de sinais externos com o equipamento de medida foi
projectada uma blindagem que garante o isolamento das componentes do circuito.
Palavras-chave:
Controlador, Microcontrolador, Viscosímetro, Fio vibrante, Medida em Regime livre, Medida em
Regime Forçado.
vi
vii
ABSTRACT
This project consists in the design of a controller for a vibrant wire viscosimeter, capable of
working either in the stationary regime or in transient regime, for measuring the liquid’s viscosity
through a microcontroller, remotely controlled by a computer. This computer collects the
electrical signals generated, for processing and at the same time ensures the isolation of the
transductor from external electrical disturbances that can affect the measurements.
A thorough study of the components to be used in the controller's circuit was made, in
order to obtain the greatest possible output gain, maximizing the signal to noise ratio. To
minimize the interference effects of external signals with the measuring equipment a shielding
was designed to ensure the isolation of circuit components.
Keywords
Controller, Microcontroller Viscosimeter, Vibrating wire, transient measurement, stationary
measurement.
viii
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS............................................................................................................... iii
Resumo......................................................................................................................................... v
Abstract......................................................................................................................................vii
Índice .........................................................................................................................................viii
Lista de Figuras ........................................................................................................................... x
Lista de Tabelas......................................................................................................................... xii
Lista de Acrónimos ..................................................................................................................xiii
Lista de Símbolos...................................................................................................................... xiv
Capitulo 1..................................................................................................................................... 1
1. Introdução............................................................................................................................ 1
1.1. Enquadramento ....................................................................................................... 2
1.2. Conceito de viscosidade .......................................................................................... 3
1.3. Propriedades dos Fluidos........................................................................................ 6
1.4. Medidas de Viscosidade .......................................................................................... 8
1.4.1. Métodos de Medida ................................................................................................. 9
1.5. Fio Vibrante .......................................................................................................... 10
1.6. Estrutura do trabalho............................................................................................ 11
Capitulo 2................................................................................................................................... 12
2. Modelo teórico do fio vibrante ......................................................................................... 12
2.1. Introdução ............................................................................................................. 12
2.2. Mecânica das Oscilações ...................................................................................... 13
2.2.1. Equações do Movimento........................................................................................ 13
2.3. Modelos das Técnicas de Medida.......................................................................... 14
2.3.1. Modelo Eléctrico em Regime Forçado.................................................................. 14
2.3.2. Modelo Eléctrico em Regime livre ........................................................................ 19
Capitulo 3................................................................................................................................... 21
3. Descrição do Controlador de Fio vibrante...................................................................... 21
3.1. Introdução ............................................................................................................. 21
3.2. Ruído ..................................................................................................................... 24
3.3. Blindagens ............................................................................................................. 28
3.4. Guarda................................................................................................................... 35
3.5. Largura de Banda.................................................................................................. 36
3.6. Descrição do sistema............................................................................................. 39
ix
3.6.1. Andar de entrada................................................................................................... 39
3.6.2. Gerador de Corrente ............................................................................................. 40
3.6.3. Sinal de Excitação ................................................................................................. 42
3.6.4. Canais Amplificação ............................................................................................. 44
3.6.5. Sistema de Controlo .............................................................................................. 45
3.7. Sistema de Medida................................................................................................. 46
3.8. Alimentação do Circuito........................................................................................ 48
3.8.1. Princípio de Funcionamento ................................................................................. 49
Capitulo 4................................................................................................................................... 54
4. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS................................................................ 54
4.1. Introdução ............................................................................................................. 54
4.2. Contribuições originais ......................................................................................... 55
4.3. Conclusões e Desenvolvimentos Futuros .............................................................. 55
5. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 56
Anexos ........................................................................................................................................ 59
6. ANEXOS .............................................................................................................................. 1
6.1. Esquema eléctrico (1) Contido na Blindagem......................................................... 1
6.2. Esquema eléctrico (2) Contido na Blindagem......................................................... 2
6.3. Esquema eléctrico (3).............................................................................................. 3
6.4. Esquema eléctrico (4).............................................................................................. 4
6.5. Esquema eléctrico (DDS e Gerador de Impulsos) .................................................. 5
6.6. Esquema eléctrico (Base de Tempos)...................................................................... 6
6.7. Esquema eléctrico (ADC)........................................................................................ 7
6.8. Esquema eléctrico (Microcontrolador dos Relés)................................................... 8
6.9. Esquema eléctrico (Microcontrolador) ................................................................... 9
6.10. Esquema eléctrico (Fonte de Alimentação) Contida na Blindagem ..................... 10
6.11. Esquema eléctrico (Fonte de Alimentação)........................................................... 11
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1.1 – (A) ASPECTO DE UM VISCOSÍMETRO DE FIO VIBRANTE, (B) VASO CILÍNDRICO E CIRCUITO
MAGNÉTICO QUE INCLUI O FIO VIBRANTE [3].........................................................................................3
FIGURA 1.2.2 - O ESBOÇO MOSTRA O GRADIENTE DE VELOCIDADE NUM FLUIDO QUE ESTÁ ENTRE UMA
PLACA MÓVEL E UMA FIXA COM VELOCIDADE V0..................................................................................4
FIGURA 1.3.1 – FLUIDO NEWTONIANO PARA LÍQUIDOS DE COMPOSIÇÃO SIMPLES E VISCOSIDADE
RELATIVAMENTE BAIXA ........................................................................................................................7
FIGURA 1.5.1 – IMAGEM DO FIO VIBRANTE ................................................................................................10
FIGURA 2.2.1 – EXEMPLO DE MEDIDA (CURVAS DE RESSONÂNCIA OBTIDAS A PARTIR DE UMA
SIMULAÇÃO PARA DIVERSOS VALORES DO RAIO DO FILAMENTO DE TUNGSTÉNIO) [3].......................13
FIGURA 2.2.2 – IMAGEM DO FIO VIBRANTE................................................................................................14
FIGURA 2.3.1 – CIRCUITO EQUIVALENTE PARA APLICAÇÃO DA LEI DA INDUÇÃO. .....................................15
FIGURA 2.3.2 - MODELO ELÉCTRICO SIMPLIFICADO.................................................................................16
FIGURA 2.3.3 – CURVA DE RESSONÂNCIA.................................................................................................17
FIGURA 2.3.4 – IMPULSO RECTANGULAR SIMÉTRICO................................................................................19
FIGURA 2.3.5 – REGIME FORÇADO ...........................................................................................................20
FIGURA 2.3.6. – REGIME LIVRE .................................................................................................................20
FIGURA 3.1.1 – DIAGRAMA DE BLOCOS DO CONTROLADOR. ....................................................................22
FIGURA 3.1.2 – ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DO MÉTODO DE MEDIDA................................................23
FIGURA 3.1.3 – CADEIA DE AMPLIFICADORES E RESPECTIVOS GANHOS. ................................................23
FIGURA 3.2.1 – CONFIGURAÇÃO DE UM SISTEMA COM N AMPLIFICADORES.............................................25
FIGURA 3.2.2 – MODELO DE RUÍDO TÍPICO [25]. .........................................................................................26
FIGURA 3.2.3 – TENSÃO TOTAL DE RUÍDO DE ENTRADA OPA627AP ......................................................27
FIGURA 3.3.1 – ESQUEMA DO ANDAR DE ENTRADA. .................................................................................28
FIGURA 3.3.2 – AMPLIFICADOR COM BLINDAGEM ELECTROSTÁTICA. .......................................................29
FIGURA 3.3.3 – ESQUEMA EQUIVALENTE. .................................................................................................29
FIGURA 3.3.4 – ELIMINAÇÃO DE REALIMENTAÇÃO INDESEJÁVEL..............................................................30
FIGURA 3.3.5 – AMPLIFICADOR BLINDADO COM ENTRADA E SAÍDA INDEPENDENTES. .............................30
FIGURA 3.3.6 – AMPLIFICADOR BLINDADO COM CAPACIDADES PARASITAS. ............................................31
FIGURA 3.3.7 – CIRCUITO BLINDADO COM ALIMENTAÇÃO POR TRANSFORMADOR...................................32
FIGURA 3.3.8 – CIRCUITO BLINDADO COM ALIMENTAÇÃO POR TRANSFORMADOR COM BLINDAGEM
ELECTROSTÁTICA SIMPLES. ...............................................................................................................33
FIGURA 3.3.9 – CIRCUITO BLINDADO COM ALIMENTAÇÃO POR TRANSFORMADOR COM BLINDAGEM
ELECTROSTÁTICA DUPLA. ..................................................................................................................34
FIGURA 3.4.1 – ESQUEMA DO ANDAR DE ENTRADA. .................................................................................35
FIGURA 3.4.2 – MEDIDA DA TENSÃO COM LIGAÇÃO POR CABO COAXIAL E RF..........................................35
xi
FIGURA 3.4.3 – APLICAÇÃO DE UMA GUARDA. ..........................................................................................36
FIGURA 3.5.1 – ESQUEMA DO FUNCIONAMENTO DO MÉTODO DE MEDIDA................................................37
FIGURA 3.5.2 – BLINDAGEM COM ISOLADORES. .......................................................................................38
FIGURA 3.6.1 – ESQUEMA DO ANDAR DE ENTRADA. ................................................................................40
FIGURA 3.6.2 – ESQUEMA DO GERADOR DE CORRENTE...........................................................................41
FIGURA 3.6.3 – DIAGRAMA DE BLOCOS DO SINTETIZADOR.......................................................................43
FIGURA 3.6.4 – MASTER CLOCK. ..............................................................................................................44
FIGURA 3.6.5 – CONTROL TIMING. ............................................................................................................44
FIGURA 3.6.6 – SERIAL TIMING. ................................................................................................................44
FIGURA 3.7.1 – DIAGRAMA DE LIGAÇÕES DO SISTEMA DE MEDIDA. ........................................................46
FIGURA 3.7.2 – CONVERSOR ANALÓGICO/DIGITAL (ADC). ......................................................................47
FIGURA 3.7.4 – FLUXOGRAMA DA CONVERSÃO E ENVIO DE DADOS. ........................................................47
FIGURA 3.7.4 – DIAGRAMA DE TEMPO PARA O MODO EM PARALELO........................................................48
FIGURA 3.8.1 – DIAGRAMA DE BLOCOS DE UMA FONTE DE ALIMENTAÇÃO...............................................49
FIGURA 3.8.2 – DIAGRAMA DOS SINAIS NAS DIVERSAS ETAPAS DA FONTE. .............................................50
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1.2.1 – COEFICIENTES DE VISCOSIDADE DE DIFERENTES FLUIDOS [12]
.........................................5
TABELA 3.1.1 – TENSÃO (V) E RESPECTIVOS GANHOS (G) .....................................................................24
TABELA 3.2.1 – TENSÃO TOTAL DE RUÍDO DE ENTRADA NO AMPLIFICADOR ............................................27
TABELA 3.8.1 – CIRCUITO DA BLINDAGEM ALIMENTADO A ±12 V.............................................................51
TABELA 3.8.2 – CIRCUITO ALIMENTADO A ±12 V FORA DA BLINDAGEM ...................................................51
TABELA 3.8.3 – CIRCUITO ALIMENTADO A + 5 V ANALÓGICO (AVDD +5V) ............................................52
TABELA 3.8.4 – CIRCUITO ALIMENTADO A + 3,3 V ....................................................................................52
TABELA 3.8.5 – CIRCUITO ALIMENTADO A + 5 V DIGITAL (DVDD +5V)...................................................52
TABELA 3.8.5 – DISSIPADOR DOS REGULADORES DE TENSÃO.................................................................53
xiii
LISTA DE ACRÓNIMOS
p.f. Ponto de fusão
ADC Analógico Digital Converter
OPA Operacional Amplifier
AC Alternate Current
DC Direct Current
DDS Direct Digital Synthesis
PWM Pulse-Width Modulation
RE Relé
FA Fonte de Alimentação
xiv
LISTA DE SÍMBOLOS
A Área
η Viscosidade
vr
Velocidade
Fr
Força
V0 Velocidade inicial
z Distância entre placas
R Raio do fio
L Comprimento do fio
Br
Campo magnético
i Corrente eléctrica
ω Frequência angular
Er
Campo eléctrico
tEr
Campo eléctrico total
Ψ Fluxo
v Tensão
vin Tensão induzida
y Posição do fio
a Amplitude de oscilação
f Frequência
t Tempo
maxindV Tensão máxima induzida
C Condensador
G Condutância
s Superfície
L1 Indutância
xv
r Resistência
Z Impedância complexa eléctrica
Z Impedância acústica
∆ω Largura a meia altura da curva de ressonância.
GT Ganho total
k Constante de boltzmann
T Temperatura
R Resistência
∆f Largura de banda
F Factor ruído
Eni Tensão total de ruído à entrada
eni Tensão de ruído
Ini Corrente de ruído
V Tensão medida por um voltímetro
U(ω) Frequência do factor sinusoidal
∆ Atenuação
CAPITULO 1
1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento de um sistema capaz de controlar e medir viscosidades de líquidos
numa grande gama de temperaturas e pressões é o âmbito do trabalho descrito nesta tese.
A utilização de transdutores de fio vibrante para a medida, de densidades ou
viscosidades de fluidos, apresenta algumas vantagens:
• A sua construção é simples e robusta,
• Este aparelho é essencialmente constituído por um fio metálico esticado entre dois
apoios, sendo adequado para funcionar a temperaturas e pressões muito
diferentes dos valores de ambiente.
Outra vantagem deste método é o facto do modelo teórico ser baseado em parâmetros
da física, descrevendo o funcionamento do transdutor em regime livre e em regime forçado.
Introdução IST
2
O objectivo deste trabalho é a elaboração de um projecto que controle o fio vibrante
através da entrada do circuito (montagem em anexo) e efectue a leitura à saída da medida de
viscosidade de líquidos, funcionando indiferentemente em regime livre ou em regime forçado
consoante a entrada do circuito, que será comandada por um microprocessador que por sua
vez estará ligado a um computador.
Este trabalho desenvolve-se em três fases:
(1) conceitos teóricos e enquadramento do projecto.
(2) projecto de um controlador para o viscosímetro de fio vibrante sensível à
viscosidade do líquido, que se encontra em regime livre ou em regime forçado
(3) estabelecimento da comunicação do controlador com um computador, através de
um microcontrolador.
O projecto de um equipamento que meça com exactidão grandezas físicas é um tema
que cada vez mais se tem tornado num desafio tecnológico, podendo em algumas situações,
medidas no futuro virem a ser obtidas através de tecnologias do passado.
A definição de um instrumento de medida refere-se a um equipamento capaz de medir
com exactidão uma grandeza física, em que está associado um modelo teórico que permite
exprimir essa grandeza em função de outras que, ao serem determinadas, permitam a medição
propriamente dita.
Esta noção é muito importante, porque permite transferir a exactidão das grandezas
que se medem para a grandeza que se determina.
Por exemplo, temos o sistema internacional de unidades (SI), que foi criado em 1960,
pela 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas (CGPM) e adoptado, em Portugal, pelo
Decreto-Lei n°427/83, de 7 de Dezembro, como o sistema legal de unidades de medida [19].
O SI é composto por 7 unidades de base (metro, quilograma, segundo, ampere, kelvin
e mole), 2 unidades suplementares (radiano e estereradiano) e 19 unidades derivadas (newton,
hertz, volt, pascal, etc…) [19].
Foi determinado, igualmente, o uso dos múltiplos e submúltiplos deste sistema, bem
como regras para a escrita dos símbolos.
Introdução IST
3
Na sua maior parte os instrumentos de medida construídos para a determinação de
grandezas físicas não são absolutos. Por razões que vão desde a total ou parcial inexistência
de modelo teórico até dificuldades relacionadas com a construção do aparelho. O que
geralmente se consegue é um instrumento relativo, isto é, um instrumento que tem de ser
calibrado.
Relativamente às medidas de viscosidade de líquidos, e para estar de acordo com a
prática associada à realização das unidades SI, deveria existir uma experiência que de forma
absoluta medisse viscosidades com a máxima exactidão possível. A exactidão deste aparelho
poderia ser transferida, para aparelhos relativos, através de uma metodologia em que a
viscosidade de um líquido de transferência era medida em experiências paralelas, que
conduziriam à calibração do aparelho relativo. Este trabalho é extremamente difícil, demorado
e em muitos casos, impossível de repetir por outros autores.
Tendo em conta a definição de viscosidade (veja-se a secção 1.2) a sua medida é
obrigatoriamente feita em condições dinâmicas: ou se faz mover o líquido a medir através de
um obstáculo de geometria bem definida ou, em alternativa, move-se um corpo (também de
geometria bem definida) no seio do líquido cuja viscosidade se pretende determinar.
Relativamente à primeira situação temos o exemplo dos viscosímetros que fazem
escoar um volume conhecido de líquido através de um tubo cilíndrico de dado comprimento
medindo-se o respectivo tempo de escoamento.
Em qualquer um dos casos, a determinação das características do movimento e o seu
relacionamento com a viscosidade do líquido só é possível se existir um modelo teórico que
tenha em conta a geometria da situação e a dinâmica dos movimentos, quer do líquido, quer
dos sólidos nele imersos.
A dificuldade de obter modelos teóricos é muito grande, devido ao facto dos modelos
conterem constantes de calibração que só podem ser determinadas por meio de experiências
laboratoriais, e como consequência o instrumento tem de ser calibrado previamente para todos
os líquidos nas mesmas condições de pressão e temperatura do equipamento que irá ser
utilizado. Em termos práticos trata-se de uma tarefa praticamente inexequível.
Dos inúmeros viscosímetros que existem, o viscosímetro de fio vibrante (constituído por
um sólido de secção cilíndrica, fixo nas extremidades, que efectua oscilações transversais no
seio do líquido) apresenta a particularidade de ter subjacente uma teoria [10] que verifica as
condições acima expostas. Uma consequência desta teoria é a possibilidade de a mesma
construção básica poder funcionar também como densímetro [10].
Introdução IST
4
Neste trabalho é descrito um gerador de corrente sinusoidal e de impulsos de
frequência e amplitude ajustáveis funcionando entre 500 e 2000Hz com amplitudes de +/-
20mA, um amplificador de ganho ajustável, até 100k, banda passante de 60kHz, um ADC 12
bits 100k amostras/s e um microcontrolador para gestão dos elementos do circuito.
Neste trabalho é ainda descrito o equipamento de apoio que inclui uma interface
electrónica entre as células de fio vibrante e o aparelho de medida, bem como os respectivos
programas de controlo e aquisição de dados.
Neste capítulo será descrito o enquadramento sobre o tema em análise neste trabalho,
numa perspectiva contextual, bem como, uma sinopse detalhada da sua estrutura e dos
aspectos relevantes que se pretende focar.
Introdução IST
2
“O único lugar onde o sucesso vem
antes do trabalho é no dicionário.”
Albert Einstein [17]
1.1. Enquadramento
O viscosímetro de fio vibrante é um transdutor constituído por um fio metálico fixo nas
extremidades e sujeito a uma força axial. O fio está situado no entre-ferro de um circuito
magnético de tal forma que, quando percorrido por uma corrente alternada sinusoidal, a força
resultante da interacção corrente-campo de indução magnética, dá origem a um movimento
transversal de frequência igual à da corrente de excitação. Estando o fio tensionado
axialmente, tem uma característica de ressonância caracterizada pela frequência do máximo e
largura a meia altura, que depende de vários parâmetros tais como, comprimento do fio,
secção transversal, força axial e viscosidade do meio em que o fio se encontra. A relação entre
a viscosidade do meio e a característica de ressonância está convenientemente modelada
(secção 2.3). Outro modo de funcionamento do transdutor consiste em aplicar um impulso de
corrente e medir as características( taxa de decaimento e frequência de oscilação) do regime
transitório que se segue. A relação entre a taxa de decaimento e a viscosidade do meio
também está, convenientemente modelada [1].
Introdução IST
3
(a) (b)
Figura 1.1.1 – (a) Aspecto de um viscosímetro de Fio Vibrante, (b) Vaso cilíndrico e circuito
magnético que inclui o fio vibrante [3].
1.2. Conceito de viscosidade
A viscosidade é a característica de um fluido que descreve as suas propriedades de
escoamento, isto é, é a medida da resistência que um fluido oferece ao escoamento.
A viscosidade está relacionada com as forças de atracção intermolecular. Quanto mais
intensas forem essas forças, mais viscoso se torna o líquido.
Introdução IST
4
Figura 1.2.2 - O esboço mostra o gradiente de velocidade num fluido que está entre uma placa
móvel e uma fixa com velocidade v0.
Para definir o coeficiente de viscosidade de um fluido, tem de se colocar o fluido
confinado entre duas superfícies planas paralelas, cada uma com área A, separadas de uma
distância z, como mostra a figura 1.2.2. A superfície superior desloca-se com uma velocidade
constante vr
, solicitada por uma força Fr
e a inferior mantém-se imóvel. A acção de uma força
é indispensável para deslocar a superfície superior em virtude da força de viscosidade que se
opõe ao movimento. A velocidade do fluido é vr
na proximidade da superfície superior e zero
na proximidade inferior e varia linearmente com a separação entre as duas superfícies.
Verifica-se que Fr
é directamente proporcional a vr
e a A, e inversamente proporcional à
separação z entre as duas superfícies. A constante de proporcionalidade é o coeficiente de
viscosidade (designado simplesmente de viscosidade) η :
zAv
Frr
η= (1.2.1)
A unidade SI de viscosidade é N.s/m2 = Pa.s. Ainda se utiliza bastante a unidade cgs
de viscosidade, o poise, assim denominada em homenagem ao fiísico J. L. M. Poiseuille. As
duas unidades relacionadas por 1 Pa.s = 10 poise = 10 P [5].
Na tabela 1.2.1 registam-se coeficientes de viscosidade de alguns fluidos em diversas
temperaturas. Em geral, a viscosidade de um líquido aumenta quando a temperatura diminui.
Devido a este facto, nos climas frios, utilizam-se óleos mais finos no inverno do que no verão,
para lubrificar os motores dos automóveis.
A
vr
Vz
Fr
Introdução IST
5
TABELA 1.2.1 – COEFICIENTES DE VISCOSIDADE DE DIFERENTES FLUIDOS
[12]
Fluido T, ºC η , mPa.s
Água
0
20
60
1,80
1,00
0,65
Sangue (integral) 37 4,0
Óleo de motor (SAE 10) 30 200
Glicerina
0
20
60
10 000
1 410
81
Tinta [11] 23 10,0
Ar 0 0,0174
Nos dias de hoje o estudo da viscosidade em determinadas industrias é de extrema
importância, como por exemplo na indústria farmacêutica, indústria de plásticos, em
combustíveis e lubrificantes, indústria de lacticínios (manteigas, iogurtes etc…), cosmética e na
preparação de tintas. Relativamente à preparação de tintas, mede-se a viscosidade das
mesmas, efectuam-se estudos sobre o efeito da temperatura na viscosidade da tinta, e
procede-se à compensação desse efeito em função da temperatura ambiente. Deve utilizar-se
diluentes retardadores se a temperatura ambiente for muito elevada e diluentes aceleradores
se a temperatura for muito baixa. Se o estudo da viscosidade nas tintas for feito de forma
incorrecta podem ocorrer defeitos como a tinta ficar escorrida, ou tipo casca de laranja.
No caso da cosmética é muito importante, especialmente nos cremes, que cada vez
são mais nutritivos e sujeitos a condições extremas, normalmente relacionadas com
temperatura. São analisados parâmetros físico-químicos, sensoriais e microbiológicos ao longo
do tempo. Os testes dependem do tipo de cosmético, mas a viscosidade/consistência é um dos
parâmetros que é analisado, bem como o valor de Ph, a cor, o cheiro e determinação de micro
organismos, pois os cosméticos são na realidade alimentos para a pele, que contêm
ingredientes que podem ser absorvidos pela corrente sanguínea [23].
É também de extrema importância o estudo da viscosidade nos líquidos iónicos,
assunto de interesse actual.
Introdução IST
6
Os líquidos iónicos são electrólitos que em fase líquida são compostos apenas por
iões. O cloreto de sódio (NaCl, p.f.=800ºC[26]) fundido é um líquido iónico, e uma solução
aquosa de cloreto de sódio é uma solução iónica.[27]
No entanto o termo líquido iónico deriva da definição clássica de sal fundido, que é
normalmente um sal de elevada temperatura de fusão, que gera meios altamente viscosos e
corrosivos (por exemplo o hidróxido de sódio fundido). O termo líquido iónico é utilizado para
designar líquido iónico à temperatura ambiente que são líquidos com ponto de fusão inferior a
100ºC, são pouco viscosos e podem ser manuseados como solventes normais. Esta linha entre
líquidos iónicos e sais fundidos é justificada pela enorme quantidade de aplicações possíveis
para líquidos iónicos. Apesar de alguns sais fundidos terem sido utilizados como meio
reaccional, só um alcance líquido abaixo dos 100ºC pode permitir a substituição dos solventes
orgânicos convencionais.[26,28]
Uma das propriedades que pode influenciar a utilização de líquidos iónicos quer à
escala laboratorial, quer à escala industrial, é a sua viscosidade, uma vez que uma viscosidade
excessiva não permite uma fácil homogeneização do meio reaccional. Sendo os líquidos
iónicos considerados pouco viscosos [28] é, no entanto, necessária a possibilidade de modelar a
sua viscosidade às necessidades práticas.
O que influência a viscosidade dos líquidos iónicos é a possibilidade de formar pontes
de hidrogénio, aumentando a coesão do líquido. A viscosidade pode também ser alterada por
pequenas alterações na temperatura, e até pela adição de cosolventes.[28] É assim possível
obter diferentes viscosidades. Em geral os líquidos iónicos podem ser considerados como
tendo viscosidades superiores à do óleo de motor e inferiores à glicerina (Tabela 1.2.1).
Na escala laboratorial há inúmeras aplicações para os líquidos iónicos, existindo a
possibilidade de estes processos passarem à escala piloto. Estes poderosos solventes são já
alternativa na indústria química e extractiva e em breve poderão estar presentes em pilhas e
baterias de automóveis ou fazer parte de novos materiais.
1.3. Propriedades dos Fluidos
Os fluidos são substâncias ou corpos cujas moléculas ou partículas têm a propriedade de
se mover, umas em relação às outras, sob a acção de forças de mínima grandeza, que
dependem da massa do fluido em estudo.
Introdução IST
7
Os fluidos podem ser: líquidos e gases. Os líquidos escoam sob a acção da gravidade, têm
as suas moléculas mais próximas e adquirem a configuração do recipiente que os contém,
mudando a sua forma com as mudanças de forma do recipiente, mas conservando o seu
volume praticamente constante. Os gases expandem-se até ocuparem todo o volume do
recipiente, qualquer que seja a forma, pois num gás a separação média de duas moléculas é
grande, sendo a força de coesão mínima e a de repulsão máxima.
Portanto, a compressibilidade é a propriedade que permite distinguir líquidos de gases.
Esta é mais significativa nos gases (designados por fluidos elásticos), pois traduz-se na
capacidade que um fluido possui de o volume por ele ocupado variar em função da pressão.
Os fluidos podem ser considerados ideais ou reais. Os ideais não apresentam viscosidade,
são incompressíveis e tem distribuições de velocidade uniforme quando fluem. Ou seja, não
apresentam resistência ao escoamento. Já os fluidos reais podem ser divididos em
newtonianos e não newtonianos. Segundo Newton, quanto maior a viscosidade do líquido,
maior a força por unidade de área (i.e. a tensão de corte) necessária para produzir uma
determinada velocidade de corte.
zv
AF
η= (1.3.1)
Onde =AF
tensão de corte; =dtdv
velocidade de corte e =η viscosidade
A figura 1.3.1 representa um fluido newotoniano. Para líquidos de composição simples e
viscosidade relativamente baixa, a representação gráfica da velocidade de corte em função
tensão de corte é uma recta, portanto a viscosidade é constante.
Figura 1.3.1 – Fluido newtoniano para líquidos de composição simples e viscosidade
relativamente baixa
Introdução IST
8
Nos fluidos não newtonianos a viscosidade varia de acordo com o grau de deformação
aplicado, por isso não existe uma viscosidade definida univocamente. Isto pode ser explicado
pelos diversos tipos de fluidos não newtonianos existentes.
Estes fluidos são dependentes ou independentes do tempo. Entre os fluidos independentes
do tempo distinguem-se:
a) Plásticos: apresentam viscosidade constante, portanto escoamento newtoniano, a
partir de uma tensão de corte mínima;
b) Pseudoplásticos: a viscosidade do sistema diminui proporcionalmente com o aumento
da tensão de corte;
c) Dilatantes: a viscosidade do sistema aumenta proporcionalmente com o aumento da
tensão de corte, resultando num aumento da resistência ao escoamento.
Os fluidos dependentes do tempo caracterizam-se por apesar de terem o mesmo valor de
tensão de corte apresentam valores diferentes de velocidade de corte, consoante está em
crescimento ou decrescimento. Neles distinguem-se:
a) Tixotrópicos: são fluidificantes, pois a viscosidade aparente decresce com o tempo e
pode ocorrer nos sistemas plásticos e pseudoplásticos;
b) Reopéxicos: são espessantes, pois a visccosidade aparente cresce com o tempo e
pode ocorrer nos sistemas dilatantes [13].
1.4. Medidas de Viscosidade
A viscosidade normalmente é medida e apresentada como viscosidade dinâmica ou como
viscosidade cinemática. Para qualquer uma das duas é sempre referida a temperatura em que
é feita a sua medição. A viscosidade dinâmica é expressa normalmente em unidades
centiPoise (cP), representa a resistência ao cisalhamento 1 de um fluido quando este é sujeito a
um movimento forçado. A viscosidade cinemática é expressa normalmente em centiStoke (cSt),
e é obtida pela medição do tempo de escoamento, por gravidade, ao longo de um tubo capilar.
Existe porém uma correspondência entre a viscosidade dinâmica e cinemática: a viscosidade
dinâmica é igual à viscosidade cinemática multiplicada pela densidade do fluido.
1 Tensão de cisalhamento ou tensão de corte é o quociente entre a força aplicada uniforme e tangencialmente a uma área de secção transversal.
Introdução IST
9
1.4.1. Métodos de Medida
Para a determinação da viscosidade de fluidos existem vários métodos de medida.
Os viscosímetros para medição da viscosidade de líquidos podem ser divididos em
duas categorias:
• Os primários, que incluem os viscosímetros rotativos e os de objectos vibrantes;
• Os secundários, que correspondem aos viscosímetros capilares e de esfera em
queda.
Para que seja possível de determinar a viscosidade deve ser construído um aparelho
com o objectivo de medir uma propriedade de um fluido de modo que, ao ser perturbado o seu
estado de equilíbrio seja possível determinar a mesma.
Inicialmente efectuam-se medidas a fluidos cuja viscosidade e densidade já estejam
bem caracterizadas. Contudo, as constantes obtidas para viscosímetros secundários são
diferentes das obtidas para instrumentos primários. Nos secundários as constantes apresentam
pouco significado físico sendo neste caso indispensável analisar a dependência da temperatura
e a pressão.
Os viscosímetros de tubo capilar ou de Ostwald e os de esfera em queda regem-se por
modelos matemáticos rigorosos, no entanto necessitam de calibração com um fluido de
viscosidade conhecida a temperatura e pressão especificada, para a determinação dos
factores de correcção incluídos nas equações. Estes factores corrigem determinados efeitos
que podem contribuir para erros sistemáticos nas medições, onde estão incluídos os efeitos da
energia cinética que consequentemente afectam os viscosímetros capilares e também efeitos
de “parede” no caso dos viscosímetros de esfera em queda. Os limites de exactidão na
medição de viscosidade absoluta (se a calibração não for feita) vão para +-3%, no entanto,
estes viscosímetros podem promover medições mais precisas quando devidamente calibrados.
Os viscosímetros de tubo capilar são os viscosímetros mais usados devido à sua simplicidade
e modo de operar.
Por outro lado, os viscosímetros rotativos e os de objectos vibrantes não requerem factores
de correcção porque abaixo de limitações específicas, os modelos matemáticos estão
completos. A medição em vácuo é usada para determinar o próprio humedecimento destes
viscosímetros. Estes viscosímetros considerados “primários” têm outra característica que os
diferencia dos viscosímetros secundários e que lhes confere maior utilidade, pois têm a
finalidade de medir simultaneamente a densidade. Estes dispositivos apresentam circuitos
eléctricos simples e são fáceis de automatizar.
Introdução IST
10
z=-L
z=+L
T
T
z
y
2R
Os viscosímetros de fio vibrante são de construção simples e apresentam modelos
matemáticos que são relativamente mais simples do que os modelos para os viscosímetros
rotativos. Também requerem um volume de fluido significativamente inferior ao dos métodos
tradicionais e não necessitam de movimento da maioria do fluido, daí serem compactos. As
equações subjacentes de carácter prático sustentam o fio vibrante como um viscosímetro
primário promovendo medições com uma incerteza acima dos 0,3%.
Os viscosímetros de fio vibrante têm sido usados para medições numa escala de fluidos
sobre intervalos de temperaturas e pressões elevados. Medem viscosidades entre 0,009 a 200
mPa.s tanto em líquidos como em gases a uma temperatura na escala de 1,1K a 455K.
1.5. Fio Vibrante
O viscosímetro de fio vibrante permite efectuar medidas de viscosidade através das
distorções periódicas de um corpo sólido vibrante exercidas pelo fluido que circunda o fio
vibrante.
Figura 1.5.1 – Imagem do fio vibrante
Um fio metálico de comprimento 2L é tencionado por uma força axial 2F. Daqui resulta uma
frequência de ressonância semelhante à corda de um instrumento musical.
Introdução IST
11
Fazendo passar pelo fio uma corrente eléctrica I e colocando-o no entreferro de um circuito
magnético, da interacção entre a corrente eléctrica e o campo de indução magnética B, resulta
uma força transversal F dada por:
2BLiF = (1.5.1)
Podemos fazer funcionar este dispositivo em dois regimes distintos denominados regime
livre e regime forçado (ou modo de varrimento).
O regime forçado consiste em aplicar um sinal sinusoidal de amplitude constante fazendo
variar a frequência e medindo-se a tensão induzida em função da frequência. O regime livre
consiste em colocar inicialmente o fio em movimento e depois deixa-lo mover-se livremente,
registando-se a tensão induzida durante o seu decaimento [3].
Através do estudo do regime forçado e do regime livre a partir dos parâmetros do
movimento do sistema, consegue-se medir a viscosidade de um fluido, este e outros pontos
são detalhados nas secções seguintes.
1.6. Estrutura do trabalho
O presente documento encontra-se estruturado por capítulos da seguinte forma:
• Capitulo 1 - No presente capítulo é realizada uma introdução ao trabalho.
Enquadramento do tema em analise. Descrição sobre o que é a viscosidade, vários
métodos de medidas da mesma. Propriedades dos fluidos e por fim uma descrição
sumária do fio vibrante.
• Capitulo 2 - Descreve-se todo o modelo teórico do fio vibrante incluindo o modelo
eléctrico e o método da técnica de medida em regime livre e em regime forçado.
• Capitulo 3 - Descreve-se como foi projectado o controlador. Primeiramente dá-se uma
visão geral de como está dividido o controlador apresenta-se o respectivo diagrama de
blocos. Depois, são explicados os diversos circuitos eléctricos que compõem o
controlador, onde também é descrito como é feita a blindagem do andar de entrada.
• Capitulo 4 - São referidas as principais conclusões retiradas do trabalho realizado e
são feitas propostas para trabalhos futuros.
Em anexo, encontram-se os esquemas eléctricos do controlador que por sua vez está
ligado as células de medida.
CAPITULO 2
2. MODELO TEÓRICO DO FIO VIBRANTE
2.1. Introdução
Este tipo de instrumento foi inicialmente utilizado com sucesso por Tough et al. [9] Estes
investigadores apresentaram um aparelho para medir a viscosidade recorrendo à teoria
mecânica de um fio esticado com o modelo hidrodinâmico do método do fio vibrante.
O modelo hidrodinâmico fora inicialmente aplicado por Stokes, através das equações
actualmente designadas por Navier-Stokes, aplicadas inicialmente a um pêndulo, e
posteriormente aplicadas a um varão oscilante infinitamente longo, imerso num fluido.
Retsina et al. [10] efectuaram uma revisão da teoria mecânica da oscilação do fio e da teoria
hidrodinâmica, definiram ainda os limites de operação do instrumento, para que este estivesse
de acordo com a teoria. Inicialmente a distância entre as paredes do vaso, era considerada
infinita, em seguida, foi introduzida uma correcção para os casos em que o fluido se encontre
limitado pelas paredes do vaso e considerou-se a sua interferência na vibração do fio.
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
13
2.2. Mecânica das Oscilações
2.2.1. Equações do Movimento
A descrição mais simples para o viscosímetro de fio vibrante, consiste num corpo sólido de
secção circular com raio R, densidade sρ , esticado e preso nas extremidades, sujeito a uma
tensão T, envolvido num fluido de volume infinito, oscilando transversalmente num só plano
(figura 1.5.1.)
O movimento vibratório do fio é conseguido por via eléctrica o que permite seguir o
decaimento das oscilações livres e assim determinar o coeficiente de amortecimento devido ao
fluido circundante ou determinar as características de ressonância do oscilador (frequência de
vibração e largura de banda da frequência de vibração) [3]. O princípio de funcionamento
baseia-se no uso da força de electromagnética (equação 2.2.1) gerada por uma corrente
eléctrica aplicada dentro de um campo magnético, para originar o movimento vibratório e
depois para detectar a vibração, visto que é induzida uma tensão eléctrica.
BLiF = (2.2.1)
O movimento vibratório decai devido ao amortecimento provocado pelo fluido e devido ao
coeficiente de amortecimento do material do fio, o que faz com que o fio tenha diâmetros muito
pequenos isto é, na ordem dos [10, 500] µ m [3].
Figura 2.2.1 – Exemplo de medida (Curvas de ressonância obtidas a partir de uma simulação
para diversos valores do raio do filamento de tungsténio) [3].
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
14
z=-L
z=+L
T
T
z
y
2R
Existem dois regimes de funcionamento para colocar o fio em movimento e detectar a
tensão induzida: o funcionamento em regime forçado e o funcionamento em regime livre.
O regime forçado consiste em aplicar um sinal sinusoidal de amplitude constante fazendo
variar a frequência e medindo-se a tensão induzida em função da frequência.
O regime livre consiste em colocar inicialmente o fio em movimento e depois deixá-lo
mover-se livremente, registando-se a tensão induzida durante o seu decaimento [3].
Figura 2.2.2 – Imagem do fio vibrante.
Através do estudo do regime forçado e do regime livre a partir dos parâmetros do
movimento do sistema consegue-se medir a viscosidade de um fluido.
Os instrumentos de fio vibrante podem ser utilizados para a determinação simultânea da
densidade e da viscosidade, desde que exista um conjunto completo de equações teóricas de
suporte.
2.3. Modelos das Técnicas de Medida
2.3.1. Modelo Eléctrico em Regime Forçado
A figura 2.3.1 representa um circuito fechado, alimentado por um gerador de corrente
sinusoidal de frequência ω , em que um troço contém um condutor eléctrico deformável,
mergulhado num campo de indução Br
, circunscrito à região entre as coordenadas Lz ±= .
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
15
O condutor fica sujeito a um movimento harmónico devido à acção da corrente i e a
interacção do campo de indução Br
, varrendo a zona a azul e originando um campo eléctrico
induzido vEr
.
∫∫ −=⋅s
C
t dsn.Bdtld
ldErr
rrr
(2.3.1)
A lei da indução (equação 2.3.1) relaciona o campo eléctrico total tEr
com o campo de
indução Br
, estabelecendo que a circulação de tEr
, ao longo de uma linha fechada, é igual a
variação no tempo do fluxo Ψ de Br
através de uma superfície S (superfície varrida pelo
condutor no seu movimento harmónico) que se apoie na linha fechada.
Figura 2.3.1 – Circuito equivalente para aplicação da lei da indução.
O campo eléctrico total tEr
é dado por:
vt EEErrr
+= . (2.3.2)
em que Er
é a componente de condução e vEr
a componente devida ao movimento do
condutor no campo Br
in [1] (75-77).
A aplicação de uma corrente eléctrica provoca a oscilação do fio vibrante
perpendicularmente à direcção do campo magnético aplicado. Na figura 2.3.1 mostra-se a
orientação do campo magnético e a direcção da oscilação do fio. O fio oscila
perpendicularmente ao campo magnético aparecendo uma tensão eléctrica induzida aos
terminais do fio.
A tensão induzida no fio de comprimento L é proporcional à velocidade, podendo ser
calculada através da equação:
BvLVind
rr×= (2.3.3)
z=+L z=-L
x nr
x Br+
v-
vEr
BlidFdrrr
×=lidr
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
16
Esta expressão permite calcular o valor da tensão induzida durante a vibração do fio.
Assume-se que o valor da amplitude de oscilação é 0,5×10-6 (uma das condições de oscilação,
é a sua amplitude não ultrapassar 1% do diâmetro do fio), o comprimento do fio de tungsténio é
de l = 0.04 m os campos magnéticos apresentam uma intensidade entre 0,47 T e 0,6 T [3].
Vamos utilizar B = 0,54 T. Deste modo pode-se obter a velocidade máxima do fio
vibrante.
Começamos por definir a equação de posição do fio:
( )ftsenay π2×= (2.3.3)
Em que a = amplitude de oscilação, f = frequência e t = tempo. Derivando a posição em
ordem ao tempo temos que:
( )43421
1
22=
××== ftcosfadtdy
vmax ππ (2.3.4)
O valor da tensão induzida é calculado através da equação 2.3.3 e apresenta o
seguinte valor, V,V maxind µ862= , deste modo estimou-se que o valor da tensão eléctrica
induzida, é de: V/VV maxindind µπ 20== .
As características de ressonância do fio vibrante são descritas pelo modelo eléctrico
simplificado representado na figura 2.3.2, constituído por um condensador C, uma condutância
que depende da frequência Gω e uma indutância L. A resistência r, modela a resistência do
circuito e a indutância L1.
Figura 2.3.2 - Modelo Eléctrico Simplificado.
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
17
A impedância complexa Z representa a resposta do fio vibrante e pode ser escrita na
forma:
LjCjG
LjrZ
ωωω
ω1
11
++
++= (2.3.5)
A equação que descreve a curva de ressonância, deduzida para a impedância é dada
por [1]:
222
2
12
2
1
1
111
++
+
−+
−−+
=
LCG
GLL
CrL
CLrG
Z
ωωω
ωω
ωω
ωωω
(2.3.6)
A expressão 2.3.5 permite identificar os parâmetros G, C, L1 e L, em termos do modelo
do fio vibrante, estabelecendo um modelo de circuito eléctrico equivalente constituído pela
ligação em paralelo, de uma capacidade C, uma indutância L e uma condutância dependente
de uma frequência Gω . Todos os elementos estão ligados em série com uma resistência r que
modela a resistência do circuito e a indutância L1, como se ilustra na figura 2.3.2.
Os parâmetros C, L e Gω são componentes de um circuito eléctrico equivalente que
descreve o comportamento do fio vibrante, em que r é a resistência óhmica do fio vibrante.
Estes parâmetros são determinados por ajuste da curva de ressonância ao módulo da equação
2.3.6, e estão relacionados com o modelo hidrodinâmico.
A frequência de ressonância, ω , e a largura de banda a meia altura da curva de
ressonância, −+ −=∆ ωωω , são calculados a partir dos elementos do circuito em paralelo.
Figura 2.3.3 – Curva de ressonância.
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
18
Assim a expressão pode ser simplificada e escrita da seguinte forma [1]:
222 1
1
++
=
LCG
Z
ωωω
(2.3.7)
em que maxZ , o valor da impedância para a frequência de ressonância é dada por:
GLC
Zmax = (2.3.8)
a frequência de ressonância 0ω é dada por:
LC
10 =ω (2.3.9)
e a largura a meia altura, ω∆ :
−−+=∆
DDLC
11
11
1ω (2.3.10)
Em que 2
1
+=
GC
D , se C >> G a equação 2.3.1.8 pode ainda ser simplificada,
obtendo-se [1]:
( ) ( )GCLGCL +−
−=∆
11ω (2.3.11)
As equações 2.3.9 e 2.3.10, ajustadas à curva de ressonância permitem que seja
determinada a viscosidade do fluido que circunda o fio vibrante.
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
19
2.3.2. Modelo Eléctrico em Regime livre
Figura 2.3.4 – Impulso rectangular simétrico
Neste modo de funcionamento o fio é inicialmente excitado por um impulso rectangular
simétrico (figura 2.3.4), ligado a um circuito de elevada impedância de entrada, o qual amplifica
a força electromotriz induzida para níveis que permitem o seu registo após a extinção dos
transitórios iniciais.
No regime livre aplica-se a lei da indução com a uma pequena diferença, pois neste
caso não existe uma corrente imposta. Deste modo o campo eléctrico total (equação 2.3.2)
resume-se a vEr
.
Recorrendo è equação do movimento em regime livre [1], obtém-se a parte real da
equação que descreve uma “sinusóide” amortecida de frequência ω , com taxa de decaimento
∆ :
( )tcoseVv t ωω∆−= 0 (2.3.12)
Modelo Teórico do Fio Vibrante IST
20
Regime Forçado
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2 2,4 2,8 3,2 3,6 4 w/w0
U(w)
Delta 0,1Delta 0,01
Figura 2.3.5 – Regime Forçado
Regime Livre
-4
-3
-2
-1
0
1
2
3
4
5
0 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005
Tempo (s)
Am
plitu
de
Figura 2.3.6. – Regime Livre
CAPITULO 3
3. DESCRIÇÃO DO CONTROLADOR DE FIO VIBRANTE
3.1. Introdução
O objectivo deste capítulo é descrever o projecto de um sistema de medida que sob o
controlo de um computador, permita realizar as operações de estímulo da célula de fio vibrante
em regime livre e regime forçado, receber a resposta da célula aos estímulos seleccionados e
efectuar o registo das mesmas, para posterior transferência para o computador.
O projecto de qualquer instrumento de medida implica uma análise rigorosa dos factores
condicionantes.
Na sua essência o circuito consta de um gerador de corrente, que produz o estímulo do fio,
e um amplificador com ganho elevado.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
22
Legenda:
(A) – Amplificador de ganho controlado digitalmente. (B) Amplificador de ganho x1 até x100 em sequencias de 1-2-5.
Figura 3.1.1 – Diagrama de blocos do controlador.
Adoptou-se uma metodologia que se baseia nos estudos do comportamento mecânico
das vibrações transversais do fio, o efeito hidrodinâmico do fluido em torno do elemento
vibrante, e a influência da impulsão hidrostática do fluido no peso que tenciona o fio [3].
No nosso trabalho, a grandeza física que medimos é a velocidade de deslocação
transversal do fio. Devido ao método de medida usado, esta é registada sob a forma de uma
impedância complexa, quando se trata do funcionamento em regime forçado, ou como uma
tensão eléctrica, quando do funcionamento em regime livre [1].
Tendo em conta as características da célula e a forma como esta vai funcionar,
optámos por um sistema de medida que seja capaz de gerar uma corrente eléctrica de forma a
funcionar em regime livre ou forçado, gerando uma sinusóide e/ou um impulso rectangular,
com amplificação elevada, de modo a que a tensão eléctrica aos terminais do fio vibrante, se
converta em níveis de modo que se efectue o seu registo.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
23
Figura 3.1.2 – Esquema do funcionamento do método de medida.
Representando o fio vibrante por uma impedância o esquema destina-se a medir uma
impedância de entrada do circuito a quatro fios [1].
Utiliza-se esta técnica de medida (impedância a 4 fios) quando o sistema se encontra a
uma distância considerável do objecto de medida, permitindo que a corrente passe por dois fios
diferentes dos dois fios que medem a tensão aos terminais da impedância. Deste modo a
medida é independente da resistência óhmica dos fios, isto se a impedância de entrada do
amplificador for muito maior que a impedância da célula.
Tendo em conta a ordem de grandeza da tensão induzida, cerca de 20 µV, calculada
em 2.3.1. e tendo em conta que o ADC tem uma janela de conversão de ±5 V, como G = V /Vind
necessitamos de uma amplificação da ordem de 250 000.
Figura 3.1.3 – Cadeia de Amplificadores e respectivos ganhos.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
24
TABELA 3.1.1 – TENSÃO (V) E RESPECTIVOS GANHOS (G)
V G1××××G2××××G3 GTotal
0 1000×10×100 1 000 000
1 1000×10×50 500 000
2 1000×10×20 200 000
3 1000×2×50 100 000
4 1000×1×50 50 000
5 1000×1×20 20 000
6 1000×10×1 10 000
7 1000×5×1 5 000
8 1000×2×1 2 000
9 1000×1×1 1 000
10 100×5×1 500
11 100×2×1 200
12 100×1×1 100
3.2. Ruído
Ruído ou interferência são os termos utilizados para descrever um sinal não desejado
presente num determinado sistema. Estes sinais podem incluir perturbações como por exemplo
emissões rádio e actividades naturais como é o caso do ruído térmico.
O ruído térmico é um tipo de ruído inevitável e deriva da agitação que os electrões têm
acima do zero absoluto (0 K). Quanto maior for a temperatura, maior é a agitação e logo maior
é o ruído térmico.
O ruído de intermodulação é um tipo de ruído originado por deficiências dos equipamentos
que lidam com sinais. Este tipo de ruído acontece quando sinais de diferentes frequências
partilham o mesmo meio físico, e quando algum componente tem defeitos produzindo-se
distorções no sinal do equipamento. Temos ainda o ruído de diafonia quando diversos sinais
circulam em cabos eléctricos próximos uns dos outros. Essa proximidade permite que os sinais
de um cabo interfiram com os sinais dos cabos adjacentes. Este fenómeno é tanto mais intenso
quanto maior for a frequência dos sinais.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
25
O ruído de impulsos tal como o anterior, é induzido por fontes externas ao sistema de
transmissão; a diferença consiste, em picos de energia muito intensos, geralmente de curta
duração, logo de espectro largo. Podem ser provocados por diversos tipos de equipamentos,
como por exemplo o arranque de uma lâmpada fluorescente.
Os ruídos externos (diafonia e impulsos) podem ser combatidos com uma blindagem. Um
cabo blindado tem o fio condutor que transporta o sinal, totalmente rodeado por uma malha
condutora ligada ao potencial zero (blindagem).
O ruído térmico pode ser combatido, colocando uma fonte de tensão em série com a
resistência que gera o ruído.
O quadrado da densidade espectral de potência da tensão é igual a kTR4 , onde K é a
constante de Boltzmann K=1,38 × 10-23 J /Kelvin, T é a temperatura absoluta da resistência em
Kelvin, e R é o valor da resistência em Ohm.
Por exemplo uma resistência de 1kΩ à temperatura ambiente numa banda de 1 Hz, produz
uma tensão de 4 nV por Hz.
Para uma dada largura de banda, a raiz do valor quadrático médio da tensão, Vn, é dado
por:
fkTRv ∆= 42 (3.2.1)
em que ∆f é a largura de banda, ∆f = 10kHz sobre a qual o ruído é medido. Para uma
resistência de 1kΩ à temperatura ambiente o valor RMS da tensão de ruído é de 0.4µV.
No nosso circuito o ruído gerado no andar de entrada é o mais importante, pois o cálculo
do factor de ruído de uma cadeia de amplificadores é dependente da ordem de ligação por isso
o amplificador ligado á entrada é o que terá de ter menor ruído. Se por exemplo tivermos:
Figura 3.2.1 – Configuração de um sistema com n amplificadores.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
26
O factor ruído da cadeia de amplificadores é dado por:
111
21
1111
−
−++
−+−+=
n
n
g....gF
...g
FFF (3.2.4)
Pode-se mostrar que para ganhos da mesma ordem de grandeza, o menor factor de ruído
corresponde ao amplificador menos ruidoso, isto é, o primeiro do sistema de amplificadores.
Portanto o andar de entrada deve apresentar o menor ruído possível.
Foi efectuado um estudo para o nosso circuito através do modelo típico de ruído (figura
3.2.2) que descreve a tensão de ruído e o ruído na fonte em três componentes, as quais são
somadas sob a forma de raiz para se conseguir determinar a tensão total de ruído à entrada do
circuito, então temos:
GGninini KTRRIeE 4222++= (3.2.4)
em que Eni é a tensão total de ruído á entrada do circuito, eni2 é a tensão equivalente de
ruído do amplificador (OPA627AP) e Ini2RG
2 a tensão de ruído gerada pela corrente de ruído e
4KTRG representa o ruído térmico gerado pelas resistências externas ao circuito em que,
K = 1,38 × 10-23 joule /k; T = 300 (27º C) e RG=(R1R3/ R1R3)+R2.
Figura 3.2.2 – Modelo de ruído típico [25].
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
27
TABELA 3.2.1 – TENSÃO TOTAL DE RUÍDO DE ENTRADA NO AMPLIFICADOR
10Hz 100Hz 1kHz 10kHz 100kHz
eni2 4,0×10-16 1,0×10-16 3,14×10-17 2,31×10-17 2,31×10-17
Ini2RG
2 1,89×10-26 1,89×10-26 1,89×10-26 1,89×10-26 1,89×10-26
4KTRG 9,1×10-19 9,1×10-19 9,1×10-19 9,1×10-19 9,1×10-19
Eni2 4,0×10-16 1,0×10-16 3,22×10-17 2,39×10-17 2,39×10-17
Os amplificadores operacionais podem gerar ruído mas quer o ruído de tensão quer o ruído
de corrente contribuem para o ruído total do sistema. O OPA627AP é o único que permite ter
ruído muito baixo quer de tensão quer de corrente, permitindo deste modo um bom
desempenho, do ponto de vista do ruído para uma grande quantidade de fontes incluindo as
reactâncias das mesmas.
(1x10 -16)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
10 100 1000 10000 100000
Frequencia (Hz)
Ein
^2 (
V^2/H
z)
Figura 3.2.3 – Tensão total de ruído de entrada OPA627AP
Considerando a figura 3.2.3 para a frequência de 10Hz a 10kHz, é necessário calcular a
largura de banda efectiva do circuito. O produto de 4×(10kHz) é 40kHz e é a largura de banda
efectiva do circuito.
A área sombreada debaixo da curva é aproximadamente 0,956 × 10-12 V2; o total
equivalente de ruído de entrada é 2inE ou seja 0,978 µV, e o ruído de produção total para a
largura de banda seleccionada é Ein2 × (ganho em malha fechada) ou 0,978 m VRMS.
As frequências abaixo de 10 Hz são filtradas pela cadeia de RC na saída. O ruído
produzido pelo circuito é 0,978 mVRMS. Trata-se de um valor de ruído de baixo, permitindo
deste modo que o OPA627AP tenha um bom desempenho, do ponto de vista do ruído.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
28
3.3. Blindagens
Uma blindagem é uma partição metálica localizada entre duas regiões do espaço a fim
de controlar a propagação de campos electromagnéticos de uma das regiões para a outra.
A blindagem pode ser utilizada, por exemplo, para conter uma fonte de ruído, evitando
a interferência desta fonte de ruído com quaisquer equipamentos externos à blindagem. Pode
também ser usada para manter radiação electromagnética fora de uma região específica do
espaço, o que fornece protecção somente para o equipamento (receptor) específico contido
dentro da blindagem.
Considere um dispositivo electrónico contido dentro de uma caixa de metal. Assume-se
que no interior da caixa existe ausência de cargas, não havendo deste modo, suporte para a
existência de campo eléctrico, pois as cargas estão obrigadas a existir somente na superfície
exterior, deste modo se exerce o efeito de blindagem.
Figura 3.3.1 – Esquema do andar de entrada.
De acordo com as leis da electrostática, o campo eléctrico no interior de um condutor é
nulo. A este fenómeno designa-se de blindagem electrostática.
O primeiro cientista a aplicar esse fenómeno foi o físico experimental inglês Michael
Faraday (1791-1867).
Blindagem
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
29
Para mostrar que num condutor metálico, as cargas se distribuem na superfície
externa, não exercendo, nenhuma acção nos pontos externos, Faraday mandou construir uma
gaiola metálica, que passou a ser conhecida como gaiola de Faraday2. Para a testar, o próprio
colocou-se dentro da gaiola e mandou os seus assistentes electrificarem-na intensamente.
Como gaiola estava sobre suportes isolados as faíscas saltaram do dispositivo para o exterior,
mas o interior não sofreu nenhum efeito.
Como tal, quando é necessário manter um aparelho ou equipamento eléctrico a salvo
de interferências electrostáticas externas, envolve-se o aparelho numa blindagem
electrostática. É por esta razão que os aparelhos de rádio, vídeo, DVD, CD são montados em
caixas metálicas, garantindo que esses equipamentos estejam protegidos das descargas
eléctricas externas.
Consideremos o circuito de um amplificador, com a respectiva alimentação, entrada e
saída, contido numa caixa metálica, como mostra a Figura 3.3.1, completamente protegido de
influências electrostáticas externas.
Figura 3.3.2 – Amplificador com blindagem electrostática.
A simbologia indica que a diferença potencial V13 entre os condutores (1) e (3) que é
amplificado para o valor AV13 e esta diferença de potencial V23 que aparece entre condutores
(2) e (3). O Condutor (3) é chamado de zero de referência e é comum a V13 e V23.
Figura 3.3.3 – Esquema equivalente.
2 Gaiola de Faraday é uma gaiola de rede ou folha espessa de cobre ou alumínio, que serve para proteger aparelhos ou circuitos eléctricos de toda a interferência por ondas electromagnéticas do exterior.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
30
O efeito destas capacidades entre vários condutores e o condutor envolvente está
presente no circuito equivalente da Figura 3.3.2. Estas não se podem evitar, mas podem ser
anuladas ligando ohmicamente os condutores (3) e (0), eliminando assim a realimentação da
saída para a entrada e deixando deste modo, apenas as capacidades parasitas referentes à
entrada e à saída como se pode ver na figura 3.3.3.
Figura 3.3.4 – Eliminação de realimentação indesejável.
A blindagem deve estar ligada ao condutor de referência do circuito que envolve.
Considere-se agora uma situação prática representada na figura 3.3.4. Supomos que a
tensão Vi medida aos terminais de um sistema, por exemplo um transdutor3, tem de ser
amplificada. Esta tensão é normalmente referida à massa, a qual se supõe que ter um
potencial zero. Para estarmos de acordo com o que dissemos anteriormente, a blindagem deve
estar ligada ao potencial zero, isto é, à massa. Se esta por sua vez estiver ligada à terra, assim
a blindagem ficará ligada à terra.
Figura 3.3.5 – Amplificador blindado com entrada e saída independentes.
3 Transdutor eléctrico converte grandezas não eléctricas (pressão, temperatura, etc) em sinais eléctricos e
vice-versa, utilizando um sensor.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
31
Deste modo pode distinguir-se três noções por vezes confundidas, são elas: a terra, a
massa e a blindagem.
No caso em que a massa está ligada à terra e o transdutor, o amplificador e a carga
estão afastados (figura 3.3.5), existem capacidades parasitas entre o circuito e a terra, o que
origina correntes que se fecham através das capacidades parasitas, circulando pela blindagem.
Não há qualquer degradação do sinal desde que as correntes parasitas não circulem nos
condutores que transportam o sinal, mas se eventualmente ligarmos o condutor ‘ϒ’ à terra, aí
poderá haver uma corrente a circular através do condutor de referência e consequentemente
haverá degradação do sinal.
Figura 3.3.6 – Amplificador blindado com capacidades parasitas.
Mas como em quase tudo na vida, nada é perfeito, como tal as blindagens não são a
excepção. Nas situações em que os cabos de ligação estão a uma distância considerável, ou
os campos parasitas são fortes, se tiver um circuito com blindagem não é garantido que não
haja degradação do sinal.
Esta situação foi estudada supondo que a alimentação do amplificador está contida na
blindagem. Mas é frequente a utilização de transformadores convenientemente dimensionados.
A forma mais utilizada é colocando uma bobine primária e uma secundária separadas
pela blindagem. Esta normalmente é feita colocando uma folha metálica sobre a bobina
primária sem fechar para não construir uma espira.
Com este tipo de esquema temos entre as bobines primária e secundária e entre estas
e a blindagem, capacidades parciais. Na figura 3.3.6 mostra-se a ligação de um transformador
com blindagem a um circuito blindado. Ainda na mesma figura (3.3.6) o enrolamento
secundário está dentro da blindagem do sistema, nestas condições temos uma corrente a
circular no primário que apresenta o seguinte caminho (1)→(2)→(3)→(4)→(5)→(6)→(1)
passando pelo condutor que transporta o sinal.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
32
Uma situação mais real é a representada na figura 3.3.7 em que a blindagem do
transformador está ligada ao condutor de referência do circuito, originando uma corrente
parasita que circula pelo caminho (1)→(2)→(3)→(4)→(5)→(6)→(1) passando do mesmo modo
pelo condutor que transporta o sinal.
Figura 3.3.7 – Circuito blindado com alimentação por transformador.
Esta ligação é frequente em instrumentação. Como tal, vamos analisá-la em pormenor.
Existem dois processos que são responsáveis pelo aparecimento da corrente parasita.
Um é o facto das terras α e β não se encontrarem ao mesmo potencial, o outro tem a ver com a
construção do transformador.
A última camada referente aos enrolamentos do primário está separada da blindagem
(4), por uma camada de isolamento, o que dá origem à capacidade C46. Esta capacidade é
distribuída por todo o enrolamento mas é mais acentuada na última camada. A corrente
injectada através de C46, depende da forma como está ligado o transformador, isto é, o primário
está ligado à alimentação e se temos zero volt é porque está ligado ao neutro, se tivermos 220
volt é porque está ligado à fase.
Por vezes, se trocarmos a posição da ficha de alimentação de um equipamento na
tomada, pode melhorar ou piorar as condições de ruído.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
33
Figura 3.3.8 – Circuito blindado com alimentação por transformador com blindagem
electrostática simples.
Uma solução para o problema apresentado na figura 3.3.7 é acrescentar mais uma
blindagem isolada, sobre a primeira, passando a ser designadas da seguinte forma: a
blindagem que se encontrar sobre o primário designa-se de blindagem primária, e a que se
encontrar sob o secundário designa-se de blindagem secundária.
A blindagem primária é ligada a γ, fisicamente muito próxima de β. γ, costuma ser a
caixa do aparelho que por sua vez está ligado á terra por um condutor próprio. A corrente
parasita secundária percorre o caminho (2)→(3)→(4)→(2), e deste modo não passa pelo
condutor que transporta o sinal.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
34
Figura 3.3.9 – Circuito blindado com alimentação por transformador com blindagem
electrostática dupla.
A importância do estudo da blindagem ficou evidente neste ponto. Em diversos
momentos o projectista depara-se com a necessidade de proteger os equipamentos,
principalmente equipamentos de medida, das ondas electromagnéticas consideradas ruído.
Mas tem de ter em conta três factores, são eles o custo, o ambiente em que o equipamento
vai funcionar e a amplificação que se pode dar ao sinal de modo a ter em conta a interferência
que se consegue eliminar.
No caso do nosso circuito foi colocada uma blindagem representada pela caixa a
amarelo figura 3.1.1, com o objectivo de proteger os componentes que se encontram dentro
da mesma, de eventuais correntes de retorno, impedindo-as de se fecharem em torno do
circuito. Estas correntes fecham-se através blindagem, não afectando os componentes por
nós escolhidos para o controlo do fio vibrante.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
35
3.4. Guarda
Figura 3.4.1 – Esquema do andar de entrada.
Associado à blindagem temos o eléctrodo de guarda que é um cabo coaxial que tem o
objectivo de preservar o amplificador e a qualidade da medida feita pelo voltímetro fazendo
com que a corrente exigida pela capacidade parasita seja fornecida pelo amplificador.
Através da figura 3.4.2, verificamos que representa uma tensão Vin e que a resistência
interna Ri ligada a um voltímetro V através de um cabo coaxial com resistência Rf designada de
resistência de fuga. Verificamos que a tensão medida por V não é Vin mas sim a divisão
potenciométrica de Ri e Rf isto é:
fi
f
RR
RV
+= (3.4.1)
sendo deste modo Vin afectada de um erro difícil de corrigir uma vez que Rf não é um valor
conhecido.
Figura 3.4.2 – Medida da tensão com ligação por cabo coaxial e Rf.
Guarda
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
36
A forma de corrigir este problema é ligar a blindagem do cabo coaxial à saída de um
amplificador de ganho unitário de modo que mantenha o potencial do condutor A, o que faz
com que a corrente de fuga através de Rf se reduza e a corrente através de Rg, que é a
resistência de guarda que se encontra entre o eléctrodo de guarda e o condutor B seja
fornecida pelo amplificador como podemos verificar na figura 3.4.3.
Figura 3.4.3 – Aplicação de uma guarda.
A resistência Rf é da ordem dos MΩ e os erros referidos em relação á figura 3.4.2 são
preocupantes quando a resistência Ri é tão elevada como a de Rf.
Quando a tensão Vin varia com o tempo, a capacidade associada ao cabo coaxial irá
funcionar como dreno relativamente à corrente do circuito de medida, introduzindo erros para
valores de Ri muito baixos.
3.5. Largura de Banda
A largura de banda é a gama de frequências em que um sinal de rádio é transmitido.
A largura de banda é um conceito central em diversos campos de conhecimento,
incluindo teoria da informação, rádio, processamento de sinais, electrónica e espectroscopia.
As células de medida que vamos utilizar são projectadas para funcionar em 800 Hz e
1300 Hz. Recorde-se que se pretende processar sinais em regime livre e regime forçado e que
neste último a banda de frequências de trabalho se situa entre 800Hz e 1300Hz, ao passo que
em regime livre, tendo em conta a figura 3.5.1, a largura de banda aumenta com a atenuação
∆. Podemos ver que para garantir uma distorção de 1 devemos ter uma largura de banda no
mínimo igual à frequência de ressonância. Note-se que um componente determinante na
cadeia de amplificação é o amplificador de isolamento, ISO122P (figura 3.5.1), que tem uma
largura de banda de 60 kHz. Vamos ter em conta este valor ao dimensionar os restantes
componentes.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
37
Optámos por desenhar um canal de amplificação com ganho total variável entre 100 e
106 numa sequência 1:2:5 (ver secção 3.1 e na tabela 3.1.1).
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
00,
61,
21,
82,
4 33,
64,
24,
8
Delta 0,5Delta 0,1Delta 0,01
Figura 3.5.1 – Esquema do funcionamento do método de medida.
O espectro de um sinal sinusoidal de frequência ω0 tem uma única harmónica na
frequência ω0 ao passo que um espectro de um ‘seno’ amortecido tem uma infinidade de
harmónicas, a frequência do factor sinusoidal, pode-se exprimir por:
( )2
0
2 1
1
−+∆
=
ω
ω
ωU (3.5.1)
A sua forma esta representada na figura 3.5.2 para três valores distintos de ∆.
Verificamos que quanto menor for o valor de ∆ mais concentradas estão as harmónicas numa
zona do espectro.
ω/ω0
U(ω)
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
38
Figura 3.5.2 – Blindagem com isoladores.
Admitindo que para ∆ o valor de ∆=0,1 verifica-se que a harmónica ω0 tem uma
amplitude 90 vezes maior que a harmónica 10ω0, logo garante uma boa reprodução do sinal. A
frequência de oscilação do fio vibrante é da ordem dos 1300 Hz o que implica ter canais de
amplificação com uma banda passante de 13kHz. Como tal, se por acaso se tiver de mudar de
célula, esta terá de ter uma frequência de ressonância maior do que a correspondente à banda
passante e poderá ir até aos 50kHz que é o valor máximo correspondente à largura de banda
máxima do nosso canal de amplificação.
Mas ainda temos de referir mais dois aspectos que são o ruído e o facto do sinal ser
transitório.
Relativamente ao ruído, com o aumento da largura de banda ficamos sujeitos a
introduzir mais ruído no nosso sistema, e o facto de termos de fazer passar dois sinais distintos
pelo mesmo amplificador, vai fazer com que o sinal amplificado contenha mais ruído do que se
fosse dimensionado só para um canal único.
Relativamente ao transitório, este irá apresentar componentes de frequência até cerca
de 13kHz; logo deverá ser amostrado a uma frequência dupla da correspondente à maior
harmónica que se pretende recuperar, de acordo com o teorema da amostragem de Nyquist.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
39
3.6. Descrição do sistema
3.6.1. Andar de entrada
Os terminais do amplificador A, são controlados pelo amplificador B que por sua vez é
colocado ao potencial dos condutores que transportam o sinal de forma a evitar eventuais
correntes de fuga. Para este efeito recorre-se a três isoladores ISO122P, de ganho unitário
com o objectivo de proteger o andar de entrada, isolando-o.
Relativamente ao sinal transportado, qualquer sinal tem associado a si ruído, por vezes
resultante de actividades naturais com é o exemplo do ruído térmico.
Tendo em conta os aspectos referidos nas secções anteriores, e após um estudo
exaustivo dos vários fabricantes, optámos por um amplificador operacional OPA627AP da Burr-
Brown Corporation [18] numa montagem sugerida pelo fabricante, cujo esquema se encontra
representado na figura 3.6.1.
A2
é um amplificador diferencial de ganho 31,6 ligado em cascata com A3 de forma que
o relé RE11 permite seleccionar um ganho global da montagem de 100 a 1×106. Os terminais de
entrada positiva e negativa de A2 são envolvidos por o eléctrodo de guarda que por sua vez é
controlado por A1
e é mantido ao nível dos condutores que transportam o sinal diminuindo
assim as correntes de fuga que possam existir.
O canal de amplificação com o relé, RE10 que funciona como um interruptor, fica
completo, com um amplificador de ganho 10 e um amplificador isolador de ganho unitário
conforme se mostra no anexo 1.
O relé RE10 é ainda constituído por um transístor e um díodo, e serve para isolar o
canal de amplificação nos intervalos de tempo em que o gerador de corrente passa a enviar
impulsos de corrente para o fio vibrante o que provoca um transitório. As tensões que aparecem
aos terminais do fio vibrante têm uma elevada amplitude e consequentemente podem saturar os
últimos andares do canal de amplificação. Como os transitórios demoram cerca 10µs, toda a
informação que se poderia desenvolver nesse curto espaço de tempo não seria processada.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
40
Figura 3.5.1 – Esquema do Andar de Entrada.
O cabo de ligação entre as resistências R1
(veja-se a figura 3.6.1) e a célula de medida
está envolvido por uma guarda que se encontra ligada numa extremidade ao sensor de
viscosidade e na outra a uma caixa metálica (blindagem) que envolve completamente o circuito
electrónico. A caixa metálica e a guarda encontram-se isoladas galvanicamente do resto do
aparelho, de modo que correntes parasitas que tendam a circular através do sensor de
viscosidade e dos cabos de ligação não o possam fazer.
A saída deste circuito é feita, através de amplificadores isoladores de ganho unitário e a
sua alimentação é feita por intermédio de um transformador com dupla blindagem electrostática,
sendo que, a blindagem mais próxima do primário está ligada à caixa exterior do aparelho de
medida e a blindagem mais próxima do secundário está ligada à caixa que envolve o circuito.
3.6.2. Gerador de Corrente
Pretende-se que o nosso gerador de corrente possa gerar formas de onda sinusoidais,
(para quando se pretende trabalhar em regime forçado), ou impulsos rectangulares, para excitar
o fio vibrante em regime livre.
Para gerar o impulso rectangular de excitação do regime livre o sistema é idêntico ao
regime forçado só que a resistência utilizada é ajustável. Esta possibilidade está associada à
capacidade de seleccionar a tensão de excitação a qual permite cobrir uma maior gama de
correntes.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
41
A selecção dos diferentes modos faz-se por intermédio dos relés RE1, RE2, RE3, RE4, RE5,
RE6, RE9, RE11 sob controlo do microprocessador que gere esta montagem.
Figura 3.5.2 – Esquema do gerador de corrente.
Colocou-se uma resistência de 1 Ω e 0,1 Ω em série com as outras resistências e o fio
vibrante, que por sua vez está ligada a um canal de amplificação igual ao descrito na secção
3.5. Deste modo conseguem-se atingir dois objectivos, sendo eles:
1. A medida do módulo da impedância Zf do fio vibrante faz-se comparando as
tensões aos terminais dos dois canais de amplificação;
2. Dispõe-se de uma tensão de referência para a medida da fase.
Os dois canais de amplificação são iguais, e os sinais aos terminais do fio vibrante e da
resistência de referência de 1 Ω ou 0,1 Ω também. As amplitudes e as fases relativas dos sinais
recolhidos aos seus terminais estão na mesma razão que os sinais à entrada.
Outro problema que pode surgir é a influência do factor de rejeição de modo comum,
sendo neste caso uma característica indesejável dos amplificadores diferenciais. Um
amplificador diferencial ideal amplifica a diferença de potencial nos seus terminais de entrada,
mas se ligarmos os terminais de entrada entre si e aplicarmos aos dois uma tensão, aparece
uma tensão na saída. A esta tensão aplicada dá-se o nome de tensão de modo comum e
quanto menor for a tensão na saída melhor é o amplificador.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
42
Na nossa situação temos o fio vibrante a ser excitado na sua frequência de
ressonância. O potencial no nó que não esta ligado à massa, e é muito mais elevado do que o
valor que o mesmo teria se não estivesse na frequência de ressonância. Deste modo, é
colocada uma resistência de referência à entrada do amplificador, e é aplicada uma tensão aos
seus terminais.
Esta situação deve-se ao facto de ser praticamente impossível realizar um amplificador
simétrico, como se prevê na teoria de amplificadores diferenciais ideais. A preocupação do
projectista para solucionar este problema é seleccionar componentes activos cujos fabricantes
especifiquem como tendo um bom factor de rejeição de modo comum e usar resistências de
muito baixa tolerância.
3.6.3. Sinal de Excitação
Os sinais aplicados ao gerador de corrente que excita o fio vibrante, são obtidos a partir
de um sintetizador de frequências DDS (Direct Digital Synthesis). É um método electrónico
desenvolvido para circuitos digitais que cria formas de onda de um modo arbitrário a partir de
uma frequência fixada pela fonte, sob controlo do microcontrolador através de um programa
próprio, desenvolvido especificamente para esta situação.
Para o nosso projecto utilizamos um AD9834. É um DDS de baixa potência de 50 MHz
capaz de produzir sinais com bom desempenho e saídas triangulares, também é um
comparador que permite produzir uma onda quadrada a partir um sinal de relógio. O facto de
consumir uma potência de 20mW a 3V, faz do AD9834 um candidato ideal para as nossas
aplicações.
Uma das condições é a capacidade para a modolação de fase e frequência. Os registos
de frequência são de 28bits; numa banda de 50MHz de relógio, e pode ser realizado com
resolução de 0.2 Hz. Com 1MHz de relógio, o AD9834 pode ser sintonizado a 0.004 Hz de
resolução. A modelação de frequência e fase é afectada pelo carregamento de registos pela
interface em série e pode ser "manipulado" usando software, ou os pinos FSELECT/PSELECT
respectivamente. De seguida é escrito numa interface através de 3 pinos ligados em série. Esta
interface em série opera numa faixa de relógio acima de 40 MHz e é compatível com
microcontroladores padrão.
O dispositivo opera com uma fonte de alimentação de 2.3V a 5.5V. As secções
analógicas e digitais são independentes e podem ser alimentadas por diferentes fontes de
alimentação, ex: AVDD pode igualar os 5V com DVDD igual a 3V.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
43
O AD9834 tem um pino para desligar (SLEEP) que permite um controlo externo para o
modo de desligar. Secções do dispositivo que não são usadas podem ser desligadas para
minimizar o consumo de corrente, ex: o DAC pode ser desligado quando a saída do relógio está
a ser gerada.
O AD9834 tem uma interface série padrão, que permite a partilha desta directamente
com vários microprocessadores. O dispositivo usa um relógio em série externo para registar a
informação data/control no dispositivo. O relógio em série pode ter uma frequência máxima de
40 MHz, pode ser contínuo, podendo aumentar ou diminuir entre as operações de registo.
Quando a informação data/control está a ser registada no AD9834, FSYNC é diminuído, e é
mantido baixo enquanto os 16 bits de dados estão a ser registados no AD9834. O sinal de
FSYNC fornece os 16 bits de informação que é carregada no AD9834.
A transmissão é iniciada quando se escreve uma palavra no registro de TDO após a
activação do TCK. Os dados são cronometrados em cada pico crescente pelo relógio em série
e cronometrado no AD9834 no SCLK em cada pico decrescente.
O fio vibrante necessita de uma corrente alternada sinusoidal para funcionamento em
varrimento e de um impulso rectangular simétrico em amplitude para excitação do regime livre,
em que o período T do impulso corresponde à frequência de ressonância do fio vibrante.
Como tal tem de sincronizar a geração do impulso com o sinal sinusoidal disponível,
cuja frequência já terá sido ajustada para o valor pretendido. O interruptor S1 permite
seleccionar, para aplicação ao gerador de corrente, um sinal sinusoidal, ou o impulso cuja
geração acabamos de descrever.
Figura 3.5.3 – Diagrama de blocos do sintetizador.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
44
Figura 3.5.4 – Master Clock.
Figura 3.5.5 – Control Timing.
Figura 3.5.6 – Serial Timing.
3.6.4. Canais Amplificação
O objectivo deste circuito é adequar o sinal da experiência em regime livre ou em regime
forçado ao dispositivo utilizando para a sua leitura um ADC. Através do microcontrolador
selecciona um de dois relés que indicam qual o canal de amplificação a utilizar (RE7 e RE8) e
selecciona o ganho que pretende ter no amplificador OPA627, comutando dois relés, um de
modo a evitar possíveis oscilações.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
45
3.6.5. Sistema de Controlo
O sistema de controlo foi projectado com base no microcontrolador da Atmel
(AT91SAM7S64). A utilização do microcontrolador faz com que se reduza o número de
componentes electrónicos, pois as funções por eles executadas são substituídas por
programação. O microcontrolador executa uma secção de código e coloca em funcionamento
os vários componentes que dele dependem, para o funcionamento correcto do nosso circuito.
De todo o nosso circuito, o microcontrolador é o mais importante, mas, obviamente que
desde este até à mínima resistência, todos têm a sua importância. No entanto, se tivéssemos
de estabelecer uma hierarquia nos componentes constituintes deste circuito, sem dúvida que o
microcontrolador AT91SAM7S64 seria o que se encontraria no topo.
O nosso projecto inclui dois sistemas de controlo, o sistema de controlo de relés e o sistema
de controlo de todo o circuito.
Deste modo o microcontrolador AT91SAM7S64 tem as seguintes funções:
1. Controlar um outro microcontrolador (ATmega 16), que se encontra ligado a todos os
relés constituintes deste circuito.
O microcontrolador AT91SAM7S64 selecciona através de um programa desenvolvido
posteriormente, se liga ou desliga a entrada do circuito, comutando ou deixando em
aberto o relé RE10; depois selecciona qual é a corrente que se quer introduzir no fio
vibrante. Mediante esta selecção o microcontrolador ATmega 16 selecciona o
respectivo relé (RE1 ao RE6, RE9, RE11) de modo a que se obtenha a corrente desejada
no fio vibrante. De seguida selecciona um de dois relés que indicam qual o canal de
amplificação a utilizar (RE7 e RE8). Por fim tem ainda de seleccionar o ganho que
pretende ter no amplificador OPA627, comutando dois relés, um de RE12 a RE19 e o
outro RE20 a RE27. Isto deve-se ao facto de se evitar possíveis oscilações.
A comunicação entre os dois microcontroladores é feita através de uma interface a 3
fios (3 linhas), um para sincronização, outro para enviar o sinal a informar que está
pronto e finalmente, outro para enviar os dados. Ambos os microcontroladores têm de
ser programados de modo a efectuarem o que foi explicado anteriormente.
2. Enviar o sinal ao DDS (AD9834), que por sua vez, envia o sinal ao gerador de
impulsos. De modo que o fio vibrante funcione em regime Livre (impulso), ou regime
forçado (sinusóide). Ao mesmo tempo controla o potenciómetro digital de 256-Posições
(AD5259) que controla o ganho do amplificador de transcondutância LM13700M,
responsável por converter a tensão em corrente, de seguida enviar para a entrada do
ISO122 e simultaneamente seleccionar qual o relé que vai ser comutado.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
46
3. Após o fio se encontrar a vibrar, o microcontrolador AT91SAM7S64 selecciona a base
de tempos, enviando um sinal através de uma interface a 3 fios ligados ao A, B e C do
multiplexer incluído na base de tempos, os quais indicam que se vai dar inicio à
conversão. Enviando assim, o sinal CONVST para os dois ADC (AD7892).
4. Os ADCs (AD7892): o ADC1 mede a tensão aos terminais do fio vibrante e o ADC2
mede a tensão aos terminais de uma das duas resistências 1Ω ou de 0,1Ω,
comparando as duas tensões, permite determinar a fase e a amplitude, de seguida
envia os dois sinais dos dois ADCs através de uma interface a 3 fios (RFS, SCLK e
SDATA) para o microcontrolador AT91SAM7S64, as várias amostras. Este envia para
um computador através de uma porta USB, por fim o computador tem um software
próprio que processa os dados de modo que se encontre o valor correcto da
viscosidade do fluido em análise.
3.7. Sistema de Medida
O diagrama da figura 3.7.1 mostra o esquema do aparelho com sistema de medida
completo, o qual sob controlo de um microcontrolador ligado através de uma porta USB a um
computador pessoal realiza todas as tarefas de aquisição e processamento de dados.
Figura 3.7.1 – Diagrama de ligações do Sistema de Medida.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
47
Os resultados das experiências de regime livre e regime forçado, são registados por
intermédio de um conversor analógico/digital (ADC) AD7892 de velocidade elevada e baixo
consumo de energia, configurado para adquirir amostras de 12 bit a uma taxa de aquisição de
500.000 amostras por segundo, tempo de conversão de 1,47µs, tempo de aquisição de dados
de 200ns numa gama de tensões compreendida entre ±5 V. Este conversor funciona em dói
formatos de saída de dados: em paralelo ou em série. No nosso caso vamos utilizar a ligação
em série, porque permite uma maior velocidade de aquisição de dados ligando directamente os
pinos aos portos do microcontrolador. São eles os pinos RFS, SCLK e SDATA, para
armazenamento temporário da informação recolhida, a qual é posteriormente gravada de forma
permanente num ficheiro.
Figura 3.7.2 – Conversor analógico/digital (ADC).
A comunicação entre o computador e o equipamento descrito na secção 3.6.4, é
estabelecida por intermédio de uma porta USB.
Figura 3.7.4 – Fluxograma da conversão e envio de dados.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
48
O conversor AD7892 ligado em série, tem de ter o pino MODE ligado a zero. Para iniciar a
conversão, recebe o sinal da base de tempos através do pino CONVST e tem 10µs para
efectuar a conversão, (que é o tempo máximo que a base de tempos lhe dá). Quando recebe o
sinal da base de tempos o microcontrolador sincroniza através do pino RFS, que de seguida o
leva a zero (durante a transferência de dados). Quando este vai a zero, o microprocessador
inicia o SCLK, que funciona como um relógio. Para se poder iniciar a conversão, o SCLK envia
16 impulsos, os quatro primeiros impulsos são os que vão transportar o sinal, os 12 restantes
são os responsáveis por iniciar e finalizar a conversão. De seguida envia os dados para o
microcontrolador através do pino SDATA. Os dados não podem ser lidos durante a conversão
para evitar problemas com o SCLK (figura 3.7.3).
Figura 3.7.4 – Diagrama de tempo para o modo em paralelo.
Atentando à figura 3.7.1, e considerando que os equipamentos estão afastados uns dos
outros por alguns metros, temos consequentemente alguns metros de cabos de ligação, como
tal temos múltiplos caminhos disponíveis para circulação de correntes parasitas que poderão
interferir com as medidas. Neste contexto justifica-se o facto de incluir no equipamento por nós
desenhado, a estrutura de blindagens electrostáticas e a inserção de isoladores conforme foi
descrito na secção 3.3.
3.8. Alimentação do Circuito
O objectivo de uma fonte de alimentação é transformar a energia disponível em corrente
alternada AC, com 220 V, numa tensão em corrente continua DC. No caso do nosso circuito
pretende-se transformar a tensão AC 220 V em DC ±12 V, 5 V e 3,3 V, esta transformação é
feita na fonte só depois poderá alimentar cada componente do nosso circuito [22], tensões de
3,3 V e 5 V são utilizadas pelos circuitos digitais e as de ±12 V são utilizadas para fazer
funcionar o fio vibrante.
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
49
No nosso projecto temos de projectar uma fonte de alimentação de ± 12 V que será
colocada no circuito da blindagem cuja sua designação é ± 12B e outra fonte de alimentação
de ± 12 V para alimentar os restantes componentes que se encontram fora da blindagem, bem
como mais três fontes de alimentação de 5 V digital (DVDD+5V), de 3,3 V (3V3) digital e 5 V
analógico (AVDD+5V).
3.8.1. Princípio de Funcionamento
Uma fonte de alimentação é um dispositivo eléctrico constituído por 4 blocos de
componentes: um transformador (que reduz a tensão, isola e blinda), um circuito rectificador,
um filtro constituído por condensadores e um regulador de tensão.
Numa fonte de alimentação do tipo linear, a tensão alternada da rede eléctrica é reduzida
através de um transformador, rectificada por díodos ou por uma ponte rectificadora de díodos
para que possa ser usada nos ciclos positivos ou negativos, de seguida estes são filtrados para
reduzir o ripple (ondulação) e finalmente regulados pelo circuito regulador de tensão e
finalmente à saída ter uma corrente continua constante.
Na figura 3.8.1 podemos observar o diagrama de blocos de uma fonte de alimentação.
Constituída por uma sequência de fases, primeira o transformador, transforma a tensão AC e
corrente de entrada num valor utilizável em AC; segunda fase rectificação, rectifica o sinal de
modo a ter uma saída rectificada em DC; terceira fase filtragem, filtra a tensão de modo que a
corrente fique continua; quarta fase regulação, regula a saída de modo a ter uma tensão
constante na saída.
Figura 3.8.1 – Diagrama de blocos de uma fonte de alimentação.
Na entrada, em (a) temos 50 Hz ou 50 ciclos/s, depois da rectificação, o sinal fica com o
aspecto mostrado no gráfico (b), trata-se de um sinal DC, que apresenta pequenas variações
de baixa frequência. Depois de passar pelo condensador, filtra o sinal DC, como se mostra em
(c).
Após a rectificação é ainda necessário filtrar o sinal e efectuar a sua estabilização através
do circuito regulador, que regula a saída de modo a ter uma DC pura como em (d).
~220V
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
50
Figura 3.8.2 – Diagrama dos sinais nas diversas etapas da fonte.
O Transformador é um dos componentes mais importantes da nossa fonte de alimentação.
Este é utilizado para converter o valor da tensão de corrente alternada. O transformador
funciona do seguinte modo, um circuito é atravessado por uma corrente variável e produz um
campo magnético, consequentemente esse campo magnético é variável deste modo gera-se
uma corrente eléctrica no circuito.
O princípio de funcionamento do transformador baseia-se no fenómeno da indução
electromagnética, e na indução electromagnética mútua entre bobines. A principal função de
um transformador é elevar ou reduzir as amplitudes da tensão ou da corrente entre as bobinas
do primário e do secundário. O transformador caracteriza-se pela seguinte relação de
transformação de tensão entre o primário e o secundário, rT=N2/N1.
Os transformadores são utilizados numa gama muito variada de aplicações de
processamento de informação e de energia eléctrica. Salientam-se, entre outras, a elevação e
a redução da tensão e do número de fases nas redes de transporte e distribuição de energia
eléctrica, a redução da tensão ou da corrente nos instrumentos de medida, ou simplesmente o
isolamento galvânico entre as partes constituintes de um circuito eléctrico.
Existem diversos sensores que exploram o fenómeno da indução electromagnética entre
as bobines. Estes transdutores são designados electromagnéticos, e são utilizados na medição
de grandezas não-eléctricas, como por exemplo: o deslocamento, a velocidade, a aceleração,
a força, a pressão, etc.
O funcionamento dos transformadores é explicado através das Leis de Faraday, que nos
diz que quando um circuito sofre uma corrente variável produz um campo magnético, e quando
um circuito é sujeito a um campo magnético variável gera uma corrente eléctrica.
~220V
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
51
O transformador de alimentação convencional é utilizado para converter a tensão da rede
em tensões de funcionamento dos circuitos eléctricos. O rendimento é muito elevado, porque
funciona com frequências muito baixas, é construido normalmente com chapas de aço no
núcleo, em alguns casos possui blindagens metálicas para evitar interferências.
Relativamente aos transformadores utilizados no nosso circuito temos de introduzir uma
blindagem electrostática, que proteja contra o acoplamento electrostático entre os
enrolamentos. A blindagem electrostática, que é feita no transformador isolador, entre primário
e secundário. Esta blindagem tem a finalidade de evitar a entrada de ruídos electromagnéticos
no nosso circuito.
O transformador isolador elimina uma parte dos ruídos da rede eléctrica.
Foi feito um apanhado do somatório das correntes necessárias no nosso circuito, para
deste modo conseguir projectar as várias fontes de alimentação. A tabela 3.8.1 mostra as
correntes dos componentes que são necessários alimentar a ±12 V, que se encontram dentro
da blindagem.
TABELA 3.8.1 – CIRCUITO DA BLINDAGEM ALIMENTADO A ±12 V
COMPONENTES Nº CORRENTE [mA]
OPA 627[18] 6 7
L 165 [30] 1 40
ISO 122 [31] 3 7
Total 103
A Fonte de alimentação (FA) a ±12 V (±12B) que se encontra dentro da blindagem, tem de
alimentar os amplificadores operacionais, o amplificador de potência e os isoladores e tem de
ter à saída uma corrente de 103 m A, como tal vamos projectar a FA para 250 m A, porque em
termos de custos é melhor, pois transformadores maiores apresentam menores custos.
TABELA 3.8.2 – CIRCUITO ALIMENTADO A ±12 V FORA DA BLINDAGEM
COMPONENTES Nº CORRENTE [mA]
D31C51 [28] 5 24
D32A51[29] 2 24
ISO 122 [31] 3 7
TL082 [37] 2 5,6
LM13700 [38] 1 5,6
Total 205
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
52
Os isoladores voltam a ser alimentados agora por ±12 V fora da blindagem para que
consigam garantir o isolamento dos componentes que se encontram dentro da blindagem.
Relativamente aos relés, alguns deles encontram-se fisicamente dentro da blindagem mas
a sua alimentação é feita fora da blindagem com os +12 V.
Para alimentar estes componentes a FA a ±12 V tem de ter à saída uma corrente de 205 m
A, como tal vamos projectar a FA para 500 m A, pois transformadores maiores apresentam
menores custos.
TABELA 3.8.3 – CIRCUITO ALIMENTADO A + 5 V ANALÓGICO (AVDD +5V)
COMPONENTES Nº CORRENTE [mA]
AD9834 [36] 1 8
ATmega16 [41] 1,1
AT91SAM7S64 [43] 1 100
Total 109,1
TABELA 3.8.4 – CIRCUITO ALIMENTADO A + 3,3 V
COMPONENTES Nº CORRENTE [mA]
AT91SAM7S64 [43] 1 100
Para alimentar estes componentes a 5 V, temos de ter à saída uma corrente de 9,1 m A,
mas como a FA de 3,3 V é retirada da saída dos 5 V temos de acrescentar os gastos da
corrente desta fonte, somando as correntes. Deste modo à saída da FA de 5 V temos de ter
uma corrente de 109,1 m A, como tal vamos projectar a FA a 5 V, para 250 m A, para diminuir
os custos, e projectamos a FA a 3,3 V de modo que à saída tenha 150 m A.
TABELA 3.8.5 – CIRCUITO ALIMENTADO A + 5 V DIGITAL (DVDD +5V)
COMPONENTES Nº CORRENTE [mA]
LS90 [32] 5 15
LS151 [33] 1 15
LS123 [34] 1 20
AD7892 [35] 2 19
AD9834 [36] 1 8
AD5259 [39] 1 35
LS14 [40] 1 16
ATmega16 [41] 1 1,1
Oscilador [42] 1 20
AT91SAM7S64 [43] 1 100
Total 328,1
Descrição do Controlador de Fio Vibrante IST
53
Para alimentar estes componentes a 5 V FA temos de ter à saída uma corrente de 328,1 m
A, como tal vamos projectar a FA a 5 V, para 500 m A, para diminuir os custos como já foi
referido anteriormente.
Para cada uma das fonte de alimentação foram efectuados os cálculos dos condensadores
em função das correntes recorrendo a:
ω R C ≥ 30
Foram também colocadas resistências juntamente com os condensadores, para que estes
demorem mais tempo a descarregar.
Deste modo temos:
Fonte de Alimentação [V] Corrente [mA] Condensador [µµµµF] Resistência [kΩΩΩΩ]
±±±±12B 250 1650 1,65
±±±±12 500 3300 3,3
AVDD +5V 500 4700 4,7
DVDD +5V 250 3300 3,3
3V3 150 10 3,3
Cada regulador de tensão tem de conter um dissipador, como tal foram efectuados os
cálculos do valor dos dissipadores a aplicar nos diferentes reguladores de tensão que se
indicam na tabela 3.8.5.
TABELA 3.8.5 – DISSIPADOR DOS REGULADORES DE TENSÃO
Reguladores Rth [ºC/W] Rth diss [ºC/W]
7812 (+ 12 V) [44] 56 50
7912 (- 12 V) [45] 56 50
7805 (+ 5 V) [44] 56 50
Deste modo temos a alimentação do nosso circuito projectada, (ver anexo 10 e 11).
CAPITULO 4
4. CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS
4.1. Introdução
O desenvolvimento de um controlador para um viscosímetro de fio vibrante é o âmbito do
trabalho descrito nesta dissertação.
Como já foi referido anteriormente o estudo da viscosidade tem expandido cada vez mais,
e em determinadas industrias é extremamente importante, como por exemplo na indústria
farmacêutica, indústria de plásticos, em combustíveis e lubrificantes, indústria de lacticínios
(manteigas, iogurtes etc…), cosmética e na preparação de tintas.
É também de extrema importância o estudo da viscosidade nos líquidos iónicos, assunto
de interesse actual.
Conclusão IST
55
A influência da viscosidade dos líquidos iónicos, é a possibilidade de formar pontes de
hidrogénio, aumentando a coesão do líquido. A viscosidade pode também ser alterada por
pequenas alterações na temperatura, e até pela adição de cosolventes.[28] É assim possível
obter diferentes viscosidades. Em geral os líquidos iónicos podem ser considerados como
tendo viscosidades superiores à do óleo de motor e inferiores à glicerina (Tabela 1.2.1).
Na escala laboratorial há inúmeras aplicações para os líquidos iónicos, existindo a
possibilidade de estes processos passarem à escala piloto. Estes poderosos solventes são já
alternativa na indústria química e extractiva e em breve poderão estar presentes em pilhas e
baterias de automóveis ou fazer parte de novos materiais.
Os princípios físicos envolvidos e a forma como as células de medida foram construídas
permitem antecipar a possibilidade da sua utilização a temperaturas e pressões mais
elevadas, com incidência na investigação, o que torna interessante a sua aplicação em
medidas de grande precisão, designadamente na medida de viscosidade de líquidos iónicos.
4.2. Contribuições originais
Projectou-se um novo circuito electrónico que estimula uma célula de medida denominada
sensor de viscosidade, que, pode medir viscosidades em regime livre e em regime forçado e,
que recolhe para processamento os sinais eléctricos da actividade e ao mesmo tempo garante
o isolamento dos transdutores de perturbações eléctricas exteriores que afectam as medidas
que se efectuem.
Foi feito um estudo exaustivo dos componentes a utilizar no circuito do controlador para
viscosímetro de fio vibrante, para reduzir o ruído de entrada obtendo o maior ganho possível à
saída, bem como todo o estudo da blindagem utilizada no circuito por forma a minimizar a
interferência com quaisquer equipamentos externos à blindagem, garantindo precisão da
medida.
4.3. Conclusões e Desenvolvimentos Futuros
Dado o interesse industrial e científico da medida de viscosidade, o projecto
desenvolvido tem inúmeras aplicações e possibilidade de desenvolvimento futuro.
A curto e a médio prazo, prevê-se a possibilidade de realizar a implementação do
hardware projectado e elaborar software que suporta este circuito, nomeadamente, programa
para controlo de todo o circuito e aquisição de dados do microcontrolador AT91SAM7S64.
Referências IST
56
5. REFERÊNCIAS
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simultâneas de densidade e viscosidade de líquidos, Instituto Superior Técnico, Universidade
Técnica de Lisboa, Portugal, Abr 2004.
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método do cristal de quartzo em vibração torsional, Faculdade de Ciências, Universidade de
Lisboa, Portugal, 1993.
[3] Caetano, F. J. P. Viscosimetria de líquidos – novos fluidos de referência, Instituto Superior
Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Portugal, Fev 2006.
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1990.P.178-185 ISBN: 5-03-001289-3
[5] Robert T. Byer. Textos fundamentais de física moderna III Volume, Fundamentos da Física
Nuclear. Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. ISBN: 972-31-1070-9.
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Scientific Instruments, 1964, 35 (10), 1345 ε t.
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[11] http://www.sika.pt/ft_sika_primer_209_n.pdf
[12] Tipler, Paul A., Fisica, 4ª Edição, volume 1, Mecânica das Oscilações e Ondas,
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[13] http://www.esac.pt/rnabais/cabulasopu1/AULA-viscosity.PPT
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International, Inc.:1988.
Referências IST
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[20] http://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_de_Arquimedes
[21] http://www.lx.it.pt/ep/Files/TrEP703%20FAC.pdf
[22] http://www.electronica-pt.com/circuitos/pt/fonte-alimentacao
[23] http:// www.electronica-pt.com/index.php/content/view/39/37/
[24]http://www.mulherportuguesa.com/moda-a-beleza/estetica-viva/5823-os-cosmeticos-sao-
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[29] Celduc relais (2002), Celduc relais Data sheet, D32A5100.
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[31] Burr-Brown (1989), Burr-Brown Data sheet, Precision Lowest Cost Isolation Amplifier, ISO 122.
[32] Texas Instruments (1988), Texas Instruments Data sheet, Decade Counters, SN54LS90.
[33] Texas Instruments (1988), Texas Instruments Data sheet, Data Selector/Multiplexer, SN54LS151.
[34] Texas Instruments (1988), Texas Instruments Data sheet, Data Retriggerable Monostable
Multivibrators, SN54LS123.
[35] Analogic Devices (2000), Analogic Devices Data sheet, LC2MOS Single Supply, 12 Bit 600kSPC
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[36] Analogic Devices (2003), Analogic Devices Data sheet, 20m PW Power, 2,3V to 5,5V, 50MHz
complete DDS, AD9834.
Referências IST
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[37] National Semiconductor (2004), National Semiconductor Data sheet, LC2MOS Single Supply, 12 Bit
600kSPC ADC, TL082.
[38] National Semiconductor (1995), National Semiconductor Data sheet, Dual Operational
transconductance Amplifiers with Linearizing Diodes and Buffers, LM13700.
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Digital Potenciometer, AD5259.
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[41] Atmel (2008), Atmel Data sheet, 8-bit AVR Microcontroller with 16k Bytes In-System Programmable
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[42] AEL Crystals Ltd (1997), AEL Crystals Ltd Data sheet, AEL 9710 Series Oscillator 14-Pin
DIL UNIVERSAL O/P (Hcmos & TTL): 400kHz to 160MHz.
[43] Atmel (2008), Atmel Data sheetAT91 ARM Thumb-based Microcontrollers, AT91SAM7S64.
[44] National Semiconductor (2001), National Semiconductor Data sheet, LM78XX Series 3- Terminal
Positive Regulators, LM7812, LM7805.
[45] National Semiconductor (2001), National Semiconductor Data sheet, LM79XX Series 3- Terminal
Negative Regulators, LM7912.
[46] National Semiconductor (2001), National Semiconductor Data sheet, 800m A Low-Dropout Linear
Regulator, LM1117.
ANEXOS
Os Anexos contém todo o projecto do controlador subdividido em vários circuitos, todos
interligados entre si.
Esquema Eléctrico do Controlador IST
1
D5
+12100K
R10
Q5
GND
10K
R13
N_
2
D7
+121K00
R14
Q6
GND
10K
R17
N_
4
D6
+1210K0
R12
Q7
GND
10K
R15
N_
3
D4
+121M00
R9
Q4
GND
10K
R11
N_
1
GND28
GND116
157
V1+1
+V29
V1-2
-V210
U5
ISO122P
-1
+2
4
5 3
L1
65
1
220nF
C5
1R
R21
1K
R27
GND
GND
10KR25
+12B
-12B
-12B
100nF
C9
GNDD
100nF
C8
GNDD
+12B
DDS
GND
GNDD-12
+12
14
13
9 8
2 71 6
4BRE1
D8
+12100R
R16
Q9
GND
10K
R19
N_
5
14
13
9 8
2 71 6
5BRE2
14
13
9 8
2 71 6
7BRE4
D9
10R0
R18
Q8
10K
R22
+12
GND
N_
61
4
13
9 8
2 71 6
9BRE6
14
13
9 8
2 71 6
6BRE3
14
13
9 8
2 71 6
8BRE5
14
13
9
8 7
1
2
6
2B
RE7
14
13
9
8 7
1
2
6
3B
RE8
D2
Q2
10KR5
+12
GND
N_7
D3
Q3
10KR6
+12
GND
N_8
1R00
R1
0R10
R2
14
13
9
8
2
7
1
6
1B
RE9
D1
Q1
10KR4
+12
GND
N_9
3
26
74
8
15
U2OPA627AP
100
R3
+12B
1K
R7
100
R8
-12B
22uFC3
100nF
C4
GNDD
22uF
C2
100nF
C1
GNDD
GND28
GND116
15 7
V1+1
+V29
V1-2
-V210
U1
ISO122P +12
-12
GNDD
-12B
+12B
10K
R31
Sensor de Viscosidade1
GND
1K
R261K
R24
31K6R34
GND
+12B
-12B
100nF
C11
GNDD
GNDD
100nF
C13
3
26
74
8
15 U4
OPA627AP 14
13
9
8 7
1
2
6
10B
RE10
D10
Q10
10KR28
GND
N_10
1K00
R33
31K6R29
GND
+12
3
26
74
8
15
U3OPA627AP
100
R23
+12B
31.6K R20
1K
R30
100
R32
-12B
22uF
C12
100nF
C10
GNDD
22uF
C7
100nF
C6
GNDD
ISO
Link_1
G_IMP
23
1
S1
SW-SPDT
GND
6. ANEXOS 6.1. Esquema eléctrico (1) Contido na Blindagem
Esquema Eléctrico do Controlador IST
2
6.2. Esquema eléctrico (2) Contido na Blindagem
3
26
74
8
15
U7OPA627AP
100
R36
+12B
100
R40
-12B
22uFC16
100nF
C17
GNDD
31K6
R35
22uF
C15
100nF
C14
GNDD
976R38
GNDD
14
13
9 8
2 71 6
11BRE11
D11
Q11
10K R39
GNDN_
11
3K57R37
+12
GND28
GND116
15 7
V1+1
+V29
V1-2
-V210
U6
ISO122P +12
-12
GNDD
-12B
+12B
ISO Link_2
Esquema Eléctrico do Controlador IST
3
6.3. Esquema eléctrico (3)
Link_1
3
26
74
8
15
U8OPA627AP
100R
R49
+12B
100
R65
-12B
22uFC24
100nF
C25
GND
22uF
C19
100nF
C18
GND
910R63
GNDD
1K00
R51
2K00
R52
10K0
R53
10K0
R54
10K0
R55
100uF
C22
1K
R56
3
26
74
8
15
U9OPA627AP
100R
R50
+12B
100
R66
-12B
22uFC26
100nF
C27
GND
22uF
C21
100nF
C20
GND
910R64
GND
1K00
R57
20K0
R58
100K
R59
100K
R60
100K
R61
47uF
C23
1K
R62
Port_1
14
13
9 8
2 71 6
17BRE12
D17
Q17
10K R46
GNDN_
12
+12
14
13
9 8
2 71 6
18BRE13
D18
Q18
10K R47
GNDN_
13
+12
14
13
9 8
2 71 6
19BRE14
D19
Q19
10K R48
GNDN_
14
+12
14
13
9 8
2 71 6
12BRE15
D12
Q12
10K R41
GNDN_
15
+12
14
13
9 8
2 71 6
13BRE16
D13
Q13
10K R42
GNDN_
16
+12
14
13
9 8
2 71 6
14BRE17
D14
Q14
10K R43
GNDN_
17
+121
4
13
9 8
2 71 6
15BRE18
D15
Q15
10K R44
GNDN_
18
+12
14
13
9 8
2 71 6
16BRE19
D16
Q16
10K R45
GNDN_
19
+12
Esquema Eléctrico do Controlador IST
4
6.4. Esquema eléctrico (4)
Link_2
Port_23
26
74
8
15
U10OPA627AP
100R
R75
+12B
100
R91
-12B
22uFC34
100nF
C35
GND
22uF
C29
100nF
C28
GND
910R89
GNDD
1K00
R77
2K00
R78
10K0
R79
10K0
R80
10K0
R81
100uF
C32
1K
R82
3
26
74
8
15
U11OPA627AP
100R
R76
+12B
100
R92
-12B
22uFC36
100nF
C37
GND
22uF
C31
100nF
C30
GND
910R90
GND
1K00
R83
20K0
R84
100K
R85
100K
R86
100K
R87
47uF
C33
1K
R88
14
13
9 8
2 71 6
25BRE20
D25
Q25
10K R72
GNDN_
20
+12
14
13
9 8
2 71 6
26BRE21
D26
Q26
10K R73
GNDN_
21
+12
14
13
9 8
2 71 6
27BRE22
D27
Q27
10K R74
GNDN_
22
+12
14
13
9 8
2 71 6
20BRE23
D20
Q20
10K R67
GNDN_
23
+12
14
13
9 8
2 71 6
21BRE24
D21
Q21
10K R68
GNDN_
24
+12
14
13
9 8
2 71 6
22BRE25
D22
Q22
10K R69
GNDN_
25
+12
14
13
9 8
2 71 6
23BRE26
D23
Q23
10K R70
GNDN_
26
+12
14
13
9 8
2 71 6
24BRE27
D24
Q24
10K R71
GNDN_
27
+12
Esquema Eléctrico do Controlador IST
5
6.5. Esquema eléctrico (DDS e Gerador de Impulsos)
FS ADJUST1
REFOUT2
COMP3
AVDD4
DVDD5
CAP/2.5V6
DGND7
MCLK8
FSELECT9
PSELECT10
RESET11
SLEEP12
SDATA13
SCLK14
FSYNC15
SIGN BIT OUT16
VIN17
AGND18
IOUT19
IOUTB20
AD98342
GNDD
6K8
R93
100nF
C38
GND
100nFC40
GND10nF
C41
100nF
C46GND
100nF
C42
GND
DVDD +5V
100nF
C44AVDD +5VGNDD
10uF
C47
DVDD +5V
6K8R102
GNDD
GNDD
DDS
100nF
C45GND
300RR97
200RR98
GND
20pF
C43
GND
DDS
200RR94
GND
20pF
C39
GND
GNDDGND
GND GNDD
12
Y1
27pF
C49
27pF
C48
GND
DDS_FSYNC
DDS_SCLK
DDS_SDATA
12
U15A
DM74ALS14M
1000k
R107
100kR108
10nF
C50
G_IMP DDS
GERADOR DE IMPLUSOS
3k
R961K
R95
12
3
45
78
61
1
U13ALM13700M
+12
-12
1KR100
-12
+12
GND
GND
13k
R99
3
21
84
U14A
TL082CM 5
67
84
U12BTL082CM
-12
+12+12
-12-12
30kR105
30kR101
GND
30k
R103
W1
AD02
AD13
SDA4
SCL5
VLOGIC6
GND7
VDD8
B9
A10
AD52593
+1270kR104
AVDD +5V
AVDD +5V
AVDD +5VGND
3
21
84
U12A
TL082CM
PSDAPSCL
25kR106
AVDD +5V
Esquema Eléctrico do Controlador IST
6
6.6. Esquema eléctrico (Base de Tempos)
R9(1)6
R9(2)7
QC8
QB9
GND10
QD11
QA12
CKA14
CKB1
R0(1)2
R0(2)3
VCC5
U16
SN54LS90J
R9(1)6
R9(2)7
QC8
QB9
GND10
QD11
QA12
CKA14
CKB1
R0(1)2
R0(2)3
VCC5
U19
SN54LS90J
R9(1)6
R9(2)7
QC8
QB9
GND10
QD11
QA12
CKA14
CKB1
R0(1)2
R0(2)3
VCC5
U20
SN54LS90J
R9(1)6
R9(2)7
QC8
QB9
GND10
QD11
QA12
CKA14
CKB1
R0(1)2
R0(2)3
VCC5
U21
SN54LS90J
R9(1)6
R9(2)7
QC8
QB9
GND10
QD11
QA12
CKA14
CKB1
R0(1)2
R0(2)3
VCC5
U22
SN54LS90J
D2820K0R109
1nF
C53
100nF
C51
D31
D22
D13
D04
Y5
W6
STB7
GND8
C9
B10
A11
D712
D613
D514
D415
VCC16
U17
SN54LS151J
100nF
C52
100nF
C54
100nF
C55
100nFC56
100nFC57
CX/RX15
CLR3
Q4
Q13
A1
B2
CX14
U18A
SN54LS123J
CONVST_1
GND
GND
GND
GND
GND
GND
GNDGND
GND
GNDGND
GND GND
GND
GND
GND
GND
GND
GND
GND
AVDD +5V
AVDD +5V
AVDD +5V
AVDD +5V
AV
DD
+5
V
AV
DD
+5
V
AVDD +5V AVDD +5VAVDD +5V
14
11
7
8
4
AVDD +5V
A_Base de TemposB_Base de TemposC_Base de Tempos
Esquema Eléctrico do Controlador IST
7
6.7. Esquema eléctrico (ADC)
Port_1
VDD1
STANDBY2
VIN23
VIN14
REF OUT/REF IN5
AGND6
MODE7
DB11/LOW8
DB10/LOW9
DB910
DB811
DB712
DB613
DGND14
DB5/SDATA15
DB4/SCLK16
DB3/RFS17
DB218
DB119
DB0(LSB)20
RD21
CS22
EOC23
CONVST24
AD7892
5
GNDDGND
GND GNDD AVDD +5V
AVDD +5V
GNDD
VDD1
STANDBY2
VIN23
VIN14
REF OUT/REF IN5
AGND6
MODE7
DB11/LOW8
DB10/LOW9
DB910
DB811
DB712
DB613
DGND14
DB5/SDATA15
DB4/SCLK16
DB3/RFS17
DB218
DB119
DB0(LSB)20
RD21
CS22
EOC23
CONVST24
AD7892
6
GNDD
CONVST_1
Port_2
GNDD
GND
GND
GNDD
AVDD +5V
AVDD +5V
AVDD +5V
AVDD +5V
100nFC84
GND 100nFC85
GND
GNDD
GND
GNDD
GND
EOC EOC
EOCEOC CONVST_1
CONVST_1 CONVST_1
ADC1_RFS
ADC1_SCLK
ADC1_SDATA
ADC2_RFS
ADC2_SCLK
ADC2_SDATA
GND GND
Esquema Eléctrico do Controlador IST
8
6.8. Esquema eléctrico (Microcontrolador dos Relés)
PB0 (XCK/T0)1
PB1 (T1)2
PB2 (AIN0/INT2)3
PB3 (AIN1/OC0)4
PB4 (SS)5
PB5 (MOSI)6
PB6 (MISO)7
PB7 (SCK)8
RESET9
PD0 (RXD)14
PD1 (TXD)15
PD2 (INT0)16
PD3 (INT1)17
PD4 (OC1B)18
PD5 (OC1A)19
PD6 (ICP)20
PD7 (OC2)21
XTAL212
XTAL113
GND11
PC0 (SCL)22
PC1 (SDA)23
PC2 (TCK)24
PC3 (TMS)25
PC4 (TDO)26
PC5 (TDI)27
PC6 (TOSC1)28
PC7 (TOSC2)29
AREF32
AVCC30
GND31
PA7 (ADC7)33
PA6 (ADC6)34
PA5 (ADC5)35
PA4 (ADC4)36
PA3 (ADC3)37
PA2 (ADC2)38
PA1 (ADC1)39
PA0 (ADC0)40
VCC10
U24
ATmega16-16PC12
Y3
27pFC88
27pFC87
GND
N_1N_2N_3N_4N_5N_6N_7N_8
N_9N_10N_11N_12N_13N_14N_15N_16
N_17N_18N_19N_20N_21N_22N_23N_24
N_25N_26
N_27
AVDD +5VDVDD +5V
GND
GNDD
10uFC86
DVDD +5V
10K0
R120
GNDD
TCK
TDI
TMS
SDASCL
Esquema Eléctrico do Controlador IST
9
12
Y2
GND
AD43
AD54
AD65
AD76
PA0/PGMEN048
PA1/PGMEN147
PA10/PGMM229
PA11/PGMM328
PA12/PGMD027
PA13/PGMD122
PA14/PGMD221
PA15/PGMD320
PA16/PGMD419
PA17/PGMD5/AD09
PA18/PGMD6/AD110
PA19/PGMD7/AD213
PA2/PGMEN244
PA20/PGMD8/AD316
PA21/PGMD911
PA22/PGMD1014
PA23/PGMD1115
PA24/PGMD1223
PA25/PGMD1325
PA26/PGMD1426
PA27/PGMD1537
PA2838
PA2941
PA343
PA3042
PA3152
PA4/PGMNCMD36
PA5/PGMRDY35
PA6/PGMNOE34
PA7/PGMNVALID32
PA8/PGMM031
PA9/PGMM130
U23A
AT91SAM7S64-AU-001
ADVREF1
DDM56
DDP57
ERASE55
NRST39
PLLRC63
TST40
XIN/PGMCK62
XOUT61
U23B
AT91SAM7S64-AU-001
JTAGSEL50
TCK53
TDI33
TDO49
TMS51
U23C
AT91SAM7S64-AU-001
GND2
GND17
GND46
GND60
VDDCORE12
VDDCORE24
VDDCORE54
VDDFLASH59
VDDIN7
VDDIO18
VDDIO45
VDDIO58
VDDOUT8
VDDPLL64
U23D
AT91SAM7S64-AU-001
GND
GND
1k5R119
S4
SJMP1
3V3
USB_DMUSB_DP
BP1
RESETGND
NRSTS5
TSTVDDIO
AVDD +5V
VDDIO
VDDCORE
VDDIN
10uF
C76
10uF
C79
1nFC82
1nFC83
VDDOUTGND
1nFC61
2.2nFC62
VDDOUT
100nFC58
GND
AVDD +5V
100nFC60
GND
100nFC59
GND
VDDPLLVDDFLASH
VDDPLL VDDFLASH
GND
100nFC63
4.7uFC64
VDDIN
GND
100nFC65
4.7uFC66
100nFC67
VDDCORE
GND
100nFC68
4.7uFC69
100nFC70
VDDIO
S3
JTAGSELVDDIO
DDS_FSYNCDDS_SCLKDDS_SDATA
VDDIO
VDDCORE
VDDIN
VDDOUT VDDPLL
VDDFLASHAVDD +5V
3V3
GND
22
R118
GND
15pFC80
15pFC81
USB_DP
33pF
C78
123
456
USB1
USB_DM
22
R117
GND
1nFC77
VBUS
J1
Phonejack GND
D32
D31
D29
VBUSS2
SJMP1
100nFC74
Vin Vout
GND
VR1
GND
100nFC75
10uF
C73
330R116
D30LED0
3V3
PA20PA19
PA0PA1PA2PA3PA4PA5PA6PA7PA8PA9PA10PA11PA12PA13PA14PA15PA16PA17
PA21PA22PA23PA24PA25PA26
PA18
PA27
PA31
PA28PA29PA30
AD4AD5AD6AD7
PA13
PA16
100k
R113
10kR115
GND
GND
Q28MOSFET-N
Q29MOSFET-N
100k
R110
10nFC72
100k
R114 USB_DP
3V3
TDI
ADC1_RFSADC1_SCLKADC1_SDATAADC2_RFSADC2_SCLKADC2_SDATA
Rele
EOC
TCKTMS
PSDAPSCL
3V3
1nFC71
GND
10kR111
10kR112
PA13
PA11PA12
SDASCL
A_Base de TemposB_Base de TemposC_Base de Tempos
6.9. Esquema eléctrico (Microcontrolador)
Esquema Eléctrico do Controlador IST
10
6.10. Esquema eléctrico (Fonte de Alimentação) Contida na Blindagem
T1
30
4004
29
160 mA
1650uFC94
1650uFC89
Vin Vout
GND
28
7812
VoutVin
GND
31
7912
0,1uFC91
1uFC93
+12B
GND
-12B
AC
GND
GND
D33
4001
D34
4001
0,33uFC90
2,2uFC92
1k65R121
1k65R122
~220V
Esquema Eléctrico do Controlador IST
11
Vin Vout
GND
36
7805
0,1uF
C102
DVDD +5V
Vin Vout
GND
38
LM1117
3V3
10uFC104
10uFC105
GND
0,33uF
C10137
4004
3300uFC103
3k3R125
GND
GND
GND
D37
4001
D38
4001
3k3R126
34
4004
33
160 mA
~220V
GND
3300uFC100
3300uFC95
Vin Vout
GND
32
7812
VoutVin
GND
35
7912
0,1uFC97
1uFC99
+12
-12
D35
4001
0,33uFC96
2,2uFC98
3k3R123
3k3R124
GND
D36
4001
AC
T2
Trans4
Vin Vout
GND
39
7805
0,1uF
C107
AVDD +5V
0,33uF
C10640
4004
4700uFC108
4k7R127
D39
4001
GND
GND
6.11. Esquema eléctrico (Fonte de Alimentação)