projecto acadÉmico desenvolvido pelos finalistas de … plano de qualidade na manga, esperançado...

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PROJECTO ACADÉMICO DESENVOLVIDO PELOS FINALISTAS DE DESIGN DA FACULDADE DE BELAS ARTES DA UNIVERSIDADE DO PORTO 02/ 03 NOME, ESPAÇO.

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Numa época de globalização, como aquela em que, para o bem e para o mal, vivemos, compete a cada universidade procurar encontrar a estratégia mais adequada para aproveitar as oportunidades dessa globalização. Com efeito, as universidades operam num ambiente cada vez mais globalizado e em constante evolução; num ambiente marcado por uma concorrência crescente para atrair e manter os melhores talentos e os melhores recursos e ainda pela emergência de novas necessidades, às quais têm obrigação de dar resposta.Neste contexto, a internacionalização é um vector estratégico para o desenvolvimento da U.Porto, pelo que o índice da sua evolução deve ser avaliado pela afi rmação conseguida a nível internacional.Será pois necessário desenvolver um trabalho aprofundado tendo em vista alargar o âmbito e o grau de internacionalização, em particular através do aumento signifi cativo do número de alunos estrangeiros que obtêm um grau na UP, do incremento da mobilidade internacional, nos dois sentidos, de alunos, docentes e investigadores, da concretização de parcerias de colaboração com universidades de prestígio estrangeiras, incluindo a oferta conjunta de programas de formação de pós-graduação com múltipla titulação, da organização de mais eventos internacionais de grande impacto, tais como conferências de nível e ressonância internacional. Tudo isto contribuirá para o necessário aumento do conhecimento e do prestígio da U.Porto junto da comunidade internacional.Para atingir tal objectivo, assumem particular relevo as acções de cooperação com universidades estrangeiras de grande reputação, pela troca de experiências que proporcionam, pela motivação e incentivo ao rigor e à qualidade que o trabalho conjunto instiga, mas também pelo acréscimo de divulgação da U.Porto nos meios universitários internacionais que daí advém.Na concretização destas acções de cooperação, a U.Porto não pode fi car passivamente à espera de embarcar nas acções promovidas pelo governo, sujeita a métodos de selecção com critérios nem sempre conhecidos. Sem ignorar tais acções, deve, antes, ter um papel proactivo na procura de tais parcerias. Acreditamos que a U.Porto tem as credenciais e as competências exigidas para estabelecer directamente acordos de cooperação com universidades prestigiadas de todos os continentes, que dêem resposta á sua estratégia própria. Sempre que necessário, tais acordos poderão envolver outras universidades portuguesas, tendo em vista alcançar massa crítica e assegurar complementaridades desejadas. É este o caminho que pretendemos trilhar!Os antigos alunos podem ser importantes agentes dinamizadores, mesmo promotores, destas acções de cooperação com universidades estrangeiras prestigiadas. Particularmente aqueles que nelas exercem presentemente actividades docente, de investigação ou de estudos pós-graduados. Mas também os que nelas permaneceram por períodos mais ou menos longos e que continuam a cultivar ligações fortes com elas. Esta rede de contactos fi rmemente ligados à U.Porto será, por certo, inestimável para alertar para as oportunidades existentes, mas também para apoiar a concretização das acções que se venham a revelar de interesse.Apelamos, pois, a todos os antigos alunos da U.Porto que estejam nestas condições que manifestem a sua disponibilidade para assumirem esta intermediação. Saberemos daí tirar o maior proveito possível e reconhecer o vosso apoio.

José Marques dos SantosREITOR DA UNIVERSIDADE DO PORTO

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UPORTO EDITORIAL

Título

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U.PORTO Nº 22 REVISTA DOS ANTIGOS ALUNOS DA UNIVERSIDADE DO PORTO DIRECTORJOSÉ MARQUES DOS SANTOS

EDIÇÃO E PROPRIEDADEUNIVERSIDADE DO PORTO; RUA D. MANUEL II. 4050-345 PORTO. T. 226073565 + F. 226098736. PUBLICAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DA UNIVERSIDADE DO PORTO COMO DEVER ESPECIAL, CONFORME ART. 8º AL. E. DOS ESTATUTOS DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIGOS ALUNOS

SUPERVISÃO EDITORIALISABEL PACHECO, JOÃO CORREIA

REDACÇÃO ANABELA SANTOS

SECRETARIADOPAULA CARVALHO

COLABORAM NESTE NÚMEROANTÓNIO CAMPOS E MATOS, ANTÓNIO PEDROSA, ARTUR SILVA PINTO, GÉMEO LUÍS, INÊS NASCIMENTO, JOÃO CABRAL, JOÃO MACHADO, JOÃO PEDRO MÉSSEDER, JOSÉ FERREIRA LEMOS, JOAQUIM EMÍLIO TORCATO BARROCA, MARIA DA CONCEIÇÃO RANGEL, MARIA DE LURDES CORREIA FERNANDES, MARIANA LEMOS, NUNO FERRAND DE ALMEIDA, PAULO ALEXANDRINO, ROSA MARIA MARTELO, RUI MENDONÇA

FOTOGRAFIA½ FORMATO (EGÍDIO SANTOS, PAULO DUARTE)

DESIGNRUI MENDONÇA DESIGN

EXECUÇÃO GRÁFICADIGIPRESS-EDIÇÃO ELECTRÓNICA DE IMPRESSOS, LDALUGAR DE RAMOS, 4585-053 BALTAR

DEPÓSITO LEGAL149487/ 00

ICS5691/ 2000

TIRAGEM40.000 EXEMPLARES

PERIODICIDADE TRIMESTRAL

NA CAPAILUSTRAÇÃO DE RUI MENDONÇA

MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA

UPORTOSUMÁRIO

EDITORIAL – 2

PARCERIA ACTIVA COM OS ANTIGOS ALUNOS

ACTUALIDADES – 4

MOBILIZAR PARA A MUDANÇA, A MENSAGEM DA NOVA EQUIPA REITORAL

ABRE NA UNIVERSIDADE DO PORTO PRIMEIRO BANCO DE GÂMETAS

PRIMEIROS PAISAGISTAS FORMADOS NA U.PORTO

SARSFIELD CABRAL À FRENTE DA FUNDAÇÃO MUSEU DO DOURO

VOZES DA U.PORTO – 11

O PROCESSO DE BOLONHA NA UNIVERSIDADE DO PORTONum momento de adequação dos planos de estudos a Bolonha, a vice-reitora Maria de Lurdes Correia Fernandes fala das oportunidades que o processo representa para a U.Porto.

REQUIMTE – LABORATÓRIO ASSOCIADOPARA A QUÍMICA VERDEA rede de investigação em química que envolve o CEQUP, estrutura da U.Porto, e que dedica especial atenção à química verde, apresenta-se neste périplo pelos organismos de investigação da U.Porto.

DOSSIER – 14

DE TODOS OS DESEJOS, A PALAVRAVêm de áreas de formação muito diversas: Medicina, Economia, Biologia, Direito e, claro está, Letras. Ana Luísa Amaral, valter hugo mãe, Jorge Reis-Sá, José Emílio-Nelson, Pedro Eiras, Daniel Jonas e Jorge Sousa Braga são alguns dos escritores que passaram pela U.Porto. Aqui fi ca um pouco de cada um por trás da escrita.

SABER EM MOVIMENTO – 26

CENTRO ARTICULA ESFORÇOS PARA PREVENIR RISCOSO CERUP – Centro de Riscos da Universidade do Porto tenta articular o conhecimento produzido e a produzir na Universidade do Porto, na área dos riscos naturais e tecnológicos, tornando-o útil à sociedade.

UMA REDE PELO HOTSPOT DA BIODIVERSIDADE EUROPEIAO CIBIO, organismo de investigação da U.Porto, entrou numa rede de investigação em biodiversidade e recursos biológicos com mais dois centros criando o InBio. Está na calha a candidatura a laboratório associado…

PERFIL – 34

O DESAFIO DA QUALIDADE E O APELO DA REGIÃOJosé Marques dos Santos assume o cargo de reitor com incentivos à investigação e um plano de qualidade na manga, esperançado na alteração ao modelo de gestão das universidades e na subida da U.Porto ao ranking das 100 melhores da Europa.

IDENTIDADES – 40

BOTÂNICA. GONÇALO SAMPAIO ENCERRA CICLO “AVENTUREIROS, NATURALISTAS E COLECCIONADORES”Na transição da Academia para a Universidade do Porto, coube a Gonçalo Sampaio a organização e desenvolvimento do ensino prático da Botânica. A exposição, aberta até 30 de Setembro, debruça-se sobre as fontes bibliográfi cas, o “laboratório” e a geração de botânicos a que Gonçalo Sampaio pertenceu.

ESTÓRIAS – OLHARES EMBARAÇOSOSTruques das alunas contra olhares embaraçosos no período em que os cursos de Engenharia demoravam seis anos, três na Faculdade de Ciências e outros três na Faculdade de Engenharia.

CRÓNICA – 44

SEIS FRAGMENTOSTexto de João Pedro Mésseder e imagem de João Machado.

A SABER – 46

TOME NOTA – 48

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UPORTO ACTUALIDADES

5 No Editorial e na entrevista que deu à última U.Porto (Setembro de 2006), o nosso Reitor deixou claro que os antigos alunos serão cada vez mais parceiros privilegiados da Universidade do Porto, tanto mais que se lhes reconhece o papel importante que podem e devem desempenhar no desenvolvimento da nossa Universidade. A sua experiência, a sua visão externa motivada pelo desejável sentimento de pertença, a visão comparativa do passado e do presente, o seu contributo profi ssional, intelectual ou fi nanceiro, a sua disponibilidade para acompanhar e colaborar no desenvolvimento estratégico da Universidade do Porto serão contribuições que queremos acolher e partilhar.Para estreitar os laços que ligam a Universidade do Porto aos seus antigos alunos, concretizando alguns dos objectivos do Reitor, foi aprovada recentemente pelo Senado a criação e dinamização de um conjunto de regalias/ benefícios a conceder, faseadamente, a todos os antigos alunos da UP que queiram formalizar a sua ligação à Universidade, através da sua inscrição no recém-criado Gabinete do Antigo Aluno da Universidade do Porto (GAA-UP). Para o efeito, deverão preencher a fi cha em anexo e enviá-la por correio postal ou solicitá-la através do e-mail [email protected]. Em breve esperamos disponibilizá-la também no SIGARRA, para que seja possível a inscrição directa on-line. Deste modo, será actualizada a base de dados existente, com vista ao contacto regular, preferencialmente por correio electrónico, mas também por correio postal, com os antigos alunos.

Senado aprova regalias para antigos alunos

Logo que possível, será criado um módulo do SIGARRA que permita não só a inscrição/ actualização dos dados dos antigos alunos, mas também a criação de um espaço virtual de diálogo entre todos, o estabelecimento de uma rede de contactos de núcleos de antigos alunos na região, no país e no estrangeiro, bem como a disponibilização de informação actualizada das actividades e da oferta formação pré, pós-graduada e contínua da Universidade do Porto, das suas actividades científi cas, culturais e desportivas. Em articulação com as várias faculdades da Universidade do Porto, serão criados ou mantidos endereços institucionais, embora com inevitável limitação de espaço, para que também dessa forma os antigos alunos se mantenham ligados à Universidade e mais facilmente contactáveis uns pelos outros. No futuro, todos receberão um cartão de identifi cação de antigo(a) aluno(a), para que possam usufruir das condições de estudante da U.Porto, nomeadamente nas suas bibliotecas, nos seus museus e em actividades desportivas e culturais, na loja UP e, se possível, em outras instituições da cidade e da região.O Gabinete do Antigo Aluno trabalhará ainda com as direcções das Associações de Antigos Alunos da UP, colaborando em iniciativas e projectos comuns, bem como com os núcleos de antigos alunos que se forem dinamizando no país e no estrangeiro. Em breve esperamos também ter as condições para a dinamização da Bolsa de Emprego da Universidade do Porto, em articulação com as já existentes em algumas Faculdades, potenciando também os meios para o seguimento profi ssional dos diplomados da Universidade do Porto.

Apesar de iniciar agora com os seus primeiros passos, o Gabinete do Antigo Aluno assume um forte e determinado empenhamento no apoio à concretização desta parceria e na reciprocidade de benefícios que a mesma deverá propiciar à Universidade do Porto e a todos os seus antigos alunos.

Maria de Lurdes Correia FernandesVice-Reitora da U.Porto

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Universidade Júniorabre concurso de ideias

A 3.ª edição da Ujr está já em fase arranque com o “Concurso de Ideias” para o ano 2007. Até 31 de Dezembro todos os Professores e Investigadores da U.Porto são convidados a apresentar as suas propostas de actividades para esta edição que se realizará em Julho de 2007.No último mês de Julho, durante a 2.ª edição da Universidade Júnior (Ujr), as diversas faculdades da U.Porto foram “invadidas” por jovens do ensino básico (2.º e 3.º ciclos) e do ensino secundário (10.º e 11.º anos). Cerca de 4.600 jovens oriundos de todo o país (511 em regime de alojamento) participaram em diversas actividades:– Experimenta no Verão (para 5.º e 6.º anos)– Ofi cinas de Verão (para 7.º e 8.º anos)– Verão em Projecto (do 9.º ao 11.º ano)– Escola de Línguas (do 5.º ao 11.º ano)Sendo direccionadas para os participantes mais novos, o “Experimenta no Verão” e as “Ofi cinas de Verão” tem carácter multidisciplinar procurando, assim, sensibilizar os jovens para as ciências, letras e artes. Já no “Verão em Projecto”, o jovem é convidado a desenvolver, durante uma semana, um projecto numa faculdade da U.Porto. A “Escola de Línguas” visa promover a aquisição de competências linguísticas e o conhecimento de uma cultura estrangeira. Informação disponível no site www.up.pt/universidadejunior Contacto: Filomena Mesquita ([email protected]) T. 22 040 8130 (ext. 4017)

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UPORTO ACTUALIDADES

Parcerias pelo maranunciadas em novembro

Dois acontecimentos fortes colocaram o mar no centro das atenções da U.Porto em Novembro, mês em que se comemora no dia 16 o Dia Nacional do Mar. O primeiro, lançou as bases nacionais para um programa de coordenação de actividades entre instituições de ensino superior e investigação do Norte do Portugal e da Galiza, o segundo, apresentou um recém-criado organismo de interface entre inovação e tecido empresarial, orientado para a procura de novos usos económicos do mar na área de infl uência da Região Norte.Por iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e com a presença do ministro Mariano Gago, realizou-se no Círculo Universitário do Porto da Universidade do Porto, no dia 10 de Novembro, um seminário de lançamento do diálogo entre as Universidade do Norte de Portugal e da Galiza para projectos de pós-graduação em ciências e tecnologias do mar e nanotecnologias. Esta iniciativa envolve, no plano nacional, as universidades do Porto, Aveiro e Minho e, pelo lado de Espanha, as Universidades de Santiago de Compostela, Corunha e Vigo. Participou ainda o Conselho Superior de Investigações Científi cas de Vigo. O projecto articula a acção de vários organismos ligados à Universidade do Porto, particularmente dos laboratórios associados IBMC/ INEB, IPATIMUP e CIIMAR.O Instituto para o Desenvolvimento do Conhecimento e da Economia do Mar, IDCEM, criado a partir de uma parceria entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, CCDR-N, e a Universidade do Porto, foi apresentado no Dia do Mar, na Faculdade de Direito, a 16 de Novembro, na presença do secretário de Estado para

os Assuntos do Mar. Concebido como um interface entre os centros de inovação tecnológica e os centros económicos e empresariais, dirigirá a sua atenção para a modernização das indústrias marítimas tradicionais, procurando novos usos económicos do mar na área de infl uência da Região Norte. Durante a mesma sessão, foi também assinado um acordo entre a U.Porto e a Marinha Portuguesa para colaboração na investigação e desenvolvimento em comando e controlo de veículos submarinos e aéreos autónomos ou pilotados remotamente.

PT Multimédia fi nancia futuros estúdios de televisão da U.Porto

Um curso verdadeiramente multmédia. É dessa forma que a Licenciatura de Jornalismo e Cências da Comunicação da U.Porto (LJCC) se vai poder afi rmar com o apoio de 100 mil euros anunciado pela PT Multimédia para a construção dos futuros estúdios da televisão do curso.O apoio da PT Multimédia surge no âmbito do protocolo de cooperação existente entre a empresa e o curso. O espaço será utilizado para aulas, estando ainda previsto que acolha as emissões da UPMedia, o canal de televisão interno da LJCC. Uma boa notícia para um curso que, numa altura em que está praticamente concluída a construção dos estúdios de rádio, vai poder usufruir de um espaço que poderá ainda servir de apoio aos restantes canais de informação produzidos exclusivamente pelos alunos: a JornalismoPortoNet (webjornal) a JornalismoPortoRádio (webrádio). O apoio da PT Multimédia acabou por ser a notícia em destaque na sessão de abertura do ano lectivo 2006/ 07 da LJCC, realizado no passado dia 22 de Novembro, o sétimo de existência de um dos mais recentes cursos da Universidade do Porto. Criada em 2000, a LJCC já licenciou cerca de 200 alunos nas áreas de Jornalismo, Assessoria da Comunicação e Multimédia.

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UP NOTÍCIA

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UPORTO ACTUALIDADES

incompreensão das autoridades do regime que a todos asfi xiava, que tudo faziam para proibir ou difi cultar as actividades.Depois do 25 de Abril de 1974, a Cooperativa começou a colaborar com Sindicatos e Escolas em mostras de livros e iniciou uma forma pioneira de acção: levar o livro mais barato às portas das fábricas.Hoje, muitos dos pressupostos da sua fundação estão realizados. Contudo, há ainda muito espaço para a UNICEPE na luta contra a uniformização da cultura e da informação, oferecendo aos associados livros e discos que as grandes cadeias rejeitam porque não são boa fonte de lucro, mas que são marcos da nossa cultura e pensamento e continuando a promover a realização de tertúlias e debates.Informações em http://www.unicepe.com

Rui Vaz Pinto (Economia )

UNICEPE celebra 43 anos

A UNICEPE – Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, completou 43 anos de idade no dia 19 de Novembro. Surgiu, na época, em estreita ligação com a Universidade do Porto. Importa, por isso mesmo, lembrar aqui as suas raízes e actividade.Após a crise académica de 1962, os estudantes da Universidade consciencializam que precisam de estar mais organizados para a percepção e discussão dos seus múltiplos problemas. Impossibilitados de se organizarem em Associações, alguns idealizam e fundam logo em 1963 uma Cooperativa para comercialização do livro, conseguindo preços mais favoráveis e tendo por objectivo a promoção de uma cultura para todos.Do núcleo fundador da cooperativa fi zeram parte……..Ultrapassados entraves de natureza política e organizativa, a UNICEPE instalou-se na Praça Carlos Alberto, passando a constituir um ponto de encontro privilegiado, local de debate e refl exão aberto à cidade, foco de intervenção cultural que se concretizou com a participação de intelectuais, escritores e estudiosos, não só da cidade como de outros pontos do país. Vale a pena relevar a importância e disponibilidade total de um dos seu(s?) Associado(s) de Honra, Armando de Castro, destacado professor da Faculdade de Economia do Porto.A sua acção contou também com a colaboração de outros organismos culturais da cidade como o Cineclube do Porto, a Cooperativa Árvore, o Teatro Experimental do Porto e organismos académicos como o TUP – Teatro Universitário do Porto.Esta continuada intervenção pública valeu aos associados perseguições e a

Substituto ósseo vai ser comercializado

Os testes clínicos terminaram em Novembro do ano passado e o bonelike já deverá estar pronto para comercializar, na Europa, a partir de Janeiro de 2007. Depois de ter sido testado em vários hospitais (nomeadamente o de S. João, o Hospital Geral de Santo António e o de Vila Nova de Gaia), e do resultado dos testes clínicos ter sido aprovado pelo Instituto Nacional de Farmácia e do Medicamento, falta apenas que o Infarmed conceda a Marcação CE de Conformidade (que defi ne regulamentação comum de utilização da marcação “CE” e introduz procedimentos de avaliação da conformidade dos produtos industriais de acordo com os níveis de protecção estabelecidos pelas respectivas directivas). Até ao fi nal do ano o Infarmed deverá visitar a MEDMAT INNOVATION – Materiais Médicos LDA, a instalação piloto criada em 2002, no Parque de Ciência e Tecnologia da Maia (TecMaia), para a produção e comercialização do Bonelike. Trata-se de um substituto ósseo que ajuda à regeneração em casos de trauma (acidente), envelhecimento, ou doença óssea. Este produto vai acelerar a formação de um novo tecido ósseo, evitando que se recorra a auto-enxertos, ou seja, prescinde da recolha de um enxerto ósseo a uma zona dadora. Já recebeu o prémio “Carlos Lima 2006”, entregue pela Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia. De acordo com José Domingos Santos, docente da Faculdade de Engenharia, investigador do Instituto de Engenharia Biomédica (INEB) e co-autor da patente do Bonelike, já foram estabelecidos acordos de comercialização deste substituto ósseo com países da América Latina e com o Canadá. O projecto contou ainda com a participação de investigadores do Reino-Unido e do Japão.

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Semana da Ciência e Tecnologia na U.Porto

A Universidade do Porto marcou este ano presença na Semana da Ciência e Tecnologia – iniciativa da Agência Ciência Viva do Ministério de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, centrada em torno da comemoração do Dia Nacional da Cultura Científi ca que decorre entre 20 e 25 de Novembro, à qual se associou uma homenagem ao escritor e historiador da Ciência Rómulo de Carvalho (ver artigo na secção Identidades) – com um programa intenso que contemplou cerca de uma centena de iniciativas, abrangendo inúmeras áreas de conhecimento. No país realizaram-se cerca de 500 acções temáticas, todas elas dirigidas para a divulgação junto dos estudantes do ensino secundário da Ciência que se faz em Portugal. A oferta global da U.Porto envolveu faculdades e unidades de investigação, laboratórios e museus – com uma muito forte presença das Faculdades de Ciências e de Engenharia –, na planifi cação de actividades predominantemente orientados para o público jovem e acentuando a vertente interactiva, a experimentação e o desenvolvimento de projectos. Esta prática de articulação com o exterior, e particularmente com o ensino secundário, tem sido a tónica de muitas das iniciativas de divulgação da U.Porto, mormente a Mostra de Ciência, Ensino e Inovação (anual) e as actividades da Universidade Júnior no Verão.De 20 a 24 de Novembro, de manhã à noite, sucederam-se as ofi cinas/ tempos de experimentação, as visitas guiadas e as palestras, por vezes fora de portas, como as noites de ciência organizadas pelo IBMC/ INEB na FNAC do Norte Shopping, dias 21 e 22, ou a tertúlia que o Centro de Astrofísica promoveu na Bilioteca Almeida Garrett, na noite do dia 23.

Albino Arosorecebe prémio nacional de saùde

Albino Aroso, médico, professor jubilado de ginecologia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto, foi a personalidade escolhida no dia 4 de Outubro para receber o Prémio Nacional de Saúde, criado este ano pelo ministro da Saúde Correia de Campos. A atribuição do Prémio nesse data comemora a criação da Direcção Geral de Saúde em Portugal.O Prémio tem por fi nalidade distinguir anualmente uma fi gura cujo contributo para a obtenção de ganhos em saúde ou para o prestígio das organizações de saúde no âmbito do Serviço Nacional de Saúde seja inequívoco. Na apresentação da atribuição desta distinção a Albino Aroso, a DGS invoca como seus motivos maiores: o “exemplo de vida” e a “dedicação à causa pública, dando o melhor saber e entrega às políticas de saúde” e acentua os “enormes contributos à colectividade nacional”, explicitando: “Ao professor Albino Aroso o país deve um enorme contributo público na obtenção de ganhos de saúde, que levou Portugal a colocar-se entre os cinco países do mundo com mais baixa taxa de mortalidade materno-infantil, à frente de países como a Inglaterra, França e Estados Unidos da América”.Walter Osswald, professor jubilado da Faculdade de Medicina da U.Porto e director do Instituto de Bioética da Universidade Católica, foi o presidente do júri, de que fi zeram parte os bastonários das Ordens dos Médicos, Enfermeiros e Farmacêuticos e o director do Instituto de Higiene e Medicina Tropical.Albino Aroso preside à Comissão de Saúde Materna Neonatal. Membro Honorário da Sociedade Portuguesa de Senologia (1990), membro honorário da Sociedade Portuguesa de Sexologia Clínica (1993), membro emérito da Academia Portuguesa de Medicina (1993), membro da National Geographic Society (1999) e membro activo da New York Academy of Sciences (1999), Albino Aroso é considerado

d i i l i d d

Sábado, 25, no Planetário do Porto (Centro de Astrofísica da U.Porto), os interessados puderam durante a tarde aprender com a Astroteca a fazer “Mapas de Vénus”.O IPATIMUP, esteve em programa aberto contínuo, destinado a alunos do Ciência Viva em Férias (convite extensível a amigos) entre os dias 20 e 24. Também ao longo de toda a semana estiveram abertas as portas do Museu de História Natural da Faculdade de Ciências (edifício da Reitoria, Praça Gomes Teixeira).Informações completas em: www.cienciaviva.pt/semanact/edicao2006/

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Cristina Barrias, investigadora do Instituto de Engenharia Biomédica, Laboratório de Biomateriais, que em Junho de 2005 apresentou resultados sobre o desenvolvimento de um novo sistema para regeneração óssea, com aplicação minimamente invasiva em cirurgia ortopédica, objecto da tese de doutoramento que defendeu na Faculdade de Engenharia da U.Porto, recebeu em Setembro último o European Biomaterials and Tissue Engineering Doctoral Award (EBTEDA) da Sociedade Europeia de Biomateriais (European Society for Biomaterials). O Prémio teve a sua primeira edição na XX conferência desta sociedade, que teve lugar em Nantes.O trabalho de investigação desenvolvido por Hélder Maiato, investigador do IBMC no domínio da genética molecular, recebeu em Novembro o Prémio Crioestaminal 2006 em Investigação Biomédica, atribuído pela Associação Viver a Ciência, pela sua importância na investigação e no tratamento futuro do cancro, a partir de técnicas inovadoras de divisão celular. O projecto vencedor, liderado por este investigador, foi seleccionado entre 58 candidaturas por um júri que integrou elementos de 10 países. O valor pecuniário do mesmo, 20 mil euros, reverte para aquisição de material para o IBMC.Carolina Fleming recebeu o Prémio Pfi zer de Investigação Básica, também em Novembro, distinção que premiou o trabalho desenvolvido sob orientação de Mónica Sousa na Unidade de Amilóide do IBMC, dirigida por Maria João Saraiva e que responde a uma questão importante para o avanço da compreensão dos mecanismos de acumulação de uma proteína anormal nos nervos na Polineuropatia Amilóidotica Familiar, doença incurável vulgarmente conhecida por “doença dos pezinhos” que afecta cerca de 580 famílias em Portugal. Os Prémios Pfi zer são atribuídos conjuntamente pela empresa farmacêutica e pela Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa. O valor pecuniário do Prémio é de 20 mil euros.

Prémios EBTEDA, Crioestaminal e Pfi zer para investigadores do IBMC/ INEB

Revisitar Mindelo e recordar Santos Júnior

Aproveitando um momento de convívio anual, quase duas dezenas de licenciados em Ciências Biológicas e ex-alunos de Santos Júnior, antigo professor do Departamento de Zoologia e Antropologia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e fundador da Reserva Ornitológica do Mindelo (ROM), revisitaram a 14 de Outubro esta primeira Reserva Natural de Portugal e a primeira Reserva Ornitológica da Europa, hoje com estatuto de protecção indefi nido.Por Decreto-Lei de 2 de Setembro de 1957, fora criada a Reserva – ampliada meses depois para 594 hectares -, respondendo a uma solicitação de Joaquim Rodrigues dos Santos Júnior, então director do Instituto de Zoologia Dr. Augusto Nobre. Seus alunos, também terão dado algum contributo pelos trabalhos de campo que ali desenvolviam, comprovando a importância ecológica e pedagógica daquela zona costeira do concelho de Vila do Conde e da Área Metropolitana do Porto. Maioritariamente professores do segundo e terceiro ciclos e ensino secundário aposentados, hoje rondando os 70 anos, recordaram as viagens de comboio até ao Mindelo e as actividades ali desenvolvidas, frequentemente acompanhadas pelo então guarda-fl orestal António de Jesus Pereira, 82 anos, também presente neste encontro organizado em colaboração com a Associação dos Amigos do Mindelo, mas de quem tinham apenas vaga memória, tantos foram os anos passados.A Reserva, que nos primeiros anos foi gerida pela Universidade do Porto, enfrenta a permanente pressão imobiliária e outras vicissitudes associadas, como o despejo de entulho de obras e resíduos diversos. De pouco tem servido

o anacrónico estatuto de Reserva Ornitológica, entretanto não actualizado pela legislação que passou a regular as áreas protegidas em Portugal depois de 1974. Mas uma nova oportunidade anima agora os esforços para reclassifi cação que têm vindo a ser desenvolvidos, com destaque para a actividade da Associação dos Amigos do Mindelo. Câmara Municipal de Vila do Conde, Juntas de Freguesia, Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional e comunidade científi ca (representada pelo Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, CIBIO), ultimam a proposta de classifi cação como Paisagem Protegida de âmbito regional, englobando uma área de 618 hectares, entre a foz do rio Ave (Azurara) e Labruge (até ao Castro de S. Paio), a enviar à entidade responsável pela classifi cação, o Instituto de Conservação da Natureza. O CIBIO, unidade de investigação da Universidade do Porto, nos estudos de fundamentação identifi cou dois endemismos botânicos e uma interessante diversidade de anfíbios nas charcas temporárias, nesta que é uma das raras zonas dunares relativamente preservadas na região do Porto e um importante ponto de descanso nas rotas migratórias de diversas aves. O CIBIO também conduziu tecnicamente o plano estratégico para ordenamento e gestão da Reserva.O passeio dos antigos alunos constituiu, assim, uma oportunidade para ver de perto a evolução da ROM e recordar os antigos trabalhos de anilhagem de aves, com a ajuda do ornitólogo Paulo Mota. Mas quis o destino que o dia não se prestasse a actividades deste género e apenas uma felosa-musical, Phylloscopus trochilus (Linnaeus), caiu nas redes ajudando na demonstração, retomando logo depois a sua rota migratória.

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Eureka! Vamos descobrir a Física

Quem visitou a Mostra de Ciência, Ensino e Inovação da Universidade do Porto e gostou da sensação de se sentar na cadeira que gira, apenas através do impulso de uma roda de bicicleta segura nas mãos estendias, ou de dois pesos em cada mão abrindo e fechando os braços, pode repetir. É uma das experiências e demonstrações de Física, disponíveis na sala onde os estudantes podem tomar contacto directo com aplicações práticas, designada Sala Eureka. A Sala foi transferida para o rés-do-chão deste Departamento da Faculdade de Ciências, no Campo Alegre.Mediante marcação prévia, pode ser visitada por grupos de 15 a 30 alunos do 3º ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário, acompanhados por um ou mais professores. Para já apenas às 4ªs feiras, das 14:30 às 17:30, para além de dias específi cos e especiais. A duração de cada visita é de 1h30. Os visitantes podem tomar contacto directo com um conjunto de experiências e demonstrações, subordinadas a temas como a Mecânica, a Óptica, o Electromagnetismo e os Materiais:Ludião mergulhador; Movimento de projécteis; Conservação do momento angular (efeito giroscópico); Conservação do momento angular (momento de inércia); Propagação não rectilínea da luz; Prisma de água; Ilusões ópticas; O azul do céu; Persistência da imagem na retina; Holografi a; Espelhos e imagens; Espelho mágico; Caixa refl ectora mágica; Comunicação optoelectrónica; Vibrações numa corda; Interferómetro acústico; Levitação magnética; Indução magnética, o lançador; Janela misteriosa; Materiais termosensíveis; Conversor termoeléctrico; Tambor rotativo com meios granulares; Pilha de areia.

Novo ano traz obras de Biomédicas e Medicina

Com as obras do futuro edifício da Biologia da Faculdade de Ciências, no Campo Alegre, em curso, prevê-se para 2007 o arranque da construção dos novos edifícios na área da Saúde da Universidade do Porto, nomeadamente o complexo das Biomédicas e a Faculdade de Medicina. Mas, em princípio, não antes de meados do ano.Em despacho, de Agosto, sobre os critérios de fi nanciamento destas obras, o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior informa os reitores das Universidades que uma das prioridades é fi nanciar “construção, ampliação ou renovação das instalações das unidades orgânicas das Universidades que ministram o curso de licenciatura em Medicina, quando respeitantes a contratos de desenvolvimento celebrados em 2001 para esse fi m e de acordo com faseamento a defi nir”. Assim, para os dois edifícios e para 2007, estão previstos 1,7 milhões de euros, de fi nanciamento nacional (Orçamento de Estado), a que se juntará fi nanciamento comunitário no valor de 9,6 milhões de euros, previsto mas ainda não contratado – a incluir no próximo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).O complexo das Biomédicas será construído nos terrenos da antiga Reitoria, no gaveto entre a Rua D. Manuel II e a Rua Jorge Viterbo Ferreira. A Reitoria, Serviços Centrais e o Instituto de Recursos e Iniciativas Comuns já foram transferidos para o emblemático edifício da Praça Gomes Teixeira. No caso da Faculdade de Medicina, serão realizadas duas obras: uma de construção do novo edifício da Faculdade – nas traseiras do Hospital de S. João, entre as ruas Dr. Roberto Frias e Dr. Plácido da Costa – e outra de recuperação das instalações existentes.

IFIMUP entra em novo Laboratório Associado

O Instituto de Física dos Materiais da Universidade do Porto é uma das três unidades de investigação que constituem o novo Laboratório Associado, designado Instituto de Nanotecnologias, IN. Para além do IFIMUP, são também constituintes do IN o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores-Microsistemas & Nanotecnologias (INESC-MN), com sede em Lisboa e unidade líder, e o Centro de Química-Física Molecular do Instituto Superior Técnico.O IFIMUP tem vindo a desenvolver investigação fundamental na física de novos materiais com interesse científi co e tecnológico, nomeadamente aplicada ao campo das nanociências.Simultaneamente, foi homologado um outro Laboratório Associado, o Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação, I3N. É constituído pelo Instituto de Polímeros e Compósitos da Universidade do Minho, a unidade líder, o Centro de Investigação em Materiais da Universidade Nova de Lisboa e a Unidade de Física de Semicondutores em Camadas, Optoelectrónica e Sistemas Desordenados da Universidade de Aveiro.

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Prémios internacionaispara inteligência artifi cal

Pedro Pereira Rodrigues, investigador do Núcleo de Inteligência Artifi cial e Análise de Dados do Laboratório de Inteligência Artifi cial e Ciência dos Computadores da U.Porto, foi distinguido com o primeiro lugar no V Concurso Ibero-Americano de Dissertações de Mestrado em Inteligência Artifi cial, uma iniciativa associada à organização da Conferência Ibero-Americana de Inteligência Artifi cial (IBERAMIA), que se realizou no fi nal do mês de Outubro. A dissertação premiada, intitulada “Hierarchical Clustering of Time Séries Data Streams”, foi elaborada sob a orientação de João Gama (Faculdade de Economia e LIACC-NIAAD) e João Pedro Pedroso (FCUP e LIACC-NCC).O Prémio é atribuído ao melhor trabalho académico (mestrado ou doutoramento) desenvolvido em universidades de países da região Ibero-Americana.O investigador está a iniciar estudos de doutoramento em Ciências de Computadores, na Faculdade de Ciências da U.Porto, na área de aprendizagem automática em fl uxos contínuos de dados para ambientes ubíquos.Rita Ribeiro, também ela investigadora do Núcleo de Inteligência Artifi cial e Análise de Dados do Laboratório de Inteligência Artifi cal e Ciência dos Computadores da U.Porto, foi agraciada com o Carl Smith Award, atribuído no contexto da International Conference on Discovery Science ao melhor student paper apresentado, na IX edição desta conferência que se realizou também em Outubro, em Barcelona.

O artigo que lhe valeu esta distinção, intitulado “Rule-based Prediction of Rare Extreme Values”, foi elaborado em co-autoria com Luís Torgo (professor catedrático da Faculdade de Economia do Porto), no contexto do trabalho de doutoramento que está a desenvolver na área da Ciência dos Computadores, na Faculdade de Ciências da U.Porto, no domínio da “Modelação de Casos Raros”, sob a orientação de Luís Torgo (FEP) e Joaquim Pinto da Costa (FCUP).

A baía de Monterey, na Califórnia foi, no passado dia 27 de Outubro, o palco das operações de “rendez-vous” subaquático de dois veículos submarinos autónomos: ISURUS, do Laboratório de Sistemas e Tecnologias Subaquáticas da Faculdade de Engenharia da U.Porto e ARIES, da Naval Postgraduated School de Monterey, Califórnia. O acontecimento é tanto mais assinalável quanto o tipo de operações efectuadas nunca havia antes sido realizado por veículos autónomos. Esta “estreia” foi a demonstração fi nal de um projecto de investigação, realizado por consórcio constituído pela Administração dos Portos de Douro e Leixões, pela Faculdade de Engenharia da U.Porto e pelo Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental, e fi nanciado pela Agência de Inovação, no âmbito do programa POSI, que teve também como parceiros o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) e o Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial (INEGI).O projecto, designado PISCIS – Protótipo de um Sistema Integrado para Amostragem Intensiva do Oceano Costeiro, iniciado em 2002, tinha por objectivo a concepção, desenvolvimento e implementação de um sistema avançado para pesquisa das zonas costeiras, baseado em veículos submarinos autónomos. São numerosas as funcionalidades do sistema desenvolvido, permitindo, autonomamente, operações de transmissão de dados ou de acostagem entre dois sistemas móveis (neste caso, podem ser utilizados um sistema submarino e outro de acostagem subaquático). A coordenação dos movimentos tem por base as comunicações acústicas.Depois do sucesso desta demonstração, está previsto para 2007 a realização em Monterey de uma série de novas operações conjuntas entre a Faculdade de Engenharia e a Naval School, envolvendo outros meios subaquáticos e aéreos.

Rendez-vous subaquático em Monterey

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UPORTO VOZES DA U.PortoUPORTO VOZES DA U.Porto

Constituiu-se, assim, uma estrutura mista, composta por um Pólo Universitário, que engloba faculdades, centros e institutos de investigação, e por um Pólo de Transferência de Tecnologia, que compreende fundamentalmente centros de incubação de empresas, empresas de base tecnológica avançada ou de consultoria e serviços técnicos com uma componente importante de inovação, interligados por instituições de interface ou, de uma forma geral, instituições vocacionadas para a promoção e difusão da ciência, tecnologia e inovação.

A estrutura de transferência de tecnologia, designada de modo simplifi cado, como já se referiu, pela sigla “UPTEC”, apresenta-se, assim, como um espaço de valorização mútua de competências entre os meios universitário e empresarial, tirando partido de uma real proximidade, que potencia a interpenetração destes dois meios e a criação de um ambiente favorável à inovação e à constituição de empresas de base tecnológica avançada, preferencialmente numa fase inicial do seu desenvolvimento, mas sem excluir a possibilidade de instalação de empresas inovadoras, já com objectivos mais consolidados, tornada possível pelo alargamento da área disponibilizada para tal fi m.

A instalação de pólos científi co-tecnológicos carece de infra-estruturas físicas cuja execução depende de planeamento e construção cuidados, de tal modo que somente após o decurso de um prazo relativamente longo se poderão considerar aptas a desempenhar as suas funções. Na Asprela, no entanto, verifi cou-se a circunstância feliz de ter fi cado disponível o complexo de pavilhões que foram utilizados pela “Normetro”, no âmbito da construção da primeira fase da rede de metropolitano de superfície do Porto, complexo que a Universidade do Porto oportunamente adquiriu. Trata-se de pavilhões pré-fabricados de muito boa qualidade, dotados de todas as infra-estruturas necessárias à instalação de utentes do pólo tecnológico, com requisitos de qualidade que muito pouco fi carão a dever a boas construções de carácter defi nitivo. Localizam-se num terreno, situado entre o novo “Edifício das Pós-Graduações” da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e a auto-estrada A3, que o próprio Plano Director Municipal reconhece como reserva de construções do Pólo Universitário, o que poderá proporcionar, em fase ulterior, a aquisição deste terreno (presentemente arrendado) e substituir o parque de pavilhões por construções defi nitivas. A disponibilização nos referidos pavilhões de uma área coberta de 3

Após longo período de espera, acalentados com alguma esperança mas sem ter sido possível evitar a experiência de muitas frustrações, vai fi nalmente dar-se início à actividade de uma estrutura há muito desejada pela nossa comunidade universitária, o Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, abreviadamente designado por UPTEC.

De facto, a intensifi cação da construção de edifícios universitários verifi cada na última década do séc. XX e a previsível conclusão próxima das instalações das faculdades, quando a Universidade do Porto perspectiva uma estabilização da sua dimensão em termos do número de estudantes que a frequentam, determinaram a delimitação de um conjunto de áreas destinadas a implantação de um parque de ciência e tecnologia no designado Pólo 2 da Universidade, situado na zona da Asprela. A ideia da associação desta valência ao Pólo Universitário foi germinando praticamente desde o início da construção da nova Faculdade de Engenharia, veio a ser acolhida pela APCTP – Associação do Parque de Ciência e Tecnologia do Porto como estrutura associada a este Parque, e a respectiva implantação foi considerada logo no plano preliminar que precedeu a elaboração do actual Plano de Urbanização do referido Pólo 2 da Universidade do Porto.

Ao “Parque de Ciência e Tecnologia da Asprela” fez-se, então, corresponder uma superfície com a confi guração aproximada de um triângulo rectângulo cuja área total é um pouco inferior a 1 hectare, confrontando: a sul, com a nova Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação; a poente, com a Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica; e, a nascente, com a linha de metropolitano de superfície. Mais recentemente, decidiu a Universidade disponibilizar para a instalação de infra-estruturas tecnológicas – incluindo empresas a cuja actividade se associe uma forte componente de investigação, desenvolvimento e inovação – parte signifi cativa dos espaços susceptíveis de receber equipamentos urbanos no Pólo Universitário.

O “UPTEC” vai iniciar a sua actividade!

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285 m2 faculta a imediata instalação não só da Sociedade Gestora do Pólo como também de um primeiro conjunto de empresas e outras instituições de interesse para o desenvolvimento do “UPTEC”. O Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto inicia, pois, de imediato, a sua actividade!

Em termos de novas construções, encontra-se em fase fi nal de projecto uma incubadora de base tecnológica, a construir com fi nanciamento do programa “Prime”, prioritariamente vocacionada para as Ciências da Saúde e da Vida, dotada de meios comuns, tecnológicos e laboratoriais, a disponibilizar aos utentes. Decorrerá a seguir a elaboração do projecto e a construção do edifício central do Pólo, que, a par com outras valências, virá a acolher não só a sede da Sociedade Gestora do “UPTEC” mas também a sede defi nitiva da própria Associação do Parque de Ciência e Tecnologia do Porto. Encontram-se disponíveis os restantes terrenos para a instalação de utentes que cumpram os requisitos de admissibilidade no Parque.

Em fase mais avançada de evolução, está prevista a possibilidade de o UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto se estender aos restantes pólos da Universidade. Por outro lado, constitui vocação sua posicionar-se como local privilegiado de instalação de empresas em fase de arranque – as que mais podem benefi ciar da proximidade das estruturas de investigação e de formação universitárias – pelo que resultará signifi cativamente valorizada uma parceria do UPTEC com parques tecnológicos que ofereçam áreas mais signifi cativas para a instalação de empresas mas que não benefi ciem da imediata proximidade da Universidade, adequados para o acolhimento das empresas de base tecnológica na fase seguinte de crescimento. Tal parceria originará uma oferta regional integrada e completa com a possibilidade de gerar poupanças signifi cativas tanto em meios humanos como materiais. As áreas que, para este efeito, pretendem disponibilizar quer a Sociedade de Reabilitação Urbana do Porto quer diferentes municípios da Região e as iniciativas que lhes estão associadas serão muito bem acolhidas nesta rede.

A gestão do UPTEC está a cargo de uma sociedade gestora, que avoca a própria denominação sintética do Parque, UPTEC – Sociedade Gestora do Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto, S.A. – abreviadamente, UPTEC – SA –, à qual estão cometidas, para além desta função de promoção e gestão do Parque, a de promoção e gestão de outras realizações congéneres “às quais a Universidade do Porto esteja associada, através da articulação de iniciativas privadas e públicas que tenham um efeito estruturante na captação de tecnologias e capitais para a Área Metropolitana do Porto”, de tal modo que a Sociedade represente “a forma preferencial de envolvimento da Universidade nos projectos promovidos por municípios da área Metropolitana do Porto nos domínios de intervenção da Sociedade”. Com estes objectivos, a UPTEC – SA desenvolve “as acções que os seus órgãos considerem mais adequadas à implementação, utilização e gestão de infra-estruturas que incluam as vertentes científi ca, tecnológica, empresarial e formativa, potenciadora de um clima favorável à inovação de base tecnológica, tirando partido das sinergias e complementaridades entre as comunidades científi ca e empresarial”. O texto dos estatutos da entidade gestora, de que se retiraram as transcrições anteriores, refere ainda que “para prossecução desses objectivos a Sociedade promoverá:

– A instalação de instituições de investigação e desenvolvimento, bem como de projectos de I&D;– A criação e desenvolvimento de entidades de base tecnológica;– A formação em áreas estratégicas;– A atracção de investimento estrangeiro em sectores tecnológicos;– A inserção nas redes europeias de parques de ciência e tecnologia;– A cooperação com organizações nacionais e internacionais da especialidade;– A prestação de serviços de investigação e desenvolvimento tecnológico e de difusão científi ca e tecnológica;– A criação de um ambiente de elevado nível técnico-científi co, modelo de ligações investigação/ indústria, catalizador de transferências de tecnologia.”

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UPORTO VOZES DA U.Porto

17 A estrutura interna da Sociedade Gestora contempla os órgãos sociais correntes neste tipo de organizações – assembleia geral, conselho de administração e órgão de fi scalização –, competindo à assembleia geral a aprovação de um regulamento interno que enquadre a intervenção de uma estrutura consultiva de carácter científi co-tecnológico, indispensável para apoiar o conselho de administração na apreciação – que se pretende exigente – de candidaturas a utentes do Parque e, em circunstâncias especiais, para apreciação de desempenhos de instituições já nele instaladas.

À UPTEC – SA compete, pois, a cedência de terrenos em direito de superfície e a disponibilização, mediante aluguer, de diversas instalações, a condução dos processos de projecto e construção de edifícios e outras infra-estruturas no Pólo, o estabelecimento das normas a que deve obedecer a instalação de empresas e utentes em geral, a prestação do apoio administrativo, contabilístico, organizativo, técnico especializado e laboratorial (em certas áreas).

A apresentação da candidatura ao programa “Prime” visando a construção de raiz da incubadora de base tecnológica atrás referida determinou, na procura de melhores condições de concessão do respectivo incentivo, que se constituísse uma associação sem fi ns lucrativos, que adoptou uma denominação análoga, UPTEC – Associação de Transferência de Tecnologia da Asprela. A associação limitará a sua intervenção estritamente ao que lhe está imposto pela orgânica do programa “Prime”, fi cando subordinada à actividade de gestão central conduzida pela UPTEC – SA. A proposta da ideia de instalação desta incubadora foi homologada pelo Ministério da Economia e da Inovação, mediante despacho do Sr. Secretário de Estado Adjunto, da Indústria e da Inovação, tendo sido apresentada nos primeiros dias de Outubro de 2006 a candidatura fi nal ao fi nanciamento pelo “Prime”.

Na constituição da UPTEC – SA intervêm, de início, para além da Universidade do Porto e da sua sociedade de participações, UP – SGPS, a própria UPTEC – Associação de Transferência de Tecnologia da Asprela e a APCTP – Associação do Parque de Ciência e Tecnologia do Porto, bem como a PME Capital. Concluída a formalização da sociedade anónima, segue-se a abertura de participações a outras entidades, públicas e privadas, em que se incluem institutos de investigação com personalidade jurídica própria, sociedades de capital de risco, bancos e outras empresas ou associações de empresas interessadas no desenvolvimento do Parque.

As condições oferecidas para constituição de um parque de ciência e tecnologia completamente inserido num “campus” universitário podem considerar-se únicas no País. Este empreendimento benefi cia, antes de mais, da imediata vizinhança de espaços de formação, de investigação e de interface com a envolvente, nomeadamente empresarial, perfeitamente consolidados e de reconhecida qualidade, e permitem uma bem acolhida integração de estudantes em condições ímpares, potenciando o gosto pela aquisição e pelo desenvolvimento de conhecimentos e aptidões nos domínios do empreendedorismo e da inovação. Mas benefi cia, acima de tudo, não só da crescente vontade de a comunidade da Universidade agilizar a disponibilização às empresas e outros organismos de importantes resultados do seu trabalho, como também da estratégia que a actual Equipa Reitoral da Universidade do Porto está a procurar consolidar no sentido de um adequado enquadramento, aprofundamento e valorização dos resultados da investigação.

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Entre os cerca de 270 colaboradores, dos quais quase 80 são doutorados e 90 são docentes universitários, contam-se mais de duas dezenas de investigadores estrangeiros provenientes de 11 países, reforçando a vertente de internacionalização das actividades que uma fortíssima participação em projectos europeus alavanca.

As actividades e projectos são levados a cabo no quadro de diferentes unidades organizacionais que cobrem áreas científi cas e/ ou de aplicação, como os Sistemas de Energia, as Telecomunicações, a Optoelectrónica ou a Engenharia Industrial. Classifi cado como Excelente na última avaliação científi ca internacional do MCT, o INESC Porto tem o estatuto de utilidade pública desde 2001 e o de Laboratório Associado desde 2002.

A excelência científi ca é o suporte da capacidade de valorização, no mercado e internacional, de resultados de projectos de I&D e de competências específi cas, seja através da consultoria de alto nível, do licenciamento de tecnologia a empresas ou do lançamento de empresas spin-off ou spin-out de base tecnológica. Dezenas de exemplos de sucesso nesta vertente foram construídos em quase todas as áreas, desde as telecomunicações, a multimédia ou a optoelectrónica, aos sistemas de energia ou os sistemas de produção industrial.

A experiência de mais de duas décadas de actividade conduz à necessidade de reforçar a capacidade de investigação de acordo com uma estratégia de promoção da inovação baseada em ciência, abrindo novas frentes de actividade em áreas de reconhecida relevância futura, com parcerias nacionais e internacionais.

O ensino e a investigação científi ca são a alma da actividade de um universitário. O ensino é a vocação primeira e a razão de existir e a investigação a ferramenta que suporta o constante aprofundamento do saber ensinado. Nas últimas décadas, porém, cresceu na universidade portuguesa uma outra preocupação: a da busca da relevância prática, da orientação desse ensino e dessa investigação na resolução dos problemas da sociedade.

Foi com um tal desígnio em mente que um conjunto de universidades portuguesas – UP, IST, UC e UA – se associou à PT num projecto então totalmente inovador: construir uma instituição de charneira entre a universidade e o mundo empresarial com uma ambição inédita e um modelo de gestão distintivo. Assim nasceu na década de 80 o INESC, instituto privado sem fi ns lucrativos, de utilidade pública, braço armado da universidade e alavanca de projectos e actividades de formação, investigação, desenvolvimento tecnológico e transferência de tecnologia que a universidade não era capaz de conduzir.

Após um crescimento e um desenvolvimento organizacional ímpares (chegou a ter 1.300 pessoas) a instituição transforma-se e, em 1998, dá origem a diversos institutos operacionalmente autónomos, embora ligados entre si através de uma participação forte de uma holding INESC e por algumas participações cruzadas de capital associativo.

Um destes institutos, o INESC Porto, emerge do pólo do Porto do INESC, criado em 1985. Os sócios do INESC Porto são actualmente a UP, que detém actualmente 40% do capital associativo, o INESC, a FEUP, a FCUP e o IPP.

Na linha das motivações originais, a missão do INESC Porto é:– levar a cabo actividades de I&D nas suas áreas de competência, produzindo ciência e tecnologia competitivas a nível internacional;– ser um interface efi caz entre a universidade, as empresas privadas e os serviços e as instituições públicas, através de actividades de I&D contratual, transferência de tecnologia, consultoria especializada e formação;– contribuir para o desenvolvimento da ciência e do sistema de ensino universitário e promover a sua adaptação às necessidades evolutivas da sociedade.

INESC Porto JOSÉ MANUEL MENDONÇA

DIRECÇÃO INESC PORTO

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18 | 19 anos, em projectos específi cos, com unidades de investigação portuguesas. O primeiro a ser assinado publicamente, dia 11 de Outubro no Centro Cultural de Belém, foi o acordo com o MIT. Seguiu-se, a 27 de Outubro em Aveiro, a assinatura com os representantes da CMU. Os termos dos protocolos com as três universidades norte-americanas constam da Resolução do Conselho de Ministros 132/ 2006, de 13 de Outubro.

Esta iniciativa surge no âmbito do programa Ligar Portugal, integrado no Plano Tecnológico, cujos elementos principais são o apoio à inovação, o desenvolvimento do capital humano e a apropriação social e económica das tecnologias de informação e comunicação rumo ao desenvolvimento da sociedade portuguesa. Para além destes acordos, estuda-se a possibilidade de assinar outros, nomeadamente com a Universidade da Califórnia, em Berkeley, e com universidades europeias.

MIT – sistemas de engenhariaNa base dos termos do acordo assinado com o MIT, designado Programa MIT-Portugal, está uma avaliação prévia promovida pelo instituto norte-americano entre Fevereiro e Julho de 2006, para “identifi car áreas de interesse comum e estabelecer critérios para enquadrar projectos de sucesso e detectar questões-chave de carácter institucional, operacional, fi nanceiro, legal e técnico”. O MIT reconhece, logo no início do relatório, que “a excelência da investigação identifi cada nos centros de investigação portugueses, durante o processo de avaliação prévia, recomenda que o MIT estabeleça parcerias”. E acrescenta-se que “o compromisso assumido pelo Governo português de investir em ciência e tecnologia e de promover parcerias internacionais faz de Portugal um país interessante para a investigação e um parceiro relevante para futuras colaborações num contexto de economia globalizada, emergente, e baseada no conhecimento”.

A avaliação incidiu em iniciativas básicas de investigação, com enfoque para áreas de desenvolvimento relevante para os problemas do país e de interesse para o MIT, programas doutorais, mestrados de um ano e outros cursos mais curtos. Para ultrapassar o problema, característico de um país pequeno como Portugal, onde muitos dos grupos de investigação universitários estão abaixo da dimensão crítica, entendeu-se criar consórcios de entidades para congregar os melhores investigadores e grupos de investigação. O MIT, no relatório, sublinha a importância

Um conjunto de acordos entre universidades e centros de investigação portugueses e universidades estrangeiras de referência estão a ser preparados por iniciativa governamental. Dois, com o MIT e com Carnegie Mellon, já foram assinados. A UPorto traça um panorama destes acordos, com a ajuda de personalidades da Universidade do Porto envolvidas nas iniciativas. António Torres Marques e Eduardo Oliveira Fernandes, professores da Faculdade de Engenharia, abordam as áreas de, respectivamente, Concepção de Produto e Sistemas de Energia no acordo com o MIT, João Falcão e Cunha, também professor na mesma Faculdade, caracteriza, genericamente, o protocolo com Carnagie Mellon e Aurora Teixeira, professora na Faculdade de Economia, escreve sobre os impactes dos acordos.

MIT, CMU e UTA são siglas que pouco ou nada dizem à maioria dos portugueses, embora nos últimos tempos tenham sido referidos com insistência pelos órgãos de comunicação social. As três siglas que designam universidades norte-americanas estão associadas a um conjunto de parcerias recentemente estabelecidas com instituições de investigação e ensino portuguesas e que envolvem também empresas. Esta iniciativa governamental, nas palavras de Mariano Gago, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, “associada a mecanismos competitivos de avaliação e acompanhamento externos, reforçará necessariamente o papel das instituições científi cas na condução estratégica das universidades, acelerará a sua reforma e abertura, promoverá a maior participação de todos os estudantes em actividades de investigação ao longo da sua formação”. Entre as entidades envolvidas, estão faculdades e centros de investigação que funcionam na esfera da Universidade do Porto.

Com o Massachussetts Institute of Technology, MIT e a Carnegie Mellon University, CMU os acordos foram assinados recentemente e formalmente apresentados em cerimónias públicas, esperando-se para breve a assinatura com a University of Texas at Austin (UTA). Todas elas instituições de grande relevância internacional nas áreas a que se referem estas parcerias, áreas identifi cadas como cruciais para atingir os objectivos do Plano Tecnológico e desenvolver Portugal. Na base da escolha das instituições estrangeiras estão, para além da relevância da investigação e ensino e da experiência em transferência de tecnologia, colaborações anteriores, de vários

De Oeste sopram ventos de futuro

UPORTO DOSSIER

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dos consórcios serem coordenados por (e a sua actividade ser implementada através de) centros de investigação, associados a escolas universitárias. Os critérios que estiveram na base da identifi cação das áreas objecto do acordo foram os seguintes:· Benefício intelectual para Portugal e para o MIT;· Inclusão das componentes de investigação e formação;· Reconhecimento das implicações da globalização para Portugal;· Viabilidade dos objectivos, mediante os constrangimentos orçamentais;· Enquadramento apropriado para atingir os objectivos de cada área;· Capacidade para trabalhar com base em experiências de cooperação actual ou anterior;· Empenho de sectores académicos-chave;· Envolvimento de diferentes instituições de ensino superior portuguesas;· Interesse da indústria.

Três áreas com participação da UPortoO acordo com o MIT abrange dois programas distintos, citando a Resolução do Conselho de Ministros: “i) um acordo na área dos sistemas de engenharia, a coordenar no MIT pela Engineering Systems Division e articulando várias escolas de engenharia, ciência e tecnologia em Portugal, sendo desenvolvido com base em quatro áreas temáticas, nomeadamente: Engenharia de Concepção e Sistemas Avançados de Produção Industrial, Sistemas de Energia, Sistemas de Transporte e Sistemas de Bioengenharia, de uma forma que considera uma visão inovadora para o avanço da engenharia e da sua relação com a ciência e o tecido empresarial, devendo ser demonstradora de uma nova dimensão de ensino e investigação em engenharia num contexto europeu; ii) um projecto de colaboração na área de gestão, a coordenar no MIT pela Sloan School of Management, envolvendo o desenho e preparação de um programa de MBA, de âmbito internacional, assim como a preparação de um programa de technology-based entrepreneurship e o lançamento de um programa de seminários de doutoramento a iniciar já em 2006, na forma de Lisbon-Sloan Seminar Series in Management Science. Estas actividades envolverão várias escolas de economia e gestão de forma a contribuir para criar as massas críticas necessárias na sequência das recomendações do próprio relatório do MIT.” O director do programa “MIT Portugal”, por sugestão da instituição americana, é Paulo Cadete Ferrão, professor no Instituto Superior Técnico.

O consórcio na área dos Sistemas de Transporte ambiciona, segundo o relatório de avaliação prévia, conceber um sistema de transportes intermodal, integrado e tecnologicamente avançado, que venha a tornar-se um modelo para o resto da Europa. Em Portugal, a coordenação do programa está a cargo de João Bento, presidente da BRISA, e a instituição líder, do lado português, é o Instituto Superior Técnico. Álvaro Costa, professor na Secção de Planeamento do Território e Ambiente, Departamento de Engenharia Civil da FEUP, é o elemento de ligação na Universidade do Porto.

No patamar dos Sistemas de Energia, o relatório de avaliação prévia estabelece como visão, que Portugal, país dependente dos combustíveis fósseis para a maioria das suas necessidades energéticas, tem de prestar particular atenção às questões de efi ciência energética, concebendo sistemas de energia de futuro e adequados às necessidades energéticas do país. Este esforço de longo-prazo, deverá ser direccionado para a transformação das infra-estruturas energéticas, intervenção em componentes infraestruturais mais envelhecidos, reavaliação das responsabilidades de investimento num contexto de competitividade entre mercados energéticos e a necessidade de identifi car e proteger nós e módulos vulneráveis no sistema energético. O coordenador do lado português, nesta área dos Sistemas de Energia, é Paulo Cadete Ferrão (IST) e os elementos de ligação na Universidade do Porto são Eduardo Oliveira Fernandes, professor na Secção de Fluidos e Calor, Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da FEUP, e João Peças Lopes, professor na Secção de Energia do Departamento de Engenharia Electrotécnica e de Computadores da mesma Faculdade.Numa outra área do acordo MIT-Portugal, Concepção de Produto, os resultados pretendidos com o acordo são:– um melhoramento signifi cativo dos programas de formação em design, desenvolvimento de produto e liderança tecnológica;– desenvolvimento de um corpo de líderes em inovação, formados não só em aspectos fundamentais de tecnologia e gestão, mas também com experiência na aplicação destas capacidades na liderança e formação de empresas criativas e conhecimento-intensivas;– resultados de investigação articulados com programas de formação que criem uma base para melhoria das capacidades na concepção, produção e colocação no mercado de produtos e sistemas integrados de alto valor acrescentado, capazes de

MIT

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UPORTO DOSSIER

reforçar as capacidades da tecno-indústria portuguesa.O coordenador português nesta área é António Cunha, professor na Universidade do Minho. O elemento de ligação na Universidade do Porto é António Torres Marques, professor na Secção de Mecânica Aplicada do Departamento de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial da FEUP.

Em Bio-engenharia, os objectivos são:– promover um nova pós-graduação, direccionada para formar uma nova geração de líderes em inovação tecnológica de bio-engenharia em Portugal;– Criar novo conhecimento, através de I &D, direccionado para um empenho forte nos Programas-Quadro de Investigação Europeus;– Promover investigação e ensino nos sectores dos cuidados de saúde e da biotecnologia ambiental, proporcionando um ambiente propício para novas start-ups que apliquem novos modelos de relacionamento entre universidades, empresas, governo e sociedade.Neste caso, o coordenador português é Manuel Nunes da Ponte, professor na Universidade Nova de Lisboa e, na Universidade do Porto, é Alexandre Quintanilha, director do Laboratório Associado IBMC/ INEB, o elemento de ligação.

Carnagie Mellon University – tecnologias de informação e comunicaçãoA colaboração com a CMU traduz-se no “Programa CMU-Portugal” e é centrada na área de tecnologias de informação e comunicação (TIC), incluindo engenharia de soft ware, redes de informação, segurança de informação, e tratamento computacional da língua, e envolvendo uma componente aplicacional de redes de sensores na «gestão de infra-estruturas críticas», assim como a área de análise de políticas de informação e gestão dos processos de mudança tecnológica. Inclui ainda a área de ciências básicas, matemática. O programa tem por objectivo central reforçar a capacidade científi ca de Portugal no sector das TIC, procurando envolver os principais actores que nele operam.

A componente de ensino avançado inclui três programas de mestrado profi ssionais e o desenvolvimento de sete programas de doutoramento, ambos conferindo graus duplos entre a CMU e consórcios nacionais envolvendo 10 instituições de ensino superior nacionais. Será constituído um instituto internacional de natureza virtual, o Information and Communication Technologies Institute,

ICTI, com dois pólos, um a funcionar em Portugal e outro na CMU. Com a criação deste Instituto, segundo Manuel Heitor, secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, discursando na cerimónia de assinatura do acordo, pretende-se encontrar o “contexto institucional adequado aos desafi os e à necessidade de promover a integridade necessária ao desenvolvimento científi co e ao relacionamento entre comunidade científi ca e empresas”. Por outro lado, “é aconselhável que a participação nacional no Programa CMU-Portugal seja assegurada por redes temáticas de investigadores e de centros e unidades de investigação em estreita colaboração com empresas e outras instituições científi cas, públicas e/ ou privadas, de uma forma que seja estruturante para reforçar a capacidade científi ca nacional e criar massas críticas que facilitem a afi rmação internacional de Portugal”.

O que diferencia esta parceria das estabelecidas até agora noutros países, apontou Pradeep Khosla, dean da Escola de Engenharia da CMU, durante a sessão pública de assinatura do acordo, é ter como objectivo a criação de impacte no país parceiro, para além do outro objectivo presente nas restantes parcerias internacionais – o de internacionalização da CMU. Entre as empresas envolvidas no acordo estão a Portugal Telecom e CTT-Correios de Portugal, multinacionais como a Siemens SA e um conjunto de empresas de base tecnológica como a Novabase, Critical Soft ware SA, SkySoft Portugal-Soft ware e Tecnologias de Informação SA, Altitude Soft ware SA, Priberam Informática Lda e associadas da INOVA-RIA – Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro. As empresas assumem compromissos de aumentar o número de quadros doutorados e aumentar o investimento em I&D. O Grupo Portugal Telecom assume a coordenação dos parceiros empresariais no ICTI.Os termos específi cos da participação da Universidade do Porto neste acordo com a CMU ainda estavam a ser negociados aquando do encerramento da edição da UPorto.

University of Texas at Austin – multimediaA colaboração com a UTA também envolve duas componentes distintas, nomeadamente (segundo Resolução do Conselho de Ministros 132/ 2006, de 13 de Outubro):i) educação avançada e investigação em conteúdos digitais e multimedia;ii) o desenvolvimento de um consórcio internacional sobre University Technology Enterprise Network (UTEN), orientado para a valorização económica de ciência e tecnologia e o

CMU

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desenvolvimento de novas empresas de base tecnológica. A componente de conteúdos digitais e multimedia será desenvolvida em estreita colaboração entre o College of Communication da UTA e duas universidades portuguesas. A segunda componente de comercialização de ciência e tecnologia inclui a formação de profi ssionais em transferência de tecnologia e programas de mobilidade e cooperação empresarial, sendo desenvolvido em estreita colaboração entre o IC2 – Institute for Innovation, Creativity and Capital e a ATI – Austin Technology Incubator da UTA e englobando sete parceiros institucionais nacionais.

Todos os três programas de colaboração incluem acções de educação avançada e programas de investigação, considerando, entre outros, como seus instrumentos:i) programas anuais de formação avançado, tipo professional master; ii) programas de doutoramento, iii) programas de investigação; iv) actividades de valorização económica de ciência e tecnologia. O desenvolvimento destas actividades inclui: i) contratos anuais para investigadores/ docentes universitários, e ii) bolsas para alunos de investigação, nomeadamente ao nível de doutoramento e pós-doutoramento.”

Também neste caso, decorriam negociações para estabelecer os termos precisos da participação da Universidade do Porto no acordo com a UTA, estando a ser preparada uma participação de grupos de investigação de diversas faculdades, correspondendo à transversalidade do multimedia.

A U.Porto no “MIT – Portugal”

No acordo com o MIT, ao nível dos Sistemas de Engenharia, participam as seguintes entidades/ centros de investigação, distribuídas pelas quatro áreas temáticas:· Engenharia de concepção e sistemas avançados de produção: Instituto de Engenharia Mecânica – IDMEC (Unidade de Concepção e Validação Experimental), Instituto de Engenharia Mecânica e Gestão Industrial – INEGI, Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto – INESC, Instituto de Sistemas e Robótica do Porto – ISR Porto e Laboratório de Engenharia de Processos, Ambiente e Energia – LEPAE.· Sistemas de energia: IDMEC (Unidade de Estudos Avançados de Energia em Ambiente Construído) e INESC.· Sistemas de transporte: Centro de Investigação do Território, Transportes e Ambiente – CITTA.· Sistemas de bioengenharia: FEUP, e os Laboratórios Associados Instituto de Biologia Molecular e Celular/ Instituto de Engenharia Biomédica – IBMC/ INEB e Rede de Química e Tecnologia – REQUIMTE

UTA

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UPORTO DOSSIER

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UPORTO DOSSIER

QUADRO 01Acordos cooperação científi ca e tecnológica com as Universidades Norte-Americanas: áreas e instituições alvo

* Ainda não está assinado o acordo

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No âmbito do protocolo entre o Governo Português e o MIT, o Programa EDAM – Engineering Design and Advanced Manufacturing lança um conjunto de desafi os às instituições a ele ligadas (Escola de Engenharia da Universidade do Minho, Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e Instituto Superior Técnico, institutos de interface, parceiros industriais e centros tecnológicos) que poderão servir para posicionar essas instituições na linha da frente do ensino e investigação a nível mundial. Esse programa inclui actividades educacionais e de investigação e fomenta a participação da indústria nessas actividades. De facto, na parte educacional, existe um Programa de Formação Avançada “TME – Technology Management Enterprise” e um Programa Doutoral “LTI – Leaders for Technical Industries” que estão orientados para a perspectiva económica do desenvolvimento de produto, passando pela optimização da selecção de materiais e processos de fabrico. Estes programas, que terão início em Setembro de 2007, serão precedidos por quatro Seminários de divulgação das metodologias a utilizar: dois para executivos e dois para investigadores.Na parte de investigação, o programa inclui uma iniciativa piloto de lançamento do processo de trabalho em conjunto para as diferentes instituições de I&D, com base em sugestões de parceiros industriais. Seguir-se-á, o lançamento de actividades de I&D em nove áreas diferentes: DFP – Design for Function and Performance, ECO – Eco – Design, D4P – Design for Pleasure, DFM – Design for Manufacturing, SCM – Supply Chain Management, MOB – Mobility Concepts, AERO – Aeronautic Solutions, BIO – Bioinspired Design, PDDM – Product Design and Development Management. O programa inclui, para cada instituição académica, o apoio a alunos de doutoramento, bolsas de pós-doutoramento, estadia de docentes no MIT, por períodos até seis meses, para preparação de disciplinas a funcionarem no âmbito dos programas de formação avançada e doutoral, bem como a possibilidade de estadia, em Portugal, Professores Estrangeiros convidados por períodos até um ano.

O protocolo entre o Governo Português e o MIT: EDAM – Engineering Design and Advanced Manufacturing

O impacto desta acção dependerá, para além da garantia de um dado fi nanciamento, da atitude que as instituições adoptarem no sentido de tirarem partido do mesmo. De facto, surge agora a oportunidade de se lançarem os docentes e investigadores mais jovens em acções que visam o desenvolvimento de novo paradigma educacional, em que a investigação de elevada qualidade estará intimamente ligada aos novos programas curriculares, no sentido de promover uma atitude de empreendedorismo para actividades de fabrico e desenvolvimento de produto baseadas no conhecimento. Para isso, será necessária uma perspectiva integrada de ensino que promova, simultaneamente, desafi os intelectuais e capacidade de assumir riscos, conduzindo a lideranças sólidas e consolidadas em saber.O desafi o passará, também, pela capacidade de trabalho em conjunto das diferentes instituições envolvidas no programa, sabendo tirar partido do seu conhecimento específi co.

António Torres MarquesProfessor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

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UPORTO DOSSIERUPORTO DOSSIER

O Governo Português tomou a iniciativa de associar algumas Universidades prestigiadas, americanas, na ocorrência, ao processo necessário e urgente de entrosamento da Universidade e das Empresas entre nós. Mais do que os temas cobertos, necessariamente em número reduzido, é de sublinhar o contributo desta iniciativa para a intensifi cação da dinâmica produtiva do sistema científi co das vertentes tecnológica e de gestão, em particular na relação com o desenvolvimento tecnológico e económico, em ligação estreita com as empresas.

A energia foi um dos temas eleitos. Portugal é o segundo país da União Europeia mais dependente de recursos energéticos importados (mais de 85%) dos quais a quase totalidade é de combustíveis fósseis. Com uma elevada intensidade energética, Portugal apresenta uma produtividade baixa, a par de uma também baixa capitação energética. Por outro lado, é energeticamente inefi ciente e produz um excesso de emissões de CO2 em relação aos compromissos assumidos no quadro de Quioto. Mas, em contrapartida, Portugal tem abundantes recursos energéticos renováveis passíveis de progressiva exploração em função da evolução tecnológica e com cambiantes de aplicação no terreno com alguma marca de singularidade.

A abordagem da problemática energética no quadro do protocolo MIT/ Portugal só poderia, por isso, valorizar a efi ciência e as energias renováveis. Mas, neste âmbito, mais do que privilegiar as tecnologias energéticas, de conversão ou de utilização efi ciente da energia ou de energias renováveis o programa, que mereceu o acordo das duas partes, centra-se prioritariamente nos sistemas energéticos, sejam eles, por exemplo, o da produção, transporte e distribuição de electricidade, do lado da oferta, sejam os sistemas de mobilidade urbanas, industrias ou sistemas urbanos ou mesmo grandes conjuntos edifi cados, etc. O tema é, em inglês: ‘Sustainable Energy Systems’.

As tecnologias dos equipamentos, na sua multiplicidade e diversidade, tendem a ter um percurso entre a investigação e o desenvolvimento tecnológico, em geral, bastante longo. Em contrapartida, intervir nos sistemas permitirá oferecer ao desenvolvimento do país, na vertente energética e nas suas relações com a produtividade da economia e a intensidade energética e com o ambiente, um conjunto ágil de instrumentos com um potencial de aplicação mais célere e sensível no

A Energia no Protocolo MIT/ Portugal

tecido tecnológico da energia (lado da oferta) mas, também na organização dos sistemas produtivos e outros, regionais e urbanos (lado da procura). Conquanto os sistemas sejam, naturalmente, baseados nas tecnologias mais avançadas, a sua optimização na óptica da sustentabilidade signifi ca privilegiar a organização, o planeamento, a simulação e a optimização, o desempenho e o ‘benchmarking’ segundo modelos reprodutíveis aos mais diversos níveis, no país e no exterior. A associação ao MIT (Massachussets Institute of Technology), para além de criar uma plataforma de interacção científi ca e tecnológica através de um diálogo intenso sobre o tema da energia, permitirá, sobretudo, capitalizar numa experiência reconhecida de investigação, formação avançada e promoção de novas empresas de base tecnológica. Será esta, porventura, a faceta de maior valor acrescentado desta oportuna parceria.

A Universidade do Porto está envolvida nesta área temática, entre outras, através da FEUP e dos seus institutos afi liados, INESC e IDMEC. Neste quadro, para além de projectos que serão desenvolvidos em estreita cooperação com empresas portuguesas do sector, serão desenvolvidos programas de doutoramento e de formação avançada de índole profi ssional em estreita cooperação com professores do MIT. O trabalho, formalmente já iniciado, terá em 2007 o seu primeiro ano efectivo e envolverá, por parte da FEUP, as lideranças do Prof. J. A. Peças Lopes e do signatário e verá os frutos das parcerias Universidade – Empresa expressos em novos produtos de índole científi ca, metodológica ou instrumental e em novas competências em interacção permanente.

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No passado dia 27 de Outubro, numa cerimónia pública em Aveiro, foram assinados vários contratos entre a FCT, representando o Governo Português, a CMU, instituições nacionais de ensino superior ou investigação, e empresas (www.mctes.pt). Entre estas entidades contam-se a Universidade do Porto, a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto e o INESC Porto.

O acordo negociado pelo MCTES entre 2006 e 2011, com base na Resolução do Conselho de Ministros nº 132/ 2006 (Diário da República, 1ª série – Nº 198, 13 de Outubro de 2006, p. 7189-7196), disponibiliza à CMU uma verba total de 27,8 milhões de euros. Para as instituições nacionais participantes a estimativa de apoio indicada pelo governo é de 27,870 milhões de euros, a partir de 2007. O valor total reservado pelo governo para o programa será assim de cerca de 56 milhões de euros.

O acordo prevê a criação de uma entidade virtual, o ICTI – Information Communication Technology Institute, uma parceria entre a CMU e as instituições portuguesas envolvidas que será responsável pela implementação do programa de colaboração. As grandes áreas de intervenção identifi cadas são as seguintes: · Information Processing and Networking· Critical Infrastructures and Risk Assessment· Basic Sciences· Technology, Innovation, and Policy

Relativamente às pós-graduações, o acordo envolve o estabelecimento de cursos em parceria e com duplo grau com a CMU, estando previstos um nível de formação avançada, do tipo mestrado profi ssional, e um nível de doutoramento.

Os cursos de especialização avançada (mestrado profi ssional) já acordados com algumas universidades portuguesas são os seguintes: · Soft ware Engineering· Information Networking· Information Technology: Information Security

Os cursos de doutoramento previstos são os seguintes:· Electrical and Computer Engineering· Computer Science· Language Technology· Mathematics· Technological Change and Innovation

O programa de colaboração com a CMU – Carnegie-Mellon University

Nestes cursos prevê-se a atribuição de cerca de 240 diplomas de especialização avançada e o início de 70 doutoramentos. Os alunos, seleccionados a nível internacional em conjunto pela instituição portuguesa e pela CMU, vão repartir o seu tempo de trabalho entre as duas instituições. Os docentes e investigadores envolvidos, em Portugal e na CMU, vão igualmente ser seleccionados em conjunto, de acordo com critérios de excelência. Os cursos serão geridos conjuntamente, obedecendo a afectação de recursos a normas de exigência comuns.

No âmbito da UP estão de momento a ser propostas acções concretas relativamente a programas de doutoramento, envolvendo a Faculdade de Engenharia e a Faculdade de Ciências, com o apoio do INESC Porto. As áreas de intervenção prioritárias já identifi cadas correspondem aos doutoramentos em Electrical and Computer Engineering e em Computer Science.

Considera-se prioritário aproveitar bem a oportunidade deste acordo com a CMU para melhorar a afi rmação internacional das capacidades e competências da UP e das suas unidades envolvidas. O sucesso desta parceria com a CMU vai depender no nosso entender de se estabelecerem ao mais alto nível os consensos necessários para permitir uma evolução rápida de capacidades e competências, e de se disponibilizarem rapidamente os recursos para tal necessários.

João Falcão e CunhaProfessor na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto

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UPORTO DOSSIERUPORTO DOSSIER

O impacte ‘económico’ dos acordos entre o Governo Português e o Massachusetts Institute of Technology (MIT), a Carnegie Mellon University (CMU), e a University of Texas at Austin (UTA) pode ser aferido (indirectamente) pelos potenciais efeitos que terão nas universidades portuguesas e, através destas, na economia das regiões onde se inserem e, de forma mais global, em toda a economia portuguesa.Em geral, qualquer estudo de impacte relacionado com a Universidade tenta resumir os efeitos mensuráveis das instituições de ensino sobre as economias locais e nacionais. Obviamente, é sempre bom sublinhar, o valor acrescentado das Universidades não se confi na a cálculos económicos. Os impactes culturais, intelectuais e sociais das universidades são extensos e estão bem documentados. Não obstante, os efeitos económicos das universidades sobre as suas regiões são consideráveis, desempenhando estas um papel crescentemente importante nos cálculos das nações no que concerne o valor do investimento público no ensino superior e nas tentativas dessas mesmas nações estabilizar e promover as suas economias.O impacte económico das instituições universitárias toma inúmeras formas. Entre outras, pode-se destacar: 1) Mobilidade/ transferência de know-how e de capital humano – os recursos humanos da universidade podem colocar o seu expertise ao dispor das empresas da área, agências governamentais, e organizações sem fi ns lucrativos; 2) Transferência de tecnologia – cada vez mais as universidades colaboram directamente com pequenas e grandes empresas para comercializar produtos e processos desenvolvidos na investigação, utilizando uma variedade de modelos de transferência de tecnologia; 3) Empreendedorismo de elevado valor acrescentado – alguns investigadores constroem as suas próprias empresas para comercializarem o conhecimento que desenvolveram com a universidade a deter uma fracção do capital social das empresas ou podendo benefi ciar fi nanceiramente via qualquer outro acordo.Parece-me ser a este último nível que os acordos estabelecidos (MIT e CMU) ou a estabelecer (UTA) se revelam mais promissores. Tais acordos têm um enorme potencial para tornar as universidades portuguesas mais entrepreneurial driven, sem obviamente descurar as outras (imprescindíveis) funções da universidade, contribuindo assim, de forma inequívoca, para uma mudança na estrutura da economia portuguesa no sentido de actividades/ indústrias de maior valor acrescentado, mais

Sobre o impacte ‘económico’ dos acordos com as Universidades Norte-Americanas

intensivas em conhecimento.Qualquer uma das três universidades norte-americanas envolvidas nos acordos constituem benchmarkings ao nível das melhores práticas internacionais no que respeita às relações com o mundo empresarial, estando entre as melhores escolas do mundo nas suas áreas de expertise (ver Quadro 1) – MIT nas áreas da gestão e engenharia, mais especifi camente engenharias aeronáutica e automóvel, transportes, energia e bioengenharia; CMU nas áreas dos sistemas de informação, informática, engenharia de computadores e electrotecnia; UTA nas áreas dos conteúdos digitais e multimédia. Assim, podem constituir uma alavanca fundamental para a promoção em Portugal de uma nova geração de empreendedores de base tecnológica.Num estudo (já relativamente antigo, datado de 1997) – “MIT: Th e Impact of Innovation” –, conduzido a nível nacional pelo BankBoston e MIT, documenta-se o impacte económico da investigação universitária do MIT. Segundo o estudo, o MIT alumni fundou mais de 4000 empresas que empregavam, em 1994, cerca de 1.1 milhões de indivíduos, gerando $232 biliões em vendas ao nível mundial. À data, as empresas fundadas pelos antigos alunos e investigadores do MIT formavam uma ‘nação’ gerando um montante de receitas que tornaria tal ‘nação’ a 24ª maior a nível mundial, acima da Tailândia e seguindo de perto a África do Sul. O documento evidencia claramente a fi losofi a empreendedora e criativa dos alumni do MIT.Também o New England Board of Higher Education listou recentemente a CMU entre as 25 mais importantes universidades ao nível do impacte económico local, via mobilidade de estudantes e investigadores para as empresas locais, transferência de tecnologia, ou projectos como o Collaborative Innovation Center – a Intel e a Apple Computer montaram linhas de investigação neste centro e a Google e a Seagate abriram escritórios perto da CMU para aproveitar a oferta de engenheiros altamente qualifi cados. Com um número de recursos humanos que ultrapassa os 4300 e uma população estudantil de cerca de 10000, a CMU contribui para a economia da região em diversas formas. Por exemplo, de acordo com as últimas estatísticas disponíveis (ano fi scal de 2004), os gastos dos alunos, faculdade e pessoas ao serviço da universidade ascenderam a $195.1 milhões em Pittsburgh e $372.2 milhões em Allegheny County. Os projectos de investigação da universidade geraram quase $280 milhões de receitas directas e indirectas para a economia local (ano fi scal 2004). A CMU também revitalizou a economia

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do sudoeste da Pensilvânia ajudando a criar 154 empresas entre 1993 e 2005. Entre 2001 e 2005, 17 empresas que são licenciadas directamente da universidade criaram 100 postos de trabalho na região e geraram $40 milhões. No ano fi scal de 2006, o Center for Technology Transfer and Enterprise Creation (CTTEC) da CMU ajudou a estabelecer 14 empresas baseadas em tecnologia gerada na universidade. No corrente ano (2006), os spin-off s da CMU representam um vasto conjunto de indústrias e tecnologias, desde a química verde da empresa GreenOx, o criador de jogos de simulação para formação SimOps, à empresa de controlo industrial Industrial Learning Systems.No que respeita à UTA, dados recentes (20004) recolhidos pelo Bureau of Business Research da própria universidade apontam para um impacto económico anual sobre o estado do Texas de $7.4 biliões. A UTA é o maior empregador da região com 22000 pessoas ao serviço, gerando directa e indirectamente (via efeitos multiplicador associados aos gastos da universidade em salários, equipamento e aquisição de bens e serviços). O maior impacto da universidade segundo o estudo consiste em ser um estimulador económico graças à sua enorme base de investigação de cariz aplicado ou de base empresarial. Dados de 2004 mostram que a investigação na UTA tem ajudado a construir a estrutura económica da região gerando quase $400 milhões em bolsas de investigação. Esta ampla base de investigação tem atraído investimento de grandes organizações, com empresas como a Samsung a anunciar o investimento de cerca de meio milhão de dólares na expansão da sua fábrica de Semicondutores localizada em Austin. Algumas empresas recentemente formadas em torno do centro de investigação da UTA incluem a Molecular Imprints, LabNow, Entercel e Proactive Technologies – todas sedeadas em Austin.Os acordos com o MIT, a CMU e a UTA atribuem de facto um papel relevante às empresas. As empresas localizadas em Portugal que desde o início se empenharam nestas parcerias mostraram inclusivamente interesse em multiplicar o investimento próprio de I&D e em recrutar novos investigadores. A ser uma realidade, tal contribuirá (um pouco à semelhança do que se passa nas universidades norte-americanas, mas obviamente à escala portuguesa!), para um maior adensamento das relações entre empresa-universidade, com benefícios óbvios em termos económicos, não só a nível de empregabilidade de recursos humanos mas, e sobretudo, na geração de inovações com maior potencial de comercialização – aliando-se assim a investigação

básica à “capacidade técnica” essencial à aplicação lucrativa do conhecimento.A expectativa é de que as (boas) práticas evidenciadas pelas universidades norte-americanas ao nível das relações universidade-empresa e o potencial empreendedor de elevado valor acrescentado dos seus alunos e investigadores possa ser ‘passado’ para as universidades portuguesas por via das diversas interacções (entre estudantes, investigadores e empresas) perspectivadas nos Acordos. Não obstante as boas intenções e virtuosidade destas iniciativas, não é claro que tal ‘passagem’ possa ser feita por ‘Decreto’ ou que, sem alterações concretas e adequadas ao nível, por exemplo, dos sistemas de incentivos que afectam universidades (autonomia, organização, estratégias) e investigadores (estatuto da carreira docente), o potencial de empreendedorismo associado aos Acordos se consubstancie como que por osmose...

Aurora TeixeiraProfessora na Faculdade de Economia da Universidade do Porto

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UPORTO SABER EM MOVIMENTO

Pensemos no núcleo de uma célula que se reproduz, de forma saudável, em muitas outras, criando um organismo vivo. É este núcleo que IPATIMUP, INEB e IBMC querem formar, capaz de gerar outras instituições de investigação em Ciências da Saúde que possam trabalhar em rede. O “seguro de saúde” deste organismo será a chancela de uma avaliação externa, ou seja, a forma mais efi caz de funcionar no terreno será defi nida pelo grupo de especialistas que vencer o concurso internacional que a Comissão de Coordenação da Região Norte vai abrir.

Dizem que não gostam da palavra fusão. É redutora. Querem é potenciar aquilo que já fazem e atrair mais gente. Mais instituições. Alexandre Quintanilha reconhece que a comparação é ambiciosa, mas ainda assim, avança com ela: “aquilo que se pretende criar no Porto pode ser o embrião de algo como o National Institutes of Heath (um dos centros mais avançados de pesquisa médica do mundo)*, nos Estados-Unidos, que tem vários institutos dentro de si”, para salvaguardar, logo de seguida que, “toda a gente sabe que o NIH está em Washington e não em Seattle, por exemplo”. Estava dado o mote para que Sobrinho Simões lançasse mais uma âncora para a instituição do futuro: “É do Porto. É do Norte. É a Universidade do Porto que está por trás. Adoramos trabalhar cá. Caso contrário já tínhamos saído…” Ou seja, por muito cosmopolita, o novo organismo terá sempre um cariz regional. Para além da investigação (fundamental e aplicada), para além dos “produtos” que são vendáveis e têm, por isso, um retorno (o INEB tem produtos comercializados em Portugal, nos Estados-Unidos e na Alemanha; O IBMC tem consultas de aconselhamento genético em áreas relacionadas com doenças degenerativas e infecciosas, assim como o IPATIMUP para o cancro, sendo que o aconselhamento dos hospitais em áreas de ponta a nível da investigação representa um importante retorno para o país), para além dos diagnósticos, imbatíveis e que signifi cam prestígio, IBMC, INEB e IPATIMUP têm outro grande objectivo: a educação de gerações sucessivas de acordo com um novo paradigma científi co e institucional baseado em “internacionalização, qualidade e avaliação externa”. “Gostávamos de ser um alfobre de uma nova geração de cientistas, investigadores e docentes universitários”, acrescenta Sobrinho Simões.

Envelhecimento, medicina regenerativa e terapias celulares.Entender o envelhecimento, ter a capacidade de o “prevenir”, retardar, e saber como interferir na área da medicina regenerativa e das terapias celulares são as duas áreas de futuro onde os três institutos podem ser instrumentais.Os vasos sanguíneos e os ossos são dois problemas fundamentais quando se fala de envelhecimento. Como explica Sobrinho Simões: “O cancro é, muitas vezes o resultado do envelhecimento porque leva a falhas nos mecanismos de reparação”. É, então, no domínio da prevenção e da antecipação do que vão ser os problemas de uma sociedade envelhecida que estes institutos vão ter um papel principal. Como? Parte da resposta está na correcção de defeitos de reparação e nas estratégias de substituição. O que vamos fazer, diz Sobrinho Simões, “é melhorar a nossa capacidade de fazer tecidos in-vitro (uma área na qual o INEB é instrumental). Trabalhar em terapia celular. Introduzir células com potencialidades múltiplas, totipotenciais, e, através de mecanismos de interacção com o meio-ambiente, programa-las para fazerem tecidos”. Outra área chave, no IPATIMUP, é a do diagnóstico precoce de lesões moleculares. No domínio do tratamento, isto permite passar para uma nova fase da medicina: a medicina dirigida. “Numa doença infecciosa ou degenerativa (daquelas que aparecem com a idade)”, diz Sobrinho Simões, “passamos a ter a possibilidade de perceber quais os mecanismos moleculares e de interacção entre o ambiente e os genes (a epigenese) e de construir terapêuticas especifi cas não só para aquela doença, mas também para aquela pessoa. A medicina do futuro é isto”. E para que funcione na prática a indústria farmacêutica pode ajudar a construir modelos de drogas.

O alfobre da nova medicina

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Diagnóstico precoceEm colaboração com o IPATIMUP o INEB está a dar os primeiros passos de um outro projecto de diagnóstico precoce do cancro. Consiste no recurso a nanopartículas que permitem identifi car células que estão num estado de divisão que poderá levar à formação de cancro. Outro dos projectos do INEB prende-se com a produção de partículas a serem usadas não só na prevenção como, eventualmente, no tratamento da Helicobacterpylori, a bactéria com que 85% dos portugueses estão infectados, embora o número de casos que degenere em cancro seja reduzido. Como explica Mário Barbosa, “estamos concentrados no diagnóstico precoce, na tentativa de identifi car funcionalidades que possam existir na parede do estômago e que estejam mais relacionadas com a adesão desta bactéria envolvida no cancro gástrico. O “truque” passa por um processo de “sedução” da bactéria. E como? Através da ingestão de uma substância que a vai atrair e fazer, assim, com que abandone a parede do estômago. A que corresponde, então, esta substância? A uma matriz extra-celular, que o INEB produz artifi cialmente. Como explica o director do IPATIMUP “as nossas células estão separadas por uma camada fi ninha, outras vezes por uma matriz extra-celular. O osso, por exemplo, é o resultado de uma célula que produz muita matriz que é calcifi cada… Já viu como nós ‘fazemos dentinho’??? Nós somos moles… Acho uma coisa miraculosa… Quase chego a Deus através do dente! (risos). As doenças são o resultado das nossas células, das bactérias e do ambiente, mas também do meio onde as células se encontram. A tal matriz extra-celular (que o INEB produz artifi cialmente) induz a que a célula seja óssea, ou hepática”. “A partir de uma célula embrionária”, continua Mário Barbosa, “podemos fazer com que as células se diferenciem usando estímulos que são a matriz. Esses estímulos, podemos ir busca-los ao mundo animal (extraídos, por exemplo, da placenta), ou podemos produzi-los artifi cialmente”. Em resumo, diz Mário Barbosa, “há duas formas de lidar com a bactéria: a toma de doses massivas de antibióticos que, mesmo assim, não conseguem actuar sobre as mutações da bactéria ou, o que estamos a tentar fazer, que é a libertação localizada do antibiótico e a construção da tal matriz extra-celular que vai seduzir e atrair a bactéria”. Com o IBMC o INEB trabalha ainda em mecanismos de reparação e regeneração de tecidos e em métodos não invasivos de diagnóstico.

Genética humanaTransversal aos três institutos e crucial quando se fala em prevenção é o estudo da genética humana (incluindo a interacção dos genes com o ambiente). O IPATIMUP mais relacionado com as questões do cancro e o IBMC com a chamada doença dos pezinhos, hemocromatoses**, doenças infecciosas, etc. Tentar perceber por que motivo algumas pessoas têm maior susceptibilidade de contrair uma doença infecciosa do que outras. Tem a ver, refere Alexandre Quintanilha, “com a genética da pessoa e a genética da bactéria. Cada um de nós transporta biliões de bactérias” (aliás, acrescenta Mário Barbosa, “temos mais bactérias do que células do corpo”), apresenta-mos uma doença, ou não, se o processo de defesa contra as bactérias enfraquecer”. Na prática, explica Sobrinho Simões, “temos a patologia humana, os doentes, as populações com a sua genética e vamos fazendo descrições entre a patologia humana e os genes das doenças. Como temos muitos modelos usamos fórmulas (por exemplo, a mosca do vinagre) para perceber como é que estas alterações genéticas, nestas populações, deram estas doenças no indivíduo X e verifi car se ocorrem em casos semelhantes”. O IPATIMUP atende, actualmente, cerca de 200 a 300 casos de consulta em todo o mundo.

Epidemiologia molecular ao serviço do combate ao terrorismoOutra das áreas a potenciar é a da epidemiologia molecular. O INEB dispõe de um investigador que através de mecanismos que envolvem sistemas como o GPS tenta perceber a distribuição de doenças pelo mundo. Ou seja, porque motivo uma determinada doença ocorre mais em Braga e não em Vila Real, por exemplo, ou nos países nórdicos e não por cá. Estes dados vão permitir relacionar não só os factores de carácter genético, como também os de carácter ambiental, para além de permitirem ainda localizar a fonte de infecção. Mário Barbosa dá o exemplo do resultado de dois estudos: o da osteoporose “identifi cou Trás-os-Montes e o Algarve como as zonas onde existe maior incidência de fracturas associadas à osteoporose. A questão que se coloca a partir daqui é: porquê? No Algarve há muito sol. Será uma questão ambiental? Será genética? No outro estudo, sobre a ocorrência de casos de Sida, uma das conclusões foi que as pessoas quando suspeitam que estão infectadas não vão ao hospital mais próximo, mas sim ao que fi ca mais longe. Para esconder”. E estes são mecanismos que se cruzam directamente com questões de saúde pública.

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UPORTO SABER EM MOVIMENTO

O que também pretendemos saber, acrescenta Alexandre Quintanilha, “é de que forma estes instrumentos podem ajudar em questões de segurança relacionada com possíveis formas de terrorismo. Há problemas graves de segurança que se prendem com a introdução de micro-organismos nos sistemas públicos e este mecanismo vai ajudar a fazer o rastreio”. As epidemias de cólera, continua Mário Barbosa (“que até agora não foram intencionais, mas podem vir a ser” – interrompe Alexandre Quintanilha), foram resolvidas na Europa através da identifi cação das fontes de contaminação. Foi um mapeamento da doença que permitiu saber qual era o ponto de abastecimento responsável pela contaminação. Se um dia alguém, intencionalmente ou por acidente, contaminar os cursos de água há que dispor de técnicas que rapidamente permitam identifi car os focos”.

Economia de recursos e ganho de produtividadeProcurando um modelo de saúde baseado no diagnóstico precoce (prevenindo mecanismos degenerativos), na capacidade de reparar alguns desses processos degenerativos, no tratamento específi co caso a caso, retarda-se o processo de envelhecimento e encurta-se o tempo que o utente carece de cuidados intensivos, com ganhos imediatos para o sistema de saúde. Os mecanismos relacionados com esta medicina “muito molecular”, nomeadamente a área não invasiva de diagnóstico do INEB, são muito dispendiosos, mas, como acrescenta o director do IBMC, “a utilidade pública do que estamos a fazer, ou o dinheiro que estamos a gastar serve, não só para prevenir mecanismos de doenças graves, como para melhorar a qualidade de vida das pessoas”. Os custos são outra preocupação presente quando se coloca a questão da compra de equipamento pesado e extremamente oneroso. Mais uma vez, a permanência dos três institutos no mesmo edifício seria fundamental para evitar a duplicação de investimento e de equipamento. De resto, os três organismos dispõem já de um programa graduado em conjunto (nas áreas da Biologia Básica e Aplicada – O GABBA), têm o mesmo Gabinete de Apoio e Gestão de Candidaturas e o mesmo gabinete de apoio jurídico.

O equivalente ao MIT na área das Ciências da VidaAs interacções com grupos nacionais e internacionais (centros e institutos de investigação e de saúde pública) já existem, mas vão ser potenciadas: IPATIMUP e IBMC (cujo rol de protocolos de colaboração abrange instituições científi cas e universitárias da Europa, Brasil, Cuba, Chile, EUA, Canadá, Tunísia, China, Japão e PALOP) vão desenvolver grupos conjuntos internacionais com o INSERM (Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale, Bordéus, França), com quem o INEB tem fortes ligações (para além de outras colaborações com cientistas na Austrália, na China, Japão e América do Sul); já existe em Sevilha um grupo de trabalho na área da diferenciação celular formado por um investigador do IBMC e que trabalha com outros grupos, nomeadamente do IPATIMUP e recentemente INEB e IBMC co-assinaram um protocolo do MIT (Massachusetts Institute of Technology) – Portugal, na componente da Bioengenharia. Em breve será assinado um acordo equivalente ao MIT, mas na área das Ciências da Vida. Será com a Universidade da Califórnia, em Berkeley, onde Alexandre Quintanilha já foi director do Centro de Estudos Ambientais e desenvolveu uma intensa actividade de investigação. O que estão a tentar fazer, “de baixo para cima”, como fazem questão de sublinhar, pretende ser uma estrutura capaz de atrair jovens investigadores, instituições internacionais, e de se auto-regenerar (daí a importância da avaliação externa), no fundo, de ser um organismo saudável. Como diz Mário Barbosa, “temos de aprender com os sinais da biologia”.

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INSTITUTO DE PATOLOGIA E IMUNOLOGIA MOLECULAR DA

UNIVERSIDADE DO PORTO (IPATIMUP) ***

Director: Sobrinho Simões (Prémio Pessoa 2002)

Principais objectivos:– Investigação em várias áreas das ciências da saúde e de outras áreas relacionadas com a saúde com ênfase em Oncobiologia;– Formação e treino de alunos pós graduados, especialistas e técnicos nacionais e estrangeiros;– Educação contínua e difusão científi ca;– Diagnóstico com recurso a técnicas sofi sticadas em diferentes áreas cobertas pelo Instituto – Patologia, Oncologia e Genética Populacional

INSTITUTO DE BIOLOGIA MOLECULAR E CELULAR (IBMC) ***

Director: Alexandre Quintanilha

Principais objectivos: – Investigação nas áreas da Genética Humana e Doenças Genéticas; Biologia da Infecção e Imunologia, Biologia Estrutural e Molecular, Neurobiologia Básica e Clínica e Mecanismos Adaptativos Celulares;– Formação pós-graduada, particularmente a nível de doutoramento e de cursos avançados;– Participação em projectos conjuntos com a indústria nas áreas do Diagnóstico e da Prevenção– Colaborações com o Estado na defi nição de políticas científi cas e tecnológicas– Prestação de Serviços à Comunidade.

INSTITUTO DE ENGENHARIA BIOMÉDICA (INEB) ***

Director: Mário Barbosa

Principais objectivos:– Investigação nas áreas dos Biomateriais; Sinal e Imagem Biomédica; doenças genéticas e infecciosas, neurociências e a reparação e regeneração de tecidos. – Fazer de interface entre o meio académico e empresarial e os sectores da Saúde, nas áreas da Engenharia Biomédica.

* Trata-se de uma das agências do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do governo dos EUA e compreende 27 institutos e centros que se dedicam à pesquisa de formas de detectar, prevenir e diagnosticar doenças desde a gripe comum, até ao mais raro problema genético.

** Distúrbio de metabolismo de ferro caracterizado pela deposição excessiva deste elemento no tecido de um órgão (principalmente fígado e pâncreas). Pode ter origem numa anomalia genética.

*** Em 2000 foi atribuído ao IPATIMUP e ao IBMC/ INEB o estatuto de Laboratórios Associados. Os dois últimos partilham instalações.

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UPORTO SABER EM MOVIMENTO

A luciférase, como enzima, promove um conjunto de reacções, cujo resultado mais conhecido com aplicação prática mais óbvia é a emissão de luz. O fenómeno decorre naturalmente, por exemplo, nos fotócitos do pirilampo, células especializadas na emissão de luz. Uma equipa que trabalha no Centro de Investigação em Química (CIQ-UP) na Faculdade de Ciências tem vindo a esclarecer (ou a fazer luz sobre) aspectos até agora desconhecidos de um conjunto de reacções associado ao fenómeno.

A produção natural de luz pelos seres vivos, uma capacidade inata no pirilampo e em vários outros seres vivos, nomeadamente seres das grandes profundezas marítimas, designada bioluminescência, é um mistério que tem despertado a curiosidade dos homens. Um daqueles fascínios da natureza, resultado da complexa e demoradíssima evolução dos seres vivos. Fenómenos inatos e que decorrem sem esforço na natureza, mas exigem esforço e grande dispêndio de energia ao homem.A bioluminescência resulta de uma reacção química, ou melhor, de um conjunto de reacções. Há muito que se conhecia o início e o fi m da reacção, mas muito pouco sobre os seus mecanismos e sobre o que se passa entre os dois extremos. Mas um grupo que tem trabalhado no Centro de Investigação em Química (CIQ-UP) no Departamento de Química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto tem contribuído para fazer mais alguma luz sobre este conjunto de reacções ainda pouco conhecidos. Sabia-se que o fenómeno que ocorre nos fotócitos do pirilampo, células especializadas em reacções de emissão de luz, através da oxidação (reacção com o oxigénio) da luciferina, substância que funciona como combustível, promovida pela enzima luciférase, resulta em oxiluciferina e na emissão de luz. Na realidade, a luciférase liga-se à luciferina e ao ATP (adenosina trifosfato, molécula acumuladora de energia nos seres vivos) para constituírem o substrato da reacção. Surpreendentemente, a reacção é efi caz em cerca de 80 por cento, ou seja, quase toda a energia empregue resulta em luz e muito pouca é desperdiçada em calor. O inverso do que acontece habitualmente nas lâmpadas.

Faz-se luz sobre uma reacção química

Aplicações práticasO efeito da luciférase do pirilampo em determinados substratos, provocando luz, é há muito conhecida. A enzima é usada em química forense, por exemplo para detectar restos de matéria orgânica (sangue, entre outros tipos) em superfícies. A luciférase é aplicada nas superfícies, levando à emissão de luz, na presença de ATP e outra substância orgânica que serve de substrato – indicando, portanto, a presença de fl uidos corporais. É também usada na investigação genética, como “gene repórter”, ou seja, é introduzido na célula o gene produtor de luciférase, através da emissão de luz, acompanha-se a passagem desse gene (da luciférase por ele produzida) para outras células, conhecendo o curso de um processo reprodutivo.

O trabalho começou em Janeiro de 2001, através da colaboração entre Rui Fontes, licenciado em Medicina na U.Porto e doutorado na síntese enzímica de mono e dinucleosídeos polifosfatados na Universidade Autónoma de Madrid, e o coordenador do laboratório de investigação em fotoquímica do CIQ-UP, Joaquim Esteves da Silva. Ambos tinham interesse em estudar os produtos das reacções catalisadas pela luciférase de pirilampo e os seus efeitos nessas reacções e, como tal, estabeleceu-se um protocolo entre o Serviço de Bioquímica da Faculdade de Medicina e o Departamento de Química da Faculdade de Ciências. O primeiro projecto terminou em Dezembro de 2004. Em Setembro de 2002, Hugo Fraga começou a desenvolver, como bolseiro, a tese de doutoramento “Mecanismos enzímicos das reacções catalisadas pela luciférase de pirilampos” no âmbito, portanto, deste trabalho. Actualmente, está em Harvard a desenvolver um pós-doutoramento.

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DA ESQUERDA PARA A DIREITA, EM CIMA: JOAQUIM ESTEVES DA SILVA E RUI FONTES; EM BAIXO: DANIELA MAIA, DIOGO FERNANDES E INÊS ROLLA

Corria o mês de Julho de 2004, quando, através de uma candidatura ao projecto Ciência Viva, Diogo Fernandes, 17 anos e aluno no 11º ano de escolaridade na Escola Secundária de Gondomar, começou a colaborar com a equipa que estudava as reacções catalizadas pela luciférase do pirilampo. A integração no trabalho da equipa correu tão bem e Diogo demonstrou tais dotes para a actividade de investigação que no fi nal desse mesmo ano continuava a colaborar com a equipa e era o primeiro autor de uma comunicação apresentada no XIV Congresso Nacional de Bioquímica. Ainda hoje, apesar das afazeres habituais de um estudante do 2º ano da licenciatura em Física da Faculdade de Ciências, faz parte da equipa. Entretanto, no âmbito do projecto Ciência Viva, colaboram mais duas estudantes do ensino secundário.Em 2005, também no contexto do projecto Ciência Viva, entraram ainda na equipa Inês Rolla, actualmente no 1º ano da licenciatura em Medicina no Instituto de Ciências Biomédicas, e Inês Gonçalves, este ano aluno do 1º ano de Medicina na Faculdade de Medicina.

Avanços na ciênciaAs pesquisas realizadas implicaram a síntese em laboratório de vários compostos que são produtos (parciais ou fi nal) de reacção para melhor quantifi car e conhecer os mecanismos. Num primeiro passo, procurou-se explicar o mecanismo de reacção da enzima luciférase que funciona como promotor de várias reacções da cadeia estudada. A equipa conseguiu sintetizar e identifi car em laboratório o produto de reacção fi nal, a oxiluciferina, um feito muito relevante nas pesquisas. Pelo meio, produz-se luciferil-adenilato. Um outro contributo importante foi, no processo de oxidação (reacção com o oxigénio) deste composto intermédio que dá origem a desidroluciferil-adenilato, a descoberta de uma outra substância desconhecida até então nesta cadeia de reacções: a água oxigenada (H2O2). A equipa conseguiu identifi car e quantifi car a formação deste composto no decurso desta reacção escura (sem emissão de luz).

Um quarto aspecto a salientar no trabalho efectuado até agora, prende-se com a explicação da peculiar inibição precoce da reacção bioluminescente, que explica, por exemplo, o efeito fl ash da bioluminescência in vitro. Identifi cou-se uma substância intermediária, o desidroluciferil-adenilato, como um dos compostos responsáveis deste efeito, mas, posteriormente, descobriu-se que também a oxiluciferina tem um papel inibidor da bioluminescência. Trabalhos desenvolvidos por outras equipas na década de 50, postos de lado na década seguinte, colocavam a hipótese do efeito inibidor da oxiluciferina. Na época, as difi culdades para obter uma substância pura em laboratório também não terão permitido ir mais longe. Posteriormente, o trabalho experimental apenas apontava para o efeito inibidor da oxiluciferina. Eis que, fi nalmente, a equipa dos investigadores Esteves da Silva e Rui Fontes tem vindo a tornar mais claro o papel dos vários compostos envolvidos nestas reacções catalizadas pela luciférase do pirilampo.

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Destaque

UPORTO SABER EM MOVIMENTO

Entretanto, o projecto “Efeito da oxiluciferina e do desidroluciferil-adenilato na luciférase do pirilampo”, assinado por Diogo Fernandes, Daniela Maia, Hugo Fraga, Rui Fontes e Joaquim Esteves da Silva, venceu o concurso Investigação Científi ca na Pré-Graduação que decorreu entre o anterior e o actual anos lectivos. Trata-se de um concurso direccionado para a promoção da investigação entre alunos de licenciatura da Universidade do Porto, patrocinado pela Caixa Geral de Depósitos (que fi nancia o desenvolvimento dos projectos). À mais recente edição do concurso, a segunda, concorreram 109 projectos desenvolvidos durante o ano lectivo passado. O prémio, no valor de 12.500 euros, foi atribuído pela Fundação Ilídio Pinho. O prémio, segundo o coordenador Joaquim Esteves da Silva, poderá permitir a continuação da formação de novos investigadores, no âmbito do trabalho sobre luciférase do pirilampo.

Existem ainda dúvidas sobre a natureza do emissor de luz, causa das variações no comprimento de onda da luz emitida quando variam as condições de ensaio, efi cácia da reacção bioluminescente e o papel dos intermediários quirais (muito semelhantes, mas não idênticos no desenho da sua estrutura). O esclarecimento destas dúvidas, assim como a proposta de novas metodologias bioanalíticas para aplicações em bioquímica e em biologia molecular, são as tarefas de um projecto de investigação que se encontra submetido para fi nanciamento.

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UPORTO PERFIL

“Era uma vez uma menina cujo coração batia mais rápido que o das outras pessoas”. A frase surgiu a propósito de um trabalho de gravura e serigrafi a do curso de pintura da FBAUP. A frase pedia uma gravura. E a gravura, outra frase:“Isso incomodava toda a gente... Por causa do barulho…O coração batia tão alto! Ela tentava explicar: ‘É um coração de pássaro... Eu estou no corpo errado!...’‘Que é que ela disse?... É tolinha... não deve durar muito…’Então, ela fugia...Ela só queria desaparecer… deixar-se levar pelo vento...”Três anos e milhares de desenhos depois, esta história conta-se em pouco mais de sete minutos. Ficou pronta em 2005 e não pára de arrecadar troféus entre os quais: o Grande Prémio do Festival Internacional de Cinema de Animação d’Annecy 2006, em França (considerado o “Cannes” do cinema de animação), e o principal prémio do Festival Internacional de Curtas-Metragens de Barcelona, o Mecal Dosmilseis. Falávamos precisamente disto, quando Regina Pessoa se lembrou de vasculhar na mochila uma carta acabada de chegar do Embaixador de Portugal em Berlim, com (mais) uma boa notícia: venceu também o Prémio de Melhor Animação da Competição Internacional do XXII Festival Internacional de Curtas-Metragens de Berlim. “História Trágica com Final Feliz” é uma co-produção internacional entre a Ciclope Filmes (Portugal), a Folimage (um dos estúdios mais relevantes do panorama da animação francesa) e o National Film Board (no Canadá, onde a banda sonora foi realizada por Normand Roger, um dos nomes mais conceituados mundialmente na criação de bandas sonoras para fi lmes de animação). O reconhecimento internacional já lhe rendeu mais de trinta prémios.

De onde surgiu “A Historia Trágica com Final Feliz”?Da curta-metragem anterior, “A Noite”. Na altura estava a estudar na FBAUP e durante os trabalhos da escola surgiu a primeira frase do fi lme: “Era uma vez uma menina cujo coração batia mais rápido que o das outras pessoas”. Surgiu e eu gostei. Fiz um trabalho a partir dessa frase. Depois escrevi outra. Fiz outro trabalho. No fi nal do ano tinha uma série de trabalhos. Quando acabei “A noite”, as pessoas chamaram-me a atenção para a outra história. Peguei nela e a adaptação surgiu muito naturalmente.

O universo das pequenas sensações

“Há pessoas que são diferentes. Tudo o que desejam é serem iguais aos outros. Misturarem-se deliciosamente na multidão. Há quem passe o resto da sua vida lutando para conseguir isso, negando ou tentando abafar essa diferença. Outros assumem-na e dessa forma elevam-se, conseguindo assim um lugar junto dos outros… no coração.”RETIRADO DE “HISTÓRIA TRÁGICA COM FINAL FELIZ”

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e quatro cá. Em França, abordaram as partes de argumento, produção e desenho e cá a parte de volumes (marionetas, plasticina, etc.). Esse estágio correu muito bem. Dele fi zeram parte jovens que sabiam pouco de animação e que depois vieram a fazer trabalhos como o Pedro Serrazina, o José Miguel Ribeiro, e outros franceses. Uma das etapas do estágio era a criação do argumento. Eu vinha da parte da pintura, não sabia propriamente escrever estórias.

Como é que ultrapassou essa lacuna?Não sabia por que ponta lhe havia de pegar. Escrevi uma coisa que não tinha “pés nem cabeça” e a resposta do professor foi: ‘não é por aqui…’ Fiquei mais perdida ainda e foi aí que o Abi me disse uma coisa fantástica: ‘Pensa em alguma coisa que seja forte para ti, à qual te sintas ligada. Se for realmente importante para ti vais-te dedicar a isso. Depois, quer queiras quer não, as outras pessoas vão sentir isso no resultado fi nal’. Então pensei numa sensação: o medo do escuro. E a solidão. Sentia-me sozinha. Perdida mesmo.

Os fi lmes de animação estão em constante renovação, é deste género que vêm as propostas mais criativas quer a nível técnico quer de ideias. A escolha da técnica é determinante para exprimir a mensagem ou a ideia da história? No caso de “A Noite”, por exemplo, as gravuras em placa de gesso ajudam a dar toda aquela dimensão à noite, ao ambiente de solidão, dos medos infantis, das vidas solitárias que não comunicam entre si... Como foi a escolha da técnica?Foi por acaso (risos). Fiz um story-board (sequência de cenas cinematográfi cas que formam um roteiro desenhado em quadros) e calhou que todo o meu material de desenho tivesse fi cado na escola. Em casa só tinha um lápis, comecei a desenhar e gostei da cor (carmim queimado da noite). No dia seguinte continuei a desenhar com o mesmo lápis e no fi nal tinha um conjunto de imagens que fazia lembrar os desenhos de um realizador polaco de animação que é o Piotr Dumala, mas precisava de encontrar uma técnica que respeitasse aquele conjunto. Pensámos fazer o fi lme todo em desenho, pintado com este lápis, mas como não havia computadores acabamos por experimentar o gesso. Ao fi m de uma semana consegui um resultado interessante cobrindo o gesso branco com uma tinta escura. A gravura explorava melhor estes ambientes de luz e sombra, e acabou por conjugar–se bem com a história que eu queria contar.

E o que tem de pessoal?Tem a ver com a infância. Nasci em Coimbra (em 1969) e vivi numa aldeia perto de Cantanhede até aos 17 anos. Como não tínhamos televisão, que é, por si, uma janela para a imaginação, líamos muito. Havia uma biblioteca itinerante da Gulbenkian que passava pela aldeia e isso ajudava a criar imagens na minha cabeça.

E desenhava nas paredes da casa…O meu tio incentivava-me a desenhar nas portas e paredes da casa da minha avó com o carvão da fogueira. Sempre gostei de desenhar.

Mais tarde decide vir para o Porto. Porquê Porto e porquê a Faculdade de Belas Artes?Isso foi em 1987. Na aldeia onde eu vivia, a escola mais próxima era em Cantanhede e não tinha Artes. Eu queria estudar Artes e como a minha irmã já tinha vindo para o Porto estudar, eu também vim. Foi bom. A adaptação às aulas e à escola foi fácil. Finalmente tinha encontrado o meu meio. A adaptação ao resto foi mais complicada. As pessoas eram diferentes. Vim trabalhar e estudar. Tinha de trabalhar para sobreviver e essa parte foi difícil.

É aí que vai trabalhar para o Filmógrafo (Estúdio de Cinema de Animação do Porto, criado por Abi Feijó, que entretanto fechou)…Comecei a trabalhar em animação por acaso. Em 1992, quando acabei o 2º ano de Belas Artes, precisava de emprego para ajudar a pagar os estudos. Conhecia pessoas que trabalhavam no Filmógrafo, que viram os meus desenhos, e me disseram que os deveria mostrar ao Abi (Feijó). Estavam a começar um fi lme novo, “Os Salteadores”, e iam precisar de pessoas que soubessem desenhar (em Portugal nem se pensa que se precisa de animadores, porque não há). Fui, o Abi gostou, e deu-me logo um personagem para animar (o policia “do bigodinho”). Trabalhar no Filmógrafo deixou de ser só um emprego para pagar os estudos.

Para além do fi lme que referiu (“Os Salteadores”) participou na animação e design gráfi co do “Fado Lusitano”, na animação do “Clandestino”, ambos de Abi Feijó, e em 1999 realiza “A Noite”, em gravuras sobre placas de gesso. Como é que se aventura na realização da sua primeira curta-metragem?Quando acabámos “Os Salteadores”, o Abi organizou um estágio de formação em parceria com um estúdio francês (o Lazennec Bretagne). Programaram um estágio intensivo de nove meses, oito horas por dia, todos os dias. Foram cinco meses em França

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UPORTO PERFIL

edifícios (sendo que a cada um corresponde um departamento do estúdio). O auditório e a biblioteca funcionam na “casa mãe”. Depois fomos aos Estúdios de Animação Pixar. É um campus, em Emeryville, na Califórnia. Um parque com edifícios que inclui outro auditório magnífi co, piscina e ginásio para os 700 funcionários. O edifício principal foi concebido de forma a que os ateliers fi cassem virados para uma praça central. O objectivo, explicaram, é que as pessoas não estejam o dia todo enfi adas no escritório. Distribuem trotinetes para as pessoas andarem (risos). Em Los Angeles fomos à Disney e à Sony Pictures (antiga MGM – Metro-Goldwyn-Mayer) e em Nova York ao Lincoln Center e aos Estúdios Blue Sky (que fi zeram “A Idade do Gelo”). Apresentaram-se como sendo “um estúdio pequenino: só temos 300 empregados” (risos). Em Montreal tive reuniões sobre o novo projecto e participei num workshop do ecrã de alfi netes (uma técnica inventada por Alexeieff -Parker – um mito da animação).

Esse novo projecto vai chamar-se “Kali, o pequeno vampiro”?“Kali”, só.

Não vai ser a história de um vampiro?Ainda não sei. Vai ser o terceiro episódio de uma trilogia. Ainda está no início, mas vai fazer um conjunto com “A Noite”, e a “História Trágica com Final Feliz”, tirando partido do ambiente dos dois anteriores, do medo e da diferença, e de como pode funcionar a nosso favor, em vez de ser uma desvantagem. O universo das minhas estórias começou por ser uma limitação minha. Era mais fácil falar de coisas que eu conhecia, daquelas pequenas sensações. Não sou uma boa criadora de estórias de completa fi cção. Se falar do que sei, é-me mais fácil ser credível. Gosto de trabalhar as coisas simples do quotidiano. Que são aparentemente banais. E o futuro pós-Kali?Gostava de continuar a fazer animação, mas é muito periclitante.

Que retorno pode ter uma curta-metragem em termos fi nanceiros?Não tem retorno. Quando um produtor faz uma curta-metragem de animação de autor sabe que não vai cobrir o investimento que fez.

Quer “A Noite”, quer a “História Trágica com Final Feliz” alimentam universos muito densos em termos emocionais. O fascínio está em percorrer os caminhos da imaginação, provocar o imaginário que a imagem potencia, ou o prazer de explorar técnicas para exprimir uma ideia?Ambos. Plasticamente tem de me dar prazer. Tem de ser um desafi o, o jogo entre o controlar e não controlar, mas a história tem de me cativar. Um trabalho de animação pode demorar três anos, de forma que a história tem de ser sufi cientemente interessante para a pessoa se poder aguentar sem desanimar.

Três anos foi quanto demorou a fazer “A História Trágica com Final Feliz”. É o facto de ser um processo artesanal e, por isso, lento que faz com que os preços disparem?É. Cada desenho é uma gravurazinha. Eu fazia o desenho, tirava uma fotocópia do desenho num papel (tipo cartaz) e com um pincel cobria-o com tinta-da-china. Depois raspava com um x-acto. Fiz assim os desenhos dos personagens e do cenário. Como desta vez tive a ajuda do computador os desenhos eram digitalizados num scanner (dos personagens e do cenário) e depois compostos no computador.

A “História Trágica com Final Feliz” foi uma co-produção internacional entre Portugal, França e Canadá, ou seja, teve o apoio fi nanceiro dos três países e acabou de fazer um circuito promocional que passou por França, Estados Unidos e Canadá… Como correu?Muito bem. Foi uma viagem muito intensa, de três semanas, patrocinada pelo Canadá. Em França tivemos uma reunião com a academia dos César (Académie des Arts et Technicques du Cinema). No Dia Mundial da Animação (28 de Outubro) o fi lme foi premiado pela SACD – Sociedade Francesa de Autores, em Paris, que dedicou uma sessão especial a mim e ao Abi, que também já tinha recebido um prémio pelo fi lme “Os Salteadores”. Nos Estados-Unidos fomos a Portland, onde tínhamos uma sessão com a ASIFA – Association International du Film D’Animation, depois São Francisco (é uma cidade muito bonita, com partes que fazem lembrar Lisboa). O objectivo era apresentar o fi lme nos estúdios por onde íamos passando. Começámos pela Electronic Arts (a maior editora independente do mundo de videogames). Depois fomos ao George Lucas Skywalker Ranch (um ultra-reservado empreendimento industrial da Califórnia). Enorme. Espantoso. Com veados, vacas e vários

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Raramente passa nos circuitos comerciais…Raramente.

O público não está sensibilizado para esta forma de arte?Está quando se mostra, mas não existe uma distribuição de curtas de autor.

Então, como se sobrevive?Fazendo uma grande disciplina dos meios de que se dispõe e aprendendo a viver com o pouco que se tem. Sendo extremamente frugal. Depois é preciso ter muita vontade e acreditar que aquilo que se está a fazer vale a pena ser dito e mostrado. Estou a fazer algo que gosto, motiva-me poder desenhar e contar estórias, mas também ninguém faz um fi lme sozinho… Fazer parte desse grupo de pessoas e estar envolvido num projecto no qual se acredita é muito gratifi cante. Eu não sabia se o fi lme ia funcionar ou não, mas quando o vi realmente pronto, quando vi a imagem com o som …

Com a voz da Manuela Azevedo (dos Clã)…Sim, a versão portuguesa, quando vi, tive um bom choque. Tudo fez sentido. Todo o percurso, as chatices, o visual a preto-e-branco, aquele som…

E quando o liberta para o olhar dos outros?Nunca se liberta completamente. Com “A Noite” estava muito nervosa, mas quando mostrei “A História Trágica com Final Feliz”, a primeira vez foi aqui na Casa (da Animação), estava um pouco nervosa, é certo, mas a boa surpresa que tive deu-me algum conforto interior. Aquilo que disse às pessoas foi: ‘Espero que gostem, mas isso não me afecta. Estou contente com o resultado. Gosto do fi lme. E isso dá-me alguma paz”.

“For its unique graphic style and because we all loved it”… Foi a frase com a qual um membro do júri, Paul Driessen, anunciou que a Regina tinha vencido o Grande Prémio do Festival Internacional de Cinema de Animação d’Annecy, em França…Gostei muito dessa justifi cação (risos).

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UPORTO IDENTIDADES

Neste ano do centenário não têm faltado iniciativas que evocam a personalidade invulgar e a obra polifacetada de Rómulo de Carvalho. A Biblioteca Nacional – onde está depositado o Espólio daquele professor e poeta, inspirado divulgador da cultura científi ca, investigador da História da Ciência, das Instituições e do Ensino em Portugal – inaugurou há cerca de um mês a Exposição denominada “António é o meu nome”. Esta iniciativa avulta entre muitas outras, diversas e salutarmente repartidas por universidades e escolas secundárias, academias e fundações, sociedades e museus, editores e revistas, meios de comunicação social.Um facto desconhecido de muitos é que Rómulo de Carvalho foi aluno da Universidade do Porto, de 1928 a 1931. A Revista dos Antigos Alunos não podia deixar de assinalar o centenário daquele que, na sua juventude, decide trocar o curso de engenharia militar, que frequentava na Universidade de Lisboa, por outro, vocacionado para o ensino: Ciências Físico-Químicas, leccionado na Faculdade de Ciências do Porto. Volvidos 5 anos sobre a sua licenciatura Rómulo não aceitaria o convite para regressar ao Porto, como assistente de Física.No entanto, sabemos que guardou boas recordações dos anos aqui vividos, onde encontrou tempo para frequentar aulas e laboratórios, para cultivar outros saberes, colaborar no “Porto Académico”, escrever prosa e poesia, alguma ainda inédita. A razão para não aceitar aquele convite, bem como vários outros, foi sempre a mesma, a decidida vocação para despertar a curiosidade e o interesse dos jovens, como os que foram seus alunos durante quase 40 anos nos Liceus Camões, D. João III e Pedro Nunes; nas suas palavras “Soube-me bem ensinar. Era essa a minha vocação, ou seja, etimologicamente, a minha voz interior”. Por natural extensão, Rómulo de Carvalho seria também um inesquecível metodólogo.O belo catálogo da exposição organizada, em 2001, pelo Museu de Ciência da Universidade de Lisboa, “Pedra Filosofal – Rómulo de Carvalho / António Gedeão” incluiu testemunhos vários que atestam eloquentemente as invulgares qualidades do professor e das suas exposições claras e elegantes, do hábil experimentador, do homem culto e de serena autoridade natural.Rómulo cedo se interessou pela divulgação científi ca, escrevendo, na década de quarenta, dois pequenos livros para a “Biblioteca Cosmos”, notável iniciativa de Bento de Jesus Caraça. É ainda nos anos passados em Coimbra (1950-57) que lança a colecção “Ciência para Gente Nova”, à qual se seguiria “A Física para o Povo” (1968) e, mais tarde, os 18 “Cadernos de Iniciação

Rómulo de Carvalho/ António Gedeão1906-1997

Científi ca”. Se a tudo isto acrescentarmos a colaboração assídua em revistas de índole didáctica, como “Gazeta de Física” e “Palestra” (mais de 50 artigos), e os livros escolares (mais de 20) teremos um conjunto que já seria notável como obra de uma vida.Só que Rómulo tinha mais uma “vida”, paralela, em que, desde a juventude, ia acumulando poemas, num curioso processo que nos deu a conhecer: “Só escrevo os escolhidos. E mesmo assim nem sempre. Muitos me esquecem porque os poemas nascem-me quase sempre em público, na rua, no cinema, nas aulas, e nem tenho oportunidade de os escrever. Depois passam-me. Tenho de exigir de mim mesmo o escrevê-los porque senão fi co sem eles”. Rómulo tem já 50 anos quando vem a lume, sob o pseudónimo António Gedeão, o primeiro livro de poemas, “Movimento Perpétuo”. O pseudónimo perdurou, mesmo depois de desfeito o segredo da identidade do poeta: António Gedeão iria assinando, espaçadamente, outros livros, “Teatro do Mundo” (1958), “Máquina de Fogo” (1961), “Linhas de Força” (1967), “Poemas Póstumos” (1983), “Novos Poemas Póstumos” (1990). Lá se encontram poemas que foram premiados, traduzidos, declamados e cantados, vezes sem conta: Pedra Filosofal, Calçada de Carriche, Lágrima de Preta, Poema para Galileu, Poema do Futuro, etc., etc.Pessoas com competências que não tenho pensam (e eu, humildemente, também) que poemas de António Gedeão continuarão a fi gurar nas Antologias da Língua Portuguesa para além do século que agora vivemos.Rómulo de Carvalho tornar-se-ia ainda, na segunda metade do séc. XX, um dos mais destacados investigadores da actividade científi ca no Portugal de setecentos. Sem dúvida que, nos escritos de divulgação, Rómulo não deixava de assinalar efemérides de grandes fi guras da Ciência: Leibniz, Descartes, Oersted, Leonardo, Pascal, Dalton, etc., etc.. E, de igual modo, não esquecia alguns portugueses, como o químico portuense A. J. Ferreira da Silva (1853-1923), focando, no ano do seu centenário, o prestígio internacional e a probidade intelectual do mestre.Mas agora, nesse início da década de cinquenta, o trabalho de investigação histórica adquire outra magnitude e profundidade. Residindo então em Coimbra, Rómulo passa a dedicar muito do seu tempo “livre” a estudar, um a um, os instrumentos de Física do sec. XVIII – a Colecção Pombalina – buscando nos Arquivos da Universidade respostas à sua curiosidade ou dúvidas. O produto desse labor de muitos anos, a monumental “História do Gabinete de Física da Universidade de Coimbra, desde a sua

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Fundação (1772) até ao jubileu do Professor Italiano Giovanni Antonio Dalla Bella (1790)” só surgiria em 1978, volvidos mais de 20 anos sobre o regresso a Lisboa do seu autor! Mas não seria preciso esperar tanto para ver alguns resultados.Uma boa parte da Colecção Pombalina fora simplesmente transferida do Colégio dos Nobres para a Universidade de Coimbra, por ordem do Marquês de Pombal; esse facto faz com que Rómulo venha a publicar (1959) a notável “História da Fundação do Colégio Real dos Nobres de Lisboa”.Fora defendido que Dalla Bella precedera Coulomb na descoberta da lei das acções magnéticas; Rómulo repete as experiências supostamente realizadas pelo italiano e conclui (1954) que tal pretensão não tinha fundamento.Suspeitava-se que boa parte da colecção teria vindo de Itália; o trabalho “Joaquim José dos Reis construtor de máquinas de Física do Museu Pombalino da Universidade de Coimbra” (1958) veio provar que, afi nal, existiu localmente uma assinalável competência, técnica e artística.São apenas exemplos de uma obra realmente vasta, mas paradigmáticos da argúcia e rigor nas pesquisas em bibliotecas e arquivos nacionais, e no recurso a fontes estrangeiras quando necessário e possível.Tendo concedido a Rómulo de Carvalho o grau de doutor honoris causa a Universidade de Évora tomou a decisão, igualmente feliz, de editar duas volumosas colectâneas (cerca de 2500 páginas!), uma com comunicações à Academia das Ciências sobre actividades científi cas em Portugal no sec. XVIII, a outra com alguns outros estudos históricos (1953-1994).Rómulo recebeu, ao longo dos anos, outras distinções, homenagens e condecorações, sem que isso o afectasse visivelmente. Recordo uma entrevista a Rómulo de Carvalho / António Gedeão num canal de televisão, por altura dos seus 90 anos. Citando exemplos da obra publicada – os livros e os poemas, a divulgação científi ca e a investigação do nosso sec. XVIII, a história do ensino e das instituições – o entrevistador perguntava como fora possível tudo aquilo? Com o seu ar sereno e modesto, Rómulo respondeu, muito simplesmente: “Aproveitando bem o tempo consegue-se fazer muita coisa”. Sem dúvida; Rómulo de Carvalho é disso um bom, um excelente exemplo!

José Moreira de Araújo

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Estórias da Universidade

Há cerca de cinquenta anos, o ponto de encontro de todos os estudantes de Farmácia do Porto era o Diu, situado na rua da Boavista, quase no cruzamento com a rua de Aníbal Cunha, precisamente onde fi cava a Faculdade. Era um café-pastelaria-salão-de-chá com algum bom gosto, de dimensões médias, com vários empregados fardados de calça preta, camisa branca e lacinho. O dono era um licenciado em letras que não exercia, forte, simpaticão, com aparente sentido de comércio. A mulher vinha quase diariamente tomar chá num pequeno recanto circundado de sofás, ao fundo do recinto, acompanhada de algumas amigas bem vestidas e de meia-idade. Variadas personalidades faziam parte da clientela do Diu como, por exemplo, o escritor e poeta Pedro Homem de Melo, indivíduo de aspecto austero, etnólogo notável especializado em danças e cantares populares da região minhota em torno de Viana de Castelo, como as chulas, os malhões, os viras, eu sei lá que mais, que ele apresentava na RTP com profusão de pormenores descritivos dos trajes, dos adereços, das letras das músicas, etc… Puxava da sua caneta dourada (?) de tinta permanente e escrevia, com gestos largos, grandes letras que enchiam uma página A4 em meia dúzia de linhas, enquanto saboreava com gosto o seu cafezinho e dava umas grandes baforadas do seu cigarro com boquilha adaptada... Ao fi m de uma hora, metia as folhas escritas numa capa porta-livros de cor castanha, recebia do funcionário, sempre o mesmo, uma vénia acentuada, e despedia-se dele com um sintético até amanhã em voz cava e com ar superior, muito direito...Professores do Liceu de D. Manuel II, (hoje Rodrigues de Freitas, ali mesmo ao pé da Igreja de Cedofeita), da Faculdade de Engenharia (na próxima Rua dos Bragas) e da Faculdade de Farmácia, como os Profs. Vale Serrano, Correia da Silva, Correia Alves, Nogueira Prista, Carvalho Guerra, etc. e os médicos do Hospital Maria Pia, todos eram fregueses continuados ou ocasionais do Diu e enchiam de orgulho o seu proprietário.

O Diu

Mas o grosso dos clientes era efectivamente de estudantes, principalmente de Farmácia onde até alguns, como eu, quase faziam dele a sua sala de estudo. Frequentemente havia, na zona do chá desocupada das senhoras, à noite, grandes discussões sobre futebol, aulas, fi lmes, etc… Certa vez, em complemento de um fi lme policial, o Leal de Matos defendeu, contra todos, que o crime perfeito era perfeitamente possível, utilizando o criminoso utilizaria eventualmente uma cultura de bactérias altamente patogénicas que descuidadamente vertia num qualquer alimento ocasional... coisas do arco da velha que agora recordo com saudade.E quem não se lembra do Flávio Serzedelo, o eterno Dux Veteranorum?Recordo o Sousa e o Moita, colegas e amigos inseparáveis, (inconfundíveis como já o haviam sido nos anos de Coimbra) e o Ruizinho, negro pequenino que tinha vindo de Angola subsidiado pelo Ministério da Educação e que dormitava em pé encostado à parede, por detrás de outros colegas, nas aulas práticas do Prof. Vale Serrano; mais tarde seria feita uma colecta para ultrapassar as suas difi culdades económicas e ele depois, constou, desapareceu a caminho da Checoslováquia, um dos países protectores dos movimentos independentistas africanos…E lembro ainda as colegas que ali tomavam a bica, e algumas até namoriscavam…Ao Diu vinha também um estudante de Medicina – o Horácio-, autêntico viveiro de anedotas, de fabrico próprio. Algumas vezes, depois do jantar e do café no Diu, íamos em grupo para a Baixa dizendo piadas ou fazendo brincadeiras inofensivas, passando pela rua de Cedofeita, por Carlos Alberto, rua dos Clérigos, tasquinha da cidra (já não recordo o nome) e Avenida dos Aliados, onde apareciam os ardinas que traziam da estação de S. Bento os jornais da tarde de Lisboa. Por volta da meia-noite, ainda o ardina apregoava:-A Capital! A Capital!...E o Horácio respondia, aparentemente muito sério: -Deixa cá ver, pá, que estou à rasca!No fi m do ano lectivo de 57-58 o dono do Diu ofereceu simpaticamente aos fi nalistas de Farmácia um beberete de despedida e estes corresponderam com uma placa em granito polido com versos de circunstância que ele mandou fi xar no cantinho, mesmo por cima do sofá das madamas. O mesmo aconteceu no meu ano de ano de 59, no de 1960, e nos seguintes, no que viria a tornar-se uma tradição.

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Em Junho de 1999 houve uma reunião de curso no Porto e eu não podia deixar de ir ao Diu. Ainda existiria? Parei à porta, olhei para dentro e o que vi pareceu-me tão estranho, que não resisti a perguntar a um empregado que se aproximou: -Aqui é o Diu? Não parece...O homem olhou, incrédulo, para mim e disse muito seguro: -Claro que é o Diu! Trabalho aqui há vinte anos!E eu, muito depressa, todo inchado, vitorioso: -Mas eu vinha para cá, há quarenta!

Há meses fui ao Porto e não podia deixar de visitar o Diu, de tantas memórias.Entrei. Não descortinei o cantinho dos sofás, nem as madamas de outrora, nem o consagrado etnólogo Pedro Homem de Melo. No lugar da sua mesa, em ar de desafi o, a fi gura em tamanho natural de um pirata com perna de pau e o respectivo gancho a fazer de mão direita, olhava fi xamente para mim com o olho disponível, o outro tapado pela venda negra da ordem, abrigando-se da luz fl uorescente com o tradicional tricórnio de caveira e fémures cruzados… Os funcionários trajavam agora de camisa vermelha e calça preta, tal como o novo proprietário.Mas nem tudo estava perdido. As tradicionais placas comemorativas dos fi nalistas tinham sido transferidas para uma parede próxima da porta de entrada. Sentados às mesas, vários estudantes de Farmácia, como dantes…Regressei a Lisboa com uma certa nostalgia.

Há dias, uma neta que estuda na Universidade do Porto, telefonou-me muito excitada:-Avô, costumo ir ao Diu, um café simpático da rua da Boavista, perto da igreja de Cedofeita, muito frequentado por estudantes universitários de várias faculdades, especialmente de Farmácia, e há dias reparei que numa parede estavam várias placas de fi nalistas... Parece-me que uma delas é a do teu curso…Quase dei um salto da cadeira. Passadas três gerações, o Diu continua a ser um incontornável ponto de encontro.

[email protected]

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UPORTO CRÓNICA

TEXTO DE ILUSTRAÇÃO DE

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UPORTO A SABER

Intellect et Imagination dans la Philosophie Médiévale/ Intellect and Imagination in Medieval Philosophy/ Intelecto e Imaginação na Filosofi a MedievalM.C. Pacheco – J.F. Meirinhos (eds.)

Organizado pelo Gabinete de Filosofi a Medieval (GFM) da Universidade do Porto, decorreu na FLUP de 26 a 30 de Agosto de 2002 o XIº Congresso quinquenal da Société Internationale pour l’Étude de la Philosophie Médiévale, intitulado Intelecto e imaginação na Filosofi a Medieval. As 242 comunicações programadas evidenciaram a riqueza fi losófi ca dos dois conceitos e quanto foi a Idade Média a formular e teorizar os problemas sobre a mente, o conhecimento e a acção que a fi losofi a contemporânea continua a discutir. As Actas agora publicadas, incluem uma selecção de 157 estudos, em seis línguas, por autores de 26 países, entre os quais estão os mais proeminentes especialistas mundiais, constituem um rico ponto da situação da investigação científi ca sobre a fi losofi a da mente na Idade Média e podem fornecer elementos para discutir alguns dos impasses em que a fi losofi a da mente continua a ser fértil. Confi rmando a sua importância e actualidade, as Actas foram acolhidas numa das mais reconhecidas colecções de fi losofi a medieval, publicada pela Brepols, casa editorial belga. Devido à dimensão das Actas, o volume IV, contendo comunicações não relacionadas com o tema do Congresso, foi publicado no Porto, na revista do GFM.

preço: Vol. I-III: Brepols Publishers, Turnhout 2006, XLIV+2008 pp. 130 eurosVol. IV: Mediaevalia. Textos e estudos, 23 (2004) XLIV+480 pp. 30 euros

Descobrir o UniversoTeresa Lago

A Astronomia apaixona as pessoas. Saber-se parte integrante de um Universo de tal dimensão, partilhar a mesma composição química que o cosmos, ser feito de elementos sintetizados no Universo primitivo, ou no interior de uma estrela e posteriormente ejectados para o espaço a velocidades impensáveis, emociona-nos. Tal como é emocionante compreender a importância deste planeta frágil, perdido num vastíssimo e inóspito meio (interestelar e intergalático) quase vazio. Mas, ao mesmo tempo, deslumbra-nos sermos capazes de ir montando, peça a peça, um puzzle de tal complexidade e vermos que ele faz sentido. Um puzzle cuja dimensão e imagem global desconhecemos, mas que vamos antevendo, passo a passo. Neste livro, coordenado por Teresa Lago, investigadora e professora catedrática da Faculdade de Ciências da U.Porto e ex-directora do Centro de Astrofísica, um conjunto de cientistas desta unidade de investigação escrevem sobre o Universo e o prazer da descoberta na Astronomia, dos planetas do Sistema Solar à vida das estrelas e das galáxias aos «confi ns» do Universo, numa linguagem acessível, cativante e informativa.

edição: Gradivapreço de capa: 16 euros preço online: 14,4 euros

Estudos de Direito FiscalTeses Seleccionadas do I Curso de Pós-graduação em Direito FiscalGlória Teixeira (coord.)

O Centro de Investigação Jurídico-Económica (CIJE) da Faculdade de Direito da U.Porto publica, sob a coordenação de Glória Teixeira, docente da Faculdade de Direito, Coordenadora do I e do II Cursos de Pós-graduação e investigadora do CIJE, quatro teses seleccionadas do I Curso de Pós-graduação em Direito Fiscal.Os trabalhos publicados são: “Responsabilidade dos Corpos Sociais e Responsáveis Técnicos, análise do artigo 24.º da Lei Geral Tributária”, de Joana Patrícia de Oliveira Santos; “A Evasão Fiscal e o Crime de Fraude Fiscal no Sistema Legal Português”, de Francisco Vaz Antunes; “A Tributação do Factoring, uma Abordagem Crítica numa Perspectiva Nacional e Internacional”, de Duarte Abrunhosa e Sousa e, fi nalmente, “Reforma da Tributação do Património, o Novo Regime de Avaliaçõeso da Propriedade Urbana”, por Luís Rodrigues Antunes.A edição é apresentada por uma breve nota de abertura de Glória Teixeira.É de louvar aqui esta iniciativa do CIJE que assim dá a conhecer estes estudos, seleccionados entre muitos outros que podem ser consultados em www.direito.up.pt (I&D, Centro de Investigação Júridico-Económica) naquela que será, provavelmente, a primeira oportunidade de publicação destes alunos de pós-graduação em Direito Fiscal.

edição: Edições Almedina

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Multinationals, Clusters and InnovationDoes Public Policy Matter?Ana Teresa Tavares, Aurora Teixeira, (eds.)

A questão da relevância das políticas nacionais na atracção de investimento directo estrangeiro percorre este importante conjunto de estudos que analisa as actividades de multinacionais estrangeiras, bem como o seu impacto, especifi camente o seu contributo para a inovação, desenvolvimento de aglomerações industriais e estabelecimento de ligações (materiais e intangíveis) com o tecido local. O volume examina a efi ciência e adequação destas políticas e propõe políticas concretas para fomentar o impacto positivo deste tipo de empresas. Apresentando um amplo painel de experiências, a obra abarca vários países e sectores, oferecendo uma recolha de casos concretos, que é tanto mais útil quanto hoje, em Portugal, o desenvolvimento do tecido empresarial e a inovação se encontra sob o olhar atento do governo, instituições de ensino superior e investigação, empresas e sociedade civil, tendo em conta a importância que assume como via de desenvolvimento económico do país.As editoras, Ana Teresa Tavares e Aurora Teixeira, são docentes da Faculdade de Economia da U.Porto, do Grupo de Economia, a primeira, da Secção Economia Industrial, Internacional e de Recursos Naturais, a segunda, da Secção de Macroeconomia e Economia Monetária e Financeira, Investigadoras do Centro de Estudos Macroeconómicos e Previsão, receberam este ano o Prémio: Foreign Direct Investiment, atribuído pela Agência Portuguesa de Investimento e pela Universidade de Coimbra. Ana Teresa Tavares é Pró-Reitora para o Planeamento Estratégico e Relações e Participações Empresariais da U.Porto,

edição: Palgrave Macmillan

Museus, Discursos e RepresentaçõesAlice Semedo e J. Teixeira Lopes (coord.)

Entre a questão levantada por Alice Semedo, um dos coordenadores desta edição, docente do Departamento de Ciências e Técnicas do Património, na Introdução, sobre a forma como hoje se pensam, apresentam e comunicam os museus, e a nota conclusiva de João Miguel Teixeira Lopes, o outro coordenador, docente do Departamento de Sociologia, em que se dá ênfase ao seu papel de mediação “articulando dimensões locais, nacionais e globais, passado, presente e futuro, real e virtual”, passa pelo fi o desta obra a necessidade de reenquadrar o espaço-museu, como um espaço plural, ligado às práticas que nele se inscrevem, à experimentação e à inovação, uma vez que a necessidade de cativar cada vez mais a atenção dos públicos nele está contemporaneamente inscrita.O livro recolhe importantes testemunhos de responsáveis institucionais, historiadores de arte, professores universitários e outros profi ssionais que se dedicam a pensar os museus como locais de produção cultural, incluindo nesta função um conjunto de práticas e discursos que trabalham a sua visibilidade. A obra é apresentada por Manuel Bairrão Oleiro, director do Instituto Português dos Museus e recolhe as intervenções do colóquio com o mesmo nome, organizado pelo Dep. de Ciências e Técnicas do Património e pelo Instituto de Sociologia da Faculdade de Letras da U.Porto, contando com a participação de: Scott Lash, Carla Padró, Raquel Henriques da Silva, Ulrich Loock, Elisabeth Halla, Fernando Magalhães, Joaquim Pais de Brito, Nuno Grande e Helena Barranha, para além dos autores já referidos.

edição: Edições Afrontamento

A Sé do Porto no Século XXMaria Leonor Botelho

Esta obra, que corresponde à publicação de uma dissertação de mestrado em Arte, Património e Reatauro, defendida na Faculdade de Letras de Lisboa, consiste na primeira monografi a dedicada integralmente à Sé (catedral) do Porto, ex-libris da cidade do Porto e núcleo do seu centro histórico. A Sé, começou a ser construída na primeira metade do sec. XII e acolheu em 1377 os convidados para o casamento real de D. João I e D. Filipa de Lencastre. Depois de algumas intervenções, Nicolau Nasoni viria a alterar a sua fachada lateral, em 1736, acrescentando-lhe uma galilé barroca.Este estudo, trata especifi camente das transformações decorrentes das intervenções de conservação e restauro de que este monumento foi objecto, realizadas segundo a responsabilidade da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, e centrando-se, nomeadamente no período que decorre entre 1929 (ano em que a Direcção foi criada) e 1982, ano em que foi criado o Instituto Português do Património Cultural (IPPC), instituição a que a Sé do Porto passou a estar afecta.A autora, licenciada em História pela Faculdade de Letras da U.Porto, está actualmente a preparar o seu doutoramento sob a orientação de Lúcia Rosas (docente do Departamento de Ciências e Técnicas do Património, secção de Historia de Arte, da Faculdade de Letras). Lúcia Rosas à apresentação pública desta obra, por ocasião do seu lançamento no passado mês de Outubro.

edição: Livros Horizonte

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UPORTO TOME NOTA

48 | 18 E 19 DE DEZEMBRO DE 2006III WORKSHOP ELEARNINGSalão Nobre da Reitoria da U.PortoDurante dois dias este workshop proporciona a apresentação a toda a comunidade académica dos resultados do projecto de e-Learning 2005/ 2006, nomeadamente através da análise de casos de estudo. Presentes estarão também os docentes que se candidataram à edição do Prémio de Excelência e-Learning de 2006.As inscrições estão ainda abertas a todos os interessados, mediante inscrição prévia em http:/ / elearning.up.pt. As inscrições serão aceites por ordem de recepção e limitadas à disponibilidade de lugares da sala.MAIS INFORMAÇÕES: http:/ / elearning.up.pt.

20 DE DEZEMBRO DE 2006E 10 DE JANEIRO DE 2007ANNUAL CYCLE OF CONFERENCES OF THE THEORETICAL AND COMPUTATIONAL CHEMISTRY GROUPDepartamento de Química, Sala A420 DE DEZEMBRO DE 2006: 12H00 ›13H00“Drug design: how to prevent the cytotoxic effects promoted by ABAD – a beta interaction”Alexandra Marques10 DE JANEIRO DE 2007: 12H00 ›13H00“SEEB predictive capability of 88 trypsin inhibitors”Alexandre CarvalhoMAIS INFORMAÇÕES: Dep. de QuímicaRua Campo Alegre 687 T. 22 608 2955 + F. 22 608 2959 + dq.sec fc.up.pt

16 DE JANEIRO DE 2007“EXCLUSÃO OU EXCLUSÕES” Auditório da Faculdade de Psicologia e Ciências da EducaçãoÚltima conferência do ciclo de Conferências dedicado ao tema “Exclusão ou exclusões”, organizado pelo Centro de Recursos Paulo Freire (Instituto Paulo Freire de Portugal) e pela FPCE-UP | CIIE – Centro de Investigação e Intervenção Educativas16 DE JANEIRO DE 2007: 17H30“A Raiz dos Problemas” João Miguel Teixeira Lopes (Faculdade de Letras da U.Porto) CUSTO: Sócios IPFP, Alunos e Docentes FPCEUP: 3 EurosOutros: 6 EurosINFORMAÇÕES: www.ipfp.pt + [email protected]

ATÉ 7 DE JANEIRO DE 2007 “O MUNDO À MINHA PROCURA – RUBEN A. 30 ANOS DEPOIS”Casa do Jardim Botânico do Porto, Rua do Campo AlegreCom esta exposição, organizada a partir de uma parceria entre a Universidade do Porto e a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, assinala-se a passagem de trinta anos sobre a morte de Ruben Andresen Leitão, conhecido literariamente como Ruben A. Romancista e ensaísta irreverente, Ruben A. (1920-1975) é um nome maior da literatura moderna portuguesa. Jorge Pais de Sousa, docente da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, é o comissário do evento.Em foco estará a sua obra singular, entre o plano historiográfi co e o da fi cção literária: os visitantes poderão revisitar facetas da sua obra e aproximar-se da sua prática de escrita, através das obras em exposição, fotografi as e outros objectos pessoais do autor (incluindo a máquina de escrever), num espaço que esteve ligado ao autor, já que foi ali, na então Quinta do Campo Alegre, que Ruben A. passou parte da infância, na companhia da avó e da prima, Sophia de Mello Breyner Andresen. A exposição pode ser visitada de segunda a domingo, das 10 às 17 horas.

ATÉ JANEIRO DE 2007AUGUSTO NOBRE 1865/ 1946 – PARA A HISTÓRIA DA ZOOLOGIA EM PORTUGAL”Reitoria da U.Porto, Praça Gomes TeixeiraA U.Porto tem vindo a realizar um conjunto de homenagens a fi guras de grande relevo para a academia e para a cidade. Depois de Abel Salazar, Marques da Silva e Magalhães Basto, a Universidade homenageia Augusto Nobre, um dos homens que acompanha a viragem da Academia Politécnica para a Universidade, pioneiro do estudo da Biologia Marinha em Portugal. A exposição, concebida a partir do espólio do Museu de História Natural da Faculdade de Ciências da U.Porto, é comissariada por Jorge Eiras, professor da Faculdade de Ciências e presidente do departamento de Zoologia/ AntropologiaA visita à exposição permite tomar contacto com escritos originais de Augusto Nobre e um relevante conjunto de exemplares das colecções de animais marinhos e conchas recolhidos pelo zoólogo.A mostra estará patente até Janeiro de 2007.

28 DE FEVEREIRO DE 2007CINECITTÀ – 1º CICLO DE CINEMA E URBANISMO DA SECÇÃO DE PLANEAMENTO DO TERRITÓRIO E AMBIENTE (DEC)Faculdade de Engenharia da U.Porto, Sala B=32. Entrada livreCiclo que decorre de Novembro de 2006 a Maio de 2007, da responsabilidade da secção de Planeamento do Território e Ambiente, organizado por Ricardo Cardoso, Frederico Moura e Sá, Vítor Oliveira e Sara Santos, em colaboração com o comissariado cultural da Faculdade de Engenharia. Os fi lmes seleccionados expõem várias problemáticas da contemporaneidade urbana e estimulam o desenvolvimento de novos olhares críticos sobre as cidades do futuro.23 DE FEVEREIRO DE 2007: 14H30“Crash”, Paul Haggis, EUA/ Alemanha, 200413 DE MARÇO DE 2007: 17H30 “Mononoke-Hyme”, Hayao Myazaki, Japão, 199728 DE MARÇO DE 2007: 14H30 “Metropolis”, Fritz Lang, Alemanha, 1927MAIS INFORMAÇÕES:T. 22 508 1903 + [email protected]