programas de gerenciamento de riscos

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psicologia do trabalho livro

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  • Programas de Gerenciamento de Riscos

    Jos Glaucenir Silva Santos

  • Jouberto Ucha de MendonaReitor

    Amlia Maria Cerqueira Ucha Vice-Reitora

    Jouberto Ucha de Mendona JniorSuperintendente Geral

    Ihanmarck Damasceno dos SantosSuperintendente Acadmico

    Eduardo Peixoto RochaDiretor de Graduao

    Jane Luci Ornelas FreireGerente de Educao a Distncia

    Ana Maria Plech de BritoCoordenadora Pedaggica de Projetos Unit EAD

    Lucas Cerqueira do ValeCoordenador de Tecnologias Educacionais

    Equipe de Produo de Contedos Miditicos:

    AssessorRodrigo Sangiovanni Lima CorretoresAncjo Santana ResendeFabiana dos Santos

    DiagramadoresAndira Maltas dos Santos Claudivan da Silva SantanaEdilberto Marcelino da Gama Neto Edivan Santos Guimares

    IlustradoresGeov da Silva Borges JuniorMatheus Oliveira dos Santos Shirley Jacy Santos Gomes

    WebdesignersFbio de Rezende CardosoJos Airton de Oliveira Rocha JniorMarina Santana MenezesPedro Antonio Dantas P. Nou

    Equipe de Elaborao de Contedos Miditicos: SupervisorAlexandre Meneses Chagas

    Assessoras PedaggicasKalyne Andrade Ribeiro Lvia Lima Lessa

    Redao:Ncleo de Educao a Distncia - NeadAv. Murilo Dantas, 300 - FarolndiaPrdio da Reitoria - Sala 40CEP: 49.032-490 - Aracaju / SETel.: (79) 3218-2186E-mail: [email protected]: www.ead.unit.br

    Impresso:Grfica GutembergTelefone: (79) 3218-2154E-mail: [email protected]: www.unit.br

    Banco de Imagens:Shutterstock Copyright Sociedade de Educao Tiradentes

    S237p Santos, Jos Glaucenir Silva. Programa de gerenciamento de riscos. /

    Jos Glaucenir Silva Santos . Aracaju : UNIT, 2011.

    160 p.: il.

    Inclui bibliografia

    1. Riscos ambientais 2. Segurana do tra-balho.

    3.Gerenciamento ambientais. I. Universidade Ti-radentes Educao Distncia II. Titulo.

    CDU : 658.3:331.45/.46

  • Prezado(a) estudante, A modernidade anda cada vez mais atrelada ao tempo,

    e a educao no pode ficar para trs. Prova disso so as nossas disciplinas on-line, que possibilitam a voc estudar com o maior conforto e comodidade possvel, sem perder a qualidade do contedo.

    Por meio do nosso programa de disciplinas on-line

    voc pode ter acesso ao conhecimento de forma rpida, prtica e eficiente, como deve ser a sua forma de comunicao e interao com o mundo na modernidade. Fruns on-line, chats, podcasts, livespace, vdeos, MSN, tudo vlido para o seu aprendizado.

    Mesmo com tantas opes, a Universidade Tiradentes

    optou por criar a coleo de livros Srie Bibliogrfica Unit como mais uma opo de acesso ao conhecimento. Escrita por nossos professores, a obra contm todo o contedo da disciplina que voc est cursando na modalidade EAD e representa, sobretudo, a nossa preocupao em garantir o seu acesso ao conhecimento, onde quer que voc esteja.

    Desejo a voc bom aprendizado e muito sucesso!

    Professor Jouberto Ucha de Mendona

    Reitor da Universidade Tiradentes

    Apresentao

  • Sumrio

    Parte 01: Histrico dos Mtodos e Processos de Trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    Tema 01: Histrico dos Mtodos e Processos de Trabalho . . . . . . . . 13

    1.1 Estudo dos mtodos e processos de trabalho . . . . . . . . . . 14

    1.2 Conceito e classificao dos riscos ambientais . . . . . . . . 23

    1.3 Norma Regulamentadora N 9 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .31

    1.4 Inventrio de Riscos Ambientais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

    Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47

    Tema 02: Estudos de Mapeamentos de Riscos e Gerenciamento de

    Programas de Riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .49

    2.1 Inspees de segurana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

    2.2 Anlise e controle de riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

    2.3 Tcnicas de anlises de riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

    2.4 Investigao de acidentes de trabalho . . . . . . . . . . . . . . . 76

    Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

    Parte 02: Estudos Mapeamento de Riscos e Gerenciamento Ambientais e Programas de Riscos . . . . . . . . . . . . . . . 89

    Tema 03: Mapeamento de Riscos Ambientais e Programas de

    Gerenciamento de Riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .89

    3.1 Mapas de riscos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90

    3.2 Como gerenciar programas de sade e segurana do

    trabalho . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99

    3.3 Estrutura do PPRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 108

    3.4 Desenvolvimento do PPRA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115

    Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .123

    Tema 04: Atividades Insalubres e Periculosas . . . . . . . . . . . . . . . . 125

    4.1 Insalubridade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .126

    4.2 Periculosidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .135

    4.3 Laudos tcnicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141

    4.4 Perfil Profissiogrfico Previdencirio PPP . . . . . . . . . . 150

    Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158

    Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 159

  • Concepo da Disciplina

    Ementa

    Histrico dos mtodos e processos de tra-balho: Estudo dos mtodos e processos de traba-lho; Conceito e classificao dos riscos ambientais; Norma Regulamentadora N 9; Inventrio de Riscos Ambientais. Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos: Inspeo de segurana; Anlise e controle de riscos; Tcni-cas de anlises de riscos; Investigao de aciden-tes de trabalho. Mapeamento de riscos ambientais e Programas de gerenciamento de riscos: Mapas de riscos; Como gerenciar programas de sade e segurana do trabalho; Estrutura do PPRA; Desen-volvimento do PPRA. Atividades insalubres e pe-riculosas: Insalubridade; Periculosidade; Laudos tcnicos; Perfil Profissiogrfico Previdencirio-PPP.

    Objetivos:

    Geral

    Compreender a importncia das Tcnicas de Controle de Riscos Ambientais e a implantao de programas para o gerenciamento dos riscos presen-tes no ambiete laboral seja no aspecto profissional ou pessoal, com vistas identificao das medidas de proteo individual e higiene e segurana do trabalho como direitos trabalhistas do cidado.

  • Especficos

    Entender os principais conceitos da legis-lao do trabalho e os mtodos e proces-sos de trabalho, bem como, sua evoluo histrica.

    Proporcionar conhecimentos tcnicos e instrumentais sobre o controle dos riscos

    Ambientais, aplicando programas de ge-renciamento e riscos como preconiza as normas regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego.

    Desenvolver o pensar crtico visando a aplicao de forma contextualizada das normas regulamentadores que regem os programas de gerenciamento de riscos.

    Compreender a dinmica dos acidentes de trabalho e suas anlises.

    Orientao para Estudo

    A disciplina prope orient-lo em seus proce-dimentos de estudo e na produo de trabalhos cientficos, possibilitando que voc desenvolva em seus trabalhos e pesquisas o rigor metodo-lgico e o esprito crtico necessrios ao estudo.

    Tendo em vista que a experincia de estudar a distncia algo novo, importante que voc observe algumas orientaes:

    Cuide do seu tempo de estudo! Defina um horrio regular para acessar todo o contedo

  • da sua disciplina disponvel neste material impresso e no Ambiente Virtual de Aprendi-zagem (AVA). Organize-se de tal forma para que voc possa dedicar tempo suficiente para leitura e reflexo.

    Esforce-se para alcanar os objetivos propostos na disciplina.

    Utilize-se dos recursos tcnicos e humanos que esto ao seu dispor para buscar escla-recimentos e para aprofundar as suas re-flexes. Estamos nos referindo ao contato permanente com o professor e com os co-legas a partir dos fruns, chats e encon-tros presenciais, alm dos recursos disponveis no Ambiente Virtual de Aprendizagem AVA.

    Para que sua trajetria no curso ocorra de forma tranquila, voc deve realizar as atividades propostas e estar sempre em contato com o profes-sor, alm de acessar o AVA.

    Para se estudar num curso a distncia deve-se ter a clareza que a rea da Educao a Distncia pauta-se na autonomia, responsabilidade, coope-rao e colaborao por parte dos envolvidos, o que requer uma nova postura do aluno e uma nova forma de concepo de educao.

    Por isso, voc contar com o apoio das equipes pedaggica e tcnica envolvidas na operacionaliza-o do curso, alm dos recursos tecnolgicos que contribuiro na mediao entre voc e o professor.

  • Parte 1

    HISTRICO DOS MTODOS E PROCESSOS DE TRABALHO

  • 1 Histrico dos Mtodos e Processos de TrabalhoNeste tema, estaremos introduzindo conceitos fundamentais a

    que vocs, caros alunos, compreendam de forma clara os principais conceitos dos mtodos e processos de trabalho e estudo da norma regulamentadora nmero 09, conceito e a classificao de riscos ambientais, inspees de segurana, tcnicas de anlise de riscos e investigao de acidentes de trabalho. Todo esse aprendizado estar, sobretudo, agregando conhecimentos fundamentais a fim de que haja plena compreenso da dinmica do ambiente de trabalho e as vari-veis que podero sofrer intervenes tcnicas em busca das melho-rias contnuas dos mtodos e processos no controle do ambiente de trabalho.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos14

    1.1 Estudo dos mtodos e processos de trabalho

    O trabalho , sem dvida nenhuma, a base de sustentao e desenvolvimento de qualquer ci-vilizao independente de cultura, lugar ou tem-po. O trabalho gera riquezas e promove a incluso social de uma nao e define o quanto ela rica ou pobre. Desde os primrdios da histria o ho-mem aprendeu a produzir seus bens de consumo, a construir suas armas de caa, construir abrigos e dominar a natureza. Ao passo que a populao se multiplicou, houve um aumento das necessidades de produzir mais alimentos, mais abrigos e organi-zar colnias, construo de cidades, enfim, a gran-de necessidade de organizao social, poltica e econmica. A busca pela melhoria trouxe a reboque a necessidade de organizao do trabalho de modo a torn-lo mais eficiente e produtivo com a finalida-de de garantir seu sustento e sobrevivncia. Essas e outras necessidades geraram desafios tecnolgicos e o homem, a partir de suas limitaes, aprendeu a buscar na natureza todos os recursos necessrios para perpetuao de sua espcie, aprendendo a dominar e ser perspicaz ao ponto de criar, desco-brir, inventar e reinventar. A esse processo chame-mos de criatividade.

    O fato de ser dotado de inteligncia e ca-pacidade de vencer desafios trouxe ao longo dos sculos as descobertas e inventos extraordinrios. A descoberta do fogo e o seu domnio geraram mais poder sobre a natureza, proporcionando-lhe prote-o e conforto em meio s mais variadas condies climtica, ora quente, ora frio. Aprendeu usar o fogo para cozimento de sua caa, iluminar a noite, aque-c-la e defender-se das feras selvagens. Gradualmen-te vieram outras conquistas, como a inveno da roda, a escrita e a fabricao de objetos cortantes a

  • 15Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    partir da pedra. Mais tarde, veio o domnio dos me-tais. Nesta fase se destacam os artesos com suas habilidades e criatividades forjando ferramentas de caa e armas de guerra, passando da idade da pe-dra para a idade dos metais. Agora, arar a terra tornou-se um trabalho auxiliado por ferramentas, como arados que utilizava a trao da fora dos animais.

    Observe, caro aluno, enquanto conversamos nesta viagem ao longo da histria descobrimos que gradualmente descrevemos a evoluo humana e vimos que simples invenes significaram gigan-tescos passos para a humanidade como a inven-o da roda e a descoberta do fogo. Hoje muito difcil encontrar uma atividade ou trabalho sem a presena da roda ou do fogo. As rodas estavam presentes nos carros de bois de outrora e hoje nas modernas mquinas e motores, no avio, nas em-barcaes, em engrenagens de locomotivas e fbri-cas. Na medida em que houve avano no domnio das tcnicas no uso dos instrumentos de trabalho e na descoberta de novos recursos tecnolgicos sur-giu tambm a necessidade de que o trabalho fosse cada vez mais organizado. A necessidade de orga-nizao traz a reboque novas profisses e a neces-sidade das especializaes, principalmente com o advento da Revoluo Industrial que foi marcada por transformaes significativas dos meios de pro-duo e trouxe novas relaes de trabalho. O que antes era artesanal passou a ser feito com auxlio de mquinas.

    Veja s, tudo isso s seria possvel com a organizao do trabalho que passo a passo foi instrumento delineador da diviso dos povos em classes sociais, com isso trazendo modificaes e transformaes nas relaes de trabalho. A base de todas estas transformaes est fundamentada no

  • Programas de Gerenciamento de Riscos16

    trabalho e no domnio da fora de trabalho. Aque-les que tinham o poder sobre a mo de obra deti-nha tambm o poder poltico e econmico, o capi-tal. Aos poucos o trabalho escravo foi dando lugar troca do trabalho pela renda e assim tem sido at os nossos dias.

    Mas veja s, nada disso seria possvel sem o trabalho, ou melhor, sem a organizao do trabalho. Com a evoluo das relaes sociais, e consequen-tes conquistas dos direitos humanos, principalmen-te aps a Revoluo Industrial, com o advento da mquina o homem passou a lutar por melhorias na qualidade de vida. Estas conquistas trouxeram a reboque uma necessidade bem maior de organi-zar o trabalho de modo a sustentar as conquistas e fortalecer as classes trabalhadoras. Os objetivos das lutas por melhores condies de trabalho ti-veram sempre a tendncia de reduzir os conflitos entre as classes dominantes e classes dominadas. Essas conquistas tiveram mais expresso nas civi-lizaes mais organizadas social e culturalmente, como o caso dos pases que deram os primeiros passos na Revoluo Industrial, que teve incio na Inglaterra em meados do sculo XVIII. As mudanas do trabalho artesanal para o trabalho mecanizado trouxeram conflitos que se arrastaram por sculos. Entre esses esto a jornada de trabalho, remune-rao salarial e melhoria das condies de sade e segurana dos trabalhadores.

    A partir da Revoluo Industrial ento, surgi-ram novas profisses e necessidade de trabalhos especializados e tecnologias que pudessem favo-recer o aumento da produo e consequente ac-mulo do capital. O aumento do capital trouxe o aumento e acmulo de riquezas.

  • 17Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    Caro aluno, exatamente a que entra a necessidade de organizar o trabalho. A partir de estudos de mtodos e processos que pudessem trazer aumento da produo, economia de tempo e reduo de custos com o desperdcio da matria prima. neste perodo que surgem os primeiros estudos relacionados organizao do trabalho de um modo racional e cientfico sob a tica da cincia e a partir de estudos e teorias.

    Vejamos um pouco da histria para entender-mos melhor como tudo comeou:

    Nesse contexto, o nome mais importante de um pioneiro do estudo dos mtodos e processos, Frank Bunker Gilbreth (1868 - 1924), ele foi um dos precursores da teoria do Taylorismo e tambm pio-neiro nos estudos dos movimentos relacionados ao tempo. Ele trabalhava numa empresa de construo civil e iniciou seus estudos analisando as tarefas dos trabalhadores em sua empresa, observou que, cada pedreiro tinha o seu prprio mtodo de as-sentar tijolos na elevao de alvenaria de blocos e que o mesmo no utilizava o mesmo mtodo. Mas sempre que assentava tijolos alterava os seus mo-vimentos, executando de vrias formas o mesmo servio e observou que quando o pedreiro traba-lhava mais rpido fazia movimentos diferentes de quando trabalhava devagar. Outra observao foi a que quando ele ensinava o servio a um ajudante utilizava outro processo de trabalho.

    A partir dessas observaes, Frank Bunker Gilbreth passou a fazer alguns questionamentos como: primeiro, qual dos procedimentos utilizados pelo pedreiro seria o melhor? E, segundo, qual a melhor maneira de realizar suas tarefas?

    Pois bem, querido aluno, os seus questiona-mentos resultaram em trabalhos e estudos que o conduziram a elaborar alguns mtodos melhorados

  • Programas de Gerenciamento de Riscos18

    e isso lhe trouxe grande entusiasmo ao ponto de montar um Laboratrio de Estudos e Pesquisas so-bre o tema. Os seus estudos receberam o nome de Estudos de Movimentos, a partir desses estudos, Frank Bunker Gilbreth e sua esposa, Lillian Moller Gilbreth (1878-1972), desenvolveram toda estrutura e embasamento terico dos Estudos de Mtodos.

    O principal ponto desta teoria consiste na reduo para o menor nmero possvel de movi-mentos desnecessrios na execuo de uma tare-fa. Este estudo uma metodologia para aprimorar as operaes a partir das anlises de tempos e movimentos, com o objetivo de reduzir custos. Possui vrias aplicaes prticas em relao mo de obra. Uma delas retirar os movimentos desne-cessrios do processo produtivo, se possvel utili-zando as duas mos e os dois ps, alternando tra-balho sentado e em p. Em relao aos materiais, consiste em racionar o transporte eliminando trans-portes intermedirios desnecessrios ao processo.

    Observe que tudo parte do princpio de que cada operao deve ser estudada detalhadamen-te de modo a racionalizar e uniformizar mquinas, movimentos humanos e padronizar equipamentos, implantando melhorias em todo sistema produtivo.

    Os trabalhos sobre esse tema foram notavel-mente ampliados e sistematizados cientificamente pelo engenheiro mecnico Frederick Taylor (1856-1915), que lhe deram o ttulo de pai dos mtodos de organizao cientfica. Ele conseguiu elaborar tcnicas de descrio prvia dos procedimentos a serem operacionalizados, dividindo as etapas de execuo e o tempo padro para cada passo das atividades. A sua teoria recebe a denominao de Taylorismo ou modelo da administrao cientfica cujo objeto principal era assegurar o melhor custo/benefcio nos sistemas de produo. Fredrick Taylor

  • 19Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    desenvolveu suas teorias em busca de elevar a pro-dutividade do trabalhador no menor tempo poss-vel sem com isso onerar os custos da produo. Taylor observou que os sistemas produtivos de ento eram precrios e apresentavam muitas fa-lhas. Entre as principais falhas esto: a ausncia de padronizao dos mtodos de trabalho, pouco conhecimento entre aqueles que administravam a mo de obra e a critrios de remunerao dos tra-balhadores. Esses foram os pontos principais para que seus estudos ganhassem fora no meio cient-fico. No ano de 1903, houve a publicao do livro Administrao de Oficinas no qual explicitou em primeira mo as suas teses. A proposta fundamen-tava-se na racionalizao do trabalho a partir do estudo dos tempos e movimentos. Para tanto, a tarefa deveria ser decomposta, analisada e testada de modo cientfico e a partir de ento seria definida um padro metodolgico para todos os trabalhado-res com a definio dos novos mtodos de trabalho e as novas ferramentas. A escolha dos trabalha-dores seria baseada nas aptides e desempenho para realizar as algumas tarefas especficas. Tem-se a partir da uma diviso do trabalho. Os grupos que apresentassem melhor desempenho e mais habili-dades seriam devidamente capacitados nos novos mtodos e processos com o objetivo de executar as tarefas no menor tempo possvel. Nesse nterim Taylor introduziu uma nova forma de remunerao dos trabalhadores: a nova forma era calculada de acordo com a produo atingida. A intenso era in-centivar o operrio a produzir cada vez mais.

    No ano de 1911, Frederick Taylor publica o seu segundo trabalho, o livro Principles of Scientific Ma-nagement (Princpios de Administrao Cientfica), no trabalho publicado Taylor acrescenta a sua teoria, os quatro princpios essenciais que fundamentam a administrao cientfica passaremos a seguir:

  • Programas de Gerenciamento de Riscos20

    1 Planejamento: caracteriza-se pela subs-tituio de mtodos meramente empri-cos por mtodos cientficos, retirando do processo produtivo qualquer indcio de improviso e a opinio individual do tra-balhador. A tarefa deveria seguir os mo-vimentos e mtodos padronizados para sua racionalizao.

    2 Capacitao dos trabalhadores: consis-te em escolher os operrios com base no desempenho e aptides e somente a partir da, trein-los para a execuo dos novos mtodos, sempre em busca do aumento da produtividade, previamente definida.

    3 Controle: esse princpio consiste em con-trolar a realizao dos trabalhos para atestar se a tarefa est de fato sendo realizada de acordo com o padro e as metas estabelecidas.

    4 Execuo: esse princpio caracteriza-se pela distribuio das atribuies e as res-ponsabilidades entre os trabalhadores de modo a que haja maior disciplina poss-vel no processo.

    A teoria da administrao cientfica proposta por Taylor de fato desencadeou uma grande revo-luo no sistema de produo da poca e sofreu melhorias na medida em que se punha em prtica. Podemos afirmar que seguramente foi uma grande contribuio ao sistema produtivo. As teses de Taylor sofreram muitas crticas seguiu avanando e sendo cada vez mais incorporada aos sistemas produtivos.

  • 21Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    As crticas a administrao cientfica - AC que se destacaram foram:

    Na administrao cientfica onde, segundo os crticos, o homem passou a ser mais um mquina somada ao sistema, sem poder de tomar deciso;

    A padronizao era vista com nfase no aumento de trabalho e no na sua racio-nalizao;

    Nesse perodo destacamos como um crtico de peso o ator e diretor britnico Charles Chaplin (1889-1977), no filme Tempos Modernos de 1936, o diretor apresenta de um modo criativo as suas crticas ao novo sistema produtivo apesentando as personagens como mquinas dentro dos galpes das fbricas com nfase na produo em pouco espao de tempo, como prega a teoria da Adminis-trao Cientfica, de Frederick Taylor.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR

    SILVA, Angela Maria Bissoli da; ROSNGELA, Salvador Biral dos. As Influencias e contribuies dos estudos de Taylor nas Organizaes Contemporneas.

    Disponvel em: Acessado em: 20/10/11.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos22

    No artigo, as autoras discorrem sobre o importante papel e contribuio das teorias de Taylor nas orga-nizaes atuais demonstrando o nvel vanguardista de suas ideias.

    JNIOR, Jos Carlos Guimares. A obra de Taylor Suas Constataes e Propostas. Disponvel em: Acessado em: 20/10/11.

    No artigo o autor aborda as tcnicas de abordagem para atingir suas concluses tericas sobre a admi-nistrao cientfica.

    PARA REFLETIR

    Nos sculos XIX e XX, os pioneiros dos estudos dos mtodos de trabalho enxergaram que a admi-nistrao cientfica aliada velocidade das novas tecnologias trariam melhorias para a qualidade de vida. Hoje, no sculo XXI, vivemos duas realidades: de um lado o primeiro mundo com todo aparato tecnolgico nas mos, do outro, os pases pobres se arrastam para sobreviver num mundo cada vez mais globalizado e veloz. Ser que estamos diante de uma crise da falta de desbravadores e mentes que possam enxergar solues que traduzam o ver-dadeiro potencial da nossa contemporaneidade? Faa suas reflexes e discuta sobre o tema com os seus colegas e com o tutor.

  • 23Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    1.2 Conceito e classificao dos riscos ambientais

    Caro aluno, neste contedo, falaremos sobre Riscos Ambientais, conceitos e classificaes.

    Em primeiro lugar no podemos confundir o termo: Riscos Ambientais com riscos relacionados ao ambiente ecolgico, ao meio ambiente ligado a ecologia, natureza, rios, mares e atmosfera. Esses se referem aos riscos relacionados ao ambiente de trabalho, ressalvando-se as ocasies em que ha-ver situaes que afetaro o ambiente ecolgico.

    Muito bem!

    E ento finalmente o que so os riscos am-bientais? So todos os agentes que interferem no ambiente no qual trabalhamos, que tm capacida-de para causar danos a nossa integridade fsica como: danos imediatos e doenas relacionadas ao trabalho ou doenas ocupacionais, que tambm podem ser equiparadas, aos acidentes ocorridos no trabalho.

    Para melhorar a sua compreenso, vamos en-tender o que vem a ser um risco. Risco a proba-bilidade de ocorrer algo indesejvel e danoso que tem o poder de alterar as condies de segurana e bem estar num determinado espao de tempo. O risco pode causar danos materiais e humanos. Ento todos ns estamos sujeitos exposio de algum risco? Voc pode perguntar. E eu vou lhe responder que sim. Todos ns estamos sujeitos ou expostos a algum tipo de risco seja no nosso trabalho, em nossa casa, enquanto caminhamos, enquanto dormimos, enfim, os riscos esto por toda parte. O grande problema quando o risco foge do nosso controle, a sim, estaremos mais expostos a ser atingidos e sofrer danos a nossa

  • Programas de Gerenciamento de Riscos24

    sade e integridade fsica. Por exemplo: quando atravessamos uma faixa de pedestres estamos pre-sumindo que os condutores de veculos cumpriro a lei de trnsito. Ns perderemos o controle dessa situao a partir do momento em que o condutor descumpre a lei. Agora veja! Se eu resolvo atraves-sar a via me utilizando de uma passarela eu estarei aumentado o meu controle sobre o risco de ser atropelado.

    Muito bem! Avanamos um pouco mais em nosso estudo. Aprendemos que os riscos devem ser controlados para que no nos causem danos j que, a falta de controle dos riscos aumenta de forma significativa a probabilidade de ocorrer um agravo a nossa sade ou integridade fsica.

    Vamos fazer algumas consideraes:Quando samos de nossa casa para o traba-

    lho ou para a universidade, estamos expostos a uma grande variedade de riscos ao nosso redor. Podemos citar alguns como: riscos de atropelamen-to, riscos de ser atingido por uma descarga eltrica de um cabo de alta tenso que pode cair sobre ns, riscos de assalto, riscos de queda de nvel ao subirmos uma escada, risco de insolao se no estivermos protegidos etc.

    -Ufa!

    Desse jeito ento devemos pensar duas ve-zes ao sair de casa. No bem assim, precisamos ir ao trabalho, estudar e cumprir nossos compromis-sos, sempre mantendo os cuidados para que esses riscos estejam sob o nosso controle, pois o perigo estar sempre presente no nosso cotidiano, o que no pode ocorrer permitirmos que o risco saia do nosso controle e, assim, estaremos aumentando a probabilidade de sermos atingidos.

  • 25Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    Vamos agora raciocinar de um modo mais tcnico e racional. Observe atentamente a expresso abaixo:

    R = = A x V ornm02

    Onde: R= risco; = funo; A = Ameaa;

    V = Vulnerabilidade.

    Interpretando a expresso veremos que o risco est diretamente relacionado s variveis:

    A= Ameaa e V= vulnerabilidade. Se houver aumento de qualquer uma dessas variveis o resul-tado refletir no aumento direto da funo R, risco.

    Veja o exemplo: Se A = 1 e V = 2 teremos:

    R = = A x V

    R = = 1 x 2, ento R = 2. Se aumentarmos o valor de V para 3, teremos R = 1 x 3 ornm02 R = 3.

    Ok? Muito bem. Agora veja o valor de R quando A continua com o valor 2 e V sobe para 3. Teremos:

    R = 2 x 3 ornm02 R = 6

    Concluso: Quando aumentamos os valores das variveis A e V, h um aumento proporcional do risco R.

    O que significa ento a varivel A ? A= ameaa = prenncio ou indcio de um evento desastroso ou danoso, ou seja, evento adverso que tem potencial para ocasionar um dano ou agravo. Observe o exemplo: quando olhamos para o cu e vemos nuvens bastante escuras e carregadas e

  • Programas de Gerenciamento de Riscos26

    vemos relmpagos e raios estamos diante de uma ameaa de chuva ou tempestade, mesmo que a chuva ainda no haja iniciado. Muito bem! Avana-mos um pouco mais em nosso estudo.

    Agora vejamos o que significa a varivel V, Vulnerabilidade? Bem, a vulnerabilidade consiste num grau de fraqueza, ou grau de exposio e de fragilidade em relao ameaa. Nesse caso, existe uma pequena ou quase nenhuma possibilidade de resposta com seus prprios recursos. Exemplo: Uma casa muito prxima a uma encosta sem muro de conteno estar mais vulnervel a sofrer um soterramento num dia chuvoso. Veja! A vulnerabi-lidade inversamente proporcional capacidade. Quanto menor for a capacidade de se defender da ameaa maior ser a vulnerabilidade.

    Observe bem! Os termos capacidade e vul-nerabilidade esto diretamente relacionados com o controle dos riscos. Quando aumentamos a ca-pacidade de defesa estamos reduzindo o risco de desmoronamento do exemplo acima, ou seja, se for construdo um muro de conteno e uma boa drenagem, estaremos aumentando a capacidade de defesa contra a ameaa. Significa dizer que quan-do eu tenho o aumento da capacidade eu estarei controlando o fator risco, pois estarei controlando a ameaa e a vulnerabilidade. Veja a expresso capacidade, no pargrafo anterior.

    Vejamos agora como ficar a questo do risco quando acrescentarmos a varivel C, controle:

    Ento a expresso poder ser escrita da seguinte forma: R = = (A xV / C), onde: R = risco;

    A = Ameaa; V = Vulnerabilidade; C = Capa-cidade.

  • 27Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    Veja que a capacidade est no denominador. Em matemtica bsica aprendemos que quanto maior for o denominador, menor ser o valor da funo, nesse caso, a funo risco. Na linguagem da segurana do trabalho a capacidade representa o controle ou as medidas de controle dos riscos ambientais. Conclumos que, ao inserirmos a varivel capacidade, estaremos fornecendo um recurso de aumento ou reduo do risco. Tomemos um exemplo simples e do nosso cotidiano: digamos que voc vai sair de casa e observa ameaa de chuva forte devido s nuvens escuras e carregadas.

    Nesse caso suponhamos que o risco a possibilidade de voc se molhar. Como uma pessoa prevenida, voc pega um bom guarda chuva e sai. Vejamos. Voc estar vulnervel a uma ameaa de chuva e tomou uma medida de controle que foi aumentar a sua capacidade de enfrentar a chuva, utilizando-se do guarda chuva. De repente voc lembrou que possui uma capa de chuva e um par de botas de borracha e volta para calar as botas e vestir a capa. O que ocorreu nesse caso? Voc aumentou a sua capacidade de enfrentar a ameaa de chuva e reduzir o risco de ficar todo encharcado e tambm reduziu a probabilidade de contrair uma doena infectocontagiosa ao passar numa rea em que existe gua de esgoto por estar usando um par de botas de borracha. Podemos dizer que a capaci-dade uma medida de controle.

    Creio que avanamos um pouco mais em nossa disciplina com esses conceitos.

    Aps compreendermos sobre a dinmica dos riscos e como podemos tomar medidas de controle, vamos conhecer mais sobre os riscos que nos ameaam no trabalho.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos28

    Veremos agora a classificao dos riscos ambientais: conforme preconiza a norma regula-mentadora nmero 9, do Ministrio do Trabalho e Emprego, os riscos ambientais esto classificados em riscos: fsicos, qumicos e biolgicos existentes no ambiente de trabalho. H casos em que con-sideramos os riscos ergonmicos e os riscos de acidentes mecnicos a depender do grau de expo-sio e intensidade. A estrutura da norma nmero 9 no inclui esses dois ltimos, porm, a literatura brasileira de preveno de acidentes contempla os riscos ergonmicos e os riscos de acidentes.

    Prezado aluno, ento devemos ou no consi-derar os riscos ergonmicos e de acidentes? Claro que sim, pois esses riscos so bastante expressivos e so responsveis pelo aumento das estatsticas de acidentes e so responsveis por mutilaes e problemas posturais e movimentos repetitivos. So esses riscos que provocam quedas de grandes alturas, eletrocusso, esmagamento, pensamento, soterramento entre outros.

    impossvel imaginar uma atividade sem ris-cos ambientais. J aprendemos que os riscos am-bientais tm o potencial de causar danos sade e integridade fsica do trabalhador e esto classifi-cados em 5 grupos principais. Vejamos agora cada um deles detalhadamente:

    1. Riscos fsicos: so riscos ambientais cujas fontes geradoras so os equipamentos e mquinas, e esto relacionados com as ca-ractersticas fsicas do ambiente de trabalho.Exemplos: rudo, vibraes, presses hi-perbricas, temperaturas extremas, radia-es ionizantes e radiaes no ionizantes, umidade.

  • 29Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    2. Riscos qumicos: so os riscos originados pelo manuseio de substncias qumicas que podem estar nas formas slida, lquida ou gasosa. Tem potencial para causar agravos sade do trabalhador caso seja absorvido por vias respiratrias, contato com a pele ou via digestiva. Exemplos: manipulao de substncias txicas, gases, solventes e tin-tas, nvoas, vapores, fumos metlicos, hi-drocarbonetos (derivados de petrleo) etc.

    3. Riscos biolgicos: so riscos gerados pela presena de microrganismos como: vrus, bactrias, fungos, bacilos etc. Tm a capa-cidade de causar vrias molstias ao tra-balhador exposto. Exemplos: Trabalho em hospitais em con-tato com pacientes com doenas contagio-sas, sangue, lixo domstico, lixo hospita-lar, atividades em centros de zoonoses e veterinrios, necrotrios etc.Como mencionamos iremos considerar tambm, para efeito de aprendizagem, os riscos citados abaixo:

    4. Riscos ergonmicos: estes riscos so oca-sionados por todo procedimento e layout de trabalho que no atendem aos padres da ergonomia. A ergonomia uma cincia que se baseia no fundamento de que os equipamentos e mquinas e os ambientes de trabalho sejam adaptados s escalas proporcionais do ser humano, com o obje-tivo de haja equilbrio fsico e psicolgico.

    5. Riscos de acidentes: Estes riscos so oca-sionados por mquinas e equipamentos em movimento como: prensa, polias expostas,

  • Programas de Gerenciamento de Riscos30

    eixos em movimento, queda de altura, que-da de objetos, soterramentos em caso de escavaes, ferramentas manuais eltricas de corte, exposio descarga eltrica, queimaduras com fogo, incndios, explo-ses etc. Como vimos estes riscos jamais devem ser desprezados e devem ser trata-dos de forma austera, pois mutilam mem-bros e ceifam vidas de trabalhadores em fraes de segundos. Observe que no se enquadram nos trs primeiros grupos.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR:

    COSTA, Marco Antnio F. da; MARIA de Ftima Barroso. Segurana e Sade no Trabalho: cidadania compe-titividade e produtividade. Rio de Janeiro: Qualimark. 2004. Cap. 3, p. 31.

    No captulo indicado, os autores fazem uma asso-ciao comparativa da melhoria no processo de trabalho quando os riscos so adequadamente re-conhecidos e controlados.

    TAVARES, Antonio costa. Os perigos e riscos dos tra-balhos em valas na construo civil. Disponvel em: Acessado em: 20/10/11.

    No artigo, o autor chama a ateno para o des-cumprimento das normas de construo e princi-palmente no que se refere a NR 18 (norma re-gulamentadora 18) quando se trata dos riscos em trabalhos em valas e a falta de cuidados bsicos.

  • 31Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    PARA REFLETIR

    Querido aluno, sabemos que apesar de todo inves-timento em recursos humanos e tecnolgicos, os acidentes continuam ocorrendo em larga escala. Reflita: em todo esse contexto em qual direo devero ser os investimentos? Na cultura dos tra-balhadores ou nos recursos tecnolgicos? Pois at aqui, pouco se tem conseguido na reduo das es-tatsticas de acidentes. Discuta com os seus colegas e com o tutor acerca das suas reflexes.

    1.3 Norma Regulamentadora N 9

    Neste contedo, apresentaremos a norma re-gulamentadora nmero 9 e suas aplicaes.

    Muito bem, as normas regulamentadoras do Ministrio do Trabalho e Emprego tm como prin-cipais finalidades proporcionar melhores condies da qualidade de vida dos trabalhadores. Utilizando mecanismos legais que melhoram as condies de trabalho a partir de aspectos que abordam os riscos presentes nos ambientes laborais, procedimentos de proteo e segurana de equipamentos e mquinas, instalaes prediais adequadas segurana e sade dos trabalhadores, manipulao com produtos pe-rigosos, atividades do ramo da eletricidade, e pro-cedimentos de segurana nos diversos segmentos das atividades humanas. A norma regulamentado-ra n 9 na verdade, o mecanismo legal adotado no Brasil, a travs de um documento base, para o cumprimento do que dispe a Conveno 148 da

  • Programas de Gerenciamento de Riscos32

    Organizao Internacional do Trabalho (OIT) . Os pa-rmetros e procedimentos tcnicos que compem a norma regulamentadora 9 representam de forma correlacionada, o conjunto de aes sequenciadas que devem ser implantadas pelas organizaes a fim de cumprirem os objetivos da norma.

    A norma regulamentadora N 9 (N-R 9), do Mi-nistrio do Trabalho e Emprego, em seu contedo estabelece a obrigao e elaborao do Programa de Preveno de Riscos Ambientais, em todas as empresas ou estabelecimentos que admitem traba-lhadores como seus funcionrios. O objetivo de sua implantao exatamente o de eliminar ou reduzir os riscos, presentes no ambiente de trabalho, con-templando os riscos fsicos, qumicos e biolgicos.

    Os riscos fsicos se apresentam nas mais va-riadas formas de energia e so: rudos extremos, vibraes, presses hiperbricas(quando o trabalha-dor est sujeito a presses maiores que a presso atmosfrica), temperaturas extremas, radiaes ioni-zantes e radiaes no ionizantes. Os riscos qumi-cos so: substncias agressivas ao organismo hu-mano que podem penetrar por vias cutneas ou vias respiratrias, podem ser ingeridas via oral. Entre os riscos biolgicos destacamos: as bactrias, bacilos, protozorios, vrus, parasitas, fungos, entre outros.

    No Brasil, a Norma Regulamentadora n 9, do Ministrio do Trabalho e Emprego determina trs etapas para estruturao do Programa de Preveno de Riscos Ambientais, so elas: o reconhecimen-to dos riscos, avaliao dos riscos e controle dos riscos ambientais. Na primeira etapa, os agentes nocivos sade dos trabalhadores so elencados. So tambm mapeados os mtodos e processos de produo, as instalaes envolvendo mquinas e

  • 33Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    equipamentos, a quantidade de trabalhadores ex-postos aos agentes nocivos segurana e a sade dos trabalhadores.

    Na segunda etapa, na avaliao, so deter-minados de forma quantitativa ou qualitativa, os riscos ambientais que tem potencial para causar danos sade dos trabalhadores no ambiente es-tudado. Na terceira e ltima etapa, fase de con-trole, a partir das informaes obtidas nas fases anteriores, sero propostas as medidas que iro eliminar ou minimizar os riscos presentes no am-biente estudado.

    Todo o esforo dever ser o de manter todos os agentes nocivos sade dos trabalhadores em pleno controle, fazendo-se uma permanente checa-gem e tomando-se aes que complementem todas as medidas, buscando a plena integrao do traba-lhador com o seu ambiente laboral.

    Fique atento, a aplicao da NR 9 no su-ficiente para que a segurana do trabalhador esteja sob controle. Alis, na segurana do trabalho de-vemos sempre ampliar as aes de modo tal, que alm do cumprimento dos requisitos legais atinen-tes segurana, outras aes devam ser implan-tadas por toda a coletividade. Essas aes nunca estro isoladas, mas sim, contextualizadas com aes da medicina, das intervenes das condies psicolgicas e sociais dos trabalhadores. Veremos tambm que existe a necessidade de documentos e normas complementares para que haja xito quan-to aos resultados almejados. Vejamos: a NR 9, est juridicamente assegurada pelos artigos 176 a 178 da Consolidao das Leis do Trabalho (CLT), cujos documentos e leis complementares so:

    O Captulo 5 do Ttulo II da Consolidao das leis Trabalhistas, refere-se Sade e Segurana dos Trabalhadores e tambm preocupao com a

  • Programas de Gerenciamento de Riscos34

    preservao do Meio Ambiente. O Decreto nmero 1.254, de 29 de setembro de 1994 que regulamenta a Conveno Organizao Internacional do Trabalho (OIT) de nmero 155, que rege sobre a Segurana e sade dos Trabalhadores em relao ao meio ao ambiente de Trabalho. Entenda-se ambiente de tra-balho como o local no qual o empregado exerce sua atividade profissional em favor do empregador.

    O Decreto de nmero 4.882, de 18 de novem-bro de 2003 que altera Dispositivos da previdncia Social tornando vlidas as Normas de Higiene Ocu-pacional da FUNDACENTRO (Fundao Jorge Duprat Figueiredo de Segurana e Medicina do Trabalho) e (NHO - Norma de Higiene Ocupacional) como refe-rncia legal e aplicvel.

    O Decreto nmero 93.413, de 15 de outubro de 1986 trata da proteo dos colaboradores em relao aos riscos profissionais resultantes da con-taminao atmosfrica no ambiente de trabalho e aos riscos fsicos como: rudo e vibraes.

    Portaria do Ministrio do Trabalho e Emprego MTE/ Secretaria de Segurana E Sade No Traba-lho - SSST de nmero 25, de 29 de dezembro de 1994, que alterou o texto da norma regulamentado-ra nmero 9 (NR 9) e criou o Programa de Preven-o de Riscos Ambientais (PPRA).

    Portaria do Ministrio do Trabalho e Empre-go MTE/GM nmero 86, de 3 de maro de 2005 que trata da Atualizao e substitui as Normas re-gulamentadoras Rurais atravs da Norma Regula-mentadora N 31- Segurana e Sade no Trabalho Agropecurio, Explorao Florestal, Silvicultura e Aquacultura (cultivo de organismos aquticos como: peixes, crustceos, moluscos e plantas aquticas).

    A Norma da Fundacentro NHO Nmero 01 de 2001, trata dos procedimentos tcnicos de ava-liao de rudo contnuo e rudo intermitente e de impacto.

  • 35Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    A Norma da Fundacentro NHO Nmero 02 de 1999 trata dos procedimentos de ensaio e an-lise qualitativa de vapores orgnicos oriundos de colas, vernizes, tintas e deteco de ionizao de chama por cromatografia gasosa.

    A Norma da Fundacentro NHO Nmero 03 de 2001 trata dos procedimentos e mtodos para en-saio e anlise gravimtrica1 de elementos aerodis-persides2 em partculas slidas que so coletadas por filtros de membrana

    A Norma Fundacentro NHO Nmero 05 - 2001 trata dos procedimentos tcnicos de avaliao a exposio a radiaes ionizantes como os raios x em servios radiolgicos.

    A Norma Fundacentro NHO Nmero 06 2002 trata de mtodos e procedimentos tcnicos de avaliao a exposio s temperaturas extremas.

    A Norma Fundacentro NHO Nmero 07 -2002 trata de mtodos e procedimentos tcni-cos para calibrao de instrumentos (bombas) de amostragem individual a partir do mtodo de bolha de saponceo (sabo). A Norma Fundacentro NHO Nmero 08 2007 estabelece procedimentos tc-nicos para coleta de partculas slidas presentes no ar do ambiente de trabalho.

    Muito bem, apresentamos alguns meca-nismos legais que complementam e do suporte tcnico para que a norma regulamentadora 9 seja efetivamente implantada de modo a garantir os ob-jetivos e metas relacionadas sade e segurana do trabalho. fundamental que aes contnuas sejam implementadas como: implantao de pro-gramas como o Programa de Controle Mdico e Sade Ocupacional - PCMSO (Norma Regulamen-tadora 7) do Ministrio do Trabalho e Emprego, programas de conservao auditiva, em casos de ambientes ruidosos, programas de proteo

    1 Anlise gravi-mtrica: consiste em determinar a quantidade pro-porcionada de um elemento, presente em uma amostra, eliminando todas as substncias que interferem e convertendo o com-ponente desejado em um composto de composio defi nida que seja suscetvel de pesar-se.

    2 Aerodispersides: So partculas slidas ou lquidas dispersas no ar e que, pelo seu minsculo tamanho, podem permanecer em disperso por tempo sufi ciente para ser inaladas pelos trabalhadores.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos36

    respiratria (poeiras e partculas slidas, nvoas e vapores), implantao de programas de educao postural (PROERGO Programa de ergonomia), im-plantao de ordens de servios para todos os tra-balhadores, entre outros.

    importante que essas aes sejam monito-radas e acompanhadas por profissionais especiali-zados e que haja comprometimento dos componen-tes da Comisso Interna de Preveno de Acidentes de Trabalho (CIPA), e todas as lideranas.

    Caro aluno, em segurana do trabalho o pro-fissional deve sobre tudo lanar mo da criativida-de para que as aes relativas sade e segurana sejam sempre atitudinais e voltadas sempre para a preveno. O melhor caminho para se lograr xito a criatividade e a vigilncia permanente da din-mica do ambiente de trabalho agindo sempre nos incidentes que tm potencial para provocar danos integridade fsica e sade dos trabalhadores. Lembre-se dos estudos de Frank Bird Jnior (1921-2007) que apresenta estatsticas baseadas em pes-quisas relacionados ocorrncia de incidentes, nos quais concluiu que para cada 600 incidentes sem danos sade, ocorrem em mdia 30 acidentes com danos matrias, entre os quais, 10 so aciden-tes com leso e um acidente com danos graves. Nesse raciocnio e baseados nestes dados cientfi-cos devemos empreender todos os esforos para que a poltica de segurana seja essencialmente no caminho da preveno e voltada para eliminar a ocorrncia desses incidentes que so a origem dos acidentes graves.

    As organizaes que investem em recursos de gerenciamento dos riscos ambientais tm des-coberto que a segurana do trabalho o melhor parmetro para se avaliar o grau de compromisso da empresa com seus trabalhadores, clientes e a

  • 37Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    sociedade como todo. Uma empresa que investe em segurana estar protegendo sua imagem perante o mercado, reduzindo custos com acidentes e fa-zendo com que seus trabalhadores estejam motiva-dos. Esses reflexos trazem mais lucros e asseguram a sobrevivncia das empresas e, consequentemente, trar resultados positivos na empregabilidade.

    Querido aluno, diante do exposto mantenha sempre os seus esforos de tecnlogos de segurana do trabalho focados na preveno e sobre tudo a qualidade de vida no trabalho.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR:

    RIBEIRO, Valdeci T. A Segurana do Trabalho ape-nas o mecanismo necessrio que o elemento humano atue para que as leis sejam eficazes. Disponvel em: Acessado em: 20/10/11.

    No artigo, o autor demonstra que a segurana do trabalho deve ser vista de um modo mais amplo e que deve ser incorporado cultura humana.

    VIEIRA, Sebastio Ivone. Manual de sade e Segurana do Trabalho. 2. ed. So Paulo: Editora LTr, 2008.

    No livro o autor discorre sobre a falta de definio na NR 9 no que se refere a responsabilidade do PPRA (programa de Preveno de riscos ambien-tais), pois o PCMSO (programa de controle mdico e sade ocupacional) NR -7 (norma regulamenta-dora nmero 7) deixa claro que o responsvel o mdico do trabalho, ao contrrio da NR-9.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos38

    PARA REFLETIR

    Interpretar as leis e as normas em vigor uma fun-o complexa e exaustiva de juristas e advogados. Reflitamos no trabalhador com pouca escolaridade. Reflita nessa questo e compartilhe suas concluses com seu tutor e seus colegas de curso no AVA.

    1.4 Inventrio de Riscos Ambientais

    Neste contedo abordaremos sobre os riscos ambientais de forma detalhada.

    O inventrio de riscos um documento que contm o registro dos riscos presentes no ambiente de trabalho a partir de um levantamento minucioso de cada risco de acordo com a sua relevncia. Em nosso livro, trataremos mais adiante sobre mapa de riscos no contedo 3.1 e no h como elaborar um mapa de riscos sem antes efetuarmos um bom in-ventrio de riscos ambientais.

    Esse levantamento deve ser feito em conjunto com as lideranas da empresa, a CIPA, profissionais do Servio Especializado em Engenharia e Medicina do Trabalho (SESMT) , quando houver, e entrevistas com os trabalhadores de cada ambiente. Cada traba-lhador ter mais facilidade de descrever e apresentar as queixas detalhadas sobre os riscos envolvidos em sua atividade.

    Uma observao importante!A identificao do risco o primeiro passo

    para se fazer o inventrio, porm, os riscos precisam ser avaliados. As avaliaes podero ser qualitativas

  • 39Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    ou quantitativas a depender da classificao de cada um. Os riscos biolgicos, por exemplo, s podem ser avaliados de forma qualitativa, pois, no h como quantificar os vrus ou bactrias num ambiente como um necrotrio ou numa bancada de laboratrio de anlises patolgicas. Pode-se saber o tipo ou a qua-lidade de um determinado micro organismo para que sejam tomadas as medidas de controle e protees. No caso do rudo, esse sim, poder ser quantificado a partir de mtodos e aparelhos de medio, portanto, a sua avaliao ser quantitativa.

    Vamos em frente. Aprendemos que segundo a norma regulamentadora N 9 que os riscos am-bientais so classificados em: riscos fsicos, qu-micos e biolgicos. Sabemos tambm que existe uma norma que trata especificamente dos riscos ergonmicos, a norma regulamentadora 17. Portan-to, iremos considerar os riscos ergonmicos com o objetivo de conhecermos melhor a dinmica dos ambientes de trabalho de uma forma mais abran-gente. E os riscos mecnicos ou riscos de aciden-tes? Estes riscos, trataremos de modo diferenciado, pois, envolvem vrios outros conceitos e normas para ser analisados.

    Todo o esforo dever ser o de manter todos os agentes nocivos sade dos trabalhadores em pleno controle, fazendo-se uma permanente che-cagem e tomando-se aes complementares a fim de que as medidas envolvam o maior nmero de trabalhadores.

    Passemos agora para a exposio de uma sequncia para elaborao do inventrio de riscos ambientais. Num inventrio de riscos ambientais as aes devem seguir a seguinte ordem:

  • Programas de Gerenciamento de Riscos40

    1 Fazer o levantamento dos riscos num determinado ambiente de trabalho;

    2 Observar o nmero de trabalhadores ex-postos aos riscos ambientais e suas res-pectivas funes, tomando o cuidado de observar os grupos homogneos de expo-sio. O tempo de exposio e a distncia do trabalhador fonte de risco. Os gru-pos homogneos so compostos de tra-balhadores expostos aos mesmos riscos ambientais;

    3 Registrar os riscos em formulrios adequados;

    4 Apresentar os agravos que os riscos po-dem causar aos trabalhadores;

    5 Descrever detalhadamente as medidas de controle;

    6 Apresentar as protees coletivas e prote-es individuais.

    Vejamos agora a classificao dos riscos am-bientais e os respectivos danos sade dos traba-lhadores:

    1 - Riscos Fsicos:Os riscos fsicos tm como fontes geradoras

    as mquinas e equipamentos e as condies fsi-cas caractersticas do local de trabalho.

    A seguir veremos os principais riscos, suas fontes geradoras e danos que pode causar sade.

    Rudo, vibraes, radiao ionizante (raio-x, alfa, gama) radiao no-ionizante (radiao do sol, radiao de solda), temperaturas extremas (frio / calor), presses anormais e umidade.

  • 41Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    De um modo geral, o rudo est presente no cotidiano de cada um de ns: nas ruas, trnsito e ambientes com grandes aglomeraes populacio-nais. O rudo, na verdade, um som que incomoda e causa perturbaes aos ouvidos. A natureza dos sons produzidos em um rudo resultado das vi-braes mecnicas de mquinas, motores, sirenes, buzinas, gritos, vozes, presentes no contexto ur-bano em geral. A carga de energia produzida pelo rudo se transforma em ondas sonoras que afetam os ouvidos, de modo a trazer sequelas graves e perturbaes sade em geral. No um som agradvel, melodioso. No possui harmonia. Tudo isso pode provocar reaes no organismo humano que podero afetar o sistema nervoso causando fa-diga, estresse, irritao, insnia etc. Querido aluno! Raciocine comigo: imagine todos esses fatores que apresentamos sobre o rudo sendo trazidos para dentro do ambiente de trabalho? O ambiente de trabalho exige do trabalhador: concentrao, aten-o, raciocnio, tomada de deciso, reflexos, produ-tividade e calma. Ento s h uma sada: devemos tratar o rudo como um grande problema para a sade do trabalhador e tomarmos medidas para preservar as condies ambientais do trabalho aos nveis aceitveis de conforto.

    Vibraes:A vibrao expe o trabalhador a esforos

    mecnicos que abalam toda sua estrutura corpo-ral vibrando ossos, nervos e msculos, de modo a provocar impactos internos que afetam diretamente os rgos vitais como corao, rins e pulmes afe-tando tambm a pulsao e a corrente sangunea. Esses movimentos so em torno de um ponto fixo.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos42

    Esse movimento pode ser regular, do tipo senoidal ou irregular, quando no segue um padro determi-nado. Pode afetar severamente aos trabalhadores com tendncia a doenas relacionadas ao corao.

    Radiao ionizante:So radiaes que alteram a estrutura celular.

    So emisses de energia em diversos nveis, pas-sando pelo ultravioleta, raios-X, raios gama e part-culas alfa e beta, capazes de contato com eltrons de um tomo, retirando-as, provocando a ionizao dos mesmos.

    Radiao no ionizante:Ao contrrio da anterior, no tem poder de

    ionizao, ou seja, no alteram a estrutura das clulas. Apenas podem ativar todo o conjunto de tomos que recebem esta carga de energia. So classificadas pelo comprimento de onda de nan-metros a quilmetros.

    As presses anormais so assim chamadas por se tratarem de presses que fogem aos pa-dres normais de trabalho e podem se apresentar de duas maneiras:

    - Presses hipobricas: quando o trabalha-dor no exerccio de suas atividades fica submeti-do a presses bem abaixo da presso atmosfrica. Quando que isso acontece? Em situaes em que o trabalhador realiza trabalhos em locais de eleva-da altitude. Nesses locais a presso atmosfrica baixa e esse fator provoca efeitos sade como: coceira, sangramento pelo nariz, nuseas, hemor-ragia pelo ouvido, chegando ata a ruptura do tm-pano. Depende muito da localizao geogrfica em que se encontra, a sua altitude em relao ao nvel do mar. Quanto maior a altitude, maiores sero os efeitos sade.

  • 43Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    - Presses hiperbricas: ocorrem quando o trabalhador submetido a presses acima da pres-so atmosfrica. Voc pode perguntar: em quais si-tuaes podem acontecer as presses hiperbricas? Respondo: nos trabalhos que exigem o uso de ar comprimido e mergulho em guas mais profundas. No primeiro caso, algumas atividades apresentam caracterstica que necessitam de que o local seja pressurizado pelas circunstncias tcnicas e clcu-los de engenharia. Por exemplo: na obra de uma ponte, s vezes para que uma coluna seja concre-tada, necessrio que seja introduzido ar compri-mido na sua forma para que os trabalhos sejam executados a seco, mesmo no mar ou num rio. No perodo em que houver a presena do ar compri-mido, todo trabalhador que executar atividade nes-se espao estar sujeito presso hiperbrica. No segundo caso, a presso provocada pela grande lmina dgua a qual o trabalhador estar exposto no perodo do mergulho.

    Umidade: a umidade um risco cujo nvel de conforto para o trabalho definido por dois inter-valos, um relacionado a temperatura do ambiente e o outro a umidade relativa do ar nesse intervalo de temperatura. Ento quais so esses limites? Ve-jamos. No caso da temperatura, a faixa de conforto no intervalo entre 22 C a 26 C com a umidade re-lativa do ar no intervalo entre 45% e 50%. Quando o ambiente apresenta essas condies, podemos assegurar que o ambiente atende aos confortos ambientais relacionados ao risco da umidade.

    2 - Riscos qumicosSo riscos gerados por produtos qumicos de

    qualquer natureza e em qualquer estado fsico, que podem ser na forma lquida, slida e gasosa. Quan-do absorvidos pelo organismo, produzem reaes

  • Programas de Gerenciamento de Riscos44

    txicas e danos sade. H trs vias de penetrao no organismo: via respiratria (inalao pelas vias areas), via cutnea (absoro pela pele) e via digestiva (ingesto).

    So riscos qumicos: nvoas, fumos gases, neblinas, poeiras, vapores etc.

    Aerosis: podem ser encontrados na forma de gases e vapores, ou na forma de partculas. As partculas quando dispersas na atmosfera possuem estabilidade de suspenso e dividem-se em: poeiras, fumos e Nvoas.

    Poeiras:Aerosis slidos formados por desagregao

    mecnica de corpos slidos. As partculas geradas tm em geral dimetros maiores que um mcron

    Poeiras minerais (trabalhos em minerao).

    Poeiras de madeira (trabalhos em madei-reiras, serrarias e construes).

    Poeira em geral (trabalho de varrio de

    vias pblica, terraplenagem, construo ci-vil, demolies, bibliotecas).

    Fumos: Aerosis slidos formados por con-densao de vapores, geralmente metlicos. Nesse caso, as partculas suspensas no ar tem o dimetro maior que um micron.

    Fumos de solda: no processo da soldagem so produzidos fumos resultantes da reao qumi-ca da fuso dos metais a alta temperatura (fumaa geralmente na cor azulada ou branca).

  • 45Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    Nvoas: as nvoas so partculas lquidas re-sultantes do rompimento mecnico das substncias lquidas formando partculas lquidas suspensas no ar.

    Nvoa de tintaOcorrem quando os trabalhadores atuam

    principalmente em trabalhos de pintura a pistola no esto protegidos por equipamentos de proteo coletiva e individual.

    Aerosis lquidos, formados por condensao de vapores.

    3 - Riscos BiolgicosObservando os diversos ambientes de traba-

    lho e as atividades variadas nas organizaes, em geral, poderemos perguntar: o que h de comum entre um hospital e uma granja de aves? Entre um consultrio odontolgico e um necrotrio? Poder-amos dizer que nada h de comum entre elas, se no fosse o nosso conhecimento a respeito dos riscos biolgicos. Pois em todos estes ambientes podemos registrar a presena de bactrias, fungos, vrus etc. Os riscos biolgicos os tornam semelhantes nesse aspecto.

    So os inimigos invisveis e exigem uma preo-cupao maior com a identificao para que se apli-quem aes mais eficazes na proteo dos trabalha-dores. Os riscos biolgicos so difceis de controlar devido s caractersticas com as quais se apresen-tam no ambiente na forma de bactrias, bacilos, fun-gos, vrus. Todos necessitam de aparelhos auxiliares para serem vistos, os microscpios, pois no vistos a olho nu como a maioria dos outros riscos.

    So capazes de desencadear doenas devido contaminao e pela prpria natureza do trabalho. Microrganismos indesejveis: bactrias (antraz), fungos (parasitas), protozorios, bacilos (bacilo de Kock).

  • Programas de Gerenciamento de Riscos46

    4 - Risco ergonmicoAqui est um risco que afeta a grande maio-

    ria das profisses, pois envolve fatores que vo desde a condio postural de trabalho at o esta-do emocional (estresse) do trabalhador. Os esfor-os devem ser empreendidos no sentido de buscar postos de trabalho que respeitem a ergonomia, proporcionando conforto trmico, iluminao e bem estar no desempenho das atividades. A ade-quao de mquinas e equipamentos, mobilirio, o ritmo de trabalho e pausas para descanso so fundamentais para a preveno de agravos a sade do trabalhador.

    5 - Riscos de acidentes ou riscos mecnicos Riscos de acidentes ocorrem em funo de

    fatores como a falta de um bom arranjo fsico e do processo de trabalho e tecnologias imprprias capazes de provocar leses integridade fsica do trabalhador.

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENT AR

    VIEIRA, Sebastio Ivone. Manual de sade e Segurana do Trabalho. 2. ed. So Paulo: Editora LTr, 2008.Ler a pgina Pg. 710.

    O autor comenta sobre a falta de contemplao dos riscos ergonmicos e de acidentes por parte das normas brasileiras.

    VIEIRA, Sebastio Ivone. Manual de sade e Segu-rana do Trabalho. 2. ed. So Paulo: Editora LTr, 2008. p. 148.

  • 47Tema 1 | Histrico dos mtodos e processos de trabalho

    O autor discorre sobre a necessidade de identifica-o e eficcia das medidas de controle dos riscos ambientais para que se tenha um ambiente de tra-balho de qualidade.

    PARA REFLETIR

    Conforto ambiental e qualidade de vida so atri-butos que devem ser aplicados no somente ao ambiente de trabalho, bem como, em todas as ex-tenses da vida humana. Leia e reflita. Apresente suas opinies ao seu tutor e compartilhe com seus colegas no AVA.

    RESUMO

    Queridos alunos, nesse primeiro tema tivemos o

    prazer de compartilhar conhecimentos que nos fize-

    ram viajar na histria e descobrirmos personagens

    que foram visionrios e foram avanados em suas

    respectivas pocas e que at hoje utilizamos suas

    teorias e teses, como Frank Bunker Gilbreth (1868-

    1924) e Frederick Taylor (1856-1915). No contedo

    1.1 vimos o estudo dos mtodos e processos de

    trabalho. No contedo 1.2 abordamos a importn-

    cia de conceituar e classificar os riscos ambientais

    como forma de criar mecanismos e controle. Outro

  • Programas de Gerenciamento de Riscos48

    importante conhecimento acrescido no contedo

    1.3 foi a estrutura da norma regulamentadora n 9 e finalizando, no contedo 1.4 discorremos sobre o grande significado de conhecermos o inventario dos riscos ambientais.

  • Estudos de Mapeamentos de Riscos e Gerenciamento de Programas de Riscos2

    Neste tema, estaremos introduzindo conceitos relevantes quanto s ferramentas mais utilizadas nas prticas seguras de preveno de acidentes de trabalho e doenas ocupacionais. Nessa fase do curso extremamente importante que cada aluno compreenda a importncia das Inspees de Segurana do trabalho, a Anlise de Riscos Ambien-tais, as diferentes Tcnicas de Anlise de Riscos, bem como, tcnicas de investigao de acidentes de trabalho, fatores preponderantes para uma boa gesto em sade e a segurana do trabalho.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos50

    2.1 Inspees de segurana

    Nesse contedo falaremos sobre uma das principais ferramentas de preveno em segurana do trabalho: Inspees de segurana.

    Toda organizao deve incorporar em sua po-ltica a cultura preventiva da realizao de Inspeo de Segurana do Trabalho.

    A inspeo uma ferramenta que deve so-bre tudo ser incorporada na rotina administrativa de toda estrutura organizacional e deve envolver todos os trabalhadores desde a direo at a base funcional da empresa com apoio e superviso do Servio Especializado em Engenharia de Seguran-a e em Medicina do Trabalho (SESMT), quando houver, e a participao da Comisso Interna de Preveno de Acidentes (CIPA).

    Os trabalhadores devem ser treinados e mo-tivados a desenvolver entre si uma cultura voltada para a observao e a percepo das anomalias de modo a identific-las a partir de uma anlise visual utilizando-se das tcnicas de inspeo como um elemento facilitador dessas inspees. O trabalha-dor deve ter, por exemplo, a plena conscincia de que no poder operar uma mquina sem que antes esteja seguro de que sua tarefa no sofre-r nenhuma interrupo por defeito ou quebra, o que, sem dvida, poder causar-lhe um acidente de trabalho.

    Falemos ento de inspeo.Quanto aos tipos de inspees mais utilizados,

    citaremos os principais para a boa compreenso de nossos estudos. Entre os quais citaremos: a inspeo geral, a inspeo por setor, por grupo de risco especfico e por risco especfico.

  • 51Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    Observe que as inspees sempre sero fer-ramentas de preveno a fim de evitar ambientes e mquinas que apresentem condies abaixo dos padres de segurana.

    As inspees devem incluir as mquinas, equipamentos e instalaes. Fazer uma inspeo numa mquina difere bastante da inspeo em um prdio ou galpo de uma fbrica. Para cada tipo de inspeo existem formulrios adequados a cada tipo de acordo com as caractersticas dos elemen-tos inspecionados, portanto, cada relatrio de ins-peo gerar um plano de ao diferenciado e suas devidas medidas de controle. Lembrando sempre que a cultura da preveno manter a empresa em condies adequadas aos procedimentos seguros, e preparada para receber qualquer tipo de inspeo interna ou externa.

    Vamos conhecer cada um desses tipos:O primeiro tipo de inspeo a inspeo

    geral, bastante abrangente e d uma viso global de todas as instalaes da empresa em busca de condies insalubres e ameaas sade dos tra-balhadores. Nesse tipo de inspeo, tem-se uma viso panormica de todos os departamentos da empresa, desde a administrao at as reas de processos de produo. Nesse tipo de inspeo, observam-se todos os itens como: iluminao, ventilao, rudo, ergonomia etc.

    O segundo tipo de inspeo por setor de trabalho:

    Se um determinado setor da empresa apre-sentar condies abaixo dos padres de segurana, o que geralmente vm das queixas contnuas de traba-lhadores do setor e at de outros setores que intera-gem com este, ento se caracteriza a necessidade de

  • Programas de Gerenciamento de Riscos52

    inspeo setorial para levantar as falhas e apontar as solues corretivas que certamente beneficia-ro aos demais setores, uma inspeo de menor abrangncia, mas, no menos importante.

    O terceiro tipo a inspeo por grupo especfico de risco: que poder ser o principal risco da empresa ou o risco mais representativo e este deve ser priorizado para que haja atuao imediata. Caro aluno, este risco o de menor im-portncia em relao aos demais, porm, a grande vantagem a de que esta inspeo atua de forma especfica num determinado risco.

    O quarto tipo de inspeo a inspeo por risco especfico: indicada quando se tem a prio-ridade num determinado tipo de risco, cuja especi-ficidade bastante expressiva e prioritria e deve ser quantificado e controlado imediatamente e se trata de um risco isolado ao contrrio do grupo especfico de risco.

    Outro detalhe a ser destacado quanto as inspeo a periodicidade. Vejamos ento como esse assunto poder ser tratado na empresa.

    Muito bem, vamos em frente com nosso aprendizado!

    Em relao frequncia com que so realiza-das podemos destacar:

    1 - As inspees dirias ou inspees de ro-tina: tem o objetivo de identificar e erradicar do processo os riscos mais comuns que j fazem parte da rotina do processo e precisam ser monitorados diariamente, pois qualquer falha no controle pode-r ser fatal.

  • 53Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    Por exemplo: nesse tipo de inspeo pode-se detectar a ausncia de protees em mquinas e equipamentos, arrumao e limpeza do ambiente de trabalho ou uma possvel avaria numa mquina ou equipamento. No caso da deteco duma falha mecnica numa mquina, estaremos interferindo num dos pontos principais para evitar os acidentes oriundos das causas mecnicas, que geralmente provocam acidentes graves como mutilaes, dila-ceraes, choques eltricos, exploses, incndios entre outros.

    2 - As inspees podem ser peridicas. Nesse caso, devero ser programadas junto s equipes de trabalho, CIPA e profissionais de segurana do trabalho. De acordo com a estrutura da empresa o cronograma poder contemplar inspees sema-nais, mensais, bimestrais ou trimestrais. Lembran-do sempre de que deve haver a participao do maior nmero de envolvidos possvel.

    Nessas inspees podem-se incluir equipa-mentos e dispositivos de segurana, rede de hi-drantes de combate a incndios, unidades extinto-ras portteis, equipamentos de proteo coletiva e individual, quanto ao uso e a eficincia dos mes-mos, bem como, inspees comportamentais.

    Lembrando que as inspees comportamen-tais devem ser precedidas de treinamentos e capa-citao dos envolvidos que podero participar de um rodzio no perodo de um ano. A capacitao deve ser ministrada por profissionais de seguran-a e pessoas especializadas em comportamentos humanos como: psiclogos e assistentes scias, caso haja na empresa. Quando no houver esses servios estes podero ser terceirizados. Lembre-se o mais importante ter o controle da situao. Usar todos os recursos necessrios sem poupar esforos

  • Programas de Gerenciamento de Riscos54

    no sentido de promover o bem estar comum dos trabalhadores sempre visando melhoria da quali-dade de vida no trabalho e a preservao da auto-estima de todos os trabalhadores. Um exemplo de motivao numa inspeo comportamental e que vem sendo adotado por empresas focadas na pre-veno de acidentes o fato de que no momento da abordagem de um trabalhador, nunca se deve apontar primeiro a sua falha ou descuido com a segurana ou a falta do uso de um equipamento de proteo individual, por exemplo. No caso de uma inspeo dessa natureza, deve-se primeiro buscar os pontos positivos do trabalhador, elogi-lo por seus cuidados e somente aps mostrar de modo educativo a sua falha, permitindo que ele mesmo possa identificar sua falha se for o caso, pois a final de contas ele recebeu treinamentos de segurana para exercer aquela atividade. O elogio nesse caso ser o elemento motivador principalmente quando parte de um gerente ou diretor da empresa.

    3 - Algumas inspees podem ser considera-das especiais. Receberam essa denominao por se tratarem de inspees que alm de exigirem a presena de especialistas, demandam a necessida-de de aparelhos e instrumentos de alta tecnologia pela prpria natureza do ambiente de trabalho e por exigirem mo de obra especializada. Como o caso de reservatrios de combustveis de grande escala, como tanques de postos de abastecimento. No caso dos tanques de combustvel com mais de 2 milhes de litros, por exemplo, qualquer atividade de manuteno e reparos nessas estruturas, exigem a presena de tcnicos em segurana de trabalho, engenheiros e a utilizao de aparelhos de preci-so devidamente calibrados, como o caso dos oxmetros que medem a percentagem de oxignio

  • 55Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    no ar e o nvel de explosividade do local. Outros tambm detectam a presena de gases letais ao organismo ou o grau de concentrao desses gases no ambiente. Notadamente que por mais capacita-do e treinado que seja o operrio de manuteno, jamais conseguir medir ou detectar a presena desses riscos nos espaos confinados, entenda-se aqui, espao confinado3 como aquele que no projetado para a permanncia de pessoas. Por exemplo: as inspees em caixas subterrneas de esgoto ou caldeiras e vasos de presso. Esse lti-mo exige o parecer tcnico atravs de laudos de um engenheiro mecnico para elaborar laudos tcnicos que devem ser emitidos de acordo com a Norma Regulamentadora n 13 do Ministrio do Trabalho e Emprego. As inspees em aparelhos de imagens de exames clnicos como aparelhos de radiologia, por tratar de aparelhos que emitem radiaes ioni-zantes, devem ser feitas por profissionais da fsica, os fsicos. A inspeo de barragens exigem profun-dos conhecimentos de engenharia e hidrologia e domnio da mecnica dos solos e dos fluidos.

    - Uma dica importante!A empresa deve elaborar modelos de docu-

    mentos para a realizao das inspees e registros de dados sistematizando e incorporando esses do-cumentos no processo administrativo e operacional da empresa com vistas a manter sempre um banco de dados para eventuais dvidas que possam sur-gir. Esses registros devem ser colocados em formu-lrios que possuam as caractersticas de cada setor, mquinas, equipamentos, em fim devem conter as informaes essenciais de acordo com as normas tc-nicas vigentes e os procedimentos operacionais da empresa. Os registros podem conter fotografias mos-trando sempre as situaes anteriores e posteriores s inspees de acordo com o grau de exigncia de cada caso.

    3 so espaos no projetados para permanncia de pessoas.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos56

    Lembramos tambm que alguns documen-tos so fundamentais como os manuais das m-quinas e equipamentos. Os documentos devem ser impressos e assinados pelos responsveis pelas inspees e guardados em mdias eletrnicas para futuras melhorias.

    Aps as inspees devem ocorrer reunies envolvendo lideranas, gerentes de setores, super-visores de processos, chefes de recursos humanos, diretores e trabalhadores em geral, para discutir as possveis melhorias e investimentos que possam trazer melhorias contnuas ao processo.

    Quanto ao tipo de inspees h basicamente quatro tipos de inspeo: a Inspeo geral, por se-tor de trabalho, por grupo de risco especfico e por risco especfico.

    1 Inspeo geral: um tipo de inspeo bastante abrangente pois inspecionam-se todas as instalaes da empresa a procura de condies insalubres e condies inseguras aos trabalhado-res. Nesse tipo de inspeo, tem-se uma viso pa-normica de todos os setores e departamentos da empresa. So inspecionados os setores administrati-vos, rea de produo com registros de mobilirios e ergonomia dos postos de trabalho, iluminao do ambiente, ventilao, calor e desconforto trmico enfim, so levantadas todas as situaes que pos-sam comprometer a sade e a integridade fsica dos trabalhadores. Essa inspeo gera um documento tcnico onde estaro todos os registros das anoma-lias encontradas e as medidas corretivas e as medi-das de controle para mitig-las ou elimin-las.

    2 Inspeo por setor de trabalho: essa ins-peo feita quando um determinado setor da em-presa apresenta sinais de insegurana que podem

  • 57Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    ser percebidos a partir de reclamaes frequentes de funcionrios e/ou queixas de outros setores que interagem com este, nesse caso comprova-se a ne-cessidade de se fazer uma inspeo setorial para descobrir as origens das reclamaes e apontar as provveis solues dos problemas detectados. Esse tipo de inspeo de menos abrangncia, mas no de menor importncia.

    3 Inspeo por grupo de risco especfico: O grupo de risco especfico poder ser o principal risco da empresa e que foi priorizado para uma atuao imediata. Um exemplo desse tipo de ins-peo aquela feita numa empresa de coleta de lixo domstico, por exemplo, que apresenta o ris-co biolgico como o risco principal da empresa e que merece total priorizao. Nesse caso, o risco biolgico apontado como risco principal, apesar de existirem outros riscos importantes em outros setores da mesma empresa. Essa inspeo me-nos abrangente que as anteriores, mas de suma importncia por que trata sobre um determinado grupo de exposio ao risco.

    4 Inspeo por risco especfico: indicado quando se tem um risco especfico a ser controlado prioritariamente, sendo dispensado um tratamento mais objetivo para identific-lo ou quantific-lo.

    Lembremos sempre do fato de que a inspe-o de segurana apenas uma das ferramentas de preveno de acidentes e doenas relacionadas ao trabalho e que o mais importante saber como aplic-la e implant-la na cultura de todos os tra-balhadores.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos58

    INDICAO E LEITURA COMPLEMENTAR

    MOREIRA, P. C. Inspees e Segurana. Dispon-vel em: . Acessado em: 27/09/2011. Arqui-vo capturado no dia 27/09/2011.

    No artigo, o autor enfatiza que a inspeo de se-gurana no se atm apenas a um passeio pelas instalaes da empresa fazendo anotaes e sim trata de uma poderosa ferramenta na preveno de acidentes de trabalho a disposio dos trabalhado-res e empresas.

    DE OLIVEIRA, Helton Carvalho. Inspeo de Segu-rana: Objetivos e Importncia. Disponvel em: . Acessado em: 27/09/2011.

    No artigo, o autor acrescenta alguns tipos e moda-lidades de inspees de segurana dando enfoque aos prazos de sua realizao.

    PARA REFLETIR

    Inspecionar o ambiente de trabalho para alguns uma rotina. Para outros, uma obrigao. Alguns fa-zem por uma questo cultural e comportamental. Reflita sobre os comportamentos apresentados aci-ma e compartilhe com seu tutor e seus colegas.

  • 59Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    2.2 Anlise e controle de riscos

    Prossigamos com nosso estudo. Nesse con-tedo, abordaremos sobre anlise de riscos e os principais controles dos riscos ambientais.

    Analisar observar cuidadosamente um de-terminado objeto ou ambiente. A observao um fator que faz parte da nossa vida e est relaciona-da sobrevivncia. Ao observar por onde anda, uma pessoa estar se preservando de ser alvo de uma queda, atropelamento ou agresso. Por isso, fazer uma leitura minuciosa do ambiente de tra-balho procurando conhec-lo com detalhes uma caracterstica positiva e compatvel com as polti-cas prevencionistas. A observao bem feita de um ambiente pode livrar uma determinada pessoa de sofrer algum tipo de agravo a sua sade ou integri-dade fsica. Fique atento! Quanto maior for o con-trole sobre um determinado ambiente maior ser a chance de evitar um evento danoso. Desse modo, estaremos aos poucos introduzindo uma cultura da preveno como contraponto cultura da correo. A mudana do atual cenrio estatstico de aciden-tes s alcanar os nveis seguros quando a me-lhoria da qualidade de vida no trabalho for mais importante do que a prpria do que as prprias organizaes. Os resultados tero ressonncia na sociedade e no pas como um todo.

    Muito bem, caro aluno, vamos raciocinar juntos: em primeiro lugar entendamos o que Analisar um risco. Fao-lhe a seguinte pergunta: o que analisar? Muito bem, Analisar pormenorizar um todo, ou seja, dividir em partes o objeto em estudo e es-miuar cada uma delas. O objeto a ser analisado pode ser um procedimento, um servio, um sistema operacional, uma rea, um projeto, em fim, consiste num estudo detalhado de cada objeto, no nosso

  • Programas de Gerenciamento de Riscos60

    caso especfico esse objeto ser o risco presente no ambiente de trabalho observando-se os concei-tos estudados nos contedos anteriores.

    A anlise de um objeto requer conhecimento prvio sobre os detalhes do mesmo. Outro aspecto importante que ser necessrio o uso de tecno-logia atravs de aparelhos que ajudaro nos traba-lhos de anlise, normas tcnicas e procedimentos de trabalho.

    No primeiro momento nos deparamos com o objeto de estudo que, como falamos, o ris-co ambiental num determinado posto de trabalho. Este posto de trabalho pode ser dividido em reas menores, e as atividades em passos, as sees em subsees at chegar ao nvel mximo de detalha-mento do objeto de anlise lembrando sempre de observar a classificao dos riscos como aprende-mos no contedo 1.2 cuja classificao : riscos fsicos, qumicos, biolgicos, ergonmicos e riscos de acidentes.

    Caro aluno, observemos agora a dinmica que est envolvida na fonte geradora do risco e os danos que trar ao trabalhador. Veja o exemplo a seguir:

    Um tcnico de laboratrio est executando sua tarefa. Ao manipular um cido, derramou aci-dentalmente sobre parte de sua pele causando-lhe queimadura. Vamos analisar o mecanismo deste acidente? Utilizaremos dois enfoques para observar-mos o que aconteceu. No primeiro momento dare-mos nfase ao agente agressivo x alvo da agresso e no segundo, as falhas no processo de trabalho.

    No primeiro enfoque os agravos so oriundos da relao agente agressivo x alvo.

  • 61Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    Nessa relao veremos a presena de trs fa-tores que causaram os danos (a queimadura), pri-meiro: o agente agressivo, o alvo e a exposio. A relao pode ser representada pela expresso:

    D = A1 x E x A2,

    D = Dano resultante da ao do agente agressivo sobre o alvo;

    A1 = Agente agressivo; E = Exposio; A2 = alvo.

    Ressaltamos que nessa expresso nenhum dos fatores poder ser igual zero, ou seja, num produto entre variveis se um dos fatores for igual zero toda equao ser nula. Lembre-se, isso matemtica elementar. Muito bem, vamos em fren-te. Conclumos ento: se um dos fatores for nulo, ou igual ao zero, no ocorrer nenhum dano, D = 0.

    Retornemos ao exemplo do acidente no la-boratrio. O dano (D) = queimadura na pele do trabalhador provocada pelo cido.

    Identifiquemos os trs fatores:

    A1 = agente agressivo ornm02 cido. A1>0;

    E = exposio (inclui-se tambm um agravante, a falta de proteo adequada), a exposio ati-nente prpria atividade de tcnico de laboratrio, em sua atividade ele sempre estar exposto aos produtos qumicos, portanto, E>0.

    No segundo enfoque destacaremos as falhas nos procedimentos produtivos. Uma empresa composta por sistema organizacional e operacional.

    A estrutura que compe um sistema organi-zacional formada por: sistema de gesto, cultura

  • Programas de Gerenciamento de Riscos62

    organizacional e liderana. Os principais compo-nentes do sistema so: as subdivises da estrutura organizacional e os trabalhadores.

    O sistema operacional controla o processo e seus recursos (mquinas e equipamentos). Vejamos alguns exemplos de sistema operacional: sistema de distribuio de gua e coleta de esgotos, sistema de distribuio de energia, sistema de transportes etc.

    Muito bem! As falhas nos sistemas organiza-cionais so causas bsicas e as falhas no sistema operacionais so causas imediatas de danos ornm02 D. Os sistemas so formados por pessoas e recursos materiais como mquinas e equipamentos. Ambos so sujeitos s falhas.

    No caso do laboratrio, pode ter ocorrido uma falha no procedimento de manuseio com ci-dos, ou falta de proteo adequada para reduzir ou neutralizar o dano ornm02 D.

    Os sistemas so operados por pessoas e a probabilidade de falhas sempre ser iminente. Por exemplo: um avio teoricamente concebido para nunca cair. Porm na prtica, os acidentes areos fazem parte de uma dura realidade em todo o mun-do. Apesar da segurana das aeronaves, dos siste-mas de operao de voos, experincia dos pilotos, sempre existir a possibilidade de uma ou mais falhas no sistema. Portanto, existe uma grande ne-cessidade de que medidas de controle e sistemas eficientes de anlises de riscos sejam implantadas nas organizacionais.

    A identificao do perigo:O perigo na verdade est presente no am-

    biente de trabalho e tem potencial para causar danos ornm02 D. importante que seja identificado e controlado.

  • 63Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    Avaliao dos riscos:Avaliar um risco analisar detalhadamente

    alguns fatores como: frequncia, consequncias, distncia entre a fonte do risco e o alvo e fazer uma avaliao quantitativa ou qualitativa deste risco. H casos em que os riscos so avaliados qualitativa-mente, por exemplo, os riscos biolgicos. No possvel quantificar vrus e sim identifica-los. J os riscos fsicos como rudo, calor, presses anormais, podero ser quantificados ou mensurados. Numa rea ruidosa na qual h perturbao auditiva, so-mente uma avaliao quantitativa, atravs de dosi-metria de rudo, servir como base segura para que as medidas de controles sejam eficientes.

    Caro aluno! diante desta exposio devemos sempre destacar que h um elemento fundamental a ser considerado quando se faz a anlise de um evento como um acidente. Esse elemento o fator pessoal. apenas um dos fatores que pode contri-buir para a ocorrncia de um acidente de trabalho, assunto que ser tratado no contedo 2.4 o fator pessoal decorrente do fator psicolgico do traba-lhador e tambm de sua origem social. Todos esses fatores devem ser considerados no momento da anlise de um determinado evento.

    Falaremos agora para falar sobre o controle dos riscos ambientais. Controlar exercer o dom-nio sobre algo, inspecionar, fiscalizar em fim ter o domnio sobre algo. No caso dos riscos ambientais no ser diferente. O risco a probabilidade de algum evento danoso ocorrer. Controlar o risco exatamente eliminar ou minimizar a probabilidade da ocorrncia de um evento danoso sade ou integridade fsica do trabalhador.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos64

    Sobre as medidas de controle:Segundo preconiza a NR 9 (Norma regula-

    mentadora N 9) do Ministrio do Trabalho e Em-prego, no item 9.3.5.1, todas as medidas devem ser aplicadas de modo a eliminar, minimizar ou contro-lar os riscos ambientais sempre que houver a cons-tatao de uma ou mais das situaes a seguir:

    1) Na fase de identificao e na fase de an-tecipao, quando houver constatao da presena de risco com potencial para tra-zer agravos sade do trabalhador;

    2) Quando se constatar, na fase de reconhe-cimento, a presena de risco sade;

    3) Quando aps as avaliaes quantitativas for observado que os valores dos resulta-dos ultrapassarem os limites de tolerncia constantes na NR 15 (Norma Regulamen-tadora N 15) do Ministrio do Trabalho e Emprego ou, na falta destes, devem-se adotar os valores dos limites adotados pela ACGIH American Conference of Go-vernmental Industrial Higyenists, ou tomar como base aqueles limites definidos em acordos coletivos de trabalho, contanto que sejam mais rigorosos que os parme-tros preconizados nas normas regulamen-tadoras vigentes.

    4) Caso fique constatado, atravs de controle mdico de sade, o nexo causal entre os agravos sade dos trabalhadores e a condio de trabalho qual esto expostos.

  • 65Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    Caro aluno, observe o exemplo a seguir:Um trabalhador pleiteava uma vaga de

    pedreiro numa obra e foi encaminhado a fazer os exames admissionais. Ao retornar ao mdico do trabalho da empresa constatou-se que o candidato vaga era portador de pneumonia e foi orientado a submeter-se a um tratamento de sade. Podemos concluir o quanto importante o ASO Atestado de Sade Ocupacional, que, nesse caso, atestou o candidato como inapto para a funo. Esse exem-plo serviu para ilustrar o quanto importante o exame admissional como instrumento de controle da sade ocupacional.

    Muito bem, caro aluno, vimos ento que as medidas de controle seguem critrios normatizados e devem ser adotadas todas as vezes que ocorre-rem uma ou mais das situaes acima. Essas medi-das podem ser administradas de acordo com os es-tudos e levantamentos ambientais e as condies s quais os trabalhadores esto expostos e podem ser medidas de proteo administrativa, medidas de proteo individual, medidas de proteo co-letiva de acordo com o nvel de exposio. As em-presas que mantm controle de toda sua estrutura organizacional sempre tero xito quando o assun-to for a segurana de seus trabalhadores. O risco deve sobre tudo ser controlado. A ttulo de ilustra-o veja a situao a seguir: sinta-se pilotando um carro esportivo de corrida a uma velocidade acima de 200 km/h. No princpio, voc ter dificuldades para dominar e conduzir bem o veculo. Depois de um perodo de adaptao e bastante treinamento, naturalmente voc ter controle sobre o veculo, o que no elimina os riscos de acidentes decorrentes das caractersticas do veculo. Da a ocorrncia dos acidentes de transito que geralmente so deriva-dos a partir da perda do controle das situaes adversas.

  • Programas de Gerenciamento de Riscos66

    INDICAO DE LEITURA COMPLEMENTAR:

    TAVARES, Jos Cunha. Noes de preveno e controle de perdas e segurana do trabalho. So Paulo: Editora Senac. p. 47-60.

    No texto, o autor aborda sobre a importncia dos pre-juzos provocados pela falta de controle dos riscos.

    WEBSTER, Marcelo Fontanela. Um modelo de melhoria contnua aplicado reduo de riscos no ambiente de trabalho. Disponvel em: . Acessa-do em: 27/09/2011.

    Em sua dissertao, o autor enfatiza o que o aci-dente no fruto apenas da atividade laboral ou erros dos trabalhadores. O autor enfoca a impor-tncia de se observar o sistema como um todo e os mecanismos da qualidade voltados para mudar e desmitificar a antiga ideia de que o acidente deve ser tratado como fato isolado.

    PARA REFLETIR

    No trabalho, o senso de observao e o nvel de ateno variam de pessoa para pessoa. Trata-se de uma questo comportamental oriunda de diversos fatores que podem ser hereditrios ou oriundos do ambiente psicossocial de cada um. A hereditarieda-de de uma pessoa no pode ser mudada, porm, mudanas no ambiente podero lev-lo a mudan-as comportamentais. Reflita e compartilhe suas concluses com o seu tutor e colegas no AVA.

  • 67Tema 2 | Estudos de mapeamentos de riscos e gerenciamento de programas de riscos

    2.3 Tcnicas de anlises de riscos

    Neste contedo apresentaremos as princ