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Universidade de Brasília
ADRIANA TELES DE ANDRADE
PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: UMA ANÁLISE DAS QUESTÕES SOCIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM ESPORTE ESCOLAR
CEAD- CENTRO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA
Campo Grande-MS
2007
ADRIANA TELES DE ANDRADE
PROGRAMA SEGUNDO TEMPO: UMA ANÁLISE DAS QUESTÕES SOCIAIS
Relato de experiência apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Professor Msc. Luis Eduardo Moraes Sinésio
Campo Grande-MS-
2007
ii
ADRIANA TELES DE ANDRADE
Programa Segundo Tempo: Uma análise das questões sociais
Relato de experiência apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores:
Presidente:
Professor Mestre Luis Eduardo Moraes Sinésio
Universidade: IESF (Instituto de Ensino Superior da FUNLEC)
Membro:
Professor Mestre Alcir Braga Sanchez
Universidade de Brasília - UNB
iii
ANDRADE, Adriana Teles de
Programa Segundo Tempo: Uma análise das questões sociais. Campo Grande-MS,
2007.
39 p.
TCC (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino à Distância,
2007.
Questões sociais. Esporte escolar. Processo de ensino-aprendizagem.
Campo Grande (MS), de março de 2007
iv
DEDICATÓRIA
Dedico mais essa vitória conquistada na minha vida
profissional, a conclusão de minha Especialização em
Esporte Escolar, as minhas filhas, ao meu esposo e
amigos pelo apoio de sempre e aos meus pais que me
ensinaram a ter respeito, dignidade, honestidade, vencer
sim, mas sem prejudicar ninguém.
v
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus;
As meninas, da Secretaria de Educação
responsáveis pelo projeto, Leize, Meire e Romilda ao
diretor Wilson pela confiança em mim depositada
profissionalmente, ao meu orientador pelo incentivo
e paciência;
Ao Ministério do Esporte pela oportunidade;
As minhas filhas e ao meu esposo pela
compreensão da minha ausência constante em
virtude da minha vida profissional e pelo incentivo,
principalmente nos momentos mais difíceis desse
relato.
vi
RESUMO
Esse relato teve como foco uma análise das questões sociais que envolvem nossos alunos, a formação do profissional, o esporte escolar e aspectos relevantes sobre a inclusão social. O suporte teórico foi encontrado em livros, artigos da internet, teses, módulos da capacitação com objetivo de conhecer teoricamente minha vivência. O desenvolvimento desses deixa claro os fatos sociais vivenciados, a necessidade de mudança da pedagogia do professor, da necessidade de uma consciência da sua função como educador e de como o esporte escolar é um grande aliado para formação de um cidadão crítico e atuante na sociedade. PALAVRAS CHAVES: Questões sociais. Esporte escolar. Processo de ensino-
aprendizagem.
RESUMO This story had as focus an analysis of the social matters that involve our pupils, the formation of the professional, the pertaining to school sport and excellent aspects on the social inclusion. The theoretical support was found in books, articles of the Internet, teses, modules of the qualification with objective to know my experience theoretically. The development of these clearly leaves the lived deeply social facts, the necessity of change of the pedagogia of the professor, the necessity of a conscience of its function as educator and of as the pertaining to school sport is a great ally for formation of a critical and operating citizen in the society.
Words keys: Social matters. Pertaining to school sport. Process of teach-learning.
vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 01: VISTA PANORÂMICA DA CIDADE
FIGURA 02: VISTA NOTURNA DA CIDADE
FIGURA 03: VISTA PARCIAL DA ESCOLA
FIGURA 04: ÁREA UTILIZADA PARA DAMA E XADREZ
FIGURA 05: PARQUE UTILIZADO PARA ATIVIDADES RECREATIVAS
FIGURA 06: QUADRA DE AREIA E CAMPO DE FUTEBOL AO FUNDO
FIGURA 07: QUADRA DO CENTRO COMUNITÁRIO
viii
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................vii
ABSTRACT................................................................................................................vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES........................................................................................viii
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................10
LEITURA DA REALIDADE ....................................................................................12 LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA.................................................................21
ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PST NA LOCALIDADE.....................................................................................................24
ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES............................................................................27
CONCLUSÃO....................................................................................................................35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................37
ix
INTRODUÇÃO
Esse relato de experiências é resultado de uma análise realizada, por mim,
durante o tempo em que fui professora-coordenadora do Programa Segundo Tempo,
na Escola Estadual Professora Hilda de Souza Ferreira, no ano de 2005, tendo
como foco central os problemas sociais da comunidade escolar e da comunidade em
geral. Hoje, se vê uma situação sócio-econômica preocupante para a maioria da
população, onde os pais precisam se ausentar de suas casas indo ao trabalho e
dessa forma, possa manter sua família, deixando seus filhos sozinhos, em muitos
casos, criança cuidando de criança.
Pensando nisso, o Ministério do Esporte idealizou o Programa Segundo
Tempo com parceria das Secretarias de Educação dos Estados. Em Mato Grosso do
Sul as atividades tiveram início no ano de 2004, atendendo 56 escolas estaduais de
Campo Grande-MS, a fim de oportunizar a prática de atividades esportivas, lazer e
inclusão social aos alunos e a comunidade no seu contra-turno escolar. Contribuindo
com o desenvolvimento do ser humano como um todo. Para muitos é a única
oportunidade de praticar esporte, fora das aulas de Educação Física.
Atualmente, a prática docente na escola vem sendo um grande desafio, uma
superação de obstáculos que se tem que ultrapassar a cada dia, pois, alguns
valores como respeito, solidariedade e cooperação não fazem parte do cotidiano de
muitos alunos, valores esses essenciais para a formação de um cidadão consciente
e de uma sociedade mais justa e democrática.
O esporte está cercado por vários interesses, tais como: político, social,
econômico, educacional, cultural e outros, por ser considerado um fenômeno
mundial. Assim, tem-se em mãos um grande instrumento de transformação da
realidade social e isso depende de como será conduzido. O esporte escolar pode
proporcionar muito mais ao aluno do que simplesmente a prática esportiva. Ele
pode resgatar valores como respeito, solidariedade, auto-estima, autonomia,
cooperação, socialização, responsabilidade entre tantos outros que em muitos casos
os alunos não recebem em casa esses valores, por causa de diversas situações
sociais como a falta de estrutura familiar, a violência, o abandono, a fome, o
desemprego, a ausência dos pais por necessitarem aumentar sua jornada de
trabalho.
Assim, o esporte escolar, bem conduzido, torna-se um instrumento muito
importante para a transformação da realidade, através dele podemos preparar os
jovens e crianças para viverem em sociedade.
O Programa Segundo Tempo é um grande aliado para essa transformação por
oportunizar mais tempo aos alunos, bem como o contato com o esporte escolar,
proporcionando ao professor trabalhar, além da atividade física, a melhoria da
qualidade de vida trabalhando as questões sociais.
Levando em consideração os Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC/SEF,
1997, pg.25), onde afirma:
(...) O lazer e a disponibilidade de espaços para atividades lúdicas e
esportivas são necessidades básicas e, por isso, direitos do
cidadão. Os alunos podem compreender que os esportes não
devem ser privilégio apenas dos esportistas. Dar valor a essas
atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um
posicionamento que pode ser adotado a partir dos conhecimentos
adquiridos nas aulas de Educação Física, sem qualquer tipo de
exclusão.
Considerando o tema adotado, esse estudo tem por objetivo mostrar os
problemas sociais detectados na comunidade escolar, como o esporte escolar pode
auxiliar para amenizar os problemas, promovendo uma situação de igualdade.
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LEITURA DA REALIDADE
O Programa, Segundo Tempo aconteceu no estado de Mato Grosso do Sul,
onde tive a oportunidade de coordenar. Este estado possui 78 municípios e está
localizado na região centro-oeste, sua capital é Campo Grande possuindo uma área
(km²) de 357.124,962 e uma população estimada em 2005 de 2.264.468 habitantes.
Sua população corresponde a 31,77% do total estadual e a arrecadação de ICMS é
de 59,83%.
A maior parte da mão-de-obra ativa do município é absorvida pelo setor
terciário (comércio e serviços). Apesar disso, a junção dos setores primário e
secundário, especialmente na agroindústria, desempenha papel importante na
economia local. A pecuária bovina abastece os frigoríficos locais, que exportam
carne para outros estados do Brasil. Além do ramo de indústria de alimentos, há
outros setores bastante ativos, como o processamento de minerais não metálicos e
a construção civil. As principais culturas agrícolas são soja, arroz e mandioca.
FIGURA 01 FIGURA 02
VISTA PANORÂMICA DA CIDADE VISTA NOTURNA DA CIDADE
O Programa Segundo Tempo aconteceu na Escola Estadual Professora Hilda
de Souza Ferreira situada à Rua Mangabeira n. 28, no bairro Coophatrabalho, na
região do Imbirussu em 2004 e 2005, porém, só no ano de 2005 fui professora-
coordenadora, nessa escola.
No Centro Comunitário do bairro existia um barracão que funcionava como
escola atendendo a comunidade, mas devido à grande procura e a falta de espaço
houve a necessidade de construir a Escola Estadual Professora Hilda de Souza
Ferreira em 1986.
A escola possui dez salas de aula, uma sala de informática, uma quadra, uma
sala de recursos (vídeos, DVD), uma biblioteca que fica no centro comunitário e há
uma média de 650 alunos freqüentes nessa escola.
FIGURA 03
VISTA PARCIAL DA ESCOLA
O grande influenciador da realidade do Programa Segundo Tempo na escola é
o centro comunitário que está sempre à disposição para atender a comunidade
escolar e a comunidade em geral, sem o centro comunitário não seria possível a
realização do programa na escola devido à falta de espaço físico para realização
das atividades desenvolvidas.
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FIGURA 04 FIGURA 05
ÁREA UTILIZADA PARA DAMA E XADREZ PARQUE UTILIZADO PARA ATIVIDADES RECREATIVAS
FIGURA 06 FIGURA 07
QUADRA DE AREIA QUADRA DO CENTRO COMUNITÁRIO
E CAMPO DE FUTEBOL AO FUNDO
No bairro, a grande maioria dos moradores é servidor público e trabalhador do
comércio. A economia local não pode ser considerada baixa levando em
consideração que se vive em um país onde a maioria da população vive em situação
de extrema pobreza e desigualdade social onde poucos são privilegiados é claro que
existem alunos de baixa renda familiar e existem grandes problemas sociais, sendo
o principal deles a falta de estrutura familiar, a maioria da nossa clientela são filhos
de pais separados, muitos moram com avós, trazendo consigo diferentes valores e
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hábitos comportamentais. Porém o respeito à cultura de cada um é a base para uma
educação emancipatória, transformadora da realidade.
A cultura local fica mais centralizada nas escolas e igrejas do bairro, são
festas tradicionais comemoradas pela comunidade. Como foi citada anteriormente, a
organização da sociedade local apresenta alguns problemas sociais, sendo um dos
problemas a ausência dos pais em casa, a ociosidade das crianças, isso acaba de
certa forma contribuindo para a realização do Programa Segundo Tempo, pois ao
invés de ficarem na rua as crianças e os pais procuram o programa para acabar com
a ociosidade.
Houve um grande interesse político, por parte da secretaria, de implantar o
Programa Segundo Tempo na escola. Além do Programa Segundo Tempo, a escola
também participou do projeto Xadrez na Escola, desenvolveu um projeto de
pesquisa sobre o córrego Imbirussu com o objetivo da preservação do meio
ambiente, desenvolveu um projeto de higiene e limpeza para conscientização dos
alunos, entre outros.
Como suporte teórico para abordagem dos problemas sociais detectados na
escola, buscou-se embasamento em alguns estudos, como por exemplo, do
sociólogo francês Emile Durkehein, 1952 que aborda sobre os fatos sociais.
Vejamos algumas características sociais, tais como a generalidade, a exterioridade e
a coercitividade, resumidas a seguir.
Generalidade: é a comunhão no pensar, agir e sentir de um grupo de
pessoas. Todos têm os “mesmos” comportamentos, seguem os mesmos parâmetros
e limites.
Exterioridade: é aquele fato intrínseco no indivíduo. Mesmo que o
indivíduo queira roubar, matar ou cometer qualquer ato ilícito, ele não o fará, mas
não porque está proibido pela lei para tais atos, mas por estar acima de sua
vontade, imperando sempre o limite do que pode ou não ser feito.
Coercitividade: É a obrigação do indivíduo a seguir determinada
orientação, conceito ou norma já preestabelecida pela sociedade (Estado).
Para ele, "a educação é uma socialização da jovem geração pela geração
adulta". E quanto mais eficiente for o processo, melhor será o desenvolvimento da
comunidade em que a escola esteja inserida.
A sociologia do francês focaliza os determinantes sócio-estruturais na
explicação da vida e dos problemas sociais. Para ele, existem “fatos sociais” que
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são reais, objetivos, sólidos, são relações sociais exteriores aos indivíduos que
perduram no tempo, os fatos sociais não são somente exteriores ao indivíduo, mas
possuem “um poder coercitivo... pelo qual se impõem a ele, independentemente de
sua vontade individual”.
Para Durkehein, o indivíduo sente, pensa e age condicionado e até
determinado por uma realidade social maior, a sociedade ou a classe. Durkehein
define o fato social como “cada maneira de agir, fixa ou não, capaz de exercer um
constrangimento (uma coerção) externo sobre o indivíduo”. Alguém pode, por
exemplo, pensar que age por vontade e decisão pessoal, na realidade, age-se deste
ou daquele modo por força da estrutura da sociedade, normas e padrões
estabelecidos.
A idéia de Durkehein (1952) é que os indivíduos participem da mesma
sociedade compartilhando valores, crenças e normas coletivas para manter-se
integrados, provocando uma solidariedade básica, que orienta as ações dos
indivíduos, uma “consciência coletiva”.
É claro que em uma sociedade nem tudo é integração e harmonia, existem os
conflitos sociais, conseqüência de uma estrutura social enfraquecida com a ausência
de normas claras, deixando o indivíduo sem saber como agir.
A sociedade fica, então, ameaçada por não impor limites aos indivíduos que
Durkehein concebia como cheios de desejos ilimitados. “Mais os homens possuem,
mais eles querem, já que as satisfações estimulam em vez de preencher as
necessidades”.
Para o sociólogo a construção social é feita em boa parte pela educação e a
principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para harmonia
social. E a construção de um cidadão requer certa reflexão sobre seus valores, a
compreensão dos seus direitos e deveres individuais e coletivos. Valores esses
muitas vezes deixados na responsabilidade da escola e do professor.
Diante disso, vemos a família cada vez mais distante e acabamos
enfrentando problemas sociais no nosso dia-a-dia como a falta de estrutura familiar,
a fome, o desemprego, a violência, o comportamento rebelde, enfim inúmeros fatos
sociais.
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O conceito de família seria uma unidade básica da sociedade formada por
indivíduos com ancestrais comuns ou ligada por laços afetivos, que deveria ser
unida, capaz de manter seus membros moralmente, materialmente e reciprocamente
durante toda a vida.
Portanto, o papel dos adultos, a responsabilidade pela socialização da criança
contribuindo para o desenvolvimento mental e social, cuidados físicos e emocionais
da mesma é sempre o mesmo.
No entanto, quanto à falta de estrutura familiar, foi realizada uma pesquisa
com menores infratores divulgada em maio de 2006, no estado do Paraná, pela
COAV (é a sigla em inglês para ‘Crianças e jovens em Violência Armada
Organizada) e essa foi apontada como a maior responsável pela violência entre os
jovens, a pesquisa mostrou que apenas 32% dos adolescentes entrevistados
moravam com os pais biológicos e essa realidade não está distante da nossa.
Muitas crianças não encontram na família o sustento necessário para sua
sobrevivência e outras vivem num clima familiar de tensão e medo. Para Russel
(apud Vargas, 1995, p.29), “a agressão não é espontânea e nem instintiva e sim
uma reação a frustrações sociais intoleráveis e, às vezes, uma reação oriunda de
situação específica”.
Alguns alunos possuem um comportamento agressivo que atrapalha o bom
andamento das atividades. A maioria desses alunos agressivos vai à escola
obrigada por conselhos tutelares ou pelos responsáveis. Eles não possuem
nenhuma perspectiva de futuro e quando o esporte trabalha com a interação social,
respeito às regras, a inclusão e a autonomia é de grande importância na reversão
desse quadro de violência, pois a necessidade de se trabalhar em grupo ensina-se a
viver socialmente, além de contribuir para a formação da personalidade desses
alunos.
Erradicar a violência não é fácil, uma vez que suas causas são complexas e
de caráter estrutural, é necessário um trabalho em equipe com professores, alunos,
funcionários, comunidade e a polícia, uma vez que todos são responsáveis pela
formação desses cidadãos, estabelecendo uma maior compreensão da violência
como um fenômeno social, pois somente o trabalho em conjunto pode superar as
dificuldades do processo educacional.
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É preciso acabar com o jogo de empurra-empurra, os professores culpam os
pais pela indisciplina, os pais culpam os professores, a escola, o sistema e assim por
diante.
O esporte escolar trabalhado de forma consciente contribui para inclusão
social uma vez que reduz as desigualdades.
Entende-se uma educação transformadora, segundo Freire aquela em que a
pessoa que ensina seja comprometida com a transformação social do indivíduo de
forma coletiva, social e política sendo o professor um agente da inclusão.
Não haverá mudanças se os profissionais não assumirem suas
responsabilidades, deixando de se preocupar tanto em produzir um atleta e se
preocupar mais em produzir um cidadão.
O esporte escolar deve dar a todos a oportunidade de desenvolver suas
potencialidades, para Paes (1998): “quando se pensa no esporte como meio de
educação, é preciso ter convicção de que o importante não é o jogo, mas sim quem
joga”.
Para falar de inclusão, partiremos do princípio que nenhuma criança deve
estar fora da escola desenquadrando o padrão de normalidade e produzindo
igualdade a partir das diferenças.
Daolio (1995) questiona os motivos que fazem com que professores de
educação física resistam às críticas e as novas propostas mantendo uma prática no
biológico.
Valores como socialização, responsabilidade, respeito, cooperação, liderança,
personalidade, vida saudável pode ser adquirida através da prática desportiva
dependendo da forma como é direcionada.
Para Moreno e Machado (2006), o esporte na escola é importante por vários
motivos: ser um dos conteúdos da educação Física, da escola ser uma agência de
promoção e difusão da cultura e mesmo por uma questão de justiça social.
É necessário dar significado às atividades realizadas, o aluno precisa
entender o porquê daquela atividade, desenvolver uma pedagogia esportiva que
permita a desmistificação da cultura esportiva para todos analisando-a criticamente.
Hoje o esporte apresenta-se como um direito de todos e Tubino (1999)
escreve três manifestações, reescritas a seguir:
• Esporte-Educação: é um processo educativo de caráter formativo tendo como
objetivo o exercício da cidadania dentro e fora da escola.
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• Esporte-Participação: tem princípio o prazer lúdico, o lazer utilizado de forma
construtiva no tempo ocioso, não há compromisso com regras promovendo
uma prática esportiva democrática.
• Esporte-Performance: é o esporte de rendimento, visando competição e
exigindo as regras institucionalizadas.
Assim, ao trabalhar o esporte na escola, deve-se ter em mente trabalhar a
formação integral do estudante, como sua formação para o exercício da cidadania. Não basta apenas conhecer o assunto, ser especialista é preciso ir além e se
perguntar Como? O quê? Para quem e por que ensinar? O esporte só é pedagógico
e educativo quando proporciona obstáculos, desafios, cada um dá o máximo de si,
sem se tornar obrigação.
Não se pode ser apenas reprodutores do esporte que se espera (alto
rendimento) e sim promover um esporte com generosidade, respeito e consciência
de sua ideologia, jamais um esporte seletivo, por isso é necessário uma reflexão ao
que representa ou deve representar ensinar.
Perrenoud argumenta sobre competências prioritárias entre elas: envolver os
alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho, envolver os pais e a própria
formação continuada, pois o conhecimento não é definitivo.
Uma das grandes discussões em Educação Física é sobre seu conteúdo,
geralmente utiliza-se o jogo, mas será que se utiliza um jogo transformador,
inocente e divertido, ou do jogo em si, libertino e passional?
Essa é uma preocupação, já que nosso conteúdo está ligado ao jogo e ao
exercício corporal, porque não considerar as atividades corporais que a criança
realiza por prazer, brincando elas riem, conversam, questionam-se, e aprendem
muito com isso, além de desenvolver a parte motora, estão aprendendo a conviver
em sociedade com suas diferenças.
Quer se formar um cidadão completo, se impor aos alunos determinadas
atividades repetitivas, não estamos lhes proporcionando um aprendizado para
liberdade e a criatividade.
É preciso cada vez mais que brigar por nosso espaço, pois numa escola que
visa preparar o aluno para exames e vestibulares, se a lei não estivesse ao nosso
lado, com toda certeza a Educação Física estaria fora das mesmas. E para estar de
acordo com as regras aceitas pela sociedade, geralmente o que se ensina é o que
vem pronto, sem se preocupar com os interesses e necessidades dos jovens.
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O papel principal do professor é ensinar, e o jogo ensina muito, pois permite
criar, imaginar, tomar decisões. Precisa-se educar para a vida, não importa se o
aluno vai se tornar um gênio ou não, para isso é preciso mais que memorizar
informações, é preciso ter consciência, se tornar autônomo, a vida é um constante
aprendizado, a cada dia e a cada experiência se aprende.
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LEITURA DA REALIDADE ESPECÍFICA
O Programa Segundo Tempo, na escola, foi recebido e incentivado por todos
os envolvidos, diretor e coordenadores da escola, demais professores, professora-
coordenadora, acadêmicos estagiários e principalmente os alunos pela oportunidade
de ocupar seu tempo com uma prática agradável e saudável.
Ao iniciar o Programa Segundo Tempo tinha uma média de 200 alunos
inscritos, de várias idades entre seis e dezessete anos, coordenados pela autora
desse relato, e dois estagiários graduandos em Educação Física, um no período
matutino e outro no período vespertino. De segunda a quinta-feira eram
desenvolvidas atividades diversificadas com aluno e na sexta-feira era realizado o
planejamento com a professora-coordenadora e duas vezes por semana as
atividades eram assistidas pela mesma. As turmas foram divididas por faixa etária e
atendidas em horários diferentes no período matutino e vespertino.
As atividades desenvolvidas foram voleibol de quadra e de areia,
basquetebol, handebol, futsal, recreação, dama, xadrez e atletismo.
A participação dos alunos foi realizada de uma forma bem democrática, no
início do Programa Segundo Tempo realizou-se uma reunião com os alunos
apresentando as atividades que seriam oferecidas e assim cada um poderia
escolher a/ou as modalidades para participar.
Essa atitude teve como objetivo deixar o aluno escolher o que realmente
gostaria de fazer sem impor nenhuma atividade e para nossa surpresa a grande
maioria se envolveu em todas as atividades oferecidas dentro da sua faixa etária.
As atividades foram distribuídas nos dias de atendimento ao aluno e o
cronograma dividido em horários de acordo com a idade. No período matutino,
iniciavam-se às 07h00min até as 08h40min min, quando era oferecido o lanche
atendendo alunos de seis a dez anos. Às 08h40min min iniciavam-se as atividades
com os alunos de onze a quatorze anos, às 10h20min horas o lanche era servido e
os alunos dispensados, após o lanche.
No período vespertino, as atividades tinham início às 13h00min atendendo
alunos de onze a quatorze anos, às 14h40min o lanche era oferecido dando início às
atividades com os alunos de quinze a dezessete anos, tendo encerramento às
16h30min min com o lanche.
Porém, como tudo na vida, surgiram algumas dificuldades, começando pela
falta de espaço na escola que só possui uma quadra e tinham as aulas de Educação
Física como prioridade para o uso da mesma, assim, supera-se o primeiro obstáculo.
O presidente do Centro Comunitário do bairro cedeu um espaço bastante amplo
como mostram as fotos, localizado atrás da escola, ficando assim definitivamente
resolvido a questão do espaço.
O comportamento agressivo de alguns alunos foi um dos entraves
enfrentados, mas procurando entender o que havia por trás de toda aquela
agressividade e constatou-se que era apenas uma reação daquilo que viviam das
suas frustrações.
Assim, com muito diálogo, compreensão, e através das atividades foi possível
reverter à situação elevando a auto-estima do aluno e diminuindo a tensão
emocional, os problemas disciplinares e a aprendizagem foram mais eficientes com
mais chances de êxito por estarem confiantes.
Dessa forma, o profissional deve gostar do que faz, assim terá motivação para
atingir seus objetivos e o professor motivado encara os desafios com otimismo
superando os obstáculos. É importante que haja um relacionamento de afeto entre
professor/aluno. A interação entre ambos pode demonstrar respeito um pelo outro,
aceitação, apoio e amor facilitando o desenvolvimento das atividades trabalhadas,
valorizando o ser humano.
O programa contribui muito para mudanças comportamentais, principalmente
por ocupar o tempo ocioso evitando que o aluno fique na rua, e essas mudanças são
muito significativas para a escola e para os alunos, por se sentirem incluídos.
Outro grande desafio foi à falta de preparação dos acadêmicos. No início
observei que um deles tinha um problema na fala, era gago e por isso tinha uma
imensa dificuldade de comunicação e por esse motivo acabava não tendo o controle
emocional necessário para lidar com as crianças e acabava deixando-as à vontade,
do tipo que joga a bola e fica assistindo.
A minha intervenção, nesse caso, foi fazer um trabalho de conscientização
dos alunos em relação ao respeito às diferenças e mostrar ao estagiário que ele
havia escolhido essa profissão e tinha um desafio a ser vencido a cada dia,
apresentando-lhes as propostas de uma pedagogia inovadora que utilizamos para o
desenvolvimento das nossas atividades.
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Questões como ética e moral invadem nossa vida, exigindo mudanças, pois se
espera que o profissional levante-se em defesa dos direitos da maioria com um
serviço de qualidade e competência ética.
Levando em consideração os PCNs, onde afirma: ”... O lazer e a disponibilidade
de espaços para atividades lúdicas e esportivas são necessidades básicas e, por isso,
direitos do cidadão, é que foi possível resolver mais um problema dentro do programa
na nossa escola. Acontece que alguns alunos diziam não poder participar das
atividades por não terem com quem deixar o irmão ou irmã mais jovem, pois os
responsáveis saiam para trabalhar deixando o filho mais velho (que na nossa
realidade tinham entre 10 a 12 anos) cuidando dos seus irmãos mais novos.
Chegando a conclusão de que é direito de todos e que o Programa Segundo Tempo
tem por um dos objetivos a inclusão social permitimos que esses alunos levassem
seus irmãos para participarem das atividades envolvendo assim não apenas os
alunos matriculados na escola, mas também aqueles que faziam parte daquela
comunidade.
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ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS OBSERVADOS NO PROGRAMA SEGUNDO TEMPO NA LOCALIDADE Agora a difícil tarefa de relatar o que foi bom e o que é preciso aperfeiçoar
dentro da nossa realidade.
Começando pelos pontos positivos que são muitos, como: garantir o direito a
todos de participar de atividades lúdicas e esportivas, acabar com a ociosidade dos
alunos tirando-os da rua, oferecer um reforço alimentar, participar da construção da
personalidade do aluno transformando-o em um cidadão pensante, crítico e
autônomo, além de proporcionar aos acadêmicos experiência e uma maior
preparação como futuros educadores.
Falando em direito a atividade esportiva, os alunos podem compreender que
os esportes não devem ser privilégio apenas dos esportistas. Dar valor a essas
atividades e reivindicar o acesso a elas para todos é um posicionamento que pode
ser adotado a partir dos conhecimentos adquiridos nas aulas de Educação Física. Justifica-se ainda, no Manifesto Mundial da Educação Física da Federação
Internacional de Educação Física- (FIEF, jan./2000, capítulo XXIII):
• Art. 9- A Educação Física, deverá eticamente ser utilizada sempre
como um meio adequado de respeito e de esforço às diversidades
culturais.
• Art. 10- A Educação para o Esporte, pelo potencial humanístico e
social que o fenômeno sociocultural esportivo representa, de ser
estimulada e promovida em todos os processos de Educação Física.
• Art. 11- O Esporte Educacional e o Esporte-Lazer ou de tempo livre
devem ser considerados como conteúdo da Educação Física pela
similaridade de objetivos, meios e possibilidades de utilização ao
longo da vida das pessoas.
E, fundamenta-se na “Exposição de Motivos” do conselho Ibero-Americano do
Desporto (Madri, dez/99), onde diz: ...Convencidos de que o Desporto ocupa um
lugar cada vez mais importante na sociedade e que se converteu num elemento
essencial de desenvolvimento cultural; e da importância do Desporto como
instrumento para o fomento da compreensão internacional, o respeito mútuo, a
amizade e a cooperação entre os povos. Reafirmando a necessidade de alargar os
benefícios do Desporto ao maior número de pessoas possível, sem qualquer tipo de
exclusão. O Esporte tem importância fundamental para a Educação e é o melhor
remédio contra as Drogas e a Violência.
O Brasil é um país de grandes contradições. É um país rico: possui terras,
riquezas naturais, matéria-prima, alta tecnologia, recursos humanos. Mas o Brasil
não esconde sua outra face, de miséria, desemprego, fome, violência. O confronto
entre dois mundos tão diferentes em um só país revela a desigualdade e a injustiça
social cometidas diariamente a milhares de brasileiros. “Erradicar a pobreza e a
marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”. Este é um dos
objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, contidos no artigo terceiro
da Constituição Federal de 1988. Mais do que um dever do Estado, a inclusão social
dos mais pobres deve ser a luta de toda a sociedade brasileira.
Lembrando que partindo do princípio do esporte para todos estamos também
trabalhando a inclusão social, sendo um ponto de partida para melhores condições
de vida reduzindo as desigualdades.
Falando de tempo livre, com o programa as crianças trocam o tempo ocioso
por práticas esportivas educativas aprendendo a ser cidadão ao invés de estarem na
rua, diminuindo os riscos de distorção social e conseqüentemente os riscos que trás
a ociosidade. O fato é que, no universo desses projetos, é consenso entre pais,
alunos, professores e formadores de opinião a necessidade da ocupação do "tempo
ocioso" das crianças e dos jovens. Tempo ocioso é tempo perigoso.
O reforço alimentar, a hora do lanche era um dos momentos mais esperados
por alguns alunos, principalmente por aqueles oriundos de família mais carentes, a
fome é um fato social que atinge milhões de pessoas. Em 2006, as celebrações em
torno da semana da alimentação tiveram um significado especial porque o Brasil,
pela primeira vez, tem sua Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
(Losan). Elaborada, em conjunto, pelo governo e sociedade civil, com a aprovação
do Consea (Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional), teve uma
rápida tramitação no Congresso. A promulgação da lei, no final de setembro, marca
uma das mais importantes conquistas da sociedade, ao conferir à alimentação o
status de direito.
Passando agora para os pontos negativos do Programa Segundo Tempo,
destaco a falta de preparação e conscientização dos estagiários, o material, o
25
lanche, os uniformes e também a falta de transporte para que o aluno possa vir
participar das atividades.
No início pode-se observar que os estagiários tinham certa dificuldade em
trabalhar com os alunos, é compreensível certa insegurança no começo, mas com o
tempo percebi que 50% era comodismo. Minha intervenção nesse sentido foi de
mostrar a eles se era essa a profissão que eles realmente gostariam de ter, se
tinham certeza e consciência da responsabilidade ser um formador de opiniões, se
gostariam de ser transformadores ou simplesmente reprodutores. Diante desses
questionamentos a qualidade das atividades melhorou muito, passaram a ser mais
ativos, criativos e conscientes das suas responsabilidades.
O material oferecido não era suficiente e de má qualidade, vindo a se estragar
rapidamente.
O lanche, apesar de destacá-lo como um dos pontos positivos, agora como
um ponto negativo também, além de chegar atrasado à maioria das vezes, as frutas
que era o lanche preferido pelas crianças (até porque muitas delas só comiam uma
fruta na escola) vinham grande parte estragada a ponto de negociar com a escola
pra que utilizasse e depois a escola repunha o lanche para os alunos do programa,
pois se não fizesse essa negociação poderia acabar perdendo tudo, as crianças
reclamavam também sobre as bolachas que eram servidas sem nada para beber.
Mas apesar disso o lanche é muito importante, pois alguns alunos não tinham
opções melhores em casa.
Outro ponto negativo foi que as camisetas prometidas nunca chegaram à
escola e os alunos ficaram na expectativa.
O ponto mais negativo é a falta de transporte para que o aluno venha
participar do Programa Segundo Tempo, a questão da distância da residência dos
alunos pra escola influencia na participação dos mesmos, pois nem todos moram
perto e não têm condições financeiras de pagar o transporte, alguns iam a pé, de
bicicleta, mas com o tempo acabavam desistindo.
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ANÁLISES, CRÍTICAS E SUGESTÕES
O indivíduo só poderá agir na medida em que aprender a conhecer o contexto
em que está inserido, a saber, quais são suas origens e as condições de que
depende. E não poderá sabê-la sem ir à escola, começando por observar a matéria
bruta que está lá representada.
Fazendo uma análise desse relato, fruto de uma grande experiência, tanto
profissional como pessoal, conhecendo a realidade do próximo e os fatos sociais nos
quais os mesmos estão inseridos levam-se a uma reflexão sobre a prática
pedagógica utilizada.
Vendo a Educação como um meio de socialização, essa educação tem que ser
de qualidade e eficiente, o ideal seria uma sociedade de igualdade composta por
cidadãos pensantes, ativos e críticos, porém o que vemos é uma sociedade fraca,
desigual e pessoas que agem de acordo com as normas e padrões estabelecidos e
cabem a nós, professores, educadores mudarmos esta realidade.
Um dos grandes problemas enfrentados é a ausência da família, seja por
trabalho ou por falta de interesse, fomos abandonados pelas famílias, deixando
sobre professores e escola a responsabilidade e educar seus filhos, essa
desestrutura acaba provocando outros problemas como: o comportamento
agressivo, a falta de interesse pela aprendizagem, a falta de perspectiva para o
futuro e assim por diante. Vendo dentro da escola o reflexo da sociedade atual.
Entra aqui a importância que o esporte possui na reversão desse quadro, pois
ensina a viver em sociedade e reduz as diferenças se for trabalhado de forma
consciente, somente o compromisso com a educação poderá transformá-la e nós
professores de educação Física somos privilegiados, pois através do esporte se
pode trabalhar valores, além de que o esporte é tido como direito de todos
possibilitando assim atingir a massa.
Mas para que isso aconteça de fato, é necessário que o professor tome
consciência da necessidade de estar sempre se aperfeiçoando, refletindo suas
práticas pedagógicas e assumindo seu papel na sociedade, acima de tudo o
profissional deve realmente gostar do que faz e não fazer por fazer ou pela
remuneração financeira e sim por prazer e amor. É preciso educar para a vida e para
isso é necessário mais que armazenar informações.
A dificuldade pedagógica emocional dos acadêmicos lidarem com os alunos no
início foram marcantes, levando a uma reflexão sobre a formação profissional, será
que nas universidades continuam formando técnicos ou houve sim as mudanças,
mas o comodismo fala mais alto que o conhecimento adquirido?
O bom professor não é o atleta e sim o cidadão crítico e consciente de suas
responsabilidades e principalmente aberto às mudanças que se fazem tão
necessárias, mas infelizmente vemos vários colegas de profissão que não aceitam
as mudanças como necessidade, não abandonando formas conservadora e
tecnicista de ensino, será que agem assim por ser o tecnicismo mais cômodo, por
terem a ilusão de que o conhecimento é definitivo ou por comodismo estando de
olhos vendados as novas concepções? Afinal não é fácil formar cidadão, quando o
sistema pede apenas robôs como diz Medina (1992). Medina, apud Adriano de
Souza (2004).
Fala-se tanto em educação de qualidade e os próprios educadores não param
para refletir que isso depende da qualidade do conhecimento transmitido, por isso é
preciso uma transformação interna para alcançar a sociedade mais justa que se
almeja.
Antes de fazer minha crítica e sugestão gostaria de mostrar que a proposta do
Programa Segundo Tempo é democratizar o acesso à prática esportiva e de lazer
realizadas no contra-turno escolar a fim de colaborar para a inclusão social, bem-
estar físico, promoção da saúde e desenvolvimento intelectual e humano e
assegurar o exercício da cidadania, oferecendo uma prática esportiva de qualidade,
garantindo recursos humanos qualificados.
De acordo com Drumonnd (2004), toda profissão ao ser exercida deve estar
fundamentada na técnica (formação científica), no aprimoramento profissional
(atualização permanente) e na ética.
Segundo Freire (1988), afirma que: “as pessoas aprendem a dar aulas bem,
tendo por trás desses compromissos morais, sociais e ideológicos. O profissional
deve ter em mente que o aluno ouve e observa as atitudes do professor”.
A Educação Física encontra muitos preconceitos que vêem desde a sua
origem, pois se formavam técnicos ao invés de professores (Scaglia) hoje a
formação do profissional já passou por grandes mudanças não se pensa mais em
28
um profissional capaz apenas de executar habilidades motoras e sim conhecer,
compreender o homem em movimento e suas limitações.
O bom profissional não é aquele que sabe executar com perfeição um gesto
motor e sim aquele que respeita as limitações e capacidades, compreende as
necessidades dos alunos e desperta a consciência da importância da atividade física
(Tani, 1996).
Numa perspectiva de transformação o foco central é o educando, ser
conscientizado, capaz de decifrar o mundo que o cerca. Segundo Freire (1994), um
ser reflexivo que participa plenamente na relação dialética homem-mundo, que não
diminui não se reduz e nem se resigna a simplesmente estar no mundo.
É necessário o professor resgatar para sua prática o compromisso social. É
possível que a falta de interesse, as dificuldades do professor esteja relacionada
com sua formação acadêmica, a desvalorização da profissão, a falta de espaço
adequado, materiais de baixa qualidade e insuficientes e principalmente o
comodismo.
A oposição entre o tradicional e critico é notada em qualquer aspecto da vida,
pois envolve uma visão de mundo e sociedade, e dentre as oposições o que mais
chama atenção é que o tradicional almeja a passividade do aluno, ele assimila e
aceita tudo, não considerando a participação do aluno na aprendizagem e o
tradicional vê o conhecimento como definitivo o que é uma ilusão, pois o
conhecimento é provisório.
O professor é um trabalhador como outro qualquer, porém sua função social é
muito grande, é responsável pela formação do cidadão ativo e participativo da
sociedade. Assim, o professor deve ter claro se é pela transformação ou pela
reprodução que ocorrerá essa formação.
Sendo assim, Kunz e Saviani, apud Suraya Cristina Darido (2004) auxilia
nessa discussão e como fonte inspiradora desse trabalho adotam-se duas
concepções: crítico-superadora e crítico-emancipatória.
• Crítico-superadora: utiliza-se da justiça social como apoio, é diagnostica
porque lê os dados da realidade, interpreta e emite um juízo de valor. Propõe
que se considere a relevância social dos conteúdos, sua contemporaneidade
e sua adequação as características sociocognitivas dos alunos, os mesmos
conteúdos podem ser trabalhados de forma mais aprofundada ao decorrer
das séries e não por etapas. Para esta abordagem a Educação Física é uma
29
disciplina que trata a cultura corporal através de jogos, ginástica, esportes e
danças. O mais importante é o aspecto histórico. Tendo como autor de base
Saviani.
• Crítico-emancipatória: trás uma reflexão sobre a transformação didático-
pedagógica, deve-se libertar o ensino das falsas ilusões, interesses e
desejos construídos nos alunos, é baseado no ensino critico, pois a partir
dele o aluno compreende a estrutura autoritária que o cerca. O papel do
professor é confrontar o aluno com a realidade e ele próprio encontrar meios
para seu sucesso, o aluno deve aprender a perguntar e questionar. Sendo o
principal autor Elenor Kunz (1994).
O grande trunfo do professor de Educação Física que atua com esporte
escolar é a criatividade aliada a sua formação (que não termina na faculdade), sua
posição crítica para oferecer uma pedagogia de qualidade para todos, abandonando
formas conservadoras de ensino. Não basta ensinar, mas preocupar-se como
ensinar. O conteúdo da especialização vem abrir novos horizontes fazendo repensar
a prática, abrindo os olhos para o Esporte Escolar como uma atividade esportiva
igual e inclusiva onde os alunos não só aprendem, mas também criam. Não é tarefa
fácil, pois como diz Medina “não é fácil formar homens quando o sistema pede
robôs”.
O esporte possui um papel importante no desenvolvimento das habilidades
sociais como: auto-estima, autonomia, respeito, solidariedade, sentido coletivo,
liderança, disciplina entre outras.
O objetivo deve ser que o individual não se sobressaia ao coletivo, que a
ganância não supere a solidariedade e que a compaixão não seja superada pela
crueldade (Freire e Scaglia).
Deve-se lembrar que a aula é para todos não podendo ser tecnicista e
excludente, e sim dar autonomia ao aluno para tomar decisões no jogo, levando
isso para sua vida.
Entende-se que os esportes sejam parte da cultura corporal e social. Os
esportes coletivos apresentam semelhança entre si, se caracterizam também pela
necessidade de cooperação entre os elementos da equipe.
É importante ensinar ao aluno não apenas o movimento, mas fazê-lo
compreender quando e porque usar, levando sempre em consideração as
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habilidades que os alunos já possuem, propondo atividades compatíveis a todos
para não desmotivar os menos habilidosos.
Freire (2003), afirma que as brincadeiras de rua são responsáveis pelo
aprendizado dos craques do futebol. Para Alcides Scaglia (1999) esses mesmos
craques quando ministram aulas não valorizam essa experiência lúdica
esquecendo-se assim da sua cultura corporal. Precisamos utilizar mais
brincadeiras em nossas aulas porque para criança brincadeira é coisa seria e na
seriedade se aprende.
É importante trazermos isso para a didática do esporte:
Posicionamento Tradicional Posicionamento Crítico
A comunicação verbal é simplesmente
para passar as orientações do que o
aluno deve fazer.
Permite que o aluno participe,
questionando e apontando soluções.
Seletiva Para todos
Busca a técnica através de movimentos
repetitivos e mecânicos.
Dá liberdade para o aluno criar seu
movimento, sua técnica.
Tem o aluno como objeto não
considerando o que ele já sabe.
Considera o aluno como sujeito
aprendendo a partir do que já sabe.
Gera dependência sem poder de
decisão.
Cria autonomia, toma decisões
conscientes de suas ações.
Precisa-se um entendimento complexo do fenômeno corpo, para a percepção
do mesmo dentro do esporte.
Se perguntarmos qual é o lugar do corpo na escola, a maioria responderia que
é na aula de Educação Física, as outras disciplinas estabelecem uma comunicação
oral – visual – auditiva solicitando apenas o intelecto, como se para assistir a aula
basta que a criança tenha olhos, ouvidos e as mãos. Acreditando assim que há um
momento desenvolver o intelectual e outro momento para desenvolver o corporal
como se fosse possível o aluno deixar o corpo de fora nas aulas de matemática, por
exemplo.
De acordo com o dicionário, corpo é qualquer porção de matéria que forma um
todo distinto, o corpo é uma complexidade. Pode-se compreender hoje que o corpo
humano é uma organização que guarda toda a complexidade presente no universo
definindo melhor a palavra corporeidade, porque a palavra corpo está associada
31
apenas ao que é orgânico-físico-motor, a palavra corporeidade permite compreender
o todo; definindo o ser humano como ser complexo.
A conclusão que nos leva Platão é que o corpo é nossa parte desprezível e a
alma é a porção divina, o corpo deveria ser ágil e forte o suficiente para obedecer
cegamente aos desígnios da alma.
As referências da Educação Física são: Ling, Jahn, Amoros e Clias, a base de
seus métodos era militar. Nesse período, introduziu-se a ginástica mecânica com
aparelhos. Huard e Wong acentuam que no século XIX a cultura corporal era
destinada a evitar doenças e tornar o corpo submisso a racionalidade, os exercícios
eram repetitivos e mecânicos como uma máquina.
O inicio do século XX foi marcado pela preocupação estética do corpo, o
surgimento da ginástica rítmica acentuou o aspecto de beleza e do lúdico. Na década
de 1930 o desejo dos corpos delineados, ornados, sedutores, delicados e cheios de
atributos físicos surgia estruturando uma nova mulher; moderna, ágil, batalhadora e
capaz de enfrentar os desafios do novo tempo que anunciava progresso. “Vive-se
hoje uma espécie de ditadura daqueles que querem que os fora dos padrões,
principalmente os menos magros, sintam culpa de sua aparência, não pelo fato da
gordura não ser benéfica, mas porque precisam dessa culpa para alimentar uma
indústria que se beneficia dessa insegurança, sentindo como se seu sucesso pessoal
dependesse unicamente de seu corpo ou da roupa que estiver usando!” O corpo é
mais que nunca um veículo comercial.
Silvino Santin, criticando a perspectiva dualista para a compreensão do homem
acentua que Educação Física se encontra em um dos lados dessa proposta que
compreende uma educação dos valores da mente e a educação que visa
desenvolver o físico, Santin afirma:
O homem não age por partes, mas age sempre como um todo; o
pensar, as emoções, os gestos são humanos, não são ora físicos ora
psíquicos, mas sempre totais. O homem é corporeidade e, como tal,
é movimento, é gesto, é expressividade, é presença. Ao pensar nisso
vemos a importância de se trabalhar cada vez mais a consciência
crítica dos educandos para que possam questionar aquilo que lhes
são impostos como padrões (SANTIN).
32
Vivemos um momento de política em torno da escola pública democrática e de
qualidade, mas sem generalizar infelizmente ainda existe uma prática tecnicista e
conservadora. A escola é uma instituição social que tem por objetivo maior a
formação do indivíduo, na Educação Física isso significa um planejamento e ações
que contemplem o ser social em múltiplas dimensões.
Muitas são as concepções de esporte, duas utilizadas com maior freqüência, é
uma espécie de jogo e a outra como um fenômeno cultural. A competitividade e a
espetaculosidade são alavancas de transformação do lúdico em trabalho. A
transformação do lúdico em mercadoria torna-se violência contra si mesmo. A
qualidade da educação começa pela qualidade do conhecimento oferecido, hoje além
de negar o conhecimento da cultura corporal a banaliza com exercícios mecânicos de
técnicas desportivas desprovidas de conteúdo social.
Jogos e esportes devem se sustentar numa concepção inovadora, na qual
todas suas manifestações possam existir sem determinação do mercado. Um
programa nessa perspectiva deve assegurar: direito ao esporte como bem cultural,
um esporte que não concentre o talento esportivo, espaços e equipamentos que
atendam as necessidades lúdicas e outras.
Quanto à inclusão de um modo mais amplo mostra-se um assunto bastante
complicado, não se é contra, mas não é simplesmente pegar um aluno com
necessidades especiais e jogar dentro da escola sem a devida preparação dos
professores e sem estrutura física para o mesmo, pode-se afirmar que os jogos e
esportes estão passando por um grande desafio, atender à nova realidade da política
de inclusão, atualmente não apenas pessoas portadoras de deficiência tiveram
acesso ao esporte, mas também idosos, crianças, gestantes, cardiopatas e outros,
em razão da inclusão, não se pode continuar ensinando os mesmos conteúdos como
se todas as pessoas fossem iguais, é preciso oportunizar-lhes conhecimentos
compatíveis com as diferenças. A maneira como o professor retrata a realidade faz
muita diferença na prática escolar e social, uma coisa é trabalhar para transformar a
realidade e outra é trabalhar apenas para adaptar o indivíduo a realidade.
O entendimento da diversidade humana precisa ser resignificado, direcionar as
políticas sociais para uma lógica que garanta modificações radicais na forma de gerar
e distribuir riquezas, caso contrário os incluídos e excluídos continuarão os mesmos.
Sendo assim a política da inclusão aponta para a necessidade de uma nova
perspectiva para os jogos e esportes onde possibilitem a participação de todos em
33
espaços e tempos iguais. Para isso temos que nos transformar internamente para
tornar possível a transformação social rumo ao mundo que queremos.
O que gostaria de ressaltar aqui que a proposta do Programa Segundo Tempo
é maravilhosa, um projeto federal que vê no esporte uma esperança de mudança
social valorizando dessa forma o profissional de Educação Física. Mas a minha
pergunta é: será que os objetivos do projeto estão sendo, de fato, garantido ao
aluno? Ou está apenas no papel? Fica então um questionamento e uma crítica aos
colegas descompromissados com suas responsabilidades, pois como aborda o
sociólogo francês Emile Durkehein, a principal função do professor é formar
cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social.
E como sugestão fica registrada a necessidade de maior rigor no
acompanhamento por parte dos gestores estaduais e a oferta de transporte para a
locomoção do aluno.
Alguns dos resultados esperados pelos idealizadores do programa e que
obteve sucesso são: melhoria nas capacidades e habilidades motoras dos
participantes; melhor rendimento escolar dos alunos envolvidos; diminuição da
evasão escolar nas escolas atendidas; melhoria da qualificação de professores e
estagiários de Educação Física envolvidos através da especialização e experiência
vivida; melhora da auto-estima dos participantes; diminuição no enfrentamento de
riscos sociais pelos participantes; geração de novos empregos no setor de Educação
Física/ esporte nos locais de abrangência do Programa Segundo Tempo.
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CONCLUSÃO
Esse relato teve como foco de análise questões sociais detectadas em uma
Escola Pública Estadual em Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul, e o
desenvolvimento do Programa no ano de 2005. Identificou-se por parte de alguns
acadêmicos participantes, a inexperiência em lidar com a diversidade social dos
sujeitos (alunos).
Essa experiência de trabalhar no Programa Segundo Tempo e a oportunidade
de conhecer o conteúdo da Capacitação em Esporte Escolar possibilitou-me
conhecer e apreciar outras formas de apropriação do conhecimento a ser
operacionalizado nessa comunidade.
A Educação Física vem se modificando ao longo do tempo, com mudanças
em sua estrutura de ensino-aprendizagem, deixando de lado práticas pedagógicas
tradicionais e adotando uma pedagogia progressista. O esporte escolar pode ser
visto como um instrumento de transformação social, dando abertura ao professor
para trabalhar valores e atitudes humanas. Fazendo-se necessário que o
profissional passe por uma transformação de repensar a sua prática, pois é preciso
ter coragem de mudar, despertando valores no aluno, elevando sua auto-estima e
transformando-o em um cidadão crítico capaz de interagir com o meio em que vive.
Dessa forma, o Programa Segundo Tempo é um referencial do esporte
escolar, mostrando que é possível fugir do tecnicismo (esporte institucionalizado)
sem perder o controle da disciplina necessária de que os alunos necessitam.
Os valores trabalhados no esporte são para vida, não se deve negar a
competição, pois a vida é uma competição, o que faz a diferença é como ela
trabalhada. Mostrar ao aluno um espírito de competição saudável, ensinando a esse
aluno que ganhar e perder faz parte da vida.
A partir das análises realizadas, pontua-se ainda que algumas questões
sociais detectadas como: falta de estrutura familiar, a fome, a violência, o
desemprego são fatores que extrapolam as possibilidades de intervenção,
constituindo-se como externas ao próprio desenvolvimento do Programa. Fica aqui
uma reflexão de que existe a necessidade de organizar uma política social por parte
dos governantes que realmente insira o indivíduo na sociedade.
Diante das análises realizadas, fica claro que é possível mudar a prática
pedagógica, que por meio do esporte transmitido de forma consciente, torna-se
possível cumprir nosso papel de transformador da realidade e formador de cidadãos
críticos e participativos favorecendo a emancipação do sujeito.
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