programa resumido - nodari

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PROGRAMA RESUMIDO:NoManifesto da Poesia Pau-Brasil, Oswald de Andrade postulava Uma nova perspectiva, Uma perspectiva de outra ordem que a visual. A referncia era o cubismo, que deslocava a importncia da imagem para o ato de ver (Carl Einstein), isto , que abdicava de uma relao reificada entre sujeito e objeto para investigar a relao que toda perspectiva comporta, a experincia do terceiro includo: aquilo que est entre o sujeito e o objeto, a re-flexo. A arte (e a teoria) dos anos 1960 levou a cabo essa transformao iniciada pelas vanguardas, postulando a passagem da obra ao texto (Barthes) e do objeto ao quasi-corpus (Manifesto Neoconcreto), privilegiando a experincia da leitura e da participao em detrimento da inteno do autor e da fruio do espectador. Em co-incidncia com esse movimento de penetrao da vida na arte, a arte contaminou a vida em maio de 68, com a postulao dA imaginao no poder, e seu corolrio: Sejamos realistas, demandemos o impossvel. A nosso ver, esse cenrio ainda possibilita (e demanda) pensar uma nova ontologia da arte (em geral) e da literatura (em particular), entendida esta como o modo pelo qual textos literrios (...) se relacionam com realidades externas s prprias obras (Gumbrecht), pois os dois paradigmas ontolgicos dominantes nos estudos literrios a desconstruo e os estudos culturais tendem a acentuar um ou outro (interno ou externo) polo da relao. Nesta disciplina, tentaremos propor uma terceira margem para a ontologia literria, tomando a relao entre literatura e vida como uma via de mo dupla, privilegiando o espao intersticial (ou negativo). Para tanto, vamos explorar a idia proposta por Juan Jos Saer em O conceito de fico de que a literatura constitui uma antropologia especulativa. Se, segundo ele, a fico no d as costas a uma suposta realidade objetiva: muito pelo contrrio, mergulha em sua turbulncia, tornando o mundo que investiga (objetividade) inseparvel da perspectiva com que o faz (subjetividade), como podemos caracterizar essa relao entre o deserto do real (o mundo vivido), e o inreal (irreal mas tambm in-real, dentro do real), de que fala Clarice Lispector (e que a perspectiva literria oferece)? Ou, por outra: se a literatura, na formulao de Milan Kundera, uma explorao das possibilidades humanas, qual a relao entre essas virtualidades e a existncia efetiva (pois a leitura de uma fico a paradoxal experincia de, nas palavras de Costello/Coetzee, think my way into the existence of a being who has never existed)? Debateremos essas questes a partir de textos tericos (Ortega y Gasset, Lvi-Strauss, Meinong, entre outros) e literrios (especialmente Clarice), para tentar formular o que seria um perspectivismo literrio (em dilogo com o perspectivismo amerndio formulado por Tnia Stolze Lima e Eduardo Viveiros de Castro).

CRONOGRAMA COM AS LEITURAS (sujeito a alteraes)18/9 - Apresentao.O conceito de fico(Juan Jos Saer)25/9 - Como, como se, quase- trechos deA filosofia do como se, de Hans Vaihinger- "Tpicos (fragmentrios) para uma historiografia doC o m o, de Haroldo de Campos (ensaio presente emMetalinguagem & outras metas)-"Como", de Alexandre Nodari02/10 - Panorama histrico do conceito de fico-Stierle, Karlheinz.A fico.Traduo de Luiz Costa Lima. (Novos Cadernos do Mestrado, v. 1). Rio de Janeiro: Caets, 2006.09/10 - O fictcio e o imaginrio (1)- primeira metade deO fictcio e o imaginrio: perspectivas de uma antropologia literria, de Wolfgang Iser16/10 - O fictcio e o imaginrio (1)- segunda metade deO fictcio e o imaginrio:perspectivas de uma antropologia literria, de Wolfgang Iser23/10 - Onde nenhum homem jamais esteve: aexplorao de territrios desconhecidos da existncia-"Fico cientfica (Da condio inumana"), de Joo Camillo Penna-"A arte do romance", de Milan Kundera30/10 - Narciso e Eco: o outro (e o) conhecimento-Livro III dasMetamorfoses, de Ovdio-Metaforsmose, de Paulo Leminski-Ninfas, de Giorgio Agamben6/11 - Egos imaginrios, alter-egos e heternimos:"To think my way into the existence of a being who has never existed"-"Se eu fosse eu", de Clarice Lispector- Carta de Fernando Pessoa sobre a gnese dos heternimos- "Literatura e personagem" (Anatol Rosenfeld) e "A personagem do romance" (A. Cndido).- "O mal de D. Quixote", de Raul Pompeia13/11 - Ex-possvel: a fico como subsolo da existncia-"Conversas C/P", de Clarice Lispector (trecho deOutros escritos)- "Teoria do objeto", de Alexius Meinong (h uma traduo ao portugusnesse livro; h tambm atraduo ao ingls)- "Conto (no conto)", de Srgio Sant'Anna-Texto de Jean-Luc Nancy sobre o impossvel

20/11 -Virtualidade e ficcionalidade (a web nosso campo de existncia)-"O que o virtual", de Pierre Levy- Textos escolhidos da revistaLiteral27/11 -Impoder e inatualidade: a literatura como anomalia do regime da potncia- "O pesa nervos", de Antonin Artaud- "Bartleby", de Herman Melville- "Bartleby, ou da contingncia", de Giorgio Agamben- "A benfazeja", de Guimares Rosa4/12 e 11/12 - Entre o sujeito e o objeto, a obliquao, ou: omeio a mensagem, ou: o infinito o espao intersticial que se abre quando abolida a finalidade- "Espao negativo", de Bernardo Carvalho- "Lingstica e potica", de Roman Jakobson- "Interessere", de Dcio Pignatari-"Da natureza de um impulso ou entre os nmeros um ou computador eletrnico", de Clarice Lispector- "Teoria do no-objeto", de Ferreira Gullar-Manifesto neoconcreto- "A morte do autor", e "Da obra ao texto", de Roland Barthes- "Arte absoluta e poltica absoluta", de Carl Einstein18/12 -A teia do mundo, a tessitura do mundo-Sobre la expresin fenmeno csmico, de Ortega e Gasset- "Csmica cosmtica", de Bertrand Prvost- Trechos escolhidos deA expresso das emoes no homem e nos animais,de DarwinBibliografia

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Campinas: Pontes; Editora da UNICAMP, 1988.___.Problemas de lingstica geral, II.Traduo de Eduardo Guimares et. al. Campinas: Pontes, 1989.Blanchot, Maurice.O livro por vir.Traduo de Leyla Perrone-Moiss. So Paulo: Martins Fontes, 2005.Blecher, Max.Acontecimentos na irrealidade imediata.So Paulo: CosacNaify, 2013.Blumenberg, Hans.Teoria da no conceitualidade.Traduo e introduo de Luiz Costa Lima. Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2013.Bk, Christian.Pataphysics: the poetics of an imaginary science.Evanston: Northwestern University Press, 2002.Calvino, Italo.O cavaleiro inexistente.Traduo de Nilson Moulin. So Paulo: Companhia das Letras, 2005.Campos, Haroldo de. Poesia e modernidade: Da morte da arte constelao. O poema ps-utpico. Em:O arco-ris branco.Rio de Janeiro: Imago, 1997.___. Tpicos (Fragmentrios) para uma Historiografia doC o m o. Em:Metalinguagem & outras metas: ensaios de teoria e crtica literria.4. ed. 1. reimpresso. 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