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PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA DE BRAGA SUL PROJECTO DE DELIMITAÇÃO DE ARU DOCUMENTO FINAL Agrupamento de empresas 9 de Junho de 2011

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PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA DE BRAGA SUL

PROJECTO DE DELIMITAÇÃO DE ARU

DOCUMENTO FINAL

Agrupamento de empresas

9 de Junho de 2011

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 2 de 84

EQUIPA TÉCNICA

Quaternaire Portugal:

Artur Costa

Daniel Miranda

Elisa Pérez Babo (coordenação global)

Marta Coto

SOPSEC:

Hipólito Sousa (coordenação da componente de engenharia)

Jerónimo Botelho

Rui Passos Mealha, Arquitectos, Lda.:

Rui Passos Mealha (coordenação da componente de arquitectura)

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 3 de 84

ÍNDICE

1. Introdução ................................................................................................ 5

2. Diagnóstico ............................................................................................... 7

2.1. Enquadramento urbano......................................................................... 7

2.2. A ACCRU do Sítio dos Galos................................................................... 8

2.3. Diagnóstico da envolvente à ACRRU do Sítio dos Galos ............................14

2.4. Projectos municipais estruturantes em curso ..........................................16

2.5. Conclusão do diagnóstico .....................................................................18

3. Proposta de delimitação da ARU de Braga Sul...............................................19

4. Opções estratégicas de reabilitação.............................................................23

5. Linhas programáticas preliminares ..............................................................25

5.1. Componentes espaciais e operativas de reabilitação ................................26

5.2. Projectos estruturantes de iniciativa pública ...........................................47

5.3. Medidas de política complementares ......................................................48

6. Modelo de operacionalização ......................................................................58

6.1. Modelo de gestão ................................................................................58

6.2. Medidas para adequação interna da estrutura orgânica ............................65

6.3. Quadro preliminar de apoios e incentivos ...............................................70

6.4. Prazo e cronograma global de execução .................................................77

6.5. Programa de investimento e de financiamento da operação ......................78

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 | Enquadramento da ACRRU do Sítio dos Galos na cidade.....................................................9

Figura 2 | Proposta de limite da ARU de Braga Sul .........................................................................20

Figura 3 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 1............................................................31

Figura 4 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 2............................................................35

Figura 5 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 3............................................................39

Figura 6 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 4............................................................42

Figura 7 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 5............................................................46

Figura 8 | Proposta de alteração do Organigrama da Câmara Municipal de Braga...............................68

ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 | Projectos da PRU do Rio Este relevantes para a estratégia de reabilitação urbana..............17

Quadro 2 | Matriz SWOT do diagnóstico........................................................................................18

Quadro 3 | Estimativas do número de edifícios e fogos na ARU de Braga Sul.....................................21

Quadro 4 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 1º nível da estratégia ...............................32

Quadro 5 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 2º nível da estratégia ...............................36

Quadro 6 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 3º nível da estratégia ...............................39

Quadro 7 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 4º nível da estratégia ...............................43

Quadro 8 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 4º nível da estratégia ...............................46

Quadro 9 | Investimento público estruturante do PERU de Braga Sul................................................47

Quadro 10 | Síntese das medidas de política complementares.........................................................57

Quadro 11 | Análise SWOT das condições de contexto com implicações no modelo de gestão..............61

Quadro 12 | Competências actuais da DRU e proposta de reforço ....................................................69

Quadro 13 | Cronograma de execução da operação de reabilitação urbana de Braga Sul ....................77

Quadro 14 | Programa de investimento público e privado da operação de reabilitação urbana de Braga Sul e respectiva distribuição temporal ...................................................................................79

Quadro 15 | Síntese do investimento por natureza do promotor (público ou privado) .........................81

Quadro 16 | Enquadramento financeiro para as diversas acções e projectos......................................81

Quadro 17 | Enquadramento financeiro para as medidas de política complementares.........................83

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1. INTRODUÇÃO

No segundo semestre do ano de 2010 o município de Braga entendeu como oportuno dar início a uma reflexão aprofundada e alargada dedicada à temática da reabilitação urbana, previamente referenciada como uma prioridade política do executivo em funções. Dessa forma, e em conformidade com o estipulado no Decreto-Lei n.º 307/2009 de 23 de Outubro (que enquadra o novo regime jurídico para a reabilitação urbana), tomou a decisão de encetar o processo de conversão das Áreas Críticas de Recuperação e Reconversão Urbanística (ACRRU), quer do Centro Histórico da cidade, quer do Sítio dos Galos, em Áreas de Reabilitação Urbana (ARU) e, neste sentido, de proceder à elaboração dos respectivos Programas Estratégicos de Reabilitação Urbana.

O Sítio dos Galos, apesar da sua pequena representatividade territorial na cidade de Braga, apresenta uma carga simbólica, histórica e patrimonial significativa, facto que levou o município a declarar esta zona da cidade como ACRRU em 1997 (publicado em Diário da República através do Decreto n.º 11/97 de 19 de Fevereiro). Neste decreto pode ler-se que esta é “uma zona pitoresca e de grande beleza da freguesia de São Lázaro, na cidade de Braga”, constatando-se no entanto a existência de uma “profunda e generalizada situação de degradação do local, conjugada com graves problemas urbanísticos, a que também se associa a decadência e descaracterização arquitectónica e funcional de muitos edifícios”. Ficava ainda expressa a intenção do município “iniciar um projecto global de recuperação e reconversão urbana que permita ultrapassar várias insuficiências a nível das infraestruturas urbanísticas, bem como as deficiências dos edifícios existentes”.

O relatório que agora se apresenta vem dar corpo à proposta de conversão da ACRRU do Sítio dos Galos numa Área de Reabilitação Urbana, contendo a sua fundamentação estratégica (sob a forma de Programa Estratégico) e cumprindo desta forma o prazo legal estipulado pelo novo regime jurídico da reabilitação urbana para conversão das ACRRU em ARU (até dois anos após entrada em vigor do referido regime, ou aproximadamente até ao final do ano de 2011).

O documento integra para além dos fundamentos de diagnóstico e de estratégia que justificam a opção municipal por uma Operação de Reabilitação Urbana Sistemática, a fundamentação dos ajustamentos introduzidos nos limites da ACRRU existente e que configuram uma nova delimitação para a Área de Reabilitação Urbana a criar. Inclui-se igualmente neste documento os elementos componentes da proposta de Programa Estratégico de Reabilitação Urbana, de acordo com os termos definidos no artigo 33º do Decreto-lei n.º 307/2009 de 23 de Outubro.

Segue-se uma descrição abreviada das partes integrantes deste documento.

O capítulo segundo inclui um diagnóstico sintético da área de intervenção abrangida pela ACRRU existente, do seu enquadramento na cidade e na estratégia de política para a cidade, bem como uma análise dos instrumentos urbanísticos e de gestão territorial e urbana que interferem com esta área da cidade de Braga. Por fim faz-se ainda uma análise aos principais projectos em curso (ou previstos) para esta zona da cidade, com especial destaque para os que integram a Parceria para a Regeneração Urbana do Rio Este.

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No terceiro capítulo apresenta-se a proposta de delimitação da Área de Reabilitação Urbana de Braga Sul (Parque Sul), tendo em linha de conta os diversos pressupostos que a fundamentam.

Em face do diagnóstico traçado e da proposta de ARU que daí advém, expõe-se no capítulo quarto a estratégia de intervenção de reabilitação para a ARU de Braga Sul, incluindo a formulação da visão e dos objectivos gerais da intervenção, bem como dos temas centrais no processo de reabilitação.

O capítulo seguinte (capítulo quinto) é assim dedicado à apresentação das linhas programáticas preliminares que decorrem da estratégica preconizada, traduzidas em propostas de componentes espaciais e operativas de reabilitação (a expressão espacial da estratégia de reabilitação), de projectos estruturantes de iniciativa pública e de medidas de política complementares.

O último capítulo do Programa (capítulo sexto) diz respeito à operacionalização da operação de reabilitação urbana em causa, nomeadamente no que concerne ao modelo de gestão (incluindo análise às diversas soluções de modelo de gestão previstas no novo enquadramento legal para esta temática) e implicações da solução escolhida em termos de novas competências e recursos (humano, técnicos e financeiros). Este capítulo engloba ainda as propostas de instrumentos de apoio e incentivos financeiros a criar pelo município de Braga no sentido de estimular e intensificar o processo de reabilitação, designadamente, junto dos agentes privados, bem como outras componentes temporais e financeiras referentes ao respectivo Programa – quadro de engenharia de financiamento, cronograma de execução de acções e investimentos, programa de investimentos públicos e estimativas globais de investimento público e privado relativo às componentes espaciais e operativas de reabilitação.

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2. DIAGNÓSTICO

2.1. Enquadramento urbano

A formulação de uma estratégia de reabilitação urbana para diversos sectores da cidade de Braga pressupõe um conhecimento estratégico ao nível da estrutura e das dinâmicas urbanas da cidade e do seu posicionamento no contexto do sistema urbano regional e nacional.

Neste sentido a equipa técnica desenvolveu um trabalho de análise da performance de desenvolvimento da cidade nas últimas décadas bem como de diagnóstico prospectivo. Retém-se neste relatório de percurso alguns aspectos de relevância em termos de enquadramento urbano que passamos a referir:

� Braga é actualmente um dos municípios com taxa de crescimento mais elevada a nível nacional (actualmente tem perto de 175 mil habitantes e cresceu, entre 2001 e 2006, quase 6%, mais do dobro da média nacional e cerca do quádruplo da média regional do Norte), sendo que 75 mil desses habitantes residem nas freguesias do perímetro urbano. É possível, para além disso, considerar que a dimensão funcional (residencial, comércio, serviços) da cidade ultrapassa actualmente as 110 mil pessoas (o volume de emprego no centro urbano é superior ao volume de população residente);

� Apesar de apresentar ainda padrões etários relativamente jovens, mesmo na cidade (por via da capacidade de atracção das escolas e da Universidade do Minho, em especial), as tendências de envelhecimento seguem a tendência nacional e, particularmente, as tendências predominantes nas áreas centrais das cidades;

� O crescimento no espaço urbano de Braga foi até aos anos 70, um crescimento contido. No entanto, a partir dessa década, a cidade evidenciou um crescimento brusco e que se distribuiu no espaço de “forma tentacular”. Esta forma de crescimento gerou problemas que abrangeram toda a cidade, mas que afectaram especificamente o seu Centro Histórico, no que diz respeito à sua inserção urbana na cidade que cresceu de forma demasiado rápida;

� A cidade distingue-se dentro do território regional, seja pela sua dimensão e qualidade da estrutura urbana seja pelo facto de possuir uma estrutura económica mais avançada, assumindo-se como pólo central do sub-sistema urbano do Cávado e como um dos vértices da Região Metropolitana Policêntrica (a qual concentra 1/3 da população nacional) e do Quadrilátero Urbano;

� A cidade, devido ao seu perfil económico e à rede de infra-estruturas ligada ao ensino superior, I&D&I (de que se destaca a localização mais recente do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia) e de interface com o tecido empresarial, tem vindo a consolidar o seu posicionamento no quadro do sistema regional de inovação e destaca-se, no contexto regional e apesar das ameaças que sofre em virtude da polarização da Área Metropolitana do Porto, em termos da capacidade de integrar redes de inovação e competitividade internacionais;

� Dentro do tecido empresarial, a cidade tem conseguido reforçar um sector empresarial de excelência nos domínios da informática e software, dos

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sistemas de informação e da electrónica industrial, a que se associa a emergência de um sector empresarial associado às nanotecnologias e às biomedicinas (alavancados pela referido Laboratório Ibérico e pela construção de um novo Hospital Central);

� O desenvolvimento destes sectores empresariais e a crescente massa crítica ao nível do sistema regional de inovação têm contribuído para uma boa performance da cidade no que respeita à atracção de investimentos em sectores tecnológicos e de conhecimento intensivo, bem como para a expansão dos níveis de empreendedorismo;

� A cidade apresente vantagens comparativas evidentes em termos de atracção e fixação de recursos humanos qualificados e altamente qualificados;

� Associado a alguns desses sectores e reportando-se a um conjunto de activos culturais e históricos de grande relevância nacional e internacional, a cidade configura hoje algumas vantagens comparativas no que respeita à atracção e reforço das actividades artísticas e das industrias culturais e criativas, apesar do baixo número de profissionais que hoje trabalham no sector cultural e de algumas barreiras entre os sectores mais tradicionais e os novos segmento das industrias culturais e criativas;

� Braga é a cidade que concentra dentro da região do Norte dos maiores volumes de emprego em actividades do sector terciário, incluindo as áreas de hotelaria, de comércio e de restauração, de serviços turísticos e de terciário superior (actividades imobiliárias, financeiras e de serviços às empresas);

� A cidade tem afirmado e consolidado o seu perfil comercial e turístico, continuando a atrair fluxos importantes, dentro do território regional envolvente (alcançando também zonas da Galiza), de procura comercial, associada principalmente ao aparelho comercial tradicional existente, e de procura turística, concentrada essencialmente nos segmento de turismo cultural, turismo religioso e circuitos turísticos;

� O concelho mantém um sector da construção significativo, com capacidade potencial de alargamento da sua intervenção na cadeia de valor (com participação crescente nos segmentos do imobiliário) e de inovação.

2.2. A ACCRU do Sítio dos Galos

Importa analisar a evolução histórica da ACRRU do Sítio dos Galos, bem como as suas dinâmicas. Esta área, de dimensão muito inferior à do centro histórico, assume uma importância de cariz mais simbólico do que estrutural na dinâmica da cidade. Como se referia já no Decreto Regulamentar que estabelecia esta ACRRU (1997), “o Sítio dos Galos é uma zona pitoresca e de grande beleza na cidade de Braga. Todavia, constata-se existir uma profunda e generalizada situação de degradação do local, conjugada com graves problemas urbanísticos, a que também se associa a decadência e descaracterização arquitectónica e funcional de muitos edifícios”.

Como se constata pela leitura do cartograma seguinte, o Sítio dos Galos localiza-se a sudeste do Centro Histórico da cidade (e a norte do Monte Picoto), entre as

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avenidas da Liberdade e 31 de Janeiro, sendo o seu elemento estruturador o Rio Este que atravessa toda a área da ACRRU de nascente para poente.

Figura 1 | Enquadramento da ACRRU do Sítio dos Galos na cidade

Como forma de dar resposta a estas preocupações, o município de Braga tem desenvolvido algum trabalho quer ao nível do diagnóstico da zona, quer mesmo ao nível de proposta de soluções urbanísticas, se bem que nunca formalizadas em instrumento de gestão territorial. No entanto é possível retirar desta reflexão que o município tem levado a cabo, alguns elementos centrais de diagnóstico, a saber:

� Trata-se de um quarteirão com uma morfologia peculiar, atravessado no seu interior pelo Rio Este. O sítio é marcado por uma série de vestígios com interesse histórico e arqueológico (fonte dos galos, minas, tanque, moinhos e levadas, alminha), apresentando assim forte carga simbólica, devida também à proximidade da ponte de S. João;

� É perfeitamente legível a matriz rural, embora profundamente alterada, sendo a sua envolvente urbana muito contrastante, quer pelas volumetrias em presença, quer pela imagem pouco qualificada da maioria das

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construções. Colocam-se assim vários níveis de reconhecimento prospectivo da área em questão;

� A perda progressiva da viabilidade e vitalidade económica conduziu à degradação e decadência global deste sítio ribeirinho, único na área urbana do Município, local que possuía uma relação íntima e directa com o rio. Por outro lado a pressão urbanística que se registou a partir da década de 70, fez-se de costas para o rio e para este núcleo rural popular histórico;

� Esta zona sofre de uma sufocante envolvente urbanística que se vem consolidando, transformando um sítio outrora vivo e dinâmico, num, local degradado e velho nas suas múltiplas dimensões;

� A zona foi-se desenvolvendo através de uma combinação nem sempre feliz de transformação de solo rural em solo urbano, por iniciativa pública (planos e projectos de intervenção ou construção de equipamentos) ou privada, muitas vezes informal e ilegal;

� Não obstante ser uma zona caracterizada pela dificuldade de acesso e circulação, e pela evidente degradação ambiental, prevalece também uma situação de insegurança em grande parte da área de intervenção e uma imagem de progressivo abandono pelas camadas de população que deveriam garantir uma utilização mais constante: os residentes, os idosos e reformados, os jovens;

� A CMB propôs e obteve a classificação do chamado Sítio dos Galos como Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística (Dec. n.º 11/97 de 19 de Fevereiro), constando no PDM como uma unidade operativa de planeamento e gestão, subordinada à aplicação do Regulamento Municipal de Salvaguarda e Revitalização do Município;

� A necessidade de uma actuação neste local impôs-se por força da sua dimensão patrimonial, das péssimas condição do edificado e do facto de este se encontrar na sua quase totalidade ocupado. Trata-se de uma área global de cerca de 3 hectares, que integra 22 fracções habitacionais, conciliando 3 delas esta função como a de moagem e 2 fracções ligadas à actividade comercial;

� Este sítio registava (à data dos inquéritos de terreno efectuados pelo município no início da década) uma população de 76 indivíduos distribuídos por 29 famílias, na sua maioria idosa. As condições de habitabilidade e as consequentes condições de vida, variam na quase totalidade entre o mau e o muito mau, quer ao nível da inexistência de condições mínimas de habitabilidade para os parâmetros actuais, dada a inexistência de casas de banho, água potável e saneamento em muitos das fracções, quer sobretudo, devido à degradação física do edificado;

� Foram já realizadas várias intervenções que conseguiram, de forma mais deliberada e progressiva, controlar e inverter o processo de degradação ambiental e desintegração social e urbana. Há, por exemplo, uma actuação clara de instalação de equipamentos colectivos de grande escala, que permitem requalificar pontualmente alguns trechos do percurso fluvial. São exemplos o Parque de Exposições de Braga e o seu Auditório, a área de equipamentos sociais e culturais (Mercado Cultural do Carandá, Escolas e Centro de Saúde) na proximidade do Sítio dos Galos, o Parque de Campismo e o próprio Estádio 1º de Maio e o Pavilhão Flávio Sá Leite, que, apesar da

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recente construção do Novo Estádio Municipal, têm sido mantidos em actividade, diversificando o seu uso e ampliando-o a segmentos da população mais generalizados;

� De forma mais operacional, no programa de execução do PDM em vigor está inscrito o Plano de Reabilitação do Rio Este que integrava a requalificação do Sítio dos Galos como acção complementar;

� As diversas intervenções têm sido contributos positivos e vistos numa perspectiva de continuidade para a qualificação e a integração desta área marginalizada como parte nobre da cidade de Braga. Contudo, só recentemente se avançou para projectos mais globais, de estruturação conjunta do espaço, criando um contínuo verde planeado de forma integrada.

O Sítio dos Galos à luz dos instrumentos de gestão territorial

A importância que o Sítio dos Galos representa no panorama da cidade tem sido consubstanciada nos diversos instrumentos de política urbana municipal, traduzida quer ao nível dos instrumentos de gestão territorial (PDM), quer em instrumentos mais operacionais de actuação (como são os casos dos regulamentos e posturas municipais). É a esta importância que se tenta dar nota nos parágrafos seguintes.

O Plano Director Municipal de Braga foi ratificado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 35/94, de 20 de Maio, e alterado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 70/98, de 18 de Junho. A primeira revisão foi ratificada por Resolução de Conselho de Ministros n.º 9/2001 de 30 de Janeiro (de acordo com o Decreto-Lei n.º 69/90) tendo sido entretanto objecto de alterações em regime simplificado.

Os objectivos do Plano Director Municipal de Braga em vigor centravam-se em:

� Aposta num projecto de crescimento e desenvolvimento do Município.

� Correcção das assimetrias entre a cidade e os restantes núcleos, com características de ruralidade, mais ou menos acentuadas.

� Equilíbrio relativo dos principais sectores económicos.

� Equilíbrio entre um projecto de crescimento e desenvolvimento urbano e a conservação e recuperação da riqueza patrimonial existente.

O PDM ainda em vigor definia em sede de Regulamento 13 UOPG (Unidades Operativas de Planeamento e Gestão), que mais não são do que “espaços cujas características exigem um tratamento mais detalhado ao nível de planeamento urbano e uma gestão urbanística individualizada que tenha em consideração as suas especificidades”, estando a grande maioria destas sujeitas a planos municipais de ordenamento do território (plano de urbanização ou de pormenor). A única excepção diz respeito à UOPG 4 que abarca, para além da ACRRU do Centro Histórico da cidade, a ACRRU do Sítio dos Galos, estando neste caso as intervenções urbanísticas enquadradas mediante a observância das normas gerais estabelecidas em sede de regulamento municipal de gestão urbanística aprovado para o efeito.

De salientar ainda a definição de duas UOPG muito próximas do Sítio dos Galos e com impacto na estruturação de todo o quadrante sul da cidade, concretamente a UOPG 5 – Monte Picoto, com plano de pormenor já aprovado (à data de publicação

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do Regulamento do PDM) e a UOPG 6 – Picoto/ Vimieiro sujeita a plano de urbanização ou de pormenor.

Contudo, em 2008 o executivo municipal considerou que se encontravam reunidas as condições necessárias para encetar novo processo de revisão do PDM, tendo por esse motivo apresentado os termos de referência para este processo de revisão, implicando a “reconsideração e reapreciação global, com carácter estrutural ou essencial, das opções estratégicas do plano e objectivos do modelo territorial definido”. No entanto, tratando-se de um processo de revisão deverá ser assumido como tal, não constituindo uma ruptura com o plano precedente, mas sim adaptando-o, na medida do possível, a uma nova realidade dinâmica e à legislação e respectivas directivas europeias implícitas.

Neste documento avançam-se como principais motivos para encetar este processo a necessidade de adequação ao novo quadro legal e de reequacionar as UOPG definidas no PDM em vigor, a definição de novas posturas à escala da Região e do Concelho, na concertação de projectos estruturantes e inovadores de projecção internacional com capacidade de atracção de pessoas, actividades e investimentos à escala global (casos das PRU e da RUCI Quadrilátero Urbano), a necessidade de consolidação dos tecidos urbanos e a existência de novas sinergias territoriais e novos desígnios do mercado.

Ao nível dos objectivos/ domínios estratégicos que deverão estruturar o processo da Revisão do PDMB, importará salientar o primeiro, que define “Braga concelho atractivo para Viver”, como aquele que mais impacto terá na orientação de uma futura intervenção de reabilitação urbana no Sítio dos Galos. Por seu turno, a este objectivo estratégico correspondem uma série de objectivos específicos.

A promoção da cidade é um deles, que passa por:

� Nos espaços públicos: a aposta decisiva na requalificação urbana da cidade e do concelho e no meio ambiente, evoluindo ao nível da imagem urbana e do conforto funcional dos cidadãos de forma sustentável, deverá ser uma premissa da revisão ao PDM.

� No espaço natural: a protecção da paisagem, bem como a recuperação dos défices ambientais, a preservação das condições de explorações relevantes de produção agro-pecuária, são assumidos como pilares fundamentais para o desenvolvimento sustentável.

A programação da ocupação urbana é outro dos objectivos específicos de intervenção sendo que esta deverá incidir a todos os níveis devendo ter em consideração a localização de equipamentos e empreendimentos de dimensão (física e funcional) relevante e que possam constituir espaços âncora no território. Deverá, igualmente, articular-se com a estrutura ecológica e com a estrutura viária.

Outro dos objectivos específicos é o reforço da identidade dos núcleos urbanos periféricos sendo que para tal se deverá identificar os elementos relevantes e estruturantes para a afirmação e identidade do núcleo atendendo-se às suas potencialidades intrínsecas fortalecendo-os e prevendo nas eventuais expansões continuidade com os mesmos. Ganha relevância neste contexto, a requalificação e a programação de espaços públicos existentes e a propor, bem como, a definição da estrutura ecológica e a integração da rede viária.

A definição de “Braga como concelho de investimento empresarial” é o 2º domínio estratégico de intervenção deste novo PDM proposto.

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O 3º domínio estratégico de intervenção é “ Braga concelho competitivo à escala ibérica” ao nível do qual importa referir os objectivos específicos que passam por “reforçar o papel da Cidade no Domínio das T.I.C., Educação e Formação Profissional” e por “reforçar a vertente cultural”.

Finalmente, e tendo já em consideração o relatório de avaliação de execução do PDM de Braga, de Julho de 2008, é possível subir na escala de análise e retirar informação de enquadramento relevante para esta zona da cidade de Braga.

A intervenções de reabilitação do Plano de Reabilitação do Rio Este e do Parque da Ponte, bem como o Parque Urbano do Monte Picoto/ São João da Ponte, encontram-se já referidos neste relatório de avaliação como sendo intervenções que contribuem para a requalificação e protecção do meio ambiente.

Ao nível de compromissos urbanísticos assumidos para esta área, no sentido de o município propor alterações ao uso do solo na Revisão ao PDM, é de referir o caso do terreno a poente do Parque de Exposições, em S. Lázaro, sendo de equacionar a alteração de categoria de espaço de equipamento existente para solo urbanizado, dado tratar-se de um terreno onde existem casas e logradouros.

Importa ainda salientar que o Regulamento do PDM em vigor, no capítulo II, referente às “Condicionantes – servidões e restrições de utilidade pública”, estipula através do artigo 19º o Sítio dos Galos como área sujeita à aplicabilidade do Regulamento Municipal de Salvaguarda e Revitalização do centro histórico de Braga. Com a extensão da aplicabilidade deste regulamento ao Sítio dos Galos (previsto no seu artigo 3º), o município pretende alargar a esta área da cidade uma política urbana que vise:

� Conservar e revalorizar todos os edifícios, conjuntos e espaços relevantes;

� Assegurar a sua articulação harmoniosa com os espaços confinantes de construção mais recentes;

� Definir as condicionantes formais e funcionais a considerar em todos os projectos;

� Incentivar e apoiar o desenvolvimento integrado desta área da cidade, designadamente através do fomento da participação equilibrada dos agentes económicos, sociais e culturais;

� Recuperar o parque habitacional existente e ampliar e melhorar os seus diversos equipamentos de apoio;

� Revitalizar os vários espaços públicos existentes, designadamente através do incremento das actividades que tradicionalmente neles têm lugar.

De forma muito sintética, pode dizer-se que este regulamento estabelece uma série de princípios gerais para intervenções urbanísticas no centro histórico da cidade e no Sítio dos Galos, tais como: a obrigatoriedade de licenciamento municipal para execução de obras; a possibilidade de o município se substituir aos proprietários para executar de forma coerciva obras tidas por indispensáveis à respectiva conservação do edifício; a fixação de prazos para a execução de obras; a obrigatoriedade de apresentar um projecto elaborado por arquitecto a quem compete a sua direcção efectiva para obras que envolvam alterações significativas na estrutura dos edifícios ou modificação do seu aspecto exterior; e a necessidade de suspensão da obra e comunicação ao município caso sejam encontrados vestígios ou achados arqueológicos.

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No que respeita às disposições regulamentares específicas, são definidas um conjunto de normas a serem cumpridas em projectos nas áreas urbanas que se encontram sob a alçada deste regulamento, nomeadamente para casos de restauros e substituições de portas e janelas, coberturas e revestimentos, para demolições e desmontagens, para reconstruções/ recuperações, ampliações e construções de raiz (estipulando os requisitos, condicionantes e excepções), para as funções e usos dos edifícios (estipulando critérios para a ocupação funcional dos edifícios) e ainda para o licenciamento de suportes publicitários. Por fim fica definido neste regulamento a necessidade de o município promover um conjunto de incentivos a regulamentar especificamente, tendo em vista estimular a salvaguarda e revitalização do tecido urbano.

Com o alargamento da área de abrangência deste regulamento ao Sítio dos Galos percebe-se a importância que este local assume na malha urbana da cidade, não tanto pela sua dimensão, mas antes pela relevância histórico-patrimonial e capital simbólico que representa.

2.3. Diagnóstico da envolvente à ACRRU do Sítio dos Galos

Ao longo dos capítulos anteriores foi sendo feita, sempre que possível, uma análise, não só do Sítio dos Galos, mas também da sua envolvente mais próxima e que de alguma forma ser articule com esta pequena zona da cidade de Braga, seja do ponto de vista da estrutura ecológica urbana, da existência de eventuais corredores patrimoniais/ culturais que atravessem ou extravasem este local ou mesmo da partilha de problemáticas do ponto de vista da reabilitação do edificado e do espaço público.

Deste modo, considerou-se oportuno avançar neste ponto com alguns aspectos centrais de diagnóstico e/ ou articulações (ou “diálogos”) entre o Sítio dos Galos e a sua envolvente imediata:

� as relações / articulações que o Sítios dos Galos estabelece com o Parque S. João da Ponte, que acompanha o percurso ribeirinho e com o conjunto de áreas desportivas e de equipamentos contíguas a este parque;

� a centralidade potencial deste conjunto alargado e integrado de equipamentos e de áreas de lazer e de fruição de elementos de vertente natural existentes dentro da malha urbana;

� o facto de este conjunto se encontrar bordejado de núcleos edificados, predominantemente residenciais e com uma estrutura fundiária em que predomina a propriedade privada (não se conhecem elementos sobre a proporção de situações de arrendamento) que necessitam de intervenções de requalificação e reabilitação diferenciadas, núcleos estes com tipologias de edificado, alojamento e de ocupação muito distintas:

� fachada norte do Sítio dos Galos (Rua Américo Carvalho): edifícios principalmente residenciais, com volumetrias significativas (4 e mais pisos) e com empenas traseiras voltadas para a área imediatamente envolvente ao canal do rio Este;

� fachada a norte do canal do rio Este a jusante (poente) da Avenida da Liberdade: edifícios principalmente residenciais, com volumetrias significativas em que predominam os 3/ 4 pisos, com frente para a Rua

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Conselheiro Lobato, dominando uma ocupação dos lotes junto ao rio de natureza industrial ou de armazenagem;

� núcleo constituído pelas ruas da Devesa, de Santo Adrião, de Pascoal Fernandes e Travessa do Bonfim (bordejando o Monte Picoto): com presença muito significativa de edifícios unifamiliares, de 1 ou 2 pisos, (provavelmente do início do século XX), coexistindo com edifícios mais recentes, plurifamiliares de 2 ou 3 pisos, e onde é muito significativa a presença de edifícios muito degradados, vazios e para venda;

� núcleo de edifícios de habitação social municipal na fachada oeste do Monte Picoto (Complexo Habitacional do Picoto): constituído por sete blocos de dois pisos, plurifamiliares (num total de 47 fracções) com um elevadíssimo nível de degradação física e dos arruamentos de acesso, com ocupação maioritária de população de origem cigana;

� bairro Nogueira da Silva: constituído predominantemente por habitação unifamiliar, de construção pobre e fortemente intervencionada pelos seus ocupantes, na maioria proprietários residentes, com uma estrutura orgânica compreensível e presença de equipamentos de proximidade (escola 1º ciclo e campo de jogos), com sinais de necessidade de requalificação;

� conjunto habitacional de baixos recursos (junto à EN101), com predomínio de edifícios unifamiliares de 1 ou 2 pisos, incluindo um núcleo que evidencia elementos de construção clandestina na estrutura dos seus arruamentos, sem sinais de degradação acentuada mas necessitando de requalificação, a nível do edificado e da estrutura urbana.

� Nesta caracterização importa evidenciar a presença de elementos estruturantes como:

� Diversos equipamentos desportivos e de lazer – Estádio 1º de Maio, campos de jogos e pavilhão Flávio Sá Leite, Piscina Municipal da Ponte, parque de campismo, Parque de São João da Ponte, incluindo lago e percurso, que no seu conjunto configuram um parque no sector sul da cidade de nível urbano superior;

� Instalações da AIMinho, da IDITE Minho e do Parque de Exposições de Braga, com uma forte vertente económica / empresarial, igualmente de relevância urbana e regional,

� Área marginal do canal do rio Este, com espaços de fruição e de paisagem que devem ser valorizados enquanto elemento natural;

� Espaço natural do Monte Picoto, que, pela sua atractividade urbana/local ou regional importa requalificar, designadamente, em todas as componentes incluindo dos aglomerados habitacionais anteriormente referidos que constituem zonas limítrofes de forte condicionamento paisagístico e socio-funcional.

Como se pode constatar, o Sítio dos Galos encontra-se localizado numa zona da cidade com uma variedade de funções urbanas, mas que com muitas delas encontra afinidades, como serão os casos mais relevantes do Parque de São João da Ponte, do Monte Picoto e ainda de toda a envolvente ao forte sistemas de equipamentos.

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2.4. Projectos municipais estruturantes em curso

Recentemente o Município de Braga viu aprovada uma candidatura ao instrumento Parcerias para a Regeneração Urbana, ao abrigo da Política de Cidades POLIS XXI, contendo diversos projectos de cariz infra-estrutural (essencialmente de requalificação de espaço público) e imaterial, e envolvendo não só a autarquia, mas também uma série de outros parceiros públicos e privados locais. Estes projectos, que estão previstos no Programa de Acção que enformou a candidatura, localizam-se em na zona sul da cidade, ao longo de uma parte significativa do troço urbano do rio Este, englobando na sua totalidade o Sítio dos Galos.

Dentro da formulação do Programa de Acção para a Parceria para a Regeneração Urbana do Rio Este, elaborado em 2008 e que se encontra em fase de execução, foram formulados os seguintes objectivos:

� Qualificar ambiental, urbanística, cultural e socialmente o território urbano definido pelo percurso do Rio Este e espaços envolventes (Parque da Ponte e Monte Picoto), promovendo a sua integração com a restante malha urbana e renovando funções e usos de algumas áreas abandonadas ou desqualificadas;

� Valorizar uma área que se pretende ser de excelência urbana, apoiada num contínuo de grande valor ambiental, gerando uma nova centralidade, um espaço de representação de cidadania e de uma nova forma de viver a cidade de Braga, mais saudável e partilhada;

� Criar amenidades urbanas atractivas (cultura, lazer, convívio, prática regular e informal de desporto);

� Contribuir para a coesão social e a tolerância: o Integrar áreas e populações desfavorecidas com sectores mais privilegiados da sociedade a partir de um mesmo projecto;

� Promover a partilha de espaços numa perspectiva de transversalidade etária;

� Resolver de forma definitiva alguns problemas prementes que prejudicam a qualidade de vida e a imagem da cidade;

� Criar factores imateriais de sustentabilidade da intervenção, através de práticas de trabalho em parceria;

Os objectivos descritos conjugam-se no sentido de permitir que o Programa de Acção contribua “para alcançar novos padrões de urbanidade para Braga, constituindo-se como um projecto-modelo na promoção da qualidade ambiental, da saúde e bem-estar, da integração social e da tolerância”.

No âmbito do Programa de Acção da PRU do Rio Este, importa destacar alguns projectos que o integram e que se revelam importantes para uma reflexão estratégica em torno da temática da reabilitação urbana no quadrante sul da cidade de Braga e que poderão servir de fundamento para a proposta de delimitação da futura Área de Reabilitação Urbana de Braga Sul, extravasando os actuais limites da ACRRU do Sítio dos Galos, eventualmente demasiado exígua face à ambição do actual executivo municipal nesta matéria.

Assim, no quadro seguinte destacam-se os projectos do Programa de Acção da PRU do Rio Este que pela sua essência e objectivos poderão vir a integrar a ARU de Braga Sul. De salientar ainda que estes projectos se encontram já em fase de

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execução e têm que estar concluídos até ao final do primeiro semestre de 2012, estando o seu co-financiamento garantido pelo FEDER.

Quadro 1 | Projectos da PRU do Rio Este relevantes para a estratégia de reabilitação urbana

Designação do projecto Breve descrição do projecto

Operação 1 Requalificação das Margens do Rio Este

Esta operação incide no troço mais urbano desta linha de água, entre a Avenida Frei Bartolomeu dos Mártires e a Ponte Pedrinha, tendo como objectivos de intervenção a regularização e renaturalização do leito do rio, revestimento das margens e despoluição do mesmo e o ordenamento da zona ribeirinha, criando vias pedonais cicláveis e não cicláveis, sinalética e mobiliário urbano.

Esta intervenção visa potenciar uma melhoria da qualidade ambiental da área, promovendo o estabelecimento do ecossistema ribeirinho e uma maior qualidade de vida, na medida em que pretende transformar esta área num espaço de lazer, aliado à saúde e bem-estar.

Operação 2 Regeneração e Revitalização do Parque da Ponte

Esta operação tem como objectivos o reordenamento espacial e funcional do Parque, reforçando a atractividade desta área da cidade, através da preservação e valorização deste espaço que se pretende ser de excelência urbana.

A intervenção integra a construção de um auditório ao ar-livre; a recuperação do jardim do lago; a instalação de um parque-infantil: a criação do jardim do lago que engloba o restauro do coreto, do lago e da pérgola.

Este projecto de revitalização e regeneração do Parque compreende ainda a construção de duas estruturas associativas para cidadãos seniores.

Operação 3 Parque do Monte Picoto

A Requalificação do Monte do Picoto (fase 1) tem como principais objectivos o reordenamento espacial e funcional do monte, levando a um reforço da atractividade desta cidade através da preservação e valorização deste espaço. Toda a operação visa essencialmente transformar o Monte do Picoto num espaço mais funcional e que responda às necessidades dos cidadãos.

O Parque do Monte do Picoto, terá como primeira fase a "Infra-estruturação de base", que consiste sobretudo na criação de um conjunto de percursos, espaços de lazer e prática desportiva, com características tão naturais quanto possível, com o recurso preferencial a materiais perecíveis e acessibilidades diversificadas e adequadas.

Operação 5 TUBiclas no Rio Este

O operação consiste na implementação deu um projecto piloto dirigido essencialmente ao componente de aparcamento de bicicletas, permitindo assim que a marginal cicláveis a criar no zona do Rio Este reúna todas as condições para uma maior utilização da bicicleta como meio de transporte e de lazer, feita de forma cómoda e segura. Este projecto funcionará como projecto-piloto, sendo os resultados da sua utilização monitorizados de forma a avaliar a sustentabilidade desta medida e o eventual investimento futuro em mais unidades de aparcamento.

Operação 9 Dinamização do Bar do Lago

Esta operação funciona como complementar à operação de regeneração e revitalização do Parque da Ponte, e tem como objectivos contribuir para tornar o Parque da Ponte um espaço mais atractivo para o usufruto de todos os cidadãos.

A dinamização do Bar do Lago, consiste na aquisição de equipamentos de lazer e diversão para serem instalados no lago do Parque da Ponte, junto ao restaurante-bar recém inaugurado, e também de equipamentos de som e luzes necessários para a realização de espectáculos e eventos de animação do espaço em causa.

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2.5. Conclusão do diagnóstico

Feita que está a caracterização e diagnóstico quer da actual ACRRU do Sítio dos Galos, quer da sua envolvente imediata, importa agora recapitular de forma sintética algumas das suas principais características, sejam positivas ou negativas, bem como oportunidades e ameaças externas que se coloquem.

Neste sentido apresenta-se seguidamente uma matriz SWOT que resume de forma articulada a situação e as condições com que actualmente esta zona da cidade se confronta:

Quadro 2 | Matriz SWOT do diagnóstico

Pontos Fortes Forte presença do rio Este nesta zona da cidade

Contiguidade física e afinidade funcional entre o Sítio dos Galos e o Parque S. João da Ponte

Presença marcante de um sistema de equipamentos colectivos (culturais, desportivos, recreativos e outros vocacionados para a actividade económica)

Dinamismo económico da actividade comercial da feira semanal

Peculiaridade do Sítio dos Galos que conserva ainda uma matriz rural e encerra uma memória histórica e património simbólico associado ao Sítio

Existência no Sítio dos Galos de alguns edifícios de arquitectura vernacular com interesse patrimonial

Proximidade desta zona da cidade ao Centro Histórico de Braga

Boas acessibilidades rodoviárias

Pontos Fracos Deficiente rede infra-estrutural da zona e problemas de poluição do rio Este

Solução de controlo do leito do rio desajustadas

Degradação física e morfológica de algumas zonas de forte densidade habitacional (ruas Conselheiro Lobato, da Devesa, Santo Adrião, Pascoal Fernandes, Travessa do Bonfim)

ACRRU do Sítio dos Galos apresenta-se encurralada por envolventes de forte intensidade de ocupação e pouco estruturadas (traseiras da rua Américo de Carvalho e da Av. da Liberdade)

Baixas condições económicas e sociais da população residente no Sítio dos Galos, apresentando condições de habitabilidade insuficientes

Degradação física das estruturas edificadas de alguns dos equipamentos colectivos

Notória degradação física e social do Complexo Habitacional do Picoto, com repercussões ao nível do sentimento de segurança na sua envolvente

Desestruturação morfológica das zonas residenciais localizadas a sul (Bairro Nogueira da Silva e conjuntos habitacionais junto da EN101) e fraca articulação na malha urbana da cidade

Oportunidades Falta de oferta de espaços verdes urbanos no Centro Histórico da cidade

Contiguidade desta área da cidade com o Monte Picoto que será intervencionado tendo em vista a sua requalificação

Presença de dois importantes pólos escolares na envolvente desta área da cidade

Execução de uma série de investimentos integrados na PRU do Rio Este (com co-financiamento FEDER) que ou se encontram totalmente inseridos neste área da cidade, ou são abarcados por ela

Relação com outros investimentos públicos e privados integrados na PRU do Rio Este

Potencial de inserção no mercado da reabilitação (aquisição e arrendamento) das zonas habitacionais situadas nas ruas da Devesa, Santo Adrião, Pascoal Fernandes e Travessa do Bonfim

Ameaças Possibilidade dos investimentos previstos na PRU não permitirem defender a singularidade do Sítio dos Galos

Falta de interesse de investidores privados (empresas imobiliárias ou proprietários) para intervir em algumas zonas desta área onde a imagem urbana se mantém muito fragilizada (casos do Sítio dos Galos, Complexo Habitacional do Picoto, Bairro Nogueira da Silva e conjuntos habitacionais junto da EN101)

Dificuldade de acesso a mecanismos de comparticipação financeira para investimentos públicos em alguns dos equipamentos colectivos (Parque de Exposições de Braga e campo da feira, Estádio 1º de Maio e Pavilhão Flávio Sá Leite)

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3. PROPOSTA DE DELIMITAÇÃO DA ARU DE BRAGA SUL

A proposta de delimitação da ARU de Braga Sul assenta nos seguintes fundamentos e vectores:

i) a preexistência de uma ACCRU, numa área restrita que abrange o Sítio dos Galos, atravessado pelo rio Este, com forte carga histórica e simbólica, marcada por uma morfologia peculiar e pela presença de um conjunto de vestígios com interesse histórico e arqueológico (fonte dos galos, minas, tanque, moinhos e lavadas, alminhas);

ii) a relação desta pequena área peculiar com dois subsistemas urbanos, de importância estruturadora ao nível da cidade, que lhe são contíguos:

� um primeiro subsistema de carácter marcadamente ecológico, que abrange três elementos de relevância urbana significativa – o Rio Este e as suas margens (no troço entre a Av. 31 de Janeiro e a Rua Dr. José Azevedo Ferreira), o Parque de S. João da Ponte e o futuro Parque do “Monte Picoto” (em fase de projecto), embora a área naturalizada deste terceiro elemento não se inclua dentro dos limites propostos para a ARU, com excepção da área ocupada pelo actual campo de tiro e da plataforma natural situada no topo da avenida da Liberdade e confinante com o início da EN101;

� e um segundo subsistema, de carácter marcadamente infra-estrutural e colectivo, com uma forte interpenetração, física, natural e funcional, com o Parque de S. João da Ponte, representado pela concentração neste espaço de um número muito significativo de equipamentos colectivos, públicos e privados, de nível municipal e supra-municipal – incluindo o Estádio Municipal 1º de Maio e estruturas desportivas que lhe estão adjacentes, a Piscina municipal, o Parque de Campismo municipal, os campos de jogos junto ao a este parque, o Parque de Exposições de Braga, incluindo o seu auditório, o Campo da Feira e as sedes da Associação Industrial do Minho e da IDITE Minho;

iii) a interdependência fortíssima que estes subsistemas estabelecem com alguns núcleos residenciais, implantados em zonas intersticiais desta grande área de perfil ecológico urbano assinalável, designadamente, o contínuo urbano composto pelas Ruas de Santo Adrião, Pascoal Fernandes, Devesa e a Travessa do Bonfim, o bairro Nogueira da Silva, o Complexo Habitacional do Picoto, os dois conjuntos habitacionais junto à EN101 (confinante com a urbanização da Coutada), que carecem de intervenções correctivas ou terapêuticas que garantam uma coerência e uma qualidade urbana acrescidas;

iv) e por fim, a presença de algumas frentes urbanas edificadas, que configuram ou podem vir a configurar “varandas” sobre o rio de forte potencial vivencial, como a Rua dos Barbosas e as traseiras das Ruas Conselheiro Lobato e Américo Carvalho, nestes dois casos configurando rupturas morfológicas dentro do espaço urbano, que interessa alterar.

Importa ainda destacar a sobreposição existente entre a área de reabilitação urbana que aqui se propõe com uma parte significativa da área de intervenção da Parceria para a Regeneração Urbana do Rio Este, projecto em curso liderado pelo município, envolvendo ainda diversos parceiros públicos e privados. Com esta

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delimitação procura-se estimular o envolvimento dos privados (essencialmente os proprietários) neste processo de regeneração urbana alargado.

No cartograma seguinte apresenta-se a proposta de delimitação da ARU de Braga Sul, bem como a ACRRU do Sítio dos Galos (ainda em vigor) e os limites da área de intervenção da PRU do Rio Este.

Figura 2 | Proposta de limite da ARU de Braga Sul

Desta proposta de delimitação ressaltam alguns subsistemas dominantes que se apresentam determinantes na formulação e configuração da estratégia de reabilitação e que incluem as seguintes componentes:

� Estrutura ecológica urbana, configurada pelo Parque da S. João da Ponte na sua relação com o rio Este e as respectivas margens e com a área naturalizada do futuro Parque do “Monte Picoto”,

� Percursos, concentrados na qualificação de canais pedonais e cicláveis ao longo do rio Este e entre o Parque de São João da Ponte e o Sítio dos Galos ou o Centro Histórico e do canal viário da EN101, que estabelece a ligação entre o subsistema de equipamentos colectivos e núcleos residenciais/ bairros;

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� Núcleo patrimonial do Sítio dos Galos, com presença de activos culturais e simbólicos evidentes – vestígios da Fonte dos Galos, de alminhas, de minas e de tanque, moinhos e levadas, que constituem marcas de estruturas (construídos e funcionais) rurais ou de periferia em determinados momentos da evolução urbana, com elevado potencial de refuncionalização para actividades educativo-pedagógicas e lúdicas;

� Frentes urbanas confinantes com a estrutura ecológica, sobre o rio Este ou de transição para zonas limítrofes (caso da urbanização do Fujacal e do Monte Picoto) – ruas Conselheiro Lobato (frente e traseiras), dos Barbosas (“varanda” sobre o rio), Américo Carvalho (traseiras sobre o Sítio dos Galos), alameda Pires Gonçalves (amarração de equipamentos colectivos) e ruas da Devesa, Santo Adrião, Pascoal Fernandes e travessa do Bonfim;

� Sistema de equipamentos colectivos, de natureza pública, com predomínio das vertentes desportiva e recreativa e económica, incluindo Estádio Municipal 1º de Maio, os campos de futebol das Camélias, Piscina Municipal, Parque de Campismo Municipal, Campo da Feira, Parque de Exposições de Braga, reforçados pela presença das sedes da Associação Industrial do Minho e do IDITE Minho;

� Núcleos e eixos residenciais, morfológica e tipologicamente diferenciados, com necessidades prementes de requalificação e reabilitação do edificado e espaço público, incluindo o bairro Nogueira da Silva, os conjuntos habitacionais adjacentes à EN101, o Complexo Habitacional do Picoto e os eixos residenciais das ruas de Santo Adrião, Pascoal Fernandes, Devesa e as travessas do Bonfim e da Madalena;

� Eixos de penetração e conexão com o exterior, que permitam uma maior aproximação entre o centro histórico da cidade (que regista défice de espaços verdes) e este “pulmão verde” urbano, uma ligação efectiva entre os núcleos escolares André Soares e Alberto Sampaio (bem como o Mercado Cultural do Carandá) com passagem pelo Sítio dos Galos e ainda uma relação mais harmoniosa entre o rio Este e a urbanização do Fujacal.

Por se tratar de um programa estratégico de reabilitação urbana importará ainda fazer uma última referência à dimensão desta zona da cidade em termos do número de edifícios. Através das visitas impressivas de terreno e dos levantamentos feitos com base nos ortofotomapas, conseguiu-se chegar a uma estimativa global de cerca de 400 edifícios presentes nesta área, que corresponderão a uma muito grosseira estimativa de mais de 1.500 fogos habitacionais.

O quadro seguinte apresenta estas estimativas por arruamento.

Quadro 3 | Estimativas do número de edifícios e fogos na ARU de Braga Sul

Edifícios

Rua nº Tipologia dominante

Fogos (proxy)

Rua Pascoal Fernandes 14 2 pisos 42 Rua Santo Adrião 56 3 pisos 224 Travessa do Bonfim 10 3 pisos 60 Rua da Devesa 14 1 piso 14 Avenida de Liberdade 7 4/8 pisos 56

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Edifícios

Rua nº Tipologia dominante

Fogos (proxy)

Travessa da Madalena 6 Unifamiliar 6 Largo Sr. Dos Aliftos 4 3 pisos 24 Viela Sr. Dos Aliftos 4 Unifamiliar 4 Rua Américo Carvalho 15 4 pisos 240 Rua dos Galos 20 Unifamiliar 20 Viela dos Galos I 5 Unifamiliar 5 Viela dos Galos II 7 Unifamiliar 7 Rua 31 de Janeiro 2 4 pisos 16 Rua dos Barbosas 13 4 pisos 208 Rua Conselheiro Lobato 30 3 pisos 360 Viela do Fujacal 3 Unifamiliar 3 Rua do Couteiro 8 1 piso 8 Rua Augusto Veloso 1 1 piso 1 Complexo Habitacional Picoto 7 2 pisos 50 Bairro Nogueira da Silva 106 Unifamiliar 106 Bairro EN101 17 Unifamiliar 17 Bairro confinante c/ Urb. Coutada 34 2 Pisos 68 Parque S. João/ Zona desportiva e de lazer 23 Diversificada 0 TOTAL 406 1539

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4. OPÇÕES ESTRATÉGICAS DE REABILITAÇÃO

A estratégia de reabilitação urbana a desenhar para a área de Braga Sul tem, antes de mais, de garantir uma boa articulação com outras estratégias e programas, de escala alargada, promovidos e adoptados pelo município, contribuindo dessa forma para a consubstanciação dos respectivos objectivos e a sua potenciação no quadro da estratégia de cidade.

Esta articulação incide, no essencial, com a estratégia traçada em sede de Programa de Acção definido para a Parceria para a Regeneração Urbana do Rio Este, que conjuga um conjunto de objectivos no sentido de “alcançar novos padrões de urbanidade para Braga, constituindo-se como um projecto – modelo na promoção da qualidade ambiental, da saúde e bem-estar, da integração social e da tolerância”, no qual se inscreve também, pelo menos, a primeira fase da intervenção prevista no âmbito do Projecto do Parque do “Monte Picoto”.

Considerando a escala territorial dos limites propostos para esta Área de Reabilitação Urbana e as diversas interligações assinaladas, o Programa Estratégico de Reabilitação Urbana de Braga Sul assume a seguinte visão:

Consolidar no sector sul da cidade e dentro de uma forte articulação entre as estruturas ecológicas do Rio Este e do “Monte Picoto”, uma

área ambientalmente qualificada, onde se venham a concentrar funções colectivas múltiplas, favoráveis à intensificação de

dinâmicas urbanas vivenciais, de fruição ambiental e prática desportiva e atractivas à localização de novas actividades criativas.

De acordo com a visão formulada, a estratégia de intervenção para a reabilitação desta área deverá assentar nos seguintes objectivos gerais:

� Aumentar o nível de articulação urbana entre os três subsistemas existentes na área: estruturas ecológicas e ambientais; equipamentos colectivos e áreas residenciais;

� Qualificar e melhorar a acessibilidade e fruição das estruturas ecológicas presentes na zona, potenciando também a sua relação com as áreas urbanas contíguas consolidadas;

� Melhorar o nível de qualidade dos arruamentos urbanos, adequando-os aos seus usos diferenciados e consolidando seja os percursos internos, seja os de penetração na área;

� Revitalizar e dinamizar a utilização do sistema de equipamentos colectivos, beneficiando do efeito de atractividade actual de alguns desses equipamentos,

� Promover uma intervenção selectiva e sistemática de qualificação ou revitalização das frentes urbanas que impactem de forma mais significativa as estruturas ecológicas e o sistema de equipamentos colectivos existentes, contribuindo para atrair novas actividades económicas urbanas;

� Valorizar e dinamizar os activos culturais e simbólicos que configuram o interesse patrimonial do Sítio dos Galos;

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� Aumentar a inserção urbana e social dos conjuntos habitacionais no sector sul da área, nomeadamente reforçando as condições de habitabilidade e a qualidade do espaço público intersticial;

� Promover a reabilitação de conjuntos edificados favorecendo, designadamente, a dinamização do mercado de arrendamento habitacional na cidade.

A proposta de visão formulada no quadro do Programa de Reabilitação é estruturada num conjunto de temas centrais no processo de reabilitação, nos quais se enquadram as Linhas Programáticas Preliminares, traduzidas em propostas de componentes espaciais e operativas de reabilitação, de projectos estruturantes de iniciativa pública e de instrumentos de política pública:

I. Valorização da estrutura ambiental

II. Apropriação plena do sistema de equipamentos colectivos

III. Qualificação e inserção dos quarteirões habitacionais

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5. LINHAS PROGRAMÁTICAS PRELIMINARES

De acordo com os temas centrais para o processo de reabilitação urbana enunciados, o programa preliminar de reabilitação urbana de Braga Sul inscreve três linhas programáticas: componentes espaciais e operativas de reabilitação, projectos estruturantes de iniciativa pública e instrumentos de política complementares. A figura seguinte ilustra as relações entre os diversos elementos definidos no quadro deste Programa Estratégico:

Estratégia de

reabilitação para o

Parque Sul de Braga V

isão

Consolidar no sector sul da cidade de Braga e dentro de uma forte articulação entre as estruturas ecológicas do Rio Este e do “Monte Picoto”, uma área ambientalmente qualificada, onde se venham a concentrar funções colectivas múltiplas, favoráveis à intensificação de dinâmicas urbanas vivenciais, de fruição ambiental e prática desportiva e atractivas à localização de novas

actividades criativas.

Temas centrais

Valorização da estrutura ambiental Apropriação plena do sistema de equipamentos

colectivos Qualificação e inserção dos quarteirões

habitacionais

Subsistemas

Existências na área de intervenção

Q Estrutura ecológica urbana Q Percursos Q Núcleo patrimonial do sítio dos Galos Q Frentes urbanas confinantes com a estrutura ecológica Q Sistema de equipamentos colectivos Q Núcleos e eixos residenciais Q Eixos de penetração e conexão com o exterior

LINHAS

PROGRAMÁTICAS

Componentes espaciais e operativas de reabilitação – unidades de

execução

Projectos estruturantes de iniciativa pública

Medidas de política

complementares

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A estratégia de reabilitação urbana consubstancia-se num conjunto de linhas programáticas, de acordo com o esquema apresentado anteriormente, que integra três níveis de acção – as componentes espaciais e operativas de reabilitação, basicamente configuradas em projectos de intervenção física e funcional ao nível das estruturas urbanas (edificado, espaço público, equipamentos colectivos, elementos naturais ou ambientais, etc.); inseridos nestes, os projectos estruturantes de iniciativa pública que possuem um nível de impacto e de efeito determinante no seio da intervenção de reabilitação, designadamente, porque são capazes de induzir, com menor ou menor grau, outros projectos públicos e privados ou dinâmicas de requalificação e de revitalização da área urbana; e por último, um conjunto de medidas de política complementares, fundamentalmente centradas em dimensões não materiais de investimento, ou seja, orientadas para as vertentes da governação, organizativas, sociais e culturais, de mercado e competitividade económica e urbana.

5.1. Componentes espaciais e operativas de reabilitação

O programa estratégico de reabilitação deverá estruturar-se com base em 5 níveis ou unidades de execução, diferenciados e complementares, convergindo nos contributos diversos que aportam para os objectivos estratégicos e para o efectivação da missão enunciada.

Os cinco níveis definidos, que se apresentam seguidamente em termos do seu significado urbano, da caracterização das suas componentes e das propostas programáticas, são os seguintes:

� Nível 1 – Componentes estruturadoras principais: estrutura ecológica e sistema de equipamentos colectivos

� Nível 2 – Núcleos residenciais de reabilitação prioritária

� Nível 3 – Frentes urbanas a reabilitar

� Nível 4 – Reabilitação do Sítio dos Galos

� Nível 5 – Eixos de penetração e relação com o exterior

Nível 1 – Componentes estruturadoras principais: estrutura ecológica e sistema de equipamentos colectivos

A. Significado urbano

A zona inserido dentro dos limites desta ARU abrange um conjunto de elementos, de natureza ambiental, interligados entre si e que configuram um sistema ecológico

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de escala urbana considerável, para além de um conjunto de equipamentos colectivos diversos, fortemente relacionados com os elementos ambientais anteriores, que representam uma concentração, igualmente significativa, de serviços à população – desportivos, recreativos e de natureza económica, quer a nível urbano quer municipal.

Estamos perante um sector da malha urbana da cidade de Braga cuja matriz é condicionada pela presença e articulação entre estes diversos elementos, naturais e edificados, e que, por essa mesma razão, assume uma centralidade marcante dentro do perímetro urbano, quer porque atrai fluxos de diversa natureza – utentes e visitantes, empregados, quer porque configura características atractivas em termos da fixação de residentes ou de actividades nas suas imediações (o que já se tem vindo a verificar, especialmente, em determinadas frentes edificadas em redor do Monte Picoto, no sector sul, ou junto ao sítio dos Galos).

O potencial de reabilitação e integração destes diversos elementos, que em parte se encontra assegurado através da execução dos projectos incluídos no programa Estratégico da PRU rio Este, poderá traduzir-se em alterações marcantes desta zona da cidade, designadamente:

a) a revivificação da sua dinâmica económica, através de fixação de novas actividades de animação urbana e/ou de perfil associado ao sector das indústrias culturais e criativas – pequenos ateliers e lojas/ galerias ligadas às artes visuais ou artesanato, pequenas empresas em ramos associados à criatividade (design, publicidade, arquitectura, etc.) as quais tendem a procurar espaços urbanos de matriz industrial ou de serviços (com tipologias idênticas aos que existem na frente urbana da Rua Conselheiro Lobato, com traseiras para o rio Este), e que podem beneficiar da presença de estruturas como a AI Minho e o IDITE Minho pela afinidade que estabelecem com os domínios do empreendedorismo, social ou estratégico, e a inovação;

b) a sua transformação num importante “pulmão” ambiental e verde da cidade, associando e articulando com percursos pedonais e cicláveis, o Parque de S. João, as margens do rio Este e o Monte Picoto;

c) a intensificação das práticas desportivas, recreativas e de lazer da população residente, intensificando a utilização dos equipamentos existentes e conferindo-lhes uma acessibilidade mais fácil à população.

B. Caracterização das suas componentes

As componentes espaciais e funcionais consideradas respeitam a espaços naturalizados e espaços edificados diversificados, a observar quanto às suas características intrínsecas e ainda quanto às suas relações mútuas, existentes e potenciais, sendo assim de assinalar os principais motivos de interesse para enquadramento do programa estratégico de intervenção e correspondentes “materiais” com pertinência para a construção de um projecto urbano coerente e integrado.

1 | A linha de água – rio Este – atravessa a área em estudo, apresentando-se como uma das suas principais estruturas significantes, como “percurso da água”, com ambientes distintos nos tramos a nascente e a poente da Avenida da Liberdade. No lugar dos Galos, persistem ambientes de grande complexidade pela presença de diversos factos urbanos conjugados com morfologias de matriz

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orgânica e tradicional, cercados pela malha de expansão urbana (Rua Américo Carvalho / Rua dos Barbosas). O interior do lugar dos galos é ainda estruturado por um arruamento com o mesmo nome, que atravessa a linha de água, articulando as vias perimetrais referidas. A poente da Av. da Liberdade, a linha de água encontra-se contida em vala emparedada ao longo do tardoz das construções servidas pela Rua Conselheiro Lobato. No atravessamento de arruamentos, a linha de água encontra-se encanada por soluções pouco adequadas e sem relevância significante. Tratando-se de uma estrutura actualmente “em corte” na malha urbana, com traçado nas traseiras da cidade, e dada a sua importância estruturante enquanto ligante da própria estrutura ecológica, torna-se premente a requalificação do rio Este por renaturalização do leito, estabelecimento de percursos e de espaços de estadia de borda-d’água, assim como a estruturação urbanística e ambiental das plataformas que acompanham o seu leito, com relevo para o eixo da Rua dos Barbosas / Av. Pires Gonçalves.

O lugar dos Galos revela-se particularmente importante pela qualidade e diversidade dos valores culturais em presença e proximidade a equipamentos de ensino.

Importa ainda de referir que a requalificação ambiental do percurso da água deverá necessariamente ser articulada com intervenções ao nível das estruturas edificadas da sua envolvente directa.

2 | O Parque da Ponte constitui-se fundamentalmente como duas amplas áreas arborizadas, a área exterior, envolvente à Capela de S. João da Ponte, que se apresenta ainda por qualificar, e a área interior do lago, murada e já com elevados padrões de qualificação ambiental. A área envolvente à Capela de S. João é marcada por uma profusão de barreiras arquitectónicas, sendo utilizada como parque de estacionamento automóvel, assumindo ainda o arraial de S. João e outros eventos de animação urbana. Os seus limites, nomeadamente face à EN101 e, sobretudo, face à Av. Dr. Francisco Pires Gonçalves apresentam-se desprovidos de qualificação ambiental relevante, situação que decorre igualmente da perspectiva estradal assumida pelo primeiro daqueles eixos, e desadequação formal e funcional do segundo. Nesta área localizam-se ainda alguns elementos com manifestas carências de qualificação e inserção espacial adequada, como o coreto, cruzeiro e a pérgola. A área do Lago, embora já tratada, poderá efectivamente ser ainda melhorada por funcionalidades de apoio vivencial e de utilização lúdica, e ainda no que respeita à qualificação dos seus limites, nomeadamente face à Sub-estação da EDP e frente norte marcada por uma expressiva barreira física que impede a articulação com a frente ribeirinha.

3 | A nascente do Parque da Ponte, e na sua sequência espacial localiza-se uma extensa área não urbanizada na encosta do Monte Picoto, que integra a estrutura ecológica urbana. Parte desta área é abarcada por um Plano de Pormenor que atribui capacidade construtiva para habitação, comércio, unidade hoteleira e equipamentos colectivos, nomeadamente desportivos.

A articulação entre os diversos espaços abertos, no sentido do reforço de escala de um parque urbano bem desenvolvido, envolve a constituição de percursos e localização de equipamentos lúdicos, recreativos e desportivos, entre outros. A bolsa em questão apresenta uma área intensamente arborizada ao longo do eixo da Rua Pascoal Fernandes / Via da Falperra e, pontualmente, na frente da EN101, e alguns socalcos como os utilizados para estacionamento automóvel e

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carreira de tiro, a nascente do Pavilhão Dr. Flávio Leite e campo de treinos. São ainda de referir uma série de veredas com eminente sentido topográfico, a reconhecer como estruturas latentes do sistema de percursos a evidenciar.

4 | A Sul do Estádio 1º de Maio localiza-se um espaço aberto, estabelecido na sequência do Parque do Monte Picoto. Trata-se de uma pequena mata entre o Bairro Nogueira e Silva e a malha urbana adjacente à EN101 (mais a poente). Este espaço aberto, de grande interesse ambiental, é marcado por uma vereda que articula as formas urbanas existentes na sua envolvente directa.

5 | A Alameda Pires Gonçalves apresenta-se actualmente como um eixo viário mal qualificado, em situação de impasse urbanístico, utilizado como espaço de estacionamento e de serventia, a partir da Av. da Liberdade, ao Parque da Ponte, a um conjunto de equipamentos (Auditório, Grande Nave de Exposições, AI Minho e IDITE Minho) e a um restaurante. O défice de desenho urbano que apresenta, a par da importância que manifesta como serventia ao Parque da Ponte e à plataforma baixa de frente ribeirinha, relevam a importância da estruturação ambiental deste eixo. A diferença de cotas entre a plataforma baixa referida e a plataforma do arruamento poderá ser factor favorável para organização, no desvão entre as mesmas, da função estacionamento automóvel, libertando o espaço da alameda para usos partilhados com privilégio do peão, e onde se considera ainda a possibilidade de instalação de esplanadas. Refira-se ainda o entendimento da Av. Pires Gonçalves como “varanda” sobranceira à linha de água, na sequência da Rua dos Barbosas.

6 | Com acesso a partir da Rua Dr. José Azevedo Ferreira, e a poente do Auditório/Parque de Exposições, localiza-se o Campo da Feira, espaço sem qualificação ambiental relevante, utilizado como área de estacionamento e terreiro da feira. A requalificação desta plataforma tem em vista a sua estruturação ambiental e a sua inserção no sistema ecológico, melhorando as condições de articulação com a frente ribeirinha e com os equipamentos desportivos a sul (Complexo das Camélias).

7 | A envolvente ao Estádio 1º de Maio constitui-se como um importante anel de distribuição do sistema de equipamentos colectivos, permitindo serventia directa ao Estádio, ao Campo de Treinos, Pavilhão Dr. Flávio Leite (ABC), Parque de Campismo, Piscina Municipal e Parque de Exposições de Braga, assim como ao próprio Parque da Ponte, com o qual se articula directamente, e que integra uma série de funcionalidades de utilização colectiva. Parte deste notável espaço de distribuição e de articulação interna ao sistema de espaços colectivos e estrutura ecológica do Parque da Ponte, encontra-se em manifesto estado de degradação física e ambiental, sendo de assinalar as intensas cargas funcionais que suporta em dias de feira e de alguns outros eventos acolhidos pelos grandes equipamentos em presença.

8 | Alguns dos grandes equipamentos carecem igualmente de intervenções de reabilitação e de valorização, como o Estádio 1º de Maio, as Piscinas Municipais, o Pavilhão Dr. Flávio Leite (ABC) e o Parque de Exposições, para manutenção estrutural, melhoramento das suas imagens e beneficiação das condições de articulação à escala do sistema de equipamentos colectivos.

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C. Linhas estratégicas de reabilitação urbana

As linhas estratégicas de reabilitação a integrar neste programa recuperam em primeiro lugar as propostas já elaboradas em sede de candidatura e programa de Parceria para a Regeneração Urbana do Rio Este, designadamente: a Requalificação das Margens do Rio Este; a Regeneração e Revitalização do Parque da Ponte; o Parque do Monte Picoto; a operação TUBiclas no Rio Este; e a Dinamização do Bar do Lago.

Considerando estas dimensões e todas as outras não contempladas no quadro do Programa Estratégico anterior, a presente proposta de intervenção ao nível destes dois componentes estruturantes centra-se especificamente nos seguintes objectivos específicos:

� Requalificar e intensificar o usufruto, por parte dos cidadãos e visitantes da cidade de Braga, das margens do rio Este no troço inserido dentro da ARU de Braga Sul;

� Multiplicar e diversificar as soluções de utilização e de relação dos espaços ocupados/ edificados limítrofes com o curso de água e com os restantes elementos verdes, corrigindo os impactos negativos que diversas edificações ou conjuntos de edificações mais recentes produziram;

� Requalificar os espaços verdes aumentando o nível de fruição por parte da população, dentro de um esquema articulado e de acessibilidade facilitada;

� Reorganizar os espaços intersticiais entre equipamentos colectivos e elementos naturais/ verdes, de modo a facilitar a acessibilidade e o estacionamento (em especial em dias de maior intensidade de utilização/ mais utentes) e a melhorar a respectiva imagem urbana;

� Dar um novo perfil à Avenida Pires Gonçalves conseguindo a sua transformação numa alameda urbana para onde convergem as diversas funções presentes – ambientais, económicas e recreativas;

� Promover soluções funcionais e de gestão mais adequadas para os diversos equipamentos colectivos, em especial no caso dos equipamentos desportivos e recreativos de maior escala, adequando o seu nível de utilização à sua capacidade;

� Qualificar a ligação aos espaços edificados com perfil industrial ou de armazenagem reabilitados, de modo a favorecer a fixação na área de intervenção de novas actividades com impacto na animação urbana da zona.

O esquema seguinte espacializa a estratégia delineada para este primeiro nível:

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Figura 3 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 1

Como complemento ao cartograma anterior, apresenta-se no quadro seguinte uma breve descrição de cada uma das acções ou projectos preconizados para consubstanciar a estratégia anteriormente descrita, bem como a natureza do investimento a realizar e o seu promotor:

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Quadro 4 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 1º nível da estratégia

Nº Designação do projecto/ acção Breve descriçãoNatureza do

investimentoPromotor

1Requalificação do rio Este e das suas

margens

Este projecto visa a regularização e renaturalização do leito do rio, o

revestimento das margens e despoluição do mesmo e o ordenamento da zona

ribeirinha, criando vias pedonais ciclaveis e não ciclaveis, sinalética e mobiliário

urbano

Público CMB

2Regeneração e revitalização do Parque da

Ponte (fase 2)

Esta segunda fase do projecto prevê a recuperação do espaço envolvente à

capela de S. João da Ponte, incluindo o restauro do coreto e da pérgolaPúblico CMB

3Infraestruturação de base do Parque do

Monte Picoto (fase 1)

Consiste sobretudo na criação de um conjunto de percursos, espaços de lazer e

prática desportiva, com características tão naturais quanto possível, com o

recurso preferencial a materiais perecíveis e acessibilidades diversificadas e

adequadas

Público CMB

4

Criação de percursos pedestres e limpeza da

mata a sul do Estádio 1º de Maio (utilização

efémera)

Acções ligeiras de limpeza de matas e criação de percursos pedestres que

permitam criar um corredor verde deste o rio até ao Monte PicotoPúblico

CMB

SCMisericórdia

5 Alameda Pires Gonçalves

Arranjo urbanístico profundo deste arruamento urbano (arruamentos e espaço

público, reformulação do estacionamento), permitindo articular de forma mais

nobre a paisagem ribeirinha e o Parque de São João da Ponte e valorizar o PEB

Público CMB

6 Requalificação do Campo da FeiraIntervenção de qualificação do espaço públio e de reordenamento da actividade

da feiraPúblico CMB

7Requalificação da envolvente ao Estádio 1º

de Maio

Obras de qualificação dos percursos externos envolventes ao Estádio Municípal

1º de Maio e pavilhão Flávio Sá LeitePúblico CMB

8Requalificação do Parque de Campismo de

Braga

Obras de requalificação e re-infraestruturação do parque de campismo dotando-

o de melhores condições de conforto para os utentes) e criação de acessos à

Piscina Municipal do Parque da Ponte e aos campos de jogos das Camélias

Público CMB

9Valorização do Parque de Exposições de

Braga

Intervenção profunda nas estruturas do PEB (grande nave e auditório) ao nível

das coberturas e fachadas (impermiabilização e pintura), com introdução de

soluções ao nível da eficiência energética, climatização e insonorização dos

edifícios, bem como a aquisição de equipamento para espectáculos

PúblicoCMB

PEB

10 Dinamização do Bar do Lago

Consiste na aquisição de equipamentos de lazer e diversão para instalar no lago,

nomeadamente, dez “gaivotas” de 2 lugares e de equipamento de som e luzes

para realização de espectáculos de Karaoke e outras iniciativas de carácter

familiar a terem lugar no espaço público, no sentido de promover a animação do

espaço urbano em causa

Privado Pactoinvest, Lda

Nível 1 - Componentes estruturadoras principais: estrutura ecológica e sistema de equipamentos colectivos

Nível 2 – Núcleos residenciais de reabilitação prioritária

A. Significado urbano

A área de intervenção integra três núcleos residenciais que, apesar de representarem situações diferentes no que respeita à iniciativa da sua promoção, às tipologias construtivas e à estrutura fundiária e sócio-demográfica actual, partilham o impacto de uma localização inicial periférica no contexto da cidade e a premência de uma intervenção de reabilitação do edificado e dos espaços públicos.

Este sector da cidade, uma das áreas de entrada e de ligação da cidade com as freguesias / lugares rurais situados a sul, configurou durante um largo período, um espaço de periferia, dominado pela presença e escala do Monte Picoto e das suas áreas limítrofes não edificadas. Esta posição é confirmada pela tipologia do principal eixo viário, a EN 101, que mantém ainda uma configuração de menor urbanidade e que se impõe igualmente corrigir.

Estas condições estiveram na base, em períodos diferentes, de intervenções também diversas ao nível da urbanização ou construção de bairros destinados a

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segmentos de população de baixos recursos, em especial nos casos do Bairro Nogueira da Silva e do Complexo Habitacional do Picoto.

Apesar disso, a presença dos núcleos residenciais em causa, o bairro Nogueira da Silva, o Complexo Habitacional do Picoto, os dois conjuntos habitacionais junto à EN101 (confinante com a urbanização da Coutada) e as ligações que estes estabelecem com as componentes estruturantes, de natureza ambiental ou colectiva, justificam o reforço da sua integração e requalificação, tendo em vista a um efeito de coesão sócio-espacial da zona. Para além disso, estes núcleos residenciais referidos representam actualmente espaços de transição entre as áreas verdes do Monte Picoto e do Parque de S. João e o complexo de equipamentos colectivos adjacente e uma série de novas zonas residenciais, de urbanização mais recente e qualificada. Mais uma vez, urge criar condições no edificado e no espaço público destes bairros que permitam reforçar a sua integração e a coesão intra-urbana.

B. Caracterização das suas componentes

São reconhecidas desde já as seguintes estruturas espaciais e edificadas que importam ao enquadramento deste nível de intervenção:

1 | Complexo habitacional do Picoto, constituído por 7 blocos de tipologia colectiva, em manifesto estado de degradação, situação a observar por instrumentos específicos de intervenção que integrem a vertente social. A complexidade dos problemas em presença leva a considerar a necessidade de uma operação integrada que extravasa claramente a escala local do conjunto habitacional em apreço.

2 | O acesso ao Complexo Habitacional do Picoto e correspondentes áreas envolventes encontram-se degradadas, sendo utilizadas como montureiras de resíduos urbanos diversos. O referido acesso integra-se no sistema de percursos do Parque do Picoto, devendo ser objecto de tratamentos ambientais adequados a esta circunstância.

3 | O Bairro Nogueira da Silva é estruturado por um traçado bem delineado na correspondência à topografia do lugar, mas marcado por uma série de impasses urbanísticos e por um manifesto défice de desenho urbano. São ainda de referir carências ao nível das infraestruturas urbanísticas, nomeadamente no que respeita à iluminação pública, rede de drenagem de águas pluviais e sistema de recolha de RSU.

Deverão assim ser colmatadas situações apontadas, bem como melhorados os pavimentos, por constituição de passeios. A conexão do traçado, para resolução das situações de impasse, poderá ser assumida por espaços de largo, capacitados como espaços de encontro e de estadia, em articulação com os espaços naturalizados da sua envolvente. É ainda manifesta a necessidade de melhoramento da estrutura ambiental dos espaços colectivos por arborização e instalação de elementos de mobiliário e equipamento urbano.

Os conjuntos habitacionais adjacentes à EN101 apresentam igualmente um défice em desenho urbano, devendo igualmente ser objecto de melhoramentos ao nível dos espaços colectivos, nomeadamente ao nível dos pavimentos, infraestruturas urbanísticas, mobiliário urbano e arborização.

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Refira-se ainda que os limites do Bairro e conjuntos habitacionais referidos, nomeadamente no contacto com o espaço aberto intercalado (a sul do Estádio 1º de Maio) apresenta igualmente carências de definição morfológica e de tratamentos urbanísticos e ambientais adequados, a colmatar por acções ao nível do espaço público e vedações das parcelas.

4 | A articulação entre o Bairro Nogueira da Silva e os conjuntos habitacionais adjacentes à EN101 é assegurada pelo arruamento existente e por uma vereda que atravessam a bolsa arborizada interposta entre as referidas formas urbanas. Pela sua utilização pedonal, os espaços de contacto do referido arruamento e vereda poderão ser tratados como largos de recepção, estadia e distribuição de peões, em articulação com as áreas naturalizadas (parque urbano) adjacentes.

5 | As estruturas edificadas do Bairro Nogueira da Silva e dos conjuntos habitacionais adjacentes à EN101 apresentam alguns sintomas pontuais de degradação, devendo assim ser sujeitas a um programa de reabilitação específico, conjugado com as intervenções apontadas ao nível dos espaços colectivos de serventia. Refira-se que parte significativa dos problemas de degradação física e consequente degradação da imagem urbana decorrem de malformações ao nível de construções secundárias, anexos, muros e vedações das parcelas, nomeadamente as do conjunto habitacional fronteiro ao Parque de Campismo (a sul) e que se dispõem ao longo do limite sul do Bairro Nogueira da Silva.

C. Linhas estratégicas de reabilitação urbana

Considerando a situação social e urbana destes núcleos residenciais e a sua interligação com as outras componentes da área sul da cidade os objectivos de reabilitação a cumprir são os seguintes:

� Aumentar o nível de integração social e espacial destes núcleos residenciais dentro do contexto intra-urbano, beneficiando, designadamente, o tipo e a qualidade dos acessos;

� Promover intervenções sistemáticas de qualificação do espaço público e de modernização de mobiliário e serviços urbanos dentro destes núcleos residenciais;

� Estimular e apoiar, dentro do quadro de oportunidades e de instrumentos de apoio à reabilitação da habitação, a reabilitação dos edifícios de habitação no bairro Nogueira da Silva e nos dois conjuntos habitacionais junto à EN101 (confinante com a urbanização da Coutada);

� Promover uma solução progressiva (e ao longo do tempo) de reintegração da população residente no Complexo Habitacional do Picoto, dentro de um modelo que garanta a sua inserção social no contexto da cidade;

� Melhorar as condições de vivência e sociabilidade intra-bairros.

O esquema seguinte espacializa a estratégia delineada para este segundo nível:

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Figura 4 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 2

Uma vez mais, e como complemento ao esquema agora apresentado, o quadro seguinte expõe uma breve descrição de cada uma das acções ou projectos preconizados para consubstanciar a estratégia preconizada e descrita anteriormente, bem como a natureza do investimento a realizar e o respectivo promotor:

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Quadro 5 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 2º nível da estratégia

Nº Designação do projecto/ acção Breve descriçãoNatureza do

investimentoPromotor

1Requalificação do acesso e envolvente ao

Complexo Habitacional do Picoto

Intervenção ao nível do espaço público na via de acesso a esta zona habitacional,

acções de limpeza urbana e de matos na zona envolventePúblico CMB

2

Programa de qualificação do espaço público

do Bairro Nogueira da Silva e dos conjuntos

habitacionais adjacentes à EN101

Arranjos urbanísticos ao nível dos arruamentos e espaços públicos colectivos,

iluminação e mobiliário urbanoPúblico CMB

3

Criação de um espaço público colectivo que

sirva o Bairro Nogueira da Silva e os

conjuntos habitacionais adjacentes à EN101

Concepção-construção de um espaço público colectivo local que funcione como

um "íman" entre estas zonas residenciais, atribuindo-lhe um carácter central face

a estas zonas residenciais

Público CMB

4

Reabilitação do edificado no Bairro Nogueira

da Silva e nos conjuntos habitacionais

adjacentes à EN101

Reabilitação ligeira pontual do parque edificado existente Privado Proprietários

Nível 2 - Núcleos residenciais de reabilitação prioritária

Nível 3 – Frentes urbanas a reabilitar

A. Significado urbano

Dentro da área de ligação dos espaços verdes e da estrutura ecológica com os quarteirões da cidade na fachada norte da área de intervenção, localizam-se algumas frentes edificadas de maior impacto, embora com significados diferentes, cuja estratégia justifica uma intervenção sistemática de reabilitação, de promoção predominantemente privada.

Algumas destas frentes edificadas, confinantes com os espaços verdes, assumem uma importância estratégica em termos da requalificação da paisagem urbana e da reapropriação destes espaços por novos segmentos de população e de actividades – nos casos dos edifícios das ruas de Santo Adrião, Pascoal Fernandes, Devesas e Travessa do Bonfim, na medida em que constituem um remate edificado do Monte Picoto que apresenta, actualmente um número significativo de situações de degradação e abandono de edifícios; ou no caso das traseiras dos edifícios da Rua Conselheiro Lobato, quer devido à sua ocupação industrial / oficinal, quer às linguagens arquitectónicas e aos materiais construtivos utilizados, que impactam negativamente as margens do rio Este a beneficiar e o conjunto de equipamentos associados à alameda Pires Gonçalves.

A terceira situação, associada ao sítio dos Galos, é igualmente um conjunto de fachadas traseiras de edifícios com uma volumetria desequilibrada face à estrutura e morfologia dos espaços relacionados com o rio Este e o sítio de valor patrimonial significativo, que impõe uma intervenção no sentido da requalificação da paisagem urbana. Neste último caso, a situação funcional não constitui um problema na medida em que mantém um perfil predominante residencial de nível intermédio.

B. Caracterização das suas componentes

As principais estruturas urbanísticas reconhecidas como materiais de enquadramento deste nível são as seguintes:

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1 | A frente sul da Rua Conselheiro Lobato constitui um importante conjunto urbanístico resultante de uma atitude planeada à escala do lugar do Fujacal.

Grande parte das construções que integram este conjunto urbanístico apresenta um piso térreo com implantação que ocupa praticamente toda a parcela, estendendo-se até ao rio Este, sendo que a linha de água encontra-se inserida em vala emparedada. Estas áreas edificadas ao nível do piso térreo são maioritariamente ocupadas por oficinas do ramo automóvel e por armazéns-loja, não se relacionando com a linha de água no seu tardoz, nem com as plataformas adjacentes à mesma. De resto, tais construções não se apresentam capacitadas como frentes urbanas, não obstante se encontrarem visualmente expostas a partir da Av. Pires Gonçalves. Os referidos prolongamentos de tardoz do piso térreo comercial ou oficinal apresentam desenvolvimentos distintos em função da profundidade das parcelas correspondentes, ocorrendo espaços não edificados com maior perfil face à linha de água, nomeadamente a poente, junto da Rua Dr. José Azevedo Ferreira, e junto ao atravessamento sensivelmente ao centro do conjunto urbanístico em questão, onde o tardoz é ocupado por depósito de sucata.

A perspectiva de valorização da linha de água e plataformas adjacentes leva à consideração de um programa de reconversão urbanística das construções com frente para a mesma linha de água, procurando relações espaciais, usos e tratamentos ambientais favoráveis.

2 | No mesmo sentido da vertente acima apontada, e como programa de acompanhamento estabelecido “em espessura” na malha urbana, considera-se pertinente a definição de um programa de reabilitação à escala do conjunto urbanístico edificado, tanto mais pela presença de mezaninos e pisos altos articulados com o estabelecimento do piso térreo, ou actualmente devolutos.

Para efeito dos objectivos pretendidos, e perante o sentido organizacional das construções, a questão tipológica afigura-se como material pertinente do programa de reabilitação a estabelecer.

3 | As ruas da Devesa, de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes e a travessa do Bonfim integram a área de reabilitação urbana considerada pelo presente estudo, dada a proximidade ao Parque Sul, constituindo-se como frentes e eixos de serventia directa ao mesmo.

Observe-se a importância das relações estabelecidas entre a malha urbana e a Escola Secundária Alberto Sampaio com o Parque do Picoto, o Parque da Ponte e o lugar dos Galos, ou as relações entre estes três espaços, asseguradas pelos arruamentos em questão.

Os referidos arruamentos apresentam sintomas de degradação física e um manifesto défice de desenho urbano, bem como algumas infraestruturas urbanísticas obsoletas, situações a colmatar por acções específicas nos domínios referidos.

4 | Pelas mesmas razões e em articulação com os espaços públicos acima apontados, considera-se a reabilitação dos conjuntos edificados servidos pelas ruas da Devesa, de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes, da travessa do Bonfim e com frente para o topo sul da Av. da Liberdade.

O conjunto urbanístico da frente sul da Rua de Santo Adrião apresenta alguns edifícios muito degradados, sendo factor de desqualificação da imagem da envolvente urbana, pela sua exposição e abertura perspéctica.

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As frentes da Rua da Devesa e da Travessa do Bonfim encontram-se em processo de renovação marcado por dinâmicas muito incipientes, do que resultam rupturas morfológicas a observar por programa específico de reabilitação urbana.

A frente do Parque da Ponte, orientada a poente e com serventia pela Av. da Liberdade deverá ser enquadrada por programa de melhoramento da imagem urbana, dada a sua inserção urbana peculiar e importância dos correspondentes gavetos e contra-gaveto.

5 | Algumas estruturas-resquícios da antiga Quinta da Mitra poderão assumir competências de relevância culturalista, por via de acções exemplares de reabilitação, tendo ainda em atenção os correspondentes aspectos de sinalização locativa à escala dos sistemas em que se inserem.

Apontam-se assim a estrutura existente junto ao rio Este, junto ao atravessamento da Rua Dr. José Azevedo Ferreira, e o solar urbano junto à antiga ponte de S. João, no gaveto da Av. das Liberdade com a Rua Conselheiro Lobato.

C. Linhas estratégicas de reabilitação urbana

As três situações incluídas neste nível de intervenção apresentam características singulares que exigem programas de reabilitação específicos. No entanto comungam de alguns objectivos mais específicos, designadamente:

� Requalificar a paisagem urbana nas zonas limítrofes da área e reconstituindo a relação visual das frentes edificadas com as estruturas ecológicas presentes, designadamente, intercalando com cortinas arbóreas para enquadramento paisagístico do interior do quarteirão, amenizando a presença dos blocos colectivos dissonantes;

� Promover a reabilitação e ocupação de edificado em zonas limítrofes que apresentam um nível de abandono dos edifícios mais acentuado;

� Estimular e criar condições para a transformação do perfil de actividades instaladas em determinados eixos e frentes urbanas que marginam o rio Este, favorecendo dinâmicas de atractividade em termos de animação urbana e de criatividade.

O esquema seguinte espacializa a estratégia delineada para o terceiro nível, enquanto que a tabela que se lhe segue anuncia as acções e projectos que permitirão consubstanciar a estratégia agora preconizada.

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Figura 5 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 3

Quadro 6 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 3º nível da estratégia

Nº Designação do projecto/ acção Breve descriçãoNatureza do

investimentoPromotor

1

Programa de apoio à requalificação da Rua

Conselheiro Lobato e à revitalização das

áreas não habitacionais

Projecto de qualificação do espaço público e de reconversão funcional das zonas

de garagem e armazenagem que confinam com o rio Este para novas actividades

na área das indústrias culturais e criativas

Público

Privado

CMB

Proprietários

2Reabilitação do edificado da Rua Conselheiro

Lobato

Intervenções de reabilitação média dos edifícios, com eventuais alterações/

ajustes tipológicosPrivado Proprietários

3

Requalificação urbana das ruas da Devesa,

de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes e da

travessa do Bonfim

Intervenções de recuperação do espaço público (arruamento, passeios,

mobiliário urbano, iluminação, etc.)Público CMB

4

Reabilitação do edificado nas ruas da

Devesa, de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes,

da travessa do Bonfim e no topo da Avenida

da Liberdade

Reabilitação média dos edifícios a preservar e profunda dos edifícios em maior

estado de degração (devolutos e em ruína)Privado Proprietários

5 Reabilitação da Quinta da Mitra Reabilitação do edifício para nova função (restauração, espaço cultural, etc.) Privado Proprietário

Nível 3 - Frentes urbanas a reabilitar

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Nível 4 – Reabilitação do sítio dos Galos

A. Significado urbano

Para além da pré-existência de uma ACRRU do sítio dos Galos que justificou, ao longo destes anos, a manutenção de alguns instrumentos de política urbana associados a este conjunto de edifícios de origem rural inseridos no centro da cidade e relacionados com o rio Este, este nível procurará sobretudo preservar uma memória.

A presença de valores singulares e conjuntos com tipologias específicas, na sua maioria integrados com a água – como os moinhos e levadas, por exemplo, justifica a sua valorização e o desenvolvimento de um programa funcional que possa trazer de novo o interesse e a vivência destes exemplares edificados. Torna-se desejável, explorar as temáticas encontradas, relacionadas vestígios da existência de águas termais, de um poço de banhos (…), de moinhos e levadas, etc., considerando os diversos elementos edificados a reabilitar como um equipamento conjunto, potencialmente estruturado por percursos estabelecidos que se venham a criar.

B. Caracterização das suas componentes

São as seguintes as principais componentes de enquadramento deste nível de actuação:

1 | O tardoz das construções servidas pela Rua Américo Carvalho interferem fortemente com o lugar dos Galos, quer pela sua volumetria expressiva e recorte morfológico excessivo, quer pela desadequação formal das fachadas correspondentes, que competem abusivamente com os valores culturais (urbanísticos e ambientais) em presença. É assim considerada uma vertente de intervenção ao nível das referidas fachadas de tardoz, que permita a sua qualificação por padrões de discrição formal, por soluções de revestimentos ou de novas fachadas/máscaras, de perfil/profundidade variável, para tratamento conjunto de paramentos e, nomeadamente, das áreas de varandas, marquises e serviços. São assim pretendidas imagens discretas e bem qualificadas que permitam enquadramentos favoráveis do espaço dos Galos que, de resto, apresenta cotas de assentamento inferiores às da envolvente de expansão urbana.

2 | O espaço público do Sítio dos Galos é constituído pelo arruamento e ponte com o mesmo nome, assim como por uma série de serventias capilares e pequenas plataformas de borda-d’água. Trata-se de um sistema muito localizado e de grande coerência morfológica, testemunho das ocupações primordiais e das sucessivas alterações pontuais ao longo do tempo. As notícias históricas permitem identificar os espaços com antigas utilizações termais, espaços que poderão ser valorizados por instalação de artefacto de arte urbana evocativa de tais usos relacionados com a nascente de águas férreas. Algumas das plataformas existentes ou repostas de forma criteriosa poderão enriquecer o sistema de espaços colectivos, como espaços de estadia e de distribuição, melhorando os níveis de conexão em articulação com as funcionalidades existentes e a instalar. Pretende-se ainda melhorar as condições de articulação dos percursos capilares e a sua ligação com a Rua dos Barbosas, a reabilitar como parte integrante do sistema. A requalificação e valorização dos espaços colectivos integra vertentes de correcção de pavimentos, inserção de mobiliário

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e equipamento urbano, e melhoramento das infraestruturas urbanísticas, com relevo para a iluminação pública.

3 | Sendo pretendida uma operação integrada, deverá ser considerada a reabilitação das estruturas edificadas com valor significante reconhecido, assim como demolidas as estruturas e factores dissonantes em presença.

4 | A questão tipológica poderá ser matéria pertinente das soluções projectivas a desenvolver, para inserção de programas habitacionais ou outros, sem que resulte o desvirtuamento dos valores identificados. A valorização dos processos e metodologias de intervenção deverá ter enquadramento objectivo como exemplos distintivos e com demonstração pedagógica das práticas a empreender. Verifique-se que o Sítio dos Galos encontra-se entre duas Escolas Secundárias, sendo pretendida a articulação directa com as mesmas, bem como com outras funcionalidades colectivas da envolvente urbana ou localizadas no espaço do Parque Sul de Braga.

5 | A Rua dos Barbosas confina directamente com o Lugar dos Galos, delimitando a sua frente sul. Esta rua constitui-se como uma “varanda” sobranceira ao Lugar dos Galos, dado que verifica um trainel a uma cota superior. A circunstância apontada deverá então ser explorada com a instalação de esplanadas, reforço da arborização, melhoramento das infraestruturas urbanísticas e nova articulação entre cotas, a assegurar por estrutura ligeira, reduzindo a carga funcional de estacionamento automóvel.

C. Linhas estratégicas de reabilitação urbana

A estratégia de reabilitação deverá assentar nos seguintes objectivos específicos:

� Intervir ao nível das fachadas posteriores na rua Américo Carvalho, de modo a capacitar as referidas construções como frente e pano de fundo do Sítio dos Galos. Este nível de intervenção reveste-se de grande complexidade, quer no que respeita ao seu enquadramento operativo, quer quanto aos conceitos arquitectónicos e urbanísticos a adoptar (neutralização das linguagens arquitectónicas, por novos revestimentos e redesenho de fachadas; constituição de fachadas-filtro constituídas por estruturas ligeiras bem integradas no local, numa perspectiva tradicional ou contemporânea);

� Articular o espaço do Sítio dos Galos com o Parque S. João da Ponte (localizado no sector oeste do troço da Avenida da Liberdade, junto à Ponte de S. João) de modo a ganhar coerência e escala, em termos urbanos e funcionais;

� Demolir as malformações e construções recentes desqualificadas, acedendo a espaços que possam interessar aos termos de reabilitação ambiental do sector intervencionado;

� Reforçar a estruturação do “miolo” urbano do Sítio a partir da presença da linha de água, valorizando e qualificando três tipos de elementos que com ela se relacionam actualmente ou potencialmente:

o Plataformas de acesso à linha de água já existentes ou resultantes da demolição de edifícios sem valor arquitectónico ou cultural;

o Percursos ao longo da linha de água, com vocação lúdica e ambiental;

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o Estruturas edificadas presentes, de valor patrimonial e histórico-cultural reconhecido, adaptando-as a novas funções, que podem ir reencontrar as funções originais mas, agora, dentro de uma perspectiva educativo-pedagógica e lúdica;

� Restaurar e reabilitar as estruturas existentes ao longo da linha de água (as que manifestem persistências significantes com fraco potencial de modificação, etc.);

� Garantir uma melhor articulação com os equipamentos existentes nas áreas urbanas vizinhas – em que se destacam a concentração de equipamentos de ensino, escolas com os diversos níveis de ensino básico e secundário e escola de música do Mercado da Carandá, reforçando a sua integração na rede de espaços públicos e equipamentos.

Uma vez mais, o esquema seguinte espacializa a estratégia delineada para o este quarto nível:

Figura 6 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 4

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Como complemento ao cartograma anterior, apresenta-se no quadro seguinte uma breve descrição de cada uma das acções ou projectos preconizados para consubstanciar a estratégia preconizada e anteriormente descrita, bem como a natureza do investimento a realizar e o seu promotor:

Quadro 7 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 4º nível da estratégia

Nº Designação do projecto/ acção Breve descriçãoNatureza do

investimentoPromotor

1Valorização das fachadas posteriores da Rua

Américo Carvalho

Intervenção global sobre as fachadas posteriores (fachada falsa), incentivos à

reabilitação (acções de "cosmética" urbana)Público CMB

2Requalificação do espaço público do Sítio

dos Galos

Obras de qualificação do espaço público, com introdução de novas soluções de

ilulminação, sinalização e mobiliário urbano, bem como de uma peça escultórica

que simbolize a nascente de águas férreas

Público CMB

3

Reabilitação do edificado e melhoria das

condições de habitabilidade no Sítio dos

Galos

Reabilitação ligeira dos edifícios a preservar e demolições dos elementos

dissonantesPrivado Proprietário

4Programa de apoio ao realojamento de

moradores em edifícios degradadosSoluções de realojamento para as famílias residentes nos fogos a demolir Público

CMB

Bragahabit

5

Reabilitação e revitalização do conjunto de

edifícios com valor patrimonial para novas

funções colectivas

Reabilitação profunda de edifícios a preservar para reencontrar as funções

originais, mas agora dentro de uma perspectiva educativo-pedagógica e lúdicaPúblico CMB

6 Valorização da rua dos Barbosas

Requalificação do espaço público com o intuito de criar "balcões" sobre o rio,

possibilitando a instalação de esplanadas e mobiliário urbano para maior

usufruto deste sítio

Público CMB

Nível 4 - Reabilitação do Sítio dos Galos

Nível 5 – Eixos de penetração e relação com o exterior

A. Significado urbano

A presença do curso de água e o processo de relativo abandono das suas margens, que configurou em determinados troço um espaço de traseiras, tem contribuído para dificultar a permeabilidade e a ligação entre as duas margens, não tanto a nível mais localizado e de proximidades (dos atravessamentos pedonais, por exemplo de ligação ao Fujacal ou no sítio dos Galos), mas sobretudo numa perspectiva de relações entre áreas mais abrangentes da cidade (entre, por exemplo, o Centro Histórico/ o eixo da Av. da Liberdade e o núcleo de equipamentos colectivos de grande escala e Parque de s. João, ou entre a zona do Mercado do Carandá e da Escola André Soares e a zona envolvente à Escola Secundária Alberto Sampaio).

O perfil funcional da área de intervenção, associado à presença dominantes das componentes de estrutura ecológica e do sistema de equipamentos colectivos de grande escala, exigem uma estratégia de forte permeabilização e abertura da zona, no sentido de facilitar e estimular a entrada e saída de pessoas que procuram a zona para usufruírem dos seus activos ambientais e dos seus serviços e equipamentos.

Considerando as características e o potencial de atractividade e centralidade urbana que esta zona possui, as componentes físicas de penetração e de ligação com o exterior adquirem um valor estratégico fundamental.

Destacam-se neste âmbito, os diversos eixos de atravessamento do rio Este e, no sentido longitudinal, para além do próprio eixo de atravessamento estruturado pelo rio e valorizado nas suas margens, o eixo da EN 101 que liga a extremidade sul da

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Av. da Liberdade com o topo norte / noroeste do Monte Picoto, servindo alguns dos mais importantes equipamentos colectivos localizados na área, designadamente, através da penetração pela Avenida Pires Gonçalves.

B. Caracterização das suas componentes

É reconhecida a importância dos seguintes eixos de penetração e relação com a envolvente urbana:

1 | Relação a estabelecer entre o Parque Sul e o Centro Histórico, por tratamento adequado do espaço público da Av. da Liberdade, Travessa da Madalena e Ponte de S. João, reforçando as componentes de natureza ambiental como a arborização, qualificação do mobiliário e equipamento urbano, e melhoramento das infraestruturas urbanísticas.

A valorização do açude junto à Ponte de S. João revela-se de grande importância, nomeadamente se conjugada com os espaços de fronteiro e de tardoz do conjunto solarengo existente junto à ponte, parte do qual ainda por reabilitar, sendo ainda de considerar o atravessamento do rio à cota da soleira de serventia do referido conjunto com valor arquitectónico e urbanístico, repondo o sentido da antiga ponte como porta do parque e percurso até à Capela de S. João.

2 | A EN101 mantém um perfil e carácter eminentemente estradal, sendo a principal estruturante viária em corte na área do Parque Sul. Dado o seu generoso perfil transversal, e de modo a que acompanhe os objectivos de estruturação ambiental deste sector da cidade, verifica-se a possibilidade de requalificação como eixo claramente urbano, que propicie os atravessamentos e ligações transversais, sem prejuízo das competências funcionais actualmente atribuídas.

Trata-se assim do seu reperfilamento por alargamento dos passeios, instalação de renques de árvores, mobiliário e equipamento urbano, melhoramento das soluções de articulação com as vias transversais e com as funcionalidades que serve directamente, e melhoramento das infraestruturas urbanísticas, com relevo para a iluminação pública ambiental e decorativa.

3 | Os espaços públicos transversais à Rua Conselheiro Lobato, de articulação entre o Fujacal e o rio Este, como a Rua Monsenhor Airosa e a passagem pedonal de ligação ao Campo da Feira, apresentam imagens desqualificadas, baixos níveis de conforto e manifesto défice de desenho urbano.

Tratando-se de importantes “portas” do parque urbano é considerada a relevância da reabilitação dos espaços colectivos referidos, por alargamento e repavimentação das superfícies destinadas a peões, instalação de cobertos arbóreos, de mobiliário e equipamento urbano, e melhoramento das infraestruturas urbanísticas, renovando o sistema de iluminação pública.

Os momentos de atravessamento da linha de água poderão ainda ser tratados como espaços de estadia e de distribuição, assumindo conotados morfológicos adequados ao efeito, assim como estruturas específicas de guarnição vivencial. Tais espaços articulam-se, de resto, com a ciclovia pretendida ao longo do leito da linha de água.

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4 | A articulação entre o Sítio dos Galos e os equipamentos existentes na sua envolvente urbana revela grande importância estratégica face aos objectivos de estruturação urbanística e de estruturação ambiental definidos para este sector da cidade.

Trata-se assim de colocar em evidência, com boas condições de conforto, o percurso em corte na malha urbana, de ligação entre as Escolas André Soares e Alberto Sampaio, e respectivo prolongamento a sul para ligação ao Monte Picoto, onde deverá articular-se com o sistema de percursos.

5 | Ao longo do traçado da linha de água é pretendida a inserção de uma faixa ciclável a articular com os sectores urbanos adjacentes. Esta ciclovia acompanha o rio Este e terá equipamentos de apoio junto aos principais acessos ao Parque Sul.

C. Linhas estratégicas de reabilitação urbana

No que respeita aos objectivos específicos a cumprir no quadro deste nível de intervenção de reabilitação, referem-se os seguintes:

� Requalificação dos perfis dos principais eixos viários identificados;

� Integração de componentes diversas de circulação pedonal e ciclável nos atravessamentos do rio Este;

� Reforço das condições de circulação e de estacionamento garantindo a eliminação de pontos de congestionamento ou de dificuldade de trânsito.

Como para os níveis anteriores, também agora se apresenta um esquema que espacialize a estratégia delineada para este quinto e último nível da Área de Reabilitação Urbana de Braga Sul (Parque Sul), bem como o quadro contendo a descrição de cada uma das acções ou projectos que permitam levar a cabo a estratégia anteriormente descrita, bem como a natureza do investimento a realizar e o seu promotor.

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Figura 7 | Linhas estratégicas de reabilitação para o nível 5

Quadro 8 | Projectos/ acções que visam consubstanciar o 4º nível da estratégia

Nº Designação do projecto/ acção Breve descriçãoNatureza do

investimentoPromotor

1Reforço da articulação entre o Centro

Histórico da cidade e o Parque Sul

Requalificação do espaço público no topo da avenida da liberdade, na travessa

da Madalena e da ponte de São João (arranjos urbanísticos, mobiliário urbano e

sinalética)

Público CMB

2

Requalificação urbana da EN101 entre a

Avenida da Liberdade e a urbanização da

Coutada

Criação de uma via de perfil urbano, com alargamento de passeios, introdução

de um renque de vegetação arbórea, melhoramento da iluminação pública e

colocação de mobiliário urbano adequado a este novo perfil

Público CMB

3Qualificação das vias de ligação do Fujacal ao

rio Este

Arranjo urbanístico da passagem pedonal da rua Conselheiro Lobato para o

campo da feira e da rua Monsenhor AirosaPúblico CMB

4

Criação de um eixo de ligação entre as

escolas André Soares e Alberto Sampaio (via

Sítio dos Galos) e seu prolongamento pela

encosta nascente do Monte Picoto

Criação de um canal de ligação entre estas duas unidades escolares (passando

pelo Sítio dos Galos), através da qualificação do espaço público e da colocação de

sinalética, estendendo-a pela encosta nascente do Monte Picoto (Rua Pascoal

Fernandes), com ligação à circular urbana e zonas de elevada densidade

residencial

Público CMB

5 Projecto TUBiclasDisponibilizar infaestruturas de aparcamento de equipamentos cicláveis ao longo

do rio EstePúblico TUB, EEM

Nível 5 - Eixos de penetração e relação com o exterior

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5.2. Projectos estruturantes de iniciativa pública

Após se terem definido as componentes espaciais e operativas da estratégia de reabilitação urbana para a zona do Parque Sul de Braga importa agora definir de forma clara o programa de investimento público considerado como estruturante para a prossecução da estratégia desta operação de reabilitação urbana.

Como se pode constatar pela leitura do quadro seguinte, prevê-se para esta operação de reabilitação urbana um investimento estruturante de iniciativa pública de cerca de 10 Milhões de Euros, que deverão ficar totalmente a cargo do Município de Braga. De salientar que, apesar de se considerar o “programa de apoio à requalificação da Rua Conselheiro Lobato e à revitalização das áreas não habitacionais” como estruturante e de iniciativa pública, se prevê que a parte mais significativa do investimento seja de natureza e iniciativa privada, não sendo dessa forma contabilizado no total do investimento público.

Quadro 9 | Investimento público estruturante do PERU de Braga Sul

Designação Promotor Estimativa orçamental Enquadramento financeiro

Nível 1 – Componentes estruturadoras principais: estrutura ecológica e sistema de equipamentos colectivos

Requalificação do rio Este e das suas margens CMB 2.491.595,00 € QREN/ ON2 - PRU Rio Este

Regeneração e revitalização do Parque da Ponte (fase 2) CMB 1.034.760,00 € QREN/ ON2 - PRU Rio Este

Alameda Pires Gonçalves (1) CMB 600.000,00 € Orçamento Municipal QREN- Investimento Público JESSICA

Requalificação do Campo da Feira (1) CMB 750.000,00 € Orçamento Municipal QREN- Investimento Público JESSICA

Nível 2 – Núcleos residenciais de reabilitação prioritária

Programa de qualificação do espaço público do Bairro Nogueira da Silva e dos conjuntos habitacionais adjacentes à EN101 (1)

CMB 450.000,00 € Orçamento Municipal QREN- Investimento Público JESSICA

Nível 3 – Frentes urbanas a reabilitar

Programa de apoio à requalificação da Rua Conselheiro Lobato e à revitalização das áreas não habitacionais (1)

CMB Proprietários 1.660.000,00 €

CEJ2012 Incentivos de natureza fiscal e administr. QREN- Invest. privado e acções colectivas Protocolos bancários JESSICA

Nível 4 – Reabilitação do Sítio dos Galos

Valorização das fachadas posteriores da Rua Américo Carvalho (1) CMB 950.000,00 €

Orçamento Municipal Programas reabilitação e habitação (IHRU) JESSICA

Requalificação do espaço público do Sítio dos Galos (1) CMB 850.000,00 € Orçamento Municipal QREN- Investimento Público JESSICA

Reabilitação e revitalização do conjunto de edifícios com valor patrimonial para novas funções colectivas (1)

CMB 1.250.000,00 €

Orçamento Municipal Programas reabilitação e habitação (IHRU) QREN- Investimento Público JESSICA

Valorização da rua dos Barbosas (1) CMB 825.000,00 € Orçamento Municipal QREN- Investimento Público JESSICA

Nível 5 – Eixos de penetração e relação com o exterior

Requalificação urbana da EN101 entre a Avenida da Liberdade e a urbanização da Coutada (1)

CMB 650.000,00 € Orçamento Municipal QREN- Investimento Público

Total de investimento público estruturante (2) 9.851.355,00 €

(1) O valor total estimado poderá sofrer variações superiores a ± 25%, uma vez que esta fase do estudo não permite uma completa definição da intervenção a realizar;

(2) Excluindo o projecto referente ao "Programa de apoio à requalificação da Rua Conselheiro Lobato e à revitalização das áreas não habitacionais" por ser preferencialmente de iniciativa privada.

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Importa destacar que deste investimento estruturante, cerca de 35% se encontra já em execução, estando assegurado o seu co-financiamento pelo FEDER a uma taxa de 80%.

5.3. Medidas de política complementares

A definição das medidas de política complementares a incluir no quadro da estratégia de reabilitação urbana de Braga Sul completam, de acordo com o esquema apresentado no início do capítulo 5, a formulação das linhas programáticas propostas.

Considerando os objectivos estratégicos enunciados e o teor dos sistemas urbanos representados e com dominância nesta área de reabilitação urbana, propõe-se de seguida um conjunto de medidas de política que devem ser formatadas e conjugadas, no quadro da promoção e gestão da estratégia de reabilitação, segundo 5 domínios:

A. Fomento do mercado de reabilitação do edificado

B. Revitalização económica e urbana

C. Inserção social

D. Governance urbana

E. Marketing urbano e comunicação.

A. Fomento do mercado de reabilitação urbana

As medidas de política a adoptar neste domínio incidem particularmente no estímulo ao desenvolvimento de condições locais, mais qualificadas, ao nível das competências empresariais e organizativas, mas também da população / residente, para a matéria específica da reabilitação – recuperação – restauro do edificado.

A entidade gestora do Programa Estratégico de Reabilitação Urbana (CMB), em parceria com outras instituições locais e sectoriais, designadamente, Ordens profissionais ligadas à reabilitação urbana, a Universidade do Minho, o próprio IHRU e outras entidades ligadas ao sector, deverão assumir a promoção do seguinte conjunto de medidas:

���� Criação de uma bolsa de artífices qualificados

Criação de uma bolsa de artífices (operários) qualificados, com base num Sistema de Qualificação que pondere factores como a experiência na execução de trabalhos de reabilitação e conservação de edifícios, o sucesso das operações, a qualificação profissional, entre outros.

���� Criação de uma bolsa de PME especializadas em trabalhos de reabilitação e conservação

Criação de uma bolsa de pequenas e médias empresas, sendo pontos importantes de ponderação a considerar no Sistema de Qualificação a adoptar, a experiência na

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execução de trabalhos de reabilitação e conservação, as habilitações técnicas e profissionais específicas dos seus recursos humanos, o sucesso das operações similares e de reabilitação de edifícios ou conjuntos edificados realizadas, entre outros.

���� Centro de competências na área das tecnologias de reabilitação

Criação de grupos de trabalho e departamentos técnicos específicos para o desenvolvimento de centro de competências específicas na área da reabilitação dos edifícios, viabilizando um trabalho integrado e de cooperação entre a Entidade Gestora e os centros de competências existentes sobre a matéria – universidades ou centros de I&D, Ordens de Engenheiros e Arquitectos, Associações Empresariais especificas da área da Reabilitação (GECoRPA e outras) ou de carácter mais generalizado (AICCOPN e outras), que facilitem o estabelecimento de interfaces com o sector empresarial a intervir na Área de Reabilitação Urbana.

Esta colaboração pode promover, paralelamente, viabilizar um programa regular de Seminários e Conferências específicas sobre a intervenção em construções existentes e, em particular, sobre construções antigas e Património Arquitectónico, envolvendo aqueles parceiros, bem como de workshops e cursos técnicos específicos na área de Reabilitação, em articulação com Institutos de Formação Profissional ou Centros de Emprego locais (ou regionais).

Ainda dentro desta medida, será conveniente criar instrumentos alargados de difusão de conhecimento e de experiências, incluindo: Guias de termos de referência de boas práticas de intervenção em construções existentes orientados para as empresas e profissionais do sector da reabilitação urbana; Guias de Termos de Referência de boas práticas de intervenção sobre construções existentes e, em particular, sobre construções antigas e património arquitectónico, vocacionados para Proprietários e agentes da construção; e rotinas de licenciamento que prevejam a entrega de dossiers fotográficos de registo das intervenções efectuadas no Centro Histórico, e a respectiva divulgação interactiva nos sítios de internet da Entidade Gestora.

Complementarmente, o mesmo centro poderá estabelecer e divulgar um conjunto de requisitos específicos, enquadrados regulamentarmente, para o uso de energias renováveis e o desempenho energético dos edifícios, impondo requisitos específicos de uso de energias renováveis e/ou desempenho energético dos edifícios nas operações de licenciamento, criando critérios que sejam compatíveis com a natureza pré-existente do edifício e da intervenção a realizar.

Em seguimento da generalização deste tipo de procedimentos no que respeita aos licenciamentos de obras e intervenções de reabilitação, a Entidade Gestora poderá ainda criar:

� a figura do “Gestor de Processo de Licenciamento”, o qual venha a ter um papel activo na interligação e diálogo entre as várias entidades licenciadoras (por exemplo, promovendo reuniões conjuntas de acompanhamento de projecto, caso solicitado pelo Requerente) e na agilização do período de análise e aprovação de Projectos;

� grupos de reflexão sobre a temática da compatibilização das operações de reabilitação com as novas exigências regulamentares;

� prémios de mérito anual para as intervenções mais relevantes dentro da ARU de Braga Sul (ou associando com outras ARU que o município tenha

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criado), em parceria com outras entidades ou centros de competência nestes domínios.

���� Criação de parcerias municipais com empresas fornecedoras

Procurando apostar na promoção e vulgarização de novas soluções energeticamente eficientes e sustentáveis em edifícios de habitação, equipamentos colectivos, infra-estruturas e espaços públicos, propõe-se que a Entidade Gestora, promova parcerias com empresas fornecedoras de equipamentos de aproveitamento de energias renováveis (solar, fotovoltaica entre outras), estimulando a sua participação nas acções de reabilitação, e negociando a garantia de benefícios e descontos aos promotores de projectos de reabilitação.

���� Fomentar a sustentabilidade na gestão de infra-estruturas do Espaço Público (ao nível do projecto e licenciamento)

Prever requisitos específicos nos Processos de Licenciamento e incluir nos Guias de Termos de Referência (anteriormente referidos) práticas de Projecto que valorizem a sustentabilidade das soluções de infra-estruturas do Espaço Público, por exemplo tirando proveito da recolha e reaproveitamento das águas pluviais para usos de manutenção (regas e limpezas), fazendo uso de áreas permeáveis para reduzir os caudais de escoamento de águas pluviais, montagem de sistemas de drenagem e rega sustentáveis (sistemas de rega “gota-a-gota”, sistemas de medição da humidade do solo, temporizadores e/ou controlo de fluxos nos pontos de água), entre outros.

Esta medida deverá incluir a implementação de Sistemas de Gestão Integrada para o Espaço Público, que permitam recolher e organizar informação sobre o estado de conservação das infra-estruturas existentes, com recurso a instrumentos de monitorização e tecnologias de informação, sendo assim possível optimizar o seu desempenho e os respectivos custos de manutenção. Propõe-se igualmente, a promoção de Planos de Manutenção que prevejam acções de beneficiação de frequência ajustada ao estado de conservação e características do Espaço Público.

Este conjunto de medidas poderão recorrer a financiamentos no quadro de alguns instrumentos de política, incluindo:

� ON2 – Eixo Prioritário V – Governação e Capacitação Institucional / Promoção da capacitação institucional e do desenvolvimento regional e local;

� ON2 – Eixo IV – Qualificação do Sistema Urbano: Parcerias para a Regeneração Urbana;

� POPH – Eixo Prioritário 3 – Gestão e Aperfeiçoamento Profissional;

� POVT – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano.

� Iniciativa JESSICA – Fundo de Desenvolvimento Urbano.

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B. Revitalização económica e urbana

As estratégias de reabilitação urbana incorporam, em geral, dimensões de revitalização ou requalificação das actividades urbanas instaladas, nomeadamente, de actividades económicas, sobretudo em zonas onde é particularmente evidente a obsolescência de alguns sectores económicos ou a desadequação das actividades económicas tradicionalmente instaladas ao perfil urbano que se tende a estabelecer.

A estratégia traçada no quadro do presente PERU identifica um significativo potencial de transformação sectorial e económico de alguns eixos e zonas limítrofes às margens do rio Este, beneficiando do seu potencial ambiental e natural e fortalecendo um novo contexto de fruição desses espaços por parte da população residente (de proximidade) ou de visitantes (residentes de outras zonas da cidade ou visitantes da cidade).

Esta mudança pode ser claramente impactante das dinâmicas da área do Parque Sul no que respeita aos armazéns instalados nos pisos térreos da frente urbana do eixo de Rua Conselheiro Lobato, particularmente pela facto de estes confinarem nas suas traseiras com a faixa marginal do rio Este, em frente do núcleo de concentração dos principais equipamentos colectivos existentes – Parque de Exposições, Campo da Feira e outras estruturas do sistema empresarial e de inovação – AI Minho e IDITE Minho.

Admite-se contudo que este tipo de oportunidades não se desencadeia facilmente e apenas como resultado da iniciativa privada e que, frequentemente, torna-se necessário adoptar medidas de política de incentivo e de discriminação positiva que garantam uma dinâmica acentuada de transformação com impacto à escala urbana.

Para além deste domínio, a revitalização urbana passa também por uma dinamização do mercado habitacional e, nesta perspectiva, impõe-se incluir no quadro destas linhas programáticas algumas medidas que favoreçam a dinâmica do mercado de habitação, sobretudo na dimensão do arrendamento.

Nesse sentido propõe-se o seguinte conjunto de medidas a promover pela Câmara Municipal (Entidade Gestora deste PERU):

���� Criação de um sistema de incentivos à instalação de empresas culturais e criativos (particularmente no eixo da Rua Conselheiro Lobato)

Este sistema de incentivos poderá incluir instrumentos de discriminação positiva para a instalação de micro e pequenas empresas dos sectores referidos, como sejam a redução de taxas de licenciamento. Pode incluir igualmente a criação de medidas de apoio ao empreendedorismo juvenil relacionado com áreas no domínio das actividades culturais e das industrias criativas, beneficiando da existência de espaços com um perfil adequado (especificamente na Rua Conselheiro Lobato), incluindo as zonas oficinais, actualmente ocupadas por pequena industria do mobiliário, oficinas de automóveis ou áreas de comércio alimentar.

Poderão, paralelamente, vir a criar-se apoios/ incentivos à instalação de unidades de artes e ofícios tradicionais (ateliers de produção e venda, lojas, restauração com vocação gastronómica, etc.) na zona identificada como sítio dos Galos, beneficiando da sua estrutura diferenciada relacionada com a sua génese rural e da sua carga simbólica. Estes apoios à instalação e promoção de actividades podem contribuir para diversificar a oferta cultural e de animação urbana.

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���� Projectos de ocupação efémera

Trata-se da identificação e contratualização com proprietários para utilização periódica / efémera de edifícios devolutos, em geral com uma tipologia menos interessante para entrar no mercado (de arrendamento ou venda), mas que podem ser adequados para o exercício, durante uma período limitado no tempo, de actividades de interesse colectivo, nos domínios cultural, educativo, social ou cívico, com prioridade para as associações de jovens. Este instrumento visa igualmente criar condições suficientes de certificação de segurança destes espaços para o tipo de ocupações efémeras desejadas.

Este tipo de medida poderá articular-se e beneficiar da coincidência no tempo da promoção do evento Capital Europeia da Juventude, em 2012, facilitando a execução de actividades e projectos inseridos na respectiva programação.

���� Criação de incentivos para instalação de esplanadas

Criar um sistema de apoio que admita, dentro de uma normativa específica (tipológica, dimensões, materiais, entre outros) a isenção ou redução de taxas municipais para esplanadas a criar dentro da área, em especial junto às margens do rio Este.

���� Programa de incentivo à colocação de fogos devolutos no mercado de arrendamento

O programa deverá incluir uma componente de mapeamento e caracterização das situações dos devolutos e de formatação e implementação de instrumentos de financiamento que incentivem a sua colocação no mercado de arrendamento de habitação, associando os programas nacionais de financiamento à habitação e reabilitação urbana (IHRU) com outras soluções financeiras que envolvam instituições financeiras.

���� Promoção de medidas específicas de apoio ao arrendamento por segmentos específicos da população

Esta medida deverá ser concebida e desenvolvida em articulação com os programas nacionais e locais de apoio ao arrendamento de habitação, particularmente os programas que têm como destinatários alguns segmentos específicos da população – jovens e famílias com baixos rendimentos. Neste sentido a articulação será feita em especial como o Programa Porta 65 – Arrendamento para Jovens, da iniciativa do IHRU, o apoio de Regime de Apoio Directo ao Arrendamento e Sub-Arrendamento, promovidos pela BragHabit a nível municipal, e outros apoios promovidos e geridos por Serviços desconcentrados (distritais) que integram a Segurança Social.

Propõe-se neste domínio o recurso a outros instrumentos que permitam financiar algumas destas medidas, designadamente:

� ON2 – Eixo I – Competitividade Inovação e Conhecimento: Promoção de acções colectivas de desenvolvimento empresarial / Sistema de Apoio a Acções Colectivas (SIAC); Sistemas de Incentivos;

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� ON2 – Eixo II Valorização Económica de Recursos Específicos – Valorização de Cultura e da Criatividade;

� Iniciativa JESSICA – Fundo de Desenvolvimento Urbano;

� SOLARH – Programa de Solidariedade e Apoio à Recuperação de Habitação (IHRU);

� REHABITA – Regime de Apoio à Recuperação Habitacional em Áreas Urbanas Degradadas (IHRU);

� Porta 65 – Arrendamento para Jovens (IHRU);

� Programas Municipais (Bragahabit);

� Apoios da Segurança Social;

� Linhas de financiamento de actividades inseridas no Programa de Braga Capital Europeia da Juventude 2012;

� Orçamento do IPJ;

� Programas de incentivos e apoios geridos pelo Turismo de Portugal.

C. Inserção social

A coesão social adquire uma importância estratégica no quadro das intervenções de reabilitação urbana e, particularmente, quando estas incidem em áreas com uma diversidade de tipologias e de perfis habitacionais e residenciais, como é o caso da ARU de Braga Sul.

Para além da intervenção física ao nível do edificado, dos espaços públicos, da criação de equipamentos ou infra-estruturas que contribuam para a inserção social de segmentos da população excluídos ou desfavorecidos, os processo de reabilitação urbana inscrevem dentro da sua estratégia integrada, outros domínios de intervenção imaterial que procuram assegurar um impacto positivo ao nível do empowerment da população residente e mitigar os problemas sociais mais prementes na área de intervenção.

Deste modo, propõe-se dentro desta estratégia assumir um conjunto de medidas de política vocacionadas para o domínio social:

���� Promoção de iniciativas de empreendedorismo social

Esta medida visa em particular os segmentos de população residente na área socialmente mais vulneráveis ou com condições de empregabilidade dificultadas devido a níveis de qualificação mais baixos. O objecto desta medida é a promoção de projectos de empreendedorismo social que permitam a detecção de oportunidades/ prioridades de novas actividades no domínio social (incluindo pequenos negócios ou actividades sem fins lucrativos), com potencialidade de replicação, que visem o apoio às iniciativas individuais e a criação de mecanismos de incubação de empresas sociais.

Estas medidas exigem uma intervenção concertada com as estruturas municipais inseridas no quadro da Rede Social de Braga e o envolvimento de outras entidades externas, designadamente, o Instituto de Empreendedorismo Social e instituições do tipo IPSS ou ONG com competências neste domínio.

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Esta medida poderá ainda incluir a organização de projectos específicos de promoção de empreendedorismo junto de segmentos específicos da população, incluindo os jovens, através de um trabalho com as associações juvenis, recordando a importância que este domínio associativo representa na cidade de Braga (articulando designadamente com actividades do Programa para o evento Braga Capital Europeia da Juventude 2012) e com as escolas, promovendo uma valorização local das AEC’s nas escolas localizadas na área de intervenção (Bairro Nogueira da Silva) ou escolas limítrofes, frequentadas pela população residente nesta área de intervenção.

���� Intervenções integradas dirigidas à família e comunidades

A presença na área de intervenção de população com maiores índices de vulnerabilidade à exclusão social impõe completar a estratégia de intervenção traçada com algumas medidas que contribuam para dar resposta a problemas de índole social.

Nessa medida, e pressupondo uma articulação estreita entre a Entidade Gestora do PERU, e restante estrutura da Câmara Municipal, dentro dos serviços vocacionados e com competências específicas no âmbito do desenvolvimento social e a BragaHabit, a Comissão Social de Freguesia de S. José de S. Lázaro (no quadro da Rede Social de Braga) e outras entidades (preferencialmente IPSS), propõe-se a dinamização de acções que visem, nomeadamente, encontrar respostas habitacionais para certos segmentos da população, o alargamento das repostas sociais para os segmentos das crianças e idosos, o apoio e orientação com vista à resolução e redução de conflitos sociais/ comunitários e familiares, a promoção de acções que visem o fomento da auto-motivação, da auto-estima e da auto-formação.

Este conjunto de medidas poderão recorrer a financiamentos no quadro de alguns instrumentos de política, incluindo:

� ON2 – Eixo Prioritário III – Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial;

� POPH – Eixo Prioritário 6 – Cidadania, Inclusão e Desenvolvimento Social;

� POVT – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano;

� Iniciativa JESSICA – Fundo de Desenvolvimento Urbano.

D. Governance urbana

Os processos de reabilitação urbana apelam, de forma reforçada, a práticas de cooperação e de participação acentuada por parte dos agentes, públicos e privados, dos proprietários e inquilinos, da população residente na cidade. Nesta medida, impõe-se que, no quadro da estratégia de reabilitação urbana para a área do Parque Sul de Braga, se venham a desenhar soluções adequadas de governação participada e concertada dos diversos instrumentos de política e das diversas acções e projectos a realizar dentro da área de intervenção.

Atendendo a que a Operação de Reabilitação Urbana objecto do presente Programa Estratégico será gerida por uma Entidade Gestora, admite-se a pertinência de

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formular algumas propostas no sentido de viabilizar uma prática de governance adequada aos problemas e às condições urbanas, institucionais e sociais específicas da área de intervenção, de forma a garantir níveis de eficiência e eficácia das operações a executar.

Deste modo, tornam-se essenciais as seguintes medidas de acção:

���� Promover uma parceria entre o sector público e privado

O modelo de gestão da operação de reabilitação urbana deverá privilegiar princípios gerais de intervenção e de gestão que assegurem uma actuação articulada e colaborativa entre a Entidade Gestora (integrada na Câmara Municipal de Braga), o Instituto de Habitação e de Reabilitação Urbana e outras entidades públicas com poderes de tutela ou regulamentares em termos da política urbana, do ambiente, etc. Estes princípios deverão cumprir um objectivo comum de agilização dos processos e procedimentos relativos às operações urbanísticas e às obras de reabilitação ou construção, bem como de articulação de medidas de política de apoio e incentivo à dinamização dos mercados de habitação, de arrendamento e de reabilitação urbana.

A articulação entre a Entidade Gestora da operação de reabilitação urbana e os privados, sejam eles empresariais (nos sectores da construção, imobiliário ou financeiro) ou sejam proprietários e arrendatários individuais ou colectivos, é simultaneamente um objectivo essencial para os processos anteriormente referidos. A dinamização dos mercados de reabilitação e de habitação implica uma participação dinâmica de todos os agentes que neles intervêm, proprietários, arrendatários, instituições de financiamento, empresas de construção e imobiliária e entidades públicas responsáveis e com tutela a nível urbanístico. Esta participação activa de todas as partes é essencial para que estes mercados funcionem e se dinamizem, o que implica uma evolução significativa em termos da confiança dos seus agentes intervenientes.

Esta não foi a situação que se viveu nas últimas décadas na generalidade das cidades portuguesas, o que teve consequências gravosas em termos da capacidade de intervenção na reabilitação dos seus núcleos antigos e em termos de crescimento e desenvolvimento do mercado de arrendamento urbano e, particularmente, de habitação.

Torna-se necessário, para além disso, criar mecanismos formalizados de participação de entidades públicas e privadas no estudo e reflexão estratégica sobre o processo de reabilitação do Parque Sul de Braga, aproveitando o processo de lançamento e implementação da operação de reabilitação urbana para gerar espaços formais de reflexão, discussão e troca de perspectivas sobre a política urbana e a capacidade de integrar novas soluções de inovação a diversos níveis (tipológico, regulamentar, tecnológico, etc.).

���� Criar mecanismos operacionais de participação da população

Os processos de reabilitação urbana envolvem necessariamente a população residente, não apenas a população que habita nas zonas objecto de intervenção, mas toda a população da cidade, sobretudo tratando-se de uma intervenção de reabilitação de zonas antigas e consolidadas que fazem parte do património identitário e das referências históricas e colectivas da população.

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Neste sentido, torna-se imperioso que as operações de reabilitação integrem uma componente dirigida à população, configurando acções que permitam aumentar a capacidade de participação cívica dos residentes nas áreas objecto de intervenção, no processo de reabilitação, promovendo e desenvolvendo as dimensões de cidadania junto da população total da cidade.

Esta componente poderá incluir a criação de fóruns de opinião participados pela população, a partir de dinâmicas e problemas específicos de quarteirão ou conjuntos de quarteirões dentro da área de intervenção, mobilizados a partir das instituições autárquicas ou de outros fóruns associativos já existentes, que permitam aumentar o nível de participação dos residentes no processo de reabilitação urbana;

Trata-se de dinamizar condições para uma crescente cidadania na cidade, nomeadamente, associada ao processo de reabilitação do Parque Sul de Braga, através do lançamento de diversos instrumentos ao nível da informação e da sensibilização da população para os valores materiais e imateriais desta área de intervenção, o seu espaço físico, socioeconómico e simbólico, de forma a mobilizar toda a população para a prossecução dos objectivos de salvaguarda, de revitalização e de sustentabilidade da cidade consolidada.

Este conjunto de medidas poderão recorrer a financiamentos no quadro de alguns instrumentos de política, incluindo:

� ON2 – Eixo Prioritário V – Governação e Capacitação Institucional / Promoção da capacitação institucional e do desenvolvimento regional e local;

� POVT – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano.

E. Marketing urbano e comunicação

Os processos de reabilitação urbana envolvem um conjunto alargado de agentes públicos e privados, disponíveis para investir na cidade, mas que aguardam um retorno desse investimento, seja ele de ordem financeira, de ordem económica, de ordem social ou institucional. Nessa medida, torna-se fundamental a questão da comunicação nos mercados e junto da população em geral.

Por outro lado, as cidades no contexto actual estão confrontadas entre si com uma ambiente cada vez mais competitivo em termos da atracção de pessoas, de residentes e de visitantes ou turistas, de empresas (agentes geradores de emprego e de riqueza) e de investidores/ investimento. A comunicação, dirigida e segmentada, para cada um destes mercados é fundamental no sentido de garantir a sustentabilidade do modelo global e da estratégia de desenvolvimento urbano. Essa comunicação é igualmente indispensável no contexto dos processos de reabilitação das áreas urbanas históricas e consolidadas, como forma de conseguir atrair investimentos específicos, públicos ou privados, em matéria de reabilitação do edificado e de produção de novos espaços e de serviços.

Assim, constitui um objectivo específico a consubstanciar a realização de um plano de marketing e comunicação para a reabilitação urbana desta zona da cidade, que permita garantir às entidades responsáveis e aos agentes envolvidos no processo a

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divulgação das transformações expectáveis e realizadas na cidade de forma a, por um lado, garantir a participação informada de todos – responsáveis autárquicos, outras entidades públicas, agentes privados, proprietários individuais, arrendatários e outros utentes, envolvidos no processo e, por outro lado, dinamizar a procura local e regional de habitação e de espaços para instalação de serviços e comércio. Este plano deverá articular-se de forma estreita com todas as outras acções e estratégias comunicacionais que a Entidade Gestora venha a promover, designadamente, orientadas para outras Operações de Reabilitação Urbana na cidade de Braga.

Este conjunto de medidas poderão recorrer a financiamentos no quadro de alguns instrumentos de política, incluindo:

� ON2 – Eixo Prioritário V – Governação e Capacitação Institucional / Promoção da capacitação institucional e do desenvolvimento regional e local;

� POVT – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano.

De forma a simplificar a percepção global da proposta de medidas de política complementar que agora foram expostas, apresenta-se no quadro seguinte a sua síntese.

Quadro 10 | Síntese das medidas de política complementares

Medidas de política complementares

A. Fomento do mercado de reabilitação urbana

Criação de uma bolsa de artífices qualificados

Criação de uma bolsa de PME especializadas em trabalhos de reabilitação e conservação

Centro de competências na área das tecnologias de reabilitação

Criação de parcerias municipais com empresas fornecedoras

Fomentar a sustentabilidade na gestão de infra-estruturas do Espaço Público (ao nível do projecto e licenciamento)

B. Revitalização económica e urbana

Criação de um sistema de incentivos à instalação de empresas culturais e criativos

Projectos de ocupação efémera

Criação de incentivos para instalação de esplanadas

Programa de incentivo à colocação de fogos devolutos no mercado de arrendamento

Promoção de medidas específicas de apoio ao arrendamento por segmentos específicos da população

C. Inserção social

Promoção de iniciativas de empreendedorismo social Intervenções integradas dirigidas à família e comunidades

D. Governance urbana

Promover uma parceria entre o sector público e privado Criar mecanismos operacionais de participação da população

E. Marketing urbano e comunicação

Plano de marketing e comunicação para a reabilitação do Parque urbano Sul

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6. MODELO DE OPERACIONALIZAÇÃO

6.1. Modelo de gestão

O modelo de gestão a propor para a Operação Sistemática de Reabilitação Urbana a executar na futura Área de Reabilitação Urbana de Braga Sul (que abarca a actual ACCRU do Sítio dos Galos) deverá decorrer do conjunto de antecedentes, de condições específicas existentes no município de Braga e do enquadramento actual dado a nível nacional em matéria de Sector Empresarial do Estado (SEE), considerando as modalidades de figura jurídico-institucional e de modelos que o quadro legal em vigor – Decreto-Lei nº 307 / 2009 de 23 de Outubro permite.

Neste sentido, a enunciação da proposta de Modelo de Gestão fundamenta-se nos seguintes elementos:

A. Análise dos antecedentes de política urbanística e de reabilitação urbana da Câmara Municipal de Braga,

B. Análise SWOT, considerando nomeadamente as condições de contexto no quadro nacional,

C. Análise das vantagens e desvantagens das diferentes soluções enquadráveis na legislação em vigor,

D. Desafios que a o Programa Estratégia de Reabilitação Urbana coloca.

A. No que respeita aos antecedentes de política urbanística e de reabilitação urbana promovida pela Câmara Municipal de Braga destacam-se:

� A criação em 1979 da Área Crítica de Recuperação e Reconversão Urbanística da zona do Centro Histórico da cidade de Braga, cujos limites foram posteriormente alargados em 1996 (sendo igualmente criada a ACRRU do Sítio dos Galos), com o objectivo de criar condições específicas de enquadramento para a protecção, reabilitação, valorização e revitalização desta zona da cidade, dado o seu interesse e valor patrimonial, administrativo, urbanístico e socioeconómico;

� A constituição em 1985 do Gabinete Técnico Local (GTL) com o objectivo de garantir uma intervenção integrada e sistemática de reabilitação desta área;

� A aprovação em 1987 de um Regulamento Municipal de Salvaguarda e Revitalização do Centro Histórico de Braga, ajustado em 1988 (e abarcando o Sítio dos Galos), que veio criar os condicionantes específicos no sentido de facilitar e tornar mais transparente a gestão urbanística nesta zona mais delicada da cidade, o qual garantiu uma articulação particular com a entrada em vigor do Plano Director Municipal;

� A criação em 1991, dentro da estrutura orgânica da Câmara Municipal, da Divisão de Renovação Urbana (DRU), garantindo deste forma, numa solução integrada organicamente, o funcionamento dessa equipa anteriormente constituída no GTL, reforçando as suas competências e as condições de relacionamento com as restante orgânica dos serviços municipais;

� A criação em 1992 do Gabinete de Arqueologia, também dentro da estrutura orgânica da Câmara Municipal, com o objectivo de abordar sistematicamente

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e promover uma política consistente de estudo, investigação e salvaguarda dos vestígios e património arqueológico do concelho, mas com especial incidência na cidade (e particularmente na área freguesia de Maximinos);

� O investimento sucessivo e coordenado que a Câmara Municipal de Braga, em parceria com outras entidades públicas e privadas, veio fazendo dentro desta área no sentido da sua reabilitação urbana e revitalização socioeconómica, em cujo processo a DRU tem mantido um envolvimento significativo;

� A recente preparação e candidatura em 2009 ao concurso para Parceria para Regeneração Urbana (PRU), lançado no quadro da gestão e implementação do Programa ON2 e enquadrado na Política de Cidades POLIS XXI, associando esta nova fase de investimentos públicos municipais a alguns investimentos privados, com a finalidade de “criar novos padrões de urbanidade para Braga, marcada por valores como a qualidade, a escala humana, a sociabilidade, a integração social, a competitividade em espaço alargado”;

� O facto de no Município de Braga não se ter criado, no passado recente, uma Sociedade de Reabilitação Urbana, ao abrigo do quadro legal anterior que criou um regime jurídico excepcional de reabilitação de zonas urbanas – Decreto lei nº104/ 2004 de 7 de Maio, e que definiu a figura jurídica de Sociedade de Reabilitação Urbana;

� A existência no Município de Braga de um conjunto de empresas de iniciativa municipal, a BRAGAHABIT, E.M., a AGERE, E.M., a PEB, E.M. e os TUB, E., tendo a primeira como área central de acção a intervenção no domínio da política municipal de habitação, focando a sua actividade no essencial em áreas exteriores ao centro histórico e em abordagens com uma matriz predominantemente social, enquanto que as restantes se orientam para áreas de prestação de serviços colectivos municipais, respectivamente, nos domínios das águas, efluentes e resíduos, da gestão do Parque de Exposições e dos transportes urbanos.

B. A opção em termos de Modelo de Gestão para a Operação de Reabilitação urbana objecto deste PERU procura ter, simultaneamente, em consideração as condições de contexto ao nível nacional, nomeadamente, em termos das prioridades políticas formuladas no que respeita à reabilitação urbana e à dinamização do mercado de habitação, mas também, no entendimento que é dado à situação actual do Sector Empresarial do Estado.

Nos últimos anos, as questões da reabilitação urbana e do mercado de habitação têm ocupado um espaço muito significativo no contexto das agendas políticas e institucionais e, nomeadamente, da agenda política nacional. Estes dois domínios foram considerados domínios estruturantes no âmbito da Política de Cidades POLIS XXI, formulada pelo XVII Governo Constitucional e lançada durante o ano de 2006. Procurando “fazer emergir as questões urbanas na agenda europeia” a aposta política procura responder aos diversos desafios de desenvolvimento com três focos: “Revitalização sócio-urbanística”, “Competitividade/ Diferenciação” e “Integração regional”.

A posterior revisão dos instrumentos de política associados à Política de Cidades, veio reafirmar a prioridade para as questões da reabilitação urbana com a

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aprovação, em 2009, do novo regime jurídico da reabilitação urbana em áreas de reabilitação urbana (Decreto-Lei nº 307/ 2009 de 23 de Outubro).

Mais recentemente, e tomando em consideração para além destas prioridades já identificadas e reconhecidas no quadro da política urbana e da sustentabilidade das cidades, as consequências da grave crise económica internacional, dos problemas associados ao mercado imobiliário e de habitação, nomeadamente, da evolução do segmento de crédito à habitação, outros sectores, para além do Governo, vieram reforçar as prioridades em matéria de reabilitação urbana.

Por um lado as autarquias, que se vêm progressivamente confrontadas com uma extensão significativa dos processos de degradação urbana, física e socioeconómica, tradicionalmente concentrados nas zonas históricas, para outras zonas consolidadas da cidade e para zonas de urbanização recente e ainda mal consolidadas, onde o impacte da crise no sector imobiliário e da construção vem acentuar factores de desestruturação dessas periferias urbanas.

Por outro lado, os próprios agentes privados, particularmente dos sectores empresariais da construção e do imobiliário, que reconhecem a oportunidade da reabilitação urbana em termos “de emprego, de geração de negócios e de rentabilização das estruturas existentes que se encontram subaproveitadas”. No âmbito desta reflexão feita pela CIP, são enunciadas algumas propostas, como é o caso de “o sector da construção e do imobiliário deverá orientar a sua actividade para a regeneração urbana das cidades, a requalificação de bairros e a reabilitação de edifícios”, que permitem prever um reforço do envolvimento do sector privado nos processos de reabilitação urbana, garantindo aos responsáveis locais das políticas públicas um contexto favorável de robustecimento da governance urbana.

Cabe ainda referir dentro do campo das políticas públicas, o processo de operacionalização do Fundo de Participações JESSICA para Portugal, que se consubstancia inicialmente com a criação do Comité de Investimento do Fundo “JESSICA Portugal” e com o lançamento de uma Convocatória para a manifestação de interesse tendo em vista a selecção de um ou mais Fundos de Desenvolvimento Urbano (FDU) para a gestão de 130 milhões de EUR destinados ao investimento em projectos urbanos nas regiões NUTS II de Portugal Continental. Encontra-se actualmente em fase de constituição estes FDU que configuram novas oportunidades de financiamento para projectos estruturantes ao nível urbano, designadamente no campo da reabilitação, facilitando soluções de engenharia de financiamento mais adequadas, permitindo concomitantemente, atrair mais o investimento privado.

Por último, e ainda mais recentemente, verifica-se que algumas destas apostas se vêm confirmadas dentro do quadro de diversos aspectos que se inscrevem no Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica, assinado a 17 de Maio de 2011 entre o Estado Português, a comissão Europeia, o FMI e o Banco Central Europeu, e de que se realçam, as propostas relativas ao Sector Empresarial do Estado (SEE) e as alterações propostas no que respeita ao mercado de arrendamento e à reabilitação urbana e seus prováveis impactos nas dinâmicas empresariais e públicas relacionadas com a reabilitação. No primeiro caso, evidencia-se o objectivo de se avaliarem as operações e a situação financeira do SEE a nível das administrações central, local e regional (durante o primeiro trimestre de 2012) e a consequente decisão de o Governo submeter à Assembleia da República uma proposta de lei para regulamentar a criação e o funcionamento de empresas públicas a nível central, local e regional, dentro do mesmo período.

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No segundo caso, para além das medidas inscritas no que respeita ao mercado de arrendamento, no sentido de o Governo apresenta medidas para alterar a Lei do Arrendamento Urbano nº6/2006, ainda em 2011, este Acordo estabelece não apenas propostas em termos de simplificação de procedimentos com vista a estimular o mercado de reabilitação urbana, como em termos da revisão do quadro legal de avaliação para efeitos fiscais dos imóveis e terrenos existentes, a prosseguir em 2012.

Considerando pois a diversidade de condições de contexto presentes, apresenta-se uma análise SWOT para o caso da ORU de Braga Sul tendo em linha de conta a necessidade de traçar a estratégia organizativa mais adequada para a promoção de uma política de reabilitação urbana do município:

Quadro 11 | Análise SWOT das condições de contexto com implicações no modelo de gestão

Pontos fortes Competência técnica da equipa da DRU

Modelo de gestão integrada das ACRRU de Braga

Envolvimento de outros parceiros no processo de reabilitação das ACRRU

Existência de instrumentos de gestão urbanística específicos para as ACRRU

Aprovação e processo de implementação da Parceria para a Regeneração Urbana do Rio Este

Realização de diversos projectos municipais de requalificação do espaço público, de equipamentos colectivos e de estruturas ecológicas relevantes da cidade.

Pontos fracos Fragilidades em termos de recursos humanos e materiais multidisciplinares e em número suficiente para um intervenção mais sistemática e intensiva da DRU

Processos de licenciamento burocratizados e pouco optimizados;

Fragilidades ao nível mais especializado nos domínios jurídico e de gestão financeira;

Limitações ao nível do financiamento público face às necessidades da intervenção e face à capacidade de endividamento do Município

Menor adequação do modelo orgânico actual, da DRU, face à necessidade de intensificação das formas de cooperação e de articulação entre os sectores público e privado.

Oportunidades Experiências e boas práticas a nível nacional que decorreram no quadro anterior legislativo, relacionado com a criação das Sociedades de Reabilitação Urbana (2004);

Novos instrumentos de política lançados no âmbito da Política de Cidades POLIS XXI, a que se associaram instrumentos de financiamento no âmbito do QREN;

Novo quadro legislativo de Reabilitação Urbana (2009);

Novos enquadramentos legislativos (Decreto-lei nº 67-A/ 2007 de 31 de Dezembro de 2007) para o financiamento de apoio e incentivo à Reabilitação Urbana (Fundos de Investimento Imobiliário em Reabilitação Urbana);

Políticas nacionais orientadas para o sector da Habitação e Reabilitação urbana, incluindo vários instrumentos sob gestão do IHRU;

Perspectivas abertas à valorização da reabilitação urbana em termos do sistema e da política fiscal;

Instrumentos de política comunitária orientados para a política de sustentabilidade das cidades e a reabilitação urbana, incluindo o fundo JESSICA;

Ameaças Perspectiva de constrangimentos em termos da opção por soluções empresariais de iniciativa municipal (cf. MoU da Troika);

Constrangimentos ao nível da obtenção de crédito (associados situação de crise financeira);

Sector da construção e imobiliário em situação de crise (desde 2002), associado ao seu forte peso na economia regional e nacional;

Mercados de arrendamento de habitação e de escritórios muito debilitados;

Dinâmica de sector privado e disponibilidade dos proprietários para investir pouco significativa dado o contexto de falta de confiança no mercado;

Sistema bancário ainda demasiado concentrado no mercado do crédito à compra de habitação;

Quadros legais e normativos em termos urbanísticos e de licenciamentos com rigidez acentuada face às necessidades da reabilitação em zonas históricas;

Competências técnicas nas organizações públicas com tutela sobre ACRRU e nas organizações privadas por vezes menos adequadas às necessidades de mudança de paradigmas da reabilitação e da sustentabilidade urbanas.

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Sector da construção e imobiliário com sinais de se reorientar para as actividades de reabilitação do edificado e urbana e para o mercado de arrendamento;

Maior propensão de população jovem e com maior mobilidade para intervir no mercado de arrendamento de habitação.

C. Em terceiro lugar considera-se essencial analisar, pormenorizadamente, as vantagens e desvantagens das soluções organizativas e institucionais alternativas para a Entidade Gestora da ORU no quadro legal em vigor.

A primeira alternativa refere-se a uma solução de integração da responsabilidade de gestão na estrutura organizativa da autarquia, ou seja, o Município assumir directamente dentro da sua estrutura orgânica a gestão da ORU.

As vantagens nesta solução respeitam a:

� Atender às orientações que decorrem do Memorando de Entendimento da Troika (Maio de 2011) no sentido de limitam por lei a criação de empresas de iniciativa local a partir do primeiro trimestre de 2012;

� Contenção dos custos associados face às hipóteses alternativas de criação de uma nova empresa ou de alargamento de uma empresa já existente;

� Detenção por parte da equipa da DRU de conhecimento e experiência adquiridos no que respeita às problemáticas e à realidade existente na ACCRU/ futuras ARU de Braga (Centro Histórico e Sítio dos Galos);

� Facilidade na articulação da unidade orgânica responsável pela gestão das ORU com outras unidades orgânicas da CMB responsáveis pelos vários domínios de gestão e planeamento urbano;

� À possibilidade de um acompanhamento mais directo dos processos de elaboração e aplicação de regulamentos e taxas municipais.

Por sua vez, as desvantagens desta solução prendem-se com:

� O facto de esta solução não admitir, mesmo que reconhecido o interesse público excepcional, a participação de capitais do Estado;

� A eventual menor adequação da estrutura técnica incumbida da gestão da ORU para uma intervenção mais multifacetada e integrada, nomeadamente em termos de revitalização socioeconómica (apesar da viabilidade de articulação com outros departamentos da CMB);

� As eventuais exigências de reforço de competências e de recursos humanos que a solução exige, seja num modelo de readaptação da DRU, ou de criação de uma nova unidade orgânica;

� As dificuldades previsíveis de resposta atempada e especializada do corpo jurídico do quadro da CMB às necessidades decorrentes do processo de gestão e execução dos três PERU;

� A menor agilidade desta solução no relacionamento com entidades privadas, nomeadamente, com potenciais investidores e outros parceiros;

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� Menor eficiência comunicacional se não se vier a estabelecer uma estrutura autónoma de comunicação face ao espectro alargado de comunicação do município.

As duas alternativas que se colocam, para além desta anteriormente analisada, remetem para uma solução de matriz jurídico-institucional diversa, na medida em que se trata de atribuir o encargo da gestão da ORU a uma empresa do sector empresarial local. Estas duas alternativas apresentam contudo situações muito diferentes.

A hipótese de a gestão da ORU vir a ser integrada numa empresa do sector empresarial local sem objecto social exclusivamente afecto à gestão de ORU coloca desde logo dificuldades muito evidentes. O facto de as empresas municipais, actualmente existentes no município, possuírem missões e atribuições em áreas específicas que limitam em muito a sua capacidade e adequabilidade para assumir esta nova missão dentro do domínio da reabilitação urbana.

Mesmo no caso da Bragahabit, empresa municipal cujo objecto de intervenção incide nas questões da habitação e gestão do património habitacional, a sua orientação fundamental para o domínio da política e intervenção social retira margem de manobra para responder de forma competente e eficaz aos desafios desta intervenção e no quadro de uma estratégia e acção integrada de reabilitação urbana, com relacionamento fundamental com os segmentos dos proprietários e dos outros agentes, imobiliários e de construção. As exigências de alteração de cultura de intervenção que uma solução deste tipo colocaria levam a concluir desde logo pela menor pertinência e difícil exequibilidade desta solução, porquanto ela exigiria para além disso, uma significativa reformulação da estrutura existente nesta empresa municipal quer em termos de novas competências, quer em termos de novos quadros e perfis técnicos.

A terceira alternativa, que se configura ainda dentro deste modelo empresarial, é então a da constituição de uma empresa do sector empresarial local/ SEE, com objecto social exclusivamente afecto à gestão de ORU, ou seja, de acordo com o novo quadro legal, a constituição de uma Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU).

As vantagens desta solução vão no sentido de:

� Estrutura flexível e dedicada, que concentra o seu objecto de intervenção na reabilitação urbana, podendo dotar-se de competências e recursos humanos especializados, incluindo jurídicos;

� A solução admitir, se reconhecido o interesse público excepcional, a participação de capitais do Estado;

� Permitir a simplificação dos procedimentos em operações urbanísticas, a agilização de processos de reabilitação integrados (concessão e contratos de reabilitação urbana) e a melhoria de processos de fiscalização;

� Uma maior autonomia financeira e de gestão empresarial das ORU, com evidentes vantagens em termos de accountability e de transparência;

� Favorecer alternativas diversas de gestão de instrumentos financeiros;

� Viabiliza um quadro mais adequado de estabelecimento de parcerias com entidades públicas e privadas, fundamental para uma eficiente governance no quadro da reabilitação urbana;

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� Promover uma gestão do património afecto, incluindo imóveis próprios, mais adequados com os objectivos específicos das ORU;

� Viabilizar uma política de comunicação geral mais adequada e mais eficaz, bem como uma melhor informação e envolvimento do cidadão;

� Impacto na opinião pública no que se refere ao compromisso municipal em termos de política e prioridade de reabilitação nas ORU.

Não se deverá contudo desvalorizar algumas desvantagens que esta solução possa implicar, as quais deverão ser devidamente avaliadas e reflectidas no processo de constituição e organização da nova entidade. Essas desvantagens respeitam:

� À própria criação de mais uma empresa municipal no município de Braga, em contra-ciclo com as orientações emanadas do Memorando de Entendimento da Troika (Maio de 2011) e relativamente aos ganhos de eficiência e economia de estruturas que actualmente os municípios procuram;

� Os custos associados à criação de uma nova estrutura de iniciativa municipal, cujo financiamento dependerá em larga medida do orçamento municipal e atendendo ao esforço financeiro já feito pela autarquia, ao nível das suas unidade orgânicas (DRU) e das empresas municipais existentes;

� A uma eventual dificuldade na articulação entre esta nova entidade e a DRU, outros departamentos municipais e as empresas municipais existentes, prejudicando a necessária integração destas ORU nas políticas urbanas em curso.

Em síntese, da análise comparativa anterior ressaltam um conjunto de vantagens internas ao Município de Braga relativamente à terceira alternativa referida, da criação de uma empresa do sector empresarial local com objecto social exclusivamente afecto à gestão de ORU – Sociedade de Reabilitação Urbana (SRU). A adequabilidade desta alternativa é ainda reforçada pelo facto de no Município de Braga existirem duas ACRRU em processo de transformação em Áreas de Reabilitação Urbana e estar em processo de preparação a delimitação e proposta de uma nova ARU.

D. Mas contudo o momento actual e as condições nacionais que decorrem, nomeadamente, dos objectivos estabelecidos no quadro do Memorando de Entendimento sobre as Condicionalidades de Política Económica (de 17 de Maio de 2011) e particularmente no que respeita à avaliação e evolução do quadro legal do SEE, justificam uma opção por um processo de efectivação do Modelo da Entidade Gestora das ORU no concelho de Braga a dois tempos:

1. Um primeiro período que se deve estender até à conclusão do processo de revisão do quadro legal de regulamentação da criação e do funcionamento de empresas públicas a nível central, local e regional (previsto para o primeiro trimestre de 2012), permitindo à Câmara Municipal de Braga dispor de elementos acrescidos para a tomada de decisão;

2. Um segundo período, após a conclusão desse processo, e que se seguirá a uma decisão definitiva da Câmara Municipal quanto à hipótese de criar ou não uma Sociedade de Reabilitação Urbana para gerir as ORU no município.

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Este processo a dois tempos resulta na decisão de, no imediato, a Câmara Municipal de Braga internalizar a gestão da(s) ORU1 nos seus serviços e na sua orgânica actual. Fica no entanto assumido que, posteriormente, em face do conhecimento das condições de enquadramento da política e da legislação nacional no que respeita ao sector empresarial do estado (previsível para o 1º trimestre de 2012), deverá ser avaliada e tomada uma decisão definitiva sobre a hipótese alternativa de criação de uma Sociedade de Reabilitação Urbana.

A operacionalização desta primeira fase e da solução de internalização nos serviços municipais da gestão das ORU e dos respectivos PERU exigirá por sua vez um conjunto de medidas que são especificadas no ponto seguinte.

Apenas numa hipótese de se avançar para o segundo modelo proposto, de criação de uma SRU, terá a Câmara Municipal de proceder à delegação de poderes nesta nova entidade.

6.2. Medidas para adequação interna da estrutura orgânica

O conjunto de medidas a tomar tendo em vista adequar a estrutura orgânica da Câmara Municipal e particularmente a Divisão de Renovação Urbana (DRU) aos novos desafios que a gestão das ORU vai colocar, decorrem em grande medida dos seguintes aspectos:

i) A necessidade de cumprir os objectivos enunciado no âmbito do eixo estratégico deste PERU, de “Acréscimo da governance no processo de gestão urbana”, particularmente no que respeita à promoção de soluções múltiplas estipuladas no quadro legal de cooperação entre agentes públicos e privados;

ii) A capacidade de a Câmara Municipal de Braga lançar novas soluções e novos suportes de comunicação inter-institucional e dirigida às empresas, aos proprietários e à população, nomeadamente, favorecendo outros objectivos enunciados relativamente os diversos eixos estratégicos formulados no âmbito deste PERU;

iii) A indispensabilidade de estimular a participação de agentes económicos privados e de instituições representantes da sociedade civil e da própria população;

iv) O cumprimento dos objectivos inseridos no presente PERU, especificamente no eixo estratégico de “Revitalização económica e social”, que se centra em sectores baseados em conhecimento e na criatividade, aproximando a gestão da ORU de lógicas empresariais determinantes para a consubstanciação de tais objectivos;

v) A viabilização de soluções diversas no que respeita aos objectivos do presente PERU enquadrados no eixo estratégico de “Inovação ao nível da reabilitação do edificado e das infra-estruturas e serviços urbanos”, nomeadamente, em matéria

1 Convém realçar o facto de a Câmara Municipal de Braga ter actualmente em mãos, para além deste processo de conversão da ACRRU do Sítio dos Galos em ARU, a conversão da ACRRU do Centro Histórico da cidade também em ARU e a intenção de vir a criar uma terceira ARU, igualmente na cidade de Braga, situação que reveste uma expressiva exigência em termos de organização e gestão dos processos de reabilitação urbana.

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da criação de interfaces para investigação aplicada nos domínios das tecnologias de construção de edifícios e infra-estruturas tecnológicas, do urbanismo e procedimentos urbanísticos, da habitação e conforto, da mobilidade e micro-logística, etc;

vi) A gestão de uma forma eficiente de processos de natureza jurídica e de engenharia de financiamento que as estratégias traçadas e a intervenção vão implicar.

Para assegurar uma resposta adequada e eficaz a este conjunto de desafios que se colocam no novo contexto dos processos de reabilitação urbana, e particularmente, no que respeita à ARU de Braga Sul, entende-se que deve ser tomado um conjunto de medidas de natureza organizativa e ao nível do reforço de competências, que adiante se especificam.

6.2.1. Criação de uma Conselho Estratégico Local para a Reabilitação Urbana – CELRU

Neste novo contexto estratégico e de intervenção no âmbito da política de reabilitação urbana da Câmara Municipal de Braga, que abrangerá para além da ARU de Braga Sul, outras ARU em processo de proposta, é fundamental que a Câmara Municipal crie condições reforçadas de cooperação e de colaboração com outros agentes, económicos e institucionais, presentes na cidade.

Reconhecendo que o reforço destas condições poderá ficar, de certo modo, menos facilitado com a opção municipal por um modelo de gestão da(s) ORU internalizado na orgânica municipal, a opção vai no sentido de o município desencadear um processo de constituição local de uma comissão consultiva constituída por representantes de entidades e por personalidades de interesse reconhecido para a estratégia e a política municipal de reabilitação urbana.

Este novo órgão local, de natureza consultiva, assumirá, simultaneamente, a qualidade de plataforma de concertação de estratégias e de prioridades de intervenção na reabilitação urbana da cidade, especificamente dentro das ARU criadas, uma função consultiva em áreas técnicas, dentro de um quadro pluridisciplinar, relevantes para a política de reabilitação municipal e como instrumento de reforço comunicacional, apoiando a autarquia em termos de dar maior visibilidade aos compromissos e prioridades nos processos de reabilitação urbana.

A constituição e funcionamento deste Conselho Estratégico Local será, por sua vez, muito pertinente no que respeita à definição de prioridades de intervenção, nomeadamente ao nível da definição de unidades de intervenção prioritárias, uma vez que permite incorporar, de forma mais alargada, o interesse e as prioridades provenientes de vários sectores do mercado da reabilitação – proprietários, empresas imobiliárias, empresas de construção, mercado habitacional. Deste modo, a composição deste conselho deverá tentar assegurar uma representatividade equilibrada destes diferentes sectores, para além de outros que se situam nos campos da inovação tecnológica, da coesão social e da identidade e valorização cultural.

Apesar de se considerar que a proposta de composição deste Conselho não tem de ser ultimada em sede de Programa Estratégico, são apontados no entanto algumas

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entidades e áreas indispensáveis a cobrir, tendo em consideração a missão que lhe deverá ser atribuída:

A. Entidades: Universidade do Minho; Universidade Católica Portuguesa – Pólo de Braga; Arquidiocese de Braga; Associação Industrial do Minho; Associação Comercial de Braga; Bragahabit EM; Teatro Circo de Braga, SA; entre outras.

B. Domínios a abranger: mercado imobiliário e de habitação, incluindo representação de proprietários, de inquilinos e de empresas intervenientes; representantes de organizações profissionais ligadas ao sector (ordens de arquitectos, engenheiros, etc.); entidades relacionadas com a investigação e a salvaguarda do património cultural e natural; representantes de IPSS ou ONGD com intervenção representativa nas ARU; representantes do tecido cultural e artístico local; representantes de agrupamentos escolares (procurando uma ligação à população escolar em termos de sensibilização para as questões da reabilitação); entre outros.

O funcionamento deste Conselho Estratégico Local será objecto de uma regulamentação específica, em tempo oportuno, aprovado que seja o modelo de gestão da ORU agora apresentado.

6.2.2. Adequação da unidade Divisão de Renovação Urbana à nova situação

Uma segunda matéria de ajustamento da orgânica Câmara Municipal aos desafios desta aposta na reabilitação urbana por parte do município de Braga respeita ao reforço técnico e de competências dos serviços.

Considerando que actualmente existe uma unidade orgânica que tem competências e tem a seu cargo a gestão e acompanhamento do processo de renovação do Centro Histórico da cidade e da ACRRU do Sítio dos Galos, a Divisão de Renovação Urbana, inserida na Direcção Municipal de Gestão Urbanística e Renovação Urbana - no Departamento de Gestão Urbanística e Fiscalização, a proposta de modelo de gestão da ORU vai no seguinte sentido:

i) Proceder de imediato ao reforço de competências à actual DRU, nomeadamente em termos de responsabilidades de gestão da ORU de Braga Sul e em termos de recursos humanos e técnicos que integram a sua estrutura técnica, adequando melhor a matriz de especialidades disciplinares existentes à abordagem integrada que o processo de implementação do PERU exige e às competências novas que lhe são requeridas;

ii) Proceder num segundo momento, em função da aprovação de outras ORU em áreas que extravasam a actual ARU de Braga Sul (já acompanhada pela actual equipa da DRU), a uma revisão da orgânica municipal, autonomizando dentro da Direcção Municipal de Gestão Urbanística e Renovação Urbana as competências e a gestão dos processos das ORU, e conferindo à actual DRU um nível superior na estrutura orgânica, transformando-a em Departamento de Reabilitação Urbana.

Deste modo, a Direcção Municipal de Gestão Urbanística e Renovação Urbana passaria a integrar dois Departamentos, um que se manteria tal como o actual, diminuído da Divisão de Renovação Urbana, e um segundo, criado de novo, que assumirá as todas as competências já assumidas pela DRU e outras novas

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decorrentes dos processos de gestão das ORU, transformando-se em departamento dentro da hierárquica orgânica.

A figura seguinte ilustra a alteração no organigrama proposta (indicada a vermelho):

Figura 8 | Proposta de alteração do Organigrama da Câmara Municipal de Braga

Este segundo momento reveste-se de significativa importância considerando a relevância que a autarquia pretende atribuir à política, aos instrumentos e à gestão dos processos de reabilitação urbana. Por outro lado, esta alteração assegurará uma melhoria significativa na articulação e na integração das competências e da acção do novo departamento responsável pela reabilitação urbana, com as competências e a intervenção de outras unidades orgânicas sectoriais. Saliente-se neste aspecto, o facto de a gestão das ORU implicar uma enorme articulação com outros domínios da gestão municipal, como sejam designadamente, as obras municipais e o planeamento urbanístico, no que respeita à intervenção nestes territórios urbanos específicos. Deste modo, o nivelamento na hierarquia orgânica destas três áreas facilitará sem dúvida a sua articulação, quer ao nível técnico, quer de coordenação, garantindo sem dúvida uma melhor performance interna na tomada de decisão e na implementação e gestão dos instrumentos e das acções a realizar.

Esta alteração permite por seu lado salvaguardar porventura uma autonomia mais clara das áreas da arqueologia e da museologia dentro da orgânica da Câmara Municipal, que hoje se encontram em grande medida, integradas nas funções e

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estrutura técnica da DRU, eventualmente partilhando competências com a Divisão da Cultura, que dentro do organigrama actual, não se encontra integrada numa qualquer Direcção Municipal, mas na dependência directa do Executivo Municipal. Neste caso, a reorganização então realizada poderá optar, ou por uma integração das competências ao nível da arqueologia e da museologia e dos respectivos técnicos hoje integrados na DRU, na Divisão da Cultura, ou, em alternativa, criar dentro do futuro Departamento da Reabilitação Urbana uma divisão com funções específicas nas áreas da arqueologia, do património e da museologia.

A consubstanciação da primeira condição referida, de reforço da estrutura técnica da actual DRU deverá procurar contemplar áreas disciplinares que, não estando já abrangidas pela actual equipa, são essenciais para lançar e implementar o Programa Estratégico que agora se propõe.

O quadro seguinte enuncia uma primeira proposta de reforço das especialidades que hoje fazem parte da estrutura técnica da DRU:

Quadro 12 | Competências actuais da DRU e proposta de reforço

Estrutura técnica actual Reforço técnico nas áreas

1 Chefe de Divisão (Licenciado em História)

1 Arqueólogo

3 Arquitectos

1 Eng.º Civil

2 Assistentes Técnicos de Medição e Orçamento

2 Assistentes Técnicos de Desenho

1 Assistente Técnico Administrativo

1 Assistente Técnico de Desenho (Desenho de arqueologia)

2 Assistente Técnicos de arqueologia

2 Assistente Operacionais de arqueologia

4 Assistentes Técnicos de Museologia

1 Assistente Operacional (guarda de museu)

Urbanismo /Planeamento Urbano

Engenharia civil

Jurídico, nas seguintes valências: direito do ordenamento e do urbanismo, direito público

Económica, nas seguintes valências: economia urbana, economia /gestão

Social, nas seguintes valências: sociologia/ sociologia urbana e assistência social

Marketing territorial

Comunicação «

6.2.3. Reforço da articulação entre diferentes unidades orgânicas

Por último, para além desta proposta de reorganização interna e de recomposição da Direcção Municipal de Gestão Urbanística e Renovação Urbana, numa fase de consolidação da estrutura técnica responsável pela gestão das ORU, torna-se essencial aumentar e agilizar as interligações transversais entre os diversos sectores e as unidades orgânicas competentes que se demonstram essenciais para assegurar uma abordagem integrada nas ARU.

Um primeiro nível de articulação respeita aos diversos âmbitos de poderes que a Câmara Municipal possui e que dizem respeito quer aos instrumentos de controlo das operações urbanísticas, quer a instrumentos de política urbanística, distribuídos por determinadas unidades que integram a orgânica municipal – Departamento Planeamento Urbanístico e Ordenamento do Territorial, Departamento de Obras Municipais e Departamento de Gestão Urbanística e Fiscalização, os quais se demonstram determinantes nos processos de execução de operações reabilitação urbana.

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Um segundo nível de articulação associa-se com as questões de natureza jurídica e procedimental, centrados na Divisão de Serviços Jurídicos e de Contencioso (Direcção Municipal de Gestão Administrativa).

Um terceiro nível de articulação relaciona-se com os novos incentivos e apoios criados pelo município para apoiar a reabilitação, que entram nas esferas fiscal, administrativa e financeira e que apelam a relações mais intensas, designadamente com a Divisão Financeira (Direcção Municipal de Gestão Administrativa).

Um quarto nível de articulação concentra-se na esfera da própria formulação da estratégia e na concertação da implementação de políticas sectoriais, apelando a um nível de articulação estreito com um certo número de divisões, algumas delas da esfera directa do Executivo Municipal – Divisão da Cultura, Divisão da Educação, Divisão do Turismo e Defesa do Consumidor, Divisão de Gestão da Qualidade, Divisão do Desporto, ou inseridas em Direcções Municipais – Divisão de Ambiente e espaços verdes e Divisão de Trânsito e Mobilidade.

Por último, sublinha-se ainda a importância de garantir uma boa articulação entre a unidade orgânica responsável pela gestão das ORU e as Empresas municipais existentes, em especial as que têm competências dentro de domínios estratégicos e estruturais para os processos de reabilitação, como é o caso da Bragahabit.

6.3. Quadro preliminar de apoios e incentivos

A estratégia de reabilitação urbana para a zona do Parque Sul é complexa, integrando múltiplas linhas de intervenção e assentado em dinâmicas de acção -reacção de diversos agentes:

� Públicos: os mais activos serão a Câmara Municipal de Braga (e algumas Empresas Municipais) e o IHRU, que podem ter uma acção de intervenção directa (na qualificação do espaço público e colectivo ou enquanto proprietários e senhorios de edifícios a reabilitar) ou actuar ao nível da disponibilização de apoios;

� Entidades (públicas e privadas) gestoras de infra-estruturas urbanas. Na estratégia global, espera-se que estas entidades respondam às necessidades de forma eficiente, programando as suas intervenções ou disponibilizando os seus serviços em tempo oportuno e de forma concertada com as linhas orientadoras da intervenção;

� Promotores imobiliários e empresas de construção, que serão agentes fundamentais da transformação do tecido edificado, intervindo de forma activa;

� Proprietários de imóveis (e senhorios), também actores incontornáveis do processo de reabilitação, assentando na sua disponibilidade e dinâmica a possibilidade para lançar um processo sustentado e não apenas pontual e apoiado no investimento público;

� Residentes na zona, sejam proprietários ou inquilinos, aos quais se dirige também um conjunto de linhas de intervenção (e respectivos mecanismos de apoio);

� O mesmo tipo de referência pode fazer-se a outros ocupantes e utentes da área em análise, em especial os empresários dos sectores do comércio,

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restauração e cafetaria, os prestadores de serviços de proximidade e todo o tecido institucional e associativo que ocupa ou utiliza os edifícios.

Mas nem todos os destinatários da intervenção se encontram ou operam no interior da área. Algumas das propostas são claramente dirigidas à atracção de novos investimentos, de novos serviços, de novas actividades, de novos residentes e de novos utentes. À excepção dos visitantes/turistas, na sua generalidade estes “novos utentes” podem enquadrar-se nas tipologias acima descritas.

Na operacionalização do programa de intervenção compete ao sector público diversas funções: regular e monitorizar a intervenção; assegurar a realização de um conjunto de acções de natureza material ou incorpórea; e estimular outras entidades, designadamente as da esfera privada, empresarial ou individual, a aderir à dinâmica global de reabilitação.

Neste capítulo sistematizam-se alguns dos mecanismos de apoio e incentivo a mobilizar para a implementação das diversas acções e projectos de intervenção propostos em cada um dos cinco níveis da estratégia, bem como das medidas de política complementares já explanadas. Estes mecanismos são de natureza diversificada, dirigindo-se tanto à acção dos agentes públicos quanto privados e, na generalidade dos casos, podem e devem ser aplicados de forma combinada.

6.3.1. Incentivos de natureza fiscal e administrativa

Este tipo de incentivos poderá ser mobilizado para estimular ou facilitar intervenções de natureza privada, tanto na reabilitação física e funcional de edifícios ou espaços como na promoção de actividades relacionadas com a revitalização social e económica.

Do ponto de vista fiscal trata-se de aplicar taxas reduzidas ou mesmo isentar de alguns impostos (IVA, IMI, IMT, IRC e IRS) as transacções, intervenções ou actividades que concorram para a concretização da estratégia.

� Redução do IVA (5-6%) em acções de reabilitação inseridas na ACRRU/ ARU (Lei 12-A/2010 de 30/6);

� Isenção de IMI – garantia de 5 + 3 anos de isenção de IMI em edifícios reabilitados no interior da ACRRU/ ARU;

� Redução de IMI em 25% em todos os imóveis inseridos na ACRRU/ ARU;

� Isenção ou redução de IRC e IRS para rendimentos de Fundos de Investimento Imobiliário que operam na área de intervenção; deduções à colecta de IRC e IRS para transacções e intervenções em imóveis situados em área de reabilitação urbana (Lei nº 64-A/2008, de 31/12). A taxação de mais-valias pode também ser, de acordo com este regime jurídico, aliviada. Este tipo de instrumento será abordado num ponto seguinte;

� Isenção de IMT para: as aquisições de prédios classificados como de Interesse Nacional, de Interesse Público ou de Interesse Municipal; as aquisições de prédios urbanos destinados a reabilitação urbanística, desde que, no prazo de dois anos a contar da data da aquisição, o adquirente inicie as respectivas obras; as aquisições de prédios urbanos ou de fracções autónomas de prédios urbanos destinados exclusivamente a habitação

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própria e permanente, na primeira transmissão onerosa do prédio reabilitado;

Ao nível administrativo referimo-nos, também em casos em que se esteja em presença de acções convergentes com os objectivos perseguidos, a procedimentos de licenciamento mais ligeiros ou flexíveis, a redução ou isenção de algumas taxas ou a compensações através de direitos de construção adicionais.

� Taxa de ocupação do domínio público: livre (para acções de intervenção rápidas <2 meses) ou redução de 80% na ACRRU/ ARU (intervenções >2 meses); inclui a redução de taxas para ocupação com esplanadas nas áreas em que se pretende estimular o sector do comércio/ restauração/ cafetaria;

� Taxa de Licenciamento / autorização / admissão de comunicação prévia de operações urbanísticas: redução de 50% na ACRRU/ ARU.

� Criar um sistema de Licenciamento, análogo ao “Sistema Multi-critério tipo SIM-Porto”, que permita a criação de uma bolsa de créditos de construção nova em outras zonas da cidade, para proprietários que promovam acções de reabilitação na área em análise;

� Elaboração ou revisão de Instrumentos de Gestão Territorial (PMOT: PU, PP) no sentido de integrar nos seus sistemas de execução, nos seus regulamentos e na sua tradução espacial, medidas tendentes a estimular e favorecer a reabilitação urbana em detrimento do crescimento por expansão da cidade.

6.3.2. Instrumentos de apoio financeiro

Trata-se, neste caso, de mobilizar uma grande diversidade de instrumentos de natureza financeira: (i) incentivos públicos à reabilitação, ao realojamento e ao arrendamento; (ii) programas de apoio ao investimento público do QREN; (iii) sistemas de incentivos às empresas e acções colectivas (QREN); (iv) produtos financeiros disponibilizados pela Banca em condições protocoladas, incluindo fundos de investimento imobiliário em reabilitação urbana; (v) fundos de desenvolvimento urbano, com ou sem apoio complementar no quadro da Iniciativa JESSICA.

No primeiro caso, referimo-nos aos programas nacionais de apoio à reabilitação urbana e à habitação geridos pelo IHRU:

� RECRIA – O Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis Arrendados visa financiar a execução das obras de conservação e beneficiação que permitam a recuperação de fogos e imóveis em estado de degradação, mediante a concessão de incentivos pelo Estado e pelos municípios. Poderão beneficiar dos incentivos previstos neste regime as obras a realizar em edifícios que tenham pelo menos uma fracção habitacional cuja renda tenha sido objecto de correcção extraordinária nos termos da Lei n.º 46/85, de 20 de Setembro;

� REHABITA – O Regime de Apoio à Recuperação Habitacional em Áreas Urbanas Antigas consiste numa extensão do Programa RECRIA e visa apoiar financeiramente as Câmaras Municipais na recuperação de zonas urbanas antigas. O acesso ao REHABITA pressupõe a celebração de acordos de colaboração entre o IHRU, as Câmaras Municipais e outras instituições de crédito autorizadas. O financiamento no âmbito do REHABITA destina-se a

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 73 de 84

apoiar a execução de obras de conservação, de beneficiação ou de reconstrução de edifícios habitacionais e as acções de realojamento provisório ou definitivo daí recorrentes, no âmbito de operações municipais de reabilitação dos núcleos urbanos históricos que sejam declarados como áreas críticas de recuperação e reconversão urbanística;

� RECRIPH – O Regime Especial de Comparticipação e Financiamento na Recuperação de Prédios Urbanos em Regime de Propriedade Horizontal visa apoiar financeiramente a execução de obras de conservação nas partes comuns de edifícios constituídos em regime de propriedade horizontal. Em determinadas condições, os condóminos podem, ainda, aceder a um financiamento para a realização de obras nas fracções autónomas;

� SOLARH – Permite a concessão de empréstimos sem juros pelo IHRU, para realização de obras de conservação: em habitação própria permanente de indivíduos ou agregados familiares; em habitações devolutas de que sejam proprietários os municípios, as instituições particulares de solidariedade social, as pessoas colectivas de utilidade pública administrativa que prossigam fins assistenciais e as cooperativas de habitação e construção; em habitações devolutas de que sejam proprietárias pessoas singulares;

� PROHABITA – Tem como objectivo a resolução global das situações de grave carência habitacional de agregados familiares. São consideradas situações de grave carência habitacional, os casos de agregados familiares que residem permanentemente em edificações, partes de edificações ou estruturas provisórias, caracterizadas por graves deficiências de solidez, segurança, salubridade ou sobrelotação, bem como as situações de necessidade de alojamento urgente, definitivo ou temporário, de agregados familiares sem local para habitar em virtude da destruição total ou parcial das suas habitações ou da demolição das estruturas provisórias em que residiam. O PROHABITA é concretizado mediante a celebração de Acordos de Colaboração entre os Municípios ou Associações de Municípios e o Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana;

� PORTA 65 Jovem – O Programa Porta 65 Jovem tem como objectivo regular os incentivos aos jovens arrendatários, estimulando: estilos de vida mais autónomos por parte de jovens sozinhos, em família ou em coabitação jovem; a reabilitação de áreas urbanas degradadas; a dinamização do mercado de arrendamento. Este programa apoia o arrendamento de habitações para residência, atribuindo uma percentagem do valor da renda como subvenção mensal.

No segundo caso destacam-se, como instrumentos privilegiados para apoio ao investimento público ou de parceria, as seguintes linhas de financiamento do QREN 2007-2013 que podem apoiar alguns dos projectos e acções mais relevantes da intervenção:

� Parcerias para a Regeneração Urbana (Eixo 4 do ON2) – Este instrumento é um dos quatro vectores de intervenção da Política de Cidades POLIS XXI, visa apoiar acções dirigidas à revitalização integrada de espaços intra-urbanos, tendo como suporte uma estrutura de parceria local alargada (município, serviços desconcentrados da administração central, ONG, empresas, etc.). A envolvente urbana ao Rio Este tem uma candidatura aprovada e uma estrutura técnica de apoio à PRU em funcionamento. As

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 74 de 84

operações integradas no Programa de Acção beneficiam de um apoio FEDER a fundo perdido de 80%;

� Tipologia de Intervenção “Melhoria da Eficiência Energética em Habitações de Famílias de Baixos Rendimentos no âmbito de Intervenções Integradas de Regeneração Urbana” (Eixo 4 do ON2) – complementar das PRU, é um instrumento dirigido a edifícios de propriedade pública ou em regime de propriedade horizontal integrados em bairros sociais, com localização em área abrangida por um Programa de Acção de PRU, com mais de 60% das fracções habitacionais ocupadas ou, no caso de propriedade pública, destinados a ser ocupadas por agregados familiares de baixos rendimentos e que se encontrem em razoável estado de conservação ou objecto de obras de reabilitação. O Programa de Acção da PRU do Rio Este deve ser complementado com uma proposta de inclusão desta componente, admitindo-se, para acções destinadas a melhorar a eficiência energética dos edifícios, um acréscimo global até 10% do valor do FEDER já aprovado;

� Acções Inovadoras de Desenvolvimento Urbano (Eixo IX do POVT) – outro dos vectores de intervenção da Política de Cidades POLIS XXI, visa apoiar projectos-piloto que tenham por objectivo desenvolver ou transferir, para aplicação nas cidades portuguesas, soluções inovadoras de resposta às procuras e aos problemas urbanos que ainda não tenham sido ensaiadas em território nacional ou, tendo-o sido com resultados positivos, careçam de aplicação a uma escala mais alargada para motivar a sua replicação. A comparticipação FEDER pode ascender a 80% do valor do investimento;

� Valorização Económica de Recursos Específicos (Eixo 2 do ON2) – designadamente na tipologia promoção de um “cluster” de indústrias criativas, englobando actividades como a produção de conteúdos de natureza cultural, serviços de design, vídeo, fotografia, moda, produção artística, cinema ou arquitectura. A taxa de comparticipação FEDER prevista não deverá ultrapassar os 70%;

� Rede de Equipamentos Culturais – Programação Cultural em Rede (Eixo 3 do ON2) – domínio de intervenção que tem como objectivo geral contribuir para melhorar o acesso público à fruição das actividades culturais e à participação das artes do espectáculo, das artes visuais e do património móvel no processo de construção e aprofundamento da cidadania.

O terceiro caso refere-se aos instrumentos financeiros do QREN para promoção da competitividade, especialmente:

� Sistemas de incentivos às empresas, através de candidaturas ao QREN: Eixo 1 do ON2 e Programa Compete. Trata-se de apoios a mobilizar para o necessário upgrade e modernização das actividades de comércio, serviços ou outras que já se localizam na área ou para a estratégia de atracção de novas iniciativas empresariais em sectores relevantes para a estratégia. Embora com dinamização e monitorização a partir da entidade gestora da ORU (CMB) e da Associação Comercial de Braga (ou outras) e mesmo da Banca, este tipo de mecanismo dependerá sempre da capacidade de iniciativa das empresas e dos empresários;

� Sistema de Incentivos a Projectos de Modernização do Comércio (MODCOM) – este sistema, financiado pelo Fundo de Modernização do Comércio, apoia a modernização e a revitalização da actividade comercial, em especial em centros de comércio com predomínio do comércio independente de

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 75 de 84

proximidade, bem como a promoção de acções dirigidas ao comércio. Prevê o apoio a três tipos de projectos: Projectos Empresariais de Modernização Comercial; Projectos de Integração Comercial; e Projectos de Promoção Comercial. Podem ser beneficiárias médias, pequenas e microempresas, agrupamentos de empresas e associações empresariais. O IAPMEI e a DGAE são as entidades responsáveis pelo Sistema, cuja taxa de apoio oscila entre 45% e 60%. As candidaturas são abertas anualmente, num período limitado (usualmente no primeiro trimestre da cada ano);

� Estratégias de Eficiência Colectiva (QREN 2007-2013) – uma EEC é um conjunto coerente e estrategicamente justificado de iniciativas, integradas num Programa de Acção, que visem a inovação, a qualificação ou a modernização de um agregado de empresas com uma implantação espacial determinada e que fomentem, de forma estruturada, a emergência de economias de aglomeração através, nomeadamente, da cooperação e do funcionamento em rede entre as empresas e entre estas e outros actores relevantes para o desenvolvimento dos sectores a que pertencem e dos territórios em que se localizam. Neste caso, importa sobretudo destacar a EEC do tipo ARDU (Acções de Regeneração e Desenvolvimento Urbanos), que são iniciativas conjuntas de base local envolvendo projectos empresariais previstos num programa integrado de desenvolvimento urbano, como é o caso da PRU (PRU do Rio Este) e da RUCI (Quadrilátero), que já estão aprovadas. Em termos práticos, as EEC traduzem-se num acesso privilegiado aos sistemas de incentivos do Eixo 1 do Programa ON2 pelas empresas localizadas na área de intervenção, desde que demonstrem concorrer para os objectivos de regeneração urbana e de competitividade que os respectivos programas de acção preconizam;

� Iniciativa MERCA – Instituída através de protocolo entre Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional, o Ministério da Economia e da Inovação e a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal, a Iniciativa MERCA concretiza-se através as seguintes medidas: (i) Linha de Crédito Comércio Investe (linha de crédito bancária apoiada pelo Programa Operacional COMPETE); (ii) Qualificação de PME do Comércio e Serviços localizadas em Áreas de Reabilitação Urbana (Qualificação PME/ ARU, incentivos a projectos individuais de PME); (iii) EEC de base territorial, no domínio da Política de Cidades (PME Comércio/ ARDU, incentivos a projectos individuais de empresas e incentivos a projectos colectivos - SIAC); (iv) Projectos Conjuntos e Acções Colectivas (SIAC). Trata-se de uma Iniciativa que enquadra os diversos instrumentos financeiros do QREN, disponibilizados através dos Programas Operacionais ON2 e COMPETE. Note-se que a abertura de períodos de candidatura é relativamente irregular, havendo uma coordenação global a partir da Autoridade de Gestão do COMPETE.

A quarta tipologia de apoios financeiros refere-se a determinados produtos financeiros ou com intervenção privilegiada das instituições financeiras:

� Fundos de Investimento Imobiliário em Reabilitação Urbana – criados a partir do DL 67-A/ 2007, de 31/12 (artº 82: regime extraordinário de apoio à reabilitação urbana), estes FIIRU, que são Fundos de Investimento Imobiliário que financiam especificamente intervenções de reabilitação de imóveis arrendados ou localizados em Áreas de Reabilitação Urbana, dão acesso a benefícios fiscais na tributação dos rendimentos obtidos (em

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 76 de 84

determinadas circunstâncias), sejam IRS, IRC ou mais-valias. Os Fundos devem ser autorizados pela CMVM, podendo ser constituídos até 31/12/2012;

� Protocolos bancários – de natureza diversificada, traduzindo-se na facilitação das condições de acesso a crédito ou serviços bancários pelos proprietários, inquilinos ou empresas de construção ou imobiliárias que façam intervenções de reabilitação na ARU. A entidade gestora da operação de reabilitação urbana (CMB) tomará a iniciativa de protocolar e divulgar essas condições com as diversas instituições bancárias disponíveis para este tipo de colaboração.

Por último, refere-se um poderoso instrumento de apoio à reabilitação urbana, que corresponde à criação de fundos de desenvolvimento urbano (FDU), designadamente com apoio da Iniciativa JESSICA:

� Joint European Support for Sustainable Investment in City Areas (JESSICA) – Instrumento de engenharia financeira criado pela Comissão Europeia e operacionalizado através do Banco Europeu de Investimento e com o apoio do Council of Europe Development Bank, mobilizando recursos financeiros do QREN 2007-2013 (FEDER dos PO Regionais e do POVT). A intervenção assenta na disponibilização de empréstimos ou na participação no capital de entidades ou fundos para a reabilitação urbana, complementando os apoios dos fundos estruturais ou outro tipo de financiamento público ou privado. Não há qualquer apoio a “fundo perdido” por parte deste instrumento financeiro, cuja aplicação em concreto se materializa na criação de FDU. Num primeiro nível foi criado um fundo de participação (holding fund) português, no valor de € 130 milhões, com participação financeira do Estado e dos Programas Operacionais (Regionais e de Valorização do Território). Este holding fund, gerido pelo BEI, permitirá desenvolver os fundos de desenvolvimento urbano (na criação ou investindo em);

� Fundos de desenvolvimento urbano – Os FDU são instrumentos financeiros, com participação pública e/ou privada (que podem ou não ter uma participação do holding fund JESSICA). São os fundos de desenvolvimento urbano que apoiam os projectos concretos. Os apoios concedidos pelos FDU podem revestir a forma de participações no capital de estruturas empresariais (empresas, FII/ FIIRU, parcerias público -privadas) criadas para a realização de projectos de desenvolvimento urbano, de concessão de empréstimos ou de concessão de garantias. São veículos de financiamento reembolsável a projectos enquadrados num programa integrado de desenvolvimento urbano. A sua natureza pode ser muito diversificada, podendo ir desde uma linha de crédito específica criada junto de uma instituição bancária até um fundo de capital de risco ou um fundo de investimento imobiliário. Importa referir que os FDU com participação JESSICA devem respeitar a regulamentação referente aos fundos estruturais e que o FDU ou a parte do FDU que for participada/ financiada pelo holding fund apenas pode apoiar projectos de natureza não -especulativa. Também está excluída a possibilidade de uma mesma entidade ser gestora e beneficiária de um FDU JESSICA. O primeiro procedimento público aberto pelo BEI para a apresentação, por entidades públicas e/ou privadas, de propostas de FDU, respectivos planos de negócios, participantes e estratégia de intervenção encerrou em 2 de Dezembro de 2010, decorrendo actualmente o processo de análise das candidaturas. Notícias preliminares

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indicam que foram já pré-seleccionadas dez candidaturas (entre as quais cinco são conhecidas, com liderança do Banco Português de Investimento, do Montepio Geral, da Caixa Geral de Depósitos e do Turismo de Portugal; a quinta é liderada pelo município de Viseu, mas a condicionante regulamentar que referimos acima deverá excluí-la da próxima fase).

6.4. Prazo e cronograma global de execução

O Artigo 18º do Decreto-Lei nº 307/2009, que estabelece o regime jurídico da reabilitação urbana, remete para o Programa Estratégico de Reabilitação Urbana a fixação do âmbito temporal em que vigora a área de reabilitação urbana, não podendo no entanto vigorar por prazo superior a 15 anos.

Neste sentido, e face à vontade expressa pelo actual executivo municipal em levar a cabo uma política eficaz e eficiente de reabilitação urbana, propõe-se como prazo global para a execução da intervenção um período de dez anos, decorrendo entre 2011 e 2020.

Face à complexidade do programa que aqui se apresenta mostrava-se indispensável compendiar num cronograma a programação temporal da panóplia de acções e projectos propostos para cada uma das componentes espaciais e operativas de reabilitação. Dado o carácter eminentemente imaterial e orientador das medidas de política complementares propostas, optou-se por não as representar neste cronograma, podendo ser implementadas pelo município (em concertação com outras entidades interessadas) a qualquer altura, desde que devidamente salvaguardas as questões relativas ao acesso a instrumentos de financiamento.

Desta forma, com o auxílio do quadro seguinte, tornam-se perceptíveis os projectos e acções de estarão em melhores condições de arrancar a curto prazo ou que se revelam prioritários.

Quadro 13 | Cronograma de execução da operação de reabilitação urbana de Braga Sul

Cronograma de execução

Nº Designação Promotor

2011

2012

2013

2014

2015

2016 /

20

Nível 1 – Componentes estruturadoras principais: estrutura ecológica e sistema de equipamentos colectivos

1 Requalificação do rio Este e das suas margens CMB

2 Regeneração e revitalização do Parque da Ponte (fase 2) CMB

3 Infraestruturação de base do Parque do Monte Picoto (fase 1) CMB

4 Criação de percursos pedestres e limpeza da mata a sul do Estádio 1º de Maio (utilização efémera)

CMB SCMiser.

5 Alameda Pires Gonçalves CMB

6 Requalificação do Campo da Feira CMB

7 Requalificação da envolvente ao Estádio 1º de Maio CMB

8 Requalificação do Parque de Campismo de Braga CMB

9 Valorização do Parque de Exposições de Braga CMB PEB

10 Dinamização do Bar do Lago Pactoinvest

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 78 de 84

Cronograma de execução

Nº Designação Promotor

2011

2012

2013

2014

2015

2016 /

20

Nível 2 – Núcleos residenciais de reabilitação prioritária

1 Requalificação do acesso e envolvente ao Complexo Habitacional do Picoto

CMB

2 Programa de qualificação do espaço público do Bairro Nogueira da Silva e dos conjuntos habitacionais adjacentes à EN101

CMB

3 Criação de um espaço público colectivo que sirva o Bairro Nogueira da Silva e os conjuntos habitacionais adjacentes à EN101

CMB

4 Reabilitação do edificado no Bairro Nogueira da Silva e nos conjuntos habitacionais adjacentes à EN101

Proprietários

Nível 3 – Frentes urbanas a reabilitar

1 Programa de apoio à requalificação da Rua Conselheiro Lobato e à revitalização das áreas não habitacionais

CMB Proprietários

2 Reabilitação do edificado da Rua Conselheiro Lobato Proprietários

3 Requalificação urbana das ruas da Devesa, de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes e da travessa do Bonfim

CMB

4 Reabilitação do edificado nas ruas da Devesa, de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes, da travessa do Bonfim e no topo da Avenida da Liberdade

Proprietários

5 Reabilitação da Quinta da Mitra Proprietário

Nível 4 – Reabilitação do Sítio dos Galos

1 Valorização das fachadas posteriores da Rua Américo Carvalho CMB

2 Requalificação do espaço público do Sítio dos Galos CMB

3 Reabilitação do edificado e melhoria das condições de habitabilidade no Sítio dos Galos

Proprietário

4 Programa de apoio ao realojamento de moradores em edifícios degradados

CMB Bragahabit

5 Reabilitação e revitalização do conjunto de edifícios com valor patrimonial para novas funções colectivas

CMB

6 Valorização da rua dos Barbosas CMB

Nível 5 – Eixos de penetração e relação com o exterior

1 Reforço da articulação entre o Centro Histórico da cidade e o Parque Sul

CMB

2 Requalificação urbana da EN101 entre a Avenida da Liberdade e a urbanização da Coutada

CMB

3 Qualificação das vias de ligação do Fujacal ao rio Este CMB

4 Criação de um eixo de ligação entre as escolas André Soares e Alberto Sampaio (via Sítio dos Galos) e seu prolongamento pela encosta nascente do Monte Picoto

CMB

5 Projecto TUBiclas TUB, EEM

6.5. Programa de investimento e de financiamento da operação

Conforme previsto no novo quadro legal que enquadra a política nacional para a reabilitação urbana (D-L 307/2009), um programa estratégico como o que agora se apresenta deve definir o programa de investimento (evidenciando o investimento de carácter público e privado) e de financiamento da ORU, incluindo uma estimativa

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 79 de 84

dos custos totais da execução dessa operação e a identificação das eventuais fontes de financiamento. É a este objectivo que o presente capítulo pretende dar resposta.

Anteriormente foram já apresentadas as estimativas financeiras as possíveis e disponíveis fontes de financiamento para cada um dos projectos públicos considerados estruturantes, o enquadramento financeiro para as medidas de política complementares, bem como a natureza do investimento a realizar (e respectivo promotor) destrinçando o público do privado.

No entanto importa agora analisar e sistematizar o investimento global previsto para as acções e projectos correspondentes a cada uma das componentes espaciais e operativas de reabilitação (e não só as estruturantes). A opção por quantificar apenas estes, excluindo as medidas de política complementares, deve-se ao facto de muitas das medidas propostas serem apenas linhas programáticas e de política, e dessa forma de difícil quantificação.

Desta forma, no quadro seguinte apresenta-se a estimativa orçamental para as referidas acções e projectos, a sua distribuição temporal ao longo do prazo de vigência da ARU de Braga Sul, bem como a natureza do investimento e o respectivo promotor.

Quadro 14 | Programa de investimento público e privado da operação de reabilitação urbana de Braga Sul e respectiva distribuição temporal

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

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16

/

20

1 Requalificação do rio Este e das suas margens Público CMB 2.491.595 € 498.319 € 996.638 € 996.638 €

2 Regeneração e revitalização do Parque da Ponte (fase 2) Público CMB 1.034.760 € 517.380 € 517.380 €

3Infraestruturação de base do Parque do Monte Picoto

(fase 1)Público CMB 3.213.748 € 1.071.249 € 1.071.249 € 1.071.249 €

4Criação de percursos pedestres e limpeza da mata a sul

do Estádio 1º de Maio (utilização efémera)Público

CMB

SCMiser.65.000 € 65.000 €

5 Alameda Pires Gonçalves Público CMB 600.000 € 300.000 € 300.000 €

6 Requalificação do Campo da Feira Público CMB 750.000 € 375.000 € 375.000 €

7 Requalificação da envolvente ao Estádio 1º de Maio Público CMB 450.000 € 225.000 € 225.000 €

8 Requalificação do Parque de Campismo de Braga Público CMB 700.000 € 350.000 € 350.000 €

9 Valorização do Parque de Exposições de Braga PúblicoCMB

PEB950.000 € 475.000 € 475.000 €

10 Dinamização do Bar do Lago Privado Pactoinvest 25.848 € 25.848 €

1Requalificação do acesso e envolvente ao Complexo

Habitacional do PicotoPúblico CMB 170.000 € 170.000 €

2

Programa de qualificação do espaço público do Bairro

Nogueira da Silva e dos conjuntos habitacionais

adjacentes à EN101

Público CMB 450.000 € 450.000 €

3

Criação de um espaço público colectivo que sirva o Bairro

Nogueira da Silva e os conjuntos habitacionais adjacentes

à EN101

Público CMB 500.000 € 500.000 €

4Reabilitação do edificado no Bairro Nogueira da Silva e

nos conjuntos habitacionais adjacentes à EN101Privado Proprietários 375.000 € 187.500 € 187.500 €

Nível 1 - Componentes estruturadoras principais: estrutura ecológica e sistema de equipamentos colectivos

Nível 2 - Núcleos residenciais de reabilitação prioritária

Distribuição do investimento

Nº PromotorEstimativa

orçamentalDesignação

Natureza do

investimento

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20

16

/

20

1Programa de apoio à requalificação da Rua Conselheiro

Lobato e à revitalização das áreas não habitacionais

Público

Privado

CMB

Proprietários1.660.000 € 332.000 € 332.000 € 332.000 € 332.000 € 332.000 €

2 Reabilitação do edificado da Rua Conselheiro Lobato Privado Proprietários 360.000 € 120.000 € 120.000 € 120.000 €

3Requalificação urbana das ruas da Devesa, de Santo

Adrião/ Pascoal Fernandes e da travessa do BonfimPúblico CMB 300.000 € 150.000 € 150.000 €

4

Reabilitação do edificado nas ruas da Devesa, de Santo

Adrião/ Pascoal Fernandes, da travessa do Bomfim e no

topo da Avenida da Liberdade

Privado Proprietários 1.300.000 € 650.000 € 650.000 €

5 Reabilitação da Quinta da Mitra Privado Proprietário 350.000 € 175.000 € 175.000 €

1Valorização das fachadas posteriores da Rua Américo

CarvalhoPúblico CMB 950.000 € 475.000 € 475.000 €

2 Requalificação do espaço público do Sítio dos Galos Público CMB 850.000 € 283.333 € 283.333 € 283.333 €

3Reabilitação do edificado e melhoria das condições de

habitabilidade no Sítio dos GalosPrivado Proprietário 325.000 € 81.250 € 81.250 € 81.250 € 81.250 €

4Programa de apoio ao realojamento de moradores em

edifícios degradadosPúblico

CMB

Bragahabit- €

5Reabilitação e revitalização do conjunto de edifícios com

valor patrimonial para novas funções colectivasPúblico CMB 1.250.000 € 625.000 € 625.000 €

6 Valorização da rua dos Barbosas Público CMB 825.000 € 275.000 € 550.000 €

1Reforço da articulação entre o Centro Histórico da cidade

e o Parque SulPúblico CMB 600.000 € 200.000 € 400.000 €

2Requalificação urbana da EN101 entre a Avenida da

Liberdade e a urbanização da CoutadaPúblico CMB 650.000 € 216.667 € 433.333 €

3 Qualificação das vias de ligação do Fujacal ao rio Este Público CMB 210.000 € 105.000 € 105.000 €

4

Criação de um eixo de ligação entre as escolas André

Soares e Alberto Sampaio e seu prolongamento pela

encosta nascente do Monte Picoto

Público CMB 340.000 € 170.000 € 170.000 €

5 Projecto TUBiclas Público TUB, EEM 65.000 € 21.667 € 43.333 €

3.075.616 € 7.409.366 € 6.941.971 € 3.641.999 € 742.000 € - €

14,1% 34,0% 31,8% 16,7% 3,4% 0,0%21.810.952 € TOTAL

Nível 3 - Frentes urbanas a reabilitar

Nível 5 - Eixos de penetração e relação com o exterior

Nível 4 - Reabilitação do Sítio dos Galos

DesignaçãoNatureza do

investimentoPromotor

Estimativa

orçamental

Distribuição do investimento

Importa referir que, para muitos deste projectos e acções, os valores estimados poderão sofrer variações superiores a ± 25%, uma vez que nesta fase do estudo não é possível estimar com o rigor desejado a intervenção a realizar.

Da análise conjunta destas estimativas conclui-se que o investimento global proposto neste programa estratégico ascende a 21 Milhões de Euros, sendo cerca de 10 Milhões afectos aos projectos e acções considerados como estruturantes (como salientado em capítulo anterior). Quanto à sua repartição pelo período de vigência desta ARU conclui-se que a grande fatia do investimento será para realizar durante o primeiro triénio deste período (cerca de 80% do investimento total previsto).

Deste montante global de investimento previsto, e distribuído no tempo de acordo com o cronograma apresentado, cerca de 17 Milhões de Euros serão de iniciativa pública (sendo o Município de Braga responsável por quase 95% deste valor), prevendo-se no entanto um efeito de alavancagem de investimento privado em reabilitação urbana de mais de 4 Milhões de Euros (ver quadro síntese seguinte).

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 81 de 84

Quadro 15 | Síntese do investimento por natureza do promotor (público ou privado)

Promotor Estimativa orçamental

Câmara Municipal de Braga 16.335.103 €

Outro investimento público (Empresas Municipais) 1.015.000 €

Investimento privado (proprietários, promotores imobiliários, inquilinos, Santa Casa da Misericórdia, etc)

4.460.848 €

Investimento total 21.810.952 €

Conforme já referido, a estratégia de reabilitação urbana para esta zona da cidade de Braga é complexa, integrando múltiplas linhas de intervenção e assentado em dinâmicas de acção -reacção de diversos agentes. Decorre daí que o financiamento da intervenção assenta na combinação de diversos mecanismos e instrumentos, alguns dos quais são de natureza claramente financeira e activa, enquanto outros são estímulos e incentivos à reabilitação e ao investimento de natureza privada ou individual.

Em ponto anterior ventilámos esse conjunto de instrumentos. Neste ponto, sem esquecer uma referência aos que não são explicitamente mecanismos de (e apoio ao) investimento (incentivos fiscais e de natureza administrativa), sistematizaremos as fontes de financiamento para os diversos projectos e acções agrupados nas diversas componentes espaciais e operativas de reabilitação (quadro 14) e para as diferentes medidas de política complementares (quadro 15).

Note-se que há uma incerteza associada a este exercício, que decorre, na maior parte dos casos, da oportunidade e probabilidade de obter apoios nos casos em que estão em causa candidaturas a sistemas de apoio públicos, nacionais ou comunitários. No caso de não ser possível mobilizar tais apoios, competirá às entidades envolvidas garantir o financiamento, seja maximizando o recurso a mecanismos mais puramente financeiros (crédito bancário ou fundos de desenvolvimento urbano), seja com recursos dos seus próprios orçamentos.

Quadro 16 | Enquadramento financeiro para as diversas acções e projectos

Nº Designação Promotor Estimativa orçamental

Enquadramento financeiro

Nível 1 – Componentes estruturadoras principais: estrutura ecológica e sistema de equipamentos colectivos

1 Requalificação do rio Este e das suas margens CMB 2.491.595 € QREN/ ON2 - PRU Rio Este

2 Regeneração e revitalização do Parque da Ponte (fase 2)

CMB 1.034.760 € QREN/ ON2 - PRU Rio Este

3 Infraestruturação de base do Parque do Monte Picoto (fase 1)

CMB 3.213.748 € QREN/ ON2 - PRU Rio Este

4 Criação de percursos pedestres e limpeza da mata a sul do Estádio 1º de Maio (utilização efémera)

CMB SCMiser.

65.000 € Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

5 Alameda Pires Gonçalves CMB 600.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

6 Requalificação do Campo da Feira CMB 750.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 82 de 84

Nº Designação Promotor Estimativa orçamental

Enquadramento financeiro

7 Requalificação da envolvente ao Estádio 1º de Maio CMB 450.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

8 Requalificação do Parque de Campismo de Braga CMB 700.000 €

CEJ2012

Orçamento Municipal

JESSICA

9 Valorização do Parque de Exposições de Braga CMB PEB

950.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

10 Dinamização do Bar do Lago Pactoinvest 25.848 € QREN/ ON2 - PRU Rio Este

Nível 2 – Núcleos residenciais de reabilitação prioritária

1 Requalificação do acesso e envolvente ao Complexo Habitacional do Picoto

CMB 170.000 € Orçamento Municipal

JESSICA

2 Programa de qualificação do espaço público do Bairro Nogueira da Silva e dos conjuntos habitacionais adjacentes à EN101

CMB 450.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

3 Criação de um espaço público colectivo que sirva o Bairro Nogueira da Silva e os conjuntos habitacionais adjacentes à EN101

CMB 500.000 € Orçamento Municipal QREN- Investimento Público

JESSICA

4 Reabilitação do edificado no Bairro Nogueira da Silva e nos conjuntos habitacionais adjacentes à EN101

Proprietários 375.000 €

Incentivos de natureza fiscal e administr.

Programas reabilitação e habitação (IHRU)

Protocolos bancários

JESSICA

Nível 3 – Frentes urbanas a reabilitar

1 Programa de apoio à requalificação da Rua Conselheiro Lobato e à revitalização das áreas não habitacionais

CMB Proprietários

1.660.000 €

CEJ2012

Incentivos de natureza fiscal e administr.

QREN- Investimento Privado e acções colectivas

Protocolos bancários

JESSICA

2 Reabilitação do edificado da Rua Conselheiro Lobato

Proprietários 360.000 €

Incentivos de natureza fiscal e administr.

Programas reabilitação e habitação (IHRU)

QREN- Investimento Privado e acções colectivas

FIIRU

Protocolos bancários

JESSICA

3 Requalificação urbana das ruas da Devesa, de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes e da travessa do Bonfim

CMB 300.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

4 Reabilitação do edificado nas ruas da Devesa, de Santo Adrião/ Pascoal Fernandes, da travessa do Bonfim e no topo da Avenida da Liberdade

Proprietários 1.300.000 €

Incentivos de natureza fiscal e administr.

Programas reabilitação e habitação (IHRU)

QREN- Investimento Privado e acções colectivas

FIIRU

Protocolos bancários

JESSICA

5 Reabilitação da Quinta da Mitra Proprietário 350.000 €

Incentivos de natureza fiscal e administr.

QREN- Investimento Privado e acções colectivas

Protocolos bancários

JESSICA

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Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 83 de 84

Nº Designação Promotor Estimativa orçamental

Enquadramento financeiro

Nível 4 – Reabilitação do Sítio dos Galos

1 Valorização das fachadas posteriores da Rua Américo Carvalho

CMB 950.000 €

Orçamento Municipal

Programas reabilitação e habitação (IHRU)

JESSICA

2 Requalificação do espaço público do Sítio dos Galos

CMB 850.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

3 Reabilitação do edificado e melhoria das condições de habitabilidade no Sítio dos Galos

Proprietário 325.000 €

Incentivos de natureza fiscal e administr.

Programas reabilitação e habitação (IHRU)

FIIRU

Protocolos bancários

JESSICA

4 Programa de apoio ao realojamento de moradores em edifícios degradados

CMB Bragahabit

0 € Programas reabilitação e habitação (IHRU)

5 Reabilitação e revitalização do conjunto de edifícios com valor patrimonial para novas funções colectivas

CMB 1.250.000 €

Orçamento Municipal

Programas reabilitação e habitação (IHRU)

QREN- Investimento Público

JESSICA

6 Valorização da rua dos Barbosas CMB 825.000 €

Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

JESSICA

Nível 5 – Eixos de penetração e relação com o exterior

1 Reforço da articulação entre o Centro Histórico da cidade e o Parque Sul

CMB 600.000 € Orçamento Municipal

2 Requalificação urbana da EN101 entre a Avenida da Liberdade e a urbanização da Coutada

CMB 650.000 € Orçamento Municipal

QREN- Investimento Público

3 Qualificação das vias de ligação do Fujacal ao rio Este

CMB 210.000 € Orçamento Municipal

4

Criação de um eixo de ligação entre as escolas André Soares e Alberto Sampaio (via Sítio dos Galos) e seu prolongamento pela encosta nascente do Monte Picoto

CMB 340.000 € Orçamento Municipal

5 Projecto TUBiclas TUB, EEM 65.000 € QREN/ ON2 - PRU Rio Este

Quadro 17 | Enquadramento financeiro para as medidas de política complementares

Medidas de política complementares Enquadramento financeiro

A. Fomento do mercado de reabilitação urbana

Criação de uma bolsa de artífices qualificados

Criação de uma bolsa de PME especializadas em trabalhos de reabilitação e conservação

Centro de competências na área das tecnologias de reabilitação

Criação de parcerias municipais com empresas fornecedoras

Fomentar a sustentabilidade na gestão de infra-estruturas do Espaço Público (ao nível do projecto e licenciamento)

> ON2 – Eixo Prioritário V – Governação e Capacitação Institucional / Promoção da capacitação institucional e do desenvolvimento regional e local;

> ON2 – Eixo IV – Qualificação do Sistema Urbano: Parcerias para a Regeneração Urbana;

> POPH – Eixo Prioritário 3 – Gestão e Aperfeiçoamento Profissional;

> Programa Operacional de Valorização do Território – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano.

> Iniciativa JESSICA – Fundo de Desenvolvimento Urbano.

Page 84: PROGRAMA ESTRATÉGICO DE REABILITAÇÃO URBANA ......da proposta de Programa Estratégico de Reabilitação Urbana, de acordo com os termos definidos no artigo 33º do Decreto-lei

Programa Estratégico de Reabilitação Urbana da ARU de Braga Sul | Versão final Página 84 de 84

Medidas de política complementares Enquadramento financeiro

B. Revitalização económica e urbana

Criação de um sistema de incentivos à instalação de empresas culturais e criativos

Projectos de ocupação efémera

Criação de incentivos para instalação de esplanadas

Programa de incentivo à colocação de fogos devolutos no mercado de arrendamento

Promoção de medidas específicas de apoio ao arrendamento por segmentos específicos da população

> ON2 – Eixo I – Promoção de acções colectivas de desenvolvimento empresarial / SIAC;

> ON2 – Eixo II Valorização Económica de Recursos Específicos – Valorização de Cultura e da Criatividade;

> Iniciativa JESSICA – Fundo de Desenvolvimento Urbano;

> SOLARH (IHRU);

> REHABITA (IHRU);

> Porta 65 – Arrendamento para Jovens (IHRU);

> Programas Municipais (Bragahabit);

> Apoios da Segurança Social;

> Linhas de financiamento de actividades inseridas no Programa de Braga Capital Europeia da Juventude 2012;

> Orçamento do IPJ;

> Programas de incentivos e apoios geridos pelo Turismo de Portugal.

C. Inserção social

Promoção de iniciativas de empreendedorismo social

Intervenções integradas dirigidas à família e comunidades

> ON2 – Eixo Prioritário III – Valorização e Qualificação Ambiental e Territorial;

> POPH – Eixo Prioritário 6 – Cidadania, Inclusão e Desenvolvimento Social;

> POVT – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano;

> Iniciativa JESSICA – Fundo de Desenvolvimento Urbano.

D. Governance urbana

Promover uma parceria entre o sector público e privado

Criar mecanismos operacionais de participação da população

> ON2 – Eixo Prioritário V – Governação e Capacitação Institucional / Promoção da capacitação institucional e do desenvolvimento regional e local;

> POVT – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano.

E. Marketing urbano e comunicação

Plano de marketing e comunicação para a reabilitação do Parque urbano Sul

> ON2 – Eixo Prioritário V – Governação e Capacitação Institucional / Promoção da capacitação institucional e do desenvolvimento regional e local;

> POVT – Eixo IX Desenvolvimento do Sistema Urbano Nacional: Acções de Inovação e Desenvolvimento Urbano.

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