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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE AMANDA SANTIAGO DA ROCHA Londrina 2020 RECOMENDAÇÃO E CUIDADOS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM EXERCÍCIO FÍSICO NA PROMOÇÃO DA

SAÚDE

AMANDA SANTIAGO DA ROCHA

Londrina 2020

RECOMENDAÇÃO E CUIDADOS PARA PROMOÇÃO DA

SAÚDE EM PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

AMANDA SANTIAGO DA ROCHA

Cidade ano

AUTOR

Londrina

2020

RECOMENDAÇÃO E CUIDADOS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM

PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

Trabalho de conclusão final de curso apresentado a Universidade Pitágoras Unopar, Unidade Piza, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Orientador: Prof. Dr. Márcio Rogério de Oliveira

AMANDA SANTIAGO DA ROCHA

RECOMENDAÇÃO E CUIDADOS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM

PORTADORES DE DIABETES MELLITUS

Manual de operação técnica apresentado à Universidade Pitágoras Unopar, no

curso de Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da saúde como

requisito parcial para a obtenção do título de Mestre Profissional conferida pela

Banca Examinadora formada pelos professores:

_________________________________________ Prof. Dr. Márcio Rogério de Oliveira

Universidade Pitágoras Unopar

_________________________________________ Prof. Dr. Juliano Casonatto

Universidade Pitágoras Unopar

_________________________________________ Prof. Dra. Karina Couto Furlanetto

Universidade Pitágoras Unopar (Membro Externo)

_________________________________________ Prof. Dr. Dartagnan Pinto Guedes Universidade Pitágoras Unopar

Coordenador do Curso

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação na publicação (CIP) Universidade Pitágoras Unopar Biblioteca CCBS/CCECA PIZA

Setor de Tratamento da Informação

Rocha, Amanda Santiago da R672r Recomendação e cuidados para promoção da saúde em

portadores de diabetes mellitus. / Amanda Santiago da Rocha - Londrina: [s.n], 2020. 58 f.

Trabalho de conclusão (Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde).

Universidade Pitágoras Unopar. Orientador: Prof. Dr. Márcio Rogério de Oliveira.

1. Diabetes mellitus (DM) - Trabalho de conclusão - UNOPAR. 2.

Promoção da saúde. 3. Exercício físico. 4. Portadores de diabetes mellitus - Qualidade de vida. I. Oliveira, Márcio Rogério de; orient. II. Universidade Pitágoras Unopar. III. Título.

CDD 616.462

Andressa Fernanda Matos Bonfim - CRB 9/1643

Agradecimentos

A Deus, por sempre colocar pessoas maravilhosas em meu caminho, as

quais me fazem acreditar em um mundo melhor e me encorajam a prosseguir.

Obrigada por nunca soltar a minha mão e me guiar em todos os momentos.

Aos meus pais, Regina e Geraldo, ao meu irmão João Manuel, e ao meu

marido Jean, que sempre me apoiaram em todas as etapas da minha vida. Eu

agradeço principalmente pela compreensão, ao serem privados em muitos

momentos da minha companhia e atenção. Agradeço pela paciência e pelo

esforço que fizeram para que eu pudesse superar cada obstáculo em meu

caminho. Sem vocês, eu não chegaria até aqui. Muito obrigada por tudo! O amor

que sinto por vocês é incondicional!

Ao meu orientador, Dr. Marcio Rogério Oliveira, pela oportunidade de realizar

este trabalho. Obrigada pela confiança e por me atender com paciência todas as

vezes que busquei sua ajuda, sempre fez por mim muito mais do que deveria.

Agradeço por todos os ensinamentos compartilhados de forma admirável. Não

tenho palavras para agradecer, sempre compreensivo e entendedor das

dificuldades que tenho passado para concluir este sonho. Muito obrigada por

tudo!

Ao Prof. Dr. Eros de Oliveira, obrigada por sempre ter acreditado e

depositado sua confiança em mim ao longo desses anos, sem sua orientação e

apoio, nada disso seria possível. Sua contribuição é essencial para a

concretização de toda essa pesquisa. Muito obrigada!

A todos os professores do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em

Exercício Físico na Promoção da Saúde, por todo conhecimento transmitido

durante o curso de Mestrado e por sempre estarem dispostos a ajudar.

Finalizo com um agradecimento especial a minha amiga de infância

Thayane, por sempre conseguir transformar minhas ideias. Obrigada pelo

excelente trabalho e por ter me ajudado a produzir um Manual que de forma

simples e objetiva poderá contribuir com a melhora da qualidade de vida de

muitas pessoas.

ROCHA, Amanda Santiago. Guia Recomendação e Cuidados para Promoção da Saúde em Portadores de Diabetes Mellitus. 58 páginas. Trabalho de conclusão final de curso. Mestrado Profissional em Exercício Físico na Promoção da Saúde. Centro de Pesquisa em Ciências da Saúde. Universidade Pitágoras Unopar, Londrina. 2020.

RESUMO

Diabetes Mellitus (DM) é considerado uma das grandes epidemias mundiais do

século XXI e problema de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como

em desenvolvimento. Uma lei recentemente publicada (lei Nº 13.895, de 30 de

outubro de 2019) fundamenta a realização de campanhas de divulgação e

conscientização sobre a importância e a necessidade de controlar a doença.

Dessa forma, a presente produção técnica tem como objetivo criar um

instrumento atualizado de informação, com ênfase na promoção da saúde,

prática de atividade física e qualidade de vida do portador de DM. Por meio de

uma análise na literatura atual, informações importantes relacionadas a DM,

saúde e exercício físico são abordadas a fim de proporcionar recomendações e

orientações para portadores de DM e seus acompanhantes que lhes prestam

cuidados de saúde. Este trabalho conta com capítulos descritivos e ilustrativos

sobre recomendação e cuidados para promoção da saúde em portadores de DM.

Espera-se que a presente publicação técnica possa contribuir de forma

significativa no entendimento e controle do aparecimento das complicações

crônicas e na melhora da qualidade de vida dos portadores de DM.

Palavras-chave: Exercício Físico, Diabetes Mellitus, Promoção da Saúde.

ROCHA, Amanda Santiago. Recommendation and Care Guide for Health Promotion in Patients with Diabetes Mellitus. 58 pages. Final course work. Professional Master´s in Physical Exercise in Health Promotion. Health Sciences Research Center. Pitágoras Unopar University, Londrina. 2020.

ABSTRACT

Diabetes Mellitus (DM) is considered one of the major global epidemics of the

XXI century and public health problem, both in developed and developing

countries. A recently published law (Law nº 13.895, of October 30, 2019) is the

basis for carrying out awareness and awareness campaigns on the importance

and need to control the disease. Thus, the present technical production aims to

create an updated information tool, with an emphasis on health promotion,

physical activity and quality of life of DM patients. Through an analysis in the

current literature, important information related to DM, health and physical

exercise are addressed to provide recommendations and guidelines for patients

with DM and their companions who provide them with health care. This work has

descriptive and illustrative chapters on recommendation and care for health

promotion in patients with DM. It´s hoped that the present technical publication

can contribute significantly to understanding and controlling the onset of chronic

complications and improving the quality of life of patients with DM.

Keywords: Physical Exercise, Diabetes Mellitus, Health Promotion.

LISTA DE SIGLAS

A/P = Sentido anteroposterior

A-COP = Área do centro de pressão

AVC = Acidente Vascular Cerebral

DM = Diabetes Mellitus

EELO = Estudo sobre Envelhecimento e Longevidade

HbA1c = Hemoglobina Glicada

ICC = Insuficiência Cardíaca Congestiva

IDF = International Diabetes Federation

IMC = Índice de Massa Corpórea

M/L = Sentido medial-lateral

MH = Medicação Hipoglicemiante

UNOPAR = Universidade Norte do Paraná

VEL = Velocidade média do centro de pressão

SUMÁRIO

1. PRODUTO TÉCNICO – APRESENTAÇÃO .................................................. 9

2. CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA ............................................................. 11

2.1 O que é diabetes mellitus? .................................................................... 11

2.2 Diabetes tipo I ........................................................................................ 12

2.3 Diabetes tipo II ....................................................................................... 14

3. COMPLICAÇÕES DO DIABETES MELLITUS ............................................ 16

4. ATIVIDADE FÍSICA ..................................................................................... 18

5. ALIMENTAÇÃO IDEAL ............................................................................... 20

6. EXERCÍCIO FÍSICO .................................................................................... 22

6.1 Aeróbio .................................................................................................. 22

6.2 Força muscular ...................................................................................... 23

6.3 Flexibilidade ........................................................................................... 23

6.4 Equilíbrio Postural .................................................................................. 24

7. MEXA-SE NA SUA CASA ........................................................................... 25

7.1 Orientações ........................................................................................... 25

7.2 Exercícios de Aquecimento ................................................................... 26

7.3 Exercícios de Fortalecimento Muscular ................................................. 27

7.4 Exercícios de Equilíbrio ......................................................................... 29

7.5 Exercícios de Alongamento ................................................................... 31

7.6 Caminhada ............................................................................................ 33

8. AVALIANDO A GLICEMIA .......................................................................... 34

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 35

ARTIGO ........................................................................................................... 38

1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 39

2. MÉTODO ...................................................................................................... 40

2.1. Tipo do estudo e participantes ............................................................... 40

2.2. Avaliações ............................................................................................. 41

2.2.1 Avaliação do Equilíbrio Postural ....................................................... 41

2.2.2. Coleta e classificação do Diabetes Mellitus tipo II ........................... 42

2.2.3. Avaliação do nível de atividade física .............................................. 42

2.3. Análise Estatística ................................................................................. 43

3. RESULTADOS ............................................................................................. 44

3.1. Diferenças entre os grupos .................................................................... 44

3.2. Diferenças entre os sexos ..................................................................... 45

4. DISCUSSÃO ................................................................................................ 45

5. CONCLUSÃO .............................................................................................. 49

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 50

FIGURA 1. Fluxograma dos participantes do estudo. ...................................... 54

TABELA 1. Características dos participantes do estudo. ................................ 55

TABELA 2. Comparação entre os grupos para as variáveis de equilíbrio

postural oriundas da plataforma de força e teste funcional. ............................. 56

ANEXO ............................................................................................................ 57

9

1. PRODUTO TÉCNICO – APRESENTAÇÃO

Uma lei recentemente publicada (lei Nº 13.895, de 30 de outubro de

2019) institui a política nacional de prevenção do diabetes e de assistência

integral à pessoa diabética. Esta lei fundamenta a realização de campanhas de

divulgação e conscientização sobre a importância e a necessidade de controlar

a doença. Dessa forma, surge a necessidade de criar instrumentos atualizados

de informação, com ênfase na promoção da saúde e qualidade de vida do

portador de diabetes.

O diabetes é uma doença crônica que se caracteriza por uma taxa

elevada de açúcar no sangue. O número de pessoas com diabetes aumenta a

cada dia e essa condição pode proporcionar problemas importantes para a

saúde da pessoa. Todavia, a adoção de um estilo de vida saudável, com a

manutenção da atividade física diária, uma alimentação equilibrada e a prática

regular de exercícios físicos ajuda o organismo a reduzir a taxa de açúcar no

sangue, prevenindo e/ou reduzindo as complicações da diabetes.

O Recomendação e Cuidados para Promoção da Saúde em Portadores

de Diabetes Mellitus, é um manual prático que tem como objetivo divulgar a

promoção de hábitos de vida saudáveis e a manutenção de uma vida ativa. As

informações apresentadas neste material poderão ser utilizadas tanto para os

portadores de diabetes quanto para seus acompanhantes e as pessoas que lhes

prestam cuidados de saúde. As classificações da diabetes serão abordadas

dentro dos capítulos. Contudo, cabe ressaltar, que o direcionamento deste guia

é para os portadores de diabetes tipo II, condição frequentemente encontrada

em adultos e idosos. Os assuntos abordados ajudarão obter informações sobre

atividade física, alimentação e exercício físico, além de cuidados básicos do dia-

10

a-dia.

11

2. CARACTERIZAÇÃO DA DOENÇA

2.1 O que é diabetes mellitus?

O diabetes mellitus, simplesmente chamado de diabetes, é uma

condição crônica que ocorre quando há níveis elevados de glicose no sangue,

causado pela insuficiência da ação ou secreção do hormônio insulina1.

A insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas, e tem como função

metabolizar a glicose (açúcar no sangue) para produção de energia. Ela atua

como uma “chave” abrindo as “fechaduras” das células do corpo, para que a

glicose entre e seja usada para gerar energia. A falta de insulina ou a

incapacidade das células de responder à insulina levam a altos níveis de glicose

que continua circulando no sangue (conhecido como hiperglicemia)2.

A hiperglicemia não controlada, a longo prazo, pode causar danos a

vários órgãos do corpo, levando ao desenvolvimento de complicações de saúde

incapacitantes e com risco de vida, como doenças cardiovasculares, neuropatia,

nefropatia e doenças oculares, como a retinopatia e a cegueira2.

Toda via, existem meios de atenuar as complicações da hiperglicemia.

Uma delas é a manutenção da atividade física, que é um dos principais pilares

no tratamento do diabetes, paralelamente a isso, manter uma alimentação

saudável, controlar a medicação e conciliar uma rotina de exercícios físicos

contribuem para que as complicações graves sejam prevenidas. No que

concerne a doença, existem três tipos principais de diabetes, tipo I, tipo II e

diabetes gestacional1-3. No entanto, como descrito, este material é direcionado

aos portadores de diabetes tipo II. Contudo, informações relevantes a respeito

do diabetes tipo I serão abordadas a seguir.

12

2.2 Diabetes tipo I

O diabetes tipo I é causado por uma reação autoimune, na qual o

sistema de defesa do corpo ataca as células beta produtoras de insulina no

pâncreas. Como resultado, o corpo não pode mais produzir a insulina

necessária1. O motivo disso ocorrer ainda não é totalmente compreendido, mas

uma combinação da genética, condições ambientais, como infecção viral,

toxinas ou alguns fatores alimentares, são descritas1,2. A doença pode afetar

pessoas de qualquer idade, mas o início geralmente ocorre em crianças ou

adultos jovens2.

Portadores de diabetes tipo I precisam de injeções diárias de insulina

para manter o nível de glicose na faixa adequada3. Alguns sinais e sintomas

podem se desenvolver repentinamente como: sede anormal e boca seca, micção

frequente, falta de energia, cansaço extremo, fome constante, perda de peso

repentina, visão embaçada (Figura 1)1-3.

O diabetes tipo I é diagnosticado por um nível elevado de glicose no

sangue na presença dos sintomas listados. Os sintomas podem ser confundidos

com outras doenças e, portanto, é essencial que a glicemia seja medida quando

um ou mais dos sintomas descritos anteriormente estão presentes3.

A partir do tratamento diário com a insulina, associado ao monitoramento

regular da glicemia e a manutenção de uma dieta e estilo de vida saudáveis, os

portadores do diabetes tipo I podem levar uma vida normal e saudável, e adiar

ou evitar muitas das complicações associadas ao diabetes.

13

Vontade de urinar constante

Sede intensa

Falta de energia/ Fadiga

Perda de peso

Fome Constante

Visão embaçada

Figura 1. Sinais e sintomas do diabetes tipo I.

14

2.3 Diabetes tipo II

O diabetes tipo II é o tipo mais comum de diabetes, responsável por

cerca de 90% de todos os casos de diabetes. Na diabetes tipo II, o corpo é capaz

de produzir insulina, mas torna-se resistente, de modo que a insulina é ineficaz.

Com o tempo, os níveis de insulina podem se tornar insuficientes. Desse modo,

tanto a resistência à insulina quanto a deficiência levam a altos níveis de glicose

no sangue2.

O diabetes tipo II é mais comum em adultos e idosos, mas é possível

encontrar o diagnóstico em crianças, adolescentes e adultos jovens devido aos

níveis crescentes de obesidade, inatividade física e dieta inadequada3.

Os sintomas podem ser idênticos aos do diabetes tipo I ou apresentar

algumas mudanças, incluindo principalmente, feridas de cicatrização lenta,

infecções recorrentes e formigamento ou dormência nas mãos e nos pés (Figura

2)1-3.

Muitos portadores do diabetes tipo II permanecem inconscientes de sua

condição por longo tempo porque os sintomas são geralmente silenciosos,

quando comparados ao diabetes tipo I e podem levar anos para serem

reconhecidos. No entanto, durante esse período, o corpo já está sendo

danificado pelo excesso de glicose no sangue. Com efeito, muitas pessoas já

têm evidências de complicações quando são diagnosticadas com diabetes tipo

II (ver complicações do diabetes mellitus a seguir)2.

Embora as causas exatas do desenvolvimento do diabetes tipo II ainda

não sejam totalmente conhecidas, existem vários fatores de risco importantes.

Os principais são o excesso de peso corporal, a inatividade física e a alimentação

inadequada. Outros fatores que desempenham um papel são etnia, histórico

15

familiar de diabetes, histórico de diabetes gestacional, tabagismo e idade

avançada2,3.

Ao contrário dos portadores com diabetes tipo I, a maioria das pessoas

com diabetes tipo II não precisa de tratamento diário com insulina para

sobreviver. O mais importante para o tratamento do diabético tipo II é a adoção

de um estilo de vida saudável, com uma dieta adequada e a manutenção da

rotina de atividade física e exercício físico adequados2. Por outro lado, para os

casos descompensados, estão disponíveis vários medicamentos orais para

ajudar a controlar os níveis de glicose no sangue. Se os níveis de glicose no

sangue continuarem a subir, portadores do diabetes tipo II pode receber

insulina3.

Vontade de urinar constante

Sede intensa

Falta de energia/ Fadiga

Cicatrização lenta de feridas

Formigamento nas mãos e pés

Infecções recorrentes

Figura 2. Sinais e sintomas da diabetes II.

16

3. COMPLICAÇÕES DO DIABETES MELLITUS

Portadores do diabetes correm maior risco de desenvolver uma série de

problemas de saúde incapacitantes quando comparado aqueles que não

possuem a doença. Níveis altos de glicose no sangue podem levar a doenças

graves que afetam o coração e os vasos sanguíneos, olhos, rins e nervos1. O

diabetes é uma das principais causas de doenças cardiovasculares, cegueira,

insuficiência renal e amputação de membros inferiores1-4.

As complicações do diabetes podem ser prevenidas ou controladas

mantendo os níveis de glicose no sangue, pressão arterial e colesterol o mais

próximo possível do normal3. Muitas complicações podem ser detectadas em

seus estágios iniciais através de programas de triagem que permitem o

tratamento para evitar que se tornem mais graves2.

As maiores complicações do Diabetes Mellitus:

Cérebro - Acidente vascular cerebral (AVC), derrame.

Olhos - Retinopatias, cegueira.

Coração - Angina (dor no peito), Infarto agudo do miocárdio

(ataque cardíaco), Doença arterial periférica e Insuficiência

cardíaca congestiva (ICC)4.

Intestino - Diarreia e constipação intestinal.

Rins - Doença renal crônica (nefropatia).

Membros inferiores – Doença vascular periférica.

Nervos periféricos - Danos nos nervos (neuropatias).

Pés - Ulcerações, infecções e amputações.

17

Figura 3. Principais complicações do Diabetes.

Cérebro: Acidente vascular Cerebral (derrame)

Olhos: Retinopatia

Coração: Doença arterial coronariana e Infarto

Rins: Doença renal crônica Intestino:

Diarreia e constipação intestinal

Membros inferiores: Doença vascular

periférica

Nervos periféricos: Neuropatia

Pé diabético: Úlceras e risco de amputação

18

4. ATIVIDADE FÍSICA

Para o portador de diabetes, especialmente diabetes do tipo II, a

atividade física regular é um dos requisitos mais importantes para diminuir o

açúcar no sangue5. A atividade física pode ser definida como qualquer forma de

movimento que faz seu corpo gastar calorias acima dos níveis de repouso6.

Todo tipo de atividade física pode prevenir e/ou melhorar o diabetes7.

Resultados positivos foram observados com até 5-7 horas de atividade física de

lazer por semana7. Isso pode ser feito pela caminhada, jardinagem, limpeza de

casa e muitas outras atividades cotidianas8. Atividade física diária é importante

porque mantém o corpo em movimento e, a sua ausência, leva ao sedentarismo,

que é um fator de risco importante para o desenvolvimento de diferentes tipos

de doenças.

Algumas recomendações orientam que longos períodos na posição

sentada devem ser evitados e um dos conselhos seria levantar a cada 20 a 30

minutos para ficar em pé ou se movimentar8. Adicionar mais atividades físicas

ajuda a melhorar sua saúde e prevenir complicações do diabetes7,8.

Recomendações sobre atividade física para diferentes faixas etárias:

Adultos de 18 a 64 anos devem fazer pelo menos 150 minutos de

atividade física espalhadas ao longo da semana2,5-9.

Para adultos mais velhos, a mesma quantidade de atividade física é

recomendada, mas também deve incluir atividades adaptadas de

equilíbrio e fortalecimento muscular2,5-9.

19

4.1 Benefícios da atividade física

Os efeitos positivos da atividade física traduzem-se por:

Melhora nos índices glicêmicos;

Diminuição da resistência à insulina;

Redução do peso corporal;

Redução dos percentuais de gordura corporal (melhora do

colesterol);

Melhora do sistema cardiovascular;

Melhora da aptidão física (força muscular, resistência, agilidade);

Melhora do estado psíquico (autoestima, bem estar, diminuição

dos estados de ansiedade...);

Redução do risco de complicações médicas relacionadas ao

sedentarismo.

Todos os benefícios apontados5-9, são encontrados após a manutenção

da atividade física por um determinado período e os resultados podem variar de

pessoa para pessoa.

20

5. ALIMENTAÇÃO IDEAL

Dados nacionais indicam que a maioria das pessoas com diabetes não

recebem terapia nutricional ou educação em diabetes10. A seguir algumas

recomendações da Federação Internacional de Diabetes – IDF2 para uma dieta

saudável para a população em geral.

Escolha água, café ou chá em vez de suco de frutas industrializados ou

refrigerantes;

Coma pelo menos três porções de vegetais todos os dias, incluindo

vegetais de folhas verdes;

Consuma três porções de frutas frescas todos os dias;

Escolha nozes, um pedaço de fruta fresca ou iogurte sem açúcar para

um lanche;

Limite a ingestão de álcool;

Escolha cortes magros de carne branca, aves ou frutos do mar;

Escolha pão integral, arroz integral ou macarrão integral, em vez de pão

branco ou macarrão;

Prefira gorduras insaturadas (azeite, óleo de canola) em vez de

gorduras saturadas (manteiga, ghee).

21

Figura 4: Alimentação do Diabético.

Fonte: https://www.cuf.pt/mais-saude/alimentacao-para-diabeticos

O acompanhamento regular com um profissional (nutricionista) é fundamental

para ajustar a alimentação com a sua rotina e sua saúde.

22

6. EXERCÍCIO FÍSICO

O exercício físico corresponde a uma subcategoria da atividade física,

na qual existe um plano estruturado e repetitivo, com o objetivo de manter ou

melhorar um ou mais componentes da aptidão física (ou seja, resistência

cardiovascular, força, composição corporal, entre outros)6,11. E para minimizar

as chances de desenvolver diabetes tipo II, a prática de exercício físico regular

pode ajudar a prevenir ou protelar o desenvolvimento do diabetes11,12.

Esforce-se para realizar pelo menos 150 minutos de exercícios

aeróbicos de intensidade moderada a cada semana (por exemplo, 30 minutos,

cinco dias por semana) e exercícios de resistidos (como levantar pesos) de duas

a três vezes por semana11.

6.1 Aeróbio

Exercícios realizados de maneira contínua que utilizam o oxigênio como

principal fonte de energia para geração de trabalho muscular são conhecidos

como exercícios aeróbicos13. Esses exercícios podem, seguramente, ser

recomendados para pacientes portadores de diferentes disfunções clínicas14-16.

Além disso, a prática desta modalidade mobiliza muitos grupos musculares,

fortalecem o coração e tornam os pulmões mais eficientes13. Correr, caminhar,

dançar, nadar e andar de bicicleta são exemplos e recomendações de exercícios

aeróbicos.

23

6.2 Força muscular

A capacidade máxima que um músculo ou um grupo muscular pode

gerar dentro de um padrão específico de movimento é determinado força

muscular13. Exercícios em que por meio da contração muscular acontece

deslocamento de uma parte do corpo ou de uma resistência (pesos livres,

bandas elásticas) são utilizados para aprimorar esta capacidade9. Alguns

exercícios permitem manter ou aumentar a força dos músculos, alternativa

importante, para deslocar cargas do dia a dia (sacolas de compra do

supermercado, subir escadas), além disso, mantêm a estabilidade articular e

protegem as articulações ao amortecer impactos quando andamos, corremos ou

saltamos.

6.3 Flexibilidade

O termo da flexibilidade é conhecido como o grau de amplitude do

movimento de uma articulação, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de

provocar lesões17. Exercícios de alongamentos que mantêm ou aumentam a

amplitude do movimento da articulação contribuem para o aumento da

mobilidade articular, tão necessária para conseguir realizar algumas tarefas do

dia-a-dia.

24

6.4 Equilíbrio Postural

A capacidade de sustentar o centro de massa em relação à base de

sustentação do corpo é conhecida como equilíbrio postural18. A manutenção do

equilíbrio postural e o reconhecimento dos limites de estabilidade envolvem a

coordenação e interação de estratégias sensório motoras com base na visão, no

sistema vestibular e somatossensorial19. Portanto, exercícios que estimulem

estes sistemas são importantes, pois aprimoram os sensores que "avisam" em

situações de desequilíbrio, evitando o risco de quedas e, consequentemente,

evitando lesões incapacitantes ou fraturas.

25

7. MEXA-SE NA SUA CASA

7.1 Orientações:

Iremos utilizar uma cadeira durante as atividades, certifique-se que

ela seja robusta e estável. A indicação é que a cadeira sempre fique apoiada na

parede para evitar qualquer acidente;

Vista roupas confortáveis e tênis adequado aos seus pés;

Antes de começar, prepare um espaço e tenha a sua faixa elástica e

um copo de água à mão (para depois do exercício);

Durante o exercício, se sentir dor no peito, tonturas ou falta de ar

intensa, pare imediatamente e entre em contato com o seu médico (ou ligue para

um serviço de emergência caso se sinta muito mal e os sintomas não

desapareçam mesmo após parar o exercício);

Se sentir dor nas suas articulações ou músculos, pare, verifique a sua

posição e tente novamente. Se a dor persistir, consulte o seu médico. Entretanto,

sentir uma leve dor muscular no dia seguinte é normal e significa que os

exercícios estão dando resultados;

Respire normalmente durante todo o exercício e divirta-se. Planeje

fazer estes exercícios três vezes por semana.

Lembrando, se você apresenta alguma lesão ou ferida, principalmente

nos membros inferiores, é importante consultar seu médico antes de realizar

qualquer atividade/exercício indicado a seguir.

26

7.2 Exercícios de Aquecimento

Comece por estes exercícios de aquecimento para preparar o seu corpo

para os exercícios principais. São 5 exercícios, complete-os todos:

Marcha estacionária

Fique em pé (segure na cadeira se necessário);

Comece a marchar no mesmo lugar;

Se sentir estável, comece a balançar um ou os dois

braços;

Continue a marchar durante 1 a 2 minutos.

Movimentos da cabeça

Fique em pé com os pés afastados a largura da cintura

(segure na cadeira se necessário);

Gire lentamente a cabeça para a esquerda e depois

lentamente para a direita;

Certifique-se que os ombros estão parados e somente

a cabeça se move;

Repita 4 vezes.

Extensão das costas

Fique em pé com os pés afastados a largura a cintura;

Posicione as mãos nas costas;

Incline/curve ligeiramente as costas para trás;

Evite olhar para o teto ou esticar os joelhos;

Repita 4 vezes.

Movimentos do tronco

Mantenha os pés afastados à largura da cintura;

Apoie o braço esquerdo acima da cabeça e o direito na

cintura (se necessário apoie o direito em uma cadeira);

Incline lentamente a cabeça e o tronco para direita;

Retorne a posição inicial e repita para o outro lado;

Repita 4 vezes.

Movimentos do tornozelo

Fique em pé com uma perna ligeiramente afastada da

outra (se necessário apoie os braços na cadeira);

Mantenha a perna nesta posição enquanto realiza um

círculo com o tornozelo;

Faça isso 4 vezes e repita na outra perna.

27

7.3 Exercícios de Fortalecimento Muscular

Estes exercícios ajudarão a manter/melhorar a força dos seus ossos e

músculos. Complete-os todos:

Ponte

Deitado de costas / barriga para cima;

Mantenha os braços ao lado do corpo;

Eleve os quadris e mantenha o pé apoiado no chão;

Fique nessa posição puxando 5 vezes o ar e soltando;

Volte a posição inicial e descanse;

Repita 10 vezes.

Agachamento com apoio

Fique de pé e mantenha o seu apoio (pode ser a cadeira

ou parede);

Separe os pés a largura dos ombros;

A postura precisa estar reta e você deve olhar sempre para

frente;

Agache o máximo que você conseguir (como se você fosse

se sentar em uma cadeira), mas sem tirar os calcanhares

do chão;

Repita 10 vezes;

Volte a posição inicial e descanse;

Tente agachar contando até 3 e subir contando lentamente

até 5, para cada movimento realizado.

28

Fortalecimento da parte posterior da perna

Fique de pé e segura o seu apoio;

Separe os pés à largura da cintura e mantenha os joelhos

relaxados;

Mantenha uma perna apoiada no chão e deixe a outra livre

para se movimentar. Com esta perna livre, dobre seu joelho

para traz no sentido de levar o calcanhar em direção a

coluna;

Apoie-se sobre os dois pés para descansar por alguns

instantes;

Repita 10 vezes com uma perna e depois com a outra;

Tente levantar a perna contando até 3 e baixá-la contando

lentamente até 5, para cada movimento realizado.

Elevação da panturrilha

Fique em pé com os pés separados à largura da cintura

segurando o seu apoio;

Levante lentamente os calcanhares mantendo o peso do

seu corpo sobre os dedos dos pés;

Desça os calcanhares lentamente;

Repita 10 a 20 vezes;

Tente levantar o calcanhar contando lentamente até 3 e

baixá-lo contando lentamente até 5, para cada movimento

realizado.

Subir e descer

Posicione um pé no degrau ou em um step (se necessário

utilize um apoio);

Eleve o joelho e suba o degrau, permanecendo com o

tronco reto;

Retorne a posição inicial;

Repita o movimento com a outra perna;

Repita de 10 a 20 vezes.

29

7.4 Exercícios de Equilíbrio

Estes exercícios são para ajudar a manter/melhorar o seu equilíbrio

postural e prevenir quedas.

Complete-os todos.

Caminhar e girar

Caminhe no seu passo normal desenhando um

8 no chão (ao redor de 2 cadeiras se for mais

fácil);

Tente manter a postura enquanto caminha;

Repita este exercício apenas 2 vezes.

Sentado para em pé

Sente-se próximo a borda da cadeira;

Coloque os pés ligeiramente para trás;

Incline-se ligeiramente para frente;

Levante-se (apoiando as mãos na cadeira, caso

necessário);

Dê alguns passos para trás até as pernas

tocarem na borda da cadeira;

Sente-se na cadeira lentamente, apoiando-se na

cadeira caso necessário;

Repita 10 vezes.

Caminhada tandem com apoio

Fique em pé, ao lado do apoio;

Caminhe 10 passos para frente posicionando

um pé imediatamente à frente do outro de

maneira que formem uma linha reta;

Olhe para frente e tente andar de maneira

segura;

Retorne a posição inicial com os pés separados

à largura da cintura;

30

Volte-se em direção ao apoio e repita a

caminhada na outra direção.

Equilíbrio com um pé na frente do outro

Fique em pé ao lado do apoio, com os pés um a

frente do outro;

Em posição ereta, mantenha nesta posição por

10 segundos;

Repita com a outra perna.

Equilíbrio com apoio de uma perna

Fique em pé próximo ao apoio (se necessário

apoie-se nele);

Em posição ereta, mantenha o equilíbrio em

uma perna com o joelho relaxado;

Permaneça nesta posição por 10 segundos;

Repita com a outra perna.

31

7.5 Exercícios de Alongamento

Realize os seguintes alongamentos:

Alongamento para os músculos da perna

Fique sentado com as pernas unidas e pouco

dobrada;

Incline o corpo para frente, até que as mãos se

aproximem o máximo possível da ponta dos pés;

Conte 20 segundos;

Repita 3 vezes.

Alongamento para o pescoço

Fique em pé com os pés afastados a largura a cintura;

Posicione as duas mãos atrás da cabeça;

Incline suavemente a cabeça para baixo, como se

quisesse encostar o queixo no peito;

Fique nessa posição pelo menos 20 segundos;

Retorne para posição inicial, olhando para frente.

Repita 3 vezes.

Alongamento para os músculos da perna

Fique em pé em frente a um apoio;

Apoie a mão direita na parede e com a mão esquerda

segure a ponta dos pés atrás das nádegas até sentir o

músculo da frente da coxa se esticar.

Caso não consiga pegar a ponta dos pés, utilize uma

faixa para completar a distância;

Fique nessa posição por pelo menos 20 segundos;

Retorne para posição inicial, olhando para frente;

Repita 3 vezes.

32

Alongamento para os músculos da perna

Fique em pé lateralmente ao apoio;

Coloque uma das pernas sobre a cadeira;

Incline o corpo lateralmente, até que as mãos se

aproximem o máximo possível da ponta dos pés;

Conte 20 segundos;

Repita 3 vezes;

O mesmo exercício pode ser feito sem a cadeira.

Alongamento para a panturrilha

Fique em pé e de frente para uma parede ou uma

cadeira;

Coloque um pé para trás afastado do apoio;

Incline o corpo, reto, ligeiramente para frente, e estique

a perna de trás até sentir uma leve tensão na

panturrilha;

Pressione o máximo que puder, os dedos do pé contra

o chão;

Conte até 20 segundos;

Repita 3 vezes.

33

7.6 Caminhada

O plano para caminhada pode ser contemplado com 2 caminhadas de

30 minutos por semana. As caminhadas de 5 a 10 minutos são uma ótima

maneira de começar, aumente o tempo progressivamente até atingir os minutos

contínuos. Existe evidência recomendando uma prática maior ou igual a 10.000

passos por dia, como proteção contra a resistência à insulina e a síndrome

metabólica em brasileiros de meia idade21. Por fim, se possível, tente caminhar

num passo que o faça sentir calor e que aumente a sua respiração. Mas atenção,

você deve ser capaz de falar enquanto caminha, se estiver muito ofegante para

falar é sinal de que esta caminhando muito rápido e precisa diminuir o ritmo da

caminhada.

34

8. AVALIANDO A GLICEMIA

Avaliar a glicemia é muito importante, isto permite monitorar o diabetes

e tomar medidas caso seja necessário. Combine com o seu médico ou o

profissional de saúde que acompanha a sua diabetes, os momentos e a

frequência com que deverá medir o seu valor de açúcar no sangue.

“Eu devo avaliar minha glicemia _____________ vezes por dia”.

35

REFERÊNCIAS

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38

Oscilações posturais durante a posição unipodal em idosos diabéticos

tipo II, pré-diabéticos e controle.

Resumo

Introdução: Os portadores de diabetes mellitus (DM) podem apresentar

diferentes alterações metabólicas e musculoesqueléticas capazes de causar

instabilidade postural. No entanto, não está claro se estas alterações estão

presentes no estágio inicial da doença. Objetivo: Analisar as diferenças no

equilíbrio postural em participantes sem diabetes (controle), pré-diabéticos e

diabéticos tipo II. Método: Um total de 178 idosos de ambos os sexos foram

divididos em três grupos. 1) Controle (n=82, 69±6 anos), 2) pré-diabéticos (n=55,

68±6 anos) e 3) diabéticos (n=41, 69±6 anos). A classificação do estado

diabético foi realizada com os resultados de glicemia de jejum, Hemoglobina

Glicada (HbA1c), autorrelato de diabetes e uso de medicação hipoglicemiante.

Todos os grupos investigados realizaram três tentativas de equilíbrio na postura

unipodal em uma plataforma de força e os parâmetros do centro de pressão

(COP) foram calculados a partir da média entre os ensaios. Resultados:

Participantes diabéticos apresentam maior oscilação postural que o grupo

controle em todos os parâmetros do centro de pressão avaliados (P: <0,05;

d=0,39-0,62). Contudo, os mesmos efeitos não foram identificados nos

participantes pré-diabéticos x controle (P: >0,05; d= 0,14-0,32) e pré-diabéticos

x diabéticos (P: >0,05; d= 0,22-0,37). Conclusão: O portador de DM apresenta

maior oscilação postural quando comparados aos participantes sem a condição

clínica. No entanto, tal diferença não acompanha os participantes que estão na

pré-condição da doença.

Palavras chave: Idoso, Diabetes Mellitus Tipo 2, Equilíbrio postural.

39

1. INTRODUÇÃO

O Diabetes Mellitus (DM) é uma condição metabólica que afeta a

capacidade do corpo de regular os níveis de glicose no sangue1. Esta desordem

metabólica é um problema importante de saúde pública para todos os países,

independente do seu grau de desenvolvimento2. Estimativas recentes da

Federação Internacional de Diabetes indicam que os idosos (com 65 anos ou

mais) representam aproximadamente 25% dos casos de DM em todo o mundo,

sendo o DM tipo II com maior prevalência2. Assim, o avanço da doença

associado às alterações do processo de envelhecimento pode potencializar as

comorbidades e declínio funcional3.

Em relação ao declínio funcional, algumas desordens nos sistemas

sensoriais podem comprometer o equilíbrio postural como retinopatia, neuropatia

periférica e desordens no sistema vestibular e, todos estes fatores, podem estar

ligados às alterações sistêmicas provocadas pela DM4-6. Recentemente,

Gorniak et al. (2019)7, demonstraram prejuízos importantes no equilíbrio postural

de portadores de DM quando comparados ao grupo controle7. No entanto, não

está claro na literatura se estas diferenças existem em indivíduos que estejam

na pré-condição da desordem (pré-diabéticos). Em relação aos testes para

avaliação do equilíbrio postural no DM, um estudo de revisão sistemática

apontou que testes funcionais são limitados para a avaliação dos sistemas

envolvidos com o equilíbrio8. Com isso, uma análise estabilométrica poderia

contribuir no entendimento da oscilação postural dos portadores de DM.

A análise de indivíduos com DM em diferentes graus da comorbidade,

por meio da plataforma de força, pode auxiliar no entendimento do impacto da

doença no equilíbrio postural, principalmente, na posição de postura unipodal,

por ser uma tarefa que desafia o controle motor, e ser amplamente utilizada na

40

vida cotidiana (como caminhar, subir escadas, vestir-se, etc.). O conhecimento

destas informações pode contribuir e direcionar um processo adequado de

avaliação e de reabilitação.

Dessa forma, o objetivo deste estudo foi analisar as diferenças no

equilíbrio postural em participantes sem diabetes (controle), pré-diabéticos e

diabéticos. A hipótese deste estudo é que os portadores de diabetes e pré-

diabetes apresentam maior oscilação postural que o controle.

2. MÉTODO

2.1. Tipo do estudo e participantes

Trata-se de um estudo transversal com participantes idosos com idade

superior a 65 anos. A amostra de conveniência foi composta por idosos que

participaram de um projeto interdisciplinar (Projeto EELO - Estudo sobre

Envelhecimento e Longevidade). O Projeto EELO foi um projeto temático

desenvolvido na Universidade Norte do Paraná (UNOPAR) que teve como

objetivo avaliar os fatores sociodemográficos e indicadores das condições de

saúde de idosos em Londrina, PR, Brasil. A amostra total do Projeto EELO foi

composta por 518 participantes com mais de 60 anos, residentes em Londrina,

e selecionados aleatoriamente para representar as cinco regiões da área urbana

da cidade. Destes, 288 idosos não foram submetidos a pelo menos um dos

testes utilizados na análise deste estudo. Dos 230 idosos selecionados para

análise, foram excluídos os participantes que não conseguiram realizar o teste

unipodal (20% do grupo controle, 23% do grupo pré diabético e 30% do grupo

diabético). Portanto, a amostra de conveniência do presente estudo foi composta

por 178 idosos (Figura 1).Os critérios de inclusão foram: Idosos de ambos os

41

sexos, fisicamente independente de acordo com a classificação funcional

proposta por Spirduso (níveis 3 e 4)9. Isso significa que os idosos são capazes

de realizar atividades básicas da vida diária e as atividades instrumentais da vida

diária. Foram excluídos do estudo os idosos que não conseguiram realizar os

testes propostos e ainda aqueles com disfunções cardiopulmonares graves ou

limitações neuro musculoesqueléticas e mentais que prejudicariam a

compreensão e a realização dos testes envolvidos no estudo. Os participantes

foram informados sobre o protocolo experimental e assinaram um termo de

consentimento antes de sua avaliação. O protocolo e o termo de consentimento

foram aprovados pelo comitê de ética local (Unopar, PP0070 / 09).

2.2. Avaliações

2.2.1 Avaliação do Equilíbrio Postural A avaliação do equilíbrio postural foi realizada durante o teste de postura

unipodal usando uma plataforma de força (BIOMEC 400, EMG System do Brasil

Ltda, Brasil). Os sinais da força de reação foram registrados, filtrados (filtro

passa-baixo de segunda ordem, Butterworth, 35 Hz, com amostragem de 100

Hz) e processado pela análise estabilográfica de rotina no sistema de seu próprio

software. Os participantes foram familiarizados com o equipamento e o protocolo

experimental antes do teste. O teste de equilíbrio consistiu em permanecer

descalço com apoio de uma perna (unipodal), indicada por cada participante; o

membro contralateral foi flexionado aproximadamente 90° com os braços soltos

ao longo do corpo. Os participantes permaneceram de olhos abertos e

direcionados para um alvo colocado à sua frente ao nível dos olhos (2 metros de

distância). Todos realizaram três tentativas de no máximo 30s, com períodos de

descanso de aproximadamente 30s entre cada tentativa10. Os principais

42

parâmetros para análise estabilográfica utilizados no presente estudo foram: a)

área da elipse de 95% de confiança do centro de pressão (A-COP em cm2) e b)

velocidade média da oscilação do COP (VEL em cm/s) para o sentido

anteroposterior (A/P) e medial-lateral (M/L). As variáveis foram computadas em

séries temporais para cada tentativa e a média foi usada para análise11,12. Uma

marca na plataforma de força foi usada para padronizar a posição dos pés

durante cada tentativa. Para evitar quedas/acidentes durante o teste, um

avaliador treinado permaneceu atrás de cada participante.

2.2.2. Coleta e classificação do Diabetes Mellitus tipo II

As amostras de plasma fluoretado e EDTA foram obtidas de cada

participante após um jejum médio de 10 horas e processadas por metodologia

enzimática colorimétrica automatizada (AU400® Chemistry Analyzer - Beckman

Coulter®) para medição da glicemia em jejum e HPLC (D-10 Hemoglobin Testing

System - Bio-Rad ©) para o teste de hemoglobina glicada (HbA1c),

respectivamente. A classificação do estado diabético foi realizada com os

resultados de glicemia de jejum, HbA1c, autorrelato de diabetes e uso de

medicação hipoglicemiante (MH). Os participantes foram considerados não

diabéticos (controle) quando HbA1c era <5,7%, pré-diabéticos para HbA1c entre

5,7% e 6,4% (ambos sem autorrelato de DM ou uso de HM) e diabéticos quando

HbA1c foi ≥ 6,5% (independente da diabetes ser autorreferida ou o participante

estar em uso de HM)2.

2.2.3. Avaliação do nível de atividade física

Para quantificar o nível de atividade física dos participantes, um

43

pedômetro (modelo DIGI-WALKER SW700, Yammax, Japão) foi posicionando

na cintura em direção à linha média do joelho, colocado após acordar e retirado

na hora de dormir, garantindo um mínimo de 12 horas de medição por dia,

durante sete dias consecutivos. Foram dadas instruções sobre o posicionamento

correto do equipamento, o número de horas a serem usadas e o número de

etapas que deveriam ser escritas no final de cada dia. Os valores médios obtidos

em sete dias foram utilizados para análise13,14.

2.3. Análise Estatística

O teste de Shapiro Wilk foi utilizado para analisar a distribuição dos

dados. A análise descritiva foi realizada utilizando média (desvio padrão) ou

mediana [intervalo interquartil 25 - 75%] e apresentados conforme com a

distribuição normal dos dados. O teste Two-Way ANOVA foi utilizado para

comparar os grupos (Controle, pré-diabético e diabético) e o sexo (masculino e

feminino) com as características dos participantes (idade, peso, altura, IMC, Mini

mental, número de passos) e os parâmetros de equilíbrio postural (A-COP, VEL

A/P, VEL M/L) oriundos da plataforma de força bem como o teste funcional

(posição unipodal). Quando necessário, o teste post hoc de Tukey foi utilizado

para identificar as diferenças entre os grupos. O teste de Kruskal-Wallis foi

realizado para comparar os três grupos em cada parâmetro fisiológico (glicose e

HbA1C). Uma análise de correlação de Spearman foi utilizada para verificar a

relação entre os parâmetros de equilíbrio da plataforma de força e os parâmetros

fisiológicos considerados para o diabetes. Todas as análises estatísticas foram

realizadas com o SPSS 20.0 para Windows (SPSS Inc., Chicago, IL, EUA) com

significância adotada de P <0,05.

44

3. RESULTADOS

3.1. Diferenças entre os grupos

As características dos participantes estão apresentadas na tabela 1. Em

geral, os resultados dos grupos foram similares para idade, altura e número de

passos (F= ,439 P= 0,646), no qual os participantes foram considerados

moderadamente ativos (Controle: 7808 ± 4133; pré-diabético: 7340 ± 3616;

diabéticos: 8122 ± 4130)13.

Todavia, diferenças significativas foram encontradas entre os grupos

para as variáveis peso (F= 7,34, P= 0,001; em que os participantes diabéticos

apresentam maior peso corporal que controle e pré-diabético. Tukey post hoc, P

<0,002) e IMC, (F= 5,26, P= 0,006; onde os participantes diabéticos apresentam

maior IMC que o grupo controle e pré-diabético. Tukey post hoc, P <0,020).

Conforme esperado, diferenças entre os grupos também foram encontradas para

as variáveis fisiológicas de glicose (P <0,001, na qual diabéticos apresentam

maiores índices que o grupo controle e pré-diabético) e HbA1c (P <0,001, onde

diabéticos apresentam maiores valores que o grupo controle e pré-diabético).

Vale ressaltar que não houve diferença significativa entre os grupos controle e

pré-diabético para variável glicose (P >0,05). Por outro lado, o grupo controle e

pré-diabético apresentaram diferenças significativas para HbA1c (P <0,001).

A tabela 2, apresenta as comparações entre os grupos para o equilíbrio

postural. Em relação as variáveis da plataforma de força, diferenças

significativas foram encontradas em todas as variáveis analisadas (A-COP: F=

7,51, P 0,001; VEL A/P: F= 3,20, P 0,043; VEL M/L: F= 6,43, P 0,002), na qual

os participantes diabéticos apresentam maior oscilação postural que o grupo

controle (no geral, Tukey post hoc, P <0,038). Nenhuma diferença significativa

foi encontrada entre controle x pré-diabético e pré-diabético x diabético (P

45

>0,05). Além disso, nenhuma diferença significativa para o tempo na postura

unipodal foi identificado entre os grupos (P >0,05).

3.2. Diferenças entre os sexos

Diferenças significativas entre os sexos foram encontradas para as

variáveis idade, peso, altura, IMC e mini mental (F= 4,04, P <0,05). No geral, as

mulheres apresentaram menores valores que os homens para todas as

variáveis, exceto no IMC onde os resultados foram maiores quando comparados

com os homens. Não foram encontradas diferenças significativas no número de

passos e nas variáveis fisiológicas de glicose e HbA1c na comparação entre

homens e mulheres. Ademais, nenhuma interação entre grupos/sexo e as

variáveis independentes foram encontradas nas análises (F= 1,81, P= 0,166).

Em relação às variáveis de equilíbrio postural apresentadas na tabela 2,

as mulheres apresentaram menor oscilação postural em todos os parâmetros da

plataforma de força analisados (P <0,001). Por outro lado, na posição unipodal

os homens apresentaram maior tempo de permanência na postura quando

comparado às mulheres (P 0,022).

No que concerne a relação entre as variáveis analisadas dos parâmetros

da plataforma de força (A-COP, VEL A/P e VEL M/L) e os parâmetros fisiológicos

do diabetes (glicose e HbA1c), foram encontradas correlações fracas entre as

medidas (rho: 0,06 a 0,13).

4. DISCUSSÃO

O objetivo do presente estudo foi avaliar o impacto da doença diabetes

mellitus nas medidas de equilíbrio postural em idosos de ambos os sexos. Os

principais achados apontam que os participantes diabéticos apresentam maior

oscilação postural que o grupo controle. No entanto, a mesma condição não foi

46

encontrada entre participantes pré-diabéticos e controle, o que refuta

parcialmente nossa hipótese. Outro dado interessante encontrado é que o tempo

unipodal foi semelhante entre os grupos. Entre os sexos, as mulheres

apresentaram menor oscilação postural em todos os parâmetros da plataforma

de força analisados. Por outro lado, na posição unipodal os homens

apresentaram maior tempo de permanência na postura quando comparado às

mulheres.

Em relação à diferença entre os grupos houve maior oscilação postural

para os idosos portadores de diabetes e isso pode estar associado com as

alterações da própria doença. A hiperglicemia prolongada que ocorre no DM

estimula uma série de interações metabólicas. Isso pode causar hipóxia endo

neural, alterando perfusão nervosa, particularmente no tecido dependente de

glicose, o que poderia influenciar nos nervos periféricos (resultando em

neuropatia periférica diabética), retina (resultando em retinopatia diabética) e

sistema vestibular (todos os sistemas relacionados com o equilíbrio postural)4,5.

Todas estas alterações foram apresentadas em outros estudos com portadores

de diabetes impactando diretamente no equilíbrio postural4,5. Contudo, no estudo

de Lim et al. (2014), foi descrito que o equilíbrio postural em pacientes diabéticos

pode ser comprometido, independentemente da presença ou não de neuropatia

periférica diabética15.

No estudo de Rosário et al. (2019), foi demonstrado que na comparação

entre o grupo controle e os participantes com DM II sem neuropatia, nenhuma

diferença significativa foi encontrada na oscilação postural durante uma postura

quieta (bipodal)16. De fato, a condição avaliada, instrumento e a característica da

amostra do estudo potencialmente impactam na comparação dos achados. Em

47

relação à ausência de diferenças, nossos resultados demonstraram que não

foram encontradas diferenças importantes no equilíbrio postural entre o grupo

controle e pré-diabéticos. Uma das explicações pode ser pelo fato de que

características importantes da doença não atenuaram algumas respostas do

controle postural do participante. Todavia, ressaltamos que algumas evidências

sugerem que o pior controle da glicemia está associado globalmente à piora da

função sensorial17,18 e os resultados do equilíbrio postural podem acompanhar

este mecanismo.

No presente estudo não foram encontradas diferenças significativas no

equilíbrio durante o teste funcional (condição unipodal). Estes resultados diferem

dos achados de Cimbiz & Cakir (2005)19, onde os autores encontraram

diferenças significativas entre diabéticos e controle no teste equilíbrio unipodal

(42s vs 53s; P< 0,001, respectivamente)19. A discrepância entre os achados

pode ser explicada pela característica da amostra entre os estudos. No estudo

de Cimbiz, a idade dos participantes diabéticos (média, 57 anos) é inferior a

idade dos participantes do presente estudo (média, 68 anos), maior número de

homens na amostra, e maior glicose sanguínea (Cimbiz, 200 mg/dl contra 130

mg/dl do presente estudo) além disso, todos os participantes diabéticos

apresentavam neuropatia periférica. Um tempo na postura unipodal de 15,7s, já

foi descrito como recurso para detectar neuropatia periférica com sensibilidade

de 83% e especificidade de 71%20. Cabe ressaltar, que a neuropatia não foi

avaliada neste estudo e isso aparece como uma limitação.

Em relação aos dados quantitativos do estudo, os autores destacam que

os parâmetros do CoP de uma plataforma de força podem analisar diretamente

os déficits de equilíbrio relacionados a propriocepção e ajustes posturais

48

(feedback e feedforward) do sistema neuromuscular21, que por muitas vezes

pode ser limitado para testes de equilíbrio funcional como uma pontuação de

limite de tempo22. Os dados quantitativos podem detectar déficits do controle

motor, captando de forma precisa resultados clinicamente não perceptiveis15.

Os participantes do estudo apresentam diferenças em algumas

características iniciais e cabe aqui destacar alguns pontos. Primeiro, no que se

refere à diferença em relação ao peso, poucos estudos têm abordado este tema

em idosos, principalmente, em diabéticos. No entanto, ressaltamos, que o peso

corporal baixo ou alto pode projetar a força de gravidade causando maiores ou

menores acelerações ao redor dos músculos do tornozelo e, portanto, afetariam

as medidas do COP aumentando ou diminuindo as oscilações a partir do torque

do tornozelo23-25. Segundo, em relação ao índice de massa corporal, existe

evidência apontando que esta variável não influenciou no equilíbrio postural de

idosos na plataforma de força. Pereira et al. (2017)25 dividiram 257 participantes

em 4 grupos: baixo peso, peso normal, pré-obesidade e obesidade e concluiu

que o IMC e a massa gorda parecem não influenciar o equilíbrio dos idosos

durante a postura unipodal.

O presente estudo demonstrou que as mulheres apresentam melhor

equilíbrio postural quando comparado aos homens nos parâmetros de oscilação

da plataforma de força. Estes resultados são semelhantes aos encontrados em

outros estudos em comparações entre homens e mulheres26. Rangel et al.

(2014)27 demonstrou que em portadores de diabetes mellitus tipo II, durante a

postura ereta, as oscilações posturais podem ser mais evidentes no sexo

masculino quando comparado ao feminino. Os autores sugerem que estes

resultados podem estar relacionados aos déficits sensoriais e à redução da

49

acuidade visual que aparece com maior impacto nos homens27.

A pré-condição da doença não demonstra maior oscilação postural, no

entanto, esta população necessita de maiores cuidados não somente com a

progressão para o estado diabético, mas também com os riscos aumentados

para instabilidade postural e riscos de quedas que pode acompanhar os

portadores de DM. Dessa maneira, os profissionais da saúde devem ter uma

visão ampla não só do controle glicêmico, mas aos riscos de complicações que

a DM apresenta com valores HbA1c acima da normalidade e prejuízos

relacionados a instabilidade postural.

Algumas limitações podem ser apontadas no estudo, entre elas, não

avaliar a sensibilidade distal dos membros inferiores dos participantes e o tempo

de diagnóstico da doença. É importante lembrar que a partir deste estudo vários

idosos tiveram seus laudos que atestavam as alterações relacionadas ao DM

como índices elevados de glicemia em jejum, glicose média estimada e

hemoglobina glicada alta.

5. CONCLUSÃO

Os resultados do presente estudo demonstraram maiores oscilações

posturais nos portadores de diabetes em comparação ao controle. Todavia, não

foi encontrado diferenças significativas nos resultados do pré-diabetes com os

demais grupos. A prevenção da progressão do pré-diabetes para o diabetes é

importante para evitar problemas relacionados aos déficits de equilíbrio como

aumento da oscilação postural, risco de quedas e outras consequências da

doença.

50

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54

Figura 1. Fluxograma dos participantes do estudo.

55

Tabela 1. Características dos participantes do estudo.

Variáveis Sexo Grupos

Controle (n=82)

M=33 / F=49

Pré-diabético (n=55)

M=14 / F=41

Diabético (n=41)

M=14 / F=27

Idade (anos) † M 69 (5) 69 (6) 71 (6) F 68 (6) 68 (6) 68 (5)

Peso (kg)*† M 72 (10) 71 (14) 77 (9) F 62 (11) 65 (14) 72 (12)

Altura (m) † M 1,65 (,06) 1,64 (,06) 1,68 (0,06) F 1,53 (,07) 1,53 (,06) 1,54 (0,06)

IMC (kg/m²) *† M 26 (3) 26 (4) 27 (4) F 26 (5) 27 (5) 30 (4)

Passos (n) M 8303 (5491) 7058 (2854) 8109 (3766) F 7643 (3192) 7549 (3883) 5050 (5257)

Glicose ꭍ 88 [82-96] 90 [86-98] 130 [104-158]

HbA1C ꭍ 5,4 [5,1-5,6] 5,9 [5,8-6,2] 7,3 [6,4-9,0]

Os valores são apresentados em média (desvio padrão) e mediana [intervalo interquartílico 25-75%]. IMC = Índice de Massa Corpórea; M: Masculino, F: Feminino; HbA1C: Hemoglobina Glicada. *Diferenças significativas (P < 0,05) entre os grupos, controle e pré-diabéticos < diabéticos. † Diferenças significativas entre os sexos (P < 0.05): Mulher < Homem para Idade, Peso, Altura e mini mental. Exceto IMC, Mulher > Homem. ꭍ Diferenças significativas entre os grupos, controle < pré-diabéticos e diabéticos; pré-diabéticos < diabéticos.

56

Tabela 2. Comparação entre os grupos para as variáveis de equilíbrio postural oriundas da

plataforma de força e teste funcional.

Variáveis Sexo Grupos Anova

Controle (n=82)

Pré-diabético (n=55)

Diabético (n=41)

Gruposa Sexob Interação

Unipodal A-COP (cm²) M 11 (4) 14 (6) 15 (5) 0,001 <0,001 0,211

F 10 (4) 11 (4) 12 (4)

VEL A/P (cm/s) M 3,96 (1,3) 4,04 (1,2) 4,92 (2,1) 0,043 <0,001 0,295 F

3,10 (,80) 3,49 (1.6) 3,46 (,90)

VEL M/L (cm/s) M 4,09 (1,1) 4,77 (1,3) 5,00 (1,6) 0,002 <0,001 0,548 F 3,49 (,76) 3,69 (,91) 4,17 (1,5)

Posição Unipodal (s)

M 16 (6) 18 (6) 14 (6) 0,386 0,022 0,803

F 14 (6) 14 (7) 13 (6)

Dados apresentados em média (desvio padrão). Valores significativos estão apresentados em negrito (P <0.05). A-COP: Área do centro de pressão, VEL: Velocidade média do centro de pressão, A/P: direção antero-posterior, M/L: direção médio-lateral, M: masculino, F: feminino. a Diferenças entre grupos – controle < diabético. b Diferenças entre os sexos – mulher < homem.

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ANEXO

Certificado de participação em congresso

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