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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃOEM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

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A BACIA DO RIO TIBAGI

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A BACIA DO RIO TIBAGI

Moacyr E. MedriEdmilson BianchiniOscar A. ShibattaJosé A. Pimenta

editores

Londrina - Paraná2002

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Copyright © 2002 dos Autores

Todos os direitos reservados.

ISBN 85-902390-1-2 / 85-902392-1-7 / 85-902394-1-1 / 85-902395-1-9

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

A bacia do rio Tibagi / Moacyr E. Medri... [et al.],editores . -- Londrina, PR : M.E. Medri, 2002.

Outros editores: Edmilson Bianchini, Oscar A.Shibatta, José A. Pimenta

Vários autores.Bibliografia.

1. Bacias hidrográficas 2. Tibagi, RioI. Medri, Moacyr E. II. Bianchini, Edmilson.III. Shibatta, Oscar A. IV. Pimenta, José A.

03-0122 CDD-333.73098162

Índices para catálogo sistemático:

1. Paraná : Estado : Rio Tibagi : Bacia hidrográfica333.73098162

2. Rio Tibagi : Bacia hidrográfica : Paraná : Estado333.73098162

3. Tibagi : Rio : Bacia hidrográfica : Paraná :Estado 333.73098162

Coordenação da Edição: Ivani Cócus

Foto da Capa: Luiz dos Anjos

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A bacia do rio Tibagi

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INTRODUÇÃO

Os morcegos são mamíferos pertencentes à ordemChiroptera — termo cuja raiz está nas palavras gregaschiro (mãos) e ptera (asas) — e, da mesma forma queos humanos, amamentam seus filhotes com leite e têma temperatura do corpo regulada (homeotermos). Apre-sentam uma fina membrana de pele entre os dedos quese estende até as patas e se liga às laterais do corpo,formando as asas (fig. 1) — diferem dos pássaros, quetêm suas penas suportadas por ossos. Os morcegosconstituem o único grupo de mamíferos com vôoverdadeiro.

Quase 25% dos mamíferos do mundo são morcegos,distribuídos em 17 famílias, 177 gêneros e em mais de900 espécies (Wilson & Reeder, 1993), sendo que 148delas foram identificadas no Brasil. Em toda a regiãotropical encontramos uma fauna rica formada por essesanimais. Eles representam 52% dos mamíferos da CostaRica (Robinson, 1971), 46% da fauna de mamíferosno Panamá (Handley Jr., 1966) e, em Manaus, 52 espé-cies foram encontradas (Reis, 1981; Reis & Peracchi,1987).

Capítulo 14

Morcegos da bacia do rio Tibagi

Nelio R. dos Reis, Adriano L. Peracchi e Isaac P. de Lima

ABSTRACT – (Bats of the Tibagi River Basin) Bats play an important role in Nature usually as pollinators and seeddispersal agents. The Tibagi River Basin contains about 39 of the 148 species of bats in Brazil. Almost 25% of the mammalsin the world are bats, and they represent approximately 50% of the mammals identified in this region. This diversity can bemaintained due to the remains of forests which offer a large variety of environments. However, the Tibagi River Basin hasbeen suffering sudden and drastic alterations due to its cattle breeding potential, which has increased the destruction ofsuch remaining forests. The studies were concentrated in three large conservation units (Mata dos Godoy State Park,680 ha; Klabin Ecological Park, 11,116 ha; Irati National Forest, 3,571 ha) and two small forest fragments (Regina farm,approximately 5 ha; Arthur Thomas Municipal Park, 85,47 ha), besides an open area (Londrina State University Campus,150 ha). At such sites, some rare bat species are slowly disappearing. The Myotis ruber and Chiroderma doriae arealready threatened with extinction. The Pygoderma bilabiatum, Myotis levis and Rogheessa tumida are included asendangered species. The preservation of natural resources, both flora and fauna, is necessary in order to maintain such batspecies as source of genetic data, for education and preservation purposes. Improvement of the interaction betweencommunity and Nature is also necessary in order to diminish the risk of extinction of such species.

Key words – Bats, Chiroptera, Tibagi River Basin.

Uma de suas características mais notáveis é a capa-cidade de emitir sons de alta freqüência, receber osecos desses sons e interpretá-los. Esse recurso, cha-mado de ecolocação, permite determinar o tamanho, aforma, a textura e a localização dos seres e objetos aoalcance do seu sistema de sonar. A maioria dos outrosmamíferos só faz isso com a vista e, geralmente, demaneira bem mais limitada. Supõe-se que a ecolocaçãotenha se desenvolvido há muito tempo, pois o morcegomais primitivo que se conhece é o Icaronycteris index,que existiu há 50 milhões de anos (Jones Jr. & Phillips,1970).

Os morcegos são vistos por muitas pessoas comoagentes de enfermidades ou como sugadores de sangue,mas, como regra geral, são animais asseados e, emmais de 900 espécies conhecidas no mundo, somentetrês são hematófagas.

No passado, uma extensa floresta cobria do sul deMinas Gerais até o Rio Grande do Sul, passando peloestado de São Paulo, o norte do Paraná, o leste do MatoGrosso do Sul e alcançando o território paraguaio. Nessafloresta estacional semidecidual encontrava-se umagrande diversidade de plantas e animais. A floresta foi

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Morcegos da bacia do rio Tibagi

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quase toda destruída e a fauna, conseqüentemente,drasticamente reduzida. Relativamente ao Paraná,atualmente existem grandes áreas de floresta somenteno oeste do estado (Parque Nacional do Iguaçu) e naSerra do Mar. Além delas, restaram fragmentos, emgeral pequenos, dispersos na paisagem.

A bacia do rio Tibagi abrange aproximadamente25.000 km2 (0,003% da área do Brasil) e encontra-sebastante alterada pela atividade antrópica. Conseqüen-temente, a diversidade de sua fauna foi reduzida emrazão das alterações ambientais.

Assim, tendo em vista a degradação ambiental queocorre no estado do Paraná como um todo, e na baciado rio Tibagi em particular, este capítulo tem comoobjetivo apresentar a fauna de morcegos dessa bacia,inclusive a urbana, e discutir alguns aspectos da biologiadesses animais. Objetiva, também, avaliar se a destruiçãodas florestas influencia na diminuição da diversidade demorcegos.

ÁREAS DE ESTUDO

Os estudos sobre morcegos aqui apresentadostiveram início em 1982 e foram desenvolvidos nasunidades de conservação Floresta Nacional do Irati,Parque Ecológico da Klabin e Parque Estadual Matados Godoy; no Parque Municipal Arthur Thomas, nafazenda Regina, no campus da Universidade Estadualde Londrina (UEL) e no perímetro urbano da cidade deLondrina (fig. 2).

A Floresta Nacional do Irati ocupa uma área de3.571 ha e está localizada na região do alto Tibagi, nascoordenadas geográficas 25º27’S e 50º35’W; tem

altitude média de 893 m e precipitação média anual de1.442 mm. O clima da região é subtropical úmido, semestação seca; a temperatura média em janeiro é 22ºC, ea de julho, 10ºC. A Floresta Nacional do Irati compõe-se de uma floresta natural de 1.659 ha, onde predo-minam Araucaria angustifolia (pinheiro-do-paraná) eOcotea porosa (imbuia), e de uma área plantada de1.273 ha, dos quais 776 ha com Pinus elliotii e 603 hacom A. angustifolia, além de pequenas ilhas de Euca-lyptus sp.

O Parque Ecológico da Klabin, localizado no médioTibagi, ocupa uma área de 11.116 ha, dos quais 7.883são representados por floresta natural em estado primi-tivo, onde destacam-se A. angustifolia e Aspidospermapolyneuron (peroba-rosa). O parque faz parte da fazendaMonte Alegre (de propriedade da empresa Klabin S/A),cuja área total é de 126.373,10 ha, localizada nas coor-denadas geográficas 24º12’S e 50º33’W, tendo altitudemédia de 885 m. O clima na região, segundo a classi-ficação de Köppen (Trewartha & Horn, 1980), enqua-dra-se como subtropical, sendo a temperatura médiade inverno 16,3ºC, e a de verão, 23,2ºC; a precipitaçãomédia anual é de 1.478 mm.

O Parque Estadual Mata dos Godoy conta com umaárea de 680 ha e está localizado na região do baixoTibagi, nas coordenadas geográficas 23º27’S e 51º15’W.Tem altitude média de 700 m, e o clima, segundo aclassificação de Köppen (Trewartha & Horn, 1980), ésubtropical úmido, com temperatura média de 16,6ºCno mês mais frio e 23,8ºC no mês mais quente. A preci-pitação média anual é de cerca de 1.610 mm. Cortadopelo Trópico de Capricórnio, o parque apresenta quasetoda sua extensão coberta por floresta estacional semi-

Figura 1. Vista geral de um morcego da família Phyllostomidae (Artibeus lituratus). A - trago; B - folha nasal; C - orelha; D - antebraço; E- polegar; F - segundo dedo; G - terceiro dedo; H - quarto dedo; I - quinto dedo; J - tíbia; K - pé; L - membrana interfemoral; M - calcâneo. (Foto:R.R. Rufino)

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A bacia do rio Tibagi

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decidual, destacando-se A. polyneuron e Ficus insipida(figueira-branca) (Soares-Silva, 1990).

O Parque Municipal Arthur Thomas localiza-sedentro do perímetro urbano de Londrina. Conta comuma área de 85,47 ha (Ornelas, 1991; Muller & Reis,1992) e é cortado ao meio pelo ribeirão Cambé. Suamaior extensão é coberta por floresta estacional semi-decidual alterada, e abriga espécies como A. polyneuron,Gallesia integrifolia (pau-d’alho), Cabralea canjerana(canjarana), Parapiptadenia rigida (gurucaia) e Euterpeedulis (palmito).

A fazenda Regina, localizada a 15 km do municípiode Londrina, tem sua área dominada por pastagens ecultivos agrícolas. Possui uma reserva de floresta esta-cional semidecidual bem preservada, com aproxima-damente 5 ha, abrigando espécies como A. polyneuron,G. integrifolia, C. canjerana, P. rigida e E. edulis.

O campus universitário está situado a oeste da cidadede Londrina, na margem da rodovia Celso Garcia Cid(km 379), numa área de 150 ha — incluído aí um hortoflorestal com aproximadamente 10 ha. A vegetação docampus é bastante heterogênea, sendo composta porplantas introduzidas, como Spathodea campanulata(bisnagueira; tulipeira) e Caesalpinia peltophoroides(sibipiruna); plantas ornamentais, como Hibiscus sp.(hibisco), Hippeastrum sp. e Hemerocallis sp. (espéciesde lírio); árvores frutíferas, como Psidium gajava(goiaba), Morus nigra (amora), Terminalia catappa(sete-copas), Syagrus romanzoffiana (coquinho), Arto-carpus sp. (jaca) e E. edulis; e plantas nativas, como asdas famílias Moraceae, Piperaceae, Solanaceae e Cecro-piaceae (Muller & Reis, 1992; Reis et al., 1993b). Essavegetação constitui uma composição que contribui parao fornecimento de alimento e abrigo a várias espéciesde animais.

A área metropolitana de Londrina, no norte de Paraná(fig. 3), está localizada nas coordenadas geográficas

23º14’ / 23º23’S e 51º05’ / 51º14’W. O município ocupauma área de 2.119 km2 e encontra-se no terceiro planaltoparanaense. Essa região tem altitude média de 700 m eclima subtropical úmido com chuvas em todas as esta-ções, podendo ocorrer secas no inverno. A temperaturamédia máxima para o verão é 39ºC e a temperaturamédia mínima para o inverno é 10,4ºC; a pluviometriamédia é 1.615 mm, sendo os meses mais chuvosos osde dezembro e janeiro, e o de menor pluviosidade o deagosto (Ornelas, 1991).

IMPORTÂNCIA BIOLÓGICADOS MORCEGOS

Os morcegos desempenham um importante papelcomo controladores das populações de insetos. Estima-se que algumas espécies, como Molossus ater, comumnos forros de casas das cidades e das áreas rurais dabacia do rio Tibagi, possam comer quantidades corres-pondentes a uma vez e meia o seu peso em insetos emuma única noite (Goodwin & Greenhall, 1961). Comopesam em média 30 g, comeriam aproximadamente 45 gde insetos numa noite. Segundo Griffin et al. (1960),morcegos do gênero Myotis podem capturar até 500insetos por hora (na bacia do Tibagi, esse é o gênero demorcego insetívoro mais comum, estando representadopor três espécies). É importante ressaltar que muitosdos insetos capturados por morcegos são daninhos àslavouras ou podem transmitir doenças ao homem. Alémdisso, capturam coleópteros e isópteros (Yalden &Morris, 1975), que incluem espécies que podem serprejudiciais ao homem, por atacarem construções demadeira.

O guano depositado pelos morcegos tem sido uti-lizado como fertilizante em várias regiões do mundo.Ainda, os morcegos são extremamente úteis ao homemservindo como material de pesquisa na medicina: em

Figura 2. Localização dos fragmentos florestais e das unidades de conservação estudados na bacia do rio Tibagi.

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estudos farmacológicos, no desenvolvimento de vaci-nas, em estudos epidemiológicos e de mecanismos deresistência à doenças (Yalden & Morris, 1975).

Suas asas, constituídas de tecidos transparentes (oque possibilita observar a circulação sangüínea), per-mitem estudos referentes ao tempo de eliminação dedrogas e aos efeitos de inalação de fumaça.

O mecanismo de hipotermia de que se utilizamdurante a hibernação, se estivesse melhor entendido pelohomem, poderia facilitar grandes cirurgias, pois o orga-nismo, nessas ocasiões, é menos susceptível a danos erequer menos oxigênio.

Os morcegos servem, também, como recurso ali-mentar para algumas tribos indígenas no Brasil (Betz &Sazima, 1981), e é conhecido seu uso como petisco naÁfrica e na Ásia, onde acredita-se que é afrodisíaco.

Vogel (1969) estimou que pelo menos 500 espéciesde plantas neotropicais, em 96 gêneros diferentes, sãopolinizadas por morcegos. Huber (1910), Pijl (1957) eHumphrey & Bonaccorso (1979) sugerem que 25%das árvores de florestas de algumas regiões são disper-sas por eles.

ESPÉCIES DE MORCEGOS DA BACIADO RIO TIBAGI

Na bacia do rio Tibagi foram registradas, até omomento, 39 espécies de morcegos, pertencentes aquatro famílias. Na tabela 1 essas espécies estão rela-cionadas e, a seguir, apresenta-se alguns aspectos desua biologia.

Família Noctilionidae

Os morcegos dessa família apresentam orelhas bemseparadas, estreitas e pontudas; têm asas grandes eestreitas, membrana interfemoral grande e calcâneomuito comprido.

Noctilio albiventris Desmarest, 1818

Morcego que tem como características marcantes,orelhas compridas e estreitas, lábios leporinos, focinhoparecido com o de um cão buldogue, cor amareladavariável e forte cheiro de almíscar. É de tamanho grande,

Figura 3. Pontos de coleta no perímetro urbano de Londrina.

Morcegos da bacia do rio Tibagi

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com envergadura média de 41 cm e peso aproximadode 28 g.

É encontrado na bacia do rio Tibagi geralmentesobrevoando águas paradas; na Amazônia, é encontradosobrevoando rios de águas movimentadas.

2 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 281 1 2 3

Sua dieta consiste principalmente de insetos quevivem na água ou arredores.

Sua distribuição geográfica se dá por todo o Brasil.

Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758) (fig. 4)

Conhecido vulgarmente como morcego-pescador,é muito semelhante à espécie anterior, apresentando asmesmas características, a mesma coloração amareladae o mesmo cheiro, mas seu tamanho é maior: tem

envergadura média de 64 cm e peso aproximado de64 g.

É muito característico pelo excepcional desenvol-vimento dos pés posteriores, que apresentam dedosalongados e unhas recurvas em forma de garras. Realizavôos rasantes às coleções d’água e “varre” a superfícieda água com as garras, capturando pequenos peixes eartrópodes, de que se alimenta.

2 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 281 1 2 3

É amplamente distribuído pelo território brasileiro.

Família Phyllostomidae

Os morcegos dessa família são caracterizados pelapresença de um apêndice em forma de folha na extre-midade superior do focinho.

Subfamília Phyllostominae

Chrotopterus auritus (Peters, 1856) (fig. 5)

Morcego muito característico por ter orelhas gran-des, largas e ovaladas e apresentar cor parda-acinzen-tada-escura; é considerado um dos maiores da família,com envergadura de 57 cm e peso variando de 75 a96 g.

As colônias encontradas na bacia do Tibagi tinhamsempre menos de dez indivíduos e estavam localizadas,na maioria das vezes, em casas abandonadas ou tulhasna área rural, próximas de alguma mata.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 321 1 3 3

Apesar de serem encontradas cabeças de roedoresembaixo de suas colônias, também se alimentam depequenas aves, grandes insetos e frutos.

Apresentam ampla distribuição geográfica no Brasil,sendo encontrados da Amazônia ao Rio Grande do Sul.

Micronycteris megalotis (Gray, 1842)

Morcego pequeno, de orelhas grandes e arredonda-das e membrana interfemoral bem desenvolvida, comcauda perfurando-a. Apresenta envergadura de aproxi-madamente 21 cm e peso variando de 3,5 a 9 g.

Em todos os lugares onde foi encontrado na regiãoda bacia do Tibagi, estava em colônias de quatro a dezindivíduos, dentro de cavidades de troncos caídos,verificando-se esse comportamento também na Ama-zônia.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 342 1 3 3

Alimenta-se de uma variedade de insetos e frutos.

Tabela 1. Espécies de morcegos registradas até o momento nabacia do rio Tibagi.Família Espécie

Noctilionidae Noctilio albiventris Desmarest, 1818Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758)

PhyllostomidaePhyllostominae Chrotopterus auritus (Peters, 1856)

Micronycteris megalotis (Gray, 1842)Mimon bennettii (Gray, 1838)Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767)

Glossophaginae Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818)Glossophaga soricina (Pallas, 1766)

Carolliinae Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758)Stenodermatinae Artibeus fimbriatus Gray, 1838

Artibeus jamaicensis Leach, 1821Artibeus lituratus (Olfers, 1818)Chiroderma doriae Thomas, 1891Chiroderma villosum Peters, 1860Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810)Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843)Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810)Uroderma bilobatum Peters, 1866Vampyressa pusilla (Wagner, 1843)

Desmodontinae Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810)Diaemus youngi (Jentink,1893)Diphylla ecaudata Spix, 1823

VespertilionidaeVespertilioninae Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819)

Eptesicus diminutus Osgood, 1915Eptesicus furinalis (d’Orbigny, 1847)Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824)Lasiurus borealis (Muller, 1776)Lasiurus ega (Gervais, 1856)Myotis levis (I. Geoffroy, 1824)Myotis nigricans (Schinz, 1821)Myotis ruber (E. Geoffroy, 1806)Rogheessa tumida H. Allen, 1866

Molossidae Eumops glaucinus (Wagner, 1843)Molossops abrasus (Temminck, 1827)Molossus ater E. Geoffroy, 1805Molossus molossus (Pallas, 1766)Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805)Nyctinomops macrotis (Gray, 1840)Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824)

A bacia do rio Tibagi

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É distribuído geograficamente por todo o Brasil, comexceção do Rio Grande do Sul.

Mimon bennettii (Gray, 1838)

Morcego de orelhas grandes e pontudas, folha nasalmuito comprida (seu comprimento é igual a duas vezesa sua largura), cauda curta toda contida em uma mem-brana interfemoral muito desenvolvida. Apresenta enver-gadura média de 37 cm e peso variando de 16 a 20 g.

É pouco coletado na região da bacia do Tibagi, sendoencontrado somente em matas ou nos arredores delas.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 301 1 2 3

Sua dieta constitui-se basicamente de frutos einsetos.

Sua distribuição geográfica se dá por toda a MataAtlântica.

Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) (fig. 6)

Morcego de cabeça grande, focinho alongado,apêndice nasal com largura quase igual à altura; tem caudacurta envolvida pela membrana e colorido variável, maiscomumente cinza muito escuro. Com envergadura de60 cm e chegando a pesar 95 g, é um dos maioresmorcegos da bacia do Tibagi.

Na região da bacia é coletado em matas, capoeiras enos arredores das cidades.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 322 1 2 3

Sua dieta é constituída de uma variedade de insetos,pequenos vertebrados e partes de plantas, tais comofrutos, pólen, néctar e flores.

Sua distribuição geográfica se dá em quase todo oBrasil (as exceções são os estados de Santa Catarina eRio Grande do Sul).

Subfamília Glossophaginae

Anoura caudifer (E. Geoffroy, 1818) (fig. 7)

Morcego de cauda rudimentar, membrana interfe-moral muito estreita, focinho muito alongado, orelhaspouco maiores do que a cabeça e língua muito compridae extensível. Tem tamanho médio para pequeno, comaproximadamente 30 cm de envergadura e peso variandode 7 a 10 g.

É encontrado em matas e capoeiras, perto, preferen-cialmente, de árvores floridas.

2 1 3 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 320 1 3 3

Sua dieta é baseada em frutos, néctar, pólen e insetos.

Distribui-se por todo o Brasil, com exceção do Nor-deste (Fabián et al., 1999).

Glossophaga soricina (Pallas, 1766)

Morcego que apresenta membrana interfemoral bemdesenvolvida munida de cauda curta, focinho bem alon-gado, língua muito comprida e extensível. Tem tamanhosemelhante ao da espécie anterior, com envergaduramédia de 28 cm e peso aproximado de 10 g.

É encontrado perto de árvores floridas.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 342 1 3 3

Sua dieta constitui-se basicamente de insetos, frutos,pólen, néctar e partes florais.

Ocorre em todo o território brasileiro.

Subfamília Carolliinae

Carollia perspicillata (Linnaeus, 1758) (fig. 8)

Morcego de orelhas largas e bem separadas, meno-res que a cabeça; cauda curta contida na membrana ecalcâneos do tamanho dos pés. Tem tamanho médio,com envergadura aproximada de 25 cm e peso variandode 10 a 23 g.

É o terceiro morcego frugívoro mais coletado naregião da bacia, mas sua densidade diminui a cada anodevido à destruição de seu hábitat natural. Embora possaser antropofílico, não fica longe da alimentação fornecidapelas matas e capoeiras, sem a qual não pode sobreviver.Na bacia do Tibagi é encontrado em colônias de dezenasde indivíduos em algumas tubulações fluviais localizadaspróximas de fundos de vale; na Amazônia, é encontradoem aglomerados de até centenas de indivíduos.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 322 1 2 3

Alimenta-se de uma variedade de frutos, flores einsetos, mas tem preferência pelos frutos de piperáceas,das quais é o maior dispersor.

É encontrado em todo o Brasil. Segundo Fabián etal. (1999), é pouco abundante no Rio Grande do Sul.

Subfamília Stenodermatinae

Artibeus fimbriatus Gray, 1838 (fig. 9)

Morcego de tamanho um pouco acima da média,com focinho curto e largo, folha nasal curta e orelhasmenores que a cabeça; apresenta membrana interfemoralcom sulco. Na bacia do Tibagi apresenta cor parda-acizentada-escura, envergadura de até 49 cm e pesomédio de 62 g; e são encontradas três espécies dessegênero que apresentam duas listras brancas longitudinais

Morcegos da bacia do rio Tibagi

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e paralelas, que vão da base da folha nasal até a baseposterior das orelhas.

Na bacia do Tibagi, é encontrado perto de figueiras.

2 1 2 2Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 302 1 2 3

Sua dieta, na região, é baseada em frutos.É encontrado em todo o território brasileiro.

Artibeus jamaicensis Leach, 1821

Morcego muito semelhante à espécie anterior, porémum pouco menor e com uma coloração mais para omarrom. Tem envergadura de até 48 cm e peso apro-ximado de 65 g.

Dentro desse gênero, é o morcego menos coletadoem redes de espera, sendo que, algumas vezes, é encon-trado repousando em folhas de palmeiras.

2 1 2 2Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 282 1 2 2

Sua dieta, na bacia do Tibagi, é constituída por umavariedade de frutos, partes florais e, às vezes, folhas.

É encontrado em todo o Brasil, exceto no RioGrande do Sul.

Artibeus lituratus (Olfers, 1818) (fig. 10)

É o maior e mais comum morcego frugívoro daregião. Tem orelhas menores que a cabeça, membranainterfemoral profundamente recortada até a altura demais da metade da tíbia, colorido geral pardo-escuro elistras brancas faciais muito mais evidentes do que nasoutras espécies do gênero.

Na bacia do Tibagi representa 80% das coletas emredes nas regiões de capoeira ou nos arredores dascidades. Chega a assustar pelo tamanho, que pode chegara 52 cm de envergadura, podendo pesar até 70 g. Porcausa de seus caninos proeminentes e fortes, geralmenteé confundido com o morcego vampiro.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 322 1 2 3

Inclui na sua alimentação frutos, partes florais, folhase insetos. Na região da bacia do Tibagi alimenta-se prefe-rencialmente de frutos do gênero Ficus, mas tambéminveste em Cecropia, Solanum, Piperacea, Syagrus eTerminalia, sendo importante dispersor dessas espéciesvegetais.

É encontrado em todo o território brasileiro.

Chiroderma doriae Thomas, 1891

Morcego de focinho muito curto, orelhas menoresque a cabeça e mais compridas do que largas; tem duaslistras brancas muito nítidas sobre os olhos, e pernas e

pés recobertos de pêlos. Possui envergadura média de30 cm e peso aproximado de 30,5 g.

É de extrema importância ecológica por estarameaçado de extinção, sendo raro seu aparecimento nascoletas.

2 1 2 2Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 282 1 2 2

Foram encontrados somente restos de frutos no seuconteúdo estomacal.

É encontrado na região Sudeste e nos estados doParaná e Mato Grosso do Sul.

Chiroderma villosum Peters, 1860

Morcego semelhante ao anterior, com tamanhopouco menor. Tem listras brancas não muito nítidassobre os olhos, envergadura aproximada de 31 cm epeso de 16 g.

2 1 2 2Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 282 1 2 2

É uma espécie frugívora encontrada predominan-temente nas matas. Apesar de pouco coletada, é maiscomum que a espécie anterior.

Ocorre no estado do Paraná, na região Sudeste eem toda a floresta amazônica.

Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) (fig. 11)

Morcego de tamanho médio, assemelhando-se, noaspecto geral, a um pequeno Artibeus. Possui orelhasdo tamanho da cabeça, quatro listras brancas na cabeçae uma listra branca, nítida, corre por seu dorso. Temenvergadura média de 33 cm e peso aproximado de 26 g.

Aparece muito em capoeiras, geralmente nos arre-dores dos pés de Ficus.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 322 1 2 3

Sua dieta constitui-se basicamente de frutos, predo-minantemente de Ficus.

É encontrado em todo o Brasil, exceto na Amazônia.

Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843)

Morcego de focinho muito curto e largo e coloridopardo. É facilmente reconhecido pelo tufo de pêlos bran-cos nos ombros.

Segundo Aguiar et al. (1998), essa espécie estápresumivelmente ameaçada de extinção, constando nalista do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama)de 1989 (artigo 1o, sub-item 1.8).

2 1 2 2Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 282 1 2 2

A bacia do rio Tibagi

257

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Na bacia do Tibagi, é predominantemente frugívoro.É encontrado na metade sul do Brasil.

Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) (fig. 12)

Morcego de tamanho médio, de orelhas muitomenores que a cabeça. Tem folha nasal pequena,membrana interfemoral imperceptível e não apresentacauda. Possui envergadura de 32 cm e peso de 23 g. Ocolorido varia do pardo-escuro ao pardo-acizentado;em algumas épocas do ano o macho apresenta tufos depêlos avermelhados nos ombros.

A espécie é encontrada nas matas, sendo o segundomaior frugívoro das capoeiras da região.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 322 1 2 3

É predominantemente frugívoro, concentrando suaalimentação nas plantas do gênero Solanum em toda abacia do Tibagi, o que coincide com dados de coletasem outras regiões.

Está presente em todo o território brasileiro.

Uroderma bilobatum Peters, 1866

Morcego que possui a membrana interfemoral, atíbia e os pés quase inteiramente nus. Apresenta quatrolistras brancas na cabeça e uma longitudinal, nas costas;o colorido geralmente é pardo-escuro. Tem envergadurade 30 cm e peso de 15 g.

É encontrado predominantemente nas matas primá-rias da bacia do Tibagi.

2 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 322 1 2 3

A maior parte da sua alimentação é frugívora, mastambém ingere insetos.

Distribui-se geograficamente na maior parte do Brasil(excetuam-se os estados de Santa Catarina e Rio Grandedo Sul).

Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) (fig. 13)

É uma das menores espécies da subfamília Stenoder-matinae. Apresenta membrana interfemoral profunda-mente fendida e quatro listras brancas nítidas na cabeça.Tem envergadura de 24 cm e peso de 11 g.

Sua coleta, nas matas da bacia do Tibagi, se dá emredes de espera.

2 1 2 2Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 282 1 2 2

Sua alimentação é predominantemente frugívora.É encontrado do estado do Mato Grosso ao estado

do Rio de Janeiro, descendo até o estado de SantaCatarina.

Subfamília Desmodontinae

Desmodus rotundus (E. Geoffroy, 1810) (fig. 14)

Morcego que apresenta membrana interfemoralmuito reduzida, sem vestígio de cauda ou calcâneo,polegares compridos com três calosidades e unhasfortes; o focinho é muito curto e o apêndice nasalreduzido. O colorido geralmente é pardo-ferruginosona parte superior do corpo e, na parte inferior, cinza-claro. Tem envergadura média de 39 cm e peso de 43 g.

É sempre encontrado, na região da bacia do Tibagi,em ocos de árvores e matas próximas a pastagens.

1 1 2 0Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 202 1 3 0

Profundas modificações nos seus dentes e sistemadigestivo o tornam apto ao regime exclusivamente hema-tófago.

Ocorre em todo o território brasileiro.

Diaemus youngi (Jentink, 1893)

Morcego muito parecido com o anterior, diferindoapenas por apresentar o polegar curto e o colorido umpouco mais escuro. Tem envergadura aproximada de37 cm e peso médio de 35 g.

1 1 2 0Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 202 1 3 0

Alimenta-se exclusivamente de sangue, preferen-cialmente de aves.

É encontrado em todo o Brasil, com exceção doRio Grande do Sul.

Diphylla ecaudata Spix, 1823

Morcego semelhante às espécies anteriores, massuas orelhas são mais curtas e mais arredondadas e ospolegares mais curtos e sem calosidades. Seu coloridogeralmente é pardo-avermelhado, mais escuro no dorsoe mais claro ventralmente. É um pouco menor que ovampiro comum D. rotundus, apresentando envergaduraaproximada de 35 cm e peso de 33 g.

2 1 1 2Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 262 1 2 2

Alimenta-se predominantemente de sangue de avese de outros animais de sangue quente.

Apresenta distribuição geográfica no Paraná, nasregiões Centro-Oeste e Sudeste e na Bahia.

Família Vespertilionidae

Os morcegos dessa família apresentam cauda longa,praticamente envolvida pela membrana interfemoral.

Morcegos da bacia do rio Tibagi

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Subfamília Vespertilioninae

Eptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819)

É a maior espécie desse gênero encontrada na regiãoda bacia do Tibagi. Possui orelhas de formato triangular,maiores que as das outras espécies do gênero (descritasa seguir), membranas das asas ligadas à base dos dedos,cauda comprida e totalmente envolvida pela membranainterfemoral, deixando somente a última vértebra livre.Apresenta colorido pardo-avermelhado no dorso epardo-amarelado no ventre. Tem envergadura de 32 cme peso de 9 g.

Foi coletado no Parque Ecológico da Klabin, noParque Estadual Mata dos Godoy, nos fundos de valeda cidade de Londrina e, também, em uma colônia deaproximadamente 15 indivíduos localizada em um apa-relho de ar condicionado, em residência na periferia deLondrina (perto do lago Igapó).

2 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 323 1 2 3

Foram encontrados somente insetos nas suas fezes.Ocorre em todo o território brasileiro.

Eptesicus diminutus Osgood, 1915

Morcego semelhante à espécie anterior, porém detamanho menor, com crânio mais delicado e tragos muitofinos. Tem colorido pardo-claro, envergadura de 25 cme peso de 8 g.

Coletado em redes de espera nas três regiões dabacia do Tibagi, sempre em matas e capoeiras, sendoque, desse gênero, é a espécie mais encontrada.

2 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 323 1 2 3

É exclusivamente insetívoro, alimentando-se de pe-quenos lepidópteros, isópteros e dípteros.

Sua distribuição geográfica se dá na faixa orientaldo Brasil central e, também, do Espírito Santo até o RioGrande do Sul.

Eptesicus furinalis (d’Orbigny, 1847)

Morcego de focinho alongado e orelhas largas, comtragos compridos e estreitos, asas ligadas à base dosdedos, cauda comprida contida na membrana interfe-moral, ficando somente a última vértebra livre; os péssão pequenos. Tem envergadura de 26 cm e peso de 7 g.

É encontrado somente nos arredores de matas ecapoeiras.

2 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 323 1 2 3

Sua alimentação constitui-se de insetos.

Ocorre em todo o território brasileiro.

Histiotus velatus (I. Geoffroy, 1824)

Morcego de orelhas muito compridas e largas,maiores que a cabeça; tragos compridos, asas ligadas àbase dos dedos dos pés, membrana interfemoral muitolarga e comprida, envolvendo quase completamente alonga cauda, deixando livres somente as duas últimasvértebras; calcâneos desenvolvidos. Apresenta colora-ção castanha-escura no dorso, mais clara no ventre. Éde tamanho médio, com envergadura de 31 cm e pesode 11 g.

No médio Tibagi tem sido encontrado vivendo noforro das casas.

2 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 323 1 2 3

Alimenta-se exclusivamente de pequenos insetos.É encontrado em grande parte do Centro-Oeste, no

Sudeste e no Sul do Brasil.

Lasiurus borealis (Muller, 1776) (fig. 15)

Morcego de cabeça curta, focinho largo, orelhascurtas e arredondadas, corpo revestido de pêlos espessosdesde o focinho até a extremidade da cauda; o colorido épardo-avermelhado na parte dorsal e amarelado na parteventral. Tem envergadura aproximada de 28 cm e pesomédio de 8 g.

Morcego pouco coletado, normalmente encontradoperto de áreas metropolitanas pousado entre as folhasdas árvores, em colônias pequenas, mas também élocalizado em matas e capoeiras.

1 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 323 1 2 3

Sua alimentação é constituída de insetos.Ocorre em todo o território brasileiro.

Lasiurus ega (Gervais, 1856) (fig. 16)

Morcego de cabeça curta, focinho largo, orelhaspequenas e arredondadas. Apresenta tragos curtos emforma de L reverso e membrana interfemoral muitocomprida, revestida de pêlos cinza-claros; o colorido épardo-amarelado, mais escuro nas partes superiores.Tem envergadura de 35 cm e peso de 13 g.

Normalmente encontrado, de dia, refugiado entreas folhas secas de palmeiras. Por causa de sua colo-ração, passa desapercebido nesses refúgios.

1 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 303 1 2 3

Todas as fezes examinadas continham insetos.Ocorre em todo o território brasileiro.

A bacia do rio Tibagi

259

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Myotis levis (I. Geoffroy, 1824)

Morcego de tamanho pequeno, formas delicadas,focinho curto e fino, orelhas bem separadas e largas.Os polegares são grandes, com unhas fortes, e a mem-brana interfemoral é comprida e larga, envolvendo quaseinteiramente a longa cauda. Tem envergadura de 25 cme peso de 7 g. Na bacia do Tibagi, sua coloração é parda-acinzentada.

Freqüenta as matas e capoeiras da região da bacia.

2 1 3 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 383 1 3 3

Alimenta-se exclusivamente de insetos.É encontrado apenas nas regiões Sudeste e Sul do

Brasil.

Myotis nigricans (Schinz, 1821) (fig. 17)

Morcego considerado pequeno, com o alto da cabe-ça quase ao nível do focinho, que é curto e fino. Asorelhas são pequenas e estreitas, os tragos vão até ametade da altura das orelhas e a membrana interfemoralé muito larga e comprida, excedendo os pés e envol-vendo quase toda a cauda; os pés são pequenos e delica-dos. Apresenta colorido pardo-escuro, envergadura de23 cm e peso de 3,5 g.

É o morcego insetívoro mais coletado na bacia dorio Tibagi, onde é encontrado em qualquer mata oucapoeira e em grutas de pedras, em grupos de seis a 20indivíduos.

2 1 3 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 383 1 3 3

Sua alimentação consiste, na região da bacia doTibagi, de dípteros, isópteros, lepidópteros e pequenoscoleópteros.

Ocorre em todo o Brasil.

Myotis ruber (E. Geoffroy, 1806) (fig. 18)

Morcego considerado de extrema importância, porestar ameaçado de extinção. Como é encontrado nasmatas da bacia do Tibagi, isso se torna um agravante amais para se pensar quando se analisa os efeitos doprocesso de desmatamento que as matas dessa regiãovêm sofrendo. Possui coloração parda-castanha-aver-melhada, com envergadura de aproximadamente 25 cme peso de 4 g.

2 1 3 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 383 1 3 3

Alimenta-se exclusivamente de insetos.Sua distribuição geográfica acompanha a Mata Atlân-

tica até o Espírito Santo e de São Paulo ao Rio Grandedo Sul.

Rogheessa tumida H. Allen, 1866

Morcego reconhecido por ter uma coloração parda-escura que contrasta com a base dos pêlos, que é clara;as orelhas e os tragos são bem escuros e as asas quasenegras. Tem envergadura de aproximadamente 23 cme peso de 4 g.

Raramente é encontrado nos capões de matas dabacia do Tibagi.

1 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 303 1 2 3

Sua alimentação constitui-se de insetos.É encontrado em todo o Brasil, com exceção dos

estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Família Molossidae

Os morcegos dessa família apresentam cauda longa,envolvida pela membrana interfemoral somente na suametade basal, ficando o restante livre.

Eumops glaucinus (Wagner, 1843)

Morcego de tamanho médio a grande. Tem orelhaslargas com extremidades arredondadas, membranas dasasas ligadas aos tornozelos e a parte inferior das asascompletamente nua. A cor geralmente é parda-acinzen-tada, com as partes inferiores mais claras. Apresentaenvergadura de aproximadamente 40 cm e peso de 30 g.Com estrato de vôo alto, quase nunca é coletado emredes.

Encontrado, na região de Londrina, em colônias deaté 20 indivíduos, em juntas de dilatação de construções.

1 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 302 1 2 3

Sua alimentação consiste de insetos.Ocorre em quase todo o Brasil.

Molossops abrasus (Temminck, 1827)

Morcego de orelhas pequenas e estreitas, menoresque a cabeça, lábios espessos e lisos, pernas e pés curtose robustos; a cauda é comprida e as membranas espessas.Tem envergadura de aproximadamente 32 cm e peso de26 g.

É encontrado na área metropolitana das cidades daregião da bacia do Tibagi e, como os outros molossídeos,voa acima da copa das árvores.

1 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 282 1 2 3

Alimenta-se de insetos, que captura em vôo.É encontrado em todo o Brasil, exceto na Mata

Atlântica e no Rio Grande do Sul.

Morcegos da bacia do rio Tibagi

260

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Molossus ater E. Geoffroy, 1805 (fig. 19)

Morcego de tamanho médio, com orelhas arredon-dadas e curtas, tragos curtos, focinho obtuso e largo,lábios sem dobras e salientes. Normalmente apresentacoloração parda-escura, um pouco mais clara na parteventral. Tem envergadura aproximada de 36 cm e pesode 33 g.

Nas pesquisas realizadas na região da bacia do Tibagi,foi o morcego mais encontrado utilizando forros de resi-dências como abrigo, com colônias formadas por deze-nas de indivíduos.

1 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 261 1 2 3

Alimenta-se exclusivamente de insetos.Ocorre em todo o território brasileiro.

Molossus molossus (Pallas, 1766) (fig. 20)

Morcego que apresenta as mesmas característicasda espécie anterior, porém é um pouco menor e maisclaro, com envergadura aproximada de 28 cm e pesode 13 g.

O comportamento também é semelhante ao daespécie anterior, com a qual, geralmente, divide o mesmoabrigo, em número menor de indivíduos. A única dife-rença observada em sua atividade, em relação à espécieanterior, é o fato de sair do abrigo, em média, 15 minutosmais tarde.

1 1 1 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 261 1 2 3

Sua dieta constitui-se exclusivamente de insetos.É encontrado em todo o território brasileiro.

Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805)

Morcego de orelhas grandes, focinho alargado, comas narinas quase verticais separadas por uma verrugavertical. Apresenta os lábios superiores com dobras for-mando sulcos verticais e as membranas das asas ligadasaos tornozelos, quase inteiramente nuas; a coloração éparda-escura. Tem tamanho médio, com envergadurade 33 cm e peso de 12 g.

Os morcegos dessa espécie formam colônias dedezenas de indivíduos, preferencialmente na parte supe-rior de árvores altas.

Na região do Tibagi, parece que a peroba (Aspi-dosperma polyneuron) é a árvore mais procurada porindivíduos dessa espécie.

1 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 302 1 2 3

Sua alimentação é baseada em insetos.É encontrado em todo o território brasileiro.

Nyctinomops macrotis (Gray, 1840) (fig. 21)

Morcego de orelhas grandes, quase tão longasquanto a cabeça, focinho curto, lábios superiores cheiosde rugas, asas ligadas pouco acima dos tornozelos. Acoloração é parda-avermelhada nas partes superiores emais clara nas inferiores. Apresenta tamanho médio,com envergadura de 40 cm e peso de 25 g.

Três colônias desses morcegos foram localizadasem juntas de dilatação de prédios na cidade de Londrina,com grupos de até 50 indivíduos.

1 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 302 1 2 3

Sua alimentação constitui-se exclusivamente deinsetos.

Apresenta distribuição geográfica por todo o terri-tório brasileiro.

Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824)

Morcego de orelhas quase tão grandes quanto acabeça e de extremidades arredondadas; tragos pequenose quadrados. O focinho é largo, com sulco profundoentre as narinas; os lábios superiores são munidos depregas verticais e as asas ligadas acima dos tornozelos.Apresenta colorido pardo-escuro, mais claro na parteventral, e tamanho médio, com envergadura de 33 cme peso de 33 g.

É provavelmente um dos molossídeos mais comunsna região da bacia do Tibagi, encontrado geralmenteem frestas de pedras em colônias de centenas de indi-víduos, e também em forros de residências, em colôniasmenores, nas cidades e na zona rural.

1 1 2 3Fórmula dentária: i – c – pm – m – = 323 1 2 3

Sua alimentação constitui-se exclusivamente deinsetos.

É encontrado nas regiões Sudeste e Sul do Brasil.

IMPORTÂNCIA DAS ÁREAS FLORESTAIS DABACIA DO RIO TIBAGI PARA OS MORCEGOS

Tendo em vista avaliar se a destruição das florestasna região da bacia do rio Tibagi concorre para a dimi-nuição da diversidade de morcegos aí existente, a partirde 1992 foram realizadas coletas periódicas em frag-mentos florestais dessa bacia.

No baixo Tibagi foram realizadas coletas na matada fazenda Regina, no Parque Municipal Arthur Thomase no campus da UEL (fig. 2). O mesmo esforço decaptura foi empregado em cada local, para que compa-rações pudessem ser feitas: para cada local de coletatotalizou-se 174 m2 de redes e 24 horas de exposição,durante as diferentes estações, nos anos de 1992 a 1994.

A bacia do rio Tibagi

261

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Figura 4. Noctilio leporinus. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 5. Chrotopterus auritus. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 6. Phyllostomus hastatus. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 7. Anoura caudifer. (Foto: N.R. dos Reis)

Figura 8. Carollia perspicillata. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 9. Artibeus fimbriatus. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 10. Artibeus lituratus. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 11. Platyrrhinus lineatus. (Foto: R.R. Rufino)

262

Morcegos da bacia do rio Tibagi

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Figura 18. Myotis ruber. (Foto: V.J. Rocha)

Figura 19. Molossus ater. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 17. Myotis nigricans. (Foto: V.J. Rocha)

Figura 16. Lasiurus ega. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 14. Desmodus rotundus. (Foto: V.J. Rocha)

Figura 15. Lasiurus borealis. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 12. Sturnira lilium. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 13. Vampyressa pusilla. (Foto: R.R. Rufino)

263

A bacia do rio Tibagi

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Figura 20. Molossus molossus. (Foto: R.R. Rufino)

Figura 21. Nyctinomops macrotis. (Foto: R.R. Rufino)

Também foram utilizados os mesmos esforços decaptura nas coletas realizadas na Floresta Nacional doIrati, no Parque Ecológico da Klabin e no Parque EstadualMata dos Godoy (fig. 2). Ressalte-se que o Parque Esta-dual Mata dos Godoy, por se localizar na região do baixoTibagi, foi utilizado como parâmetro tanto para a análisedos resultados referentes aos fragmentos florestais dobaixo Tibagi como para a análise dos resultados da baciacomo um todo.

Em relação aos fragmentos florestais do baixoTibagi, no Parque Estadual Mata dos Godoy foramcoletados108 indivíduos, envolvendo 14 espécies, en-quanto que em áreas abertas, no mesmo período e como mesmo esforço de captura, somente quatro espéciesforam capturadas, em uma amostra de 185 indivíduos(tab. 2). Isso mostra a influência do desmatamento naeliminação de espécies. A menor diversidade registradano Parque Municipal Arthur Thomas em relação àfazenda Regina (tab. 2) provavelmente é conseqüênciado fato de o primeiro local ser um parque de recreaçãopública, com grande número de visitantes — o que alteraa área de coleta —, ao passo que a fazenda Reginaapresenta uma floresta intacta.

Como preconizado por Odum (1985), observou-seque, nas comunidades da bacia, uma pequena porcen-tagem de espécies de morcegos é geralmente dominante(grande número de indivíduos coletados) e uma grandeporcentagem é representada por espécies pouco fre-qüentes (pequeno número de indivíduos coletados). Noperíodo de coletas periódicas compreendido entre 1992e 1994, das 39 espécies registradas para a bacia, 21foram capturadas nos trabalhos de campo, sendo quetrês delas representaram, aproximadamente, 65,4% dototal coletado (Artibeus lituratus, 35,8%; Carollia pers-picillata, 18,2%; Sturnira lilium, 11,5%); as outras 18espécies representaram apenas 34,5% (fig. 22), e delas,16 são espécies pouco freqüentes. Foram excluídas dasconclusões espécies comuns e importantes da famíliaMolossidae, porque esses morcegos não são facilmentecoletados em rede, já que têm o hábito de voar acimada copa das árvores.

Morcegos da bacia do rio Tibagi

264

Tabela 2. Número de espécies e de indivíduos capturados em fragmentos perto de áreas urbanas na região de Londrina entre 1992 e 1994.PE Mata dos Godoy PM Arthur Thomas Fazenda Regina Campus universitário

(680 ha) (85,47 ha) (aprox. 5 ha) (área aberta - 150 ha)

No de espécies 14 8 11 4No de indivíduos 108 122 88 185

Nas áreas estudadas encontram-se espécies rarasde morcegos que estão ameaçadas de extinção, caso deMyotis ruber e Chiroderma doriae, ou presumivelmenteameaçadas, caso de Pygoderma bilabiatum, Myotis levise Rogheessa tumida. É importante salientar esses dadosna esperança de proteger esses fragmentos florestais,destacando sua importância para a preservação adequadada fauna nativa da região da bacia.

Como este estudo foi realizado também em unidadesmaiores de conservação, era de se esperar que reservas

Figura 22. Espécies e número de indivíduos coletados com redes nastrês unidades de conservação estudadas (Floresta Nacional do Irati,Parque Ecológico da Klabin e Parque Estadual Mata dos Godoy) noperíodo de 1992 a 1994. 1 - Lasiurus borealis; 2 - Eptesicus brasiliensis;3 - Chiroderma doriae; 4 - Eptesicus furinalis; 5 - Diphylla ecaudata;6 - Vampyressa pusilla; 7 - Mimon bennettii; 8 - Phyllostomus hastatus;9 - Anoura caudifer; 10 - Histiotus velatus; 11 - Artibeus fimbriatus;12 - Myotis ruber; 13 - Micronycteris megalotis; 14 -Artibeusjamaicensis; 15 - Eptesicus diminutus; 16 - Chrotopterus auritus;17 - Desmodus rotundus; 18 - Myotis nigricans; 19 -Sturnira lilium;20 - Carollia perspicillata; 21 - Artibeus lituratus.

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maiores apresentassem maior riqueza, com áreas parapreservar populações viáveis de espécies nativas demorcegos, sem risco de desaparecimento. Entretanto,isso não foi observado, pois a Floresta Nacional do Irati,de maior área, apresentou menor número de espécies(nove) que o Parque Estadual Mata dos Godoy (14).Lynch & Whigham (1984) sugerem que a melhorestratégia de preservação das espécies é não alterar aqualidade total do hábitat de procriação, sendo isso maisimportante que enfatizar a extensão de cada reserva.De acordo com Zimmerman & Bierregaard Jr. (1986),uma unidade de conservação grande, sem bons cria-douros, abrigaria um número menor de espécies do queuma pequena com fontes de água e outros recursos desubsistência. Contudo, uma reserva estreita, em formade faixa, poderia até não abrigar espécies raras, pois ovento, a chuva, a vegetação invasora e o barulho — oschamados efeitos de borda (Lewin, 1984) — estariamfazendo com que as espécies mais sensíveis parassemde se reproduzir ou, mesmo, fazendo com que desapa-recessem.

Vendo a bacia do Tibagi em toda sua extensão, épossível observar que ela sofreu e vem sofrendo alte-rações ambientais rápidas e significativas devido ao seupotencial agropecuário, o que demanda cada vez maisapropriações inadequadas de seus recursos naturais, ouseja, a fragmentação dos hábitats vem continuamenteocorrendo em decorrência do crescimento econômico.Conseqüentemente, aquelas espécies cujas necessidadessão maiores correm o risco de desaparecer, pois nemtodos os morcegos podem ser tratados da mesma forma,tendo em vista que, no Brasil, a ordem está representadapor 148 espécies, cada uma com necessidades especí-ficas.

HÁBITOS ALIMENTARES DOS MORCEGOSDA BACIA DO RIO TIBAGI

Sabe-se que o mais primitivo dos morcegos era inse-tívoro, mas os hábitos alimentares desses animais conti-nuaram evoluindo de inúmeras maneiras, e eles mostramagora uma múltipla variedade de dietas: hematófaga,frugívora, insetívora, carnívora, piscívora e nectarívora.Na bacia do rio Tibagi existem representantes de todasessas dietas alimentares.

Mesmo sendo o insetívoro o regime alimentar maisprimitivo, em todo o mundo, das mais de 900 espéciesexistentes, 70% comem insetos (Morton 1989). Das39 espécies de morcegos já encontradas na bacia doTibagi, 22 (56%) têm predominantemente esse regimealimentar, sendo que os insetos constituem-se, nessaregião, num recurso abundante e muito nutritivo. Essasespécies predominantemente insetívoras distribuem-sepelas famílias Vespertilionidae (dez espécies), Molos-sidae (sete espécies), Phyllostomidae (quatro espécies)e Noctilionidae (uma espécie). Os Vespertilionidae e os

Molossidae possuem um sistema de ecolocação muitoevoluído, sendo especializados em capturar insetosnoturnos, na maioria das vezes durante o vôo, com aajuda das asas e membranas. Insetos maiores, que pro-duzem ruídos, podem ser capturados no chão (Linares1986). A família Phyllostomidae é representada, naregião, principalmente pelo grande Phyllostomus has-tatus, que tem uma alimentação muito variada, pois cometambém grandes insetos, flores, frutos, pólen e néctar.Outro morcego encontrado é Chrotopterus auritus, que,embora sendo predominantemente carnívoro, tambémingere insetos.

A frugivoria é o segundo hábito alimentar maiscomum na bacia do rio Tibagi. Onze espécies (28%)apresentam esse hábito alimentar, todas concentradasna família Phyllostomidae, sendo dez da subfamíliaStenodermatinae e uma da Carolliinae. Sabe-se que osmorcegos frugívoros fazem uso do olfato e da visãopara localizar seus frutos (Linares, 1986), e que osmolares dos frugívoros apresentam cúspides visivel-mente achatadas, para amassar a polpa do fruto, carac-terísticas muito nítidas nos frugívoros da bacia, comdestaque para Artibeus lituratus.

Chrotopterus auritus é a única espécie predominan-temente carnívora ocorrente na bacia do rio Tibagi, eesses morcegos são grandes quando comparados aosdas outras espécies da região, podendo ter envergadurade até 57 cm. Alimentam-se preferencialmente depequenos vertebrados, insetos e frutos. Nessa região,foram encontrados, nas suas fezes, pêlos, penas e, tam-bém, restos de coleópteros. Segundo Linares (1986),as aves com odores fortes são as mais procuradas poressa espécie, sugerindo que o odor tenha grande impor-tância no processo de captura. Também foram obser-vados pêlos nas fezes de Phyllostomus hastatus. Gard-ner (1977) mostra que essa espécie apresenta hábitosbem diversificados, incluindo, em sua dieta, insetos,frutos, flores, pólen e néctar — o que também é obser-vado na bacia do Tibagi.

Dentro da cidade de Londrina, devido ao seupotencial hídrico, encontra-se o piscívoro Noctilioleporinus, principalmente nos arredores do lago Igapó.Essa espécie também foi capturada nos arredores darepresa Capivara, na foz do rio Tibagi. Através daemissão de ultra-sons (Morton, 1989), ela detecta opeixe na superfície da água e, com suas grandes garras,captura-o, indo depois comer em lugar seguro.

As três espécies hematófagas são encontradas nabacia do rio Tibagi, sendo, a mais comum, Desmodusrotundus, encontrada em qualquer fazenda de gado daregião. Foi verificada uma correlação positiva entre apreferência dessa espécie e a presença de áreas depastagem. A espécie Diaemus youngi ocorre em baixafreqüência na bacia do rio Tibagi, sendo que, desde1982, quando começaram as pesquisas com morcegosno baixo Tibagi, foi coletado apenas um exemplar, na

A bacia do rio Tibagi

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fazenda Doralice. A espécie Diphylla ecaudata tambémocorre em baixa freqüência: nesse mesmo período,apenas um exemplar foi capturado.

Os morcegos de hábitos alimentares mais interes-santes são, sem dúvida, os nectarívoros e os polinívoros,sendo que, na bacia do Tibagi, foram encontradosAnoura caudifer e Glossophaga soricina. São animaisde língua longa e adaptada, como os beija-flores, queobtêm energia através da coleta de néctar. Os necta-rívoros também se alimentam de pólen. Pelo odor dasplantas visitadas, principalmente das flores e dos frutosmaduros, presume-se que o olfato é muito usado nadetecção de alimentos. A alta dependência que algumasplantas têm dos morcegos para sua reprodução demons-tra que houve significativa coevolução ao longo dotempo.

MORCEGOS URBANOS DA BACIA

Quando falamos de morcegos urbanos, referimo-nos àqueles que melhor se adaptaram a viver em zonasurbanas. Existem concepções de que os morcegos inva-diram as cidades, mas o que provavelmente ocorreufoi a adaptação a um novo ambiente, devida, entre outrosmotivos, à destruição do seu hábitat.

Morcegos insetívoros que antes se abrigavam emocos de árvores, nas matas, agora encontram, nascidades, abrigo seguro em forros de residências e fartaalimentação de insetos, que são atraídos pelas luzes.Frugívoros não-seletivos, com maior potencial adapta-tivo, passaram a se alimentar de árvores ornamentais ede árvores frutíferas de quintal. Essa mudança criouuma realidade onde homens e morcegos passaram aconviver de forma mais intensiva.

É importante ressaltar que Londrina destaca-se porser a maior cidade da bacia, e local onde são realizadascoletas desde 1982 (Muller & Reis, 1992; Reis et al.,1993a, 1993b; Reis & Muller, 1995). A fim de propor-cionar forma gráfica a este trabalho, no período com-preendido entre abril de 1998 e março de 1999 foramrealizadas coletas mensais na região metropolitana dessacidade.

Com o intenso processo de desmatamento do estadodo Paraná, a floresta estacional semidecidual, que antescobria quase todo o estado, hoje está restrita a pequenasilhas verdes. Dessas, a de maior relevância junto à cidadede Londrina é o Parque Municipal Arthur Thomas(85,47 ha). Outras, de menor tamanho, estão repre-sentadas pelo horto florestal da UEL (aproximadamente10 ha da área total do campus universitário, que com-preende 150 ha), pela mata do ribeirão Cambezinho,por matas de galeria e de nascentes de cursos hídricose, ainda, pelo bosque central de Londrina (praça Mare-chal Cândido Rondon), além de outras 170 praças.

Os fundos de vale encontram-se degradados emquase toda a sua extensão urbana, sem a presença de

mata ciliar, e, quando ela existe, é insuficiente paraproteger os cursos hídricos e gerar alimento à faunaaquática. Alguns fundos de vale foram transformadosem depósito de lixo residencial e de restos da construçãocivil, além de terem sido alterados por aterros e insta-lação de favelas.

Para as coletas realizadas nos locais de repousodiurno (abrigos), foram procurados o Corpo de Bom-beiros e a Autarquia do Meio Ambiente da Prefeitura deLondrina, por terem aglutinação de dados fornecidospela comunidade sobre colônias de morcegos. Outroslocais com presença de morcegos foram informadospor habitantes da cidade ao próprio Departamento deBiologia Animal e Vegetal da UEL ou por pessoas doconvívio próximo.

Dezesseis espécies de quatro famílias foram coleta-das (tab. 3), e os locais onde esses animais foram encon-trados mostram sua relação com centros urbanos (fig.3). Os mais coletados foram dois insetívoros (Molossusater, com 214 indivíduos, e Nyctnomops laticaudatus,com 202) e um frugívoro (Artibeus lituratus, com 174exemplares) (tabs. 3 e 4).

Para se abrigar nas cidades, os morcegos precisamencontrar, nelas, condições para realizar suas atividadesbásicas, como alimentação, reprodução e proteção. Noque tange à alimentação, nada melhor do que a con-centração de insetos atraídos pelas luzes. Tanto que osmorcegos mais encontrados foram os insetívoros M.ater e N. laticaudatus, seguidos pelo frugívoro A.lituratus — que possui o maior poder de adaptação doBrasil, capaz de comer de quase todos os frutos dispo-níveis e até folhas (Zortéa & Chiarello, 1994).

MORCEGOS E SAÚDE PÚBLICA

A relação morcego-doença é conhecida há váriasdécadas, sendo bastante estudadas as relações entrefungos patogênicos e morcegos. O crescimento saprofí-tico de Histoplasma capsulatum, o agente da histoplas-mose, em solo contaminado por fezes de morcegos,foi descoberto em 1958 por Emmons (1958). Seguiram-se isolamentos desse mesmo fungo em fezes de mor-cegos nos Estados Unidos, no México, na Venezuela,no Peru, em Trinidad, na África e na Ásia (Ajello 1954;Campins et al., 1956; Ajello, 1960; Klite & Young,1965). Também foram feitos isolamentos de H. capsu-latum em órgãos internos de morcegos no Texas, Ala-bama e Arizona (EUA), no Panamá, em El Salvador ena Colômbia (Shacklette et al., 1962; Emmons et al.,1965; Klite, 1965; Klite & Diercks 1965; Ajello et al.,1967; Di Salvo et al., 1969; Tesh & Marques, 1966).Até 1966, já havia sido isolado H. capsulatum em aproxi-madamente 20 espécies de morcegos (Tesh & Marques,1966).

Outros fungos patogênicos foram citados comotendo sido isolados de morcegos, por exemplo, Para-

Morcegos da bacia do rio Tibagi

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coccidioides brasiliensis (agente da paracoccidiomicose)e Sporothrix schenkii (agente da esporotricose), e aindaoutros fungos responsáveis por algumas dermatites.Também se conhecem casos de dermatófitos associadoscom morcegos, como Tricophyton mentagrophytes (cau-sador de tineas) (Lurie & Way 1957), Microsporumgypseum (um fungo geofílico) (Taylor et al., 1962) eM. canis (agente comum da Tinea capitis) (Marinkelle& Grose 1966). Entretanto, no Rio Grande do Sul,Isquierdo & Estrella (1973) procuraram fungos em 450morcegos de oito espécies diferentes, nada encontrando.

Quanto aos vírus, segundo o manual de manejo econtrole de morcegos que Bredt et al. (1996) elabo-raram, já foram associadas 32 viroses aos morcegos,sendo as mais importantes a encefalite venezuelanaeqüina, causada por Alfavirus, a febre amarela, causadapor Flavivirus, e a raiva, causada por vírus do gêneroLyssavirus. Com relação às bactérias, temos, associadasaos morcegos, a Salmonella, causadora da febre tifóide,a Shigella, causadora de algumas desinterias, a Yersina,causadora da peste bubônica, a Leptospira, causadorada leptospirose, e a Brucella, causadora da brucelose.Ainda temos os protozoários dos gêneros Tripanosoma(causadores da doença de Chagas), Leishmania (causa-dores da leishmaniose) e Plasmodium (causadores damalária), todos associados, tendo os morcegos comohospedeiros.

Mais especificamente quanto à raiva, sabe-se que éuma doença infecciosa causada por um vírus e quepode ser transmitida principalmente por macacos, ca-chorros, gatos e morcegos — e que a transmissão geral-mente se dá através de mordidas. Essa doença, quando

não tratada a tempo, afeta o sistema nervoso central —alterando o comportamento dos infectados — e leva àmorte. Assim, é importante que sejam tomados cuidadosespeciais para evitá-la.

É importante ressaltar que um morcego sadio nãoprocura refúgio dentro de residências, pois esses animaisevitam os seres humanos — e, além disso, os morcegossão guiados por seu sistema de sonar. Assim, foge aocomportamento natural desse animal entrar em casase, se isso acontece, provavelmente ele está desorientado,o que pode ser indício de que está doente. Por isso, nãose deve apanhar morcegos com as mãos e deve-seafastá-los de animais domésticos, prevenindo, assim, atransmissão da raiva, pois pode ser que estejam infecta-dos (todas as espécies de morcegos podem transmitira raiva). Se uma pessoa tiver contato com um morcego,deve procurar imediatamente um posto de saúde paraque sejam tomadas as providências necessárias (sepossível, deve capturar o morcego e levá-lo consigo).Caso um animal doméstico encontre um morcego, deveser levado à Secretaria de Agricultura da cidade (ouórgão que lhe corresponda), porque somente profissio-nais treinados sabem agir com habilidade nessas cir-cunstâncias. Quando o teto de uma residência forinvadido por morcegos, nunca devem ser usados gatospara capturá-los, pois os gatos só vão conseguir pegaraqueles mais lentos e desorientados, que podem estardoentes e, conseqüentemente, transmitir doenças. A prá-tica de entrar em telhados pouco arejados, onde podehaver fezes de morcegos, deve ser evitada, pois, comojá foi visto, fungos patogênicos podem crescer nessesubstrato.

A bacia do rio Tibagi

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Tabela 3. Espécies coletadas no perímetro urbano de Londrina (PR) no período compreendido entre abrilde 1998 e março de 1999. (Ainda foi coletada em perímetro urbano, fora deste período de coleta, Tadaridabrasiliensis.)Família/Espécies Hábito alimentar Quantidade (%)

NoctilionidaeNoctilio leporinus (Linnaeus, 1758) piscívoro 8 1,01PhyllostomidaeCarollia perspicillata (Linnaeus, 1758) frugívoro 25 3,14Artibeus fimbriatus Gray, 1838 “ 6 0,75Artibeus lituratus (Olfers, 1818) “ 174 21,86Chiroderma villosum Peters, 1860 “ 1 0,13Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810) “ 25 3,14Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810) “ 5 0,63VespertilionidaeEptesicus brasiliensis (Desmarest, 1819) insetívoro 26 3,27Eptesicus diminutus Osgood, 1915 “ 1 0,13Lasiurus borealis (Muller, 1776) “ 2 0,25Lasiurus ega (Gervais, 1856) “ 2 0,25MolossidaeEumops glaucinus (Wagner, 1843) insetívoro 20 2,51Molossus ater E. Geoffroy, 1805 “ 214 26,88Molossus molossus (Pallas, 1766) “ 38 2,94Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) “ 202 25,38Nyctinomops macrotis (Gray, 1840) “ 47 5,90

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Morcegos da bacia do rio Tibagi

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A bacia do rio Tibagi

269

O fato de o homem destruir matas e capoeiras loca-lizadas ao redor das cidades, lugares onde os morcegosnaturalmente vivem e se reproduzem, faz com que essesanimais procurem as zonas urbanas para sobreviver.Algumas espécies se adaptam e acabam optando porviver nas cidades.

Existe a concepção de que, na região da bacia doTibagi, os morcegos invadiram as cidades. Na verdade,o que aconteceu é que os homens invadiram os hábitatsdesses animais, o que fez com que aproximadamente40 espécies de morcegos, que moravam na floresta,ficassem restritas aos fragmentos florestais restantes.Aquelas espécies de maior potencial adaptativo, apro-ximadamente nove, predominantemente os insetívorosM. nigricans, E. glaucinus, M. ater, M. molossus, N.laticaudatus e T. brasiliensis, e alguns frugívoros comoC. perspicillata, A. lituratus e S. lilium, se adaptarambem e permaneceram nos ambientes urbanos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A diversidade de hábitats e a ocupação humanadentro da bacia do rio Tibagi proporcionam aspectos esituações que provocam diferentes considerações sobreas condições de sobrevivência das espécies de mor-cegos aí existentes, tendo em vista que, nessa área,duas espécies encontram-se ameaçadas e três presu-mivelmente ameaçadas. Ressalte-se que as conclusõessempre tomam por base os estudos realizados nosfragmentos florestais do baixo Tibagi e nas unidadesmaiores de conservação da bacia, já mencionadas eapontadas na figura 2.

A ocorrência de espécies raras e de espécies comunsse dá, segundo Pianka (1982), pelo ajuste entre osorganismos, no caso entre as espécies de morcegos eo ambiente. A adaptação ou não das espécies ocorreem várias dimensões, onde os morcegos, como asoutras espécies, devem se encaixar nos moldes do ambi-ente, ou seja, à temperatura, à umidade, aos competi-dores, aos predadores e, acima de tudo, à ação antrópica,encontrando uma situação que esteja de acordo comseus limites para que possam sobreviver com populaçõesviáveis geneticamente.

As 16 espécies pouco freqüentes na bacia do rioTibagi são espécies que só se acomodariam nos ambi-entes mais estáveis e não tolerariam mudanças bruscas,ou seja, alterações rápidas no ambiente poderiam inclu-sive ameaçar sua sobrevivência, como é o caso de Myo-tis ruber e Chiroderma doriae, espécies ameaçadas deextinção, e, também, de Pygoderma bilabiatum, M. levise Rogheessa tumida, presumivelmente ameaçadas emtoda a área da bacia do rio Tibagi.

Nenhum organismo está perfeitamente adaptado aoseu ambiente (Fisher, 1930), mas considera-se que ascinco espécies mais freqüentes na bacia, D. rotundus,M. nigricans, S. lilium, C. perspicillata e A. lituratus,

seguramente estão melhor adaptadas e são mais tole-rantes às alterações. Bem diferente é a situação das espé-cies pouco capturadas, que teriam limites de tolerânciamais estreitos, mas que certamente também são impor-tantes para o equilíbrio do ecossistema onde vivem.

O grande risco acontece nas alterações ambientais,pois as espécies mais sensíveis ficam mais fragilizadase aquelas com alto potencial adaptativo, como Artibeuslituratus, altamente agressiva, invadem o espaço dasespécies sensíveis. Com isso, a riqueza total de espéciesdiminui e a biota fica mais pobre e homogeneizada, umavez que espécies comuns ocupam os espaços daquelasque se vão.

Para maior compreensão, sabe-se que fatores denatureza física ou biológica predispõem à diminuiçãoda diversidade (Reis & Muller, 1995). No caso da baciado Tibagi, na Floresta Nacional do Irati, que conta com3.571 ha, mas com área reflorestada de 1.273 ha comPinus elliotii, P. taeda, Araucaria angustifolia e Euca-lyptus sp. (Ibama, 1993), foram coletadas apenas noveespécies, cinco delas consideradas espécies poucosfreqüentes e/ou raras. No Parque Estadual Mata dosGodoy, que conta com uma área de 680 ha, porémconstituída de uma floresta tropical intocada, observa-se, no mesmo período de coletas, 14 espécies, sendodez delas consideradas raras. Uma floresta tropical comgrande número de espécies favorece numerosos nichos(Odum, 1985) e, conseqüentemente, apresenta umadiversidade elevada (Taddei & Pedro, 1998).

As unidades de conservação ambiental protegemvalores ambientais representativos, por isso asseguramo bem-estar das comunidades animais e vegetais, melho-rando as condições do ambiente na região onde estãolocalizadas. Também asseguram os valores naturais quejustificam sua manutenção, devendo-se preservá-laspara que se mantenha a flora e a fauna como bancosgenéticos e centro de educação e pesquisa, visando oti-mizar a interação entre comunidade e natureza, dimi-nuindo, assim, o risco de extinguir espécies.

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