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PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO FUNDAP GABRIELA AGUIAR MESQUITA GALDINO PERFIL DOS PACIENTES EM FASES II, III E IV DE UM PROGRAMA DE REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR E METABÓLICA RIBEIRÃO PRETO 2017

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PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS

FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP

GABRIELA AGUIAR MESQUITA GALDINO

PERFIL DOS PACIENTES EM FASES II, III E IV DE UM PROGRAMA DE

REABILITAÇÃO CARDIOVASCULAR E METABÓLICA

RIBEIRÃO PRETO

2017

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PROGRAMA DE APRIMORAMENTO PROFISSIONAL

SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE

COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS

FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP

GABRIELA AGUIAR MESQUITA GALDINO

Monografia apresentada ao Programa de Aprimoramento Profissional/CRH/SES-SP e FUNDAP, elaborada no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP/ Departamento de Cardiologia

Nome do Aprimoramento: Reabilitação Cardiovascular: Bases Fisiológicas, Fisiopatológicas e o Ensino das Práticas Terapêuticas

Orientador(a): Mariana Adami

Leite e Júlio César Crescêncio

Supervisor(a) Titular: Prof. Dr. Lourenço Gallo Junior

RIBEIRÃO PRETO

2017

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RESUMO

GALDINO, G.A.M. Perfil dos pacientes em fases II, III e IV de um

Programa de Reabilitação Cardiovascular e Metabólica. 2017. 56 f.

Monografia. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São

Paulo – USP, São Paulo, 2017.

Uma das principais doenças do sistema cardiovascular é conhecida

como Doença Arterial Coronariana (DAC) e é a causa mais comum de morte

nos países desenvolvidos e em desenvolvimento em todo o mundo. Existem

alguns fatores de risco diretamente relacionados com a progressão e as

complicações da aterosclerose e a associação entre estes fatores modificáveis

ou não, tem efeito cumulativo; portanto, quanto maior o número e intensidade

de aparecimento, maior a incidência de DAC. Uma das formas de controle

desses fatores se dá através da Reabilitação Cardiovascular, atuando também

no tratamento das doenças cardiovasculares. O objetivo deste estudo foi

analisar o perfil dos pacientes em fases II, III e IV de um Programa de

Reabilitação Cardiovascular e Metabólica (PRCVM). Para obtenção dos dados

deste trabalho realizou-se uma análise retrospectiva de prontuários físicos e

eletrônicos de todos os pacientes inseridos em um banco de dados de um

PRCVM. A partir da pesquisa realizada, foram encontrados que 63,7% (n= 465)

são do sexo masculino e 36,3% (n=265) feminino, com idade média de 56,2 ±

11,7 anos. Os principais fatores de risco encontrados foram: HAS em 80,4%

(n=587), DLP em 70,7% (n=516), sedentarismo em 69,6% (n=508), a DM em

49,5% (n=361), obesidade 41,8% (n= 305), HF+DAC 31,5% (n=230) e TBG em

20,7% (n=151) dos pacientes. O IAM foi a principal manifestação da DAC,

presente 59,6% (n=435), seguido da IC em 17,9 (n=131) e a MCP isquêmica

em 17,9% (n=131). A taxa de abandono/interrupção superou o número de altas

e óbitos, e atingiu 45,9% (n=336) da amostra. Conclui-se que os

frequentadores do PRCVM são coronariopatas, do sexo masculino em idade

produtiva, mais susceptíveis às cardiopatias isquêmicas e têm como principais

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fatores de risco para novos eventos a HAS, DLP e o sedentarismo e baixa

incidência de tabagismo. Por outro lado, houve uma baixa adesão dos

pacientes ao programa, o que estaria relacionado a causas multifatoriais,

levando a uma maior dificuldade de continuidade na reabilitação.

Palavras-chave: “doenças cardiovasculares”, “fatores de risco”,

“reabilitação cardíaca”.

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ABSTRACT

GALDINO, G.A.M. Pacients profile in phases II, III and IV in a Cardiac

and Metabolic Rehabilitation Program. 2017. 56 f. Monografia. Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo – USP, São Paulo,

2017.

One of the major diseases of the cardiovascular system is known as

Coronary Artery Disease (CAD) and is the most common cause of death in

developed and developing countries around the world. There are some risk

factors directly related to the progression and complications of atherosclerosis

and the association between these modifiable factors or not, has a cumulative

effect; Therefore, the greater the number and intensity of onset, the greater the

incidence of CAD. One of the ways of controlling these factors is through

Cardiovascular Rehabilitation, also acting in the treatment of cardiovascular

diseases. The objective of this study was to analyze the profile of patients in

stages II, III and IV of a Cardiovascular and Metabolic Rehabilitation Program

(CMRP). To obtain the data of this work a retrospective analysis of physical and

electronic records of all the patients inserted in a database of a CMRP was

carried out. From the research conducted, 63.7% (n = 465) were males and

36.3% (n = 265) females, with a mean age of 56.2 ± 11.7 years. The main risk

factors were: SAH in 80.4% (n = 587), DLD in 70.7% (n = 516), sedentary

lifestyle in 69.6% (n = 508), DM in 49.5 (N = 361), obesity 41.8% (n = 305), HF

+ CAD 31.5% (n = 230) and TBG in 20.7% (n = 151) of the patients. AMI was

the main manifestation of CAD, present 59.6% (n = 435), followed by HF in 17.9

(n = 131) and ischemic MCP in 17.9% (n = 131). The drop-out rate exceeded

the number of discharges and deaths, and reached 45.9% (n = 336) of the

sample. It is concluded that CMRP patients are coronary arteries, males of

productive age, more susceptible to ischemic heart diseases and have as main

risk factors for new events, hypertension, DLP and sedentary lifestyle and low

incidence of smoking. On the other hand, there was a low adherence of the

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patients to the program, which would be related to multifactorial causes, leading

to a greater difficulty of continuity in the rehabilitation.

Keywords: “cardiovascular diseases”, “risk factors”, “cardiac

rehabilitation”.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1- Caracterização dos pacientes do PRCVM segundo o gênero ....... 21

Gráfico 2- Faixa etária dos pacientes do PRCVM .......................................... 22

Gráfico 3 - Classificação do IMC dos pacientes do PRCVM .......................... 23

Gráfico 4 - Principais patologias do sistema cardiovascular e cerebrovascular

dos pacientes do PRCVM ............................................................................... 24

Gráfico 5 - Principais manifestações da DAC nos pacientes do PRCVM ....... 25

Gráfico 6 - Prevalência das Miocardiopatias nos pacientes do PRCVM......... 25

Gráfico 8 - Caráter de tratamento clínico e cirúrgico nos pacientes do

PRCVM ........................................................................................................... 27

Gráfico 9 – Participação dos pacientes nas fases II, III e IV do PRCVM ........ 27

Gráfico 10 – Adesão dos pacientes ao PRCVM ............................................. 28

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Figura 1 – Esquema de formação da placa aterosclerótica. ............................ 3

Tabela 1– Classificação internacional da obesidade segundo o índice de

massa corporal (IMC) e risco de doença (Organização Mundial da Saúde)

que divide a adiposidade em graus ou classes. Erro! Indicador não definido.

Tabela 2 – Características antropométricas e idade dos pacientes do

PRCVM ........................................................................................................... 22

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LISTA DE ABREVIATURAS

AGP Angioplastia

AVE Acidente vascular encefálico

CDI Cárdio-desfibrilador implantável

CEP Comitê de Ética em Pesquisa

CRVM Cirurgia de revascularização miocárdica

CT Colesterol total

DAC Doença arterial coronariana

DAP Doença arterial periférica

DCV Doença cardiovascular

DLP Dislipidemia

DM Diabetes mellitus

DM2 Diabetes mellitus tipo 2

EUA Estados Unidos da América

HAS Hipertensão arterial sistêmica

HDL High density lipoprotein

HF+DAC História familiar para doença arterial coronariana

IAM Infarto agudo do miocárdio

IC Insuficiência cardíaca

ICP Intervenção coronária percutânea

IMC Índice de Massa Corporal

LDL Low density lipoprotein

MCP Miocardiopatia

MP Marcapasso

OMS Organização Mundial de Saúde

PA Pressão arterial

PRCV Programa de reabilitação cardiovascular

PRCVM Programa de reabilitação cardiovascular e metabólica

RCV Reabilitação cardiovascular

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SDT Sedentarismo

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TCP Teste cardiopulmonar

TE Teste ergométrico

TX Transplante

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1

1.1 Doenças Cardiovasculares ................................................................ 1

1.1.1 Doença Arterial Coronariana .................................................... 1

1.1.1.1 Infarto Agudo do Miocárdio...................................................... 3

1.1.1.2 Insuficiência Cardíaca ............................................................. 4

1.2 Fatores de risco cardiovasculares...................................................... 5

1.3 Programa de Reabilitação Cardiovascular ....................................... 10

1.3.1 Definição ................................................................................ 11

1.3.2 História ................................................................................... 12

1.3.2.1 Fase I ............................................................................................ 13

1.3.2.2 Fase II ........................................................................................... 14

1.3.2.3 Fase III .......................................................................................... 15

1.3.2.4 Fase IV ......................................................................................... 16

2 JUSTIFICATIVA ........................................................................................ 17

3 OBJETIVO GERAL ................................................................................... 18

4 MÉTODOS ................................................................................................. 19

5 RESULTADOS .......................................................................................... 21

6 DISCUSSÃO .............................................................................................. 29

7 CONCLUSÃO ............................................................................................ 37

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 38

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1

1 INTRODUÇÃO

1.1 Doenças Cardiovasculares

A doença cardiovascular (DCV) é um fenômeno de causa multifatorial e

sistêmico que envolve fatores hereditários e ambientais que, afetam o sistema

circulatório, ou seja, o coração e os vasos sanguíneos (artérias, veias e vasos

capilares)1.

É a principal causa de morbidade e mortalidade no mundo. Estima-se

que 17,5 milhões de pessoas morreram em 2012 devido à essas doenças2,

evidenciando que 7,2 milhões foram devido às síndromes coronarianas, 5,5

milhões à doença vascular cerebral e 3,0 milhões à hipertensão arterial

sistêmica e a outras cardiopatias3.

No Brasil, representam um grave problema de saúde pública1. De

acordo com os últimos dados do DATASUS (2013)4, a mortalidade por doenças

do aparelho circulatório foi de 339.672 e por doenças isquêmicas foi de

106.788 em todo o país4.

As DCVs afetam os indivíduos em faixa etária produtiva, modificam a

qualidade de vida, causando morte e incapacitação e por isso prejudicam o

desenvolvimento socioeconômico e familiar de todo o país, além do impacto

sobre os sistemas de saúde e seguridade social5.

1.1.1 Doença Arterial Coronariana

A doença arterial coronariana (DAC) é a causa mais comum de morte

nos países desenvolvidos e em desenvolvimento em todo o mundo. No Brasil,

a mortalidade relacionada à DAC oscila entre 11,3 a 2,5 óbitos por 100.000

habitante. As taxas de mortalidade, por DAC vêm diminuindo nos últimos anos,

porém, ainda permanecem elevadas, refletindo assim em gastos elevados com

tratamento e reabilitação desses pacientes6.

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O principal mecanismo da DAC é caracterizado pela diminuição do

lúmen das artérias coronárias em decorrência do espessamento endotelial

causado pelo acúmulo de placas ateromatosas7.

Segundo Ross (1996), o processo de formação das placas inicia-se a

partir da lesão endotelial, que provoca a formação de moléculas de adesão,

alteração de monócitos, fagócitos e partículas de lipoproteínas de baixa

densidade (LDL, do inglês: Low density lipoprotein), levando ao surgimento de

estrias gordurosas, com o estágio inicial de formação da placa8.

A placa cresce lentamente, diminuindo o fluxo sanguíneo, e pode

bloquear completamente a artéria. Os depósitos de colesterol associados à

proliferação celular podem se tornar grandes ao ponto da placa projetar-se

para o lúmen da artéria, reduzindo acentuadamente o fluxo sanguíneo e

causando oclusão completa do vaso. A lesão contínua do endotélio causa

agregação e deposição plaquetária, produção e crescimento de células

musculares lisas, com evolução da placa de ateroma e perda da atividade de

relaxamento arterial9.

A cronicidade da aterosclerose resulta numa resposta fibroproliferativa

da parede arterial por agressão ao endotélio, provocando a deposição de

gordura, colesterol, plaquetas e fibrina, com a formação de placas enrijecidas e

a redução da elasticidade e da luz arterial, principalmente a coronariana8

(Figura 1). Consequentemente há a morte celular resultando na formação de

um núcleo necrótico propiciando à instabilidade da placa. Esta pode romper-se

e expor seu conteúdo ao plasma sanguíneo, gerando um coágulo e

bloqueando o fluxo de sangue9.

As repercussões deste processo podem ser apresentadas como:

angina estável (placa severa estável), angina instável (placa severa instável),

infarto agudo do miocárdio (por oclusão total), morte súbita e é causa frequente

de insuficiência cardíaca (IC) por disfunção ventricular10.

O surgimento da dor anginosa se dá principalmente quando o indivíduo

é exposto a fatores precipitantes7. A angina ou dor anginosa pode ser o

principal fator desencadeante para a ocorrência de isquemia miocárdica e

cerca de 90% dos casos são decorrentes de aterosclerose coronária7.

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Figura 1 – Esquema de formação da placa aterosclerótica (Zen, 2015)11.

1.1.1.1 Infarto Agudo do Miocárdio

O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) caracteriza-se pela morte de

cardiomiócitos, ou seja, células cardíacas, causadas por um período de

isquemia prolongada. Na maior parte dos casos, essa isquemia é causada por

trombose e/ou vasoespasmo sobre uma placa aterosclerótica. Então, o trombo

desloca-se do subendocárdio para o subepicárdio. A maioria desses eventos é

gerada por rotura súbita e formação de trombo sobre placas vulneráveis,

inflamadas, ricas em lipídios e com capa fibrosa delgada. Uma menor

incidência está relacionada à erosão da placa aterosclerótica12.

Após a interrupção do fluxo sanguíneo, a área miocárdica acometida

pela isquemia perde a capacidade de contratilidade e encurtamento. Como

consequência da extensão da isquemia, pode ocorrer o comprometimento da

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bomba ventricular, o que causa redução do débito cardíaco, do volume sistólico

e da pressão arterial13.

As taxas de mortalidade ficam em torno de 30% e que nas primeiras

das horas do evento metade vão a óbito e 14% antes de receber atendimento

médico. Porém, quando admitidos e atendidos precocemente a mortalidade

diminui. Com o desenvolvimento de novas terapêuticas como fibrinolíticos e a

angioplastia primária, as taxas de mortalidade declinaram até cerca de 6% a

8% nos primeiros 30 dias após o infarto12.

1.1.1.2 Insuficiência Cardíaca

Outra cardiopatia comumente descrita é a IC. Esta doença apresenta

alta morbimortalidade e letalidade, e sua prevalência tende a aumentar,

sobretudo devido ao envelhecimento populacional e ao aumento da expectativa

de vida dos indivíduos acometidos por eventos coronarianos agudos14.

No Brasil, a IC é uma importante causa de hospitalização,

principalmente após os 60 anos de idade15. É a segunda maior causa de

internação por doença cardiovascular16. Segundo dados do Ministério da

Saúde17 no ano de 2012 houve 26.694 óbitos por IC no Brasil. Para o mesmo

ano, das 1.137.572 internações por doenças do aparelho circulatório, em torno

de 21% foram devidas à IC17.

A IC é definida como a inabilidade do coração de manter as demandas

teciduais por anormalidades na função ventricular e da regulação neuro-

humoral, com o surgimento de alguns sintomas como a fadiga, dispneia e

consequentemente intolerância ao esforço físico18.

Portanto, é a via final da maioria das doenças que acometem o coração,

sendo um dos mais importantes desafios clínicos atuais na área da saúde e um

problema epidêmico em progressão19. Resulta-se de várias alterações

anatômicas, funcionais e biológicas desencadeadas a partir de um insulto

inicial que acomete o miocárdio e o impossibilita de gerar força e manter sua

função contrátil adequada20.

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1.2 Fatores de risco cardiovasculares

O termo “fator de risco” para DCV passou a ser utilizado a partir da

metade do século passado após a publicação dos achados do consagrado

estudo Framingham – Heart Study21. Ao longo dos últimos 60 anos, outras

grandes coortes observacionais Seven Countries Study22, Nurses’ Health

Study23 e, mais recentemente, o INTERHEART24 – consolidaram a importância

de determinados comportamentos e fatores de risco na gênese e nas

complicações da DCV25.

Devido à dificuldade de identificar com exatidão quem desenvolverá

cardiopatia isquêmica decorrente de uma lesão aterosclerótica, existem alguns

fatores de risco diretamente relacionados com a progressão e as complicações

da aterosclerose. A associação entre estes fatores tem efeito cumulativo;

portanto, quanto maior o número e intensidade de aparecimento, maior a

incidência das doenças cardiovasculares. Atualmente, sugere-se que mais de

80% dos casos de morte por doenças cardiovasculares estejam associadas a

fatores de risco já conhecidos26.

Os fatores dividem-se e modificáveis e não modificáveis. Sabe-se que,

alguns esses fatores para DCVs estariam relacionados com o estilo de vida e

poderiam ser modificados27. Os principais são: tabagismo, diabetes melito

(DM), dislipidemia (DLP), obesidade, hipertensão arterial sistêmica (HAS) e

sedentarismo. São os que mais devem receber a atenção no sentido de

intervenções preventivas, os quais se devem atentar quando se avalia o risco

individual1.

Os não modificáveis são todos aqueles relacionados à herança genética

de um indivíduo, como hereditariedade, idade, gênero e raça, ou seja, fatores

que não podem ser modificados, porém quando existe a possibilidade de

mudança no estilo de vida, o risco de ocorrência precoce de eventos

cardiovasculares precoce é reduzido28.

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1.2.1 Gênero

Segundo dados epidemiológicos, a incidência de morbimortalidade é

maior e aparece mais precocemente nos homens do que nas mulheres,

devido às complicações da doença aterosclerótica29.

Porém, esse cenário se modifica quando as mulheres atingem a pós-

menopausa. O estudo Framingham explica que, com o aumento da idade

as mulheres apresentam maior incidência de doenças cardiovasculares,

principalmente as isquêmicas, pois, com a menopausa há a redução de

estrógenos e o aceleramento do depósito de lípides nas paredes das

artérias30.

1.2.2 Idade

A idade é um importante fator de risco e está relacionada com o

processo de envelhecimento. Com o envelhecimento, o sistema cardiovascular

passa por algumas mudanças, entre elas: surgimento do processo de

arteriosclerose, menor distensibilidade arterial, comprometimento da atividade

elétrica do coração, principalmente de condução, e diminuição da função

barorreceptora. Portanto, o avançar da idade, tanto de homens quanto de

mulheres, aumenta as chances de ocorrência de doença cardiovascular,

principalmente a DAC31.

A DAC é a causa de 70 a 80% de mortes, em ambos os gêneros e a IC

é a causa mais comum de internação hospitalar e também de morbimortalidade

em idosos. Por outro lado, a IC continua aumentando, portanto, medidas

preventivas são importantes e necessitam de atenção para reduzir ou evitar os

problemas de coração na população idosa31.

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1.2.3 História Familiar para DAC

A hereditariedade ou história familiar é um fator importante que não pode

ser modificado e pode ser agravado quando associado ao estilo de vida26.

O indivíduo que tem familiares diretos como pai, mãe e irmãos que

apresentaram a doença antes dos 55 anos de idade, tem um risco maior de

doença cardiovascular e precoce 26.

1.2.4 Tabagismo

O tabagismo é o principal fator modificável, portanto a principal causa de

morte evitável no mundo em função de sua atuação como precursor de

diversas doenças e sua alta prevalência32.

O mecanismo envolvido nos eventos cardiovasculares em fumantes

envolve ações sobre a parede dos vasos sanguíneos, sistema de

coagulação e lípides, acelerando o processo aterosclerótico, promovendo

lesão endotelial coronária e infiltração gordurosa, aumentando assim a

incidência de IAM e morte súbita32.

Desta forma, o cigarro duplica o risco na doença arterial coronariana10.

Quando o consumo de cigarros é reduzido a prevalência de DAC em

homens também reduz. O consumo de cigarros reduz a proteção à DAC na

população feminina em idade fértil34.

1.2.5 Hipertensão Arterial Sistêmica

A Hipertensão arterial sistêmica (HAS) é considerada uma condição

clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis

pressóricos ≥ 140 mmHg de pressão sistólica e/ou 90 mmHg de pressão

diastólica35. Envolve alterações estruturais das artérias e do miocárdio,

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relacionadas à disfunção endotelial, à constrição e ao remodelamento da

musculatura lisa36. Na maioria das vezes se associa a distúrbios

metabólicos, alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos-alvo (coração,

encéfalo, rins e vasos sanguíneos), sendo agravada pela presença de

outros fatores de risco (FR), como DLP, obesidade abdominal, intolerância

à glicose e DM35.

É considerada como um fator de risco independente para morte súbita,

acidente vascular encefálico (AVE), IAM, IC, doença arterial periférica

(DAP) e doença renal crônica (DRC), fatal e não fatal35.

A mortalidade por DCV aumenta progressivamente com a elevação da

pressão arterial (PA) de forma linear, contínua e independente37.

1.2.6 Diabetes Melito

É definido como uma doença metabólica caracterizada por

hiperglicemia, resultante de defeitos na secreção de insulina e/ou em sua

ação38.

No Brasil em 2014, estimou-se que existiriam 11,9 milhões de pessoas,

na faixa etária de 20 a 79 anos, com diabetes, podendo alcançar 19,2

milhões em 203539. Acredita-se que há a influência da idade na prevalência

de DM, com incremento de 2,7% na faixa etária de 30 a 59 anos para

17,4% na de 60 a 69 anos, ou seja, um aumento de 6,4 vezes40.

Em portadores de DM as doenças cardiovasculares são responsáveis

por aproximadamente 80% dos óbitos34.

A presença de DM é um fator de risco independente para DAC, AVE,

DAP e IC, que são as principais causas de morte nesses pacientes41. O

risco relativo para DCV aumenta de duas a quatro vezes nos pacientes com

DM2 em comparação com a população em geral42.

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1.2.7 Dislipidemia

A dislipidemia (DLP) também é considerada como fator de risco para

DAC e é caracterizada por distúrbios nos níveis de lipídios circulantes com

ou sem repercussão sobre o território vascular, associada a manifestações

clínicas diversas43.

Pode ser influenciada por distúrbios genéticos e/ou adquiridos. Entre as

variáveis ambientais envolvidas na determinação do perfil lipídico incluem-

se tabagismo, sedentarismo e alimentação44.

Assim sendo, o risco de DAC aumenta proporcionalmente ao aumento

de colesterol total (CT) e LDL. Já para as lipoproteínas de alta densidade

HDL (do inglês: high density lipoprotein) o risco é inverso, quanto maior seu

valor, menor o risco de DAC1.

1.2.8 Sedentarismo

Apesar do sedentarismo, que é a falta de atividade física regular,

assumir um papel extremamente importante como fator de risco para DAC e

apesar depender de outros fatores, acredita-se que este seja responsável

por 22% das doenças isquêmicas do coração45.

Segundo Fernandes et al. (2008)46 mostraram em seu estudo que a

atividade física aeróbica de moderada intensidade quando realizada de

forma regular, no mínimo 30 minutos ao dia pelo menos 3 vezes na semana

pode atingir impacto na redução do risco de evento cardiovascular na

ordem de 30% a 40%46.

1.2.9 Obesidade

O sobrepeso e a obesidade são determinados pelo Índice de Massa

Corporal (IMC). O IMC (calculado através da divisão do peso em kg pela

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10

altura em metros elevada ao quadrado, kg/m²) é o mais usado para

avaliação da adiposidade corporal47.

Na população brasileira, tem-se utilizado a tabela proposta pela OMS

para classificação de sobrepeso e obesidade48 (Tabela 1). Utilizado como

parâmetro para diagnóstico e associado ao sedentarismo, aumenta

positivamente o risco de desenvolver doença cardiovascular49.

Aproximadamente 32% da população brasileira apresenta sobrepeso, ou

seja: IMC >25, sendo esta taxa de 38% para o sexo feminino e de 27% para

o sexo masculino. A obesidade (IMC >30) foi encontrada em 8% da

população brasileira50.

Tabela 1 Classificação internacional da obesidade segundo o índice de massa

corporal (IMC) e risco de doença (Organização Mundial da Saúde) que divide a adiposidade em graus ou classes.

Fonte: World Health Organization (2000).

1.3 Programa de Reabilitação Cardiovascular

As DCVs são causa importante de incapacidade física e de invalidez,

contribuindo significativamente para o aumento de despesas com saúde51.

Miller et al. (1997)52 mostraram que, indivíduos sedentários tinham risco

duas vezes maior de desenvolver DAC que indivíduos ativos. Além disso,

evidenciaram uma diminuição de 20% a 25% no risco de morte nos pacientes

IMC(kg/m2) Classificação Grau de obesidade Risco de doença

<18,5 Magro ou baixo peso 0 Normal ou elevado

18,5-24,9 Normal ou eutrófico 0 Normal

25-29,9 Sobrepeso ou pré obeso 0 Pouco elevado

30-34,9 Obesidade I Elevado

30-39,9 Obesidade II Muito elevado

≥40,0 Obesidade grave III Muitíssimo elevado

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11

pós IAM que estavam ativos em um Programa de Reabilitação Cardiovascular

(PRCV), quando comparados aos pacientes sem reabilitação, apenas com

tratamento clínico convencional52.

Porém, somente em 1999 Belardinelli e cols.53 realizaram o primeiro

ensaio clínico randomizado, demonstrando que a reabilitação cardíaca tem

impacto sobre mortalidade nessa população. Dentre os 99 pacientes que

participaram do estudo, os cinquenta indivíduos randomizados para programa

de exercício físico por 14 meses apresentaram redução na mortalidade por

todas as causas (42%), por causas cardíacas (22%), além de diminuição

consistente na taxa de re-internação hospitalar por insuficiência cardíaca

(19%), quando comparados aos 49 arrolados para o grupo controle53.

Ademais, tanto em pacientes portadores de cardiopatia, como em

indivíduos saudáveis, observa-se uma forte associação entre baixa capacidade

física e risco de morte, afirmando a importância de um PRCV e a prática de

exercícios físicos53.

1.3.1 Definição

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Reabilitação

Cardiovascular (RCV) é um conjunto de atividades necessárias para garantir

aos pacientes portadores de cardiopatia as melhores condições física, mental e

social, de forma que eles consigam, pelo seu próprio esforço, reconquistar uma

posição normal na comunidade e levar uma vida ativa e produtiva54.

Desta forma, a RCV envolve uma equipe multiprofissional e possui

alguns pilares que a sustentam e devem ser salientados: mudanças no estilo

de vida com ênfase na atividade física programada, adoção de hábitos

alimentares saudáveis, cessação do tabagismo e do uso de drogas ilícitas,

além de estratégias para diminuir o estresse51.

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1.3.2 História

Desde o século XIX, encontra-se achados de atividade física e doença

cardiovascular. Pouco antes da década 30 já havia relatos dos primeiros

estudos sobre os efeitos da atividade física e o sistema cardiovascular62.

Em 1939, Mallory e col55 publicaram um artigo no American Heart

Journal, descrevendo como de 3-4 semanas, o tempo de cicatrização do IAM.

A partir do estudo de 72 casos fundamentaram o a necessidade de repouso

após o evento, por 6-8 semanas. A progressão do IAM era considerada

irreversível, com complicações tromboembólicas frequentes. Portanto, os

pacientes eram orientados ao afastamento prolongado do trabalho e à

aposentadoria precoce, provocando sentimento de invalidez com importante

reflexo na vida familiar e social55.

Em 1951, Levine e Lown56 recomendaram a mudança do paciente com

trombose coronária aguda, do leito para a cadeira, propiciando uma

mobilização intra-hospitalar mais precoce. A partir da experiência adquirida em

Centros de Reabilitação nos Estados Unidos da América (EUA) e na Europa,

cria-se a 1ª Work Classification Clinic, em 1944, com o objetivo de orientar o

trabalhador com problemas cardiovasculares para o tipo de atividade laborativa

que pudesse ser desempenhada com segurança. Desta forma, 85-90% dos

portadores de cardiopatia puderam retornar à algum tipo de ocupação laboral56.

Saltin et al. (1966)57, mostraram que três semanas de imobilização no

leito diminuía a capacidade funcional em 20% a 30%, sendo necessárias nove

semanas de treinamento físico para o retorno à capacidade física prévia ao

evento. Posteriormente, métodos científicos para a prescrição de exercícios

foram criados e surgiram numerosos programas supervisionados, a partir de

que, o paciente com insuficiência coronária poderia melhorar, de forma segura,

a capacidade aeróbia, a função cardiovascular e a qualidade de vida, quando

submetidos à RCV.

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Em 1981, Franciosa et al58 , descreveram a modificação promovida pela

atividade física a nível periférico e passaram a estimular o treino físico em

pacientes com IC crônica, objetivando-se a melhoria da classe funcional.

Em 1982, criou-se nos EUA o Journal of Cardiopulmonary Rehabilitation,

que tem sido importante no mundo científico da RCV, por incorporar avaliação

clínica e pesquisa58.

Na década de 90, dois autores (Ornish e col 59, Schuller 60-61 e col)

demonstraram que, associado à dieta, a RCV contribui na regressão da placa

aterosclerótica e verificaram em estudos randomizados a redução da

mortalidade cardíaca em 25% nos pacientes submetidos a RCV.

Idealizada inicialmente para doentes com IAM não complicado,

atualmente a RCV contempla doentes submetidos à revascularização coronária

(percutânea ou cirúrgica), com angina estável, doença arterial periférica,

cardiopatia congênita, doença valvular, IC e transplante cardíaco62.

A RCV visa não somente a melhora do estado fisiológico, mas, também

o psicológico, baseando-se numa intervenção multidisciplinar. Além disso,

promove envolvimento social, melhorando a qualidade de vida, evitando

eventos cardiovasculares desfavoráveis e controlando fatores de risco em

geral51. Desta maneira, a RCV dividiu-se em quatro fases63.

1.3.2.1 Fase I

A Fase I da RCV ocorre no período de internação hospitalar, em unidade

de terapia intensiva, unidade coronariana ou enfermaria, onde os pacientes são

admitidos para compensações clínicas tais como IC, controle dos fatores de

risco para DAC, tratamento clínico e/ou intervenções para patologias como as

síndromes coronarianas agudas (SCA), Valvopatias, Cardiopatias Congênitas,

pós-intervenção coronariana percutânea (ICP) e PO de cirurgias cardíacas

como trocas e plastias valvares, cirurgia de revascularização do miocárdio

(CRVM) e transplante (TX) cardíaco62.

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14

As atividades realizadas durante o atendimento são de baixa intensidade

(2 a 5 METS) e o gasto energético da fase I da RCV pode ser correlacionado

com as atividades de vida diária (AVD) realizadas pelo paciente, gerando

pequena sobrecarga ao miocárdio64.

Na maioria dos casos, os indivíduos estão muito vulneráveis e

contemplativos a novas propostas para a mudança do estilo de vida. Além dos

exercícios, também tem-se a oportunidade de trabalhar na educação, repassar

informação sobre a doença e sobre a importância de controlar os fatores de

risco, preparando assim o paciente para a retomada de uma vida ativa e

produtiva63.

1.3.2.2 Fase II

Já a fase II acontece após a alta e é, portanto a primeira etapa extra-

hospitalar. O tempo de duração é três a seis meses, podendo em algumas

situações se estender por mais tempo. Pode ser feita dentro de variadas

estruturas como o próprio complexo hospitalar ou outro ambiente próprio para a

prática de exercícios físicos (clube esportivo, ginásio de esportes, sala de

ginástica etc.)63.

Essa fase é supervisionada e monitorizada (verificação de frequência

cardíaca, pressão arterial, saturação de oxigênio e glicemia) por profissionais

habilitados, além disso, o programa de exercícios é individualizado para cada

paciente em termos de intensidade, duração, frequência, modalidade e

progressão63.

Portanto, o principal objetivo desta fase é contribuir para o mais breve

retorno do paciente às suas atividades sociais e laborais, nas melhores

condições físicas e emocionais possíveis63.

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15

1.3.2.3 Fase III

Posterior à fase II, inicia-se a fase III, mas que pode ser iniciada em

qualquer etapa da evolução da doença, não sendo obrigatoriamente sequência

das fases anteriores. O paciente ingressa nesta etapa quando atinge

estabilização do quadro e evolução nos exercícios. Ainda continua sendo

supervisionada por um profissional habilitado com duração prevista de seis a

vinte e quatro meses63.

Os objetivos, portanto, são: aumentar ou manter a capacidade funcional;

continuar com o plano de exercícios propostos na fase II; controle dos fatores

de risco; controle do peso e adequada nutrição; buscar e garantir o bem-estar

psicológico. Nesta fase o indivíduo aprimora sua condição física além de

melhorar a qualidade de vida através da redução de complicações clínicas63.

As indicações do treinamento físico incluem indivíduos aparentemente

sadios; portadores de fatores de risco de doença coronária aterosclerótica

(tabagismo, HAS, DLP, DM, obesidade, sedentarismo e outros); indivíduos com

teste ergométrico (TE) anormal e ou cinecoronariografia anormal; portadores

de DAC: isquemia miocárdica silenciosa, angina estável, pós-IAM, pós-

revascularização miocárdica; pós- angioplastia coronária; valvopatias;

portadores de cardiopatias congênitas; cardiopatia hipertensiva; cardiomiopatia

dilatada; pós-transplante cardíaco; portadores de marcapasso63.

As contraindicações do treinamento nesta fase incluem: extra-sistolia

ventricular classe II, III e IV de Lown; arritmia supraventricular de alta

frequência não controlada; aneurisma ventricular; estenose aórtica moderada;

cardiomiopatia hipertrófica; cardiomegalia acentuada; anemias em geral,

inclusive anemia falciformes; distúrbios metabólicos não compensados

(diabetes, tireotoxicose, mixedema, dislipidemias graves, hiperuricemia);

distúrbios neuromusculares, musculoesquelético e osteoarticulares

incapacitantes; distúrbios psiconeuróticos terapia-dependente; insuficiência

respiratória moderada62.

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1.3.2.4 Fase IV

A fase IV caracteriza-se por ser realizada de forma não supervisionada,

com duração indefinida e de maneira variável. O próprio paciente adéqua sua

disponibilidade de tempo para a realização do treinamento e às preferências

em relação as atividades recreativas63.

Os principais objetivos desta fase são a manutenção dos ganhos obtidos

nas etapas anteriores e auxiliar o paciente a manter um estilo de vida saudável.

Desta forma, o grande desafio é conseguir mudanças permanentes com

um estilo de vida saudável, atividade física e controle adequado dos fatores de

risco63.

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2 JUSTIFICATIVA

Pesquisar sobre a existência de fatores de risco cardiovasculares em

pacientes frequentadores de um programa de reabilitação cardiovascular

possui uma tripla relevância: científica, pessoal e social.

No que concerne ao conhecimento científico, a pesquisa preencherá

lacunas existentes no âmbito teórico. Tais lacunas se devem a informações de

difícil acesso, uma vez que a bibliografia específica ao tema abordado é

escassa.

Ademais, ultimamente foram descritos inúmeros benefícios do exercício

físico regular em portadores de cardiopatia, além de uma melhora na

capacidade funcional, principal objetivo de um PRCVM. De uma forma geral, a

prática regular de exercícios é responsável por mudanças nos estados de

humor, tais como diminuição da fadiga, ansiedade, depressão, estresse,

aumento no vigor, no estado de alerta e na energia.

Os pacientes que aderem a programas de reabilitação cardíaca

apresentam inúmeras mudanças hemodinâmicas, metabólicas, miocárdicas,

vasculares, alimentares e psicológicas que estão associadas ao melhor

controle dos fatores de risco e à melhora da qualidade de vida.

Com a investigação do perfil de indivíduos frequentadores do PRCV, o

presente trabalho pretende encontrar caminhos para a otimização do serviço

prestado, além de uma intervenção eficaz para o controle desses fatores de

risco modificáveis através da prática de atividade física.

Uma vez otimizado o serviço prestado nos PRCVMs, além do controle

dos fatores de risco modificáveis e não modificáveis para DAC, toda a

sociedade é beneficiada.

Conhecer o perfil dos indivíduos que fazem parte de um treinamento

físico supervisionado trará melhor qualidade de vida além de mudança no estilo

de vida, melhora da capacidade funcional, reduzirá o número de internações, e

consequentemente diminuirá a mortalidade pelas afecções cardiovasculares,

visto que, haverá maior controle dos fatores de risco.

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18

3 OBJETIVO GERAL

Apresentar o perfil dos pacientes frequentadores das fases II, III e IV de

um Programa de Reabilitação Cardiovascular e Metabólica (PRCVM).

3.1 Objetivos específicos

Os objetivos específicos foram:

Incluir todos os pacientes do banco de dados de um PRCVM

desde o seu início em 2002 até 2016.

Informar e separar as patologias cardiovasculares em diferentes

grupos.

Evidenciar todos os fatores de risco para DAC nos pacientes

frequentadores de PRCVM.

Evidenciar quais medidas de tratamento foram tomadas.

Verificar por qual ou quais fases da RCV os pacientes treinaram,

além do número de pacientes ativos em um PRCVM e os óbitos.

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4 MÉTODOS

4.1 Sujeitos

Trata-se de um estudo retrospectivo, descritivo, realizado através de

coleta de um banco de dados e quando necessário, de prontuários físicos e

eletrônicos dos pacientes frequentadores de um PRCVM do Hospital das

Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São

Paulo. Foram analisados os dados demográficos, clínicos, antropométricos e a

incidência dos fatores de risco para DCVs, de todos os pacientes admitidos no

Programa, no período de março de 2002 a março de 2016.

Foram excluídos do banco de dados os pacientes que não iniciaram as

fases II, III ou IV da Reabilitação por motivos não especificados e prontuários

físicos e eletrônicos com informações incompletas.

Foram incluídos na pesquisa pacientes portadores de diversos fatores

de risco para doenças cardiovasculares, de diferentes etiologias, com ou sem

intervenção cirúrgica como: angioplastia, revascularização miocárdica,

transplante cardíaco e troca valvar, com ou sem marcapasso, CDI e

ressincronizador cardíaco de ambos os sexos, em qualquer faixa etária.

4.2 Implicações éticas

O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foi dispensado

por não haver abordagem física aos pacientes. Os indivíduos envolvidos nesta

pesquisa tiveram assegurada sua privacidade e os resultados serão divulgados

garantindo o anonimato dos participantes do PRCVM. O projeto desse estudo

foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) nº 15646/2016 do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo.

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20

4.3 Procedimentos

Foram coletados dados de uma planilha do software Excell e novos

dados acrescentados através da leitura dos prontuários, onde todas as

informações foram estruturadas, organizadas e padronizadas. Esta foi criada

para incluir todos os pacientes que realizaram Teste Ergométrico (TE) ou Teste

Cardiopulmonar (TCP) e que posteriormente, necessitariam de RCV. Desta

forma, há um banco de dados sempre atualizado sobre o fluxo de pacientes

incluídos no programa. Algumas informações foram registradas através dos

prontuários físicos ou eletrônicos fornecidos pelo software do Hospital.

A planilha do banco de dados era composta pelas variáveis: registro

geral; nome; registro; gênero; idade; fatores de risco (HAS, DM, DLP, TBG,

sedentarismo, HF+ DAC, IMC), presença de DAC; IAM; patologias de base (IC,

miocardiopatias (MCP), valvopatias, arritmias, AVC, angina estável, angina

instável, síncope neurocardiogência; aneurisma de aorta); tipos de

intervenções (tratamento clínico, angioplastia, revascularização miocárdica, TX

cardíaco), fases da reabilitação (fase I, fase II, fase III e fase IV), situação no

programa (alta, ativo, inativo, interrompido, abandono e óbito). Estes dados

foram manipulados de forma padronizada com legenda e posteriormente

enviados ao software IBM SPSS Statistic 20 para processamento dos dados.

4.4 Análise de dados

Foi realizada análise estatística quantitativa, em porcentagem, média e

desvio-padrão, utilizando o software SPSS Statistic 20 e posteriormente

gerados os gráficos no software Excell. As variáveis categóricas foram

expressas em números totais e porcentagens. A autorização para consulta aos

prontuários físicos foi realizada junto ao responsável do Serviço de Arquivo

Médico do Hospital de Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

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5 RESULTADOS

5.1 Perfil demográfico

No período de 2002 a 2016, foram incluídos no PRCVM 777 indivíduos,

sendo todos os prontuários físicos e eletrônicos desses pacientes revisados.

Foram excluídos do estudo 47 prontuários (físicos e eletrônicos) por conterem

informações insuficientes como: patologias cardiovasculares, peso, altura e por

quais fases da Reabilitação os pacientes estiveram presentes. Desta forma

foram analisados 730 prontuários inclusos no banco de dados.

A caracterização demográfica pode ser analisada pelo gráfico 1. Dos

730 pacientes estudados, 465 eram do sexo masculino (63,7%) e 265 do sexo

feminino (36,3%), com idade média de 56,2 ± 11,7 anos.

A maior faixa etária foi de 50 a 69 anos (453 pacientes – 62%), um

considerável número com idade entre 20 e 49 anos (180 pacientes – 24,6%)

em seguida, a população mais idosa, acima de 70 anos (90 pacientes – 12,3%)

e somente 7 pacientes (0,96%) com idade inferior a 19 anos. Os dados podem

ser vistos no gráfico 2.

265

465

36,3% 63,7%

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

FEMININO MASCULINO Gênero

FREQUÊNIA

PORCENTAGEM

me

ro d

e p

ac

ien

tes

Gráfico 1- Caracterização dos pacientes do PRCVM segundo o gênero

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5.2 Perfil clínico e medidas antropométricas

As variáveis em relação a idade, peso, altura e IMC dos participantes

do PRCV podem ser evidenciadas na tabela 2, observamos que a maior idade

foi de 83 anos e a menor foi de 13 anos; a altura variou de 1,42 m a 1,96 m; o

peso entre 39,9 kg a 133 kg e o IMC alcançou valores de 19,8 kg/m2 a 48,7

kg/m2.

Variáveis Média (DP) Mínimo Máximo

Idade (anos) 56.2 (11.7)

13.00

83.00

Altura (m) 1.66 (0.17)

1.42

1.96

Peso (kg) 95.0 (18.0)

39.90

133.00

IMC(Kg/m²) 30.0 (5.60)

19.80

48.70

7

180

453

90

0,96 % 24,6 %

62%

12,3%

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

< 19 anos 20 a 49 anos 50 a 69 anos > 70 anos

Faixa etária

me

ro d

e p

ac

ien

tes

Gráfico 2- Faixa etária dos pacientes do PRCVM

Tabela 2 - Características antropométricas e idade dos pacientes do PRCVM

Tabela 2 - Características gerais dos indivíduos do PRCV

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Com relação ao peso corporal, no gráfico 3 pode-se observar que 131

pacientes (19,04%) mostraram-se dentro da normalidade, 284 com sobrepeso

(38,9%), 305 como obesos (41,7%) e uma pequena quantidade de apenas 2

pacientes com obesidade grau III (0,27%).

5.2.1 Principais patologias

Várias patologias cardiovasculares foram documentadas nos

participantes do PRCV, dentre elas evidenciou-se DAC acometendo 333

pacientes (45,6%), IC crônica em 131 pacientes (17,9%), valvopatias em 107

pacientes (14,7%), arritmias em 95 pacientes (13%), doenças

cerebrovasculares como AVC isquêmico em 58 indivíduos (7,9%), síncope

neurocardiogênica em 49 pacientes (6,7%) e por fim, o aneurisma de aorta em

4 participantes (0,5%) como representado no gráfico 4.

139

284 305

2 19,04%

38,9% 41,7%

0,27% 0

50

100

150

200

250

300

350

Normal Sobrepeso Obesidade Obesidade Grau III IMC

me

ro d

e p

ac

ien

tes

Gráfico 3 - Classificação do IMC dos pacientes do PRCVM

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Além disso, observamos que o IAM esteve presente em 435 indivíduos

(59,6%) e 40 indivíduos (5,5%) apresentaram mais de um IAM. Ainda sobre a

DAC, observou-se que 98 pacientes (13,4%) tiveram angina instável e 120

indivíduos, apresentaram angina estável (16,4%), que pode ser visto no gráfico

5.

45,6

17,9

14,7

13

7,9

6,7

0,5

333

131

107

95

58

49

4

0 100 200 300 400

DAC

IC

Valvopatia

Arritmia

AVC

Síncope

Aneurisma de aorta

Número de pacientes

P

a

t

o

l

o

g

i

a

s

Porcentagem

Neuroc.

Gráfico 4 - Principais patologias do sistema cardiovascular e cerebrovascular dos

pacientes do PRCVM

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25

As MCPs também estiveram presentes nos indivíduos do PRCV sendo a

principal a MCP Isquêmica (131 pacientes - 17,9%). As demais se distribuíram

entre: MCP Dilatada (37 pacientes - 5,1%), MCP Chagásica (36 pacientes -

4,9%), MCP Idiopática (13 pacientes - 1,8%), MCP Hipertensiva em pouco

menos de 10 pacientes (1,4%) e a menos prevalente foi a MCP Alcoólica em 2

pacientes (0,3%) observadas no gráfico 6.

16,4 13,4 59,6

5,5

120 98

435

40

0

100

200

300

400

500

Angina Estável Angina Instável IAM Mais de um IAM

Doença Arterial Coronariana

Porcentagem

me

ro d

e p

ac

ien

tes

17,9 5,1 4,9 1,8 1,4 0,3

131

37 36

13 10 2

0

20

40

60

80

100

120

140

MCP Isquêmica

MCP Dilatada

MCP Chagásica

MCP Idiopática

MCP Hipertensiva

MCP Alcóolica

Miocardiopatias

Porcentagem

me

ro d

e p

ac

ien

tes

Gráfico 5 - Principais manifestações da DAC nos pacientes do PRCVM

Gráfico 6 - Prevalência das Miocardiopatias nos pacientes do PRCVM

z

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5.2.2 Fatores de risco associados à Doença Coronariana

Dentre os fatores de risco para DAC destacou-se a HAS como a mais

prevalente (587 pacientes - 80,4%), a DLP aparece em segundo lugar (516

pacientes - 70,7%), o sedentarismo (SDT) em terceiro (508 pacientes – 69,6%),

em seguida a DM (361 pacientes - 49,5%), a obesidade (305 pacientes -

41,8%), ex-tabagistas (294 pacientes - 40,3%), HF+DAC (230 pacientes -

31,5%) e por fim, os tabagistas ativos (151 pacientes - 20,7%) representados

no gráfico 7.

5.3 Abordagens Terapêuticas

Como forma de tratamento e intervenções nas Doenças Coronarianas e

outras patologias cardíacas, destacou-se a Intervenção Coronária Percutânea

(ICP) ou angioplastia (AGP) realizada em 430 pacientes (56%), logo em

seguida a cirurgia de revascularização miocárdica (CRVM) (182 pacientes -

24%), o transplante cardíaco em 4 pacientes (1%), implantação de

marcapassos (MP) em 34 pacientes (4%), e somente o tratamento clínico

80,4 70,7 69,6 49,5 41,8 40,3 31,5 20,7

587

516 508

361 305 294

230

151

0

100

200

300

400

500

600

700

Fatores de Risco Cardiovasculares

PORCENTAGEM

me

ro d

e p

ac

ien

tes

Gráfico 7 – Prevalência de fatores de risco para Doenças Coronarianas

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27

otimizado foi a conduta realizada para 114 pacientes (15%), como

representado no gráfico 8.

O PRCVM é uma forma de tratamento das doenças cardiovasculares e

divide-se em fases. As fases em que os participantes mais treinaram foram:

Fase II onde passaram 352 pacientes (48,2%), em seguida, a Fase IV (273

pacientes – 37,4%) e posteriormente a Fase III (211 pacientes – 28,9%) como

pode ser visto no gráfico 9.

58,9 24,9 15,6 4,4 0,5

430

182

114

34 4

0

100

200

300

400

500

AGP CRVM T. Clínico MP TX

Abordagens Terapêuticas

Porcentagem

me

ro d

e p

ac

ien

tes

352

211

273

48,2 28,9 37,4

0

50

100

150

200

250

300

350

400

Fase II Fase III Fase IV

Fases do PRCVM

Porcentagem

me

ro d

e p

ac

ien

tes

Gráfico 8 - Caráter de tratamento clínico e cirúrgico nos pacientes do PRCVM

Gráfico 9 – Participação dos pacientes nas fases II, III e IV do PRCVM

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28

5.4 Situação dos indivíduos frente ao PRCVM

A adesão é um fator importante para garantir a eficácia de um PRCVM.

Desta forma, o número de pacientes ativos no programa é de 239 (32,7%), 336

pacientes (45,9%) abandonaram/interromperam o PRCVM, 119 pacientes

receberam alta (16,3%), e 36 pacientes (4,9%) foram a óbito durante sua

passagem pela reabilitação. Os dados podem ser vistos no gráfico 10.

119

239

336

36

16,3%

32,7%

45,9%

4,9%

0 100 200 300 400

Alta

Ativo

Abandono/Interromp.

Óbitos

Número de pacientes

S

i

t

u

a

ç

ã

o

Gráfico 10 – Adesão dos pacientes ao PRCVM

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6 DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo principal caracterizar o perfil dos

pacientes frequentadores de um PRCVM, que envolve as fases II, III e IV, e os

principais achados mostraram que, a grande maioria são coronariopatas que

sofreram infarto agudo do miocárdio que, sendo portadores de fatores de risco,

sobretudo, modificáveis.

No que concerne aos fatores de risco não modificáveis, o gênero

masculino mostrou-se como o mais prevalente em nosso estudo para o

aparecimento de doenças do aparelho cardiovascular. Oliveira e cols. (2014)65

mostraram em seu estudo que 41,7% (n=212) dos pacientes com DAC eram do

gênero masculino e que muitos dos que sofriam da doença apresentavam

também hipertensão arterial sistêmica, assim como foi encontrado em nosso

trabalho.

Diferentemente, Audi e cols. (2016)66 avaliaram a presença de fatores de

risco cardiovasculares em indivíduos de ambos os sexos, com idades de 40

anos ou mais e encontraram que o sexo feminino foi o que mais acumulou

fatores de risco para doenças cardiovasculares. Soar (2015) 67 avaliou a

presença de fatores de risco em idosos não institucionalizados e encontrou

resultados semelhantes ao de Audi e col (2016)66. Este fato pode ser explicado

através do estudo de Framinghan21que mostra que, com o aumento da idade,

as mulheres apresentam maior incidência de doenças cardiovasculares, entre

elas as isquêmicas. Com a menopausa há a redução de estrógenos e o

aceleramento do depósito de lípides nas paredes das artérias30. Estes achados

divergentes ao nosso, mostra uma tendência, atualmente, ao aparecimento de

DCV mais nas mulheres do que nos homens.

Outro fator não modificável que se destacou no estudo, foi a faixa etária

dos pacientes do PRCVM. Segundo alguns estudos66, 68, em que foram

avaliados a prevalência de fatores de risco cardiovasculares em homens e

mulheres com idades variando entre 15 a 80 anos, semelhantes ao nosso

estudo, mostraram que, idade acima de 40 anos acumula mais fatores para o

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surgimento de DCVs, corroborando com nosso estudo, em que a média de

idade foi de 56 anos. Tal achado pode ser explicado através de um estudo69

que avaliou 419 mulheres, sendo 97 idosas de um asilo, 98 universitárias, 99

médicas e 125 faxineiras que prestavam serviços em hospitais. Foram

analisadas a PA e a dosagem de CT. Observou-se que as idosas tinham uma

maior prevalência de FR cardiovascular, tais como HA, DM, obesidade e DLP.

Porém, nas trabalhadoras da limpeza, em que a faixa etária era menor, a

prevalência dos fatores de risco foi semelhante à das idosas. O autor do estudo

acredita que o aparecimento precoce de DCVs através dos fatores de riso se

dá pela baixa escolaridade, baixo nível socioeconômico e, sobretudo ao baixo

acesso a informação/educação que poderia influenciar e modificar este

quadro69. Os indivíduos que apresentaram idade menor ou igual a 19 anos em

nosso estudo, não são considerados coronariopatas, ou seja, sua participação

no PRCVM não se deve à uma patologia isquêmica, e sim à síncope

neurocardiogênica.

Em relação aos fatores de risco modificáveis, a obesidade e o sobrepeso

mostraram-se elevados, quando comparados aos valores de referência48, nos

pacientes do PRCVM. Magalhães et al. (2014)68 ao avaliarem os fatores de

risco para DCVS em 165 adultos de ambos os sexos através de informações

contidas em prontuários, encontraram resultados semelhantes ao nosso, com

IMC > 25 kg/m2. Segundo Lima & Glaner (2006)70 homens e mulheres com

IMC acima dos valores aceitáveis, apresentam maiores riscos para doenças

cardiovasculares como: HAS, DLP, DM, aterosclerose e também doenças

cerebrovasculares, como o AVC. Portanto, o sobrepeso e a obesidade ainda

são fortes preditores de doenças cardiovasculares independente do gênero e

da idade. Sugere-se que o aumento de peso pode levar ao aparecimento de

HAS, DLP e DM, em nosso estudo observamos que a HAS também esteve

aumentada e mostrou-se como a mais prevalente nos pacientes do PRCVM.

Segundo Soar (2015)67 em seu estudo, avaliou a prevalência de HAS,

DLP e excesso de peso em 955 idosos não institucionalizados. Como

resultado, encontrou que a HAS estava presente em 80% dos idosos. No sexo

masculino, a prevalência passou de 73,81% no grupo etário de 60 anos, para

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92,86% em idosos ≥80 anos. Já no sexo feminino, as prevalências se

mantiveram em torno de 80%. Segundo a autora, não foram encontradas

diferenças significativas nas várias faixas etárias, embora se observasse

aumento da incidência de HAS, tanto em homens como em mulheres, com o

aumento da idade. Bennati et al. (2004)71 e Bernardo et al. (2013)72, também

encontraram a HAS como o fator de risco mais prevalente em um PRCVM.

Estes dados estão em consonância com os resultados do nosso estudo, onde,

a HAS mostrou-se presente na grande maioria dos pacientes acima de 50

anos.

Carvalho e cols. (2010)9 em seu estudo, mostraram que a pressão

arterial seria um fator importante para o aumento de doenças cardiovasculares

pois, estaria diretamente relacionada com a formação da placa de ateroma. Isto

se deve ao dano causado na parede das artérias, que gera um processo

inflamatório e assim inicia-se a formação da placa, levando ao desenvolvimento

de eventos cardíacos nos indivíduos portadores de HAS. Este achado pode

explicar a razão pela qual a grande maioria dos pacientes do programa que

apresentaram HAS como principal fator de risco, serem portadores de

coronariopatias.

Ainda sobre os principais fatores de risco, a dislipidemia e o

sedentarismo se mostram presentes nos pacientes do programa. Segundo

Moraes e cols. (2013)73 investigaram a prevalência de DLP em 2.741 adultos

de ambos os sexos residentes da região de Ribeirão Preto. Foi encontrada

uma prevalência de 61,9% de DLP no município, o que vai de encontro aos

achados do nosso estudo que evidenciou a presença de DLP em 70,7% dos

pacientes. Isso mostra que os pacientes e a população estão em risco e que

medidas preventivas, como mudança do estilo de vida e adequação dos

medicamentos se faz necessária na região.

Já o sedentarismo aparece com uma prevalência alta nos pacientes do

programa, ou seja, a grande maioria não realizava atividade física até seu

ingresso na RCV. Os achados do presente estudo igualam-se com o de

Magalhães et al. (2014)68 que ao analisarem o perfil de 165 profissionais de

saúde, observaram que o sedentarismo esteve presente em 64,9% dos

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indivíduos em ambos os sexos. Portanto, corrobora-se com estudos 74,75 que

referem à importância da atividade física regular com o objetivo de diminuir o

agravamento das DCVs, pois além de melhorar a qualidade de vida, aumenta

as taxas do colesterol HDL e diminui o sobrepeso dos pacientes 68.

O tabagismo é o principal fator de risco modificável, portanto a principal

causa de morte evitável no mundo. Durante a RCV, os pacientes apresentaram

índices reduzidos de tabagismo, diminuindo as chances de aparecimento de

eventos cardiovasculares associados ao tabaco. Um estudo recente76 avaliou a

projeção dos indicadores de fatores de risco ou proteção do Plano de Ações

Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis

no Brasil nas capitais dos estados e no Distrito Federal, 2012-2022 e chegaram

a resultados semelhantes aos nossos. Houve decréscimo do tabagismo

(variação anual: -1,34%;-0,20%) e esta redução estaria relacionada à medidas

tomadas para dificultar o tabagismo em ambientes compartilhados. Outro

estudo77 também mostrou menor prevalência de tabagismo em pacientes de

um PRCV. Outra justificativa para a cessação do tabagismo durante a

reabilitação cardiovascular seria o acompanhamento com uma equipe

multidisciplinar, onde os pacientes são encorajados pelos profissionais

(psicólogos, médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e nutricionistas) a

interromperem o tabagismo, por meio de ferramentas como palestras

educativas, informações sobre os malefícios do cigarro e sua influência para

novos eventos cardiovasculares e agravamento de fatores de risco pré-

existentes.

Dentre as principais patologias nos pacientes do PRCVM, o IAM

destacou-se como a principal manifestação da DAC. As doenças isquêmicas

do coração estão presentes na maioria da população mundial e brasileira

segundo dados epidemiológicos já apresentados2, 4. Os principais fatores de

risco encontrados como: hipertensão arterial, dislipidemia, sedentarismo e

diabetes melito, estão diretamente relacionados ao aparecimento de doenças

ateroscleróticas e isso explicaria a alta incidência das doenças arteriais

coronarianas, levando a ocorrência do IAM como mostrados em nosso estudo.

Dantas et al. (1998)78 analisaram o perfil de 45 pacientes infartados, internados

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em um hospital no estado de São Paulo e encontraram que 66,7% eram do

sexo masculino; 73,2% na faixa 50 - 80 anos; 55,5% hipertensos; 24,4%

dislipidêmicos; 20% diabéticos, corroborando com nossos achados e a estreita

relação dos principais fatores de risco com a ocorrência de IAM nos

frequentadores do PRCVM. Diante destes achados, explica-se o aumento

frequente de intervenção percutânea coronariana em grande parte dos

pacientes do PRCVM, visto que, trata-se de uma amostra principalmente

isquêmica aguda. Goel et al. (2011)79, fizeram um estudo em que associaram a

mortalidade de pacientes infartados com a prática da RCV após intervenção

percutânea coronariana. Realizaram uma análise retrospectiva dos dados de

2395 pacientes que foram submetidos à intervenção coronariana percutânea e

encontraram uma diminuição da mortalidade cardíaca em participantes do

PRCVM. A associação entre a realização do PRCVM e a redução da

mortalidade foi semelhante para homens e mulheres, para idosos e adultos e

para pacientes submetidos a tratamento eletivo ou não eletivo para

angioplastia. Portanto, sugere-se que, os dados do estudo corroboram com os

nossos quando se tem alta prevalência de angioplastia em pacientes

infartados, uma diminuição da ocorrência de mais de um infarto, e o menor

número de óbitos ao longo do PRCVM, que pode ser explicado pela prática

regular de exercícios físicos.

Por outro lado, sabe-se que a IC é uma das principais causas de

internações hospitalares e têm aumentado devido ao envelhecimento da

população, pois com os avanços terapêuticos no IAM, HAS e até mesmo da IC,

a sobrevida desses pacientes aumenta80.

Nogueira et al. (2010)80 avaliaram 144 prontuários de pacientes com

media de idade de 61 anos, e buscaram informações sobre a etiologia da IC no

grupo estudado. Encontraram que a cardiopatia chagásica foi a principal causa

de IC nos pacientes. Os resultados divergem dos nossos, onde a principal

miocardiopatia encontrada foi a isquêmica, o que leva a acreditar que seja a

principal etiologia da IC, relacionada à alta prevalência de doenças isquêmicas

como o IAM, associado à HAS. No Brasil, a principal etiologia da IC é a

cardiopatia isquêmica crônica associada à hipertensão arterial. Em

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determinadas regiões geográficas do país e em áreas de baixas condições

socioeconômicas, ainda existem formas de IC associadas à doença de

Chagas, endomiocardiofibrose e a cardiopatia valvular reumática crônica, que

são situações especiais de IC em nosso meio 81.

Kim et al. (2016)82 avaliaram o efeito e a segurança da RCV em

pacientes com miocardiopatia isquêmica. Os pacientes foram submetidos a

sessões de treinamento aeróbico com uma intensidade de 60% a 85% da

frequência cardíaca de reserva, três vezes por semana durante 6 semanas. Os

achados mostraram um incremento de 45% no VO2máx, uma melhora

significativa da função cardiopulmonar.

Em relação às fases da reabilitação, observa-se no nosso estudo, um

maior número de pacientes frequentando a fase II, o que se justifica pelo fato

de, esta fase apresentar maior rotatividade, ou seja, fluxo maior de pacientes,

redução do tempo de permanência, em torno de 3 a 6 meses até que seja

encaminhado para a fase III. Por outro lado, na fase III os pacientes

permanecem um tempo maior, por volta de um ano, até obterem condições

clínicas para receberem alta e executarem suas atividades em ambientes

extra-hospitalares, não supervisionados (fase IV). Isso faz com que os

pacientes abandonem com mais facilidade o programa, pois, o tempo de

permanência e o custo gerado, pode ser uma barreira enfrentada pelos

participantes.

Outro fator é que a fase II é subsequente ao evento cardiovascular e

neste momento os pacientes estão mais receptivos à mudança de estilo de

vida e apresentam maior aceitação para iniciarem no PRCVM, sobretudo

porque as principais patologias apresentadas (IAM e IC) demandam maiores

cuidados e consequentemente, uma reabilitação supervisionada por um

profissional qualificado.

O programa tem como característica a continuidade, ou seja,

seguimento das fases de II para III e III para a IV, mas, vale lembrar que não

necessariamente segue-se essa ordem, depende principalmente da condição

clínica e de cada paciente. A literatura sobre a passagem dos pacientes pelas

fases de um PRCVM ainda é pobre e escassa, o que limita nossa discussão e

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conhecimento sobre as dificuldades enfrentadas por outros grupos de estudo

com Reabilitação Cardíaca.

Um grande problema enfrentado pelos programas de reabilitação,

sobretudo também observado em nosso estudo, é em relação à adesão de

seus frequentadores. A participação dos pacientes é pouco investigada e

limitada em nosso país. No presente trabalho, observou-se que boa parte dos

frequentadores abandonou ou interrompeu seu seguimento na RCV (n=336,

45,9%). Para avaliar os motivos que levam os pacientes a não continuarem em

um PRCV, utiliza-se uma escala validada e traduzida para a língua portuguesa

83, a Escala de Barreiras para Reabilitação Cardíaca (EBRC), usada para

entender e analisar as barreiras à participação e abandono à RCV.

Em um estudo transversal84 realizado em dois grupos: um com 50

participantes de um PRCVM e outro grupo de 50 não participantes utilizou-se a

EBRC para analisar a percepção dos pacientes em relação às barreiras que

afetam a sua participação nos PRCVM. Foram descritas e comparadas as

barreiras encontradas entre os dois grupos. Os resultados encontrados

mostram que, o grupo não participante de reabilitação cardíaca apresentou

significativamente mais barreiras do que os participantes nos fatores

comorbidade/ estado funcional. Portanto, as principais barreiras para a

reabilitação cardíaca foram referentes aos domínios comorbidades/estado

funcional, necessidades percebidas e acesso. Os cardiopatas não participantes

de RCV apresentaram maior número de barreiras à RCV quando comparados

aos participantes de RCV nesses domínios. Os resultados apresentados pelo

autor mostraram diferenças em relação aos nossos, porém nosso trabalho não

houve comparações entre grupos, pois, todos eram participantes do PRCVM.

Já Mair et al. (2013)85, que utilizaram a mesma escala em 42 pacientes

(69,15±13,93 anos) participantes do PRCVM de um hospital geral particular de

São Paulo, mostraram que a pontuação total da escala de barreiras foi 31±6 e

o escore médio foi de 1,47±0,31 e as principais barreiras foram relacionadas às

subescalas “viagem/conflito de trabalho” e “problemas pessoais/familiares”,

semelhantes às barreiras que a maioria dos pacientes do nosso trabalho

enfrentam.

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Acredita-se que prescrições individualizadas associadas à mudança de

estilo de vida, redução de fatores de risco modificáveis, maior acessibilidade a

reabilitação, além de novas estratégias para que os pacientes se sintam mais a

vontade em participar de um PRCVM, resulta em uma maior adesão aos

programas oferecidos para reabilitação cardiovascular86.

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7 CONCLUSÃO

Por meio desta análise pode-se concluir que, a maioria dos pacientes

frequentadores de PRCVM são coronariopatas, do sexo masculino em idade

produtiva, mais susceptíveis às cardiopatias isquêmicas e têm como principais

fatores de risco para novos eventos a HAS, DLP e o sedentarismo. Além disso,

durante a reabilitação cardiovascular é possível cessar ou reduzir o tabagismo,

adotando-se medidas educacionais e mudanças no estilo de vida, com o

suporte de uma equipe multidisciplinar. Por outro lado, houve uma baixa

adesão dos pacientes ao programa, o que estaria relacionado a causas

multifatoriais, levando a uma maior dificuldade de continuidade no processo de

reabilitação.

Deve-se ressaltar através deste trabalho, a necessidade de maior

controle dos fatores de risco para diminuir as chances de novos eventos e

principalmente, propor alternativas para que haja uma adesão e continuidade

maior dos pacientes nos programas de reabilitação cardiovascular.

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