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PROGRAMA CICLOVIDA DA UFPR
FOMENTANDO A CULTURA DA MOBILIDADE SUSTENTÁVEL
José Carlos Assunção Belotto Mestre em Desenvolvimento Territorial Sustentavel - UFPR
Universidade Federal do Paraná-Brasil Silvana Nakamori
Mestre em Planejamento e Governança Pública - UTFPR Universidade Federal do Paraná-Brasil
Resumo
O modelo de planejamento urbano que tem o automóvel como o seu principal foco tem apresentado sinais de exaustão, perda de tempo no trânsito, acidentes e poluição ambiental, são problemas que tem afetado a qualidade de vida e são resultantes da cultura de planejamento que nas ultimas decadas concedeu ao transporte individual motorizado toda a prioridade. Boas práticas para promover uma mudança cultural em relação a mobilidade urbana têm sido desenvolvidas na Universidade Federal do Paraná (UFPR), pelo Programa de Extensão Universitária Ciclovida, que promove ações para fomentar o uso da bicicleta, considerada o símbolo mundial da mobilidade ativa e sustentável. Este artigo apresenta um estudo de caso sobre o Ciclovida descrevendo seu histórico, método e ações desenvolvidas, usa a revisão de literatura, de documentos e observação participante, já que seus autores fazem parte do Programa. Os resultados demonstram como a extensão universitária através das ações desenvolvidas pelo Ciclovida tem transformado a UFPR em um núcleo irradiador para a propagação da cultura da mobilidade sustentável. Palavras chave: Mobilidade Urbana Sustentável. Bicicleta. Extensão Universitária. Planejamento Urbano. Mobilidade ativa.
INTRODUÇÃO
No século XX o automóvel se transformou em símbolo de sucesso e um dos
grandes ícones do capitalismo, principalmente no período pós Segunda Guerra Mundial,
se espalhou pelo planeta um modelo de planejamento urbano que fornecia ao automóvel
quase toda a prioridade, é o que chamamos de cultura de mobilidade rodoviarista, este
modelo de urbanismo moldou as cidades contemporâneas para os carros, o que acabou
atraindo automóveis em excesso, mas o espaço urbano é finito e a capacidade do planeta
absorver poluentes também. Para Belotto e Horochovski (2017), este modelo focado no
transporte individual motorizado, em detrimento ao transporte coletivo e aos modos não
motorizados, tem apresentado sinais de saturamento, causando diversos prejuízos para a
qualidade de vida urbana. Os prejuízos são observados tanto no que diz respeito à
poluição ambiental, nas mortes e feridos em acidentes de trânsito e também no stress
devido ao tempo perdido nos engarrafamentos. (SOARES et al., 2013)
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Trazemos o exemplo do resultado da cultura de planejamento urbano que
priorizou o automóvel para o estado do Paraná onde segundo dados do Departamento de
Trânsito do Paraná (Detran-PR) a frota de veículos apresentou um crescimento de 68%
nos últimos oito anos, passando de 3,9 milhões para 6,6 milhões. No mesmo período
segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população no Estado
aumentou 8,5%, passando de 10,2 milhões para 11,1 milhões de habitantes. Sendo assim,
se a tendência for mantida, em 20 anos o Paraná terá mais veículos que pessoas. Na
capital Curitiba como em outras cidades do estado, esse crescimento contínuo da frota
tem complicado o trânsito e o dia a dia das pessoas, estimulando o debate sobre a
mobilidade urbana. Para Medeiros e Duarte (2013), diversos estudos acadêmicos sobre o
tema e o crescimento do cicloativismo, colocaram o assunto na mídia e passaram a pautar
os candidatos em época de eleição.
Exemplos vindos do exterior demonstram que um planejamento que busque a
mobilidade sustentável pode valer a pena para a melhoria da qualidade de vida urbana.
Algumas cidades perceberam que teriam que requalificar seus espaços públicos e inverter
a prioridade dada ao transporte individual motorizado e passaram a investir mais nos
meios coletivos e não motorizados, citamos como alguns expoentes: Copenhagem,
Amsterdã, Paris, Bogotá entre outras, (Gehl, 2013).
A Mobilidade é definida pelo Ministério das Cidades (2006) como algo que vai além dos
deslocamentos urbanos e a utilização de meios de transporte, ela reflete as relações dos
individuos com o território onde vivem, com a infraestrutura para se deslocar e com seus
semelhantes, sendo o resultado de um modo de vida e da cultura de uma sociedade.
Para o Ministério das Cidades (2004) o modelo de mobilidade implantado pode ser
influenciado por diversos fatores, podendo se tornar excludente, impactar no espaço e no meio
ambiente, assim, se faz necessário pensar nela de forma sustentável, lembrando-se que o
“sustentável” deve considerar aspectos econômicos, sociais e ambientais, buscando-se o uso
dos recursos naturais sem prejuízo para as futuras gerações.
Para Gehl (2013), existe evidente conexão entre o desenvolvimeto da cidade e o
modelo da mobilidade utilizada, se a mobilidade for planejada para incluir beneficios universais
voltados para a maioria da população, vai-se obter uma maior fluidez urbana, com facilidade de
circulação dos individuos, bens e mercadorias, destacando a vocação do urbano, que é de ser
um espaço de integração social e convivio da diversidade.
Para o Ministério das Cidades (2006), a política de mobilidade urbana deve priorizar o
ser humano e não o automóvel, promovendo cidades mais justas e inclusivas onde as
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diferenças são respeitadas e a liberdade de ir e vir será atendida para todos, assim as
necessidades individuais e coletivas serão alcançadas, permitindo a acessibilidade aos
destinos, prazeres cotidianos em combinação com a preservação ambiental.
Para Bantel (2005) a bicicleta surge como alternativa para a mobilidade urbana
sustentável, eleita pela ONU como “símbolo mundial do transporte sustentável”. Mesmo
recebendo tal honraría a maioria dos governos ainda não dedica a atenção necessária a este
meio de transporte. A bicicleta, apesar do desconhecimento de muitos, desde a implantação do
novo Código de Trânsito Brasileiro em 1998 é reconhecida como um veículo de transporte de
passageiros de propulsão humana, que deve ter prioridade de circulação em relação aos
veículos motorizados.
Apesar de a bicicleta não constituir a única alternativa para todos os problemas de
mobilidade, saúde e meio ambiente nos grandes centros urbanos, para Belotto (2009), ela
representa o simbolo do resgate da cidade para as pessoas, e uma solução que se
inscreve perfeitamente numa política geral de revalorização do ambiente urbano na busca
por qualidade de vida e preservação ambiental.
Como símbolo da sustentabilidade no transporte, destacamos algumas vantagens
da bicicleta: para a mobilidade das cidades o fato de não poluir, ser silenciosa, ocupar um
espaço bem inferior aos demais modais, promover a saúde e o bem-estar. Para o seu
usuário pode agregar renda, tem baixo custo de aquisição, sua manutenção é muito
barata, e não precisa de combustível, é movida pela queima da energia humana, que traz
muitos benefícios a saúde do seu condutor.
No entanto para Medeiros e Duarte (2014) apesar de se observar que o tema
mobilidade sustentável começa a orbitar a agenda do governo, ainda depende da
implantação de políticas públicas duradouras e consistentes. E para que isto aconteça é
necessária mudança cultural.
Com a intenção de quebrar paradigmas em relação ao modelo de planejamento
urbano que prioriza o automóvel e moldou as cidades contemporâneas, surge a iniciativa
do Progama de extensão Ciclovida da UFPR que promove ações de ensino, pesquisa e
extensão para que a mudança cultural começe na comunidade universitária e se expanda
para a sociedade, já que para Forum de Pró Reitores de Extensão (FORPROEX), a
extensão universitária tem sido discutida e regulamentada no Brasil sob o princípio
constitucional da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, sendo definida como um
processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação
transformadora entre a Universidade e outros setores da sociedade.
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Para Nakamori (2016) são muitas as formas que possibilitam ao meio acadêmico atuar
como irradiador de uma cultura de mobilidade sustentável, realizando pesquisas, provando
tecnicamente a eficiência da bicicleta e quebando paradigmas em relação a cultura
predominante de mobilidade urbana.
A UNESCO fez uma série de recomendações a partir de 1998 de como deve ser a
atuação da universidade para atender às demandas sociais cumprindo a sua função de
instituição construtora do saber científico, formando profissionais com capacidade de
influenciar positivamente os rumos da história. Afirma a UNESCO que a universidade tem
legitimidade para participar na elaboração de políticas públicas voltadas para o
desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida da maioria da população,
devendo participar também da execução e avaliação de tais políticas.
Este artigo pretende demonstrar a contribuição da extensão universitaria para
mobilidade sustentável, relatando as iniciativas desenvolvidas pelo Programa CICLOVIDA,
abordando o histórico, descrevendo seu método, ações e resultados da sua atuação. O relato
pretende demosntrar que o incentivo a realização de estudos e o fomento ao uso da bicicleta no
meio universitário, pode contribuir para o desenvolvimento de uma nova cultura de mobilidade.
Espera-se ainda que ao divulgar o Ciclovida, potencialize-se seu alcance para possível
aplicação em outras instituições, uma vez que o objetivo do programa é fomentar a
disseminação de uma cultura de mobilidade urbana mais saudável e sustentável, visto que a
comunidade universitária é formadora de opinião e pode ser capaz de influenciar o
comportamento da sociedade, dos técnicos que gerenciam o funcionamento das cidades e dos
políticos que têm o poder de decisão para implantar as políticas públicas.
MÉTODOLOGIA
Este item aborda o método utilizado na formulação do artigo, descrevendo como a
pesquisa foi construída e como pode ser caracterizada.
Para o referencial teórico foi feito uso da pesquisa bibliográfica, que para Gil
(2008) tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se
realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno. Documental a qual se vale de
materiais que não receberam um tratamento analítico e podem ser classificados de “fontes
primárias”, Marconi e Lakatos (2010).
A pesquisa se deu baseada no acumulo de conhecimento sobre o Ciclovida pelos
autores e da revisão dos documentos a cerca do Programa. Assim o estudo de caso do
Ciclovida, usou a observação participante por conta de seus autores fazerem parte do
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quadro de colaboradores do Programa, possuindo conhecimento de seu histórico, método,
ações desenvolvidas e dos resultados alcançados. A pesquisa é participante, pois para Gil
(2008) este modelo de pesquisa caracteriza-se pelo envolvimento dos pesquisadores ou
dos pesquisados no objeto da pesquisa. Usando para a coleta de dados, a observação
participante natural, a qual preconiza a participação real na situação determinada como
estudo, sendo o pesquisador pertencente ao objeto pesquisado (Gil, 2008).
A pesquisa pode ser caracterizada como um estudo de caso, já que para Gil
(2008) este é descrito como o profundo estudo de um ou de poucos objetos, de maneira a
permitir o seu conhecimento amplo e detalhado. O estudo de caso é uma investigação
empírica que investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto
de vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são
evidentes, Yin (2010).
É uma pesquisa qualitativa, ou seja, não emprega um instrumental estatístico
como base para o processo de análise de um objeto ou problema.
O PROGRAMA CICLOVIDA
Neste item o Ciclovida será descrito, abordando-se como se deu a criação,
metologia, estrutura e principais ações desenvolvidas.
Sua criação foi motivada pelo resultado de uma pesquisa realizada em 2003 pelo
Programa Institucional de Qualidade de Vida – PIQV, que abordava os hábitos de vida dos
servidores da UFPR, a qual apontou grande quantidade de pessoas sedentárias na
instituição, (65%). A maioria dos entrevistados justificou a não prática de atividade física
regular pela falta de tempo, mas, a mesma pesquisa também perguntava quanto tempo as
pessoas despendiam em seus trajetos de ida e volta para a universidade, a resposta
apontou que a maioria passa algo próximo de 2 horas por dia no trânsito. Assim surgiu o
questionamento: Por que não usar o tempo gasto com o deslocamento diario, já
realizando a atividade física? E a bicicleta seria a ferramenta capaz de atender as duas
necessidades de uma só vez.
Para diminuir o numero de sedentários na instituição, foram iniciadas ações que
pudessem estimular a comunidade universitária a fazer seu deslocamento diário de
bicicleta.
A comunidade da UFPR atinge aproximadamente 50.000 pessoas, sendo assim
um dos maiores polos geradores de trânsito da cidade de Curitiba. Esta comunidade é
formadora de opinião, e constituida em sua maioria por individuos jovens, mais propensos
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a assimilar mudanças de comportamento, e como atua na formação profissional, prepara
pessoas para o mercado de trabalho e que levarão consigo os hábitos adquiridos durante
sua formação acadêmica, fazendo da UFPR um núcleo irradiador de uma cultura de
mobilidade urbana mais saudável e sustentável.
Entre 2003 a 2007, o Ciclovida, atuou informalmente. A partir de 2008 se
formalizou junto a PROEC (Pró-reitoria de extensão e cultura), como um Programa de
Extensão, sob número 0072/08. Em seu registro inicial contava com a participação dos
departamentos de Arquitetura e Urbanismo, Psicologia e Educação Física, que em
parceria desenvolviam 11 ações.
Até 2017 o Ciclovida esteve vinculado ao Núcleo de Pisicologia do Trânsito (NPT),
atualmente está ligado a Divisão de Gestão Ambiental da Superintendência de
infraestrutura da UFPR e desenvolve 27 ações/projetos, em parceria com os
departamentos de Engenharia Ambiental, Engenharia da Produção, Engenharia Civil,
Engenharia Elétrica, Design, Psicologia, Arquitetura e Urbanismo, Educação Física,
Genética, Gestão da Informação, Direito, Comunicação Social, Terapia Ocupacional, Setor
de Educação Profissional e Tecnológica, Setor Litoral, Setor Palotina.
Para atingir o objetivo de constituir um núcleo irradiador da cultura do uso da
bicicleta a partir da universidade a ação extencionista da UFPR concentra a sua atuação
em três eixos:
1. Reuniões de articulação: com representantes de órgãos oficiais dos três poderes, nos
níveis municipal, estadual e federal; com a Sociedade Civil, através de ONG’s, OSCIP’s,
Associações comunitárias, Empresas Privadas e demais entidades representativas de
setores da sociedade civil.
2. Pesquisas e ações de divulgação que evidenciem os beneficios do uso da bicicleta,
elaboração de projetos que viabilizem a implantação de infra-estrutura cicloviária nos
campi da UFPR, inclusão curricular do tema mobilidade sustentável nos cursos de
graduação e pós-graduação.
3. Financiamento: submissão do Programa Ciclovida a Editais Públicos de financiamento
de projetos sociais, e a outras formas de financiamento à pesquisa e à extensão,
eventualmente disponíveis, além da articulação com demais entidades públicas ou
privadas para financiamento de projetos específicos.
Em 2018 são 27 as ações ou projetos vinculados ao Ciclovida:
1. CIDADES UNIVERSITÁRIAS PARA BICICLETAS: UM MODELO PARA O FUTURO: Esta ação é
responsável pelo gerenciamento geral do programa, ou seja, é responsáve l pela articulação com a
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sociedade civil e o poder público e também entre os diversos subprojetos, pela captação de
recursos, pela viabilização da implantação de infraestrutura, pelo marketing, relações públicas e
divulgação interna e externa à UFPR. É através da sinergia conseguida pela soma das diversas
ações que fazem parte do CICLOVIDA, bem como a realização de eventos em parceria com outras
entidades que promovem o uso da bicicleta é que o programa avança para atingir seus objetivos.
2. LEITURA E ANÁLISE DOS CAMPI DA UFPR: Compreende análise físico-territorial dos Campi
da UFPR considerando o plano diretor da UFPR, sistema viário interno e sua relaçã o com o
sistema viário externo.
3. DIAGNÓSTICO: COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA E O USO DA BICICLETA: Faz uma análise
comportamental da Comunidade Universitária em relação à mobilidade urbana.
4. CONCURSO DE PROJETOS DE CICLO MOBILIDADE PARA A CIDADE UNIVERSITÁRIA: Visa
realizar concursos com alunos da UFPR sobre propostas para implantação de infraestrutura
cicloviária.
5. O USO DA BICICLETA E A QUESTÃO AMBIENTAL: Realiza estudos para quantificar os
diversos impactos do uso exagerado do automóvel e as vantagens na sua substituição pela
bicicleta.
6. PUBLICAÇÕES DO CICLOVIDA: Esta ação chamava-se “Manual do Ciclista da UFPR” lançou
em abril de 2013 o guia Pedalando na Cidade, o qual teve sua segunda edição lançada em 2016.
Devido ao surgimento de outras publicações, como os relatórios do Desafio Intermodal, os livros
Cidade em Equilibrio e Diretrizes para política pública de ciclomobilidade: Experiencias do
Programa de extensão Ciclovida da UFPR, a ação alterou o seu nome.
7. COMO MELHORAR A SUA VIDA (E DOS OUTROS) PEDALANDO: Realiza palestras sobre
mobilidade sustentável em órgãos públicos, escolas, IES e empresas.
8. DIRIJA SUA VIDA: Consiste na aplicação de uma dinâmica através do jogo Metaphor, para se
discutir o trânsito.
9. CICLISMO NA PROMOÇÃO DA SAÚDE: O Departamento de Educação Física estimula
trabalhos acadêmicos sobre os efeitos promovidos pela prática regular de ciclismo sob as variáveis
da aptidão física relacionada à saúde.
10. SIMULADOR DE BENEFÍCIOS DECORRENTES DO USO DA BICICLETA: Aponta vantagens
do uso da bicicleta. Desde sua criação em 2008 já sofreu algumas atualizações. Está disponível no
site www.ciclovida.ufpr.br
11. BICICLETAS PARA A COMUNIDADE UNIVERSITÁRIA: Busca facilitar a aquisição de
bicicletas e/ou o uso por meio de empréstimo, aluguel ou outra opção.
12. SENSIBILIZAÇÃO PARA O USO DA BICICLETA COMO MODAL DE TRANSPORTE PELA
COMUNIDADE UFPR (COLABICI): Recupera as bicicletas abandonadas nos campi,
disponibilizando-as novamente ao uso, principalmente para novos usuários.
13. CARONA SOLIDÁRIA: Consiste na elaboração de um software para cruzar endereços,
destinos e horários onde as pessoas da Comunidade Universitária poderão se inscrever para
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compartilhar o seu automóvel. Em sua primeira fase foram implantados pontos de carona nos
campi.
14. DESIGN E A BICICLETA: Usa ferramentas de Design gráfico e de produto para viabilizar as
iniciativas do Programa. Algumas das ações desenvolvidas foram: O design dos paraciclos
instalados na UFPR, as artes para os cartazes, banners e publicações do Programa como os
relatórios do Desafio Intermodal e o guia pedalando na Cidade.
15. BICICLETA LEGAL: Ligada a disciplina de Direito Ambiental, visa o estudo da legislação que
se relaciona com o uso da bicicleta, o planejamento urbano e Código de trânsito Brasileiro.
16. ESTATÍSTICA E O CICLOVIDA: Assessora o Programa na realização de pesquisas
quantitativas.
17. BICICLETA NO PLANO DIRETOR DA UFPR: Interage com o Plano Diretor, para que a
infraestrutura pró-bicicleta esteja contemplada nos projetos de reforma e expansão da UFPR.
18. TEMPO 10: Defende limitar a velocidade nos campi da UFPR em 10 km por hora, tornando-os
em espaços para pedestres.
19. DESAFIO INTERMODAL: Este projeto é desenvolvido anualmente em Curitiba desde 2007,
consiste em uma pesquisa que avalia a eficiência dos diversos modais, no horário de rush, em um
trajeto com aproximadamente 8 km, onde são avaliados o tempo, o gasto financeiro e a poluição
de cada de cada modal, resultando em um relatório. Desde 2011 fez parte das disciplinas Cidade e
Meio Ambiente da Arquitetura e Engenharia de Trafego da Engenharia Civil, além do repasse da
teoria do Desafio é realizada uma simulação com a participação dos Alunos. A partir de 2015 o DI
também esta sendo aplicado no segundo período do ensino fundamental nas escolas municipais
de Curitiba como uma ferramenta para o ensino de ciências.
20. BICICLEARTE: Associou-se ao Ciclovida em 2012, é desenvolvida no Setor Li toral em
Matinhos, onde através de manifestações artísticas a mobilidade urbana é discutida e
representada.
21. CICLOTURISMO: Desde 2009 é desenvolvido um calendário anual com passeios
cicloturisticos.
22. COPA CICLOVIDA/UFPR DE CICLISMO: Em parceria com a Federação Paranaense de
ciclismo (FPC), realização de provas de ciclismo nos campi da UFPR, em 2013 aconteceram seis
etapas no Centro Politécnico. A partir de 2017 as provas de ciclismo são realizadas em parceria
com os Centros acadêmicos, Associação dos Servidores da UFPR e a FPC com a copa AC7 de
ciclismo.
23. APOIO DE SISTEMAS DE INFORMÁTICA AO CICLOVIDA: Presta assessoria de tecnologia
de informação (TI) para o Programa, desde o desenvolvimento de softwares que possam contribuir
para aprimorar o Ciclovida e a centralização de informações para compor um banco de dados do
Programa através do site www.ciclovida.ufpr.br.
24. MOBILIDADE URBANA SUSTENTÁVEL: O ÚNICO CAMINHO PARA O FUTURO: Realiza
estudos das dificuldades encontradas em dois eixos do planejamento urbano: a acessibilidade e a
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mobilidade. Dois estudos estão em andamento. Proposta da ligação dos campi da UFPR através
de projeto cicloviário e a investigação de acessibilidades dentro de órgãos públicos, em particular,
em hospitais.
25. PALOCICLO: É a representação do Ciclovida no Setor Palotina.
26. INCUBADORA DE PROJETOS DE MOBILIDADE SUSTENTÁVEL: Fomenta e auxilia na
implantação de projetos similares em outras instituições.
27. MOBILIDADE NA TO: Aborda a Mobilidade Urbana Sustentável no âmbito do curso de Terapia
Ocupacional.
Surgindo demandas especificas ou criação de novas ações, procura-se
professores da UFPR que aceitem de forma voluntária orientar alunos, contribuindo com a
atividade extensionista.
RESULTADOS DO CICLOVIDA
A analise será concentrada nos três eixos de atuação, apresentando os resultados
de forma sintética. Sobre o primeiro eixo, a realização de reuniões de articulação tem
mostrado progresso no sentido de influenciar a mudança no planejamento da mobilidade
urbana e no desenvolvimento de políticas públicas. O Programa empreendeu diversas
reuniões e conseguiu sensibilizar os dirigentes e legisladores, responsáveis pelo
planejamento e gerenciamento da mobilidade urbana, os quais têm inserido a bicicleta na
sua agenda, ainda que de forma tímida.
No nível nacional, esteve presente em diversas reuniões na Secretaria Nacional
de Transporte e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades para a criação do Programa
Bicicleta Brasil. Estes trabalhos desenvolvidos pela SMOB, foram o embrião da Lei da
Mobilidade Urbana 12.587/2012 que determina a prioridade para os meios não
motorizados e coletivos de transporte. Diversos colaboradores do Ciclovida têm
participação constante nas ações e eventos da União dos Ciclistas do Brasil (UCB), ONG
com abrangência nacional, que atua como uma confederação das Ongs cicloativistas.
Em nível estadual participou de forma protagonista na Frente Parlamentar de
Mobilidade Sustentável na Assembleia Legislativa do Paraná e para a criação da Lei
17.385/12 que estabeleu setembro como o mês da Bicicleta no Paraná, valorizando o
festival “Arte, Bici & Mobi”, desenvolvido pelo movimento cicloativista por meio da
Associação dos Cilcistas do Alto-Iguaçu (CICLOIGUAÇU), que durante o mês organiza
ampla programação com a realização de palestras, passeios ciclísticos, O Desafio
Intermodal de Curitiba, exposições e manifestações artísticas relacionadas a bicicleta e
que tem seu ápice no dia 22 (Dia Mundial sem Carros), o festival acontece em Curitiba
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desde 2008 e conta com a participação intensa do Ciclovida que desenvolve muitas das
atividades que fazem parte do calendário.
O Programa participou do grupo técnico que elaborou o Decreto n° 1.517/2015
que criou o CICLOPARANÁ (Programa Estadual de Fomento a Ciclomobilidade no Estado
do Paraná), e representado com uma cadeira no CONCICLO, conselho com
representantes do poder público e da sociedade civil responsavel por implementar as
ações do CICLOPARANÁ. Ainda em nível estadual, o Programa participou do Forúm de
Mudanças Climáticas e da Agenda 21 estadual colaborando no grupo de trabalho sobre
mobilidade sustentável.
Em nível municipal o Ciclovida tem participado de diversos grupos de trabalho.
Citam-se a reformulação do circuito ciclístico de lazer com a Secretaria Municipal de
Esporte, Lazer e Juventude, a participação na câmara técnica sobre mobilidade urbana do
IPPUC/CONCITIBA (Conselho da Cidade de Curitiba). Desde 2015 acontecem edições do
Desafio Intermodal na rede municipal de ensino em parceria com as Secretarias
Municipais de Trânsito e de Educação. O Programa também esteve presente em reuniões
para a criação da Frente Parlamentar de mobilidade sustentável da câmara dos
vereadores.
Um dos destaques da parceria com o Movimento Cicloativista, foi a realização do
Forum Mundial da Bicicleta em Curitiba em fevereiro de 2014, evento internacional que
teve participação decisiva da UFPR, que cedeu suas instalações para realização de 90%
da programação.
No segundo eixo de atuação do Programa, destacamos a pesquisa em conjunto com a
PMC e outras IES sobre o perfil de mobilidade da comunidade universitária de Curitiba e o
“Desafio Intermodal” que ano a ano tem se aprimorado, ganhado mais cientificidade e espaço
na mídia, foi incluído como conteúdo das disciplinas de Cidade e Meio Ambiente do curso de
Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia de tráfego da Engenharia Civil na UFPR e a partir de
2015 também está nas escolas municipais. O DI também já inspirou artigos e tccs, atualmente é
tema de dissertação de mestrado na Pós-Graduação em Tecnologia e Sociedade- UTFPR.
As ações de divulgação têm fomentado o surgimento de muitas monografias de
graduação e pós-graduação, dissertações de mestrado e encontra-se em andamento a primeira
tese de doutorado, alguns exemplos de trabalhos inspirados pelo Ciclovida, podem ser
observados no quadro a seguir:
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TRABALHOS INSPIRADOS PELO PROGRAMA CICLOVIDA
Monografia-Cláudio. M. A. Franco-Mobilidade sustentável: o uso da bicicleta entre estudantes da
Universidade Federal do Paraná, 2008.
Monografia-Mônica D. Nancassa-O uso da bicicleta entre os estudantes da Universidade de Amilka
Cabral e Colinas de Boé. Guiné Bissau, África, 2008.
Monografia-Bruna E. Maeoka-Análise dos fatores que motivam motoristas a estacionar em local
proibido no campus Centro Politecnico – UFPR, 2009.
Monografia-Nelson E. Silva-Proposta de plano básico e projetos cicloviários para a cidade de
Curitiba, 2009.
TCC-Juliana Stinghen e Marcel Pace-Bicicleta: desafio intermodal – visualização de dados com
base no design experimental, 2010.
Monografia-Isabelle C. Luís-Integração entre o modal cicloviário e o transporte público em Curitiba,
2011.
Dissertação-Cláudio. M. A. Franco-Incentivos e empecilhos para a inclusão da bicicleta entre
universitários, 2011.
Monografia-Lucas Patino Lordello-A contribuição das políticas de estímulo ao uso da bicicleta para o
desenvolvimento da mobilidade sustentável nas cidades, 2012.
Iniciação cientifica-Gabriela L Monich e Tiago A. Pianezzer-Tópico de cidade, energia e mobilidade:
uma leitura urbana da bicicleta como meio de transporte entre campi da UFPR, 2013.
Monografia-Simone Joukoski-A bicicleta na cidade: um olhar em busca de uma mobilidade
sustentável, 2013.
Monografia-Rodrigo A. P. Ciclolazer em Curitiba, 2013.
TCC-Anny L. Biernaski; Gabriela M. Martinez e Sheila A. Moura - Ciclomobilidade na UFPR/SEPT:
divulgação do Programa Ciclovida no SEPT, 2013.
TCC-Rodolfo R. L. de Miranda-Mobilidade urbana sustentável: estudo do sistema cicloviário de
Paranaguá, Paraná, 2014
TCC-Thaisa de Fatima Gondek, Engenharia Civil-“A mobilidade urbana sustentável: uma proposta
de conexão cicloviária entre os campi da UFPR”, 2016.
TCC-Isadora Palhano–Levantamento de Parâmetros e Simulação de Emissões de Frotas Urbanas,
2017
Dissertação de mestrado em Planejamento e Governança Publica de Silvana Nakamori - Programa
Ciclovida como política de mobilidade urbana sustentável: estudo empírico na Universidade Federal
do Paraná, 2015.
Dissertação de mestrado em Desenvolvimento Territorial Sustentável de José Carlos Assunção
Belotto - Ciclomobilidade: Um estudo de caso sobre a participação da UFPR na implantação do
Cicloparaná-Programa Paranaense de Mobilidade não motorizada por bicicleta, 2017.
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Dissertação de mestrado em Tecnologia e Sociedade/UTFPR de Luiza Simonelli - O Desafio
Intermodal como tema gerador para motivar as práticas de educação para o trânsito no ensino
fundamental. (Em andamento)
Tese de doutorado em Design de Gheysa Caroline Prado MOBILIDADE URBANA: O design de
serviços para mudança de comportamento. (Em andamento)
FONTE: Adaptado pelos autores de Belotto e Horochovski (2017)
Em 2012 o Programa implantou 600 vagas de estacionamento para bicicletas nos
diversos campi da UFPR. O design dos paraciclos foi criado por alunos de Design na disciplina
de Projeto de Produto. O projeto de instalação contou com a participação de alunos de
Arquitetura e Urbanismo.
No terceiro eixo no que se refere à captação de recursos, o Programa tem participado
de editais de fomento à extensão e à pesquisa para o financiamento de seus projetos. Já
conquistou editais internos e externos, o que possibilitou o pagamento de bolsas para alunos, a
implantação de paraciclos, diversas publicações como: o livro “A Cidade em Equilíbrio:
contribuições teóricas ao terceiro fórum mundial da Bicicleta”, duas edições do guia “Ciclovida:
Pedalando na Cidade”, relatórios do “Desafio Intermodal”, Folder de cicloturismo da cidade de
Antonina e aquisição de material para apoio aos laboratórios da UFPR que colaboram com o
Ciclovida. Destaca-se ainda o patrocínio conseguido para a realização anual do Desafio
Intermodal desde 2008.
Outra maneira de se mensurar que a atividade extensionista do CICLOVIDA tem
avançado para ampliar o uso da bicicleta é a pesquisa realizada em conjunto pela UFPR,
Universidade Positivo (UP), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e a Universidade de Twente (UT) da Holanda sobre o
perfil de mobilidade das comunidades das quatro maiores universidades de Curitiba, realizada
em 2016. Na figura a seguir está demonstrado o percentual de uso de cada modal de transporte
por instituição e a média consolidada.
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PESQUISA DO PERFIL DE MOBILIDADE URBANA DA COMUNIDADE
UNIVERSITÁRIA DE CURITIBA
FONTE: CICLOVIDA (2016).
Verifica-se que o uso da bicicleta pela comunidade da UFPR é o mais significativo
entre todas as IES analisadas, chegando a 6,85%, sendo quase o dobro do valor consolidado
3,70%, deve-se considerar que o uso da bicicleta na UFPR puxa a média geral para cima,
assim, se retirarmos os numeros da UFPR do calculo o valor consolidado ficaria em 2,61%, o
que significa um uso 150% maior que a média das demais IES de Curitiba.
O uso mais expressivo da bicicleta em relação às IES pesquisadas pode ter como uma
das explicações entre outras razões a serem investigadas, é que a UFPR é a única das
instituições que a diversos anos desenvolve ações visando o fomento da mobilidade
sustentável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observa-se que por meio da implantação de infraestrutura pró-bicicleta, do fomento a
realização de trabalhos acadêmicos, inserção curricular, publicações, articulação com o poder
público e a sociedade civil, e eventos de divulgação, tem colaborado para trazer a luz a
importância da bicicleta como opção de transporte saudável e sustentável ampliando a sua
consideração no planejamento urbano.
As Universidades são instituições com grande entrada social e transmissão ideologica.
Devido a suas numerosas comunidades formam grandes polos geradores de trânsito e devem
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educar pelo exemplo. Por formar profissionais para o mercado, a cultura adquirida no meio
acadêmico será transportada para as empresas em que os seus egressos estiverem atuando.
O trabalho em conjunto com o movimento cicloativista tem gerado uma pressão que
começa a sensibilizar os políticos e técnicos responsáveis pelo planejamento da mobilidade nas
cidades, levando-os a reconhecer a opção do transporte não motorizado como alternativa para
a melhoria da qualidade de vida urbana.
O Ciclovida encontra-se consolidado na UFPR, no entanto se restringe a uma
instituição. Dessa forma almeja-se que seu exemplo seja replicado em outras IES para
potencializar o desenvolvimento de uma cultura de mobilidade sustentável, visto o papel da
extensão universitária e o potencial transformador e formador de opinião da comunidade
acadêmica.
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