professor nota 10

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Educação Professor

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AApresentação

Ao adotarmos a postura bípede e abandonarmos a segurança das florestas, demos início a mais espetacular aventura terrestre: a ocupação deste planeta pela espécie humana.

No transcorrer dessa jornada, descobrimos diferentes lugares, cada um com suas características próprias. Alguns apresentaram-se como verdadeiros de-safios à sobrevivência do homem, seja pelo calor quase insuportável de seus desertos, seja pela inclemência do frio que ofereciam. A todos sobrepujamos.

Se pudéssemos classificar as qualidades humanas que nos permitiram vencer a guerra pela sobrevivência, em primeiro lugar estaria, logicamente, a capaci-dade de pensar, refletir. Ela nos permitiu desenvolver uma característica única entre as espécies vivas: a adaptabilidade.

Chegamos até aqui porque soubemos nos adaptar aos mais diferentes hábitats. Como Darwin afirmou: “Apenas os mais ágeis e aptos sobrevivem e vencem, não necessariamente os mais fortes.”

E é essa maravilhosa chance de se adaptar que você, professor, deve agarrar com toda a sua força. Pare e analise sua carreira, pense há quanto tempo você não faz um curso de aprimoramento ou apenas adota uma nova forma de re-passar o conteúdo. Ficar parado no tempo, sem “evoluir”, traz grandes riscos

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para a sua carreira e seus alunos. Pois como eles estarão preparados para entrar no mercado de trabalho, se o seu mestre não está antenado às novidades e não pode instruí-los a como se comportar nesse mundo tão globalizado?

Ao enfrentar o desafio de se tornar o mais ágil e apto de sua espécie, você dei-xará para trás velhos padrões e, conseqüentemente, se destacará em seu meio. Enfim, conseguirá se sobressair não apenas como educador, mas, sim, como um verdadeiro mestre nota 10.

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PREPARANDO-SE PARA O SUCESSO

Duas vizinhas, amigas de infância, mesma idade. Freqüenta-ram a mesma escola, tiveram os primeiros namoradinhos mais ou menos na mesma época, vestibular no mesmo ano, forma-ram-se professoras juntas. Após alguns anos, uma é a preferi-da dos alunos, ganha bem. A outra... é apenas mais uma.

A diferença entre as duas pode ser justamente a diferença. Aquele algo a mais em suas aulas. Às vezes, é um jeito, uma postura, algo que não se aprende na faculdade.

É uma aula diferente. É um pequeno espetáculo que se dá para os alunos, tornando a disciplina ainda mais interessante. Isso aumenta a participação em sala de aula e, no final das contas, eleva – e muito – as suas oportunidades de trabalho.

No final das aulas, quem não gostaria de escutar os alunos comentando uns com os outros: “Nossa! Essa aula foi nota 10, você não acha?” Conseguir essa reação envolve uma série de fatores e muito planejamento de sua apresentação.

Ao entrar em sala sua postura tem de ser persuasiva, criativa, motivadora e de liderança, características, essas, essenciais e que devem ser trabalhadas para se alcançar o sucesso profis-sional e de suas aulas.

Portanto, assim como um prédio precisa ter alicerces sólidos para sustentar a construção, você deve desenvolver esses tra-

ços, tornando seu perfil diversificado para conseguir compor a tão sonhada aula-espetáculo. E este material vem ajudá-lo nessa tarefa. A seguir, identificamos as qualidades necessá-rias para seu sucesso e damos diversas orientações de como cultivá-las.

ATITUDE É TUDO!

Que elementos sua aula precisa ter para ser considerada um verdadeiro espetáculo por seus alunos? E o mais importante, como você, professor, deve conduzir suas explicações para alcançar esse feito?

Além de reunir novos elementos em suas aulas, você deve incorporar novas atitudes a sua profissão. O sucesso de suas ações dentro da sala de aula está diretamente ligado à maneira como você encara a profissão e seus alunos. Sem algumas atitudes específicas, a meta de tornar-se um professor inesque-cível, com aulas memoráveis, fica distante.

A maioria dessas qualidades podem ser encontradas em gran-des comunicadores. Não seria fantástico levar toda a criati-vidade que Serginho Groisman implantou em seu programa para sua classe? Ou fazer um superplanejamento de aula, assim como Marília Gabriela faz, antecipadamente, com suas entrevistas?

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Todos estes grandes profissionais de comunicação possuem características importantíssimas que o ajudarão, e muito, a se tornar um professor nota 10. Quem mais indicado para você se espelhar do que estes excelentes apresentadores? Faça como eles e transforme a sala de aula em seu palco – e brilhe! Entretanto, acompanhe alguns detalhes que você deve aprimorar antes de se tornar um superprofessor.

CRIATIVIDADE

logo foi convidado a integrar a equipe de profissionais do SBT e em 1999 foi chamado pela Globo.

Você pode estar se perguntando: “O que eu tenho a ver com ele?” É simples. Assim como Groisman, o educador deve ter criatividade e bolar algo novo, que desperte a atenção de seu público (alunos), aumentando sua audiência.

E esse jogo em busca de pontos no IBOPE não se limita apenas a televisão. Se não existir elementos que atraiam a atenção dos estudantes para sua aula, eles simplesmente “tro-carão de canal”.

Cabe a você não deixar que isso aconteça. É seu dever evitar que eles dispersem e mudem o foco de interesse. As novelas têm uma lição a ensinar sobre isso. Caso os índices de retorno apresentem baixa resposta ocorre, de imediato, uma mudança na “casa”. Os responsáveis pela programação correm contra o tempo e tentam diminuir o prejuízo mudando o diretor da novela. Afinal, que outro tipo de atitude eles teriam? Mudar a audiência está fora de questão, então, a resposta é reinventar e mudar algumas peças do tabuleiro!

Portanto, encare isso como um alerta. Se a turma começar a demonstrar um baixo desempenho, de quem você acha que o diretor irá cobrar uma posição? Do professor ou da classe?

Já que sua “audiência” detém todo esse poder e está sedenta por novidades, adapte-se. Leve ousadia para a sala. Ousadia

CRIANDO É QUE SE APRENDEA criatividade, de acordo com o consultor em Desenvolvi-mento Humano e palestrante Rubens Queiroz de Almeida, diz respeito a criar coisas novas ou descobrir maneiras diferentes de fazer tarefas antigas. Reinventar. E é essa a grande ques-tão!

O professor, assim como a borboleta, precisa deixar seu ca-sulo e se reinventar. Dar mais cor e movimento a suas aulas. Pode ser uma forma diferente de se vestir, um elemento novo na sala de aula ou, ainda, uma maneira diversificada de intera-gir com os alunos.

Veja o exemplo do apresentador Serginho Groisman. Quando trabalhava para a TV Cultura, no programa Matéria Prima, ele inventou um novo formato em que a platéia participava ativamente das discussões. A inovação agradou tanto que ele

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ao experimentar uma linguagem diferenciada de ensino, ou-sadia ao buscar mais interação de seus estudantes durante as explicações, ousadia ao levantar assuntos polêmicos, estimu-lando a discussão e a criação de novas idéias.

Porém, tenha a consciência de que o sucesso dessas ações não acontecem do dia para a noite e exigem que você, educador, abandone a zona de conforto. Imagine se Groisman tives-se mantido o formato de programa que os telespectadores estavam acostumados. Será que ele estaria gozando de todo o prestígio que possui hoje?

O mesmo acontece com suas aulas. Sem criatividade, elas obedecerão ao velho protocolo escolar, ficarão na surdina, sem nenhum destaque ou algo especial que chame a atenção dos seus pupilos. Faça como o grande comunicador, não se conforme, mude esse quadro.

Veja algumas dicas dos seus colegas de profissão que, de uma forma diferente, envolvem seus alunos com ótimas perfor-mances. Cantam, interpretam, recitam poesias e até usam adereços coloridos para chamar a atenção.

Cada um, a seu estilo, está dando o máximo de si para se transformar no educador nota 10. Claro que não existe uma forma única do professor ser criativo. Acima de tudo, é preci-so preservar e respeitar o estilo e o perfil de cada um.

Força da juventudeO fato de a criatividade ser cada vez mais exigida no mercado já é um motivo mais do que suficiente para você desenvolver a sua, mas o professor tem uma razão a mais: alunos são o maior depósito de energia criativa que se conhece.

Gilda Lück, professora do Colégio Dom Bosco de Curitiba, e mestre em Educação pelo Lesley College de Boston (EUA), conta que, certa vez, um aluno levou uma borboleta para uma aula de Matemática. A turma ficou entusiasmada com o inseto e logo todos depositaram sua atenção nele. A professora foi ríspida e falou para o aluno que deixasse a borboleta de lado, pois a aula era de Matemática e não de Biologia.

Segundo a pedagoga, esse é um exemplo de professora que não utilizou a empolgação da turma a seu favor. Com um pouco de criatividade, ela poderia ter usado a borboleta como um instru-mento pedagógico e, assim, despertado o interesse da classe.

Outro exemplo: os professores do Colégio Maxi, de Londrina (PR), mostraram que, para eles, criatividade não é problema e, sim, uma grande solução. Tiveram a brilhante idéia de usar latinhas de refrigerante para decorar o ginásio no qual acon-teceu a II Bienal Cultural, um evento promovido pela escola com a participação de seus alunos. O resultado foi duplamen-te satisfatório, pois, além de conseguir um efeito fascinante, as latinhas foram doadas para uma instituição de caridade que as trocou por três novos computadores.

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HHPráticas

Além de despertar seu poder de inovação, você também tem a responsabilidade de não deixar que esse sentimento dimi-nua em seus alunos.

Gilda Lück afirma que no dia-a-dia da sala de aula o mais eficaz é propiciar um ambiente criativo. Algumas dicas:

Adivinhação. Reserve cinco minutos da sua aula para um jogo de adivinhação. Além de resolver problemas de indisciplina, aquece a mente do aluno para a observação e criação.

Relaxamento. Mentalizar por alguns minutos situações tranqüilas, como andar em um bosque, escutar o barulho do mar ou banhar-se em uma cachoeira, preparam o intelecto das pessoas para a criação.

Atividades artísticas. Enriqueça sua aula com música, esculturas, dobraduras, formação de figuras de papel e de novas palavras através da composição de formas geomé-tricas.

Jogo de log. Essa é uma técnica mais conhecida nos Esta-dos Unidos e Europa. Funciona assim: um pouco antes de terminar sua aula, peça para um aluno escrever tudo o que assimilou. Com isso, é possível observar as peculiaridades

de cada estudante, os diferentes modos de observação e de captação da mensagem.

MOTIVAÇÃO

NÃO DEIXE A VIDA TE LEVARQuando falamos de ensino, um dos fatores mais importantes é a motivação de seus alunos. Ou seja, além de ensinar criativa-mente, é preciso que eles queiram aprender.

Conseguir isso é uma tarefa que qualquer professor almeja. Hoje você se espanta com o fato de seus alunos decorarem o nome de mais de 150 personagens de video games japone-ses. Mas faça um teste: procure um colega mais experiente e pergunte sobre a escalação do Santos de 1962. Ele, provavel-mente, vai tê-la na ponta da língua. Agora, faça uma pergunta escolar que não tenha a ver com a matéria dele, por exemplo, se ele leciona Química, pergunte sobre Geografia. Mudam os personagens, mudam as modas entre os alunos, porém, dificilmente o interesse pelo estudo sai do final da fila das prioridades dos estudantes.

Dificilmente, então, pode-se jogar toda a responsabilidade de estudantes desmotivados na força atual da mídia. Tampouco adianta transferir a culpa para o governo, a sociedade ou aos pais.

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Quando se fala em motivação de alunos, existem duas certe-zas básicas: você não motiva ninguém e grande parte de suas ações em sala de aula influenciam a motivação de seus alunos (para melhor ou pior).

Essas afirmações podem parecer conflitantes, mas não são. A motivação é algo que depende da vontade de cada um. É um processo íntimo e individual. O que você pode fazer é criar o ambiente ideal para que seus pupilos se motivem.

Se lembrarmos dos grandes comunicadores que teriam essa característica, com certeza, citaríamos como exemplo José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha. O Velho Guerreiro, com todo seu bom humor e alegria, conquistou um público fiel, e até hoje é lembrado por seu carisma. Claro que, além do profissionalismo, era inegável que o apresen-tador desempenhava sua função com prazer. Sua motivação em fazer o trabalho contagiava todos à sua volta, inclusive os espectadores.

E é exatamente isso que você, professor, deve fazer se quiser motivar sua turma. Quem não gostaria de, assim como Cha-crinha, ser lembrado por muitos e muitos anos?

Essa postura diferenciada se transforma em um ingrediente a mais. Aproxime e encante seus alunos que são nada mais, nada menos, que seu público. Um público que está sentado ali a sua frente, esperando ser surpreendido e aprender o conteúdo de uma maneira não convencional. Todos gostam de

uma boa surpresa, de uma aula animada, com um professor motivado e que incentiva seus estudantes.

Vale tudo nessa hora! Chacrinha começou uma brincadeira de jogar bacalhau nas pessoas. Sua intenção: divertir e chamar a atenção da audiência. Claro que você não irá jogar comida nos estudantes, mas a idéia é brincar, inovar e deixar seus alunos curiosos, com vontade de ir para as aulas e descobrir a surpresa que você preparou.

Segundo a professora e escritora norte-americana Barbara McCombs, “os alunos sentem e reagem a todos os aspectos de um professor: quem são, como falam, o quão confortáveis eles se sentem em sala de aula”. Ou seja, quanto mais estímu-los positivos os estudantes encontrarem, melhor se identifica-rão com você e com a matéria.

Você quer mais motivos para começar a adaptar sua postura e sua forma de se comunicar com a classe? E lembre-se de uma grande dica que o Velho Guerreiro nos deixou: “Quem não se comunica, se trumbica!”

O que motiva seu aluno?

A motivação de um aluno passa naturalmente pelo desejo dele em aprender o que está sendo mostrado. E aí está a chave para a solução do problema. Por trás do desejo – ou da falta dele – de aprender algo estão vários motivos, experiências pas-

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sadas e expectativas futuras. E, mesmo que você tenha dois estudantes com exatamente o mesmo grau de concentração, a razão para eles prestarem atenção varia.

Alguns são internamente motivados. Gostam de estudar por-que sabem que é para seu bem e gostam da sensação que as descobertas produzem. Para outros, a recompensa é externa. Eles estudam para obter alguma coisa, uma recompensa, ou para evitar algo de ruim.

Essa motivação vem de várias fontes. A criança vai construin-do-a durante toda sua vida, observando e escutando outras pessoas (especialmente pais e professores). Os pais da criança devem saber lidar com a curiosidade natural dos filhos, res-pondendo as perguntas (mesmo as mais embaraçosas, engra-çadas ou impróprias), encorajando as explorações e, de um modo geral, tentando mostrar-lhes mais do mundo.

Uma criança criada dessa forma receberá a mensagem de que aprender é divertido – e dificilmente trará problemas para você. Outras podem crescer em um ambiente que favorece a autonomia, competência e o respeito próprio, aceitando melhor os desafios inerentes da escola.

O que você pode fazer? Se você não pode fazer nada quanto à bagagem que seus alunos trazem, você pode fazer muito a partir do momento em que eles entram na sua sala pela primeira vez. Sua atitude, seus procedimentos e suas metas são o que mais conta. Mesmo assim, você não vai conseguir

motivá-los. Ninguém pode motivar outra pessoa. O máximo que alguém pode fazer é criar um ambiente propício para que os alunos automotivem-se. Eles aprenderão o que você espera que eles aprendam. E você pode mostrar o que espera deles de várias maneiras.

Práticas

1 Sala de aulaOs alunos devem ver a sala de aula como um ambiente

agradável, acolhedor, parecido o mais próximo possível da sua própria casa. Como se consegue isso? Uma mão de tinta faz milagres. Sério! Móveis adequados e sem sujeira, ambien-te claro e bem iluminado, essas são condições mínimas de trabalho. Algumas escolas podem não lhe oferecer isso, mas ainda assim você pode fazer algo:

Mantenha o chão da sala sempre limpo.

Procure ter duas lixeiras, uma em cada canto da sala. Ra-zão: a lei do menor esforço. Seus alunos terão uma escolha do menor caminho para apontar lápis, jogar papéis fora, etc. E não o farão embaixo das carteiras.

Procure certificar-se de que o quadro-negro (ou verde) esteja limpo quando os alunos entrarem na sala.

Trate todos com respeito. Eles devolverão o tratamento.

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2 Lição de casaBom, você não pode evitar. Eles também não. Então,

o melhor é chegar a um acordo sobre provas, pesquisas e exercícios de casa:

Logo no começo do ano, coloque as regras na mesa. Diga como você vai trabalhar e respeite o que você disse. Procure manter um padrão. Um professor que passa um ou dois exercícios para casa todo dia tende a ser mais respeitado do que um que, às vezes, passa cinco, às vezes, não passa nada. Os seres humanos, em geral, só gostam de suspense no cinema.

Além disso, seus alunos também têm outros compromis-sos. Se eles souberem que todo dia devem esperar um pequeno volume de tarefas de você, se souberem que a cada dois meses terão de entregar um trabalho, eles po-derão ajustar suas agendas fazendo o que se espera deles, e estudar de maneira mais sistematizada. Assim, você demonstra um grande respeito por seus estudantes.

Varie o nível de dificuldade. Há sempre aqueles que demoram um pouco mais para entender o assunto. Um exercício ou pergunta mais fácil não prejudica os mais adiantados e permite que os outros cheguem ao mesmo nível.

Contextualize. Sempre que possível, ligue o que você está

ensinando a algo que eles vêem todo dia na rua ou que possam usar.

Resultado imediato. Procure fazer pequenos testes que valham um ponto para a prova do mês. Corrija-os rapi-damente e dê os resultados. Assim, seus alunos vêem, na hora, o quanto o esforço deles significou e o que precisa ser mudado para a prova principal.

3 Papo-cabeçaPor que seus alunos devem estudar? Lá pela 6ª, 7ª série,

uma resposta já começa a se formar na cabeça de alguns: “Para passar no vestibular.” Essa idéia é até estimulada por algumas escolas, que anunciam – com orgulho – que um de seus alunos da 8ª série passou no vestibular da PUC de São João do Fim do Mundo.

Só que essa é uma meta muito distante, e que apavora mais do que estimula (“Será que eu vou passar?”). E, se não for o vestibular, será a próxima série. Procure mudar o foco deles:

Faça com que se concentrem no que estão fazendo. No aprendizado. O medo de reprovar desvia a atenção, parali-sa seus alunos.

Faça com que eles voltem a se interessar pelo que é aprendido. E uma forma segura de fazer isso é através do humor. A História, por exemplo, está cheia de passagens

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engraçadas, as quais podem ser usadas em outras maté-rias. Quer coisa melhor para fixar as conversões de pesos e medidas do que contar a história do surgimento da escala Fahrenheit?

Ensiná-los a estudar. Técnicas de memorização, horários rígidos, alimentação, como destacar os pontos importan-tes, prestar atenção na aula. Tudo isso faz uma diferença enorme à medida que eles vejam que falharam em um teste não por incompetência, mas porque não estavam fazendo a coisa certa.

Fazer com que entendam que tudo é um investimento. Ficar pensando em passar de ano, em fazer o vestibular, é perda de tempo. Eles devem pensar no que são bons, no que gostam, e se esforçar para tirar da escola o máximo possível. Só assim poderão realizar todas as suas possibi-lidades.

4 ControleDeixe que eles assumam o controle da própria aprendi-

zagem. Ou seja, abuse das perguntas e consultas à sua turma, deixando que eles escolham e opinem sobre assuntos como datas de prova, visitas, formação de equipes de trabalho, entre outras. Quanto mais sentirem que a voz deles, e a opi-nião, é ouvida, mais eles se interessarão pelo estudo.

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PERSUASÃOO PODER DO CONVECIMENTO

O que você entende por persuasão? Segundo o dicionário Au-rélio, o ato de persuadir compreende “levar a crer ou aceitar”. É um processo sutil, no qual vários fatores como aspectos culturais, credibilidade do interlocutor, gestos e linguagem empregada, influenciam a outra parte.

Dominando suas regras e sabendo empregá-las de maneira eficiente, a persuasão se transforma em uma característica imprescindível para que você transforme sua aula em algo fantástico e sua sala em um palco iluminado.

E falando em brilho, nada mais justo do que pegarmos como referência para essa qualidade o versátil Arnaldo Jabor. Ele esteve ligado a esse mundo do show, do espetáculo, antes de entrar para o jornalismo. Foi técnico de som, crítico de teatro, escreveu roteiros e dirigiu filmes. Em 1991, deixou os palcos para investir em sua carreira de comunicador.

Essa vivência que o ambiente teatral e cinematográfico pro-porcionou a Jabor contribuiu diretamente para a formação de uma de suas características marcantes, tanto na TV quanto em seus artigos: ele não se limita apenas a passar o recado, ele incorpora o texto, coloca emoção em suas palavras e faz dos

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assuntos geralmente complicados, temas interessantes e claros num piscar de olhos.

Ao vê-lo “em cena”, percebemos o quanto suas atitudes e seu discurso são persuasivos, chamam a atenção do público e cativam os telespectadores e leitores a buscarem mais infor-mações sobre o assunto tratado.

Jabor também consegue unir durante suas explicações argu-mentos convincentes, uma dose de entusiasmo e conhecimen-to de causa. Com todos esses recursos, fica quase impossível não ser persuasivo.

E você, professor, não gostaria de incorporar essa caracte-rística? Persuadir seus estudantes a participarem mais das aulas ou ainda absorverem o conteúdo necessário para sua formação pedagógica? Para isso, você deve ter paciência e persistência, pois sem isso fica difícil construir um discurso que desperte confiança e guie seus estudantes. Afinal, não foi do dia para a noite que o jornalista acumulou conhecimento e conseguiu desenvolver um jeito todo especial e único de se comunicar. Foram necessários muitos estudos, pesquisa e análise para chegar aos padrões que presenciamos hoje.

Outro fator que contribui para o sucesso de seu discurso é que o jornalista sabe muito bem para quem está falando. Ele adapta a linguagem, traduz termos complicados e deixa a ex-plicação clara e objetiva. E esse é um dos grandes segredos da persuasão. Descobrir as características, necessidades e o perfil

do público, que no seu caso são os estudantes.

Então, como você vai persuadi-los sem entender o que lhes chama a atenção ou o que consideram importante para suas vidas? Sem esse feedback é complicado adaptar sua mensa-gem e também sua postura para obter bons resultados.

Práticas

Abra seus ouvidos. Escute o que seus estudantes têm a di-zer, descubra suas expectativas em relação ao seu trabalho e o que eles gostariam de ver em suas aulas.

Faça das metáforas e exemplos práticos grandes aliados no momento de ensinar termos difíceis. Por exemplo, para explicar sobre o tabagismo para aquela turma de adolescen-tes que acha que fumar é o máximo, use uma experiência prática para demonstrar os efeitos negativos que essa droga causa ao corpo humano. Será muito mais impactante do que você ficar de pé, parado, divagando sobre consequências.

Induza seus alunos a participarem mais das aulas, fazen-do-os complementar suas idéias durante a exposição do assunto.

Para persuadi-los a obedecerem suas ordens, nada melhor do que uma boa conversa em um tom baixo de comando e olho no olho.

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Quando a turma estiver muito alvoroçada, com conversas paralelas, use a técnica do silêncio. Fique na frente da turma de cara amarrada sem falar nada, ou desenvolva um grito de guerra peculiar. Por exemplo: “Paz e amor, silên-cio por favor.”

Se você quiser convencer os estudantes a fazer um trabalho específico e eles responderem que não sabem o que fazer, responda: “Vocês não sabem ainda, mas vão aprender” ou desafie-os dizendo algo como “Mostre-me que vocês são capazes de fazer essa tarefa”.

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e usa todas essas informações para planejar e conduzir bem uma entrevista, você deve passar por todas essas etapas quan-do estiver preparando suas argumentações para saber quando usar os recursos disponíveis.

Lembre-se de que não adianta nada chegar na frente de seus alunos e promover um verdadeiro “fuzuê”, colocar músi-ca, passar filmes, se você não traçou um plano de aula que definisse um fim para essas atividades. Pense como seria um desastre se Marília Gabriela não “estudasse” seu interlocutor e ficasse fazendo perguntas superficiais, usando dos efeitos especiais que a televisão oferece só para encher lingüiça? Você concorda que, além de perder a audiência, ela perderia credibilidade. Por isso a importância de planejar, pensar o que será feito e exposto durante aquele momento.

Para o professor funciona exatamente igual. Todos desejam uma aula-show, perfeita, mas não basta sonhar com ela. É pre-ciso planejá-la para que ela vire uma realidade aproveitável para os estudantes.

O professor Jorge Luiz Malkomes Muniz divide a preocupa-ção com o planejamento sem conhecimento da turma em dois níveis. Primeiro, afirma que deve ser feito um planejamento geral: analisar todo o material empregado em suas aulas, fatos próximos à realidade do aluno e reconhecimento da comu-nidade na qual a escola se insere. A partir desse diagnóstico, segue o próximo passo, no qual monta-se o conteúdo que se deseja aplicar, sempre muito prático e voltado à realidade que

PLANEJAMENTO

PENSE PRIMEIRO, AJA DEPOIS

Para dar aquela tão sonhada aula-show o professor nota 10 tem de assumir diversos papéis. Além de ser um bom apre-sentador, comunicador e persuasivo, é preciso – muitas vezes – assumir a posição de um jornalista.

Isso mesmo! Uma das características desses profissionais, como Marília Gabriela, é levantar o máximo de dados pos-síveis antes de suas entrevistas. Esse processo de pesquisar, organizar e planejar o andamento da aula também deve fazer parte de sua rotina.

Assim como a jornalista vasculha a vida de seus entrevistados

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cerca o estudante. “Muitas novidades, atualidades, para que o aluno sinta-se constantemente interessado em comparecer às aulas”, completa.

A professora Maria José Zoppi Campane é outra defensora da utilização das vivências do cotidiano local. Ela também alerta que é preciso dar especial atenção à administração do tempo, pois o educador lida com diferentes tipos de estudantes. “É preciso planejar uma atividade para diagnosticar qual conteú-do deve ser trabalhado com os possíveis alunos que vierem de outra instituição”, destaca, “e acrescentar atividades praze-rosas, buscando o equilíbrio e o envolvimento do meu aluno com a minha disciplina”.

Enfim, planejar é essencial para o sucesso de suas aulas. Ao pular esse passo, você estará correndo grandes riscos de jogar por água abaixo sua credibilidade e confiança, conquistadas com tanto custo.

Práticas

Antes de tudo, separe o conteúdo e o material que você vai precisar na aula imaginada. Como você terá tempo, pode pesquisar materiais mais baratos e simples sem prejudicar o resultado final. Só é proibido descuidar do conteúdo.

Faça uma simulação de sua aula. Controle o tempo neces-sário para expor o assunto ou para explicar uma atividade

nova. Você pode dar parte da aula para seu cônjuge e pedir a opinião dele. Na maioria das vezes, esse treinamento vai ser interrompido por brincadeiras e gargalhadas, mas tentem de novo – vocês acabam acertando.

Ao final, você não terá um espetáculo complemente fe-chado, pronto. Uma aula está sempre aberta a melhorias e ajustes, até porque cada classe é única. Anote a experiência que impressionou mais os seus alunos, que foi um sucesso em participação, para usá-la como inspiração no futuro. Assinale também os pontos que não funcionaram muito bem para poder reestruturá-los nas próximas práticas. Seja flexível.

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LIDERANÇAEM BUSCA DE TALENTOS

Onde estão os líderes? Aquelas pessoas que fazem a diferen-ça em suas escolas e comunidades, que vão além do que se espera deles, que unem duas qualidades importantíssimas: competência (suas habilidades e experiências) e autenticidade (sua identidade, atitude e características)?

Muito se fala sobre liderança. São dezenas de livros, dicas e orientações que prometem transformá-lo, de repente, em uma pessoa supercarismática, capaz de liderar um espetáculo de aula que prenda a atenção dos alunos e os incentive a parti-

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cipar das atividades. Porém, desenvolver essa característica leva tempo e não é tão simples quanto parece, principalmente em sala de aula.

Diversas experiências acumuladas durante nossas vidas contribuem para a construção de um grande líder. Jô Soares é um belo exemplo. O apresentador já fez de tudo um pouco. Durante os anos 60, esteve envolvido com artistas plásticos de um movimento classificado Underground e atualmente se di-vide entre vários “papéis”: escritor, humorista e apresentador.

Enfim, podemos considerar Jô uma pessoa eclética, que lidou com várias situações durante sua vida profissional. Toda essa experiência e vivência fazem a diferença na hora de comandar seu programa e sua equipe. Ele sabe que em seu meio, está lidando com outros profissionais, os quais possuem personali-dades distintas e que devem ser tratados de maneira única.

Encontramos esse mesmo dilema dentro da sala de aula. O educador precisa liderar uma equipe que é formada por cidadãos diferentes e que possuem pontos de vista singulares. Assim como o Jô não pode chegar nos estúdios e exigir um desempenho perfeito e padronizado de seus colaboradores, você, professor, também deve estar preparado para lidar com os altos e baixos de seus alunos.

É por isso que exercer esse papel de liderança vai além de discursos, como: “Se você se esforçar mais, vai conseguir passar.” Geralmente, você está lidando com estudantes que

estão, no mínimo, muito nervosos, com toda a energia típica de sua idade e ainda, estão acostumados a toda interatividade que a tecnologia oferece. Alunos que não poderão se esforçar mais a não ser que você se dedique a entendê-los melhor e, em certos casos, mudar seus “hábitos de pensamento”.

Liderar, então, não é e nunca foi trabalhar apenas com números. Tampouco se resume em entrar em uma sala cheia de gente e gritar “vamos lá, pessoal!” entre outras frases motivadoras. Liderar é ser capaz de extrair o melhor de cada aluno. Fazer com que cada um, com sua habilidade específi-ca, contribua com a aula. É despertar os interesses e guiar os estudantes a descobrir seus talentos. No meio desse processo, com certeza, crises e tensões surgirão. Contudo, como todo bom líder, você não deve se abater, mas, sim, encarar a situa-ção como um desafio a ser vencido.

O que vemos, de segunda a sexta à noite, no programa do Jô, ilustra bem o conceito anterior. O apresentador diverte, informa e entretém o público, porém, isso só acontece porque ele sabe como orientar e estimular os profissionais que estão à sua volta a participarem do show. Ele consegue que cada um, com todo seu talento, contribua para o espetáculo.

Portanto, professor nota 10, faça dos 40 minutos de aula um momento de descontração e aprendizagem. Exerça seu poder de liderança para despertar o potencial de cada estudante, fazendo deles os coadjuvantes de sua aula-show.

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Trabalhe para ser líderOs grandes líderes trabalham em quatro áreas diferentes: visão, realidade, ética e coragem. Sem uma delas, qualquer plano de trabalho ou técnica de modificação vai por água abaixo. Uma não funciona sem a outra. Veja:

Visão – É a arte de pensar grande, criar coisas novas, de antecipar o que vai acontecer. E, mais importante, um líder visionário sabe reconhecer o potencial criativo de sua equipe.Realidade – Conseguir ver o mundo como ele é e não como nós gostaríamos que ele fosse. Lida com parâme-tros do dia-a-dia, fatos e números. Ela não tem ilusões, vê limites e tem pouca paciência para especulações.Ética – Como você lida com os valores humanos básicos de amor, integridade e sentido. Essa dimensão da lideran-ça é única no sentido de que não pode ser manejada com técnicas de motivação (prazer ou medo). É tudo uma ques-tão de princípios individuais, os quais devem ser usados em benefício do grupo.Coragem – É a vontade de colocar a máquina para rodar, de fazer acontecer.

O desafio de liderança é fazer com que todas essas caracterís-ticas coexistam em você ao mesmo tempo. E o mais impor-tante, fazer dessas qualidades, grandes aliadas para transfor-mar suas aulas em momentos mágicos e de um aprendizado divertido e eficaz.

Para desenvolver esses líderes completos, vale tudo. Por exemplo, o professor Robert Lengel, da Universidade do Texas (Estados Unidos), criou – e está tendo muito suces-so – o curso Jornada para a Liderança. Ao entrar na sala de aula, você pode encontrar alunos discutindo livros. Livros de ficção mesmo, romances, policiais, e não de Administração de Empresas ou Pedagogia, como era de se esperar. Talvez até tendo uma lição básica de Aikidô, a arte marcial que ensina a usar a força do seu oponente contra ele. Ou ainda encontrar os estudantes ouvindo uma palestra de um pianista clássico. Segundo o professor Lengel, todas essas aulas não convencio-nais mudam a maneira pela qual os estudantes vêem o mundo.

Práticas

O inesperado, por si só, é um fator fundamental para de-senvolver a liderança: “As organizações vencedoras serão aquelas cujos líderes consigam reagir facilmente a qualquer situação à sua volta”, afirma.

Porém, você pode desenvolver a sua liderança em sala de aula e com seus colegas. Acompanhe:

1.Reflita – Reflexão é a arte de escutar a sua voz interior para sacadas sobre uma determinada questão e acessar uma inteligência que vai além da lógica, dos conhecimentos pessoais e experiências.

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Escrever um diário com suas opiniões a respeito de seu trabalho e de suas qualidades e defeitos é muito útil no desenvolvimento de sua liderança, pois um líder que sabe refletir faz com que seus alunos realmente escutem o que estão dizendo. Frases simples, como “Desenvolva sua idéia”, “Pode explicar melhor esse aspecto de seu pensamento?” e outras expressões similares, também fazem com que seus alunos acabem aprendendo por si próprios. Um bom líder sabe escutar, mais do que falar.

2. Explore – Ajude os outros a se aventurarem pelo des-conhecido. Você já faz isso todos os dias com seus alunos. Defina uma meta com a qual os seus estudantes possam trabalhar.Muitas vezes, vocês estarão pisando em terreno totalmente inexplorado. E isso pode ser feito, por exemplo, com uma maneira nova de ensinar através de passeios e visitas. Nes-sas horas, é papel do líder ser uma bússola para os outros integrantes do time, que são seus alunos. Ele deve apontar a direção correta quando o pessoal começar a se desviar do trajeto (e sempre vão haver desvios nessas condições). O líder também deve ter a consciência e a coragem de dizer “não sei” quando não tiver a resposta. Isso ensinará a seus pupilos a desenvolverem por si só suas idéias.

3. Entenda – Estabeleça contatos mais humanos entre seus estudantes. Porém, isso é algo difícil de ser consegui-do, a princípio. Por exemplo, dependendo do aluno, seus trabalhos e redações sempre são olhados com suspeita. De vez em quando, olhe a questão através do ponto de vista de seus estudantes e procure entender suas razões. Eles irão se sentir mais respeitados e valorizados por você. Um dos principais atributos da liderança é a capacidade de lidar com diferentes opiniões e visões que, a princípio, parecem excludentes: “Como posso me dedicar integralmente a meu trabalho e a minha família?”, “Eu sou uma diretora ou uma amiga?”. Converse, estabeleça valores, discuta o que é mais importante a cada momento de seu dia.

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QUEM QUER, CORRE ATRÁS

Imagine a seguinte situação: começo do ano, volta às aulas, os professores são convidados a participarem da famosa semana pedagógica.

Ao se deparar com todos os educadores novamente reunidos, o gestor decidi abrir o encontro com um questionamento.

— Quem aqui gostaria de ser um professor nota 10?

A maioria, como é de se esperar, levanta a mão. Então, o administrador continua:

— Interessante. Mas o que vocês consideram um professor nota 10?

O mestre em Matemática, sentado lá no canto da sala, respon-de:

— Para ser nota 10, o educador precisa ter carisma.

Nisso, a orientadora educacional emenda:

— Preparo também é importante. – E um grupinho do meio opina:

— Sem persuasão e criatividade o negócio não funciona.

Após uma série de argumentações, o gestor interrompe nova-mente e finaliza:

— Muito bem, todos estão certos. Na verdade, esse profes-sor nota 10 é a reunião dessa série de qualidades. Mas para alcançar esse objetivo, é importante dar o primeiro passo. Ou seja, reconhecer a necessidade de desenvolver as carac-terísticas citadas.

Essa historinha ilustra bem o que acontece dentro de muitas instituições no começo do ano, durante as semanas de treina-mento com os professores. A vontade de se aprimorar profis-sionalmente existe, porém, em certos casos, esse plano vai sendo preterido quando começa a correria do dia-a-dia.

Tanto professores como gestores alegam que as variadas ati-vidades que exercem na escola tomam tanto tempo que acaba não sobrando um espaço na agenda para fazer o tal aprimora-mento.

O problema é que esse discurso, muitas vezes, esconde o receio que educadores e administradores têm em assumir uma nova postura. Uma posição mais ousada, que exija deles o abandono da zona de conforto que vinham trabalhando até então.

Se realmente essa vontade de se tornar um mestre exemplar existir, os professores deverão trabalhar com mais afinco as qualidades e atitudes vistas no capítulo anterior (criatividade,

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motivação, persuasão, planejamento e liderança) e, juntamen-te com elas, cultivar alguns gestos que fazem toda a diferença, como:

Possuir uma atitude naturalmente positiva e animada.

Saber pensar e decidir.

Saber ouvir, e não apenas falar.

Aceitar críticas.

Estar sempre aprendendo e se atualizando.

Possuir boa aparência profissional.

O conjunto dessas ações, aliadas a paixão por ensinar, com certeza resultará em um desempenho acima da média. Ao demonstrar o afinco e apreço por sua profissão, você automa-ticamente contagia todos a sua volta e estimula os estudantes a participarem e se envolverem com o assunto ensinado.

EM BUSCA DO SUCESSO

Como vimos até aqui, entrar para o hall de professores que fi-cam eternizados na memória dos alunos exige muito esforço e dedicação. O tão almejado sucesso profissional vem atrelado a uma mudança de postura que, muitas vezes, provoca questio-namentos internos e demanda um planejamento a longo prazo de realizações profissionais e pessoais.

Ao se conhecer melhor, saber realmente quais são seus ob-jetivos, fica mais fácil para o professor estabelecer o cami-nho que deve seguir para a realização dessas metas, e ainda identificar quais pontos precisam ser ajustados ou aperfeiço-ados. Fique atento às dicas que reunimos para você ascender profissionalmente.

Arrumando a casa

Antes de querer mudar tudo em sua carreira, é necessário mu-dar por dentro. Altere sua maneira de ver o mundo, colégio, alunos. Desenvolva:

1 Liderança – Antes de liderar os outros, um profes-sor de sucesso deve concentrar-se em liderar a si

mesmo. Tomar consciência de que ele não trabalha para uma empresa ou outra pessoa. Trabalha para si mesmo, sua própria satisfação pessoal e profissional. E desenvol-ver uma liderança pessoal requer:

Auto-análise: concentre-se no que você é bom, nas áreas em que você pode se destacar. Uma pós-graduação, mestrado, qualquer um pode ter. Mas existem determina-das habilidades e, principalmente, a maneira como você transforma essas habilidades em ação que são únicas. Descubra o horário do dia no qual você rende mais, a sua maneira preferida de trabalhar.

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Objetivos claros: todo mundo quer chegar lá. Mas você já parou para analisar, friamente, onde é esse “lá”? Saiba o que você quer, e o que é necessário para alcançar esse objetivo. É como ter um mapa e uma bússola. Sem eles, sua carreira fica à deriva.

Tempo é só o começo: os grandes professores sabem que administrar o tempo é só o começo da estrada. É neces-sário planejar sua carreira. Pense no que você gostaria que constasse em seu currículo, o que é importante para a empresa nos próximos seis meses.

2 Curiosidade – Alguém curioso está sempre atrás das respostas. Está sempre disposto a aprender e a se

aprimorar. O professor de sucesso sabe que a carreira per-tence a ele. Então, não espere que cursos sejam ofereci-dos. Busque livros, palestras, aperfeiçoamento. E falta de dinheiro não é desculpa. Muitas dessas ações não reque-rem que você invista um tostão. Você pode, por exemplo, conversar com pessoas de outras empresas e setores da economia, todos têm algo a ensinar. Bibliotecas e sites também fornecem muito conteúdo. É só procurar.

3 Criatividade – Correndo o risco de decepcionar algumas pessoas, criatividade não é a panacéia para

todos os males da vida profissional. Tampouco é a peça-chave que impulsiona carreiras para frente. É, sim, mais uma ferramenta que você deve desenvolver. Leia muito, aprenda outra Língua, vá até a padaria por um caminho diferente. Tudo isso ajuda.

4 Abaixo a Síndrome de Garfield – Muitos profis-sionais imitam, semana após semana, o gato laranja

dos quadrinhos: toca o despertador e a primeira coisa que falam é “odeio segundas-feiras”. Se esta é sua atitude, cuidado. Alguma coisa definitivamente está errada em seu trabalho. Um professor de sucesso, antes de tudo, tem um orgulho saudável de seu trabalho.

A instituição de ensino

Nove entre dez escolas se definem como “uma grande família”. A analogia não poderia ser mais correta. Em ambos os casos, você é obrigado a conviver com a pessoa fofoqueira, com aque-le sujeito que só aparece duas vezes por ano e, mesmo assim, para pedir dinheiro, com aquele neto do patriarca que parece poder tudo, entre outras pessoas. Em ambos os casos também existem pessoas que se destacam. Que são um sucesso em suas relações profissionais e familiares. Acompanhe:

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5 Comece pelo começo – Em qualquer atividade, nada é mais importante que a primeira impressão. Certo,

você já causou uma primeira impressão em seus colegas e chefes, e não tem uma segunda chance. Mas cada tarefa que você desenvolve também causa uma primeira impres-são. Portanto, mostre iniciativa, dê o primeiro passo. Ouse fazer, assumir as tarefas espinhosas da sua instituição. Algumas dicas:

Só assuma uma tarefa nova se estiver desempenhando suas funções atuais bem. Isso aumenta a confiança da diretoria e dos colegas em você.

Nada pelo social. Organizar a pelada do fim de semana, as vaquinhas dos aniversários ou o chá de bebê da sua chefe podem ser atividades divertidas, mas não trazem nenhuma recompensa para sua carreira. Ao contrário, ocupam tempo e espaço de sua mente que poderiam ser dedicados a desen-volver algo que faça sua empresa ganhar dinheiro.

O que importa para a escola. Vale tanto para grandes instituições como para pequenas: elas, freqüentemente, esquecem o motivo pelo qual abrem as portas todas as ma-nhãs. A burocracia interna e o “status-quo” tornam-se mais importantes do que atender bem os alunos, desenvolver um serviço de qualidade. Aprenda a distinguir o que é impor-tante e o que leva a empresa para frente.

6 Network – A grande maioria das oportunidades de ensino e parcerias não aparece nos jornais e na televi-

são. Acontecem dentro de uma rede de conhecidos. Pessoas que se conhecem e se ajudam mutuamente. Se você ainda não desenvolveu sua rede de contatos, comece agora:

Mostre-se. Ofereça-se para dar palestras, freqüente clubes e reuniões diversas com o objetivo de firmar seu nome como o de um especialista em determinada área.

Descubra quais áreas você não domina e precisa conhecer. Então, procure um especialista. Relacione-se com essa pessoa.

Lembre-se de que uma rede é uma eterna troca: se você quer que as pessoas ofereçam algo para você, ofereça algo de valor antes.

7 Amplie sua visão – Os professores sem futuro so-frem da visão de túnel. Vêem o mundo apenas por seu

ponto de vista, uma vez que a opinião de todas as outras pessoas está, por definição, errada.

Um educador de sucesso vê a situação com diversos olhos. Ele imagina o que colegas, alunos e pais acham e esperam de uma ação. Assim, ele enxerga muito mais do que uma

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solução. Treine essa habilidade ouvindo os outros atenta-mente. Descubra como pensam, o que é importante para cada pessoa com a qual você lida.

8. Faça seu emprego – Ao contrário do que parece, a maioria das funções se adapta ao redor das pessoas

que as ocupam, e não o contrário. Por mais estudado que seja um organograma, ninguém vai ocupar o seu quadra-dinho da mesma maneira que seu antecessor e sucessor. Sem entrar no mérito de melhor ou pior, cada professor é diferente do outro.

Se você sabe quais são suas qualidades principais (já ouviu isso em algum lugar, não?) e sabe do que a escola precisa, faça uma proposta de novas atribuições e tarefas ao diretor-geral e seus colegas. Essa é a maneira mais fácil (e praze-rosa) de ser bem-sucedido.

9. Racional e emocional – Chegue cedo, trabalhe duro e você vai ser promovido/receber um aumento. Isso

só aconteceria em um mundo totalmente cartesiano, onde máquinas tomassem decisões. Basta aplicar uma fórmula e prova-se matematicamente que o professor Darmo deve ser promovido a coordenador e a Dona Suzana merece um aumento de 13,57%.

Na verdade, somos seres emocionais. Aquele que toma as decisões na escola usa números, impressões, palpites e, de noite, pergunta para a esposa:

— Acho que o Darmo pode ser nosso novo coordenador, o que você acha?

— Bom, nas duas vezes que falei com ele por telefone ele me pareceu...

Então, use bem cada momento que você passa com a diretoria. Pergunte o que eles acham de sua performance, o que você pode fazer para melhorar. Construa um relaciona-mento baseado na responsabilidade. Mostre que você pode aprender e mudar com a experiência e novos desafios.

PROFESSOR-VENDEDOR

Ao escolher trilhar o caminho de um professor nota 10, você perceberá quantas técnicas e orientações estão disponíveis para a realização de seu objetivo. Uma delas é espelhar-se na rotina e hábitos de outros profissionais e extrair dicas para serem adaptadas para sua sala de aula.

Comece a prestar atenção nas pessoas que você convive. Por exemplo, você já parou para pensar como é o dia-a-dia de um vendedor? Antes de comercializar seu produto ou serviço, ele

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precisa ganhar a confiança do cliente. Precisa que o cliente acredite em tudo o que vai ser dito dali para frente, que o veja como alguém que está ali para resolver seus problemas. Tudo isso em apenas alguns segundos.

A partir daí, o bom vendedor lança mão de diversas técnicas para ajudar o comprador a decidir pela melhor opção e fechar o negócio rapidamente. E ainda deixar a pessoa satisfeita o suficiente para poder voltar outra hora e vender de novo.

Olhando bem, isso não é diferente de seu trabalho, professor. Você também tem poucos segundos para conseguir a empatia dos alunos, tem algo a “vender” (a importância de sua disci-plina/do estudo em geral), e deve deixar a turma motivada o suficiente para que esperem a próxima aula com alegria. Veja o que você pode aprender com eles.

Venda sua imagem

Vendedores, assim como professores, têm poucos segundos para se apresentar a seus clientes ou alunos. E, para compli-car, isso é feito sem palavras. É a maneira como se chega na sala, como se olha nos olhos da pessoa, o sorriso, a postura relaxada e confiante.

Procure ser natural e prestar atenção em seus alunos. Nesse momento, você aprenderá mais sobre sua aula do que se fizes-se uma enquete entre os estudantes.

Cuide também de sua aparência. Não é preciso vestir terninho ou gravata todos os dias, mas suas roupas devem estar limpas e em ordem. Nada pior do que entrar em sala com um guarda-pó com botão faltando ou desfiando.

Pode parecer que não, mas os alunos reparam nesses detalhes. Imagine-se entrando em um banco cuja gerente usa um sapato estragado e roupa amassada. Você não confiaria seu dinheiro a esse pessoal, certo? Então, por que seus alunos iriam confiar o futuro e a carreira deles a um professor em semelhante situação?

A imagem do professor deve refletir o que os alunos recebe-rão no ano, a importância da matéria para eles. Se o educador não se preocupar com a maneira pela qual se apresenta em sala de aula, os estudantes não se preocuparão em participar da aula.

Seja autêntico

Todos os bons vendedores sabem que improvisar ou mentir a respeito de um produto/serviço é uma receita para o desas-tre. Ele pode até imaginar que fechou a venda aquele dia e o assunto está encerrado. Só que, no dia seguinte, o cliente vai para o Procon, liga para a empresa reclamando e pedindo o dinheiro de volta e, pior, vai relatar o fato para todos os seus conhecidos.

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Assim, o vendedor perde a venda, perde o cliente e ganha dezenas e dezenas de pessoas que não vão querer nem saber o que ele vende. Uma das grandes lições dos vendedores: a melhor propaganda é a boca a boca. A pior, também. Caso um aluno tenha alguma reclamação legítima contra você ou sua escola, pode ter certeza de que a informação vai circular por seus parentes e amigos. São famílias inteiras que podem começar a reclamar de você e de sua instituição de ensino. Tão importante quanto ser autêntico com relação ao produto, é o ser em relação a si mesmo. Um vendedor nunca pretende ser o que não é. Ele utiliza as características pessoais que do-mina a cada situação, enquanto desenvolve as outras habilida-des necessárias. Até porque não existe outra alternativa.

Um cliente, assim como um aluno, percebe quando o pro-fessor não está sendo totalmente honesto. Imagine-se na frente de um vendedor que hesita, gagueja, solta um número qualquer que não se sabe ao certo se é real ou inventado, se contradiz. Certamente, é alguém que não vai vender ou que vai ser passado para trás nas negociações.

Compare isso com o vendedor que diz algo como: “Olha, apesar de eu estar há apenas um mês na empresa, posso esclarecer qualquer dúvida que a senhora possa ter em relação ao nosso produto e, se for preciso, podemos trabalhar juntos, a senhora, meu supervisor e eu, para encontrarmos a melhor solução para suas necessidades.”

Esse segundo vendedor colocou logo as cartas na mesa, disse o que a cliente pode esperar dele e como irão trabalhar dali para frente.

Da mesma forma, você deve lecionar com as armas que domina, enquanto desenvolve as outras (existe sempre um ponto em que precisamos melhorar, algo a mais que pode ser aprendido). Seja autêntico em sala de aula, seus alunos agradecerão.

Conheça as pessoas

Se há uma coisa que todos os bons vendedores sabem, é que cada ser humano ferve a uma diferente temperatura. Em ou-tras palavras, não há duas pessoas iguais no mundo. Lógico, algumas características são comuns, permitindo que eles separem os clientes em tipos, em grupos com características similares. Mais ou menos da mesma forma que você sabe que pode esperar determinados comportamentos da turma do fun-dão e certas atitudes da garota que senta na primeira carteira.

Contudo, esses grupos estão longe de serem homogêneos em todas as suas características. Existem diferenças que o vende-dor sabe identificar e usar a seu favor. Alguns exemplos:

Use o nome da pessoa com freqüência. Alguém já disse que o próprio nome é o som mais bonito de qualquer Lín-gua. Os bons vendedores sabem disso, tanto que uma das

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primeiras coisas que perguntam é o nome do cliente. Para os professores isso é um pouco mais difícil, uma vez que em cada sala há por volta de 30 nomes a serem memoriza-dos. Alguns educadores fazem seus alunos improvisarem espécies de crachás nas primeiras semanas de aula até que ele decore o nome de todos. É uma estratégia válida.

Primeiro, faça as perguntas. Um sapato não é só um sapato. É preciso saber em que oportunidade o cliente pretende usá-lo, se é para uma ocasião especial, se é para o dia-a-dia, com o que ele pretende usar, se vai ficar mais sentado ou em pé, ou se vai caminhar muito com aquele calçado. Também é necessário saber que cor, estilo, marca o cliente prefere. Só então o bom vendedor mostra o sapato, com segurança. Com as informações do cliente, ele sabe que vai mostrar o sapato certo e a venda está praticamente garan-tida. Da mesma forma, seus alunos. O que eles preferem fazer em classe? O que cada um pretende fazer com a informação que você está passando? Quais os valores que trazem de casa? Saber esses dados de cada um de seus alu-nos é garantia de uma boa aula. Você não precisa perguntar a todos, de uma só vez. Dilua a coleta de informações, gaste semanas se for preciso; pergunte durante bate-papos descompromissados entre seus alunos. Vai ser mais fácil conseguir respostas elaboradas e que reflitam melhor a realidade.

Utilize a própria informação que o cliente lhe dá a seu favor. Isso significa repetir para ele, com todas as palavras,

as vantagens de realizar o negócio naquele momento. O professor também deve repetir para seus alunos as razões que eles deram para querer aprender a matéria e os inte-resses de cada um. Utilizar os motivos de cada aluno para reforçar um ou outro ponto da aula faz com que o interesse pela matéria dispare.

Nada de segredos

Frente a um grupo de possíveis compradores, o vendedor está preparado para responder a qualquer pergunta. Além da imagem de profissionalismo, ele precisa passar para seus clientes a idéia de que ele não tem nada a esconder, que não há nenhum segredo ou “pegadinha” naquele produto.

Se ele precisar falar sobre outros assuntos para ajudar na ven-da de um produto, ele fala, sem problemas. E, sempre que for possível, vai citar uma estatística ou número. Nesse momento, a informação deixa de ser apenas a opinião dele, vendedor, e passa a ser algo científico, com grande credibilidade.

Nessa proibição de segredos está embutida a preocupação com a ética. O bom vendedor nunca fala mal de seu concor-rente. A razão é a mesma daquele conto de Nelson Rodrigues, em que o sujeito não passa um dia sem alertar a noiva sobre um conhecido de ambos, segundo ele, o mais perfeito cana-lha. E assim a futura esposa vai ouvindo as mais tenebrosas histórias... até que um dia termina o noivado e manda um bi-

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lhete ao ex-noivo: você falou tanto naquele sujeito que eu me apaixonei por ele. O vendedor não fala mal da concorrência. Geralmente, se o cliente traz o nome do competidor à baila, a resposta vem nos termos: “Sim, realmente, os produtos deles são muito bons, mas nós somos superiores nos seguintes pontos...”

Assim como o vendedor, o professor não deve fazer campa-nhas “terroristas” contra este ou aquele educador ou institui-ção de ensino. Destaque a sua qualidade, as suas aulas, o que a sua escola faz de melhor que ninguém mais faz.

E esteja pronto para sair do plano de aula sempre que os alu-nos o desejarem. Cada vez mais seus alunos recebem inúme-ros dados, para os quais precisam de explicação. Dependendo da idade, não está muito claro o que é realidade e o que é ficção. Assim, o desenho japonês da moda pode ser conside-rado tão importante quanto a crise na segurança das grandes cidades; fatos como guerras e flutuação de preços precisam ser embasados em coisas palpáveis, do universo do aluno, para que ele possa medir e quantificar a informação.

Dê espaço para seu cliente

Já falamos que os bons vendedores primeiro escutam para depois falar. Só que eles continuam escutando e escutando durante todo o processo. É necessário deixar espaço para os clientes expressarem suas opiniões, pegarem no produto, revi-

rá-lo de lá para cá, fazer testes. Só, então, comprar. O vende-dor de qualidade sabe que pode controlar o ritmo da negocia-ção até mesmo com o silêncio. Ele deixa o possível cliente se expressar, dizer o que está sentindo e como vê aquela compra. Algumas dicas:

Faça perguntas que exijam uma resposta complexa. Por exemplo “como você percebe esse momento da história” ou “onde você acha que essa equação pode ser aplicada”. Evite perguntar “você entende” ou “você pode imaginar”, pois são perguntas que podem ser respondidas com sim ou não. Deixe que seus estudantes se expressem e, de quebra, ensinem uns aos outros.

Não responda logo de cara. Após o aluno formular uma questão ou uma resposta, permaneça alguns segundos em silêncio. Isso dará a ele a oportunidade de concluir seu raciocínio, se assim o desejar. A seguir, repita a afirmação dele para que toda a sala possa ouvir e você e seu aluno tenham a certeza de falar a mesma Língua.

Use uma escala. Em vez de perguntar se os alunos enten-deram a matéria, pergunte o quanto eles entenderam do assunto em uma escala de zero a dez. Se eles responderem qualquer nota menor que dez, emende: “Ótimo. O que falta para chegarmos a dez?”

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Simplifique

Existe uma história famosa de vendas, ocorrida em uma em-presa norte-americana de telefones que pretendia que as pes-soas instalassem mais extensões em seus quartos (isso foi bem antes dos celulares e telefones sem fio). Os gerentes então contrataram dezenas de vendedores e passaram uma semana treinando-os. Eles foram expostos aos princípios da telefonia, de transmissão de dados, os milagres do impulso eletrônico, como funciona uma extensão, a ergonomia dos modelos dis-poníveis e mais uma tonelada de aspectos técnicos.

Aí, os vendedores foram à rua vender. No final do primeiro dia, percebeu-se que um deles havia vendido muito mais do que os outros. Disparado na frente, com uma baita comissão garantida. O gerente correu felicitá-lo, e perguntou como conseguira isso. Ele estava mencionando a qualidade da reprodução de voz, os impulsos eletrônicos, a ergonomia da... “Nada disso” – disse o vendedor – “eu só lembro ao pessoal que o inverno está chegando e como é ruim levantar no meio da noite para atender ao telefone na sala. Aí, eles compram a extensão rapidinho.”

É isso, professor. Concentre-se no que os alunos consideram mais conveniente, no que tem valor para eles. Existem vários fatores dentro de sua profissão dos quais você se orgulha, e com razão, mas deixe-os de lado um pouco durante a aula. O que importa é o que seus alunos desejam, e só.

AJUDE SEUS ALUNOS A ALCANÇAREM O SUCESSOPor Heloísa Lück

Você já ouviu falar ou leu algum trabalho dizendo que a maneira como pensamos sobre a realidade é fator de-terminante sobre o que nela acontece? Pois, falando-se especificamente em educação, Benjamin Bloom, em seu livro Características humanas e aprendizagem escolar, identificou que a ótica do professor é um dos principais determinantes do sucesso do aluno na escola.

Todos sabem que bons resultados não acontecem por milagre ou por acaso, mas por força de uma ação orienta-da por uma crença de que ela produzirá bons resultados. É bom lembrar que essa crença não corresponde a um desejo ou a uma vontade de que as coisas aconteçam sem o nosso esforço. Ela representa, sim, uma atitude mental que tem por base o entendimento de que somos capazes de modificar as situações que nos rodeiam e nos afetam e de que podemos fazer alguma coisa para alcançar nossos ideais.

Trazendo novamente a questão para a nossa ação profis-sional como professores, responda: o que acontece quan-do julgamos natural que alguns alunos aprendam mais do que os outros? Que muitos não gostam de estudar? Que

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uns alunos são tão desinteressados que não têm condições de aprender?

Orientados por essa predisposição mental, nossa atuação ajusta-se a esse julgamento e, no final, é esse mesmo resultado que obtemos, corroborando o nosso pensamen-to: “Eu não disse? Esse aluno não tinha condições de aprender.” É essa atitude, aliás, que constitui um fenô-meno muito comum na escola, denominado de “profecia auto-realizadora”, isto é, a predição do futuro que traz em si mesma as condições de se realizar e que condiciona a sua realização.

E, muitas vezes, não é isso que fazemos na escola? Quan-do vamos ler trabalhos dos nossos alunos, afirmamos que vamos “corrigi-los”, uma afirmação que indica uma busca de erros. Partimos de 10 e vamos tirando pontos. Não é à toa que os alunos, em geral, e afinal, acabem aprendendo tão pouco ou apenas o suficiente para passar.

Os professores que refletem sobre sua prática se dão con-ta de que, depois de ler um trabalho e dar-lhe uma nota, ao verificar o nome do aluno, procuram ajustar essa nota à sua expectativa de rendimento do aluno, procurando erros ou acertos para justificar um aumento ou rebaixa-mento da nota.

Dessa forma, o professor conduz uns para o sucesso e outros para o fracasso. É difícil admitir isso, mas é uma realidade, e admiti-lo é o ponto de partida para o desen-volvimento de nosso sucesso profissional como professo-res.

Fazer um esforço por mudar o nosso enfoque, a nossa perspectiva é, portanto, a condição básica para que use-mos a avaliação da aprendizagem dos nossos alunos de modo que esses tenham sucesso na escola, que aprendam o máximo o que a escola tem a lhes ensinar, para que realizemos o que Benjamin Bloom (1981, p. XI e XII) identificou:

“Todos os alunos tornam-se bastante semelhantes em relação à capacidade de aprender, ritmo de aprendizagem e motivação posterior, quando lhe são propiciadas condi-ções favoráveis de aprendizagem.”

“Todos os alunos aprendem com sucesso o que a escola lhes deve ensinar, quando os professores acreditam que podem fazê-lo e criam as estimulações e orientações adequadas para isso.”

“Quando o professor altera positivamente suas expecta-tivas em relação ao desempenho de seus alunos, passa a agir de forma mais favorável à estimulação de sua apren-dizagem e o aluno passa a aprender mais e melhor.”

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Precisamos nos dar conta de que nossas expectativas e orientações estão contribuindo fortemente para a crista-lização de que basta estudar o suficiente para passar, o importante é tirar nota. Em vez de criarmos uma cultura em que o importante é aprender, aprender é a maior rique-za da vida, aprendemos para conhecer o mundo e a nós mesmos no mundo.

Heloísa Lück - Doutora em Educação, consultora e promotora de programas e cursos de capacitação profissional em Educação. Diretora do CEDHAP – Centro de Desenvolvimento Humano Aplicado (fone: 3336 4242).

Referências Bibliográficas

BLOOM, Benjamin S. Características humanas e aprendizagem escolar: uma concepção revolucionária para o ensino. Porto Alegre: Globo, 1981

Por Eny Regina B. Neves Pereira

A voz desempenha um papel fundamental durante o processo de comunicação. Para que o som produzido no aparelho fona-dor seja de boa qualidade e emitido sem dificuldade ou des-conforto para o falante, é necessário que todas as estruturas envolvidas em sua produção funcionem de forma harmoniosa.

A fonação ou voz é produzida pelo fluxo de ar passando entre as pregas vocais, fazendo com que elas vibrem e seja ampli-ficado pelas cavidades de ressonância. Quando estamos em silêncio, as pregas vocais estão abertas para que possamos respirar e, ao falarmos, elas se fecham, vibram e a voz é emi-tida. Vejam as figuras:

VOZ DO PROFESSOR

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A voz grave (grossa) pode trazer um aspecto de professor enérgico e autoritário. Já o educador que possui uma voz aguda (fina) transmite ser uma pessoa submissa, dependente, infantil ou frágil.

Se você tem algum desses aspectos vocais procure:

Emitir frases curtas, com mais inflexões, isto é, mais melodia.Use de uma articulação bem definida, sem exageros.Dê ênfase em determinadas palavras sem aumentar a intensidade ou volume.Abuse da ressonância, usando os sons nasais e orais demonstrando clareza na emissão.Esteja, o máximo que conseguir, relaxado, sem tensão principalmente na região cervical.Faça uso da respiração diafragmática e não do ar de reserva que prejudica as pregas vocais.

Muitos são os profissionais que usam a voz como instrumen-to de trabalho. O professor é um deles, que precisa da voz para exercer sua profissão. O mau uso da voz se refere a falar excessivamente, alto e rápido, gritar, usá-la muito aguda ou muito grave sem ter preparação adequada. O aparecimento de rouquidão, cansaço vocal, ardume e/ou dor na garganta, pigarro e falta de ar são sinais de patologias que acometem a laringe e podem estar relacionadas ao uso abusivo da voz em condições desfavoráveis.

Existem mecanismos básicos empregados para uma boa qua-lidade vocal. Precisamos nos ater ao tipo de voz que estamos usando, pois ela identifica-se com a nossa personalidade, é o nosso “cartão de visita”. Uma voz com intensidade elevada (falar alto), demonstra franqueza, energia, autoritarismo; o fa-lante com intensidade reduzida (falar baixo), parece ter pouca experiência nas relações pessoais, timidez ou medo. Por isso, há necessidade de um certo equilíbrio na intensidade vocal a fim de trazer a sensação de convicção do que se quer passar para o aluno e domínio da voz.

Uma voz com articulação precisa, sem exagero, transmite, clareza de idéias e pensamentos, favorecendo o processo de comunicação na classe.

O ritmo ou velocidade de fala lenta sugere monotonia, cansaço e faz com que não haja interesse no que está sendo exposto. Com velocidade acelerada, demonstra ansiedade ou nervosis-mo, o que trará aos alunos uma conseqüência desfavorável.

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O professor deve se lembrar da importância de fazer a higiene vocal, tendo alguns cuidados especiais do tipo:

Alimentação: deve ser composta de alimentos leves, ver-duras e frutas, uma vez que esses ajudam na boa digestão, evitando refluxo gastroesofágico ou má digestão. Evite o uso de chocolates e leites no momento que antecede o uso profissional da voz porque aumentam a secreção.

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Durante o período entre as aulas, recomenda-se o consu-mo de maçã ou a ingestão de sucos cítricos, pois possuem propriedades adstringentes, o que auxilia na limpeza da boca e faringe, no excesso da secreção, obtendo, assim, uma melhor qualidade vocal.

Alimentar-se de refeições pesadas acaba atrapalhando a boa performance do professor, uma vez que isto impede a movimentação livre do diafragma, dificultando a fonação.

Bebidas gaseificadas e geladas: o gás interfere na diges-tão e prejudica o apoio diafragmático, ou seja, evite usar antes das aulas, pois ele favorece a flatulência (gástrica ou intestinal), prejudicando o controle da voz. E o consu-mo de líquido gelado pode causar danos vocais devido à mudança de temperatura ao deglutir.

Ambientes refrigerados: algumas pessoas são muito sensíveis ao ar-condicionado, isso porque o resfriamento do ar realizado através da retirada da umidade do meio ambiente resseca também a mucosa do trato vocal. A movimentação da mucosa durante o ciclo vibratório de-pende diretamente de uma boa lubrificação, comprometida devido ao uso do ar-condicionado.

Competição sonora ou grito: a competição sonora, o “barulho dos alunos”, é uma situação bastante comum. Quando se está em um local barulhento, há uma tendência natural dos educadores elevarem a voz para se fazerem

ouvir. Esse fator rende ao professor um desgaste vocal muito maior.

Gripes e alergias: durante gripes fortes e crises alérgicas, é freqüente o aparecimento de quadros de rouquidão. Isso ocorre porque há um inchaço das mucosas que revestem o trato respiratório. Vocalizar excessivamente sobre o tecido inchado pode ser extremamente prejudicial, causando danos irreversíveis à mucosa que reveste as pregas vocais. Atividades em grupo, provas de aproveitamento ou ativi-dades individuais que não exijam tanto do professor o uso da voz tornam-se necessárias nessas situações.

Os indivíduos alérgicos e que usam a voz profissionalmen-te devem seguir as orientações médicas. Evitar contato com substâncias alergênicas também é recomendado a fim de reduzir ou espaçar o aparecimento das crises.

Pigarrear: o ato de pigarrear constitui outra forma de abuso vocal. A prática constante desse procedimento pro-duz um choque mecânico entre as pregas vocais causando um aumento na produção de muco como mecanismo de defesa, o que se torna um ciclo e um hábito.

Cigarro: a fumaça age nas pregas vocais, essa reação é manifestada por uma descarga intensa de muco, gerando parada na movimentação ciliar do tecido que envolve as pregas, fazendo surgir um depósito de secreção e pro-vocando o pigarro. A toxina deposita-se diretamente nas

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pregas vocais, as quais funcionam como verdadeiros aparadores de impurezas, favorecendo as diversas lesões, como edemas, pólipos, nódulos e câncer.

Álcool: essa substância é responsável pela anestesia das pregas vocais. O professor que usar essa droga e logo depois for dar uma aula vai estar causando uma grande lesão no aparelho fonador. O mesmo acontece com o uso indiscriminado de sprays, pastilhas, balas, etc. Se for uti-lizá-los, deve-se fazer quando for dormir para não causar danos às pregas vocais.

Hidratação: é indicada para a prevenção e tratamento dos distúrbios da voz por permitir que a vibração das pregas vocais ocorra de modo livre e com o atrito reduzido.

Todas as manhãs ou no período que antecede o uso profissio-nal da voz, deve-se fazer os seguintes exercícios:

Exercícios de respiração profunda (alternando nariz e boca).Alongamento da coluna.Alongamento de pescoço e ombros.Alongamento dos músculos da face.Exercício de vibração de ponta de língua e lábios. É bem simples e consiste apenas em imitar o barulho do telefo-ne (“trrrrrrrrriiimmmm”). Exercício de ressonância – mastigando o som do “m”. Imagine que você está mastigando algo e ao mesmo tempo emita um som de “Hummmmmm”.

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Orientações:

Quando estiver no final de sua jornada de trabalho, prefira falar baixo, não sussurrando, e devagar. Fique em silêncio, se possível, por um tempo.

Durma bem e descanse o seu corpo.

Desaquecimento vocal

O desaquecimento vocal favorece o retorno ao ajuste fonoar-ticulatório da voz coloquial. Você deve estar se perguntando o que significa isso. É o seguinte, quando o professor está dando aula, ele imposta mais sua voz para ser ouvido pelos seus alunos. O desaquecimento ajuda a acalmar sua voz e fazer com que ela volte a seu estado “normal”.

Após o uso profissional da voz, recomenda-se fazer os seguin-tes exercícios:

Aquecimento vocal

As pregas vocais são músculos, por isso há necessidade de aquecê-las. Esse detalhe evita sobrecarga, o uso inadequado da voz ou um caso de fadiga.

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Ficar em silêncio total por 5 minutos para que ocorra o repouso.

Exercício de vibração de ponta de língua em escala descendente (procurando sempre a região grave) – imite o barulho do telefone, mas dessa vez com a voz mais grossa.

Massagem na laringe: Movimentos de deslocação lateral. Com o dedo indi-cador e o dedão massageie, delicadamente, os anéis do pescoço, de um lado para o outro.Movimentos circulares. Esse exercício é muito parecido com o anterior. Só que em vez de fazer movimentos de uma lado para o outro nos anéis do pescoço, você deve massageá-los com movimentos circulares. Movimentos descendentes. Desça em linha reta massa-geando os anéis do pescoço.

Aproveite todas essas dicas e orientações para cuidar melhor de um de seu bens mais preciosos, sua voz. Se você estiver apre-sentando quadros de rouquidão com freqüência e há mais de 10 dias, sem causa evidente, procure um médico otorrinolaringolo-gista ou um fonoaudiólogo para uma avaliação vocal.

*Professora Ms. Eny Regina Bóia Neves Pereira – Fonoaudióloga, mestre na área de Pediatria pela Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu/ SP, doutoranda na área de Bases da Cirurgia, em Voz Profis-sional, pela Faculdade de Medicina da UNESP de Botucatu/ SP e docente da Universidade do Sagrado Coração – Bauru/SP.

EM BUSCA DE UMA VOZ PERFEITA

A voz revela muito sobre seu estado de espírito. A entonação, o volume e a intensidade do discurso não transmitem apenas o conteúdo, mas também suas emoções. Assim como os olhos são a janela da alma, a voz é o espelho da sua personalidade.

Para se alcançar uma boa voz, certos pontos precisam ser trabalhados. A respiração é um deles. É ela quem ajuda a equilibrar a ressonância produzida durante o processo de formação das palavras.

A altura da voz também precisa ser controlada. O volume da fala, se não for adequado, agride a garganta (no caso do professor falar muito alto ou irritar seus alunos se ele explicar a matéria quase sussurrando).

A intensidade da voz é outro detalhe importante. Ela não pode ser nem muito grave e nem muito fina. Se o educador abusar da fala grave pode parecer autoritário e fechado a novas idéias e opiniões. Uma vocalização mais fina transmite a sensação de pessoa infantil, insegura e que não está certa de sua ações ou palavras.

Além desses fatores, temos ainda a articulação das palavras. Ela consiste na maneira como se mexe a boca durante a fala. Se feita de maneira correta, resulta em um discurso claro e sem ruídos. Pessoas que não abrem muito a boca para pro-

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nunciar as palavras indicam ser tímidas, acanhadas. Já quem articula exageradamente passa a sensação de falsidade e exibicionismo.

Assim, para que sua voz seja agradável é preciso que você tenha sempre em mente o bom senso – uma articulação, inten-sidade e volume de voz equilibrados.

Tipos de voz

A voz é como um impressão digital. Cada pessoa vocaliza as palavras de maneira única e não existe outro indivíduo capaz de imitá-la fielmente. Segundo pesquisas, existem mais de 120 tipos de vozes. Elas podem ser aveludadas, melodiosas ou oscilantes. Acompanhe mais alguns exemplos e a sensação que elas provocam em seus ouvintes:

• Voz rouca – Pode transmitir cansaço, esgotamento, estres-se, fadiga ou seriedade.

• Voz trêmula – Significa medo, fragilidade e indecisão.• Voz monótona – Indica pessoa cansativa, desinteressante

e repetitiva. • Voz infantilizada – Demonstra uma pessoa ingênua, sem

maturidade e insegura.

Além de sua voz, que por si só transmite diversas emoções, a combinação de intensidade e volume diferenciados revela

outros detalhes de sua personalidade. Leia e faça uma auto-análise, assim você poderá ajustar certos detalhes de sua fala e potencializar sua qualidades.

• Voz fina e fraca – Revela uma pessoa submissa e dependente.

• Voz forte e grave – Mostra um indivíduo enérgico e autoritário.

• Voz arrastada e fraca – Demonstra que a pessoa está triste, melancólica.

• Voz aguda e forte – Transmite alegria, ânimo e desinibição.

• Voz alta e grave – Indica uma pessoa franca, cheia de energia e que fala o que pensa.

• Voz baixa e oscilante – Pode significar uma pes-soa tímida e receosa.

• Voz alta e rápida – Passa a sensação de indivíduos tensos, atrapalhados, ansiosos e confusos.

Identificar e trabalhar para amenizar os pontos fracos de sua voz é uma das tarefas que você, professor, deve executar em busca da aula perfeita. Conhecendo e controlando sua ento-nação e vocalização será possível adequar seu discurso e usar sua voz da melhor forma possível para dar ênfase aos princi-pais pontos do conteúdo.

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Exercícios de relaxamento

Existem diversas práticas que contribuem para o desenvolvi-mento da fala e a melhora na impostação da voz. Pratique-os regularmente e você e seus alunos notarão a diferença.

Ao acordar, não pule rápido da cama e sai correndo para sua aula. Levante devagar, se espreguice e boceje 10 ve-zes. Esses movimentos ajudam a dispersar o muco que foi acumulado na garganta durante o sono.

Faça um alongamento corporal ao chegar em casa depois de suas aulas.

PRONÚNCIA E ARTICULAÇÃO

Um discurso claro e inteligível exige que a pronúncia e a ar-ticulação das palavras sejam perfeitas. Qualquer distúrbio ou deslize durante a fala de certas sílabas distorce o significado e prejudica o entendimento da mensagem. O professor, como está sendo avaliado 24 horas por seus alunos, colegas de pro-fissão e superiores, precisa mais do que ninguém de uma fala e uma articulação impecáveis. Como você conseguirá ser um professor nota 10 falando empolado ou comendo as palavras? Como seus alunos entenderão a matéria, se não compreen-dem o que você fala? Observe com atenção a articulação das consoantes e melhore seu discurso.

Articulação das consoantes

Para a sonorização de certos fonemas, alguns órgãos de nosso corpo entram em ação e outros são deixados de lado. Ter a percepção de como esse processo funciona contribui para a sonorização correta das palavras. Conheça algumas articula-ções e o esquema de pronúncia das consoantes.

Articulação bilabial – As partes do corpo envolvidas duran-te a sonorização são os lábios. Preste atenção em como a pronúncia das consoantes P/B/M ocorre entre eles.Articulação linguodental – Exige que os lábios fiquem entreabertos e a língua tocando os dentes. As consoantes pronunciadas dessa forma são o T, D e N.Articulação labiodental – A pronúncia ocorre com os den-tes superiores, tocando o lábio inferior. As consoantes que respeitam essa sonorização são F e o V.

Exercícios de articulação

Articular corretamente as palavras requer o esforço de vários órgãos do corpo, entre eles os lábios, a mandíbula e a língua. Para fortalecer o tonos muscular dessas partes especificamen-te, segue uma série de exercícios que devem ser praticados regularmente. Se você sentir algum desconforto durante a prá-tica dos movimentos, interrompa imediatamente os exercícios e procure um médico.

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Lábios

1. Conte, lentamente, de um a cem fazendo movimentos exagerados com a boca, com bicos e sorrisos forçados durante a sonorização dos números.

2. Com a boca fechada e os lábios unidos, movimente-os de um lado para o outro, lentamente, 10 vezes.

Língua

1. Coloque a língua para fora vagarosamente e em seguida recolha-a rapidamente para dentro da boca. Depois de fazer esse movimento 10 vezes, inverta. Coloque a língua para fora rapidamente e a recolha lentamente.

2. Abra a boca e bote a língua para fora. Faça movimentos circulares cerca de 10 vezes.

3. Repita o exercício anterior, só que com a língua dentro da boca.

Palato

1. Boceje diversas vezes com a boca bem aberta e depois repita o mesmo movimento com a boca fechada.

2. Emita durante um minuto o famoso “ahhhhhhhhh” (tão usado na meditação). Não use o ar reserva durante a sonorização.

Articulação das palavras

Além dos exercícios que ajudam na articulação das palavras, podemos usar brincadeiras como os trava-línguas para alcan-çar nosso objetivo. Escolhemos algumas dessas pegadinhas para você ir treinando. Tente falar rápido e procure não errar. Caso isso aconteça, comece de novo o texto.

Paga o pato, dorme o gato,Foge o rato, paga o gato,Dorme o rato, foge o pato,Paga o rato, dorme o pato,Foge o gato.

É crocogrilo? É cocodrilo?É cocrodilo? É cocodilho?É corcodilho? É crocrodilo?É cocordilo? É jacaré?Será que ninguém acertaO nome do crocodilo mané?

Num ninho de mafagafos tinham três mafagafinhos. Quem os desamafagafizar, bom desamafagafizador será.

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EXPRESSÃO CORPORALCOMUNICANDO COM O CORPO Todo o nosso corpo fala. A posição dos pés e das pernas, o movimento do tronco, dos braços, das mãos e dos dedos, a postura dos ombros, o balanço da cabeça, cada gesto possui um significado próprio que encerra em si uma mensagem.

Pesquisas apontam que a linguagem corporal é responsável por cerca de 55% do processo de comunicação interpessoal. Esses recados que você transmite com o corpo, mesmo sem querer, são outros pontos que devem ser pensados e trabalha-dos de maneira correta.

As mensagens sublimares afetam seus alunos tanto quanto as palavras e seus gestos mostram se você está ou não prepara-do ou com vontade de dar aquela aula. Para esses casos, não há recursos visuais que façam qualquer momento tornar-se agradável. Sem a motivação necessária, você desperdiçará seu tempo, o tempo dos estudantes e fará da aula um teatro, no qual o professor interpreta um personagem sem emoção e sem conteúdo.

A naturalidade do gesto: a gesticulação obedece a um pro-cesso natural. Pensamos na mensagem ao mesmo tempo que informamos ao corpo o movimento a ser executado. Ele reage

e só depois pronunciamos as palavras. Por isso, o gesto vem antes da palavra ou junto com ela, e não depois. Recomen-damos, sempre, não falar com as mãos nos bolsos, com os braços atrás das costas, cruzados ou apoiados, entre outros.

Você também deve adaptar seus gestos de acordo com o número de estudantes que a turma comporta. Classes grandes exigem movimentos mais enfáticos, “exagerados”, para que todos possam vê-lo. Mas tenha bom senso. Já turmas menores não precisam desses movimentos tão amplos.

A posição das pernas: as pernas têm um significado especial para a estética da postura. Você irá se sentir melhor se manti-ver uma atitude correta, plantado sobre as duas pernas, dando um bom equilíbrio ao corpo. Procure também deixá-las cerca de 20 centímetros afastadas uma da outra e lembre-se de que ao ficar parado não é recomendável fazer movimentos com as pernas. Esse gesto dará a impressão que você está impaciente e inseguro. Evite também:

Procurar um ponto de apoio para se encostar. Ao fazer isso, naturalmente, você deixará uma das pernas arqueadas para trás.

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Jogar o peso do seu corpo em cima de uma perna só.

Balançar os pés ou ficar freneticamente batendo-os no chão. Além de fazer barulho, você estará distraindo os alunos e chamando a atenção para os seus movimentos.

A posição dos braços: ao andar no meio da sala, seus braços devem balançar naturalmente. Se você estiver explicando a matéria, levante-os acima da linha da cintura e mantenha suas mãos semi-abertas. Sincronize seus movimentos de acordo com a ênfase que você deseja dar a certos pontos. Evite os seguintes gestos durante suas aulas:

Colocar seus braços para trás. Transmite a impressão de que você está supervisionando seus alunos. Se você adotar essa postura, parecerá mais inspetor do que professor.Ao deixar as mãos sobre a barriga, suas explicações serão encaradas mais como sermões religiosos. Mãos na cintura lembram técnicos de futebol ou sargentos. Com certeza, você não quer parecer com nenhuma dessas figuras.Deixar as mãos dentro dos bolsos remete à displicência, falta de vontade. Você passará a sensação de que não está nem aí para a aula ou para os alunos.Braços cruzados transmitem a mensagem de uma pessoa na defensiva, que está fechada para comunicação. Esse simples gesto revela se seu interlocutor está disposto a escutar o que você tem a dizer. Imagine se você solicita a opinião de um aluno e, na hora em que ele vai responder,

você simplesmente se encosta e cruza os braços. Situação desagradável, não?

A posição das mãos: se você for uma pessoa agitada, que gesticula bastante com as mãos durante uma conversa, não tente mudar esse jeito dentro da sala de aula. Seja natural.

Caso você use bastante as mãos, procure empregá-las para ressaltar os pontos mais importantes da matéria. Você pode criar um gesto específico que avise seus alunos sobre a abor-dagem de um tema importante.

Outra dica é procurar manter as mãos entre a cintura e os ombros. Gestos com as mãos muito próximas ao rosto são um perigo, pois além de você correr o risco de se bater, esses movimentos distraem os alunos.

Como vimos, as mãos podem se tornar mais um recurso para chamar a atenção dos estudantes. Acompanhe algumas orien-tações de como usá-las durante suas aulas.

Ao deixar sua mão aberta com a palma voltada para cima, você transmite receptividade, doação.O gesto contrário, deixando as palmas voltadas para baixo, significa repulsa e rejeição.Se você quiser acalmar sua turma e pedir silêncio e coope-ração, mantenha a mão aberta, com a palma voltada para baixo e faça movimentos subindo e descendo. Ao deixar as mãos abertas, estendidas para frente e com as

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palmas voltadas para cima, mostra que você está solicitan-do a colaboração dos alunos.Se você ficar girando uma mão sobre a outra, na frente do corpo, você estará transmitindo a mensagem de que está enroscado em algum conceito ou tema.

A posição da cabeça: ela deve guardar equilíbrio com o restante do corpo. Quando inclinada constantemente para um dos lados, excessivamente alta ou baixa, quebra a elegância da postura.

A comunicação do semblante: o semblante talvez seja a parte mais expressiva de todo o corpo. O queixo, a boca, as faces, o nariz, os olhos, a sobrancelha e a testa trabalham isoladamente, ou em conjunto, para demonstrar idéias e sentimentos transmitidos pelas palavras ou mesmo sem a existência delas.

O conhecimento de todo o jogo fisionômico, a certeza de estar demonstrando no semblante exatamente o que deseja, dá a quem fala confiança e convicção ao se apresentar. Confira outros detalhes que fazem toda diferença na comunicação não-verbal:

a) Boca – O movimento que fazemos com os lábios também revela nossas emoções. Quando eles empurram levemente o superior, podem expressar mágoa ou frustração. Ao deixar a boca semi-aberta, você pode transmitir a seus alunos ansieda-de, expectativa, apreensão. Morder o canto da boca demons-

tra que você pode estar refletindo sobre um assunto ou tendo alguma idéia.

b) Sorria – Um ato simples que pode fazer toda a diferença, se vier acompanhado de um animado “Bom dia” ou “Boa tar-de”. Nada mais acolhedor e estimulante para seus estudantes que ter um professor motivado e que entra na sala com um sorriso sincero no rosto. Esse gesto cria um ambiente favorá-vel e agradável para o início de sua aula.

c) Olhos – “Os olhos são a janela da alma”, quem nunca ouviu essa frase? Assim como os demais membros de nosso corpo transmitem mensagens subliminares, os olhos tam-bém possuem esse incrível dom de revelar os sentimentos da pessoa. Por meio deles, podemos saber se os alunos estão atentos ao conteúdo ou se já dispersaram a atenção.

O olhar serve como um termômetro, dando um retorno imediato sobre o que suas palavras causam nos estudantes. Assim, quando você desejar medir esse “nível de interesse”, preste atenção se os alunos estão com os olhos vivos, abertos e iluminados. Caso contrário, comece a pensar em mudar sua estratégia de apresentação.

Use algum elemento surpresa para chamar a atenção ao con-teúdo. Por isso, é importante que você assuma uma posição na sala que permita a visualização de todos os estudantes, para acompanhar as reações deles.

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Comunicação não-verbal dentro da sala de aula Espaço, a fronteira inicial. Para alguns professores, a sala de aula limita-se a 2 metros à frente do quadro-negro. A partir daí, é território dos alunos, conforme afirma um Tratado de Tordesilhas imaginário auto-aplicado.

Outros, circulam pela sala, encostam-se na parede do fundo e de lá dão suas aulas. Os alunos têm duas opções: ou permane-cem voltados para o quadro-negro, só ouvindo o que o educa-dor tem a dizer, ou torcem-se para visualizar o professor.

E há ainda aqueles que caminham entre as fileiras de alunos como um militar em revista à tropa.

Todos esses são estilos que podem ser melhorados, conforme a situação. Algumas dicas:

Crie âncoras visuais para seus alunos. Desde o primeiro dia de aula, defina determinado canto da sala para assuntos leves e piadas, outro para falar sobre a matéria, um para interação direta com os alunos.

Você não precisa dizer nada para eles, apenas se movimen-tar para aquele ponto da sala de aula toda vez que desejar tomar uma ação específica. Assim, sempre que os alunos o virem caminhando para a posição descontraída já começa-

rão a relaxar, e sempre que você for para o local da intera-ção já começarão a imaginar algumas questões.

Caso você tenha pouco espaço disponível em sua sala de aula, substitua esses “cantos” por gestos, como abrir os braços de certa maneira seguido de um “Bom. Perguntas?”. Com o passar do tempo, você não precisará falar mais nada, basta o gesto.

De vez em quando, mude a disposição das carteiras ou dos alunos. O simples fato de sentar em outro lugar já muda toda a perspectiva do aluno em sua aula. Ele passa a prestar atenção a novas coisas, vê a matéria de maneira diferente. Isso também ajuda sua turma a se conhecer me-lhor, ajudando a acabar com as panelinhas.

Circule pela sala de aula, com movimentos calmos e tranqüilos. Cuidado para não ficar muito tempo parado ao lado de um mesmo aluno. Geralmente, como os intervalos entre as filas de carteiras são apertados, sua proximidade física pode incomodar. Assim, ande entre duas fileiras um dia, entre outras duas em outra ocasião, e assim por diante.

Pense na sala como um todo. Você dá aula tanto para o pessoal da primeira fila como para a turma do fundão. Faça contato visual com alunos que sentam em locais diferentes. Na hora de mostrar algo, faça-o tanto à altura de sua cabeça, para que o pessoal de trás veja, como um

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pouco abaixo da altura de seu peito, para o pessoal das três primeiras carteiras.

Erros a serem evitadosEis aqui algumas posturas que devem ser evitadas durante suas aulas:

Ficar parado em um ponto, apoiando-se de lado. A men-sagem oculta que esse professor passa é “estou chateado e preferia estar em outro lugar”. Solução: quando estiver parado, mantenha seu peso uniformemente equilibrado e os quadris nivelados.Encostado em uma estante ou parede. A mensagem é “es-tou cansado demais para ficar em pé” ou “não quero nem me incomodar em dar essa aula”. Solução: evite apoiar-se ou o faça por períodos muito curtos.Sentado à mesa onde estão suas anotações. O que tal edu-cador diz é: “Não preciso fazer nenhum esforço aqui, pois sou mais importante do que vocês.” Solução: a não ser em determinados momentos (como chamada e correção de provas), fique em pé.

Saúde também contaAlém da postura que o ajuda a ensinar, existe aquela que evita problemas no futuro. Seu corpo pode começar a reclamar mais cedo do que imagina. Má-postura ao sentar ou caminhar

pode causar desde dores até invalidez após alguns anos. Então, a primeira regra é não se permitir ficar muito tempo em uma mesma posição. Se estiver mais de uma hora sentado, levante-se. Se estiver há mais de uma hora parado, em pé, ande um pouco. Acompanhe outras dicas.

Quando estiver sentado, procure não ficar com os ombros caídos. O encosto reto da cadeira ajuda a manter a coluna ereta, evitando dores nas costas.Nunca suba escadas com a coluna inclinada para a frente. Suba com a coluna ereta e o pé completamente apoiado no chão.Para erguer qualquer objeto do chão, o correto é flexionar os joelhos e manter a coluna ereta (o peso deve ficar o mais próximo possível do tronco).Não durma de bruços. Prefira dormir de lado ou de barriga para cima.Não carregue, em nenhuma hipótese, peso na cabeça. O ideal é dividir o peso proporcionalmente para os dois lados do corpo.Preste bastante atenção às condições do piso antes de carregar qualquer peso para evitar tropeções, escorregões e torções.

Para evitar esses e demais problemas que podem afetar seu desempenho, fique atento à sua postura e a seus movimentos diários. Às vezes, pequenas correções fazem uma grande

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diferença em sua qualidade de vida, o que reflete diretamente em seu desempenho em sala de aula.

Trabalhe para que nenhum desses inconvenientes atrapalhem seu objetivo de ser um professor nota 10. Existem exercícios simples que podem corrigir sua postura, aquecer seu corpo para as aulas e ainda ajudá-lo a relaxar depois de um dia can-sativo de trabalho. Siga atentamente as orientações abaixo e prepare-se fisicamente para se tornar um show de professor.

HORA DO EXERCÍCIO, PESSOAL!Aquecimento para iniciar as aulas

É uma forma de começar as aulas com as articulações mais soltas e adequadamente lubrificadas, evitando aqueles estalos desagradáveis. Lembre-se de que uma boa base para qualquer movimento consiste em manter os joelhos semifle-xionados e o abdômen contraído.

Aquecimento dos membros inferiores:

1° passo: sentado em uma cadeira confortável, realize movimentos circulares com os pés, aquecendo a articulação do tornozelo. Faça esse exercício cerca de 10 vezes, sendo 5 movimentos no sentido horário e 5 no sentido anti-horário.

2° passo: em pé, flexione e estenda (de forma moderada) os joelhos. É como se você estivesse dando pequenos chutes no ar. Isso irá aquecer e lubrificar a articulação do joelho.

�° passo: ainda em pé, coloque as mãos na cintura e realize movimentos circulares. Imagine que você está brincando com um bambolê. Faça esse exercício cerca de 10 vezes sendo 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti-horário.

�° passo: com os joelhos semiflexionados, gire o seu troco transversalmente 6 vezes. Esse movimento consiste em girar seu corpo para esquerda e depois para direita, de modo que você enxergue o que tem por trás de suas costas. Para alinhar a coluna e seus ombros, você pode realizar esse exercício segurando o cabo de uma vassoura.

5° passo: flexione levemente o joelho, estenda um dos bra-ços próximo a cabeça e coloque o outro na cintura. Desça o tronco lateralmente, com o braço esticado 5 vezes para direita e outras 5 para a esquerda.

Aquecimento dos membros superiores:

6° passo: com os braços relaxados, gire-os para frente 5 vezes e para trás outras 5 vezes.

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�° passo: faça o mesmo com os ombros.

�° passo: flexione e estenda sucessivamente os cotovelos. Repita essa prática cerca de 10 vezes.

�° passo: realize movimentos circulares com os punhos. 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti-horário.

10° passo: abra e feche as mãos de forma sucessiva, faça-o 10 vezes. Em seguida “sacuda-as” soltando bem as articula-ções dos punhos e dedos.

11° passo: realize movimentos circulares (de forma suave) com o pescoço – 5 vezes no sentido horário e 5 vezes no sentido anti-horário.

Seguindo esses passos, você terá mais disposição para entrar em sala de aula e realizar seus movimentos de forma mais ampla e motivada.

Alongamento para relaxamentoapós as aulas

Para facilitar o trabalho do alongamento, e não esquecer nenhum grupo muscular, é interessante começá-lo dos pés para a cabeça ou vice-versa.

1° passo: escolha um lugar bem tranqüilo da sua casa, não muito iluminado e pouco barulhento.

2° passo: sente no chão, cruze as pernas (posição de índio), feche os olhos, mantenha a coluna reta e respire profundamente 3 vezes.

�° passo: flexione uma das pernas e estenda a outra. Desça devagar com o tronco (o quanto puder) até tocar o pé da perna estendida. Fique nessa posição de 20 a 30 segundos. Repita o mesmo com a outra perna. �° passo: deite no chão, flexione e abrace suas pernas, deixando a região lombar relaxada e encostada no chão. Segure nesta posição cerca de 30 segundos.

5° passo: ainda deitado e com as pernas flexionadas, gire o tronco lateralmente de forma que os joelhos encostem no chão, e volte sua cabeça para o lado oposto. Permaneça nesta posição cerca de 30 segundos. Repita o movimento trocando o lado.

6° passo: fique em pé com os joelhos levemente flexio-nados, flexione o tronco para frente deixando os braços relaxados e próximo aos pés. Fique nesta posição cerca de 15 segundos. Em seguida, suba seu tronco bem devagar, de modo que sinta a sua coluna “desenrolar”.

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�° passo: em pé e com os joelhos semiflexionados, entre-lace os seus dedos e “empurre-os” para frente (na altura dos ombros). Flexione seu pescoço para frente, deixando suas costas bem “arredondadas”. Mantenha essa posição entre 15 e 20 segundos.

�° passo: faça o mesmo movimento, agora com os braços para trás, de modo que seu peitoral fique bem aberto.

�° passo: com os dedos ainda entrelaçados, estique os bra-ços para cima da cabeça. Você sentirá o seu tronco sendo alongado.

10° passo: posicione seu braço esquerdo para trás do tronco. Enquanto isso, a mão direita exerce uma pequena tração na cabeça, de forma que o pescoço flexione late-ralmente para a direita. Segure nesta posição aproxima-damente 20 segundos. Faça o mesmo com o outro lado e para frente.

Observações: realize os movimentos dentro do seu limite e de forma lenta! Não abuse da sua musculatura. Às vezes, em um movimento rápido, você pode se machucar.

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ADAPTAÇÃO E PROGRESSO: NÃO FIQUE FORA DESSA

O mundo globalizado e o avanço da tecnologia vem trazendo para a sala de aula um elemento novo a ser descoberto, deci-frado e atendido: o seu aluno.

As mudanças que os tempos modernos nos impõem refletem diretamente na formação da personalidade e, principalmente, na forma como seus estudantes interagem com você e com sua disciplina.

Se até valores sólidos e princípios morais que perduraram décadas estão caindo por terra, imagine como os estudan-tes atuais encaram a “velha sala de aula” e suas antiquadas regras. Para essa turminha, o modo de absorver conhecimento vai muito além do quadro-negro e dos slides narrados. Existe uma necessidade imensa de interatividade, e quando essa “rei-vindicação oculta” não é atendida, eles simplesmente mudam de canal e concentram suas atenções em outras coisas, como conversas paralelas.

Todos sabem que já não há mais espaço para o professor ultrapassado, que entra na sala, papagueia a matéria do dia e sai. Nesse cenário, o professor finge que ensina e os alunos fingem que aprendem. Porém, está surgindo um outro pro-blema, o do professor avançado demais. Tal fenômeno está ocorrendo, principalmente, nas universidades norte-america-

nas, onde os professores perceberam alguns fatos: primeiro, os jovens estão loucos para criar uma empresa na Internet. Se-gundo, essas empresas, geralmente, rendem uma fortuna, nem que seja somente na Bolsa de Valores. Terceiro, esses jovens (seus alunos) têm muitas idéias, mas – via de regra – pouco dinheiro; e, como são alunos, confiam no professor e levam a ele várias dúvidas. Somando tudo isso, cria-se um novo tipo de professor, que leciona para seus alunos durante um período e no outro trabalha nas empresas deles, esperando fazer di-nheiro, tanto com as ações da companhia como com o salário. Essa posição dupla levanta tantas dúvidas éticas que algumas universidades, como a Harvard, por exemplo, já proibiram seus professores de trabalharem com/para seus alunos.

São desafios que surgem no dia-a-dia e para os quais você precisa estar preparado, pois a qualquer momento uma situação inusitada pode acontecer e um professor nota 10 deve saber como lidar com esses imprevistos, principalmen-te, quando essas emergências envolvem um comportamento diferenciado dos estudantes.

Esse tal de bicho-gente

Quem trabalha em fazendas está sempre sujeito a contratem-pos – vai que chove demais ou a estiagem castiga as planta-ções. Além disso, há o perigo de doenças, insetos, colheita de má qualidade, entre outras. Quem mexe com computadores, então, deve rezar freqüentemente para todos os santos e ori-

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xás. Nunca se sabe quando essas máquinas vão pifar, fazendo com que dias de trabalho sejam perdidos tentando descobrir, afinal, o que é essa tal de “operação ilegal” que foi executada.

Você, professor, lida com gente. Pessoas são infinitamente mais complexas do que plantações e máquinas. Ainda mais quando elas estão formando sua personalidade e conceitos sobre o mundo. Existem professores que são melhores do que outros nesse aspecto. Porém, de acordo com o jornalista e membro do conselho editorial do jornal Folha de S. Paulo, Gilberto Dimenstein, destacam-se os poucos que entendem que o professor não atua apenas sobre o aluno, mas sobre toda sua família e comunidade.

Nesse aspecto, as reuniões com os pais ganham nova impor-tância. Mais do que falar, você deve ouvir, descobrir o que é importante para aquele bairro ou região. Pesquisar e usar exemplos do cotidiano de seus alunos em suas matérias, não importa qual seja. E ainda há outras coisas que você pode fazer pela vizinhança, conforme ensina Dimenstein: “A escola deve ser um local de encontro de toda a comunidade, inclu-sive nos finais de semana, para eventos culturais e esporti-vos. Incrível que, em todo o País, bairros sem nenhum lazer tenham fechadas as quadras dos colégios.” Converse com a direção a respeito.

Outros aspectos importantes na hora de lidar com as pessoas

Somos todos diferentes. Nem todos aprendem da mesma maneira. Nesse sentido, há basicamente três tipos de alunos: os auditivos (que absorvem melhor o que ouvem), os visuais (que prestam mais atenção no que vêem) e os sinestésicos (cujo ponto forte de aprendizagem é o que é feito e experi-mentado). Toda classe de aula tem representantes dos três grupos. Você pode identificá-los pelos gestos (olhares mais ou menos fixos, movimentos de cabeça colocando o ouvido em evidência, etc.) e pelas expressões usadas (“do jeito que eu vejo isso...”, “escuta aqui”, “juntando essas informações ...”).

Procure atender a todos em suas aulas. Escreva (nem que apenas os pontos principais da matéria) no quadro para auxiliar os visuais, abuse dos exercícios e da formação de imagens mentais para os sinestésicos. O melhor de cada um. Nunca duvide da capacidade de seus alunos de alcançar qualquer sonho. Gandhi, Martin Luther King e Nelson Mandela sabiam disso. Sabiam que todas as pessoas tinham a capacidade de fazer parte de alguma coisa grande. O papel de um professor é fazer com que os alunos tenham consciência dessa responsabilidade e partam para a ação. Como se consegue isso? Cada pessoa é movida por uma coisa diferente. Mas poucas coisas são tão contagiantes como o entu-siasmo. Fale, emocione-se mesmo com um tema em sala de aula. Se você conseguir contagiar apenas dois alunos, esse entusiasmo será passado rapidamente para o resto da turma.

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Eterno aprendiz. De acordo com o jornalista Gilberto Di-menstein, a situação nas universidades do Brasil assusta.

“Somos o que repetidamente fazemos. A excelência, então, não é um ato, mas um hábito.”

“Você não gerencia pessoas, você gerencia coisas. Pessoas, você lidera.”

Não pense em revolucionar o ensino. Melhore suas aulas aos poucos, e constantemente. Os resultados são melhores.

Apenas 28% dos futuros médicos, por exemplo, lêem um livro não-escolar durante o ano; o restante, nem isso. Só 40% dos estudantes de Direito, Administração e Economia con-sultam o jornal todos os dias. A média para todos os cursos é de 23%. Não é de se admirar que os cursos universitários sejam criticados e percam sua importância em vários setores. Para você, professor, esta é uma grande oportunidade. Não pare nunca de estudar, de se desenvolver profissionalmente. Quanto mais você fizer isso, mais abrirá oportunidades em sua carreira. Além disso, a melhor maneira de estimular seus alunos a fazerem alguma coisa é através do exemplo. Mostre a eles o prazer de estudar por conta própria. Ser um eterno aprendiz também significa:

Dedicar-se a aprender novas tecnologias. Cada vez mais o professor estará mais em contato com computadores, vi-deoconferência, celulares, entre outras novidades. Aprender

a mexer com essas maquininhas é fundamental. Segundo o grupo Catho, especializado em recursos humanos (www.catho.com.br), os profissionais de sucesso devem dedicar de 10% a 25% do seu tempo a aprender a lidar com a Infor-mática & Companhia S.A. Porém, existe algo igualmente importante: aprender a trabalhar com o futuro. Os brasilei-ros, em particular, não são acostumados a planejar, a pensar no futuro. Onde você pretende estar daqui a alguns meses ou anos e o que é necessário para chegar lá? Planejar isso com freqüência é fundamental para o desenvolvimento da carreira. Não basta apenas investir em máquinas modernas e velozes, mas é fundamental aprender a usar todas as suas potencialidades.

Compartilhar conhecimento. Você não está, não deve e não pode ficar sozinho. Agregue-se, busque companhia, viva em grupo. Conte o que sabe, ouça o que as pessoas sabem. Divi-da, compartilhe, some. É a única maneira de se desenvolver corretamente. Todo mundo tem algo a ensinar e a aprender. Portanto, saia e procure seus professores e alunos.

Informação de campo. Mesmo que a direção não tenha este costume, faça enquetes rápidas sobre seu desempenho em sala de aula entre seus alunos (para facilitar, diga que eles podem responder anonimamente e saia da sala enquan-to preenchem a cédula). Esse é o melhor termômetro para seu serviço. Você pode fazer isso informalmente, também, “entrevistando” alguns alunos sobre assuntos não relaciona-dos à aula, e permitindo que eles o entrevistem.

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Kaisen!

Essa é uma palavrinha japonesa que andou na moda há alguns anos. E, assim como tudo o que está na moda, ela desapareceu dos noticiários logo em seguida. É uma pena, porque kaisen não é um modismo ou uma forma mágica de ganhar dinheiro ou melhorar profissionalmente. É uma atitude perante a vida.

A grosso modo, kaisen significa aperfeiçoamento contínuo. Nós somos acostumados, desde cedo, com a idéia de revolu-ções. Se alguma coisa está errada, joga-se tudo fora e come-ça-se do zero, de novo. Pense bem, não é esse o discurso de todos os políticos? É algo também presente em quase todas as empresas. Afinal, é preciso “mostrar serviço”, e qual é a maneira melhor do que fazer algo radicalmente diferente do que fez o ocupante anterior do cargo?

Por isso, a idéia de kaisen talvez nos pareça um pouco estra-nha. Afinal, ele não lida com grandes e repentinas mudanças. Procura aperfeiçoar as coisas um pouquinho a cada dia. Entrar na sala de aula com um sorriso, mudar a ordem na explicação de determinada matéria, fazer a chamada cinco minutos antes ou depois... são pequenas coisas que fazem uma diferença maior do que se imagina, ainda mais se somadas umas às outras.

Tal aperfeiçoamento contínuo tem duas grandes vantagens:

É facilmente mensurável. Se você muda toda uma metodologia de aula de uma hora para outra, consegui-rá dois resultados possíveis: funciona ou não. Porém, a nova metodologia é feita de dezenas de pequenos detalhes. Pode ser que apenas um deles tenha sido o motivo da rejeição. Como você vai saber? Mudando aos poucos, você pode sentir a reação de seus alunos, adaptar-se às necessidades deles e da escola.

Você não chega ao fundo do poço. No sistema tradi-cional, é necessário que as coisas comecem a dar muito errado para se tomar uma atitude. Através do kaisen procura-se evitar isso: o aperfeiçoamento contínuo faz com que as coisas continuem funcionando e melho-rando sempre. É como aquele ditado, “se não estiver quebrado, não mexa”. Bem, quebrado não está, mas pode precisar de uma limpeza, um pouco de óleo, um retoque na pintura aqui e ali...

Outras lições de kaisen

• Não vale apenas para seu emprego. O aperfeiçoamento contínuo funciona muito bem com seu lado pessoal. Você pode buscar uma melhor qualidade de vida, de diversão, de relacionamentos, entre outras, melhorando um pouqui-nho de cada vez. Acredite, funciona melhor do que decidir

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parar de fumar ou fazer dieta toda segunda-feira (decisões que duram até quinta-feira, no máximo).

• Concentre-se no processo, e não nas pessoas. Se uma boa parte de sua sala de aula está indo mal em sua matéria, talvez a culpa não seja da bagunça da turma do fundão. Quem sabe você possa fazer algo para chamar a atenção e garantir a participação deles nas aulas. Bem, o espírito do kaisen vai tentando pequenas mudanças até descobrir o que funciona melhor em cada situação. Imagine-se um médico. Um paciente vai até você reclamando de dor de cabeça. Você receita duas aspirinas. Ele vai para casa contente, o problema está resolvido. No dia seguinte ele volta, ainda com dor de cabeça. Você receita o mesmo remédio, e assim os dias passam. Ou, então, você pode examinar o paciente e descobrir por que ele está com aquela dor de cabeça. É mais demorado fazer os exames do que tomar os analgési-cos – mas você resolve o problema de uma vez por todas.

Disciplina

Veja o que escreveu o jornalista Gilberto Dimenstein em seu artigo “O Professor é uma Vítima”, publicado na Folha de S. Paulo, no dia 6 de março:

“Para ser funcional, o aprendizado exige, necessariamen-te, disciplina – não aquela disciplina burra e autoritária de quem impõe silêncio, obediência, servilidade. Mas o

espaço no qual alguém se sente compelido e estimulado a aprender, organizar-se para sistematizar as informações e respeita quem pode ajudá-lo a navegar pelo conhecimento.

Pegue-se o mais indisciplinado e tresloucado roqueiro, que detestava ir à escola – e, no caso dele, talvez com boas razões – ali ele não encontraria espaço para seus dons e sonhos.

Mas a paixão pela música faz dele um ser com um grau máximo de disciplina. Basta ver quantas horas ele, absorto do mundo e compenetrado nas cordas, gasta aprendendo a tocar melhor a guitarra, para o desgosto dos vizinhos.”

A lição está aí. Faça de sua sala de aula um ambiente que favoreça a aprendizagem. Considere (e existem muitas outras coisas que podem ser feitas):

• Mudar a disposição das carteiras. • Estimular a participação dos alunos através de discussões

e trabalhos em grupo dentro da sala de aula.• Fazer perguntas constantes. • Trazer visitantes ou vídeos à sala de aula. • Manter as instalações limpas e bem iluminadas.• Favorecer a criação de atividades extraclasse. Um grupo

que se junta para estudar e fazer as lições, por exemplo.

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O peso dos pais

Principalmente em colégios particulares, um dos motivos da indisciplina é a visão do professor como um ser subalterno. Afinal, os pais estão pagando. Seus filhos imitam essa visão distorcida em sala de aula. Combata isso posicionando-se cla-ramente como um profissional competente e que está ali para ajudar os alunos a alcançarem seus objetivos. Esse posicio-namento é construído diariamente, através de sua aparência, gestos e palavras. Leva-se algum tempo para construir essa imagem, e é muito fácil perdê-la. Zele por ela ao máximo.

Aja e persista

Você é o único responsável por melhorar sua carreira profis-sional. Ninguém pode tomar essa decisão por você. Dedique-se a buscar ferramentas e conhecimentos para se posicionar melhor no grupo, no mercado de trabalho, na sua vida social e pessoal. A pessoa melhor é um profissional melhor.

A ARTE DE SER UM PROFISSIONAL NOTA 10 COM UMA AULA FASCINANTE Nossas crianças e adolescentes têm tudo o que não tivemos: muitos brinquedos, roupas, viagens, computador, Internet, au-las de idiomas, balé, natação. A intenção foi boa, mas do que

adiantou tudo isso? Elas vivem em uma espécie de redoma, e muitas não sabem lidar com o fracasso nem com a emoção.

Qual é o nosso papel como educadores em tudo isso? A edu-cação também está em crise. Não produzimos mais pensado-res, apenas “acumuladores” de conhecimento. Nossos alunos perderam o prazer de aprender.

Nós, professores, precisamos nos tornar fascinantes para desenvolvermos eficientemente a personalidade dos nossos alunos. Precisamos incorporar hábitos que contribuam para desenvolver seres humanos inteligentes e felizes, capazes de sobreviver em um mundo cada vez mais estressante.

A seguir, vamos conhecer os sete hábitos dos bons professores e dos professores fascinantes, segundo Augusto Cury, autor do livro Pais brilhantes, professores fascinantes, Editora Sextante.

1 Bons professores são eloqüentes; professores fascinantes conhecem o funcionamento da mente. Para os professores

fascinantes, um aluno não é apenas mais um número na sala de aula, mas um ser humano complexo com necessidades úni-cas. Professores com essa característica conseguem construir uma ponte entre as informações que transmitem e o dia-a-dia dos alunos.

Mas o que acontece hoje? Nossos alunos estão alienados, sem concentração, ansiosos. Freqüentemente, o professor

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precisa gritar para obter o mínimo de atenção. Por que isso? Por causa do excesso de estímulo que a TV produz em nossas crianças. São mais de 60 personagens por hora com as mais diferentes personalidades, competindo diretamente com a imagem de pais e professores. Isso gera a SPA – Síndrome do Pensamento Acelerado. É como uma droga: seus portadores precisam de cada vez mais estímulo. Eles se agitam na cadei-ra, têm conversas paralelas, não se concentram.

Precisamos de um novo modelo de educação. Temos de desco-brir ferramentas capazes de transformar a sala de aula em um oásis e não numa fonte de estresse. Tenham paciência com seus alunos. Eles não têm culpa dessa agressividade, alienação e agitação em sala de aula. Há uma esperança no caos. Aguarde!

2 Bons professores possuem metodologia; professores fascinantes possuem sensibilidade. Seja um professor

fascinante: fale com uma voz que expresse emoção. Mude de tonalidade enquanto fala. Assim, você estimulará a concentra-ção e aliviará a SPA de seus alunos. Faça-os viajarem sem sair do lugar. Seja um mestre da sensibilidade. Não deixe que as atitudes impensadas de seus alunos roubem sua tranqüilidade. Procure acolher seus alunos e compreendê-los – mesmo os mais difíceis!

� Bons professores educam a inteligência lógica; professo-res fascinantes educam a emoção. Estimule seus alunos

a pensarem antes de reagir, a não terem medo, a serem líderes de si mesmos, autores de suas próprias histórias, a trabalha-

rem com as contradições da vida. Eduque com emoção. As escolas não estão conseguindo educar a emoção. Elas estão gerando jovens insensíveis, hipersensíveis ou alienados.Precisamos formar seres que tenham uma emoção rica, prote-gida e integrada.

� Bons professores usam a memória como depósito de informações; professores fascinantes usam-na como su-

porte na arte de pensar. O objetivo fundamental dos professo-res fascinantes é ensinar os alunos a serem pensadores e não repetidores de informações. Deveríamos valorizar qualquer raciocínio esquemático, qualquer idéia organizada, mesmo que estivessem completamente errados em relação à matéria dada. Isso valoriza pensadores. Os alunos que vão mal nas provas hoje poderão se tornar excelentes cientistas, executi-vos e profissionais no futuro.

5 Bons professores são mestres temporários; professores fascinantes são mestres inesquecíveis. Um bom profes-

sor é admirado, um professor fascinante é amado. Suas lições de vida marcam para sempre os solos conscientes e incons-cientes dos seus alunos. As sementes por ele lançadas jamais serão destruídas. Não se cale sobre sua história, transmita suas experiências de vida. As informações são arquivadas na memória, as experiências são cravadas no coração!

“Damos valor ao mercado de petróleo, de carros, de compu-tadores, mas não percebemos que o mercado da inteligência está falindo.”

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6 Bons professores corrigem comportamentos; professores fascinantes resolvem conflitos em sala de aula. Certa

vez, alguns alunos conversavam no fundo da sala. A professo-ra pediu silêncio, mas eles continuaram. Ela então chamou a atenção do aluno que falava mais alto. Ele respondeu: “Você não manda em mim! Eu pago para você trabalhar!” O clima ficou tenso. Ao invés de gritar ou expulsar o aluno, a profes-sora ficou em silêncio. E depois, contou-lhes uma história sobre crianças judias que foram presas em campos de con-centração nazista. Contou-lhes de seu sofrimento pela vida horrível que tinham, presas e separadas de seus pais. Depois disso, olhou para a classe e disse: “Vocês têm escola, amigos, pais e professores que os amam. Comem, vivem e se vestem bem. Será que estão valorizando tudo isso?” Ela não precisou chamar a atenção do aluno que a ofendera. Sabia que isso não adiantaria. Ela queria levá-lo a ser um pensador. Ele, depois disso, nunca mais foi o mesmo. Compreendeu que tinha tudo e não valorizava isso. Aprenda a dar “tapas com luva de peli-ca” no coração de quem você ama. Acorde seus alunos para a vida.

� Bons professores educam para uma profissão; pro-fessores fascinantes educam para a vida. Professores

fascinantes são revolucionários. Seus alunos adquirem um bem extraordinário: consciência crítica. Por isso, não são manipulados nem chantageados. Eles sabem o que querem. O professor fascinante é promotor da auto-estima. Dá atenção especial aos alunos tímidos e desprezados. Mostra-lhes sua capacidade interior.

Professores fascinantes formam empreendedores. Formam jo-vens que não têm medo de falhar e que não desistem perante as dificuldades.

Nossa tarefa é urgente. Se não reconstruirmos a educação, as sociedades modernas se tornarão um grande hospital psiquiá-trico. As estatísticas demonstram que o normal é ser estressado e o anormal é ser saudável. Há esperança? Sim. Vamos cultivar a emoção e expandir a inteligência de nossos jovens.

APRENDA COM OUTROS PROFISSIONAIS Além de um professor nota 10 ter de se preocupar com seus alunos, em como eles absorvem o conhecimento, quais são suas personalidades, como se sentem no ambiente escolar, ele também deve pensar em sua carreira e nas formas de aprimo-rá-la.

Apesar do ofício de professor ser único, ele não está dissocia-do e distante da rotina de outros profissionais. Existem várias habilidades que você pode aprender com as demais ocupações e usar dentro da sala de aula para se destacar. Já vimos no tre-cho “Professor-vendedor” como esse processo pode ser útil. Veja o que mais você tem a aprender.

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Diagnosticar como um médico

Ninguém entra em um consultório médico e encontra a receita já pronta, esperando. Um sintoma como febre ou dor de cabeça pode ter inúmeras causas. E descobrir o mal que aflige cada pessoa é só parte do processo. Alguns pacientes são alérgicos a este ou àquele medicamento, etc.

Da mesma forma, na sua classe, o comportamento de um aluno pode ter diferentes causas. O que funciona com um estudante é ineficaz com outro e dá resultados medianos em um terceiro. Como descobrir que remédio, que técnica educa-cional, funciona melhor? Da mesma maneira que os médicos fazem: primeiro estude, informe-se, descubra o que os outros professores fazem em cada caso. Em seguida, examine cada aluno. Não com estetoscópio e aquela luzinha de ouvido, mas com perguntas e observando o comportamento apresentado no dia-a-dia.

E você ainda pode fazer algo a mais que um médico: pode tes-tar diversas técnicas de ensino e gerenciamento de sala de aula até encontrar a que melhor funciona em cada situação e aluno. Sem risco nenhum para o paciente – digo, estudante –, você pode avaliar diversas maneiras de se conseguir os melhores resultados e o melhor aprendizado em sala de aula.

O médico também luta para que as pessoas não precisem tan-to dele, divulgando cuidados básicos de higiene e alimentação

pessoal, como evitar epidemias e outras medidas profiláticas. Você deve gerenciar sua sala de aula de maneira que os pro-blemas não apareçam. Troque idéias com seus alunos, abuse das discussões e trabalhos em grupo, surpreenda-os com exercícios diferentes. Faça cada aula ser especial.

Planejar como um arquiteto

Certo, o primeiro lugar onde Brasília apareceu foi num rabisco em um guardanapo. Mas se ficasse só nesse primeiro insight, hoje teríamos outro tipo de capital, bem diferente do plano de Niemayer. Você pode sonhar com o tipo de aula que desejar, entretanto, é preciso planejar para que ela vire uma realidade aproveitável para seus alunos. Algumas dicas:

Antes de tudo, separe o conteúdo e o material que você vai precisar na aula imaginada. Aqui, o professor tem uma vantagem sobre o arquiteto: pode pesquisar materiais mais baratos e simples sem prejudicar o resultado final. Só é proibido descuidar do conteúdo.Assim como são construídas maquetes por arquitetos e engenheiros, você também deve fazer uma simulação de sua aula. Controle o tempo necessário para expor o assunto ou para explicar uma atividade nova. Você pode dar parte da aula para seu cônjuge e pedir a opinião dele. Na maio-ria das vezes, esse treinamento vai ser interrompido por brincadeiras e gargalhadas, mas tentem de novo que vocês acabam acertando. Ao final, você não terá uma obra pronta. Ao contrário de se projetar e construir uma casa, uma aula

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está sempre aberta a melhorias e ajustes, até porque cada classe é única. Seja flexível.

Treinar como os melhores esportistas

Certa vez, o norte-americano Michael Jordan explicou seu sucesso no basquete. Ele afirmava que existiam jogadores que arremessavam melhor, que tinham mais fôlego e que eram mais rápidos. Só que ninguém treinava tanto quanto ele. Da mesma forma, no começo desse ano, o piloto alemão Michael Schumacher pediu desculpas à família, pegou seu avião e foi até à pista da equipe Ferrari, onde se desenrolou um diálogo mais ou menos assim:

— Ué, Michael, o que você está fazendo aqui? Você deveria estar de férias.

— Pois é, mas eu não agüento ficar sem treinar. Ajusta o ban-co e os pedais do carro para mim que eu vou dar umas voltas.

Os melhores sabem da importância de treinar sempre. Sabem que há sempre uma maneira de fazer melhor ou, no mínimo, continuar a fazer tão bem quanto sempre foi feito.

Aqueles que não dedicam um tempo por semana para seu aperfeiçoamento profissional não permanecem no mesmo lu-gar, estão andando para trás. Cada semestre dando as mesmas aulas é um semestre em que os outros professores se aperfei-

çoam e que novos interesses e questões aparecem na mente de seus alunos.

Treinar e se desenvolver é, portanto, necessário para que suas aulas permaneçam tão boas quanto sempre foram. A partir daí, parte-se para o aprimoramento pessoal. Algumas dicas para você:

Separe algum tempo a cada semana para seus “treinos”, e considere essas horas um compromisso tão sério quanto qualquer outro. Discipline-se.Tenha um objetivo claro para cada seção de treino. Você pode praticar, entre outras coisas, sua entonação de voz, me-mória, capacidade de escutar e concentração (por exemplo, pegue um CD, ouça uma música, desligue e tente reproduzir a letra), habilidades na construção de apresentações multi-mídia, interar-se sobre novas descobertas e técnicas de sua disciplina, praticar seu marketing pessoal, buscar novas maneiras de apresentar o conteúdo programático.Cuide também da sua saúde. Uma alimentação balanceada e alguns exercícios físicos lhe darão mais energia na sala de aula, o que acabará por contagiar seus alunos.

Defenda seus ideais como um advogado

Alguém já definiu um julgamento como sendo um show onde os jurados se reúnem para decidir qual advogado foi o melhor. E como cada lado se esforça para ser escolhido o melhor, cada

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vírgula do depoimento, cada fato, é estudado e reestudado. Versões de acontecimentos são apresentadas com uma paixão de emocionar qualquer um.

Esse deve ser o espírito por trás de suas aulas. Um compro-metimento com o que é ensinado, que contagia a todos seus alunos. E não se trata de aulas cheias de frases motivacionais vazias, gritos e piruetas. Defender, assumir sua matéria, exige conhecimento profundo, extrair de cada fato e número algo que interesse seus alunos.

Estude, treine. E conheça as pessoas para quem você vai falar. Caso lecione para o público superior, apele para casos prá-ticos que eles estejam vendo no dia-a-dia. Alunos do ensino médio e das últimas séries do ensino fundamental preocupam-se com tendências, com o que eles encontrarão no mercado de trabalho. Antes disso, a questão básica é entender os princí-pios do mundo em que vivemos.

Ao conhecer seus alunos e sua matéria, você está pronto para entrar em sala e deixar sua paixão pelo ensino fluir. E ela aparece, seja em voz baixa e controlada, seja em atuações co-piadas de um tribunal. Um professor realmente comprometido com o que ensina mostra tal emoção de maneiras sutis, mas que são percebidas por todos.

Respeite como um psicólogo ou sacerdote

Seus alunos têm por você uma grande admiração e, não raro, o procuram com dúvidas e problemas de ordem pessoal. Veja essas situações da mesma maneira com que sua turma as vê:

Se você não puder ajudá-los, explique isso e encaminhe-os a quem pode. Mas não os deixe sem resposta.

Ouça, antes de tudo. Um psicólogo não vai julgar um pa-ciente assim, à primeira vista. Vai atrás dos problemas que ele apresenta, suas raízes e permite que ele mesmo veja a solução. Aja da mesma forma.

Respeite os sentimentos de seus alunos. O que é contado em confidência deve ser relatado, no máximo, para pessoas mais capacitadas para cuidar do caso.

Esteja sempre presente, mas atente à sua posição na sala de aula. Mostrar-se acessível não significa abdicar de toda a autoridade de um educador. Conheça seus limites e os da sua turma.

Apaixone-se por suas idéias como um advogado e esteja sempre pronto como um bombeiro.

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Escreva e fale como um jornalista

Uma das regras básicas para escrever uma reportagem é pas-sar a informação completa. O que aconteceu, quando, onde, quem estava envolvido e como. Sem esses eventos tem-se, no lugar de uma notícia, no máximo, uma fofoca.

Na sua sala de aula vale o mesmo princípio. Cada matéria, cada informação que você fornece a seus alunos, deve estar fortemente baseada em fatos, dados, em algo que seus alunos compreendam. É um erro iniciar cada aula como se aquele assunto fosse estanque, sem ligação com nenhuma outra coisa e sem influência com nada no futuro. Faça cada disciplina ser tão importante e memorável como aquelas matérias de jornal que derrubam políticos. E ainda:

Ofereça âncoras - Os jornais sempre conectam as notícias com fatos conhecidos dos leitores. Assim, ao falar sobre o primeiro livro de um autor, ofereça uma pequena biografia: Jandira Pinhais é educadora há tantos anos, fundou tal insti-tuição, um de seus alunos foi o vice-governador e por aí vai. Com isso, desperta-se a atenção do leitor. Da mesma forma, ligue a sua matéria a algo conhecido de seus alunos.

Não permita que eles esqueçam - Um dos grandes papéis da imprensa é fazer com que os grandes escândalos tenham um acompanhamento e que os culpados sejam julgados. Para o professor, é vital fazer com que os alunos se lembrem dos

conceitos de meses atrás, e os apliquem em conjunto com a matéria atual.

Esteja pronto como um bombeiro

Nunca se sabe quando um incêndio vai acontecer, assim como nunca se sabe quando um aluno aparecerá com uma pergunta mais complexa ou desafiadora. Para ambos os casos, a solução é estar preparado. Leia muito, conheça a fundo sua matéria. Além disso, se interesse por outras áreas. É comum a pergunta de um estudante derivar para um assunto com-pletamente diferente do que você leciona. Aliás, não apenas comum, mas em tempos de interdisciplinaridade, desejável.

Então, nada de dizer para seus alunos perguntarem aquilo para a professora de Matemática. Quando o desejo pelo co-nhecimento acontece, esteja pronto para utilizá-lo.

Outra coisa que se aprende com os bombeiros é a facilidade de encontrar o que é importante. Uma casa pode estar em cha-mas, e o que eles fazem? Concentram-se em alguns pontos da construção enquanto outros ficam jogando água nos prédios vizinhos. A decisão vem de diversos fatores: para onde sopra o vento, em qual direção existem mais objetos inflamáveis, como evitar que o incêndio se espalhe, entre outros. Eles também não se impressionam com o tamanho das chamas, apontam as mangueiras e extintores para o chão para o que, de fato, está pegando fogo.

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Identifique o que é importante, o que realmente está por trás de uma pergunta ou preocupação de seus alunos. Faça pergun-tas do tipo “que você quer dizer com...?”, “por que você acha isso?”, “como assim?”.

Preste atenção nas respostas, e só então ataque o verdadeiro problema. Essa técnica é, talvez, mais útil ainda com colegas e superiores. Ela permite que você descubra exatamente o que é preciso que seja feito, e qual mensagem está sendo passada.

Evite também a formação de panelinhas, formando grupos diferentes: apele para ordem alfabética, de fileiras, ordem alfabética de sobrenome, entre outras. Afinal, muitos técnicos são chamados de “professor”, não são?

ENSINANDO A OUSARPor Tom Coelho

A cada minuto de nossas vidas estamos sempre assumindo dois papéis: o de professor e o de aluno. Dependendo do momento, do tema, do interlocutor, colocamos um ou outro véu. E num diálogo realmente edificante, chegamos mesmo a utilizar a ambos.

Porém, via de regra, somos maus professores. Maus porque pregamos a mediocridade, inibimos a audácia, coibimos o risco, desestimulamos a galhardia. Ser medíocre é ser comum, mediano, modesto, despretensioso. Ser medíocre é estar seguro, ainda que não se esteja bem. Ser medíocre é fruto natural de nossa cultura ibérica e de nossa tradição católica.

Empregados sem empregos

Nossas escolas de ensino fundamental privilegiam uma alfabetização metódica, padronizada, enquadrando as crianças num plano bidimensional. São ao menos oito anos

Use os diferentes talentos como um técnico de futebol

Olhe para um time de futebol. São 11 pessoas com talentos diferentes. Alguns são bons para cabecear, outros para chutar, outros sabem correr bastante. O técnico precisa identificar esses talentos e utilizá-los da melhor maneira possível para o bem de todo o time.

Na sua classe também existem alunos com qualidades e talen-tos individuais. O objetivo é que todos cheguem ao conheci-mento com a sua ajuda.

E, da mesma forma que em um time de futebol, todos se ajudam, os alunos devem apoiar uns aos outros. Fortaleça o sentido de equipe. Trabalhos em grupo devem ser usados sem medo em sua sala. É preciso que cada aluno descubra as qua-lidades do colega, que podem ser (aliás, é melhor que sejam) diferentes das dele próprio.

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de estudos sem incentivo à criatividade e à ousadia. Depois, quem pode gasta uma soma considerável num terapeuta ou num curso de especialização para instruir seu filho a traçar linhas curvas e não apenas retas, a misturar cores quentes e frias, a experimentar outras formas geométricas, a unir nove pontos alinhados três a três com apenas quatro retas.

O ensino médio, por sua vez, produz exércitos dotados de baionetas com as quais assinalarão “x” dentre cinco alterna-tivas possíveis para, aí sim, ingressando no chamado ensino superior, compor uma legião de empregados para um mun-do sem empregos. A própria estrutura de ensino promove a subserviência, seja por intermédio do método expositivo de aulas, seja através do respeito incólume às hierarquias, seja por meio dos trabalhos de conclusão ou estágios supervi-sionados, sempre focalizados em grandes empresas e com conteúdo discutível.

Nosso modelo de ensino não instiga o pensar. História é para ser decorada, e não entendida. Matemática é para se aprender por tentativa e erro, e não por tentativa e acerto. Português tem muitas regras, não se sabe para quê, não é “mano”?

Abolimos as aulas de Educação Moral e Cívica porque remetiam à lembrança dos tempos da ditadura, em vez de modernizarmos seu programa. O resultado é que hoje não se sabe mais cantar o Hino Nacional, o qual só é ouvido em

jogos de futebol ou quando somos agraciados com alguma façanha num evento esportivo. Foi-se embora o culto ao patriotismo e ao amor ao verde-amarelo. Foi-se também a oportunidade de se ministrar um pouco de ética e responsa-bilidade social.

Mediocridade ensinada

Nossa mediocridade ensinada acaba permeada em nossas vidas sem que nos apercebamos disso. Nossas empresas tornam-se medíocres porque não têm o gene do empreende-dorismo, em especial o empreendedorismo de oportunida-de, aquele que gera valor, que produz riqueza, que semeia empregos qualificados e de forma sustentada. Falta-nos a ousadia para adotar novas práticas, da remuneração variável ao horário flexível, da gestão compartilhada à participação nos resultados.

Nossa mediocridade ensinada congela nossos ímpetos corporativos, impedem-nos de investir em nossas próprias idéias, de acreditar em nossos mais castos ou ambiciosos sonhos. O risco, palavra derivada do italiano antigo risicare e que significa nada menos do que “ousar”, deixa de ser uma opção, deixa de ser um destino.

Nossa mediocridade ensinada se mostra presente em nossas vidas pessoais, exacerbando nossa timidez, trazendo con-sigo a hesitação por uma palavra, por um beijo, por uma

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conquista mútua. Tempera relações sem usar sal ou pimen-ta, adota a monotonia e culpa a rotina. Observe como nunca somos medíocres no início de um namoro, da troca de olha-res ao flerte, do perfume das flores ao sabor dos bombons. Tudo isso até o primeiro beijo, o único de fato verdadeiro, pois dele derivam muitos outros até os finalmente protoco-lares, como a nota cinco necessária para se passar de ano.

Pílula azul ou vermelha? Vivemos em uma nação na qual, mesmo após mais de meio século, a terra ainda devolve com fartura tudo o que nela se planta. Não somos vitimados por catástrofes naturais. Somos dotados de grande simpatia e predisposição ao traba-lho. Então, por que sermos medíocres?

O que nos impede de reproduzir em larga escala a criativi-dade de nossa publicidade, a inteligência de nosso design, a beleza de nossa moda, a eficiência de nossa agroindústria de soja, a ousadia de milhões de pessoas que teimam em se manter vivas com um punhado de reais ao longo de todo um mês?

Ou a vida é uma aventura ousada, ou não é nada. Do contrá-rio, não vivemos, apenas vegetamos. À luz de um ícone criado no filme “Matrix”, podemos tomar a pílula azul, esquecer tudo isso, e tratar o ensino com objetivo exclusivo

de satisfazer estatísticas, empenhados em reduzir índices de evasão e elevar taxas de escolaridade. Mas podemos optar pela pílula vermelha, e incentivar a escola democrática, substituir a forma desinteressante e desatrelada da realidade de educar pelo estímulo à curiosidade, encorajar o aprendi-zado ao invés do ensino porque ousadia é uma forma de ser e não de saber.

* Tom Coelho - Formação em Economia pela FEA/USP, Publicidade pela ESPM/SP, especialização em Marketing pela Madia Marketing School e em Qualidade de Vida no Trabalho pela USP, é consultor, professor universitário, escritor e palestrante. Diretor da Infinity Con-sulting e Diretor Estadual do NJE/Ciesp. Contatos através do e-mail [email protected]. Visite: www.tomcoelho.com.br.

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você falar por 40 minutos, estática e monocordicamente, à frente de seus estudantes.

Conheça as diversas ferramentas que você tem à disposição e saiba como tirar o melhor proveito delas.

COMPUTADORO FENÔMENO DE NOSSA ERAPor Viviane M. Penteado Garbeli

Se a sua escola ainda não aderiu às novas tecnologias, não se apavore, ainda há tempo. Não muito, é verdade, mas como diz aquele velho ditado chinês: “O melhor momento para se plantar uma árvore foi há 20 anos. O segundo melhor momen-to é hoje.”

Atualmente, a discussão é sobre se devemos ou não utilizar o computador no ambiente educacional. A preocupação, no entanto, deve estar centrada em como utilizá-lo da melhor maneira possível em nossas aulas.

Sabemos que as inovações tecnológicas têm invadido os dife-rentes setores da sociedade; e a escola, como parte integrante dessa sociedade, não pode se furtar a aderi-las.

Então, o fator principal é fazer com que a escola seja um am-biente rico em inovações, trazendo o mundo para dentro dos muros, criando ambientes interativos, dinâmicos e atraentes.

Existem inúmeros recursos que podem ser utilizados para dar mais vida e ritmo a suas aulas. Você, professor, pode escolher alguns dias do ano e deixar o quadro-negro de lado, incorpo-rando novos elementos em suas explanações.

Opções não faltam com o avanço da tecnologia. A cada dia surge um novo software educacional ou uma maneira diferen-te de empregar o nosso velho e conhecido jornal. O impor-tante é pesquisar e ser criativo para perceber quais elementos de nosso cotidiano podem ser levados para a sala de aula e contribuir para o ensino diferenciado e divertido.

Inventar, ousar, sair do padrão. Na hora de colocar a mão na massa e empregar novos recursos, é preciso unir todas essas características a mais um detalhe: foco. Também não adianta armar todo um show, usar vídeos, músicas e Internet, mas não conseguir transmitir o conteúdo. Esses instrumentos servem como apoio a seus apontamentos.

Não cabe a essas ferramentas, isoladamente, ensinarem a matéria. Para ser um professor nota 10 você precisa dominar muito bem o assunto e saber o momento adequado de aplicá-los. Senão, eles se tornarão tão ineficazes e entediantes quanto

INSTRUMENTAIS DE COMUNICAÇÃO

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Isso é possível por meio de diferentes recursos. Dentre eles, o computador se destaca, visto que grande parte dos nossos alu-nos têm acesso ao mesmo de inúmeras formas: por meio de brincadeiras ou trabalhos acadêmicos em casa ou na escola.

Computando – Cabe a nós, professores, procurarmos subsí-dios para tornar nossas aulas mais interessantes e produtivas, na medida em que o computador estimula a criatividade e o poder de sedução junto ao aluno.

Temos visto um aumento considerável no desenvolvimen-to de habilidades e competências em inúmeros alunos que freqüentam diferentes níveis educacionais, estimulados pela utilização da informática como recurso didático. Porém, isso não significa que o computador seja uma panacéia milagrosa contra todos os males da educação. Ele não transforma aulas pouco atraentes ou mal montadas em algo interessante.

Colocar um computador na sala de aula não é muito diferente do que colocar um quadro-negro ou um retroprojetor. Todo recurso deve ser utilizado dentro de uma concepção inovado-ra, dinâmica e criativa.

A metodologia que acreditamos ser a mais acertada é a de projetos, na qual o professor age como um mediador do processo e o aluno participa de forma dinâmica e interativa na construção de seu conhecimento. Nessa maneira de ensinar, o computador é utilizado como recurso didático valioso, auxi-

liando o aluno na busca de novas informações e na elaboração de um produto final.

Tal metodologia tem trazido muitos benefícios. Através dela, o professor pode desenvolver diferentes habilidades no aluno e, em conseqüência disso, inúmeras outras competências.

Como funciona – A razão para o sucesso desse método é fácil de ser compreendida. Ele torna a aprendizagem ativa, interessante e significativa para o aluno, provocando uma mudança substancial na forma de trabalho em sala de aula, ultrapassando o ensino tradicional por meio de recursos mais modernos e interativos.

Vamos analisar passo a passo essa técnica

1. Aquecimento ou preparaçãoCaracterizado pela apresentação do conteúdo ao aluno. Isso pode ocorrer de diversas formas: através de uma história, dra-matização, pesquisa ou explanação simples. Professor, você deve levar em conta o seu estilo de dar aula e a idade de seus discentes para escolher a forma de introduzir o assunto.

Aqui, o aprendiz inicia sua pesquisa sobre o assunto a ser desenvolvido e passa a produzir, ainda que de forma tímida, seus primeiros ensaios sobre o assunto a ser trabalhado.

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Alguns alunos terão dificuldade maior em fazer um trabalho por contra própria – eles podem não estar acostumados a tal autonomia. Insista.

2. Desenvolvimento ou produçãoFase em que ocorre a elaboração propriamente dita, na qual a pesquisa se efetiva e a produção individual ou coletiva se transforma em trabalho final. Nesse momento, pode ocorrer um trabalho multidisciplinar, no qual um conteúdo pesqui-sado vem exigir do aluno conhecimentos obtidos em outras disciplinas, para que o trabalho tenha sua finalização de forma adequada e de modo que possa ser explorado de diversas formas.

Assim, além da matéria em si, podem entrar temas diversos, como a correta grafia e passagem de idéias (Língua Portu-guesa) ou o trabalho montado de forma a proporcionar uma leitura agradável, tentando cobrar isso em uma pesquisa manuscrita (Educação Artística).

Explore todos os recursos do computador. Por que, em vez de montar as páginas para serem impressas, não montar um site na Internet sobre o assunto? Dissecar o tema produzindo links e colocar ilustrações de forma a atrair o internauta é muito di-ferente de produzir um texto escrito. Dessa forma, a informá-tica vai ampliando o leque de opções de assuntos pertinentes à matéria do educador.

3. Apreciação ou avaliaçãoQuando se processa a avaliação do trabalho realizado e sua realimentação com novas informações, o produto final passa a ser objeto de aprendizagem do aluno. O professor pode, e deve, avaliar não só o resultado final, mas também as diversas etapas de desenvolvimento – desde a maneira como a pes-quisa foi conduzida, como sua participação em aula (ativo, distante, autoritário, etc.). Contudo, o mais importante é o que essa metodologia significa para o estudante.

Uma coisa é responder dez questões em uma prova, após decorar páginas e páginas. Outra, bem diferente, é correr atrás da informação e produzir uma revistinha, matéria de jornal ou um site com ela. É muito mais gratificante, e demonstra muito mais o conteúdo aprendido.

A seguir, uma lista de itens que devem estar definidos e provi-denciados antes de se implantar a metodologia por projeto em suas aulas:

PLANEJAMENTO DA AULA

Número de aulas Quantas aulas você tem disponível para aquele conteúdo?

Área Quais disciplinas estão envolvidas?

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POWERPOINTPROJETANDO CRIATIVIDADEPor Adelaide Marques

Há cada vez mais computadores disponíveis nas salas de aula. Além disso, os portáteis estão se popularizando. Com tudo isso, não é de se admirar que muitos professores estejam utili-zando o programa PowerPoint em suas aulas para incrementá-las e torná-las mais criativas.

É. “Páuer-póinte”, aquele programa que permite que você crie apresentações em slides animados e os projete na sala de aula. Existem outros programas similares, mas esse é o mais comum. Veja, a seguir, algumas dicas para usá-lo com eficiência.

1 - Lute pela abertura. Quem tem computador sabe: geral-mente, o trabalho feito em uma máquina não é reconhecido por outra. A apresentação está lá, no disquete, e ninguém consegue abri-la. Pensando nisso, a Microsoft, fabricante do software, criou um leitor de PowerPoint. Esse programinha permite que você exiba apresentações feitas em PowerPoint em qualquer computador fabricado nos últimos cinco anos. Você pode con-seguir mais informações no site www.microsoft.com.br.

2 - O Português do computador. O programa conta com um corretor ortográfico – com todas as vantagens e desvantagens

Como você percebe, utilizar a metodologia do projeto dá mais trabalho do que as técnicas tradicionais de ensino e também pode assustar alguns professores. Afinal, você “solta” os alunos, não tem mais o controle absoluto sobre o quê, como e quando eles aprendem. Mas, no final das contas, a taxa de aprendizagem é bem maior. E é dessa maneira que seus alu-nos irão trabalhar daqui a pouco.

O futuro agradece os professores que ousarem mudar hoje.

Assunto Qual assunto será trabalhado?

Objetivos Qual objetivo meu aluno deve atingir?

Recursos Quais recursos serão utilizados? Onde eles estão disponíveis?

Estratégias Quais atividades irei trabalhar com meus alunos?

Avaliação Qual o produto final a ser elaborado? O que irei considerar?

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que isso traz. Ele evita que você cometa alguns erros, mas também costuma retirar alguns acentos e fazer alterações à revelia. Ou seja, conserta alguns erros e cria outros. Preste atenção nisso na hora de montar sua aula.

3 - Atração total. Se usado corretamente, os programas de apresentação de slides podem cativar a atenção de seus alu-nos. Usar corretamente pode ser traduzido como cuidado com os excessos. O programa permite que você crie dezenas de efeitos: as letras do título vão descendo aos poucos ou entram dançando um sambinha; um slide vai lentamente se fundindo no outro ou abrem como uma cortina, e por aí vai. De vez em quando, é interessante utilizar esses efeitos. Mas, em excesso, podem cansar seus alunos ou criar uma expectativa errada. Eles ficam esperando para ver como o próximo slide irá surgir, em vez de prestar atenção em seu conteúdo. Tome especial cuidado com as acrobacias visuais que vão contra a natureza dos estudantes. Lemos da esquerda para a direita e de cima para baixo, e é com essa ordem que nos sentimos confortáveis.

4 - Vírus e outros problemas. Computadores costumam encrencar e travar sem nenhum motivo aparente. Também sofrem ataques de vírus. Portanto, por mais tempo que você invista montando sua aula em PowerPoint, tenha sempre uma aula tradicional preparada para qualquer emergência.

Softwares educacionais

Com a evolução cada vez mais rápida da tecnologia, a escola, como instituição responsável pela educação e formação do aluno, não poderia ficar à margem e não se adaptar aos novos métodos. Entre tantas opções de modernas tecnologias ofe-recidas para a educação, os softwares educacionais têm sido muito utilizados, pois oferecem um aprendizado interativo e procuram fixar conteúdos curriculares através de simulações de situações do dia-a-dia. Há softwares para todas as idades e níveis, atingindo desde a pré-escola até o ensino superior.

O Sistema Educacional Expoente vê a informática como uma importante ferramenta pedagógica, um recurso a mais que o professor usa para suas aulas. Eli Gonçalves, supervisora do setor de capacitação, afirma que o software é um recurso que enriquece o conteúdo normal das aulas, além de ajudar a fixar conceitos.

Outra questão a considerar, segundo Eli, é a capacitação do professor: “Ele tem de estar apto para usar adequadamente a tecnologia e aqui no Expoente nós fazemos esse treinamento com vários cursos, entre eles alguns específicos voltados para a área tecnológica.”

Os softwares educacionais têm de ter um diferencial, e nesse ponto os de simulação são muito importantes porque possi-bilitam ao aluno uma experiência que, sem a tecnologia, não

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seria possível. Segundo Regina Rodrigues, gerente de projetos educacionais do Positivo Informática, “o aprendizado com o software é muito mais motivador, o aluno gosta da tecnologia. Para a boa formação do aluno, esse contato com a tecnologia é fundamental”.

No Colégio Bom Jesus, de Curitiba, existe o chamado Apoio Virtual, em que os professores elaboram, todo bimestre, o conteúdo que será trabalhado na sala de aula. Em seguida, a equipe de informática cria diversas atividades interativas em cima desse conteúdo pedagógico elaborado pelos educadores.

No Colégio Objetivo, de São Paulo, os softwares educacionais são utilizados em três níveis:

• Apostilas com CD, só para alunos da Rede Objetivo.• Softwares específicos, os quais o usuário usa como com-

plemento ou atividade extracurricular.• Sala de aula do futuro com computadores em rede especia-

lizada, na qual o professor tem uma lousa de toque e um projetor de vídeo.

Também já foram desenvolvidos no Objetivo alguns progra-mas em terceira dimensão estereoscópica.

Ao adquirir um software, muitos cuidados devem ser tomados: “Se o software for melhor do que o papel, o vídeo, o livro ou o slide deve ser comprado. Se não for, é bobagem”, declara Almir Brandão, diretor do Centro de Tecnologia e Pesquisa do Objetivo.

Cuidados ao adquirir um software:

Observar a faixa etária.Analisar o conteúdo.É essencial que permita que o aluno crie.Não pode ser muito poluído.Tem de despertar curiosidade e pensamento crítico.As instruções têm de estar muito claras.

Projeto Digitando o Futuro

A Prefeitura Municipal de Curitiba, por meio da Secreta-ria Municipal de Educação, está desenvolvendo o Projeto Digitando o Futuro. Entre outras ações, como levar a Internet à população, o projeto prevê a implantação de tecnologia da informática em toda a rede municipal. Isso inclui a montagem do laboratório com softwares educacionais, capacitação dos professores e suporte técnico.

Segundo Eloina Gomes da Costa, pedagoga responsável pelo serviço de novas tecnologias da Secretaria Municipal de Edu-cação, o diferencial do projeto está na norma descentralizada de soluções, ou seja, cada escola estuda as suas necessidades e, através de seus professores e pais de alunos, escolhe a opção que mais se encaixa na proposta.

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Vantagens de se usar um software educacional:

O conteúdo é passado de modo mais dinâmico.O aluno não cansa, se comparado com aulas tradicionais.É possível a visualização da matéria e, por conseqüência, uma melhor assimilação do conteúdo.O software tem imagem, movimento, cores, som, recursos multimídia que completam o aprendizado.Proporciona o desenvolvimento psicomotor.Desperta a sensibilidade e a criatividade.

INTERNETNÃO FIQUE DE FORA DESSA, PROFESSOR!

Os avanços da tecnologia estão sendo utilizados por todos os ramos do conhecimento. Tudo é muito rápido – estamos vivendo em uma época de amplo acesso à informação. Recur-sos, como computadores, Internet, TV a cabo, DVD e CD-Rom estão por aí, disponíveis a quem quiser usar. Governos e iniciativa privada estão em pleno trabalho para a democratiza-ção do uso de tudo isso. É uma tendência irreversível!

Com todo esse mundo de informações disponíveis, nossos alunos estão cada vez mais atualizados, informados e interes-sados no que há de novo. E você, como está reagindo a tudo isso? Marco Aurélio Kalinke, autor do livro Internet na edu-cação, afirma que “a despeito de todo esse avanço tecnológi-

co, o magistério tem sido uma das profissões que menos tem tirado proveito dos recursos disponíveis”. Segundo Kalinke, a maioria dos professores brasileiros ainda tem um grau de envolvimento muito pequeno com a informática, assim como faltam recursos, treinamento, equipamento – o que acaba atra-sando ainda mais a utilização dessas inovações na escola.

Precisamos mudar esse cenário! E, além de se apropriar da tecnologia, o professor precisa também saber como utilizar com sabedoria seus recursos. A Internet é, sem dúvida, uma das ferramentas com maiores possibilidades de agregar valor e destacar a importância do mestre. E tem mais: o professor que não quiser comprometer-se com a grande rede vai dispor de informações e fontes cada vez mais pobres em relação aos colegas que a utilizam. Então, não fique de fora!

O uso da Internet na sala de aulaAbaixo estão os 12 aspectos da utilização da Internet que podem trazer ganhos pedagógicos, segundo Sanmya Feitosa Tajra em seu livro Informática na educação: novas ferramentas pedagógicas para o professor da atualidade (Editora Érica):

01. Acessibilidade a fontes diversas de assuntos para pesqui-sas.

02. Páginas educacionais específicas para a pesquisa escolar.03. Páginas para busca de softwares.04. Comunicação e interação com outras escolas.

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05. Estímulo para pesquisar a partir de temas previamente definidos ou da curiosidade dos próprios alunos.

06. Desenvolvimento de uma nova forma de comunicação e socialização.

07. Estímulo à escrita e à leitura.08. Estímulo à curiosidade.09. Estímulo ao raciocínio lógico.10. Desenvolvimento da autonomia.11. Aprendizado individualizado.12. Troca de experiências entre professores, entre alunos e

entre professores e alunos.

Outros aspectos positivos citados por Kalinke são a interação que a Internet permite, a agilidade de comunicação, a possi-bilidade de publicação de materiais e a facilidade de acesso à informação. Vejamos:

Interação – A Internet é formidável para tornar o processo educacional mais dinâmico. A possibilidade do aluno traçar seu próprio caminho de aprendizagem é uma dessas vanta-gens. Pode-se chegar a resultados semelhantes de aprendizado através de caminhos diferentes (personalizados pelos próprios alunos). Agregando-se imagem, som e animações ao processo, fica ainda mais interessante.

Comunicação – Um quesito bastante importante na defesa do uso da Internet na escola é a facilidade de comunicação que ela permite entre os participantes do processo educacio-nal. Não somente alunos e professores, mas também pais e

diretores podem beneficiar-se de instrumentos como e-mail, chat, MSN entre outros. Tudo muito rápido, eficaz e de custo relativamente baixo.

Sobre esse aspecto da comunicação, Kalinke nos lembra de que, “por computador, os alunos podem conversar com outros, em localidades remotas. Podem participar de jogos, gincanas on-line e atividades programadas, as quais geram mudanças significativas na sua forma de entender o mundo e a realidade que os cerca”.

Um exemplo interessante que ele nos dá em seu livro é o ambiente de aprendizagem colaborativa Eureka, que pode ser utilizado para cursos a distância via web ou como sala de aula virtual para complementar as atividades desenvolvidas nas salas de aula tradicionais.

Publicação de materiais – Por meio da Internet, podemos valorizar a produção de nossos alunos. Com a possibilidade de publicarmos seus trabalhos e projetos na web, abre-se uma nova perspectiva de divulgação dessa produção, podendo atingir um grande número de pessoas, fazendo-se conhecer, assim, o trabalho desenvolvido nas escolas. Abre-se aí a pos-sibilidade de se estabelecer um diálogo com a comunidade, seja ela composta por acadêmicos ou apenas os habitantes do bairro. Projetos que antes ficavam restritos à divulgação da Feira de Ciências, agora ficam à disposição da comunidade por tempo indeterminado, tornando-se parte da história da sua região, o que pode servir de grande estímulo aos alunos para que dêem o seu melhor na hora de produzir seus trabalhos.

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Acesso à informação – A Internet é, essencialmente, uma fonte de pesquisa. É um ambiente ideal para se obter e se trocar informação. Kalinke, citando A. Sobral em seu livro Internet na escola: o que é, como se faz (Edições Loyola), nos dá algumas características da pesquisa na Internet que justifi-cam seu uso no processo educacional:

Oferece um número praticamente ilimitado de recursos.

Requer uma palavra-chave para pesquisar e não tem, ao contrário da biblioteca, uma organização precisa.

Promove o esforço pessoal de pesquisa.

Não resulta de um esforço de reunir todas as informações relevantes: cada site determina qual material apresentar, o que pode deixar alguns assuntos em segundo plano.

O formato eletrônico dos dados facilita sua obtenção.

Facilita a descoberta de múltiplos pontos de vista sobre um mesmo assunto.

É facilmente atualizável, podendo conter as informações mais recentes.

Requer que se desenvolva uma boa capacidade de selecio-nar aquilo que se precisa, evitando o supérfluo.

Não parte, dada sua generalidade, das necessidades espe-cíficas dos usuários.

teúdo sobre qualquer assunto e ainda ser bastante fácil de ser realizada.

Entretanto, atenção: a Internet não pode ser a única fonte de pesquisa na escola. Ela deve ser considerada como mais uma ferramenta disponível de investigação.

Agora, vamos à prática...Para ser bem aproveitada, a Internet exige que os professores orientem seu uso aos estudantes. Se faz necessário que você indique aos seus alunos sites e links para que se organize, direcione e qualifique os trabalhos e atividades.

Para isso, fique de olho em indicações de sites e links em revistas, jornais e programas de televisão. A maneira mais rápida de se encontrar algo é através das máquinas de busca. Mas você sabe o que é isso?

“Máquinas de busca são sistemas que têm por objetivo en-contrar informação de interesse dos usuários na world wide web. Em termos gerais, elas coletam continuamente os dados disponíveis na web e montam uma grande base de dados, que é processada para aumentar a rapidez na recuperação de informação. Sem as máquinas de busca, seria praticamente impossível encontrar informação na Internet, uma vez que há mais de um bilhão de páginas espalhadas em todo o mundo.”

(Fonte: TodoBR – www.todobr.com.br)

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Por ter um enorme volume de informações, a Internet é uma vastíssima fonte de pesquisa, com a vantagem de trazer con-

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As máquinas de busca mais conhecidas são:

• Google (www.google.com.br) • Cadê? (www.cade.com.br) • Altavista (www.altavista.com.br) • RadarUol (www.radaruol.com.br) • Yahoo!Brasil (www.yahoo.com.br)

Para indicar aos seus alunos sites que usarão em seus tra-balhos, é necessário que você faça uma análise pedagógica, levando em conta os aspectos educacionais e não apenas os aspectos visuais, de conteúdo e de navegabilidade.

Kalinke aborda alguns critérios para se fazer essa análise usando as teorias construtivistas e ergonômicas. Seria pratica-mente impossível resumir esses critérios em poucas palavras, portanto, se você quer realmente se aprofundar nesse assunto, vale a pena ler o livro. Mas, para ajudá-lo a fazer uma análise rápida e eficiente – porém, não totalmente conclusiva – dos sites que indicará aos seus alunos, Kalinke criou um check-list que pode ser utilizado para verificar se um site apresenta seu conteúdo privilegiando uma abordagem pedagógica construti-vista e ergonomicamente adequada. Vamos à lista:

Critérios Sim Não

Critérios relativos a aspectos construtivistas

O site disponibiliza ferramentas de interação?

O site trata o erro como possibilidade de uma nova abordagem da questão?

O site é um ambiente dinâmico?

O site disponibiliza ferramentas e tecnologias que permitem modelagens e simulações?

Critérios relativos a aspectos ergonômicos

O site apresenta boa legibilidade?

O site disponibiliza documentação?

O site possui boa navegabilidade?

WEBQUEST: A INTERNET NA MEDIDA CERTA Uma técnica de ensino, desenvolvida em 1995 pelo profes-sor norte-americano Bernie Dodge, está sendo usada aqui no Brasil por diversas escolas e universidades para estimular o processo educacional.

Denominada WebQuest, a metodologia é simples de ser usa-da, não necessita de softwares específicos, apenas um com-

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putador conectado à Internet. O professor define um tema, al-guns objetivos e em seguida a “tarefa”, além de sugerir alguns links interessantes e importantes sobre o assunto proposto. A atividade deve motivar a pesquisa, e tanto o material inicial como os resultados devem ser publicados na Internet.

Assim, os alunos utilizam a Internet já com um objetivo pre-estabelecido, assimilam melhor o conteúdo sem desperdiçar o tempo com pesquisas vagas nem se afastam do objetivo ini-cial. Aqui no Brasil, a WebQuest começou a ser utilizada pela Escola do Futuro da USP – Universidade de São Paulo e já se espalhou por várias escolas paulistanas, de Minas Gerais, Bra-sília e Santa Catarina. A universidade Mackenzie, por exem-plo, já inclui a WebQuest no seu curso de pós-graduação.

Segundo o coordenador técnico educacional do projeto na Escola do Futuro, Jarbas Barato, a WebQuest é interessante porque faz com que o aluno transforme informações, decodifi-cando a informação retirada da Internet para aplicá-la depois. “Na rede existe muita informação, mas não um bom método para trabalhar com ela. A WebQuest tem essa proposta, o que chamou a atenção de muita gente”, comenta Jarbas.

O colégio Dante Alighieri, de São Paulo, foi um dos pioneiros a usar a WebQuest. Para Valdenice Cerqueira, coordenadora do departamento de informática, “a metodologia dá um con-forto aos professores, além do grande alcance pedagógico. Os alunos pesquisam com a garantia de bons resultados porque têm objetivos a serem alcançados, além de colocarem em

prática os conhecimentos adquiridos, possibilitando a visuali-zação da teoria na vida real”.

Objetivos – Além de ser uma atividade simples, a qual pode ser usada da pré-escola até a pós-graduação, a WebQuest envolve e compromete alunos e professores no uso da Internet voltado para o processo educacional, pensamento crítico e protagonismo juvenil, e ainda proporciona os seguintes dife-renciais:

educação sintonizada com a atualidade;aprendizagem cooperativa; desenvolve habilidades cognitivas;transforma informações/incentiva a criatividade; favorece o desenvolvimento do trabalho de professores;é uma forma de intercâmbio e cooperação docente.

Receptividade – Por ser um processo de fácil adaptação a cada escola e também a cada disciplina, a WebQuest teve uma boa aceitação por parte dos alunos. “Os alunos gostam muito, ficam muito animados. Na verdade, a atividade tem um caráter muito motivador”, comenta Valdenice. Segundo ela, com os professores a história foi um pouco diferente: “Apesar de hoje gostarem muito do método, no começo foi um pouco difícil a aceitação, mas agora eles perceberam o potencial da metodologia, e temos alguns professores já realizando muitas WebQuests.”

A professora do colégio João XXIII de São Paulo, Juliana

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Barella, há algum tempo também utiliza o método com os seus alunos e diz que os resultados são animadores: “Os alunos gostam bastante e aproveitam muito mais a atividade do que se fosse no método tradicional, em papel. Eles gostam de navegar e fazer pesquisas na web, e a minha intenção é mostrar que a rede não é só para bater papo, mas, sim, um local para pesquisa e aperfeiçoamento.”

Desenvolvimento – O colégio Dante Alighieri começou com uma WebQuest em sua página na Internet e hoje tem mais de dez já desenvolvidas. “Tentamos fazer com que cada uma trabalhe em paralelo com o que os alunos estejam aprendendo em sala de aula”, conta Valdenice. Segundo ela, o desenvol-vimento dá um certo trabalho, pois requer do professor muito tempo para pesquisar, selecionar os sites e propor uma tarefa inusitada, que chame a atenção dos alunos. “Aqui no colégio fazemos oficinas em que um grupo de professores aprende desde a história, a essência da WebQuest, e no final cada um constrói o seu esquema dessa ferramenta. Depois a prática é que leva à excelência”, explica.

“O coração da WebQuest é a tarefa proposta”, diz Jarbas, e acrescenta que a tarefa deve ser desenvolvida por professores e não por catedráticos. “Ela é muito mais uma proposta didá-tica do que de informática. Se o professor dominar o assunto a ser abordado, com certeza, vai desenvolver uma boa tarefa.” De acordo com ele, o principal ponto a ser observado é que a tarefa deve ser autêntica, ou seja, os alunos devem pesquisar e transformar conteúdos que possam existir fora da escola.

Como montar uma WebQuest – Para criar uma WebQuest que seja completa e eficiente, siga os passos a seguir:

Introdução (que contenha algumas informações de fundo).Uma tarefa.Um conjunto de fontes de informações necessárias à exe-cução da tarefa; uma descrição do processo que os alunos devem utilizar para realizá-la, dividido em passos clara-mente descritos.Orientações para organizar as informações adquiridas, que podem ser em forma de questões ou como direções para completar quadros organizacionais.Avaliação.Conclusão que termine a pesquisa e mostre aos alunos o que eles aprenderam.

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MÍDIASEUS ALUNOS TÊM FOME DE QUÊ?

Ligue a televisão, abra o jornal. Você vê diversas matérias voltadas às crianças e adolescentes. Tais reportagens podem lhe ajudar muito em sala de aula. Afinal, são – via de regra – resultados de pesquisas que mostram quais assuntos preo-cupam o jovem brasileiro. Ou seja, informação que sua classe quer saber.

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Ao utilizar esses retratos do cotidiano junto à matéria tra-dicional, o professor pode atrair ainda mais o interesse dos discentes.

Sem frescuras – Tão importante quanto o que interessa aos jovens é a forma pela qual essa informação lhes é passada. Nunca uma geração teve tanto acesso à informação como a atual. O surgimento vertiginoso de novas tecnologias também deu a eles um poder inédito. Como seus pais dificilmente entendem de MP3, Napster, Shareware e outras palavras esquisitas, os adolescentes percebem esse mundo como sendo deles. Então, o que esse pessoal medieval (mais de 25 anos) quer ensinar a eles? A nova geração tem massa crítica sufi-ciente para desafiar os adultos pela supremacia cultural, social e mercadológica.

O mundo da publicidade já entendeu o recado. Os anúncios voltados aos jovens agora se concentram na realidade pura do cotidiano. Nada de belas modelos ou cenários futuristas. Eles querem ver a realidade como ela realmente é, sem glamour ou idealizações. Da mesma maneira, sua sala. Eles esperam que você diga onde a matéria se encaixa na realidade deles, que muda rapidamente e a cada dia.

Aqui fica a primeira lição para você: nunca pare de se atua-lizar. Leia muito para descobrir quais as preocupações deles naquele momento.

Os jovens na mídia – A Organização Educacional, Cien-tífica e Cultural das Nações Unidas (Unesco), o Instituto

Ayrton Senna e a Agência de Notícias dos Direitos da Criança (ANDI) pesquisaram vários veículos de mídia do Brasil para descobrir o que eles estão falando para seus alunos.

1. Profissão. Esse assunto está sempre presente e dispara na preferência dos estudantes que se aproximam do vesti-bular. Os adolescentes ressaltaram que querem muita infor-mação sobre o mercado de trabalho, vestibular e profissões.

2. Projetos sociais e protagonismo. Eles querem mais matérias sobre jovens que se destacam em várias áreas, em especial a social. Os protagonistas juvenis geram identi-ficação do grupo e têm um potencial inspirador para uma postura mais atuante.

A grande maioria das revistas e suplementos voltados às crianças e adolescentes tem a arte como carro-chefe. Segundo os três institutos responsáveis, em 1999 foram publicadas 9.870 matérias voltadas aos jovens no Brasil. Dessas, 2.010 falavam de arte, o que vale dizer lançamentos de cinema, CD’s, festivais de rock, bandas de pagode e companhia. O se-gundo lugar contou com apenas 781 reportagens. Aqui temos uma boa e uma má notícia: a má é a diferença quantitativa entre os dois e a boa é que o segundo colocado é a educação.

Querem saber – E quando se examinam quais os assuntos que interessam aos jovens, nota-se uma diferença maior ainda. Em entrevistas feitas pelos institutos de pesquisa, eles responderam que querem saber mais sobre:

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3. Atualidades. Os jovens também consideram que é função da mídia contribuir para sua formação abordando assuntos como política, educação, drogas, preservação do meio ambiente, sexo e acontecimentos atuais. O grande leque de assuntos desejados pressupõe uma visão do jovem como um “ser inteligente”, e não como um “ser problema”.

4. Sexualidade. Eles querem muita informação sobre esse assunto, ainda mais quando ligados à saúde.

Como usar esses dados – Como você notou, seus alunos que-rem entender, rapidamente, o mundo que os cerca. Não tenha medo, portanto, de levar-lhes recortes de jornais e revistas, reportagens relevantes. De vez em quando, abra sua aula para discussões, ligando sua matéria com assuntos recentes.

Outra possibilidade é escolher um “assunto do mês”. Faça uma votação entre seus alunos para saber o que mais os está preocupando naquele mês e peça para que façam uma peque-na pesquisa nos jornais e revistas sobre o tema. No final do mês, pode ser formado um painel sobre o assunto.

Ligue sua matéria a profissões. Se você leciona Matemática, por exemplo, diga que aquilo que está sendo ensinado será muito útil para engenheiros, estatísticos, entre outros. Faça uma rápida explanação sobre a área de trabalho de cada profissão. Vá além do esperado, cite um grande número de profissões. No caso da Matemática, você pode mostrar como mágicos e pintores usam os números. Dessa maneira, além

de interessar um maior número de discípulos, você também aumenta o leque de opções deles.

Onde encontrar a informação – A pesquisa da Unesco, ANDI e Instituto Ayrton Senna procurou mostrar também quais são os veículos que publicam as informações mais relevantes e úteis para os jovens. Entre 31 suplementos de jornais e revistas pesquisados, os três primeiros colocados em conteúdo foram:

1º. Gabarito, suplemento do jornal Estado de Minas.2º. Tribuna Teen, página do jornal Tribuna de Alagoas.3º. Adolescência/Demais, página do jornal OPovo, do Ceará.

Se considerarmos apenas publicações de circulação nacional, mais fáceis de serem encontradas (e usadas em suas aulas), a página X-Tudo, do Correio Braziliense, levou vantagem. Seu conteúdo foi considerado, no geral, como o 6º melhor. Depois vem o suplemento FolhaTeen, da Folha de S. Paulo (13º lugar), o Zap!, d’O Estado de S. Paulo (17°) e o suplemento Zerou, do jornal gaúcho Zero Hora (2º lugar).

Na telinha – A pesquisa também procurou programas de televisão que fossem relevantes aos jovens. Por uma triste coincidência, os mais votados (Programa Livre, com Sergi-nho Groisman; Altos Papos, quadro do programa Fantástico; Barraco MTV) foram cancelados. O negócio é contar mesmo com a mídia escrita para levar o mundo à sua classe.

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Como usar a mídia Fundo das Nações Unidas para a Infância – Unicef e pelo Instituto Ayrton Senna.

Conteúdo na tela – Nesse fórum foi apresentada uma pes-quisa feita pelas entidades participantes sobre o jornalismo educacional no Brasil. Ou seja, matérias referentes às escolas, professores e alunos. Os números assustam. Segundo a pes-quisa, no biênio 97-98, 83% do material veiculado em rádio, TV e mídia impressa vieram de órgãos oficiais (MEC e de diversas secretarias de ensino).

Em 1999, o panorama melhorou, e muito. O governo foi responsável por 31,56% do material analisado. Pouco mais de 68% restante veio diretamente das redações da imprensa comum, o que significa mais confiabilidade, independência e imparcialidade (bem, certos veículos escolhem para qual lado serão imparciais, mas isso não vem ao caso). Dessas matérias, a maioria é dedicada ao ensino superior.

Partindo para a ação – Ainda há muito o que fazer pela edu-cação na mídia. Quanto mais destaque o setor receber, mais os professores ganham (valorização profissional, exposição, troca de idéias, entre outras vantagens). Veja o que você pode fazer:

A professora de Português entra na sala de aula e faz um pedi-do que pega a todos de surpresa:

— Quero que vocês assistam à televisão hoje, prestando aten-ção a um comercial qualquer.

Imagine o susto da turma. Afinal de contas, todos os profes-sores passaram o ano alertando para os malefícios da telinha. No dia seguinte, a mesma professora completa o pedido:

— Agora façam uma redação descrevendo o comercial que assistiram.

Descrição, interpretação de imagens e roteiro, identificação de mensagens. Quem diria que um filme publicitário de poucos segundos pudesse conter tanta informação?

A mídia oferece material inesgotável para os professores enriquecerem suas aulas. Todas as páginas de um jornal ou revista podem ensinar algo. Até mesmo a página da previsão do tempo pode ser utilizada para ensinar médias aritméticas e topografia. O bom e velho rádio também é útil no ensino de Línguas, identificação de diferentes sotaques, ritmos e lições de Física.Porém, a mídia pode ser ainda mais útil para a educação. Essa foi a conclusão apresentada em um recente fórum promovido pela Agência de Notícias do Direito da Criança (ANDI), pelo

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1. Faça a sua matéria. Nenhum repórter cria uma notícia do nada. Seu trabalho é contar o que está acontecendo. Isto é, alguém tem de chegar até ele, contar uma experiência, fazer uma denúncia, oferecer material. Por isso, mãos à obra. Consiga os endereços de órgãos de imprensa locais e informe-os sobre o que você e sua escola estão fazendo de bom e diferente. Escreva artigos e submeta-os à publicação.

2. Cuidado com o conteúdo. Concentre-se em matérias que contenham experiências positivas e soluções alter-nativas que você desenvolveu. Entrar em contato com a imprensa “para ver o que acontece”, sem dados sólidos para mostrar, é perda de tempo. Imagine o ponto de vista do leitor. O que interessa para a maioria das pessoas, a nova pintura do prédio da escola, por exemplo?

3. Seja receptivo. Pode ser um pouco frustrante, porém, a grande maioria das entrevistas é feita por carta, e-mail ou telefone, o que não diminui sua importância. Procure res-ponder de maneira clara e direta, evitando jargões e temas pouco conhecidos pelo público em geral.

As transformações são muito rápidas e a tecnologia acaba difundindo as informações e levando as imagens para dentro da casa das pessoas em tempo real. Em sala de aula, a coisa não pode ser diferente.

É sabido que os meios de comunicação de massa bombar-deiam as novas gerações com uma contundência sem prece-dentes, e é através deles que os estudantes acessam a realida-de. Embora muitas escolas continuem se mostrando reticentes para integrar em seu seio novas tecnologias, temendo perder o controle educativo, tais avanços têm se mostrado mais efica-zes do que deveriam fora do âmbito escolar.

Na Espanha, um estudo sobre a incidência dos meios de comunicação de massa sobre os adolescentes, realizado pela Revista Opinión Pública, revela que 80% da informação assi-milada por eles entre 12 e 15 anos eram transmitidos através dos meios de comunicação de massa e da interação social, e somente 20% através da escola.

O uso do audiovisual em sala de aula nasce com a vocação de servir à uma educação em estéreo, buscando uma parceria entre a escola, a sociedade e os meios de comunicação de massa. Essa formulação pedagógica procura atingir o aluno como um todo, tentando preencher as possibilidades expres-sivas dos meios audiovisuais e facilitando a coerência entre a sensibilidade do aluno, a especificidade do meio e a evolução do sistema social.

VÍDEO A IMAGEM QUE SENSIBILIZA

A cada 60 segundos alguma coisa muda no mundo. Morre um idoso, nasce uma criança, divulga-se uma descoberta.

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A educação em estéreo pode transformar a escola, não em um centro de ensino, mas de aprendizagem, desde que alguns critérios de coerência para a utilização didática do vídeo sejam respeitados. Para isso, é preciso, antes de mais nada, conscientizar-se dos seguintes fatores:

uma adequada utilização didática do vídeo exige uma mu-dança nas estruturas pedagógicas;o vídeo não substitui o professor, porém, impõe mudanças em sua função pedagógica;uma adequada utilização didática do vídeo exige dos pro-fessores uma formação específica;o uso didático do vídeo não substitui os demais meios au-diovisuais, porém, modifica sua função;o uso didático do vídeo não deve anular a experiência direta dos alunos;a tecnologia do vídeo é ambivalente. Sua eficácia educativa dependerá de como é feito o uso dela;com freqüência, no uso didático do vídeo, o mais importan-te deve ser o processo em si;o vídeo deve ser entendido como uma forma de expressão específica, autônoma e independente;quanto mais tecnologia for posta na mão dos alunos maior a eficácia do uso didático do vídeo.

Não restam dúvidas de que um vídeo bem utilizado torna-se educativo, cumprindo o objetivo de tornar a aula mais

atraente e interessante, exercendo, muitas vezes, as funções informativa, motivadora, expressiva, avaliadora, investigati-va, lúdica e metalingüística.

No entanto, vale observar que uma comunicação eficaz exige que as condições técnicas da sala de projeção sejam adequa-das. A seguir, algumas delas:

o ideal é que os alunos não precisem se deslocar da sua sala de aula para assistir a um vídeo;o ângulo visual máximo permitido para uma visão aceitável da televisão é de 45 graus em relação à perpendicularidade da tela;a fita ou DVD já deve estar no ponto certo para a projeção;o vídeo ou DVD deve ser testado pelo professor antes da projeção, para evitar perda de tempo;o tempo de duração da projeção não deve ser muito longo, para evitar que os alunos desviem a atenção ou fiquem com sono;o professor deve evitar falar durante a projeção para que os alunos se concentrem e extraiam o máximo de conhecimen-to do material que será passado.

A didática a ser utilizada depois das projeções faz parte do plano de aula e dos objetivos específicos de cada professor. O mais importante nesse contexto é que o vídeo projetado cumpra o objetivo social e tenha tudo a ver com o conteúdo a ser assimilado pelos alunos.

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A cada ano é notável o número de títulos didáticos que são produzidos por editoras e produtoras. Além dos documen-tários prontos exibidos pelas televisões abertas e fechadas, ainda há um universo todo particular de produções educativas disponíveis para compra e aluguel. Vale conferir!

CINEMAAPRENDENDO... NO ESCURINHO DO CINEMA? Em épocas de tantos avanços tecnológicos e muita informa-ção disponível, parece complicado dar uma boa aula apenas falando, falando, falando... Apesar da fala ser uma das mais antigas expressões da comunicação humana, sozinha hoje ela se apresenta pouco sedutora, mas aliada a bons parceiros, como recursos audiovisuais (cinema, vídeo, Internet, televi-são) pode ser a grande saída para uma aula espetacular.

Muitas vezes, é difícil fazer “casar” o tema do dia com um filme ou mesmo um trecho dele, mas é fato que, independente da idade, os alunos aceitam o desafio do cinema em sala como um entretenimento pedagógico, e levam as lições para casa como aprendizado de vida.

Estranho imaginar que grandes mestres do cinema nacional e internacional aprenderam muitas coisas, do cinema e da vida, assistindo a bons e maus filmes. Carlos Diegues, 62, um

dos cineastas mais populares do Brasil e da América Latina, diretor do filme Deus é Brasileiro, e que traz no seu currícu-lo sucessos como Xica da Silva, Tieta do Agreste, Bye Bye Brasil e Orfeu, confidenciou que o seu interesse pelo cinema aconteceu ainda quando criança, embora a escola não tenha tido a menor participação no processo. “Minha inclinação pela arte e pelo cinema vieram mais de atividades extracur-riculares, do contato de amigos e companheiros de colégio e faculdade que se interessavam pelo mesmo assunto que eu.”

Diegues acredita que o cinema seja um veículo importantís-simo de educação, nos sentidos lato e restrito do termo. “Se tomarmos o cinema como a base inicial do que hoje chama-mos de audiovisual, vamos compreender que o conhecimento no século XX foi marcado por essa diferença essencial: o ensinamento, a aquisição de conhecimento através de imagens e sons sincronizados”, explica. Para ele, o cinema mundial e o cinema brasileiro deveriam ser estudados no colégio, como a literatura. “Nosso cinema, apesar de sua inconstância cíclica, é um dos mais antigos do mundo. Nesses 100 anos, já acon-teceram momentos cinematográficos de alto nível artístico e cultural, dos quais devemos nos orgulhar muito.”

Como escolher o melhor filme?O professor João Luís Machado, articulista do site Planeta Educação, acredita que a maior dificuldade entre os professo-res está na escolha dos títulos. Ele aconselha a ter em mente cada passo da aula, os tópicos que estarão sendo discutidos,

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os temas complementares que irão auxiliá-lo na explicação, quais outros recursos (além do filme ou filmes que pretende utilizar) poderão implementar o trabalho, que estratégias devem ser usadas para dinamizar o rendimento, com que ações individuais o professor deve contar para fazer os alunos se interessarem pelo assunto, além dos melhores textos que possam ser oferecidos para discutir o tema da aula.

“A partir do momento em que você tenha feito um bom pla-nejamento de suas atividades e esteja totalmente ‘por dentro’ de como sua aula se desenvolverá e dos tópicos primordiais a serem abordados, ficará mais fácil encontrar filmes que pos-sam ser utilizados como recurso complementar e enriquece-dor das atividades”, afirma Machado. Ele acredita que tendo visualizado os caminhos, feito os mapas que o conduzirão nessa empreitada, tudo pode ficar muito mais fácil. E finaliza, enfatizando a importância de acompanhar os lançamentos de filmes nos cinemas e nas locadoras de vídeos, nos jornais de circulação diária e nas revistas semanais de informação, através da Internet e de comentários de colegas. “Prestem atenção em títulos que possam contribuir com as aulas de Geografia, Literatura, Português, História ou qualquer uma das matérias de sua agenda escolar. Comentem a respeito de filmes ou tramas que tenham visto e que tenham relação com os assuntos trabalhados nas aulas. Confira o material sugerido e prepare-se para utilizá-lo.”

MÚSICAA MELODIA QUE DITA O APRENDIZADOPor Edílson A. Chaves

Faça uma pesquisa rápida entre seus colegas, professor: quan-tos ouvem música enquanto trabalham em casa, corrigindo provas, por exemplo? A grande maioria, com certeza. Talvez até mesmo você tenha esse hábito.

Seus alunos também fazem suas lições, em seus quartos, com um CD ou rádio ligado ao lado. Alguns professores e pais de alunos reclamam disso, mas se é algo que normalmente faze-mos, torna-se difícil proibir ou culpar o Sepultura, a Britney Spears ou Justin Timberlake pelo baixo rendimento escolar dos alunos.

Vantagens em alto e bom som – O uso correto da música pode dar bons resultados em sua sala de aula. Tanto pode aju-dar na concentração como no relaxamento de seus discípulos. Por exemplo, você acha que as salas de operação são silencio-sas como nos filmes? A maioria dos cirurgiões tem suas músi-cas e artistas preferidos que são colocados para tocar durante todo o procedimento. Com isso, eles conseguem evitar que a mente divague e se concentram mais no trabalho.

Outras vantagens foram encontradas pelo psicoterapeuta búlgaro Georgi Losanov. Na década de 70, ele descobriu que a música barroca incentivava o lado direito do cérebro e a absorção de conhecimentos.

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A partir desse estudo, os alemães orientais desenvolveram um método em que canções barrocas eram usadas como fundo em treinamentos. Dessa maneira, eles afirmavam estimular o lado direito do cérebro e acelerar a aprendizagem. Ao mesmo tempo, os sons harmoniosos fazem com que as pessoas se divirtam, aprendendo naturalmente, sem pressões.

Você também pode usar todas as vantagens da música em sua sala de aula utilizando-a de diversas maneiras. Ela pode assu-mir o papel de prêmio para uma classe participava e discipli-nada e até ser o ponto de partida da aula.

Música de fundo – Está cada vez mais difícil perceber se os alunos levam ou não um rádio para a classe, pois esses equipamentos estão cada vez menores. E a ameaça não vem só dos pequenos receptores.

A Internet nos trouxe o formato de música MP3, que pode ser gravada diretamente em chips, dispensando fitas e CD’s. Foi o bastante para que uma empresa japonesa desenvolvesse um relógio de pulso com um toca-MP3 embutido. Ou seja, seus alunos podem levar a música preferida para a sala de aula dentro do relógio.

Como proibir está cada vez mais complicado, então a saída é usar a música como um atrativo para sua aula. É simples: consiga um aparelho de som portátil e peça para seus alunos se responsabilizarem pelas fitas ou CD’s. A seguir, exponha as regras para a turma:

O som será ligado apenas durante a resolução de exercí-cios, discussões em grupo e atividades similares. Nunca durante as explanações do professor. Dessa maneira, evi-tam-se distrações durante o aprendizado.

Não permita nenhum preconceito com relação a gêneros musicais, nem a predominância de um só estilo de músi-ca. Imponha limites, como: “Não, essa semana já ouvi-mos rock demais. Alguém tem um CD diferente?” Se for necessário, leve você alguns CD’s para a sala. Assim, você estará auxiliando a descobrir outros estilos e compositores que a classe talvez não tivesse acesso.

Deixe absolutamente claro: nas aulas em que houver algum problema (indisciplina, desinteresse, conversas paralelas, entre outros) a música estará suspensa.

A música é a matéria – Canções também podem ser usadas para ensinar um determinado tópico ou disciplina. É o que nos informa o professor Edilson A. Chaves. Ele alerta que a música deve ser usada sempre como ponto de partida dentro do conteúdo a ser estudado.

Segundo o professor, deve-se evitar usar a música só para ilustrar o assunto, pois dessa maneira sua aula se empobrece-rá e seus alunos não darão muita importância nas próximas oportunidades ao uso das canções. As letras de música podem ser utilizadas em qualquer matéria. Como exemplo, veja a utilização de “Marvin”, passo a passo, para lecionar sobre o êxodo rural e a luta pela terra.

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Marvin1. Distribua a letra da música para cada aluno.2. Execute a música em sala. Se possível, faça-os cantar na segunda execução.3. Faça perguntas e sugira pesquisas de acordo com a letra. No nosso exemplo, essas poderiam ser:

• Na letra da canção podemos observar uma insinuação de que a vida se repete e tudo parece ser vontade de Deus. Anote no caderno o trecho que confirma isso. Em segui-da, faça o seu comentário a respeito dessa postura.

• Faça uma relação entre a infância de um adolescente de 13 anos que mora no campo, na cidade e um que mora na rua (“Deus, era em nome da fome que eu roubava”). Quais as expectativas de vida de cada um em relação ao futuro?

• Podem ser feitas também pesquisas com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), por exemplo.

Existem outras maneiras de você enriquecer suas aulas com som. Que tal um concurso de paródias, usando temas de suas aulas? Ou um exercício de repentistas? Após explicar rapida-mente o que é esse ritmo nordestino, você daria um exercício para seus alunos, que responderiam de forma rimada, como em um repente. Todas as vantagens que a música pode trazer a seus alunos estão a seu alcance. Só depende de sua criativi-dade.

No ritmo da moda de violaÉ possível observar que nos últimos anos têm sido bastan-te comum a utilização da canção, seja como fonte para a pesquisa histórica, seja como recurso didático para o ensino das ciências humanas em geral. Mas percebemos também que grande parte das pesquisas foram concentradas em temas como a Bossa Nova, Tropicalismo e a Jovem Guarda. Entre-tanto, o gênero caipira, que também pertence às origens da música brasileira, simplesmente não é destacado nos livros di-dáticos ou utilizado por professores. As músicas nem mesmo são citadas como fontes históricas ou mesmo como crônicas do cotidiano.

A música caipira, se analisada com o respeito que merece e dentro de um contexto histórico, apresenta um caráter nar-rativo das dificuldades do homem rural na cidade grande e a negação desse fato e dos valores urbanos frente aos do sertão. Seria muito importante que os professores explorassem as representações contidas nesse gênero, associando-o com a realidade vivida pelo migrante em seu novo espaço de vida, a cidade.

Portanto, a tarefa do professor em seu cotidiano é a de superar a visão simplista, buscando aliar o estudo de documentos his-tóricos às letras de canções que traduzam parte da memória da história do Brasil, esquecida ou relegada ao esquecimento. A música caipira faz parte da memória, está dentro de um con-

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texto que expressa as angústias do homem do campo frente à sua nova realidade – que é a urbana – e deixar esse momento cair na escuridão seria uma grave perda cultural/pedagógica.

Abaixo um exemplo de como trabalhar com uma música caipira.

Dentro desse contexto, o estudo das canções servirá como um elemento de análise e compreensão da realidade vivida. Den-tre os temas cantados nas modas e músicas caipira/sertaneja, muitos deles carregam críticas a governos, apreciações sobre os problemas do cotidiano, como é o caso da música “Moda do bonde camarão” antes denominada “Bonde camarão”, composta por Mariano da Silva e Cornélio Pires, em que um caipira, ao chegar na cidade de São Paulo, descreve as carac-terísticas dos bondes modernos:

“Aqui em São Paulo o que mais me amola

É esses bonde que nem gaiola.

Cheguei, abriro a portinhola,

Levei um tranco e quebrei a viola.

Inda puis dinheiro na caxa de esmola”.

locomover e na “caxa” de esmola, que na verdade é o lucro da empresa. Outros temas recorrentes são inflação e mudança de governo, como nos indica a letra da música “A coisa ficou bonita” de Tião Carreiro e Lourival dos Santos:

“Sofria sem esperança a população aflita A inflação furava o povo com sua espada esquisita Caiu do céu um governo trazendo força infinita O preço foi congelado quase ninguém acredita O Brasil de ponta a ponta ... de alegria pula e grita.Presidente do pé-quente chegou na hora bendita A Coisa que tava feia agora ficou bonita.Presidente e seus ministros capricharam na escrita Pacotão veio bonito, vejam só a cor da fita Amarelo, verde e branco azul bandeira que agita O sofrimento de um povo, meu governo agora evita Quem anda dentro da seda respeita quem veste chita.”

(...)

A letra é uma referência direta ao novo governo da era pós-ditadura militar, implantada a partir de eleições indiretas com a eleição de Tancredo Neves, porém, esse não chegou a governar, vindo a falecer tempos depois. Quem assumiu foi seu vice, José Sarney (1985-1990), que recebia um País com graves problemas sociais.

A esperança, portanto, estava no combate à inflação que veio com o Plano Cruzado, cujas medidas de maior destaque estão

Essa música revela, num primeiro momento, a recusa do caipira em entender o capitalismo na sua forma mais original, a de exploração, e isso se revela no uso da máquina para se

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presentes na letra: congelamento dos preços das mercadorias, reajuste automático dos salários, “aumentando” o poder de compra. Comparando o ano de 1986 (ano da produção da música) com o de 1982, quando os mesmos compositores haviam escrito outra canção denominada “A coisa tá feia”, realmente a letra fazia sentido, mas com o passar do tem-po a inflação voltou a subir gerando o caos e a revolta da população brasileira, como descreve a letra “Perplexo” da banda Paralamas do Sucesso, que durante o governo Sarney fez músicas comprometidas com as questões sociais. Nesse momento houve ainda um ressurgimento do rock brasileiro, chamado de BRock.

(...)“Mandaram avisar Que agora tudo mudou Eu quis acreditar/outra mudança chegou Fim da censura, do dinheiro, muda nome, corta zero Entra na fila de outra fila para pagar Quero entender, quero entender, quero entender Tudo o que eu posso e o que eu não posso”

Assim, justifica-se o uso da música como elemento repleto de histórias dentro de um contexto político e social, capaz de colocar o aluno em relação com dado momento histórico, assim como estimular o questionamento de uma possível manipulação exercida por grupos dominantes sobre o ato do esquecimento da cultura do outro.

Nesse sentido, entende-se que a função do professor, e em especial o de História, está relacionada à criação de um ambiente propício ao aluno para que esse possa ter subsídios necessários à construção do conhecimento, buscando tam-bém incorporar sua experiência ao conteúdo curricular, assim como compartilhando, dentro do ambiente da sala de aula, os diversos “conhecimentos” existentes.

Dicas:

1. Divida as aulas em momentos. Ex.: 1° momento: trabalhar textos literários que tratem do tema que pretende explorar. 2° momento: solicitar aos alunos que pesquisem vários compositores e entre esses insira aqueles que vai trabalhar. Dessa forma, quando for trabalhar com as canções, os alunos já conhecem parte da história do compositor.

2. Primeiro execute a música sem a letra. Depois, peça aos alunos que identifiquem as idéias principais (faça um miniplenário).

3. Aproveite as palavras do miniplenário, distribua a letra para todos os alunos (caso não seja possível, projete em um retroprojetor para toda a turma). Execute novamente a canção. Nesse momento, o professor poderá fazer uma leitura do texto contextualizando-o para que os alunos possam compreender as palavras.

4. Se der tempo, o professor pode abrir um debate para revelar questões que os alunos perceberam: além do som

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(viola), o que as músicas revelaram? Qual a importância dessa música no cenário nacional? Essas melodias podem ser consideradas documentos históricos? Por quê? Qual o tempo histórico que as canções estão relatando?

* Edílson A. Chaves – Professor de História, palestrante e mestrando em Educação pela UFPR trabalhando com o título “A música caipira em aulas de história: questões e possibilidades”.

Isso é apenas a ponta do iceberg. Através da leitura, o ser humano consegue se transportar para o desconhecido, ex-plorá-lo, decifrar os sentimentos e emoções que o cercam ou acrescentar vida ao sabor da existência. Vivenciar experiên-cias tão reais que propiciem e solidifiquem os conhecimentos significativos de seu processo de aprendizagem.

Por isso, é dever de toda escola e professores proporcionarem ao educando momentos que possam despertar nele o gosto pela leitura, de amor ao livro, da consciência da importância de se adquirir o hábito de ler. O aluno deve perceber que a leitura é o instrumento-chave para alcançar as competências necessárias à uma vida de qualidade, produtividade e realiza-ção.

Além disso, do hábito de leitura dependem outros elos no pro-cesso de educação. Sem ler, o aluno não sabe pesquisar, não sabe resumir, nem resgatar a idéia principal do texto, analisar, criticar, julgar, posicionar-se.

A grande questão é como despertar esse gosto em seus dis-cípulos. Pensando nisso, apresentamos o projeto de leitura a seguir. Ele foi montado, a princípio, para as classes de 1ª a 4ª série do ensino fundamental, mas você pode adaptá-lo e aplicá-lo em qualquer nível (superior, inclusive).

Para todos – Não pense que ele só interessa ao professor de Português ou Literatura. Todas as matérias do currículo exi-gem que o aluno possa interpretar corretamente um texto, seja

LIVROSPÁGINA A PÁGINAPor Gilda Lück

Além de vídeos, Internet e computador, o professor conta ainda com mais um recurso para incrementar suas aulas. A grande sacada é saber como utilizá-lo, já que este item está presente na realidade escolar há muito tempo. O livro é figura batida para a maioria de seus estudantes, mas fazer da leitura algo prazeroso e divertido faz toda a diferença para conquistar o interesse de seus estudantes.

A leitura nunca se fez tão necessária nos bancos escolares. De um lado, há o aumento nas fontes de pesquisa e uma crescente preferência pelo construtivismo. De outro, vemos o abandono do vestibular em favor de novas formas de avaliação para admitir um aluno na faculdade. Só se sai bem nesses testes alternativos quem tiver por hábito se atualizar lendo jornais, livros e revistas.

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ele um enunciado de uma equação matemática ou a descrição do relevo de um país. É inclusive um dos pressupostos dos novos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN): todos de-vem ter domínio sobra a Língua oral e escrita, tendo em vista sua autonomia e participação social.

Também segundo o PCN, o material didático continua a ser de extrema importância, mas não é o único recurso. É funda-mental que os alunos tenham acesso e saibam lidar com uma constante variedade de obras de apoio e literatura, além de outros tipos de textos: jornais, revistas, documentos, etc.

Estimular a leitura é fazer com que seus alunos compreendam melhor o que estão aprendendo na escola, em particular, e o que acontece no mundo, em geral. É entregar ao discípulo um horizonte totalmente novo. E essa deve ser a missão de todos dentro de uma instituição de ensino.

A parte do professor – Algumas condutas de ensino e de ati-vidades devem fazer parte do contexto diário da sala de aula:

ler em voz alta para os alunos;usar a literatura como forma de recreação, prêmio e des-contração;acostumar os alunos a ler silenciosamente todos os dias por, no mínimo, 20 minutos;criar jornais, publicações, murais de avisos e recados;interligar os hábitos de ler, ouvir, falar e escrever;

interligar e acessar temas atuais de leitura conforme o currículo;disponibilizar material de leitura em sala de aula.

E tudo mais que possa atrair o aluno para a leitura. Para isso, vale tudo, até tratar o livro didático com um pouco menos de “respeito”. O discente deve olhar para ele como olha para um brinquedo, roupa ou CD favorito. Algumas dicas para você conseguir essa aproximação:

1. Tire da estante – Crianças gostam de encontrar livros em todos os tipos de lugares. Colocá-los nos mais di-

versos locais irá deixá-los curiosos e interessados nas publica-ções. Alguns exemplos:

Livros e revistas sobre animais em uma gaiola ou pequena jaula.Em uma bandeja.Um móbile de livros em um canto da sala.Livros de histórias em uma caixa.Em (sobre) um instrumento musical, disponha livros que apresentem músicas e rimas.Livros sobre brincadeiras e aventuras podem estar sobre um caminhão de brinquedo.Quando o assunto é o mar e seus habitantes, eles podem estar na boca de um tubarão de feltro ou em uma concha.E todas as demais idéias que você possa criar.

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Para classes mais adiantadas, facilite o acesso ao material impresso. Ponha-o em uma pilha no meio da sala, faça ele circular de mão em mão, etc.

A imaginação deve ser usada para que o ambiente favoreça o interesse pela leitura. É preciso ser um inventor para ler bem.

2 O livro escondido será o escolhido – Esconda livros e revistas sobre o assunto de estudo da unidade em foco

e motive os alunos na busca. Use frases como: “Vamos ver quem consegue achar o livro escondido?” Quando o acharem, o professor deve ler algumas passagens para motivar o inte-resse na obra e usá-lo como base na matéria que será exposta.

� A sacola secreta – O mistério que envolve a descoberta é o maior motivador. Tenha uma sacola do tipo da Mary

Poppins, com alguns livros bem interessantes. Ao final da aula, diga algo como: “O que será que tem na minha sacola hoje?” Leia algumas páginas dos livros ou empreste-os como prêmio a determinados alunos.

� Comitê bibliotecário cooperativo – Os alunos adoram ter responsabilidades em sala de aula. Seis deles podem

ser nomeados responsáveis pelos livros da classe, organizan-do-os por autores ou assunto, verificando se estão bem cuida-dos, etc. Classes mais adiantadas poderão até sugerir novas aquisições, incluindo idéias de como conseguir dinheiro para comprar a obra (vaquinha, rifa, etc.).

5 Destaque os livros recomendados e seus analisadores Abra um espaço no mural da sua sala e coloque o nome

de seus alunos. Ao lado, cole um envelope no qual se colo-cará o nome do livro ou livros recomendados, e o por quê. Incentive a participação de todos, perguntando o que o aluno leu que poderia interessar a seus colegas. Se quiser, divida em dois setores: um geral (vale qualquer livro ou revista) e outro específico à sua matéria. Esse mural também permite que você verifique se os estudantes sabem apreciar a leitura com a mente aberta, analisando, criticando, exercendo a habilidade de sintetizar a idéia por trás da publicação.

6 Criar livros de livros – Livros individuais ou coletivos podem ser criados sempre que uma obra for lida (por

você ou pelos estudantes). A atividade poderá ser feita em capítulos, sendo registrada quase como um diário, vinculan-do o desenvolvimento de valores, como responsabilidade e perseverança. Aproveite também para observar a diferença de estilos entre os integrantes de sua classe e talentos individu-ais. Escrever tais livros oferece ao discente um caminho para responder, analisar e apreciar a literatura.

Você também pode pedir que eles escrevam um capítulo a mais no livro. Ou seja, depois do final, o que acontece com os personagens? Entretanto, essa fase não funciona muito bem em Hamlet e outros do gênero, por absoluta falta de persona-gens vivos no final.

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� Troca de tesouros – Uma caixa de sapato ou camisa decorada pelo aluno poderá abrigar seus tesouros preferi-

dos na área da leitura. O livro que ganhou no aniversário, o recorte do jornal que fala a respeito de seu time. Cabe ao professor propiciar momentos de apresentação, apreciação e troca desse material.

Uma caixa grande de papelão decorada por todos os estu-dantes pode conter os livros pessoais prediletos de cada um (devidamente nomeados e acrescidos da sigla “v.v.” – vai e volta) para manuseio e leitura de todo o grupo. Dessa forma, você estará também desenvolvendo valores, como união, amizade e respeito. Possibilitando a troca de um livro, revista ou história escrita pelo próprio aluno, você começa a construir o conhecimento coletivo.

A vez do coordenador – O coordenador é a chave desse pro-jeto de leitura. Dele partirão as idéias fundamentais, a seleção de outras atividades, a análise e escolhas definitivas de tipos de livros e atividades extras. O seu trabalho se fundamentará em três eixos básicos:

1. o desenvolvimento de leitores, escritores e pensadores proativos;

2. a organização do programa de leitura no cotidiano do processo ensino-aprendizagem;

3. o fornecimento de estratégias educacionais que ajudarão os alunos a alcançar a excelência.

Porém, antes de iniciar esse projeto, o coordenador deve veri-ficar se ele tem as características necessárias para que o plano tenha êxito. Ou seja, se ele possui:

o hábito de ler;criatividade e imaginação;sensibilidade de percepção nas destrezas e dificuldades dos professores envolvidos no projeto;crença e propagação do valor do hábito da leitura;conhecimento de métodos e técnicas para o desenvolvi-mento do hábito da leitura.

A partir daí, é hora de colocar a mão na massa.

Conteúdos procedimentais – Há muitos caminhos para implantar um programa de desenvolvimento de leitura com sucesso, mas todos dependem da capacidade de focar em ler, pensar, escrever e criar. Sua atenção também deve estar volta-da para o atendimento específico de necessidades individuais com a finalidade de orientar os procedimentos de sala de aula e pessoais (seus, professor) para atingir o equilíbrio necessá-rio a cada etapa e seu nível de exigência.

E há outras ações que o coordenador pode tomar:

Parcerias com livrarias – Deve-se encorajar os alunos a conhecer, freqüentar e apreciar o ambiente e consumir livros. Isso faz parte da formação de um bom leitor. Fale com donos de livrarias para que abram espaços e dispo-

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nibilizem livros a fim de que aconteça uma aula diferente sobre um tema escolhido dentro do currículo. A freqüência poderá ser mensal e o professor trabalhará outros valores, como o respeito à propriedade alheia, diferentes estruturas de comportamento em espaços específicos, o “saber pedir”, esperar, compartilhar, etc.

Seus alunos são reconhecidamente grandes consumidores na área de leitura. Muitas livrarias já começam a facilitar o acesso deles, criando assim novos consumidores e alimen-tando o hábito pela leitura.

“Não ligo se o escritor é leviano ou denso, nem me importa se o livro é pequeno ou imenso. Eu gosto é de autor que só pensa o que eu penso.”

Vamos ler para você – Espaços devem ser abertos para que alunos de determinada série participem de atividades de leitura, jograis, teatro com outras séries, grupos de pais e escolas, creches, asilos e orfanatos.

Concurso de capas – Cada série promoverá suas escolhas dentre os livros coletivos que criaram. Devem desenvolver capas e outros elementos para o livro, exercitando os valo-res de estética, sensibilidade, harmonia, beleza, originalida-de, etc. Para classes mais adiantadas, é um ótimo exercício de computação diagramar e imprimir um livro.

É inegável que a leitura melhora fundamentalmente o ser humano. Desde que, claro, ele seja alfabetizado.

Visitando editoras – Dê ao aluno a oportunidade de perce-ber como o livro ou revista surge. Desde a pesquisa original até a impressão, enfatizando que, além de cultural, uma publicação também é um produto comercial como outro qualquer. Isso é trazer significado ao ensino, como pede a nova Lei de Diretrizes e Bases do Ensino (LDB). Portanto, visitas programadas a gráficas e editoras, encontros com a esfera do mercado propriamente dito, enriquecerão todo o processo.

Revistas, gibis e companhia – O hábito de colecionar revistas e identificar-se com seus heróis pode ser um passo para fazer o mesmo com livros. O imediatismo visual da época atual apresenta-se como um ponto desfavorável à criação do hábito de freqüentar bibliotecas. Então, todos os recursos possíveis são válidos para despertar o interesse de nossos jovens. A criação da “Revista Mania”, por exemplo. Através dela, uma vez por mês a biblioteca abriria suas portas para leituras, trocas e manuseio de revistas. Desde as mais acadêmicas até os gibis.

Veja o que chegou – Apresente e alardeie as novas aqui-sições da biblioteca. Isso despertará o interesse e mostrará que aquele espaço poderá ser vivo e dinâmico.

O dia do autor – Determine datas específicas nas quais au-tores serão lembrados, comentados, lidos e homenageados através de cartazes e murais.

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Autor também é gente – Tenha informações sobre os autores vivos que possibilitem o contato sempre que os professores desejarem.

E a direção? – Ela não pode ficar de fora na implantação do projeto de leitura no colégio. Cabe a ela analisá-lo, realimentando-o com suas idéias experientes e sugestões criativas, autorizando a compra de novos livros e convites a profissionais da área. Pode também entrar em contato com livrarias e editoras, formando os projetos de parcerias e visitas.

Gilda Lück – Mestre em Educação pelo Lesley University (EUA) e dou-tora em Engenharia da Produção.

USO DA COR EM APRESENTAÇÕES MULTIMÍDIAPor Aldrin Santana

O uso das cores em uma apresentação, em geral, desperta sensações psicológicas, afetivas, fisiológicas, materiais e sinestésicas.

Quando usada indiscriminadamente, a cor pode ter um efeito negativo ou de distração. Isso pode afetar, não somente a reação do usuário em relação à apresentação, mas a produti-vidade, pois se torna difícil focalizar na tarefa. Por isso, são

necessárias algumas recomendações para o uso da cor em projeções gráficas de computadores. Estabelecer regras ge-rais ou específicas para seu uso é difícil devido à diversidade de fatores que a influenciam. Todavia, a seguir enumero algumas recomendações:

As cores em uma apresentação multimídia não devem ser selecionadas separadamente e, sim, dentro de um contexto geral. A aparência de um slide pode ser alterada quando outros slides são abertos na mesma tela.

Devem ser respeitadas as diferenças culturais e fisiológi-cas entre os indivíduos. Pessoas idosas têm uma sensi-bilidade reduzida para cores, o que, por sua vez, pode requerer o uso de cores mais brilhantes.

Evite o uso do azul e do vermelho simultaneamente. Eles têm diferentes profundidades de foco e esse processo é fatigante para o olho humano.

As cores devem satisfazer as propostas da apresentação. Elas não devem ser utilizadas indiscriminadamente, somente como elemento decorativo.

Use um grupo limitado de cores. Desse modo, os slides de uma mesma apresentação estarão mais propensos a terem um “padrão” consistente.

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Empregue a cor como uma forma de informação adicional ou aumentada. Evite confiar nela como o único meio de expressar um valor ou uma função particular.

Aplique esse recurso para realçar ao invés de usar subli-nhado (e use sublinhado ao invés de itens piscando).

Sempre que possível, evite usar cores muito quentes, tais como rosa e magenta. Essas tonalidades parecem pulsar na tela e ficam difíceis de focalizar.

Não use várias cores em uma única apresentação. Isso distrai a atenção do espectador e causa a perda de foco na atividade principal.

Sobre um fundo escuro, recomenda-se o uso da cor verde para o texto. O verde está no meio do espectro solar e o comprimento de onda que produz a sensação do verde é o ponto mais alto de sensibilidade do olho humano.

Utilize cores brilhantes e contrastantes com cautela. Esses elementos atraem a atenção do usuário e o seu emprego deve ser reservado para áreas importantes, caso contrário, o espectador pode achar mais difícil saber para onde olhar e ficar confuso.

Eleja cores monocromáticas para o texto sempre que for possível. Elas são mais nítidas, aumentando a legibilidade e visibilidade do texto.

É recomendável o uso de uma cor neutra para fundos. As cores neutras (por exemplo, cinza-claro) aumentam a visi-bilidade das outras cores.

Limite-se a aplicar entre duas e cinco cores em suas apre-sentações. É melhor ser conservador nessas horas. Para os novatos, o uso de quatro cores distintas é mais apropriado. Essa quantidade permite espaço extra na memória de curto tempo.

Use um código de cores consistente e familiar, com refe-rências apropriadas. As denotações comuns no ocidente são as seguintes:

• Vermelho: pare, perigo, quente, fogo • Amarelo: cuidado, devagar, teste • Verde: ande, O.K., livre, vegetação, segurança • Azul: frio, água, calmo, céu• Cores quentes: ação, resposta requerida, proximidade • Cores frias: status, informação de fundo, distância• Cinzas, branco e azul: neutralidade

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É necessário o uso da mesma cor para agrupar elementos relacionados. Também é importante ser consistente no agrupamento das tonalidades. Não use uma cor particular para um elemento que não esteja relacionado com outro.

Projete primeiramente em preto e branco e, então, adicio-ne a cor, pois ela aumenta o processamento cognitivo e visual de uma informação.

Cabe enfatizar que cada cor possui a sua função. Assim, o professor precisa saber dosá-las e misturá-las para que possam contribuir com a elevação da apresentação. As cores quentes sempre devem ser usadas em menor escala e mis-turadas às demais cores frias. Assim, o equilíbrio entre a vitalidade e a tranqüilidade fica estabelecido.

Aldrin Santana – Licenciado em Arte, especialista em Computação Gráfica e mestre em Comunicação e Cultura. Atualmente, leciona na Faculdade de Macapá – FAMA, Faculdade de Tecnologia do Amapá – CETE e E. E. Mª do Carmo Viana dos Anjos - SEED-AP.

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HHProfessor nota 10 na prática

Com certeza, uma das características mais requisitadas para que um educador se transforme em um professor nota 10 e, conseqüentemente, faça de sua aula um momento fascinante para seus alunos, é a criatividade na hora de expor o conteú-do.

Já existem muitos mestres que conseguem exercitar essa qualidade com louvor e estão obtendo resultados fantásticos. Para ajudar você a seguir o mesmo caminho, reunimos uma série de sugestões que vão mudar a sua forma de lecionar as disciplinas.

Que tal você se espelhar nessas experiências bem-sucedidas e começar a sua pequena revolução em busca de um ensino inovador?

PRÁTICA 1

A busca de métodos não-convencionais para lecionar Física, Química, Matemática e até Inglês

O motor ronca, o giro sobe. Em volta dele, várias crianças vêem ali, rente ao chão, mais do que um motor, quatro rodas e um chassi tubular. Elas vêem um conjunto de reações quí-micas, de noções de física, combustão, ação e reação, leis de movimento, inércia. Todas essas teorias postas em prática por suas próprias mãos em um kart montado por eles.

Foi essa a idéia que o engenheiro mecânico automobilístico Wagner Fernandes levou às escolas, aproveitando o incentivo do governo de São Paulo (o projeto Escola da Família). Ele juntou toda sua experiência e conhecimento com o material didático que possuía e apresentou a idéia a escolas da região. A Escola Estadual Professora Blanca Zwicker gostou da idéia e foi em frente.

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HHEnsinar de tudo – Wagner destaca que a beleza de dar uma aula com um kart, montagem e desmontagem de motores é a quantidade de assuntos que são tratados nas aulas. “Começo trabalhando com os motores, depois de uns três meses, passo para o kart”, diz Wagner. “E nisso, ensino de tudo.” De tudo, mesmo. Veja:

• Combustão, triângulo de fogo – Química• Cálculo de cilindrada, volume de motor – Matemática• Suspensão, torque – Física• Kart, slicks, pole position – Inglês

E mais trajetória, tangência, por que uma roda esterca mais do que a outra... a lista de assuntos que podem ser tratados é interminável. Mas o que vale mesmo, segundo Wagner, é o in-teresse de seus alunos. “Certa vez, uns alunos meus desmon-taram o motor da Kombi do pai e me ligaram pedindo ajuda para montar de novo”, conta. Você conhece outro exemplo de alunos arranjando lição de casa para fazer?

PRÁTICA 2

A busca de métodos não-convencionais para lecionar Língua Portuguesa

Elaborar o conteúdo, pesquisar, buscar informações atuais e desenvolver exercícios. São normalmente esses os passos para preparar as aulas. Porém, os professores de Português têm uma tarefa a mais: os exemplos, aquelas frases para expli-car sujeito, crase, conjunções, pronomes e tudo que envolve nosso idioma.

Muitos educadores não dão grande importância a isso, usam nomes comuns, verbos e situações aleatórias. O professor Wellington Borges Costa pensa diferente. “Acho que a gente precisa ter um capricho com os exemplos, que não podem se limitar a frases pobres”, explica. O professor Wella, como é mais conhecido entre seus alunos do cursinho pré-vestibular Positivo, em Curitiba, utiliza música para lecionar. Ele exem-plifica as matérias com canções de Chico Buarque, Caetano Veloso, Cazuza e tantos outros ícones da música popular brasileira. Além de aprender Português, os estudantes têm um contato maior com a cultura e história do Brasil, conhecem a trilha sonora e os fatos que marcaram o País. “Os alunos acabam descobrindo os pais e ouvem os discos deles”, conta Wella, enfatizando, ainda, a importância de aproximar a famí-lia em todo esse contexto.

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“Conhecer nossa cultura é conhecer o próprio caráter do Brasil, a brasilidade.” A música sempre esteve presente na vida do professor Wella e foi por causa dessa paixão que ele conheceu sua esposa e parceira em diversos projetos, Luciana Salles Worms, professora de Geopolítica. Os dois, que sempre buscaram na música uma saída criativa para as aulas, elaboraram um livro para contar a História do Brasil do Século XX. Através de 176 canções populares, Luciana e Wellington retratam desde a República Velha e a política do café-com-leite ao impeachment de Fernando Collor, as duas eleições de Fernando Henrique Cardoso e temas atuais, como globalização, AIDS e a questão agrária. Brasil do Século XX ao Pé da Letra da Canção Popular ganhou o prêmio Jabuti 2003 na categoria “livro didático para ensino fundamental e médio”. “Os vestibulares exigem cada vez mais que o estu-dante entenda a época e os fatos, e não decore datas, nomes e características”, diz o professor Wella, ciente do compromisso que tem ao ensinar seus alunos.

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A busca de métodos não-convencionais para lecionar Matemática

Ninguém é obrigado a participar. E mesmo não valendo nota, já são mais de 200 estudantes de várias idades que participam das aulas de dança que acontecem na Escola Estadual Washington Alves Natel, em São Paulo. As turmas, da 5ª série do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio, são dividi-das e a atividade extraclasse acontece duas vezes por semana, depois da aula.

Ao perceber que os alunos sofriam um certo bloqueio com a matéria, o professor ficou incomodado, porque o rendimento dos estudantes era péssimo e eles não conseguiam assimilar o conteúdo. Diante das dificuldades que os alunos tinham com a disciplina, Tolentino decidiu inovar e utilizar outros métodos de ensino, pois precisava encontrar um jeito de fazer com que eles aprendessem e prestassem atenção.

Os passos de dança de salão formaram a combinação perfei-ta. “Para dançar, eles precisam de concentração, raciocínio lógico, reflexo e noção de tempo e espaço, e a partir disso, em sala de aula, associam aos exercícios de Matemática”, conta o professor. O método é simples, basta ter vontade de ensi-nar e aprender. São 18 ritmos diferentes: forró, bolero, salsa, samba, entre outros.

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HHJackson coloca o “som na caixa” e fica lá na frente, orien-tando a turma – “Um passo para direita, giro de 180 graus...” Importante: não tem nada de dizer ao aluno que é para dar uma volta inteira, e sim, 360 graus.

A receptividade tem sido tamanha e o retorno tão fantástico que Jackson não se preocupa com as horas a mais que fica na escola sem ser remunerado. “Os alunos melhoraram 50% e os bloqueios em relação à disciplina estão sendo superados aos poucos.” Mas o trabalho é rigoroso, porque os resultados não aparecem da noite para o dia. “São necessários, pelo menos, três meses de aula para perceber a mudança tanto nas notas quanto no comportamento”, lembra o professor, que está preparando um gráfico comparativo entre os alunos que estão participando das aulas de dança e os que ainda não se interes-saram pela nova maneira de aprender Matemática.

Dicas do professor Jackson Tolentino para ensinar Matemática através da dança:

Meia volta – 180 graus

Volta completa – 360 graus

Corpo reto – ângulo de 90 graus

Direita e esquerda

Simetria – ao mudar de lado, respeitar o espaço do colega

Noções de área – quantos alunos cabem na quadra ou na sala de aula

PRÁTICA �

A busca de métodos não-convencionaispara lecionar Física

Facilitar o entendimento da Física mostrando, ao vivo e a cores, como e por que os fenômenos acontecem. E melhor, gastando pouco dinheiro. O professor Luis Carlos Ferrer, que leciona na Escola Comunitária de Campinas, Anglo de São Paulo e Campinas, utiliza o método “saber fazer” em suas aulas de Física. Com sucatas e materiais reciclados, os alunos – com a ajuda do professor – montam os “equipamentos” necessários para assimilarem o conteúdo.

Trabalhando com sucata desde a década de 70, o professor empolgou-se mais ainda em aproveitar materiais reciclados em sala de aula depois de fazer alguns cursos com o profes-sor Rodolpho Caniato e ler os livros escritos por ele. “Fiquei ainda mais entusiasmado, e a cada experiência discutida com colegas, aperfeiçoava detalhes e criava novas situações”, conta Ferrer.

Usando duas latinhas de alumínio, uma pintada de branco e a outra de preto, um abajur e um termômetro, é possível ensinar calorimetria. Os alunos vão conseguir entender o motivo da diferença de temperatura da lata branca para a preta. E assim as perguntas surgem: qual lata reflete mais luz? Por quê? Dessa forma, os alunos aprenderam fazendo. Outro exemplo

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HHcitado pelo professor é a simplicidade na explicação sobre máquinas. “Com uma régua, algumas roldanas e um barbante, podemos conversar sobre máquinas simples.”

Na verdade, o objetivo do professor é, a partir das aulas prá-ticas, discutir novos conceitos. “Aprender não é o suficiente, é importante que o aluno interaja com os livros. Uma coisa é colocar na lousa, outra é ele fazer, errar, procurar alternativas e respostas. Isso sim o leva à aprendizagem.”

Para aplicar essas aulas é preciso recorrer ao que tem pró-ximo à realidade dos alunos, pois eles, além de montarem o equipamento, procuram o material que irão usar. “Essa busca pelo conhecimento, o saber fazer, é a peça fundamental para o ensino. Produzir algo é importante, senão o conteúdo fica infértil”, completa o professor.

A energia potencial elástica, energia potencial gravitacional e energia cibernética também podem ser explicadas na prática, e o material usado é simples. Você vai utilizar uma ripa de madeira, alguns elásticos e uma bolinha de gude.

PRÁTICA 5

A busca de métodos não-convencionais para lecionar Química

Evitar a famosa “decoreba” e trabalhar com o raciocínio, além de aliar o conteúdo da matéria com o que acontece no dia-a-dia. A vontade de aproximar os alunos da realidade e fazer com que eles tirem suas próprias conclusões fez com que a professora Luciana Taddei, que atua no magistério há mais de 20 anos, buscasse alternativas para ensinar a disciplina de Química. “Com o suporte do pessoal que faz parte do grupo de pesquisas em ensino de Química da USP, resolvi ousar e comecei a ensinar alguns conceitos de química através da produção de vinho”, conta Luciana. Como os livros não davam todas as dicas, a professora fez pesquisas e procurou alguns especialistas na fabricação artesanal do vinho. Os próprios estudantes do 2º ano do ensino médio participam de toda a produção da bebida, desde amassar as uvas com as mãos até o engarrafamento. Durante esse processo, eles aprendem a teoria na prática e os conceitos de decantação, fermentação, rendimento, densidade, tempera-tura e pressão são assimilados facilmente. Eles percebem que, se algo for alterado, como a temperatura, o resultado também será outro. “Como os alunos vivem dizendo que os cálculos de química são chatos, essa é uma forma deles aprenderem e entenderem, sem precisar decorar.”

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HHPara participar dessa aula os estudantes vestem avental branco e luvas de plástico, e o trabalho é realizado dentro do labo-ratório de Química da Escola Lourenço Castanho, em São Paulo. Todo o passo-a-passo da fabricação do vinho dura mais de um mês. “Com esse tipo de atividade, o aluno se vê em uma posição que permite que ele tire as próprias conclusões”, afirma Luciana.

Depois de pronto, o vinho foi levado a um especialista para ser analisado. Os resultados não poderiam ser melhores. Além de terem produzido a bebida corretamente, os alunos melhoraram as notas das provas. Segundo a professora, que aplica esse método há três anos, “as dificuldades em relação à matéria agora são bem menores”.

Os alunos não experimentaram a bebida depois de pronta, por dois motivos: primeiro porque ainda não têm idade para consumir bebida alcoólica e segundo porque é apenas uma experiência e o produto não está apropriado para o consumo.

PRÁTICA 6

A busca de métodos não-convencionais para lecionar Geografia

Explicar as questões do Oriente Médio vestido de palestino, abordar a industrialização brasileira com roupa de operário e uma marmita na mão, em aulas que começam às dez horas da noite e se estendem até as seis da manhã. Essa é a maneira que o professor Maurinto Reis dos Santos utiliza para ensi-nar Geografia aos seus alunos de 3º ano e cursinhos de Porto Alegre e Florianópolis.

O “Bailão”, como são chamadas as aulas, reúne conhecimento e diversão. Os alunos aprendem o tema que está sendo abor-dado e depois, por volta das três da manhã, se divertem com música e dança. “É uma aula lúdica, diferenciada, que integra e aproxima os alunos”, comenta o professor.

Tudo começou há oito anos, quando um grupo de alunos solicitou aulas durante a madrugada. Ele atendeu ao pedido e levou um violão e um chapéu de nordestino para descontrair. Outros alunos ficaram sabendo e começaram a pedir aulas as-sim. O sucesso foi tanto que ele já teve de organizar aulas em um ginásio para mais de cinco mil pessoas, mas garante que o aprendizado é melhor em turmas menores. Hoje ele utiliza o método esporadicamente, em média uma vez por mês, para não tornar a aula uma rotina.

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HHO professor Maurinto leva para a sala de aula músicas que tratam de êxodo rural, violência e preconceitos para contextua-lizar com os temas trabalhados. “Acho que o currículo escolar está muito distante da realidade do aluno. Ele aprende os tipos de solo da China e não faz idéia do nome da terra que tem em casa”, diz.

O professor destaca que essas ações são fundamentais em matérias como a Geografia, porque permitem ao aluno com-preender os fatos e não partir para a “decoreba”. Para ele, valorizar a Geografia é pensar politicamente a educação. “Se não pensar de forma diferenciada, vou continuar dando a mes-ma aulinha que o meu professor deu há anos”, acrescenta. “Eu sempre acreditei que educar é seduzir. Só educa quem seduz, tanto em casa, na escola ou no trabalho. Se não confiarem em mim, não vão ouvir o que tenho a dizer.”

Dicas para aplicar a idéia do professor Maurinto em sua aula:

Utilize um palco pequeno, na própria sala, e use alguns adereços. “Não ensaio nada, faço tudo espontaneamente. O aluno sabe que o professor não é músico ou ator. O impor-tante é mexer com a fantasia do aluno ao mesmo tempo que está trabalhando um assunto sério. Ele vai muito entusias-mado para esse tipo de aula porque sabe que vai ver algo diferente”, explica o professor Maurinto.

PRÁTICA �

A busca de métodos não-convencionais para lecionar História

A idéia de valorizar o conhecimento dos alunos repetentes fez com que a professora Adriana Toledo Sievert utilizasse a capoeira para ensinar a História do Brasil. “Havia muita resistência por parte desses alunos, que já estavam se sentindo rotulados pela escola e pela família. Reagiam com agressivi-dade e influenciavam outras crianças, que também precisavam resgatar sua auto-estima por fatores emocionais e por dificul-dades reais”, conta Adriana.

Como muitos deles se negavam a realizar as atividades pro-postas em sala de aula, foi necessário buscar outro caminho para estabelecer um canal de comunicação e ganhar a confian-ça dos alunos, que já estavam estudando pela segunda vez o mesmo conteúdo. A professora, então, procurou conhecer os gostos da classe e percebeu uma grande afinidade do grupo de estudantes com a expressão musical.

Três alunos da turma da 3ª série do ensino fundamental da Escola Básica Municipal Alberto Stein, em Blumenau, Santa Catarina (dois deles repetentes), praticavam capoeira e a professora propôs a eles que mostrassem aos colegas o que aprendiam na academia. No dia seguinte, eles levaram para a sala de aula CDs, roupas brancas e organizaram uma roda, em que jogaram, explicaram os movimentos e mostraram seu gingado e suas habilidades.

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HHEsse foi o início de um novo vínculo entre todos. Uma grande oportunidade de resgatar a história dos negros no Brasil e realizar uma grande pesquisa, pois a história da capoeira é marcada pela influência negra e indígena. Os conteúdos ensi-nados foram a escravidão, riqueza cultural, costumes, religião, miscigenação, música popular brasileira, a história do líder negro Zumbi e outros personagens.

As aulas, sempre animadas, foram integradas com a arte e par-tiam da história da literatura infantil, como o livro O berimbau, de Raquel Coelho, ou de canções de Dorival Caymmi, Caetano e Gil. Os resultados foram aparecendo aos poucos. Percebeu-se nesses alunos maior concentração, coordenação motora, paci-ência e dedicação diante das atividades. Houve grande melhora nos trabalhos de equipe em que se repartem tarefas segundo regras elaboradas pelo próprio grupo, escutam mais uns aos ou-tros e controlam um pouco melhor o barulho e volume da voz para não desconcentrar os colegas, afinal, a capoeira precisa de concentração e ajuda mútua do grupo. “Esse método de ensino já faz parte da minha visão de mundo e educação”, completa a professora, que agora sempre que vai ensinar a História do Brasil utilizando a prática da capoeira.

PRÁTICA �

A busca de métodos não-convencionais para lecionar Biologia

Despertar o interesse dos alunos por temas atuais e polêmicos nem sempre é uma tarefa fácil. Quando se trata de economia, política ou biotecnologia, então, nem se fala... Duas insti-tuições de São Paulo utilizaram uma maneira diferente para estimular os estudantes a discutirem a questão dos alimentos transgênicos.

Amparadas pelo Enlaces-Brasil, uma organização não-gover-namental que desenvolve e coordena ações de aprendizagem via Internet, as escolas estaduais Professora Beatriz de Qua-dros Leme e Professora Luiza Hidaka desenvolveram o tema: alimentos transgênicos – heróis ou vilões? “Cada instituição teve uma classe participante. Os alunos foram divididos em três grupos: contra, a favor e produção e consumo”, conta a professora de Biologia e uma das coordenadoras do método usado, Analice Delorence Di Santo.

Outra educadora, e também integrante da coordenação, a professora Márcia Morales, escreveu a história do Zé para que os alunos compreendessem melhor o assunto. O personagem é um plantador de batatas que descobriu a tecnologia dos transgênicos e passou a utilizar em sua produção. Os estudan-tes analisaram sites e outras fontes, como jornais e revistas, para pesquisar e entender o tema. Foram abertas contas de

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e-mail para que durante oito semanas os envolvidos trocassem mensagens pela Internet para discutir as questões envolvi-das. “O resultado foi gratificante. Os alunos debateram o seu ponto de vista e geraram uma polêmica enriquecedora”, diz a professora Analice. Para finalizar a discussão, a história do Zé teve continuidade e deixou no ar algumas perguntas.

No final do período de estudos, o grupo que era contra os alimentos transgênicos convenceu toda a classe da escola Professora Beatriz de Quadros Leme da mesma opinião. E o objetivo do método utilizado, que era mostrar aos alunos os avanços biotecnológicos para que compreendessem o tema e pudessem traçar um paralelo entre a fome e a biotecnologia, foi alcançado. As professoras conseguiram aguçar o interesse dos alunos e eles tiveram boas lições de Biologia.

Aproveite a idéia em suas aulas:

Escolha temas atuais e estimule os alunos a pesquisa-rem em jornais, revistas e sites. Promova debates para que sejam levantadas todas as questões do assunto, desde a parte técnica até opiniões contra e a favor, assim os estudantes desenvolvem o senso crítico.

Entre em contato com outras escolas para realizar parcerias, incentivar a interatividade e aumentar o círculo de relacionamento dos seus alunos.