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Profª. Ana Cristina Souza dos Santos REFLETINDO SOBRE PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS

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Page 1: Profª. Ana Cristina Souza dos Santos REFLETINDO SOBRE PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS

Profª. Ana Cristina Souza dos Santos

REFLETINDO SOBRE PRINCÍPIOS FILOSÓFICOS

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O Globo - RJ26/05/2008 - 09:13'Seria ruim para o mundo comer como os americanos'

Especialista defende mudança de hábitos alimentaresClaudia dos Santos

Especialista em alimentos e professor das universidades de Berkeley (EUA) e KwaZulu-Natal (África do Sul), o inglês Raj Patel já trabalhou no Banco Mundial e na Organização Mundial do Comércio (OMC) — e hoje critica ambos. Ele lançou, no fim de 2007, o livro “Stuffed and starved” (“Entupidos e esfaimados”, sem previsão de lançamento no Brasil), no qual analisa o paradoxo de 800 milhões de pessoas passarem fome e um bilhão sofrer com a obesidade. Em entrevista por e-mail, ele disse não ver os biocombustíveis como solução para o aquecimento global e defende uma mudança nos hábitos alimentares.

PENSANDO UM PROBLEMA

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O Globo: Especialistas da ONU argumentam que a especulação com commodities e a maior demanda de China e Índia são asprincipais razões para a disparada dos preços dos alimentos. O senhor concorda?

Raj Patel: Acho que há cinco grandes causas. 1) O preço do petróleo, porque boa parte de nossos alimentos é produzida usando-se combustíveis fósseis, não apenas no transporte como em fertilizantes. 2) Colheitas ruins, por causa de pragas e problemas nas lavouras (alguns responsabilizam o aquecimento global). 3) Maior demanda por carne nos países em desenvolvimento, o que puxa os preços dos cereais. 4) Biocombustíveis. 5) Especulação financeira e ganância de investidores, que buscam lucros excessivos, além de conluio (já há investigações no Reino Unido, na Espanha e na África do Sul sobre fixação de preços por grandes empresas).

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O Globo: O governo brasileiro argumenta que o Brasil produz etanol da cana-de-açúcar, que não é essencial para a alimentação, e ainda temos terras disponíveis. E que o etanol à base de cana é uma fonte de energia relativamente limpa, o que contribuiria para reduzir o aquecimento global, e mais barata que aquele que os EUA fazem a partir do milho. Não deveríamos separar o etanol bom do ruim? Ou não há diferença?Patel: Realmente há diferença entre o etanol de milho e o de cana. Mas todos os tipos de biocombustíveis produzidos hoje geram uma “dívida de carbono”. Segundo a revista “Science” em fevereiro, o uso de florestas tropicais e outros tipos de vegetação para produzir biocombustíveis em Brasil, Sudeste da Ásia e EUA cria uma “dívida de carbono de biocombustível” ao liberar de 17 a 420 vezes mais CO2 que a redução de gases do efeito estufa proporcionada pela substituição de combustíveis fósseis.

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Se nos preocupamos com CO2 e aquecimento global, então os biocombustíveis são uma má idéia. Se nos preocupamos comindependência energética, conservar energia é uma boa idéia.Se nos preocupamos com segurança no trabalho, então deveríamos lembrar as palavras de Lula, quando, em 1998, ele comparou produtores de biocombustível a criminosos, devido às condições de trabalho nas lavouras (mas ele deu um giro de 180° desde então). Segundo a Organização Internacional do Trabalho, há cerca de 40 mil trabalhadores forçados, escravos modernos, nas fazendas brasileiras, principalmente de cana.

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O Globo: As nações em desenvolvimento tentam atingir os padrões de alimentação dos países ricos —basicamente, comer carne todo dia.Isso significará um desastre ecológico, devido à quantidade de água e cereais consumidos pelos animais. É possível prevenir essedesastre?

Patel: Essa é a questão mais difícil de ser discutida, especialmente numa época em que a carne significa luxo, progresso e riqueza.Mas hoje, nos EUA, há famílias de classe média que estão reduzindo seu consumo de carne, não porque querem, mas porque ela está muito cara.Ninguém realmente espera que o preço da carne vá cair. Acredito que é melhor debatermos essa questão, em vez de deixar que o mercado nos diga como comer. No fim das contas, a mudança em direção aos níveis de consumo de carne nos EUA é insustentável.E seria muito ruim para o resto do mundo comer como os americanos — aqui, a expectativa de vida para mulheres pobres está diminuindo, e as crianças nascidas hoje devem viver cinco anos menos que seus pais por causa de problemas cardíacos e diabetes. Temos de pensar com muito cuidado sobre a dieta que consideramos “desenvolvida”... www.achanoticias.com.br www.brasilnoclima.com.br

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Que saberes abrange este texto?

Que formação seria necessária para um aposição frente a esta realidade?

Generalista ou especialista?

Dilema que se impõe na formação do cidadão A política grega exigia os dois:O generalista e o especialista

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Generalista – sabe pouco sobre tudo ou quase tudo

Especialista – sabe tudo ou quase tudo sobre uma única coisa ou quase nada.

Para a Platão os filósofos devem reinar pois são generalistas que se encontram bem a cima dos especialistas e dominam todo o saber. São eles que possuem a melhor visão do todo

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A democracia ateniense: a criação política grega é essencialmente a democracia, pois a soberania está nas mãos do conjunto dos

cidadãos livres A democracia como auto-instituição da coletividade

por uma comunidade consciente de que as leis são feitas por ela, podendo ser mudadas.

Para Aristóteles ser cidadão é ter o direito de sufrágio nas Assembléias e de participação no exercício do poder público.

Então, como todo mundo (cidadão livre) é capaz degovernar, deve ser nomeado por sorteio.

Mas em que se baseiam os cidadãos para escolher os melhores?

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Na Educação: é pela educação que o ser humano se torna homem.

Só um povo educado tem condições de escolher e atingir a cidadania.

Sobre o dilema especialistas X generalistas, o filósofo grego Castoriadis* recomenda:

* O filósofo morreu em 1997

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“Os especialistas a serviço das pessoas, eis a questão, não de alguns políticos. As pessoas aprendem a governar governando. A principal educação na política é a participação ativa nos negócios, o que implica um a transformação das instituições que incita a essa participação e a torna possível, enquanto as instituições atuais rejeitam, afastam e dissuadem as pessoas de participar dos negócios. Mas isto não basta: é preciso que as pessoas sejam educadas para o governo da sociedade: na coisa pública” (Postscriptum sur l’insignifiance, 2004).

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A filosofia como base para a leitura da realidade e o exercício da cidadania A filosofia surgiu na Grécia antiga, quando

a consciência humana pretendeu explicar as coisas sem recorrer a entidades sobrenaturais, a forças superiores e personalizadas.

Desta forma, tendo aprendido a pensar com os gregos, os filósofos do Ocidente vão desenvolver três formas, três perspectivas diferentes de aplicar sua atividade racional onde se busca apreender o sentido das coisas; a perspectiva METAFÍSICA, a perspectiva CIENTÍFICA e a perspectiva DIALÉTICA.

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A perspectiva DIALÉTICA

Fazendo um recorte na história – indo ao Sec XIX - o materialismo histórico e o materialismo dialético de Karl Marx (1818 – 1883).

Contexto Histórico- Sec. XIX – Grande desenvolvimento do

capitalismo.- Até 1848 – Expansão do Capitalismo nos países

industrializados; impulso inicial nos países não desenvolvidos, 1a crise (1830-1840); consciência de cada um dos grupos sociais (trabalhadores e burguesia) da incompatibilidade de sua proposta, mas o reconhecimento de mudanças urgentes por parte delas.

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Segunda metade do sec, XIX – Formação de um sistema capitalista internacional; avanço da organização da classe trabalhadora.

Karl Marx – Na filosofia sofre a influência de Hegel e de Feuerbach. Os hegelianos se dividiam em dois grupos:

- hegelianos de direita – Espírito absoluto como criador da realidade, carregando uma visão teleológica da história, a defesa do papel preponderante atribuído ao Estado

- hegelianos de esquerda – o homem com sujeito e ser consciente e ativo – Marx defendia o pensamento da esquerda hegeliana.

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Hegel Resgatada tais idéias com base em Heráclito A lógica dialética admite a possibilidade de

um objeto ser, ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, igual e diferente de si mesmo. Surge então o novo princípio lógico: o princípio da contradição que rompe com o então dominante princípio da identidade: que se expressa sob a forma A=A.

Hegel partiu do mais amplo conceito que conseguimos apreender: Ser. Mas o Ser, isolado, abstrato, fica tão vazio como o nada, o Não-Ser. O conceito fundamental, portanto, não é o Ser, nem o Não-Ser: é o conceito que dá a direção em que os outros dois se movem: o Tornar-se.

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Para Marx, a compreensão da sociedade devia basear-se na compreensão de suas relações econômicas. A compreensão real da sociedade implicava, também, o entendimento das suas relações históricas, políticas e ideológicas.

Para Marx a base da sociedade, da sua formação, das suas instituições e regras de funcionamento, das suas idéias, dos seus valores são condições materiais. É a partir delas que se constrói a sociedade e a possibilidade de sua transformação.

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A base da sociedade, assim como a característica fundamental do homem está no trabalho. (Marx)

O trabalho torna-se categoria essencial que lhe permite não apenas explicar o mundo e a sociedade, mas o passado e a constituição do homem. Como lhe permite antever o futuro e propor-lhe como tarefa construir uma nova sociedade.(histórico)

Mas Marx retém, na sua análise da sociedade, a noção de que a história, a transformação da sociedade se dá por meio de contradições, antagonismo e conflitos.

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“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem como querem, não fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.” (O dezoito brumário de Luis Bonaparte)

O sistema explicativo da história e da sociedade é estabelecida em base metodológica e princípios epistemológicos onde fundamenta a articulação entre o materialismo histórico e o materialismo dialético.

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O problema da teoria de Marx Para Marx a matéria existe independente

da consciência e que a as idéias são o material transposto para, traduzido pela consciência humana.

Mas em nenhum momento preocupa-se em discutir como se dá o processo “orgânico”, ou da razão, que permitem, no homem, a transformação do mundo exterior em conhecimento.

Para Marx o que determina a consciência é o ser social.

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Sobre o sentido da históriaO sentido da história não é dado, pronto e acabado. Objetivamente ele deriva do fato deque cada geração assume como herança o quadro histórico que lhe é deixado pela geração que a precedeu. Mas o modo como ela assume o legado já depende dos sujeitos, já vai além da realidade puramente objetiva. Essa dimensão subjetiva é uma ineliminável fonte de erros.

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O movimento marxista no mundo – A Escola de Frankfurt

A Escola de Frankfurt é nome dado a um grupo de filósofos e cientistas sociais de tendências marxistas que se encontram no final dos anos 1920. A Escola de Frankfurt se associa diretamente à chamada Teoria Crítica da Sociedade. Deve-se à Escola de Frankfurt a criação de conceitos como "indústria cultural" e "cultura de massa".Principais MembrosTheodor Adorno. Max HorkheimerWalter Benjamin, Herbert MarcuseLeo Löwenthal, Franz NeumannFriedrich Pollock, Erich FrommJürgen Habermas. Oskar NegtAxel Honneth. Max Horkheimer (na frente à

esquerda), Theodor Adorno (frente à direita) e

Jürgen Habermas ao fundo à direita em 1965 na cidade de Heidelberg

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Para os membros do grupo de Frankfurt, o proletariado se perdeu ao permitir o surgimento de sistemas totalitário como o nazismo e o stalinismo por um lado, e a "indústria cultural" dos países capitalistas pelo outro lado. Quem substitui os proletários? Aqueles cuja ascensão a sociedade moderna de modo algum permite, os miseráveis que o bem-estar geral não conseguiu incorporar, as minorias raciais, os outsiders.

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Theodor Adorno (11/09/1903Frankfurt Morte 6/08/ 1969-Alemanha)

- A Filosofia de Theodor Adorno, considerada uma das mais complexas do século XX, fundamenta-se na perspectiva da dialética. Em sua obra, a Dialética do Esclarecimento, em colaboração com Max Horkheimer, traz a crítica da razão instrumental, fundada em uma interpretação negativa do Iluminismo, de uma civilização técnica e da lógica cultural do sistema capitalista (que Adorno chama de "indústria cultural"). Também uma crítica à sociedade de mercado que não persegue outro fim que não o do progresso técnico.

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Herbert Marcuse (Berlim, 19/07/1898 — Starnberg, 29/07/1979) sociólogo e filósofo alemão naturalizado

norte-americano pertencente à Escola de Frankfurt

Marcuse se preocupava com o desenvolvimento descontrolado da tecnologia, o racionalismo dominante nas sociedades modernas, os movimentos repressivos das liberdades individuais, o aniquilamento da Razão .

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Jürgen Habermas

(Düsseldorf, 18/06/1929 é um filósofo e sociólogo alemão)

Para recolocar o potencial emancipatório da razão, Habermas adota o paradigma comunicacional. Seu ponto de partida é a ética comunicativa, além do conceito de "razão objetiva" de Adorno, também presente em Platão, Aristóteles e no Idealismo alemão - particularmente na idéia hegeliana de reconhecimento intersubjetivo.

Assim, Habermas concebe a razão comunicativa - e a ação comunicativa ou seja, a comunicação livre, racional e crítica - como alternativa à razão instrumental e superação da razão iluminista - "aprisionada" pela lógica instrumental, que encobre a dominação. Ao pretender a recuperação do conteúdo emancipatório do projeto moderno, no fundo, Habermas está preocupado com o restabelecimento dos vínculos entre socialismo e democracia.

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Tema Gerador

Prática Educativa

Sob o referencial da Escola de Frankfurt, educadores e pesquisadores emeducação vão refletir a prática educativa.

Paulo Freire Tema Gerador

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Um meio (metodologia) para uma educação libertadora, em que a conscientização do indivíduo ocorre por meio do DIÁLOGO mediado pelas suas condições de existência.

“será a partir da situação presente, existencial, concreta, refletindo o conjunto de aspirações do povo, que poderemos organizar o conteúdo programático da educação ou da ação política, acrescentemos” (FREIRE, 1987:49)

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Outros pensadores e propostas curriculares que caminham por estradas muito próximas

John Elliott (1974) – participou de um movimento para organização dos currículos na Secondary modern School – conteúdos vinculados a vida diária dos aluno, tais como família, relações entre sexos, guerra e sociedade, mundo do trabalho, pobreza entre outros.

Para Elliot (1978) é de especial importância a vivência de situações de diálogo como ferramenta constitutiva do processo de investigação, a "imersão" do investigador na realidade dos participantes, bem como a rede de acordos éticos que deve haver entre os sujeitos que vivem o processo.

John Elliott - Metodologia de Pesquisa-ação

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Ovide DecrolyCentro de InteresseOrganiza em torno de problemas práticos: alimentação, clima, trabalho etc.

Currículo NuclearOrganiza através de situações ou problemas da vida

O conjunto de temas aqui proposto (Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde e Orientação Sexual) recebeu o título geral de Temas Transversais, indicando a metodologia proposta para sua inclusão no currículo e seu tratamento didático

Parâmetros Curriculares Nacional – Tema Transversal

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Ciência Tecnologia e Sociedade – CTS – Educação Científica Humanística

O movimento com enfoque CTS surgiu com uma forte tendência de crítica ao modelo econômico desenvolvimentista.

A partir da concepção humanística de educação de Paulo Freire serão discutidos princípios a ser incorporados ao ensino de CTS, visando resgatar o caráter político dessa abordagem educacional. SANTOS (2008)

Pensando o Currículo para as CiênciasNuma perspectiva interdisciplinar

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● Na década de 1970 surgem propostas de incorporar no currículo temáticas relativas às implicações da ciência na sociedade.

● Na década de 1990, começa a aparecer, então, apresentação de trabalhos em congressos e publicação de artigos sobre a temática CTS, além da publicação de livros.

● Com destaque nesses estudos, pode-se citar o Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica da Universidade Federal de Santa Catarina, que já produziu seis dissertações de mestrado e duas teses de doutorado sobre a temática CTS.

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Características do Movimento CTS

- Ênfase no papel social do ensino de ciências na tomada de decisões;

- Ênfase nos conteúdos específicos destinados à formação de cientistas;

- Ênfase na importância da natureza do conhecimento científico, da linguagem científica e da argumentação científica

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Para uma visão humanística de ensino de ciências em uma perspectiva educacional de Paulo Freire

Inter-relações Ciência-Tecnologia Sociedade no ensino de ciências

Engloba na perspectiva freireana uma educação política que busca a transformação do modelo racional de ciência e tecnologia excludente para um modelo voltado para a justiça e igualdade social.

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O movimento CTS

O agravamento dos problemas ambientais e as discussões sobre a natureza do conhecimento científico e seu papel na sociedade

O objetivo central do ensino de CTS na educação básica é promover a educação científica e tecnológica dos cidadãos, auxiliando o aluno a construir conhecimentos, habilidades e valores necessários para tomar decisões responsáveis sobre questões de ciência e tecnologia na sociedade e atuar na solução de tais questões.

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No entanto o movimento educacional inicial de CTS com forte conotação política-ideológica, tornou um slogan e foi sendo apropriado por propostas educacionais que se encontram muito distantes dos reais propósitos daqueles que defendiam a incorporação de CTS no currículo de ciências nos anos de 1970 e 1980.

Caracterizam-se por levantarem argumentos práticos e utilitaristas do conhecimento científico e tecnológico - reforçando o modelo reducionista

“(...) Defende-se, ainda, que a literacia científica é um componente importante no mundo do trabalho e, conseqüentemente, no crescimento econômico em um quadro de cidadania efetiva e responsável”. (texto sobre organização curricular segundo Tenreiro-Vieira e Vieira (2005))

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Pensar em uma educação científica crítica significa fazer uma abordagem com a perspectiva de questionar os modelos e valores de desenvolvimento científico e tecnológico em nossa sociedade.

● Não aceitar a tecnologia como conhecimento superior;

● Participar das decisões democráticas sobre ciência e tecnologia;● Questionar a ideologia dominante do desenvolvimento tecnológico

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A concepção humanística de educação de Paulo Freire

Não existe educação fora da sociedade humana

Sua proposta é essencialmente uma pedagogia humanística voltada para as condições humanas

Desenvolvendo uma teoria da ação dialógica, onde discute que no processo de dominação o sujeito, o eu, transforma o outro, o tu, em um mero isto, no processo dialógico tem-se uma dialética onde um não anula o outro, mas um se transforma no outro (FREIRE, 1987, p. 96)

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No processo dialógico, os sujeitos encontram-se em cooperação para transformar o mundo. Seria a práxis dialógica que permitiria o desvelamento, pelos oprimidos, da sua situação de opressão.

A educação libertadora, problematizadora, já não pode ser o ato de depositar, ou de narrar, ou de transferir, ou de transmitir “conhecimentos” e valores aos educandos, meros pacientes, à maneira da educação “bancária”, mas um ato cognoscente.(...) Sem esta não é possível a relação dialógica, indispensável à cognoscibilidade dos sujeitos cognoscentes, em torno do mesmo objeto cognoscível. (FREIRE, 1987, p. 39).

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AULA 2

MULTI, INTER ETRANSDISCIPLINARES

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o Paradoxo Nos último anos, voltou-se a falar bastante

de pesquisas multi-, inter-e transdisciplinares, embora venham se desabrochando mais nos discursos e nas convicções do que nos comportamentos.

Interesse: redefinição de uma nova política educacional devendo substituir a tradicional.

No entanto, nunca se recusaram tanto e de boa fé as exigências propriamente interdisciplinares. Como se explica este paradoxo?

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Isto se deve ao exponencial desenvolvimento da especialização continuando a dividir e a subdividir ao infinito o território do saber para melhor ocupá-lo e dominá-lo, quer dizer, conhecê-lo e sobre ele exercer um poder. Mas também se deve à dificuldade que experimentamos de conciliar o espírito e as abordagens interdisciplinares com os rígidos paradigmas metodológicos adotados pelas diversas disciplinas cantonadas em suas bem definidas fronteiras.

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Esta concepção tem sua base na ciência moderna - que emergiu como resultado das transformações ideológicas vinculadas à dissolução do sistema feudal ao surgimento do capitalismo que estabeleceram um novo campo epistemológico para a produção do conhecimento; Copérnico deslocou a Terra do centro do Universo; Descartes produziu o sujeito da ciência como princípio produtor, autoconsciente de todo conhecimento” [Leff, 2001].

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As conquistas marítimas é resultado do desenvolvimento do conhecimento teórico acompanhado de seus saberes práticos. Estas relações entre conhecimento teórico e os saberes práticos, estabelecidos por um método científico, aceleram-se com o advento do capitalismo, com a consagração da ciência moderna e com a institucionalização da racionalidade econômica [Leff, 2001].

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A emergência destas ciências é resultado de um longo esforço de produção teórica a partir do saber herdado, para apreender teoricamente a materialidade do real; é sobretudo o produto de uma luta teórica e política no campo do conhecimento para vencer os efeitos do encobrimento ideológico no qual são gerados os saberes úteis para a exploração do trabalho e para o exercício do poder das classes dominantes. Leff (2001)

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Se por um lado os saberes gerados da ciência moderna atendem ao ideal capitalista, por outro, os efeitos globais do racionalismo científico começam a ser questionado à medida que se tentam entender às razões pelas quais as coisas não teriam dado certo.

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O filme focaliza a vida na sociedade industrial caracterizada pela produção com base no sistema de linha de montagem e especialização do trabalho. É uma crítica à "modernidade" e ao capitalismo representado pelo modelo de industrialização, onde o operário é engolido pelo poder do capital e perseguido por suas idéias "subversivas".

Tempos Modernos

TEMPOS MODERNOS (Modern Times, EUA 1936)DIREÇÃO: Charles ChaplinELENCO: Charles Chaplin, Paulette Goddard, 87 min. preto e branco, Continental

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A fragmentação do conhecimento que se generaliza e se reproduz por meio da organização social e educacional tem, também, configurado o modo de ser e pensar dos sujeitos.

A Interdisciplinaridade e Transdisciplinaridade surge em decorrência do avanço do conhecimento e do desafio que a globalidade coloca para o século XXI. Seus conceitos se contrapõem aos princípios cartesianos de fragmentação do conhecimento e dicotomia das dualidades (DESCARTES, 1973) e propõem uma outra forma de pensar os problemas contemporâneos.

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Em questão está a denúncia sistemática do distanciamento existente entre realidade e as instituições escolares

Os Temas Transversais apresentados como princípios metodológicos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o ensino fundamental, assim como a interdisciplinaridade proposta através da relação entre a área do conhecimento, linguagens e suas tecnologias para o ensino médio, não se constituem num assunto novo.

Termos predecessores: “educação global”, “centros de interesse”, “metodologia de projetos”, entre outros.

Os Caminhos na Educação

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DEMARCANDO OS MOVIMENTOS EM DEFESA DA INTERDISCIPLINARIDADE

- NO MUNDOEm 1970 a OCDE, organização econômica dos países desenvolvidos, promove em Nice, um seminário internacional sobre o tema e constitui um grupo de trabalho, lançando dois anos depois o primeiro documento que apresentou uma sistematização do interdisciplinar.

Neste evento Piaget lança a palavra ‘transdisciplinar’, dizendo que aos trabalhos interdisciplinares deveria suceder uma etapa superior cujas interações disciplinares aconteceriam num espaço sem as fronteiras disciplinares ainda existentes na etapa interdisciplinar.

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Sob a influência de Georges Gusdorf, Ivani Fazenda e Hilton Japiassu tornam-se os maiores disseminadores da interdisciplinaridade no Brasil.

1976 – Lançamento do livro de Japiassu com prefácio de Gusdorf, resultado de sua tese de doutorado –”Interdisciplinaridade e Patologia do saber”.

1979 – “Integração e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro: efetividade ou ideologia”. Por Ivani Fazenda, prefaciado por Hilton Japiassu.

- NO BRASIL

Interdisciplinaridade = interação ≠ integração

A integração estaria relacionada, de modo bastante formal, às disciplinas, dando uma visão parcial, não de totalidade sobre o conhecimento. A “interação é condição “sine quan non” para a efetivação da interdisciplinaridade, pois une, de fato, os conhecimentos

e contribui para com a transformação da realidade.

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A crítica filosófica

1995 - JANTSCH, Ari Paulo; BIANCHETTI, Lucídio. Interdisciplinaridade: para além da filosofia do sujeito. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. (UFSC)

A crítica ao sujeito interdisciplinar está centrada na idéia de ‘sujeito coletivo’, o sujeito que emerge da equipe de trabalho.

1987 – Criação da Universidade Holística Internacional, sob a liderança do francês Pierre Weil. Nela o inter e o trans são abordados como exigências dos diversos métodos empregados para a construção da visão holística de mundo.

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A crítica ao sentido a-histórico da interdisciplinaridade, está baseada no fato de que esta não reconhece que as ciências disciplinares são os frutos de maior racionalidade da história de emancipação do homem, e não fragmentos de uma unidade perdida que agora, busca-se desesperadamente reencontrar, através da interdisciplinaridade

Esta visão é considerada idealista, pois nela o sujeito deixa de ser visto como um resultado histórico, perdendo sua característica fundamental de fornecer as condições objetivas e mediadoras do processo histórico de produção do conhecimento.

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MODELOS DE AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO

MULTIDISCIPLINAR

PLURIDISCIPLINAR

INTERDISCIPLINAR

TRANSDISCIPLINAR

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MULTIDISCIPLINARIDADE

Sistema de um só nível e de objetivos múltiplos; nenhuma cooperação

É a organização de conteúdos mais tradicional. Os conteúdos escolares apresentam-se por matérias independentes umas das outras.

(Zabala,A. Enfoque globalizador e pensamento complexo. P.Al: Artmed,2002, p. 33).

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PLURIDISCIPLINARIDADE

Sistema de um só nível e de objetivos múltiplos: cooperação mas sem coordenação

É a justaposição de disciplinas mais ou menos próximas, dentro de um mesmo setor de conhecimentos. Por exemplo: física e química; biologia e matemática; sociologia e história.... (Santomé, J. t. Globalização e interdisciplinaridade. P.Al: Artmed,1998, pp. 71-72.)

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INTERDISCIPLINARIDADE

Sistema de dois níveis e de objetivos múltiplos; cooperação procedendo de nível superior

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TRANSDISCIPLINARIDADE

Sistema de níveis e objetivos múltiplos; coordenação com vistas a uma finalidade comum dos sistemas

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D1

UD1

1d/1dlUnidisciplinar

D1

D2

D3

C

UD1

3d/3dl/1c

UD2 UD3

Multidisciplinar

RESULTADOSMODELOS

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Interdisciplinar

C

UD1

3d/3dl/1c/1t

UD1

UD1

D1

D2

D3

D1/D2/D3

RESULTADOSMODELOS

Transdisciplinar

UD1

3d/1d/1c/1tUD2

C

UD1

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INTERDISCIPLINARIDADE

A interdisciplinaridade é uma nova atitude a ser assumida perante a questão do conhecimento, substituindo a forma fragmentária pela unitária do ser humano.

É a substituição da “Pedagogia da Certeza” pela “Pedagogia da Incerteza”, pois “o conhecimento nasce da dúvida”, é essa incerteza/subjetividade que circunda a questão do conhecimento e revitaliza a produção científica. (FAZENDA e JAPIASSU)

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OUTRAS NOÇÕES DE INTERDISCIPLINARIDADE

Interdisciplinaridade como transferência de métodos de uma disciplina para outra vai envolver três diferentes graus:

a) Grau de aplicação – os métodos da física nuclear transferidos para medicina no tratamento do câncer

b) Grau epistemológico – a transferência de métodos da lógica formal para o campo do direito

c) Grau de geração de novas disciplinas – a transferência de métodos da matemática para os fenômenos meteorológicos dão origem a teoria do caos

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Sistema disciplinar

A disciplinaridade orienta e estrutura o Sistema Educacional. Seus princípios e normas dirigem o modo de pensar dos homens modernos.

Há décadas, educadores em geral procuram formas de superar a fragmentação do conhecimento e tornar a aprendizagem um processo mais significativo para crianças e jovens

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AULA 3

BASES FILOSÓFICAS DA CIÊNCIA MODERNA

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A filosofia como base para a leitura da realidade e o exercício da cidadania A filosofia surgiu na Grécia antiga, quando

a consciência humana pretendeu explicar as coisas sem recorrer a entidades sobrenaturais, a forças superiores e personalizadas.

Desta forma, tendo aprendido a pensar com os gregos, os filósofos do Ocidente vão desenvolver três formas, três perspectivas diferentes de aplicar sua atividade racional onde se busca apreender o sentido das coisas; a perspectiva METAFÍSICA, a perspectiva CIENTÍFICA e a perspectiva DIALÉTICA.

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A perspectiva METAFÍSICA:

Tem por base a consciência racional de que todas as coisas que existem possuem uma natureza própria, uma essência que lhe é específica.

Ex: Haveria uma essência eqüina que faz com que determinado animal seja um cavalo e não um gato.

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A perspectiva CIENTÍFICA INDUTIVISMO: CIÊNCIA COMO

CONHECIMENTO DERIVADO DOS DADOS DA EXPERIÊNCIA

Contexto: o período histórico que marca a passagem do mundo medieval ao mundo moderno se caracterizou por profundas transformações no modo de pensar dos seres humanos.

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Primeira Visão → Revolução Científica no século XVII → os pioneiros Galileu e Newton. Não foram tanto as observações e experimentos de Galileu que causaram a ruptura com a tradição, mas sua atitude em relação a eles. Para ele, os dados eram tratados como dados, e não relacionados a alguma idéia preconcebida. Os dados da observação poderiam ou não se adequar a um esquema conhecido do universo, mas a coisa mais importante, na opinião de Galileu, era aceitar os dados e construir a teoria para adequar-se a eles. ”Uma avaliação moderna da realização de Galileu, escrita por H. D. Anthony

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1.2. Indutivismo ingênuo

De acordo com o indutivista ingênuo, a ciência começa com a observação.

O observador científico deve ter órgãos sensitivos normais e inalterados e deve registrar fielmente o que puder ver, ouvir etc. em relação ao que está observando, e deve fazê-lo sem preconceitos.

Afirmações podem ser justificadas ou estabelecidas como verdadeiras de maneira direta pelo uso dos sentidos do observador não-preconceituoso.

As afirmações a que se chega (vou chamá-las de proposições de observação) formam então a base a partir da qual as leis e teorias que constituem o conhecimento científico devem ser derivadas.

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Afirmações desse tipo caem na classe da chamadas afirmações singulares. → Elas resultam do uso que um observador faz de seus sentidos num lugar e tempo e tempo específicos.

Alguns exemplos simples que podem ser parte do conhecimento científico:

Da astronomia: Os planetas se movem em elipses em torno de seu sol.

Da psicologia: Animais em geral têm uma necessidade inerente de algum tipo de liberdade agressiva.

Da Química:Os ácidos fazem o tornassol ficar vermelho.

São as informações gerais que afirmam coisas sobre as propriedades ou comportamento de algum aspecto do universo.

Diferentemente das afirmações singulares, elas se referem a todos os eventos de um tipo específico em todos os lugares e em todos os tempos.

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Indução: procedimento lógico pelo qual se passa de alguns fatos particulares a um princípio geral – Generalização

A Dedução: procedimento lógico, raciocínio,

pelo qual se pode tirar de uma ou de várias proposições (premissas) uma conclusão que dela decorre por força puramente lógica. A conclusão segue das premissas.

Determinismo universal: princípio segundo o qual todos os fenômenos da natureza são rigidamente determinados e interligados entre si, de acordo com leis que expressam relações causais constantes.

Indução e Dedução são duas formas de raciocínio, isto é, procedimentos racionais de argumentação ou de justificação das hipóteses.

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A ciência implica uma visão mecânica do

mundo e uma visão naturalista do homem.

Pressupostos do conhecimento científico: Determinismo universal, Naturalismo e Racionalismo

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Bases Filosóficas da Ciência Moderna

Descartes: a falsa maciez de um travesseiro chamado dúvida

Razão Penso logo existo

CARTESIANISMO (SEC XVII) Marco da Ruptura em relação ao pensamento antigo e medieval, representado principalmente pelas concepções de Aristóteles e Santo Tomás de Aquino

**31/05/ 159631/05/ 1596

++11/02/165011/02/1650

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Para ele, Deus “O Grande Geômetra”, criara o universo tendo por ferramenta básica a clareza dos números e das relações geométricas, não a ambigüidade das palavras.

Existência de Deus

Descartes - argumento é de natureza ontológica

Se Deus é um ser perfeito, precisa necessariamente existir, pois, se lhe faltasse a condição de existência, não mais seria perfeito

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Em suas meditações, Descartes vai concluir que as coisas são as evidências proporcionadas pela Matemática.Regras para a Direção do Espírito e no Discurso do Método

1º Não tomar por verdade aquilo que não se conhece como tal, isto é, só considerar verdadeiro o que se apresenta claro e distinto para o pensamento, os objetos da matemática e da geometria.

2º Preconiza a divisão dos problemas em tantas partes quantas forem possíveis e necessárias de resolução – FRAGMENTAÇÃO DO CONHECIMENTO

3º Ordenar os pensamentos, partindo sempre dos objetos mais simples em direção aos mais complexos - REDUCIONISMO

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4º Recomenda uma revisão geral de cada um dos passos anteriores afim de ter CERTEZA de que nada foi esquecido.

Estabelecer justa distinção entre o absoluto e o relativo

Tudo que é universal, uno, semelhante, igual, etc

Facilidade e Simplicidade

Contingente,múltiplo, desigual, desemelhante

Normaliza e explica o relativo

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“O conhecimento de uma verdade nos ajuda a poder descobrir outra” (Descartes)

“O que é verdade para o grande deve ser verdade para o pequeno e vice versa”

Conduções as falsas idéias

“A parte corresponde ao todo reduzido”

A busca da unidade e da permanência, afastam o múltiplo e o variável, bloqueando o avanço do conhecimento

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Francis Bacon: o expurgo dos ídolos como preparação para fazer boa ciência

Condição: Livrar-se das quatro grandes fontes de erros ou de ilusões cognitivas: os ídolos da caverna, da tribo, do foro e do teatro.

Ciência como resultado do trabalho conjunto e sem trégua do intelecto e dos sentidos humanos. (Novum Organum – Bacon)

**22/01/156122/01/1561

++09/04/162609/04/1626

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A radicalização empirista: o cepticismo de David Hume (1711-1776, filósofo e historiador escocês)

Se Bacon aplicava o método experimental à investigação da natureza, Hume – dando continuidade ao empirismo e radicalizando-o pretende aplicá-lo à investigação da natureza humana

Destaca a fragilidade ou a impotência da razão no que concerne a fundamentos dos conhecimentos.

Hume aposta na veracidade dos testemunhos sensíveis.

**07/05/171107/05/1711

++25/08/177625/08/1776

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Kant: uma revolução copernicana para salvar a razão

A filosofia de Kant é um instrumento poderoso de crítica ao racionalismo de base cartesiana e ao empirismo céptico de Hume.

Todo conhecimento científico pode ser expresso por meio de juízos.

A Crítica da Razão Pura (1781) – importante obra **22/04/172422/04/1724

++12/02/180412/02/1804

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Se para Hume, toda a ciência da natureza está enquadrada pela experiência, para

Kant, o saber derivado da experiência não representa o verdadeiro conhecimento científico, o que deve ser universal e necessário.

A abordagem de Kant reabilita este sujeito promovendo uma autêntica revolução copernicana.

Ao invés de por, aquele que conhece, a girar em torno do objeto cognoscível, faz-se justamente o inverso.

O objeto se torna cognoscível em sua relação com o aparelho cognitivo do sujeito, o qual é constituído por duas estruturas: a sensibilidade e o entendimento

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O positivismo de Comte e a desqualificação da metafísica

Curso de Filosofia Positiva – Auguste Comte - 02/04/1826

Restauração Monárquica sob o reinado dos Bourbon – era pós-napoleônica.

A Europa foi sacudida por uma forte efervescência social e política

É contra uma ordem social considerada caótica, fruto da degradação moral de um Homem ainda presidido pelo espírito metafísico, que Comte direciona sua doutrina.

**19/01/178919/01/1789

+05/07/1857+05/07/1857

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Das construções de Descartes “exclui” as Meditações (que conduzem diretamente a deus) em favor da objetividade apresentada no Discurso do Método

O positivismo apregoa, como tese fundamental, a impossibilidade humana em conhecer as causas ou razões que promovem os fenômenos, cabendo a ciência apenas as leis as quais eles estão sujeitos

O por que da existência da gravitação ou da atração dos corpos são especulações metafísicas e devem ser abandonadas, pois o espírito humano não pode responder a ela.

Desta forma,....

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A ciência de base quantitativa, alicerçada na experimentação e na matematização, substitui progressivamente a ciência qualitativa de base aristotélica, deixando de lado a especulação como meio explicativo.

A lei dos três estados como evolução contínua e irreversível da humanidade.

TEOLÓGICO METAFÍSICO POSITIVO

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O termo POSITIVO opõe-se a Quimérico

Útil, proveitoso para o desenvolvimento do indivíduo

CERTEZA

Ascensão do Simples ao Complexo

A função das ciências cujos objetos de estudos são mais simples e gerais, como a astronomia e a física darão subsídios para as demais ciências, preparando o intelecto humano para o controle dos fenômenos sociais progresso da espécie

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O POSITIVISMO não se reduz a um indutivismo desprovido de todo instrumental lógico-dedutivo

O MÉTODO POSITIVISTA combina a observação e a experimentação, a indução e a dedução, servindo-se em alguns casos, da analogiaA metodologia de Comte por se constituir

em MONISMO, acabou por se cristalizar em uma espécie de receituário a ser seguido em toda investigação científica

Monismo- sistema de racionalidade fechada que tem por pretensão dar respostas finais, definitivas, coercivas, acerca dos problemas que examinam