prof. kleber araujo valença - direito das coisas

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Disciplina: Direito das Coisas Prof. Kleber Araujo Valença Atenção: O presente roteiro de estudos não prescinde da análise da doutrina recomendada e da discussão em sala. DIREITO DAS COISAS Conceito * O que trata das normas que atribuem prerrogativas sobre bens materiais ou imateriais. * O que regula o poder dos homens sobre os bens e os modos de sua utilização econômica (Orlando Gomes). * “O Direito das coisas se resume em definir o poder do homem, no aspecto jurídico, sobre a natureza física, nas suas variadas manifestações, e em regular a aquisição, o exercício, a conservação, a reivindicação e a perda daquele poder, à luz dos princípios consagrados nas leis positivas”, Lafayette por Orlando Gomes. * O Direito das Coisas, ramo do Direito Civil que se ocupa dos direitos reais, consiste no conjunto das normas que regem as relações jurídicas referentes à apropriação dos bens corpóreos pelo homem (Humberto Theodoro Junior). * Direito das Coisas ou direito Reais, do Latim, res-rei = coisa. Direito das Coisas, uso mais comum “divisão de Direito Civil”. Direito Reais, uso mais comum, institutos que compõem o Direito das Coisas. * Direito das Coisas é o conjunto das normas que regulam as relações jurídicas entre os homens, em face as coisas corpóreas, capazes de satisfazer às suas necessidades e suscetíveis de apropriação (Silvio Rodrigues). * Direito das Coisas vem a ser um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem. (Maria Helena Diniz). Natureza Ramo do direito civil, considerado o Direito como regra de conduta, permitindo a coação em determinadas circunstâncias, pelo poder competente. Direito subjetivo, que regula as relações jurídicas das pessoas, notadamente das relações que se estabelecem entre as “pessoas e os bens”. Direito real com vínculo entre a pessoa e coisa, prevalecendo contra todos, com seqüela e preferência, sendo numerus clausus. Distinção Entre os Direitos Reais e as Pessoais Apesar dos romanos não desconhecerem a diferença entre direito reais e pessoais, através das ações: “actio in rem” e “actio in personam”, a primeira para direitos reais e a segunda para direito pessoais, eles não desenvolveram esta separação. As expressões “jus in re” (dir.das coisas) e “jus ad rem”(dir. contra pessoa) são já do sec. XII, que do direito canônico foi incorporado ao direito moderno. Surgio a teoria CLÁSSICA, onde o direito real consiste na relação entre a pessoa e uma coisa determinada. A qual será combatida pelas teses unitárias, ao quais se subdividem em: 01) PERSONALISTA: a) PERSONALISTA de PLANIOL A relação jurídica só pode existir entre pessoas, jamais entre pessoas e coisas. Havendo no Direito Real, como nos demais, um sujeito ativo, um passivo e objeto. Essa relação é de natureza pessoal, como as demais obrigações, mas de conteúdo negativo. b) SISTEMA UNITÁRIO (DEMOGUE). Não existem direitos diferenciados, somente são mais ou menos fortes, mais ou menos eficazes, da mesma natureza, sendo que os mais fortes são oponíveis contra todos e os menos fortes não. Não havendo assim outra modalidade senão o direito obrigacional (pessoal) 2) IMPERSONALISTA, onde os direitos pessoais são absorvidos pelos reais, através da despersonalização da obrigação, salientando seu caráter patrimonial, abstraindo-se o devedor. Apesar das teorias existentes, o nosso direito pátrio da guarida à teoria CLÁSSICA ou REALISTA, onde o Direito Real é caracterizado como uma “relação” entre o homem e a coisa, sem 1

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Disciplina: Direito das CoisasProf. Kleber Araujo Valença

Atenção: O presente roteiro de estudos não prescinde da análise da doutrina recomendada e da discussão em sala.

DIREITO DAS COISAS

Conceito* O que trata das normas que atribuem prerrogativas sobre bens materiais ou imateriais.* O que regula o poder dos homens sobre os bens e os modos de sua utilização econômica

(Orlando Gomes).* “O Direito das coisas se resume em definir o poder do homem, no aspecto jurídico, sobre a

natureza física, nas suas variadas manifestações, e em regular a aquisição, o exercício, a conservação, a reivindicação e a perda daquele poder, à luz dos princípios consagrados nas leis positivas”, Lafayette por Orlando Gomes.

* O Direito das Coisas, ramo do Direito Civil que se ocupa dos direitos reais, consiste no conjunto das normas que regem as relações jurídicas referentes à apropriação dos bens corpóreos pelo homem (Humberto Theodoro Junior).

* Direito das Coisas ou direito Reais, do Latim, res-rei = coisa. Direito das Coisas, uso mais comum “divisão de Direito Civil”. Direito Reais, uso mais comum, institutos que compõem o Direito das Coisas.

* Direito das Coisas é o conjunto das normas que regulam as relações jurídicas entre os homens, em face as coisas corpóreas, capazes de satisfazer às suas necessidades e suscetíveis de apropriação (Silvio Rodrigues).

* Direito das Coisas vem a ser um conjunto de normas que regem as relações jurídicas concernentes aos bens materiais ou imateriais suscetíveis de apropriação pelo homem. (Maria Helena Diniz).

NaturezaRamo do direito civil, considerado o Direito como regra de conduta, permitindo a coação em

determinadas circunstâncias, pelo poder competente. Direito subjetivo, que regula as relações jurídicas das pessoas, notadamente das relações que se estabelecem entre as “pessoas e os bens”. Direito real com vínculo entre a pessoa e coisa, prevalecendo contra todos, com seqüela e preferência, sendo numerus clausus.

Distinção Entre os Direitos Reais e as PessoaisApesar dos romanos não desconhecerem a diferença entre direito reais e pessoais, através

das ações: “actio in rem” e “actio in personam”, a primeira para direitos reais e a segunda para direito pessoais, eles não desenvolveram esta separação.

As expressões “jus in re” (dir.das coisas) e “jus ad rem”(dir. contra pessoa) são já do sec. XII, que do direito canônico foi incorporado ao direito moderno.

Surgio a teoria CLÁSSICA, onde o direito real consiste na relação entre a pessoa e uma coisa determinada. A qual será combatida pelas teses unitárias, ao quais se subdividem em:01) PERSONALISTA:a) PERSONALISTA de PLANIOL A relação jurídica só pode existir entre pessoas, jamais entre pessoas e coisas. Havendo no Direito Real, como nos demais, um sujeito ativo, um passivo e objeto. Essa relação é de natureza pessoal, como as demais obrigações, mas de conteúdo negativo.b) SISTEMA UNITÁRIO (DEMOGUE). Não existem direitos diferenciados, somente são mais ou menos fortes, mais ou menos eficazes, da mesma natureza, sendo que os mais fortes são oponíveis contra todos e os menos fortes não. Não havendo assim outra modalidade senão o direito obrigacional (pessoal)2) IMPERSONALISTA, onde os direitos pessoais são absorvidos pelos reais, através da despersonalização da obrigação, salientando seu caráter patrimonial, abstraindo-se o devedor.

Apesar das teorias existentes, o nosso direito pátrio da guarida à teoria CLÁSSICA ou REALISTA, onde o Direito Real é caracterizado como uma “relação” entre o homem e a coisa, sem

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intermediários, e o direito pessoal, como relação entre pessoas, o que trará modos de exercício diferentes sobre o objeto do direito, no Real diretamente sem intermediários, sobre a coisa, no Pessoal com a intervenção de outro sujeito de direito.

Características diferenciadorasDireito Pessoala) Ilimitado quanto a criação.b) O objeto pode ser coisa genérica determinável.c) É eminentemente transitório.d) Não podem ser usucapidos.e) Sujeito passivo determinado.f) A ação só contra aquele que figure na relação jurídica (Se violada).Direito Reala) É limitado quanto a criação (Numerus Clausus). Art. 1225 do Código Cível e legislação em vigor.b) O objeto é determinado.c) Tende a perpetuidade.d) Pode ser usucapido.e) Sujeito passivo universal.f) Ação contra quem quer que detenha a coisa (Se violado).

Características Direitos Reais* Vinculo ligando uma coisa a uma pessoa/Dir. absoluto.* Oponibilidade erga omnes (Contra Todos).* Seqüela e preferência.* Adere ao bem corpóreos ou incorpóreos, sujeitando-o diretamente ao titular.* São numerus clausus. (Números Fechados)* É passível de abandono.* É suscetível de posse.* Podem ser usucapidos.

Classificação dos Direitos ReaisSão várias, entre elas, sobre o objeto que recai:* JUS IN RE PRÓPRIA: Propriedade* JUS IN RE ALIENA:Direitos Reais Limitados: (enfiteuse ou aforamento) Superfície, Servidões, o Usufruto, o

Uso, a Habitação, a Promessa Irretratável de Compra e Venda, o Penhor, a Hipoteca e a Anticrese. (Concessão de Uso?!?)

Quanto à sua finalidade:• Direito Reais de Gozo (os demais)• Direitos Reais em Garantia: Penhor, Hipoteca e Anticrese

Domínio e Importância do Direito das Coisas• Capaz de satisfazer interesse econômico / Gestão empresarial autônoma / Passíveis de

subordinação jurídica.• Coisas corpóreas e incorpóreas, presentes e futuras. Discute-se a obra intelectual e a

propriedade industrial.A importância dos direitos reais é patente pois é a parte do Direito Civil que regulamenta a

propriedade, um dos basilares princípio de nossa sociedade.

Constituição dos Direitos Reais

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“Os Direitos Reais são adquiridos por efeito dos fatos jurídicos latu sensu, que lhes servem de causa, como características de sua finalidade econômica” Orlando Gomes.

A eficácia do Direito Real depende da existência e validade de sua causa.

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POSSE

Conceito (art. 1196 cc).a) Estado de fato protegido pelo legislador.b) Detenção de coisa em nome próprio.c) Em nosso direito pátrio é a relação entre a pessoa e a coisa, tendo em vista a função

econômica desta, é a exteriorização da conduta de quem procede como normalmente age o dono.Pela teoria Subjetiva de Savigny é o poder direito ou imediato que tem a pessoa de dispor

fisicamente de um bem com a intenção de tê-lo para si e defendê-lo contra a intervenção ou agressão de quem quer que seja.

Pela teoria Objetiva de Ihering é a exteriorização do domínio, ou seja, a relação exterior existente, normalmente entre o proprietário e a coisa.

Natureza JurídicaControversa: Se Fato ou Direito ? ? ? ? ? ?São três as correntes existentes:1ª) É em fato: Diz ser apenas um estado de fato, protegido pela lei em atenção à propriedade,

pois pode ser sua manifestação exterior, e a posição de Clóvis, e como tal se pode ver esta influência no Código Civil.

2ª) Fato e um direito (SAVIGNY): Fato em si mesmo, direito em seus efeitos (USUCAPIÃO/INTERDITOS), mas mesmo assim direito pessoal.

3ª) Direito (IHERING): Direito porque é um interesse jurídico protegido, situado entre direitos reais, pois a sujeição da coisa é direta e imediata, sujeito passivo é indeterminado, se exerce “erga onmes”, sendo considerado um direito real "sui generis".

* É A TEORIA MAIS ACEITA, INCLUSIVE ACEITA PELA JURISPRUDÊNCIA AO EXIGIR A AUTORGA UXÓRIA PARA O AJUIZAMENTO DOS INTERDITOS RELACIONADOS À BENS IMÓVEIS.

Distinção Entre Domínio e PropriedadeDomínio - É o direito real que vincula e legalmente submete ao poder absoluto da vontade

de uma pessoa a coisa corpórea, na substância, acidentes e acessórios (LAFAYETE). É a propriedade plena.

Propriedade - É o poder de ocupar a coisa, de dela tirar todos os proveitos, todos os produtos, todos os acréscimos, poder de modificá-la, aliená-la, destruí-la, mesmo, salvo restrições legais; enfim, reinvindicá-la das mãos de terceiros (seqüela).

É o direito de usar, gozar, dispor dos bens e reavê-los do poder de quem quer que a possua injustamente.

Posse dos Direitos PessoaisExiste a discussão, à nível doutrinário, quanto a posse se estender aos direitos pessoais. Em

Roma era apenas as coisas, mas no direito canônico tornou-se gradativamente possível nos direitos pessoais. Hoje, em nações como EUA e INGLATERRA ela se estende aos direitos pessoais, a exemplo os casos de defesa das prerrogativas dos cidadãos contra atos ilegais do poder público.

Antes do código civil em vigor, o eminente jurista e advogados RUI BARBOSA defendeu a tese da POSSE DOS DIREITOS PESSOAIS. Após o código civil, em vista da redação do art. 1196, ao incluir propriedade na conceituação de possuidor, boa parte da doutrina continua a defender a tese da POSSE DE DIREITOS PESSOAIS, alguns nomes: EDMUNDO LINS, VICENTE RÃO, LACERDA DE ALMEIDA. Alegam que a propriedade vai além das coisas corpóreas, logo teria sido intenção do legislador ampliar aí o alcance da posse aos direitos pessoais, apontam a expressão propriedade pois dizem a lei permitir a posse de direitos, sem distinguir entre

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reais e pessoais, logo o interprete não poderia limitá-lo. Elencam os arts. 1547 de cc e o art. 1791 § Único.

Entretanto, o próprio CLÓVIS BEVILÁQUA alegava que o nosso CC (1916) não reconhece a tese de posse dos direitos pessoais, dizendo: a) apesar do vocábulo figurar na legislação e no anteprojeto de sua autoria, jamais teve a intenção de relacioná-la a posse dos direitos pessoais; b) os arts. Do Código Civil dizem respeito à direitos reais; c) a propriedade e seus desmembramentos são direitos reais. Os direitos pessoais jamais formam desmembramento do domínio.

A jurisprudência sobre a Posse pós Código Civil decidiu-se pela tese de que os direitos pessoais são estranhos ao conceito de posse, logo a posse não se aplica a direitos pessoais.

Conseqüência: os interditos possessórios não são meios hábeis para: obrigar a uma das partes contratantes ao cumprimento das obrigações oriundas de contrato pessoais; reaver licença de automóvel; salvaguardar direitos de família e relações obrigacionais, entre outros.

Composse (art. 1199) ou Compossessão ou Posse comumRequer: Pluralidade de sujeito e coisa indivisa ou em estado de indivisão.A composse assemelha-se ao condomínio. A posse não admite mais de um possuidor a

desfrutá-la por inteiro. Entretanto, como a posse se manifesta pelo exercício de algum dos poderes inerentes ao domínio, estes poderes podem ser exercidos simultaneamente por mais de um possuidor, desde que o exercício por parte do consorte não impeça o exercício por parte do outro. Ex: cônjuges na comunhão de bens.

Qualquer compossuidor pode reclamar a proteção possessória em caso de turbação, esbulho ou ameaça à posse, inclusive contra outro compossuidor, caso este queira impedir o exercício da posse.

Poderá ser classificada como:a) PRO DIVISO - Quando existe uma divisão de fato, mas não de direito, fazendo com que

cada compossuidor já possua parte certa.b) PRO INDIVISO - Quando só existe uma parte ideal do bem para cada compossuidor, sem

que se possa determinar a parcela pertencente a cada um.Não se confunde a COMPOSSE com a POSSE DIRETA E INDIRETA, nesta ultima existe

limitação no exercício, na composse não existe limitação. Para terceiros, os compossuidores são como um só. Em regra a composse é temporária, mas nos condomínios de apartamento é perpétua enquanto durar o prédio.

Transmissão e Continuidade da Posse (1203, 1206 e 1207 cc) - Ao se falar de transmissão de posse, indiretamente estamos tratando do art. 1204 do

Código Civil, onde teremos os modos de aquisição (derivada) da posse. Poderá ser transmitida a posse através de atos inter vivos ou “causa mortis” (1784 C. Civil), seja gratuito ou oneroso (art. 1207 C. Civil). Oportunamente falaremos sobre o assunto em detalhes.

Entretanto, desde já deve ficar consignado que a posse transmite-se com o mesmo caráter anterior, ou seja, se a posse é de boa-fé, continuará dessa forma, se de má-fé, também.. Sempre mantendo o mesmo caráter anterior, conforme o art. 1203 de C. Civil.

Essa é uma presunção JURIS TANTUM, significa dizer que admite prova em contrário, se sua posse outrora viciada agora estiver convalidada, ou se, com base em algum fundamento jurídico, demonstrar ter mudado o título ou causa sob qual se fundamenta a posse. Ex: antes possui como arrendatário e agora, após adquirir o prédio, como dono.

A norma foi criada com o fim de evitar abusos através da mudança do título ou causa da posse, de forma fundamental, assim quem tem a posse pela compra não poderá se dizer herdeiro; por interditos não poderá qualificá-la para usucapião; detentor não poderá fazer da detenção posse verdadeira.

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Espécies e Qualificações da Posse: A posse existe como um todo unitário incindível (Orlando Gomes).

a) SERVIDORES DA POSSE E DETENÇÃO – Fámulo da Posse (Art. 1198), não haverá no SERVIDOR DA POSSE/DETENTOR o “animus domini”, afastado também o caráter patrimonial da posse. Ex: empregados em geral, bibliotecários, diretores de empresas, menores, soldados, detento. A conseqüência dista é que não poderão invocar as proteções possessórios, apesar de poder exercer o “desforço incontinente” no caso de turbação da posse.

b) POSSE DIRETA E INDIRETA (art. 1197 CC): Em nosso ordenamento jurídico é possível a bipartição da posse.

–Direta (Imediata): É a que tem o não proprietário a quem cabe o exercício de uma das faculdades do domínio, por força de obrigação, ou direito.(1)(1) Exemplos: Usufrutuário, Usuário, Titular Dir. Real Habitação, o Promitente Comprador, o Comodatário, Depositário, Empreiteiro, Construtor, Testamenteiro, Inventariante, Transportador, Tutor, Curador, Titular Direito Retenção, Marido, Pai.

–Indireta (Mediata): É a que o proprietário conserva quando se demite, temporariamente, de um dos direitos elementares do domínio, cedido a outrem seu exercício.

O possuidor direto poderá defender sua posse por iniciativa própria, independente da assistência ou intervenção do possuidor indireto, até mesmo contra este.

Pressupostos da Posse Indireta - a) coisa se encontre na posse direta de outrem, e; b) que vigore entre os dois possuidores relação jurídica de que derive o desdobramento da posse.

c) POSSE JUSTA E INJUSTA (art. 1200 C. Civil).(VIS) - Violenta: Mediante o emprego de violência.(CLAM) - Clandestina: Estabelecida as ocultas(PRECARIO) – Precária: Originada do abuso da confiança por parte de quem recebe

a coisa com o dever de restituí-la.Mesmo a posse sendo injusta, poderá ser defendida por interditos contra

terceiros, mas não contra o possuidor anterior(melhor).d) POSSE BOA E MÁ-FÉ.(art. 1201 e 1202 C Civil)

Boa-fé – Ignora o vício Má-Fé – Não ignora o vício e) POSSE AD INTERDICTA E AD USUCAPIONEM.

Ad Interdicta – a que se pode amparar nos interditos. Ad Usucapionem – quando dá origem ao usucapião desde que atendido aos requisitos legais.

Obrigações Reais : Obrigações Propter Rem

Aquisição da Posse

• Modos Aquisitivos da Posse Aquisição Originária: Conceito: A que independe de translatividadeModos: 01-Apreensão da coisa (art. 1204, CC). 02-Exercício do direito (art. 1204 CC). 03-

Disposição da coisa ou do direito (art.1204 CC).Aquisição DerivadaConceito: (art. 1207, § único, CC): requer a existência de uma posse anterior que é transmitida

ao adquirente.Modos de Aquisição Derivada:Tradição: a) efetiva ou real; b) simbólica ou ficta, e ; c) consensual: tradictio longa manu e

tradictio brevi manu (Possuidor em nome alheio passa a possuí-lo em nome próprio)Constituto Possessório (art. 1267 § único CC) - .(Possuidor do bem em nome próprio passa a

possuí-lo em nome alheio)

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Acessão: a) Sucessão (art. 1572, 495 e 496, 1ª parte do CC) a título universal, e; b) União (art. 496, 2ª parte do CC) a título singular.

• Quem pode Adquirir

A) Própria Pessoa que a pretende B) Representante ou procurador de quem quer possuir (art. 1205 CC)C) Terceiro sem procuração

Modos de Perda da Posse

• Perda da Posse da Coisaa) abandono b) tradiçãoc) perda da própria coisad) destruição da coisa (art. 1223 CC)e) inalienabilidadef) posse de outremg) constituto possessório

• Perda da Posse dos direitosa) impossibilidade de seu exercíciob) prescrição

Perda da posse para o ausente (art. 1224 CC).

Efeitos da Posse (art. 1210 e seguintes)a) Presunção Propriedadeb) Interditas, ou seja, ações específicas de proteção da possec) Usucapião, nos termos legaisd) Se posse boa-fé

I - direito aos frutos.II – Indenização benfeitorias necessárias e úteis.III – Direito de retenção.IV – Jus tollende ou levantamento benfeitorias voluptuárias

e) Se posse é de má-fé./I – dever de pagar os frutos colhidos.II – responsabilidade pela perda da coisa.III – ressarcimento benfeitorias necessárias.IV – ausência direito retenção.V – ausência levantamento benfeitorias úteis e voluptuárias.

Efeitos da Posse (Continuação)a) Interditos, ocorrem sem a interviniência de qualquer fator exógeno. INTERDICERE = PROIBIR, interditas = a medida defensiva que paralisava a penetração do terceiro na esfera jurídica do possuidor, hodiernamente chamamos de Ações Possessórias.

O ajuizamento de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos estejam provados (art. 920 CPC). O intuito de se colocar estas ações como de procedimento especial se dá, principalmente,

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pelo fato delas começarem com uma fase tipicamente cautelar. São ações reais, em que pese as opiniões discordantes.

Interdito Proibitório (CC 1210, parte final, CPC 932 e 933)Defesa preventiva da posse, ante a ameaça de turbação ou esbulho (art. 1210 CC). É preciso que o autor prove: a posse, ameaça de moléstia, probabilidade que venha a verificar-se.Ação de Manutenção da PosseO possuidor, sofrendo embaraço mas sem perder a posse, pede ao juízo que seja expedido “mandado de manutenção”, provando a existência da posse e a moléstia. Poderá ser concedida contra um malfeitor, contra o que se supõe fundado em direito e até mesmo contra o proprietário da coisa. Discute-se a possibilidade da manutenção contra p possuidor indireto, mas apesar das opiniões em contrário a maior parte da doutrina e o nosso judiciário aceita a tese.O interdito poderá ser contra moléstia DE FATO, ou DE DIREITO, quando por via judicial ou administrativa. Ex.: ser intimado o locatário a não mais pagou aluguel ao locador; decisão das entidades fixando largura a uma estrada em detrimento da utilização da coisa.Sendo a moléstia nova, dar-se-á a manutenção liminar, após justificação sumária, sem audiência da outra parte. Sendo a posse nova, ninguém será mantido ou reintegrando salvo contra quem não tiver melhor posse (art. 507 cc).Reintegração da Posse (CC 1210, 1212; CPC 926 a 931)É a que o desapossado têm para reaver a coisa. Se de força nova espoliativa, haverá a expedição de mandado liminar, só após abre prazo para defesa do réu. Se de força velha espoliativa, será o réu citado para se defender, e só após a dilação probatória é que haverá sentença, que poderá: a) dizer que o autor não seja reintegrado e reconhecer a legitimidade da posse do réu, e, b) conceder a reintegração, repelindo a pretensão do esbulhador Exceção do Domínio – Na justiça, tem se entendido que somente será cabível quando a posse é disputada a título de domínio.

Nunciação obra nova – a posse é prejudicada na substância por obra nova ou prédio contígua (CPC 934 a 940)Dano Infecto: Ruína, demolição ou vício de construção em prédio vizinho causa prejuízo à posse. (CC art. 1280)Imissão na Posse: aquisição posse por via judicialEmbargos de Terceiros: Defender os bens daquele que sofre turbação ou esbulho em sua posse ou direito em razão de ato de apreensão judicial. (CPC 1046 e seg).

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PROPRIEDADE

Notícia HistóricaNo período romano a propriedade, outrora coletiva (da cidade GENS ou família), foi gradativamente dando lugar à propriedade individual, evoluindo:a) Para propriedade individual sobre objetos necessários à existência de cada um;b) Propriedade de bens de uso particular suscetíveis de serem trocadas com outras pessoas;c) Propriedade dos meios de trabalho e produção;d) Propriedade individual nos moldes capitalistas onde seu titular podia explorá-la de modo absoluto.

Já na idade média, a propriedade era distinta entre os nobres e o povo, onde este devia contribui onerosamente para aqueles, pois com o feudalismo o senhor feudal era o soberano da região, de início voluntariamente e depois pela coerção.Era contemporânea, a idéia de propriedade depende do regime político. Países com tendência comunista/socialista a propriedade exclusiva é sobre os bens de consumo pessoal, com a propriedade usufrutuária dos bens de utilização direta, sendo os bens de produção socializados. Já em países de tendência capitalista a propriedade é individual com restrições voluntárias e legais, para que seja possível a desempenho da função social da propriedade.

“A princípio foi o fato, que nasceu com a espontaneidade de todas as manifestações fáticas. Mais tarde foi a norma que o disciplinou, afeiçoando-a às exigências sociais e a harmonização da coexistência. Nasceu da necessidade de dominação. Objetos de uso e armas. Animais de presa e tração. Terra e bens da vida. Gerou ambições e conflitos. Inspirou a disciplina. Suscitou a regra jurídica. Tem sido comunitária, familiar, individual, mística, política, aristocrática, democrática, estatal, coletiva”. “Caio Mario da Silva Pereira”.

Hodiernamente ,a propriedade deve desempenhar uma função social no sentido de que a ordem jurídica confere ao seu titular um poder em que estão conjugados o interesse do proprietário e do Estado (social).

Fundamento Jurídico da Propriedadea) TEORIA DA OCUPAÇÃO (GRÓCIO) A propriedade tem como fundamento a ocupação de bens ainda não apropriados por ninguém, o que alargaria o domínio do homem sobre a natureza, convertendo os da natureza em valores econômicos ou culturais. Essa teoria não explica ou justifica o domínio, pois este só surge perante uma lei que o organize e o inclua como modo aquisitivo da propriedade. Ademais, boa parte das propriedades no dia de hoje são originárias da violência.b) TEORIA DA LEI COMO FUNDAMENTO (MONTESQUIEU). – Se assim fosse o legislador além de criar a propriedade também poderia extingui-la.c) TEORIA DA ESPECIALIZAÇÃO – Esta teoria foi idealizada por economista e diz que o trabalho é o único criador da propriedade, pois com a transformação, pelo homem, dos bens naturais, este adquiriu o justo título à propriedade.A crítica pertinaz e essa teoria é que a justa paga pelo trabalho e o salário, não o bem por esse criado, além disso excluiria o proprietário que é trabalhador.d) TEORIA DA NATUREZA HUMANA – A propriedade é inerente à natureza humana, sendo condição de existência e pressuposto de sua liberdade. A propriedade foi concebida ao ser humano pela própria natureza (deste) para que possa atender às suas necessidades e da família. Por essas razões e pelo serviço prestado às sociedades justifica-se a existência jurídica da propriedade.

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Conceito e Elementos Constitutivos

a) Propriedade vem de “PROPRIETAS”, derivado de “PROPRIUS” – o que pertence a uma pessoa.b) Propriedade é oriundo de “DOMARE” – sujeitar ou dominar.A propriedade pode ser conceituada à luz de três critérios:a) Sintético – A submissão de uma coisa a uma pessoa (WINDSVHEID)b) Analítica – Direito de usar (jus utendi), gozar (jus fruendi) e dispor (jus abutendi ou jus disponiendi) de um bem, e de reaver de que quer que injustamente o possua (res vindicatio).c) Descrito – Direito complexo, absoluto, perpétuo e exclusivo, pelo qual uma coisa fica submetida à vontade de uma pessoa, com as limitações da lei.O nosso Código Civil definiu propriedade de forma analítica (art. 1228 CC), através de SEU CONTEÚDO:

a) JUS UTENDI – Direito de usar uma coisa e tirar dela todos os serviços que ele pode prestar, sem que haja modificação em sua substância. Poderá utilizar o bem ou não; em proveito próprio ou de outrem.b) JUS FRUENDI – Direito de perceber os frutos e utilizar os produtos da coisa. Gozar da coisa ou explorá-la economicamente (art. 1232 e 1281 do CC).c) JUS ABUTENDI ou DISPONIENDI – Dispor da coisa ou aliená-la a título oneroso (venda) ou gratuito (doação), consumi-la ou gravá-la de ônus ou ainda submetê-la ao serviço de outrem.

Exemplo de MOURLON: (*) Uma casa: usar é habitá-la, gozar é alugá-la e dela dispor é dominá-la ou vendê-la; (*) Um quadro: usar é decorar a casa, gozar é exibí-la a troco de dinheiro e dispor é destruir ou alienar.

Elementosa) Complexo – Porque consiste num feixe de direitos consubstanciados nas faculdades de usar, gozar, dispor e reivindicar o bem de quem quer que injustamente o possua. Apesar disso é unitário.b) Absoluto – Porque o titular decide se usa, abandona, aliena ou destrói, ou ainda limita mediante outros direitos reais. Também é absoluto por oponível “erga omnes”.c) Exclusivo – O aspecto pessoal manifesta-se através do jus prohibendi, poder de proibir que terceiros exerçam sobre a coisa qualquer senhorio. Além disso poderá pertencer com exclusividade e simultaneamente a duas ou mais pessoas.d) Elástico – Pode ser distendida e contraída em seu exercício, conforme adicione ou subtrais poderes.

Objetoa) Bens Corpóreos móveis e imóveis (CC arts. 1229 e 1232, CF art. 176)b) Bens Incorpóreos (quase propriedade por Orlando Gomes) (CF art. 5º, XXIX e XXVII).Deverá atender a três requisitos: o da corporiedade ou materialização da individualização e o da acessoriedade (para bens corpóreos).

Modos de Aquisição de PropriedadesConceito – A aquisição da propriedade nada mais é que a personalização do direito num titular. (RUGGIRO E MAROI). Três são os pressupostos gerais da ocorrência(aquisição) da propriedade: a) pessoa capaz de adquirir; b) coisa suscetível de aquisição, e; c) um modo de aquisição.São três sistemas – ROMANOS/ FRANÇÊS/ ALEMÃO.Nosso sistema legal não aceita apenas o contrato como suficiente para transferir a propriedade, pois o contrato cria para o alienante e para o adquirente apenas obrigações e direitos, o domínio só se transfere pela tradição (PARA MÓVEIS) e pela transcrição (PARA IMÓVEIS) *Registro.

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Critérios de AquisiçãoAquisição: • Originária, •Derivada, • Singular, • Universal.

Modalidades de Propriedadea) 1-Propriedade Plena – É quando todos os direitos elementares se acham reunidos na pessoa do proprietário.a) 2-Propriedade Restrita – Quando algum dos direitos elementares da propriedade se acham nas mãos de outrem, formando-se assim os direitos reais sobre coisa alheia.b) 1- Propriedade Perpétua – É uma das características do direito de propriedade que ele tem duração ilimitada sendo o mesmo irrevogável.b) 2- Propriedade Resolúvel – Por exceção admiti-se a propriedade resolúvel, revogável, que se configura quando no mesmo título da sua constituição, por sua natureza ou vontade das partes, contém condição resolutiva.c) 1- Propriedade Rural – Estatuto Terrac) 2- Propriedade Urbana – Solo Loteamento Terra

Limitação à PropriedadeSão elas de caráter legal (decorrente da lei), de princípios gerais de direito e da vontade do propriedade.Podem ser classificadas (as limitações), considerando a fonte, extensão e fundamento.

a) Fonte: legais, jurídicas (princípios de direito) e voluntárias.As LIMITAÇÕES LEGAIS, que se de caráter administrativo serão unilaterais, se de caráter de direito de vizinhança será bilateral.As LIMITAÇÕES JURÍDICAS, a exemplo o princípio da normalidade.As LIMITAÇÕES VOLUNTÁRIAS, que poderão onerar a coisa mediante vontade da parte.

b) Extensão: podem atingir o direito em si desapropriação ou alguma de suas faculdades.c) Fundamento: Se inspiram no interesse público ou na coordenação dos direitos privados (RELATIVIDADE DOS DIREITOS).

Clausulas de Inalienabilidade. (1911 CC, 1848 CC e Sub-rogação DL 6777/44)

Responsabilidade Civil do Proprietárioa) Responde subjetiva ou objetivamente pelos prejuízos, se houver nexo de causalidade entre o dano causado pela coisa e sua conduta.b) Responde subjetivamente por danos causados por animais de sua propriedade, há presunção “juris tantum” de guardá-los e fiscalizá-los.c) Responde objetivamente pelos prejuízos causados por coisa que ante sua periculosidade deva ser controlada por ele. No caso de veículos a responsabilidade pode ser contratual ou delitual, matéria controversa se responsabilidade subjetiva ou objetiva.d) Responde também subjetivamente pelos danos ocasionados por coisas não perigosas.

Tutela Especifica do Domínioa) retomada de bem: Ação de Reivindicação art. 95 CPCb) Em caso turbação: Ação Negatória Ação Realc) Ação declaratória: Positiva ou Negativa de Dir. Real.d) Indenização por prejuízo causado por ato ilícito.

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AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

POR TRANSCRIÇÃO DO TÍTULOLeg. Básica – art. 1245 à 1247 do CC, Lei 6.015/73, 6.140/74 e 6.212/75. Art. 108 do C. Civil.Conceitos:a)Transcrição: registro do título de transferência, contendo determinadas indicações, claúsulas e requisitos.b) Averbação: anotação que o oficial competente faz `a margem, ou outro lugar próprio, de um registro público, a fim de indicar qualquer alteração ou modificação havida no título primitivo.c) Inscrição: averbação, em livro próprio e nos devidos registros, de certos atos, exigidos pela Lei para produzir os devidos efeitos jurídicos.d) Matrícula: primeiro registro efetuado do imóvel (art. 227 e 228 da Lei 6015/73).e) Registro: inscrição ou transcrição feita em livro apropriado, de determinados títulos, documentos, atos ou fatos jurídicos, a fim de autenticá-los ou fazê-los prevalecer contra terceiros.

Atos Sujeitos à Transcrição no respectivo Registro.Os títulos translativos da propriedade imóvel, por ato inter vivos, onerosos ou gratuitos (art. 1245 CC).Também o ato do art. 167, I, n.º 23,24,26,28 e art. 277 e ss da Lei 6.015/73.

A transcrição só produzirá efeitos a partir da data em que se apresentar o título ao oficial do Registro e este o prenotar no protocolo (CC arts. 1245 e 1246, arts. 174 e 182 da Lei 6015/73).O Processo de registro está previsto no art. 182 e ss da Lei 6015/73.

Efeitos do Registroa) Constitutivo, é o principal efeito pois faz nascer o direito de propriedade.b) De Publicidade, com fins de tornar conhecido o direito de propriedade.c) De Legalidade do direito do proprietário pois será feito se o oficial do registro não encontrar nenhuma irregularidade nos documentos apresentados.d) De Força Probante, presume-se pertencer o bem à pessoa em cujo nome se transcreveu, fundado na fé pública dos registros.e) De Continuidade, por ser a transcrição modo derivado de aquisição do domínio prende-se ela à anterior.f) De Obrigatoriedade(?!?), por ser a transcrição indispensável à aquisição da propriedade imobiliária por ato inter vivos.g) De Retificação pois o registro não é imutável. (Lei 6015/73, art. 213 à 216).

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AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

POR ACESSÃOLeg. Básica – art. 1248 à 1258 do C. Civil.

Conceitos:“Modo originário de adquirir a propriedade, em virtude do qual fica pertencendo ao proprietário tudo quanto se une ou se incorpora ao seu bem” Clóvis Beviláqua (art. 1248 I à V do C.Cível).“Direito em razão do qual o proprietário de um bem passa a adquirir o domínio de tudo aquilo em que a ele adere”. Marcello Caeteno da Costa.

Modalidadea) Acessão natural (de imóvel a imóvel), sem a participação do homem.b) Acessão industrial ou artificial (de móvel a imóvel), com a participação do homem.

Acessão, será própria quando o acréscimos se forma pelos depósitos ou aterros naturais nos terrenos marginais dos rios e impróprios quando tal acréscimos se forma em razão do afastamento das águas que descobrem parte do álveo.

Requisitos p/ Acessãoa) conjunção entre duas coisas, até então separadasb) caráter acessório de uma coisa em função de outra. A acedida é principal e a acedente e a acessória.

Problemas jurídicos que surgema) atribuição do domínio da coisa acedente à principal, resolvido pela regra de que o acessório segue o principal.b) conseqüências patrimoniais decorrentes da acessão, que será resolvido tendo em vista o princípio que veda o enriquecimento indevido, conferido ao desfalcado sempre que possível, uma indenização.

Casos de Acessão*Formação de Ilha 1249 *Aluvião 1250 *Avulsão 1251 *Álveo abandonado 1252 *Construção e Plantações 1253

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AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL

POR USUCAPIÃO

Leg. Básica – art. 1238 ss do C. Civil.

Generalidades:Significado: USU ⇒ Pelo uso / CAPIO ⇒ TomarGênero da palavra: masculino ou feminino o usucapião ou a usucapião. A palavra é do

gênero feminino, logo a utilização correta seria a usucapião, contudo com a evolução normal da língua passou a ser considerada do gênero masculino.

Existe no Direito Romano desde as Leis da XII TábuasA prescrição passou a ser maneira de aquisição e perda de direito. Existe uma idéia

manifesta de que a prescrição e o usucapião são a mesma coisa, proveniente do direito francês, já no direito alemão existe a teoria dualista de que o usucapião e a prescrição são institutos em separado, como de fato o são, inclusive em nosso sistema jurídico, apesar de ser chamado por alguns de prescrição aquisitiva.

Conceitos:O usucapião é um modo de aquisição de propriedade e de outros direitos reais (usufruto, uso, habitação, servidões prediais) pela posse prolongada, da coisa com a observância dos requisitos legais.“Modo de adquirir a propriedade pela posse continuada durante certo lapso de tempo, com os requisitos legais” Modestino.

Se é aquisição originária ou derivada até hoje ainda se discute, apesar de em nosso direito a corrente que o considera aquisição originária é esmagadoramente maior.

FundamentosSubjetivo: Animo de renúncia do proprietárioObjetivo: Garantir a estabilidade e a segurança da propriedade, fixando um prazo do qual não se pode mais levantar dúvidas ou contestações a respeito, sanando a ausência de título do possuidor, bem como vícios do título que o mesmo tiver.

Requisitos São três ordens:a) Pessoais: Exigências em relação ao possuidor que pretende adquirir o bem e ao proprietário que o perde (arts. 197 e 198 do CC).b) Reais: Alusivas ao bem e direitos suscetíveis de serem usucapidos, pois nem tudo poderá, como as coisas fora do comércio e os bens públicos. (arts 183 § 3º e 191 § Único da CF)c) Formais: Os elementos necessários ou comuns ao instituto, são eles a posse mansa, pacífica e contínua, lapso de tempo fixado em Lei, sentença judicial (CPC 941 à 945), e os especiais: justo título e boa-fé.

(Res habilis, tituls, fides, possessio, tempus).

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Tipos Extraordinário Ordinário Especial/ConstitucionalRequisitos 1238 1238 § 1242 1242 § 1240

Urbano1239Rural

Lei 10257/01 Nome Colet.

Urbano

1228 § 4º e 5º

Pessoais

-Normal -Normal-Uso p/ moradia-Exploração

-Normal -Normal-Aquisição Onerosa-Registro cancelado-Exploração moradia

-Uma vez.- P/ moradia- Sem outro imóvel

- P/ moradia e trabalho pessoal ou da família- Sem outro imóvel

- Pop. baixa renda.- Sem outro imóvel.- Moradia

- Grupo Social

Reais Normal Normal Normal Normal 250m2 50 Há Condomínio indivisível.> 250 m2

- Urbano

- Área extensa.-Exploração

Formais 15 anos 10 10 anos 5 anos 5 anos 5 anos 5 anos 5 anosEspeciais j. título +

boa féj. título + boa-fé

- - - -Indeniz.-Boa-fé

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DIREITO DE VIZINHANÇA(Bibliografia básica Silvio Rodrigues)

Conceito“São limitações impostas por lei às prerrogativas individuais e com o escopo de conciliar

interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio e de modo a regular a convivência” Sílvio Rodrigues

Interesses juridicamente protegidos – SOSSEGO, SAÚDE, SEGURANÇA

Distinção entre D. Vizinhança (DV) e Servidão• Direito de VizinhançaÈ criado pela lei – limitação ao direito de propriedade criada por lei, Sua natureza jurídica é de limitação ao direito de propriedadePara sua constituição não necessita de registro, basta ser proprietário ou possuidor/detentor

do imóvelÉ recíproco – atinge todos em sociedade criando igualmente direitos e obrigações

• ServidãoA Servidão é criado mediante vontade devidamente registrada no registro imobiliárioTem natureza de Direito Real sobre Coisa AlheiaSeu modo de constituição por excelência é por ato inter vivos através do RegistroLimita o prédio chamado de Serviente e dá prerrogativas de propriedade ao predio chamado

de Dominante, o serviente perde o dominante ganha.

Natureza JurídicaObrigação PROPTER REM.

ClassificaçãoGratuitos – limitações ao direito de propriedadeOnerosos – lembram desapropriação no interesse particular (passagem forçada)

Uso Nocivo Da Propriedade – Art. 1277 Do Código CivilAs diversas espécies de atos abaixo descritos podem ensejar um mau uso da propriedade ou

ainda que um uso perfeito a necessidade de indenização.

Distinção entre espécies de atos lesivosATOS ILEGAIS –– art. 186 do C. Civil. Aqueles que são contrários de forma literal à

norma. Ex. jogar lixo em terreno vizinho.ATOS ABUSIVOS – art. 187 parte do Código Civil – previsto pelo 1277 do C. Civil (teoria

do uso normal da coisa). Aqueles que em parte são perfeitos mas em parte extrapolam a normalidade.

ATOS LESIVOS – Previsto agora pelo 1277 do C. Civil.O ato jurídico perfeito mas que mesmo assim causa prejuízo a um vizinho. Ex. um bate-estaca em funcionamento. Caberá o juiz decidir se cabe reparação ou não.

Danos suscetíveis de serem remediadosAqueles que causem efetiva lesão ao sossego, saúde, segurança e patrimônio, cabendo ao

juiz decidir

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Composição conflitoSe tolerável o incômodo e este for por ato lesivo , deverá ser suportado pela parte.Se intolerável o incômodo ou se o prejuízo causado for significativo sendo interesse

individual deverá o juiz mandar cessar o incômodo e reparar o prejuízo, especialmente ato abusivo e mais ainda o ilegal.

Se intolerável o incômodo ou se o prejuízo causado for significativo sendo interesse coletivo deverá mandar reparar o dano e minimizar a níveis toleráveis o incômodo, ainda que com criação de obras para tais fins, não pode mandar cessar.

O mau-uso da coisa significa uso abusivo, irregular, anormal do direito, fica a dúvida se uso imoral é mau uso, a jurisprudência nega interpretação analógica e entende, em regra, que não.

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PERDA DA PROPRIEDADE IMÓVEL

A propriedade tende a perpetuidade, até que por algum meio legal seja perdida, são exemplos deste:

- Alienação – (1275, I) (Voluntária), despende de Registro no Cartório Imobiliário. - Renúncia – (1275, II) (Voluntária) despende de Registro no Cartório Imobiliário - Abandono – (1275, III) (Voluntária) Não despende de Registro no Cartório Imobiliário- Perecimento Imóvel (1275, IV) (Involuntária) Não despende de Registro no Cartório

Imobiliário- Desapropriação necessidade ou utilidade pública (1275, v) ou interesse social (art. 5º,

XXIV, 182, §§ 3º e 4º, III, 184, §§ , 1º e 5º CF) (Involuntária) despende de Registro no Cartório Imobiliário

- Requisição (Involuntária) despende de Registro no Cartório Imobiliário - Usucapião (Involuntária) despende de Registro no Cartório Imobiliário- Acessão (Involuntária) ou (Voluntária) despende de Registro no Cartório Imobiliário- Casamento Comunhão Universal (Voluntária) despende de Registro no Cartório

Imobiliário - Sentença Transitada em Julgado (Reivindicatória) (Involuntária) despende de Registro no

Cartório Imobiliário- Implemento Condição Resolutiva (Involuntária) ou (Voluntária) Não despende de Registro

no Cartório Imobiliário- Confisco (Involuntária) despende de Registro no Cartório Imobiliário

Breves Comentários

- Alienação: - É a transferência por vontade própria do direito a outrem. Pode ser gratuita (doação) ou oneroso (compra e venda). Existe aqui a perda e a aquisição de propriedade. A alienação terá que ser acompanhada do registro.

- Renúncia: - Ato unilateral, onde a propriedade expressamente diz abrir mão do seu direito sobre a coisa em favor de terceiro. A exceção de causar prejuízos a terceiros, é possível a renúncia. Exemplo herança. Terá que ser registrado.(abre mão favor outrem)

- Abandono: – (Não tem ser registrada) Ato unilateral em que o proprietário se desfaz voluntariamente do imóvel, por não mais querer ser dono da coisa. É preciso o anuncio de abandono (a derelição). (abre mão para ninguém). Após o prazo de três anos se ninguém reclamar será domínio público.

- Perecimento Imóvel: - Seja por ato voluntário ou involuntário. Existe discussão se o restabelecimento do objeto restabelece o direito.

- Desapropriação: - (DL 3365/41/CF art. 5º, XXIV, 182, § 3º e 4º, III, 184 § 1º e 5º, entre outras legislações) Modo especial de perda da propriedade.

É instituto direito público cujos efeitos pertencem ao direito civil. (OTTO MAYER).“É o procedimento administrativo através do qual o Poder Público, compulsoriamente,

despeja alguém de uma propriedade e a adquire para si, mediante indenização, fundada em interesse público.”

A desapropriação é um ato do poder público, fundado em lei, por força do qual se retira total ou parcialmente um direito ou um bem inerente ao patrimônio individual em benefício de um empreendimento público. Em substância, é uma transformação dos direitos privados no interesse público, sob o princípio fundamental de estar o interesse do indivíduo subordinado ao interesse da coletividade. (Serpa Lopes)

Necessidade Pública, Utilidade Pública ou Interesse Social (art. 184 CF) (casas populares). A desapropriação poderá ser sobre qualquer sorte de bens, até direitos, menos ao personalíssimos

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(ex. vida). Não existe a “retrocessão”, para reaver o imóvel, no máximo permite a perda e danos. (CC) + (art. 35 do DL 3.365/41).

- Requisição: - É a obrigação compulsória imposta pelo estado a alguém para que lhe preste um serviço ou lhe ceda o uso de uma coisa, por interesse social pagando entre os prejuízos causados. (5º XXV, 22, III CF). Eleição, defesa nacional, etc. Pode ser definitiva se o bem for consumível ou temporário, quando há mera utilização.

Requisição DesapropriaçãoBens e serviços Bens

Uso Aquisição propriedadeNecessidade transitória Necessidade permanente

Auto executório Depende acordo/procedimento judicialIndenização posteriormente e nem

sempre, só se causar prejuízo.Indenização antes (prévia) e sempre

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AQUISIÇÃO E PERDA PROPRIEDADE MÓVEL

Vide Legislação – Código Civil. É essencial.

Especificação é a transformação de algo pelo trabalhoConfusão – Mistura coisas líquidasComistão – Mistura coisas sólidas

Adjunção – Justaposição

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CONDOMÍNIO

Legislação Básica:

Conceito- Segundo Caio M S Pereira, temos condomínio quando a mesma coisa pertence a mais de uma pessoa, cabendo a cada uma delas igual direito idealmente sobre o todo e cada uma de suas partes. Cada consorte é proprietário da coisa toda, delimitado pelos iguais direitos dos demais condomínios, na medida de suas quotas.

Natureza Jurídicaa) Teoria das Propriedades Plúrimas Parciais (Romana/Individualista)s – Só parte ideal.b) Teoria da Propriedade Integral ou Total (Germânica/Coletivizada)– Todos limitados pelas

partes

ClassificaçãoQuanto a origem- Convencional: Se resultar de acordo de vontade dos consortes- Incidente ou eventual: Quando vier a lume, em razão de causas alheias à vontade dos condôminos (herança deixada a vários herdeiros)- Forçado ou legal: Quando derivar de imposição de lei (compáscuo)Quando ao objeto: Universal: Se compreender a totalidade do bem, inclusive frutos e rendimentosParticular: Se restringir a determinadas coisas ou efeitos, ficando livres os demais.Quanto à sua necessidadeOrdinário ou transitório: Se puder cessar a qualquer momento.Permanente: Quando não pode extinguir-se em razão de lei ou de sua natureza indivisível (condomínio forçado)Quanto à formaPro diviso: A comunhão existe juridicamente mas não de fato (condomínio em edifícios de apartamentos).Pro indiviso: A comunhão perdura de fato e de direito

Direitos e deveres dos condôminosQuanto às suas relações internas1 – (CC, arts. 1314 e 1314) Cada consorte pode usar livremente a coisa conforme seu

destino e sobre ela exercer todos os direitos compatíveis com a indivisão. Daí as responsabilidade que lhes decorrem dos arts. 1315, parágrafo único, e 416 do Código Civil.

2 – Cada condômino pode alhear a respectiva parte indivisa (CC, art. 1314), respeitando o direito preferencial reconhecido aos demais. (CC, art. 1322).

3 – Cada consorte tem direito de gravar a parte indivisa (CC, arts. 1314), sendo evidente que não pode gravar a propriedade sob condomínio em sua totalidade sem o consentimento dos outros condôminos.

4 – Se um dos consortes contrair dívida em proveito da comunhão responderá pessoalmente pelo compromisso assumido, mas terá contra os demais ação regressiva (CC, art. 1318), e se a dívida tiver sido contraída por todos, aplica-se no art. 1317 do Código Civil.

Quanto à suas relações externas1 – Cada consorte pode reivindicar de terceiros coisa comum (CC, art. 1314) e pode

defender sua posse contra outrem (CC, art. 1314).

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2 – A nenhum condômino é lícito (CC, art. 1314, § Único), sem anuência dos outros, dar posse, uso e gozo da propriedade e estranho. Pode pedir a retomada de imóvel locado, desde que se configurem as circunstâncias legalmente previstas (CC, art. 1323)

AdministraçãoTodos os consortes poderão usar da coisa, dentro dos limites de sua destinação econômica,

auferindo todas as vantagens sem prejuízo de qualquer deles. Se impossível o uso do bem cabe e eles deliberar se deve ser vendido, alugado ou administrado (CC, arts. 1323).

ExtinçãoDivisãoEm se tratando de condomínio ordinário as partes podem exigir, a qualquer tempo, sua

divisão (CC, arts. 1320). Essa divisão pode ser: amigável, efetivando-se por escritura pública quando todos os consortes forem maiores e capazes, ou judicial , quando não houver acordo ou qualquer um deles for incapazes (CPC, arts. 967 e seg.)

VendaAmigável: - Basta que um deles queira vender esta que não se efetivará se a unanimidade

dos condôminos entender que não é conveniente .Judicial: - (CC, art. 1322)

Condôminos especiais1) – Condomínio em paredes; cercas, muros e valas (CC, arts. 1297, 1298, 1304 a 1307, 1327; CPC (art. 275, II, g)

2) – Compáscuo – Ou condomínio de pastagens; ocorre quando várias pessoas têm o direito de usar o mesmo pasto . Não mais previsto pelo atual código civil.

3) - Multipropriedade imobiliária: Propriedade de tempo compartilhado de locais de prazer.4) - Condomínio fechado: Lei nº 4.591/64, art. 8º

CONDOMÍNIO EM EDIFÍCIOS DE APARTAMENTOS

OrigemSurgiu após I Guerra Mundial, ante a crise de habitações, quando, com o desenvolvimento

das cidades, houve necessidade de melhor aproveitar o solo. Regulamentado atualmente pela Lei nº 4.591/64, com as alterações da Lei nº 4.864/65.Natureza jurídica

Caracteriza-se, juridicamente, pela justaposição de propriedade distintas e exclusivas ao lado do condomínio de partes do edifício forçosamente comuns (Planiol Ripert, Baudry-Lacantinerie) (arts. 1º, 4º e 11 da Lei acima mencionada).Constituição

a) Por destinação do proprietário do edifício, mediante escritura pública, sendo que a venda das unidades autônomas pode ser realizada antes ou depois de concluída a obra.

b) Por incorporação imobiliária, que é o negócio jurídico que tem o intuito de promover e realizar a construção, para a alienação total ou parcial de edificações compostas de unidades autônomas (arts. 28, parágrafo único, 29, 31 e 32 da Lei).

c) Por testamento, em que se recebe, por herança, um prédio que deverá ter essa configuração.

d) Por constituição do regime por vários herdeiros.e) Por arrematação em hasta pública, doação, compra de fração do edifício.f) Por sentença judicial, em ação de divisão.

Direitos dos condôminos

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Estão definidos na “Convenção de Condomínio”, que é um ato-regra gerador do direito estatuário ou corporativo, aplicável não só aos que integram a comunidade, como também a todos que nela se encontrem na condição permanente ou ocasional de ocupantes (art. 9º §§ 1º, 2º e 3º).Deveres dos condôminos

- Observar as regras de boa vizinhança- Não alterar o prédio externamente a não ser com licença dos consortes (art. 10, § 2º).Não decorrer as partes e esquadrias externas com tons diversos dos empregados no conjunto

da edificação.Não destinar a unidade a utilização diversa da finalidade do prédio.Não praticar ato que ameace a segurança do prédio ou prejudique a higiene.Não embaraçar o uso das partes comuns (art. 10, I a IV).Não alienar a garagem a pessoa estranha ao condomínio.O art. 10, § 1º, prescreve as sanções aos que transgredirem esses deveres.Concorrer com sua quota para as despesas do condomínio (art. 12, §§ 1º e 2º), sob pena de

sofrer as sanções do art. 12, § 3º.Administração

1 – Síndico é a pessoa que defende os direitos e interesses comuns dos condôminos (art. 22, 4º), que os representa, que admite e demite empregados, que arrecada contribuições deliberadas pela assembléia (art. 22, § 1º).

2 - Administrador (art. 22, § 2º) é a pessoa a quem o síndico delega certas funções administrativas.

3 - Subsíndico (art. 23, § 6º) é o auxiliar do síndico.4 - Órgão Consultivo (art. 23), composto por três consortes que assessoram o síndico.5 – Órgão Deliberativo Assembléia Geral, constituída por todos os condôminos.

Extinção1 – Desapropriação do edifício2 – Confusão, se todas as unidades autônomas forem adquiridas por uma só pessoa.3 – Destruição do imóvel por qualquer acontecimento, incêndio, por exemplo.4 – Demolição voluntária do prédio.5 – Alienação de todo o prédio.

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DIREITOS REAIS SOBRE COISAS ALHEIAS:

* Espécies.A exceção da propriedade, todos os direitos reais existentes são sobre coisa alheia, ou seja, são

exercitadas sobre coisa alheia (jus in re aliena).São eles:

a) De gozo ou função - Superfície, Servidão Predial, Usufruto, Uso, Habitação,b) Em Garantia - Penhor, Hipoteca e Anticrese. (Alienação Fiduciária Sui Generis).c) De aquisição – Compromisso de Compra e Venda Ora, o direito real mais completo é o domínio (PROPRIEDADE), pelos poderes de usar, gozar,

dispor e recuperar a coisa contra quem injustamente a possua, Mas, possível também a divisão dos direitos elementares de propriedade, constituindo-se, cada, um direito real sobre coisa alheia, se pode ver dos direitos de usufruto e servidão

Em suma, os direitos reais, sob o angulo passivo, “paralisam a faculdade correspondente naquele que mantém a propriedade; detêm temporariamente sem exercício, sem que jamais se destaque do seu tronco”, ou nas palavras do prof. Clóvis Beviláqua, “são os que se constituem pela desagregação de uma parcela do poder dominical, ou recaem sobre utilidade particular da coisa”.

Constituição por ato inter vivos.Além do negócio jurídico, necessário em nosso direito pátrio o Registro (antiga transcrição e

inscrição), no caso de bem imóvel (Cart. Reg. imobiliário) e no caso de bem móvel a tradição.Assim, o contrato que reza a existência (criação) de um direito real, como por exemplo uma

Hipoteca, cria apenas uma obrigação pessoal entre as partes, ou seja, direito obrigacional, se não devidamente registrado no cartório competente, notadamente falando-se de imóveis. Contudo, após o registro, nasce o Direito Real e esse seguirá com a coisa.

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SUPERFÍCIE

Conceito (Leg. Básica 1369 e segs CC)Direito real sobre coisa alheia que onde o proprietário do bem imóvel concede a outrem o

direito de construir ou plantar em seu terreno, por tempo determinado (ou não - Lei nº 10.257/01, art. 21 - Est. Cidade), mediante escritura pública registrada no registro imobiliário.Sujeitos

Concedente ou Fundeiro = Sujeito passivo = ProprietárioSuperficiário = Sujeito ativo= Tit. Dir. Real

ObjetoImóvel/ Superfície do solo para fins de plantio e/ou construção, exploração econômica (vide amplitude).Denominações

Direito de SuperfícieConcessão de Uso da Superfície (Dir. Administrativo)

Modos ConstituiçãoRegistro no Registro Imobiliário Competente do Imóvel, o mero contrato não registrado não

gera efeito de Direito Real.Não se cogita de início a possibilidade de usucapião, mas pode vir a ser possível pois não

existe expressa vedação legal.A lei é silente quanto a constituição “causa mortis”, a princípio não impede.

Onerosidade ou Gratuidade do InstitutoA lei faculta a constituição de forma onerosa ou gratuita, contudo no silêncio das partes se

reputará oneroso (pois é cessão de importante prerrogativa do direito de propriedade) a menos que as circunstâncias do contrato (negócio) demonstrem de forma contrária (Posição de Silvo Venosa).

O pagamento é denominado de cânon superficiário.Alienação Onerosa ou Gratuita

Não pode ser estipulado laudêmio contudo será obrigatório conceder o direito de preferência (preempção/prelação) no caso de alienação mas a lei não disciplina como, desta forma há de se usar o art. 513 e segs para sanar a omissão, mas resta controvérsia pelo art. 520 que não é perfeitamente aplicável.

Além disso o termo utilizado no art. 1.373 é alienação, logo poderá ser gratuita ou onerosa, o que será o disparate em favor da outra parte se for gratuita a alienação.Resgate

A lei não fala de resgate, mas as partes podem assim convencionar no negócio.Direitos e Deveres

Direitos:Construir, plantar (termo usado para obra ou plantação realizada é implante).

- (destruir as plantações ou construções anteriores, ou alterar-lhes?)

-Edificar completando a edificação anterior? (sobreelevação Português).

Deveres-Conservar a coisa (envolve aí pagamento das despesas tributárias do imóvel).-Respeitar os termos convencionados-Pagamento do cânon se onerosa

ExtinçãoDiversas formas, dentre elas:-falta de conservação da coisa;-utilização diferente da destinação convencionada;-destruição do objeto;

-falta de pagamento do cânon;-desapropriação, e;-denúncia – art. 473 CC.

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ENFITEUSE (Vide código de 1916)

Conceito (art. 678 CC)“Direito real sobre coisa alheia que autoriza o enfiteuta a exercer, restritiva e perpetuamente,

sobre coisa imóvel, todos os poderes de domínio, mediante o pagamento ao senhorio direito de uma renda anual invariável (foro)”. Maria Helena Diniz.Sujeitos

a) Passivo: Oque tem o domínio do imóvel aforado, o SENHORIO DIRETO.(POSSUI DOMÍNIO DIREITO OU IMINENTE MAS ESTÁ AFASTADO DA COISA).*

b) Ativo: O que possui o bem de modo direto, tendo sobre ele direito de uso, gozo e disposição, o ENFITEUTA ou FOREIRO, desde que não afete sua substância (POSSUI O DOMÍNIO ÚTIL).• O domínio direto manifesta-se pelo recebimento do cânon ou foro, na percepção do

laudêmio caso seja alienado e no jus praelationis e devolutionis.Denominação

De origem grega e posteriormente incorporado ao direito romano, vem de “en”e phyteusis”, significando plantar, cultivar, semear, Lafayette já dizia que consistia a ENFITEUSE no direito de cultivar o campo alheio, mediante pensão anual e de aproveitá-lo tão amplamente como o faz o proprietário, sem destruir-lhe a substância.

Além de ENFITEUSE, também é conhecido como EMPRAZAMENTO (Acordo) e como AFORAMENTO(Foro), de origem portuguesa, os nomes.

Lembrando, o ENFITEUTA pode ser denominado também de FOREIRO.Modos de Constituição

Notícia Histórica pois o art. 2038 do CC não mais permite a criação de enfiteuses privadas. Podia ser constituído por três modos diferentes:a) Transcriçãob) Sucessão Hereditáriac) Usucapião

Sendo o título constitutivo a contrato, o testamento ou a sentença judicial.a) Transcrição, através de um contrato, no qual as partes não poderão ir de encontro ao

legislador, Ex: não pode ser sobre bem móvel, terá que pagar o foro, etc. Terá que ser por escritura pública à depender do valor do imóvel (Poderá alterar o LAUDÊMIO E O DIREITO DE OPÇÃO).

b) Sucessão hereditária, que se dá através do testamento, e apesar de não ser necessário a transcrição do testamento, vez que a sucessão é modo de aquisição do direito real, necessário será a transcrição do formal de partilha.

c) Usucapião - Sendo a sentença judicial título hábil para ser transcrito no Registro Imobiliário. É uma modalidade rara, pois é fácil ao SENHORIO interromper a posse do ENFITEUTA, mas o SENHORIO poderá permitir essa posse e se o ENFITEUTA cumpre suas obrigações, posse gerará o usucapião. Idêntica situação se alguém que não é proprietário do bem o da em ENFITEUSE (a chamada NON DOMÍNIO), o ENFITEUTA acabará adquirindo o direito real de ENFITEUSE contra o verdadeiro dono da coisa se conservar a posse mesmo se o concedente age de má-fé se decorrido o prazo para usucapião extraordinário.

Foro, Cânon ou PensãoForo, cânon ou pensão são sinônimos que significam a contraprestação devida pelo enfiteuta

ao senhorio, devendo o mesmo ser anual, certo e invariável; o não pagamento do foro por um período de três anos gera o COMISSO, a perda do direito real pelo enfiteuta (art. 692 II, CC).

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Além disso, possui o senhorio direito de preferência caso o enfiteuta procure vender(Alienar onerosamente) o domínio útil que tem (art. 683 e 689 CC).

Possui, por fim, o direito de adquirir o domínio útil no caso do enfiteuta falecer sem herdeiros. (art. 692, II de cc).

Alienação Onerosa ou Gratuita.No caso da alienação onerosa terá o senhorio direto o direito de preferência, caso não adquira

ele o imóvel, terá direito ao laudêmio (art. 686 CC), porcentagem de 2,5% sobre a alienação, se outro não for o percentual fixado. Caberá também laudêmio na dação em pagamento.

Entretanto, não é cabível o laudêmio nas alienações gratuitas.Resgate

Direito que possui o foreiro de adquirir, compulsoriamente contra o senhorio direto (proprietário), o domínio direto, mediante o pagamento de uma determinada indenização (art.693 de CC). Esta regra somente poderá ser alterada para diminuir o prazo do resgate e fixar indenização menor.

TERRENOS DE MARINHA

Terras Devolutas (Sem Dono)Terras devolutas, na faixa de fronteiras, nos Territórios Federais e no Distrito Federal, são as

terras que, não sendo próprias nem aplicadas a algum uso público federal, estadual ou municipal, não se incorporam ao domínio privado. (art. 5º DL 9760/46).Terrenos Alodiais

A propriedade imóvel livre de foros, vínculos, pensão ou ônus.Terrenos de Marinha (Art. 2º Dl 9760/46)

São terrenos de marinha, em uma profundidade de 33m, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar médio de 1831;

a) Os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagos, até onde se faça sentir a influência das marés;

b) Os que contornam as linhas situadas em zona onde se façam sentir a influência das marés.Terrenos Acrescidos de Marinha (Art. 3º Dl 9760/46)

Finalidade:Dá-se à enfiteuse nos imóveis de propriedade da união quando coexistir a conveniência de

radicar o indivíduo ao solo e manter o vínculo da propriedade pública (art. 64, §, 2º DL 9760/46).Legislação: arts. 1, 2, 3, 4, 5, 9, 10, 19, 20, 64 § 2º, 68, 70, 71, 74, 99, 100, 101, 103, 104, 105, 116, 118, 119, 120, 121, 122, 123, 124, 198, 200, 201 do DL 9760/46.todos, com seqüela e preferência, sendo “numerus clausus”

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SERVIDÕES PREDIAIS (art. 1378 e seguintes)

ConceitoServidão é o direito real sobre a coisa imóvel, que lhe impõe um ônus em proveito de outra,

pertencente a diferente dono (Orlando Gomes).Servidão é o encargo que suporta um prédio denominado serviente, em benefício de outro

prédio chamado dominante, conferindo ao titular o uso e gozo do direito ou faculdade. Em resumo, é direito real de fruição e gozo da coisa alheia, limitado e imediato.

Segundo MHD as servidões prediais são direitos reais de gozo sobre imóveis que, em virtude de lei ou vontade das partes, se impõem sobre o prédio serviente em benefício do dominante. Ex vi art. 1378 do CC.Sujeitos

O prédio que suporta a servidão chama-se serviente. O outro, em favor do qual se constitui denomina-se dominante.Comparação com outros InstitutosSERVIDÃO X DIREITO DE VIZINHANÇA

Não se confundem as servidões prediais com o direito de vizinhança (servidão legal), pois:-o direito de vizinhança é criado por lei para dirimir contendas entre vizinhos; as servidões

prediais decorrem de lei ou de convenção, consistindo em encargos que um prédio sofre em favor de outro, para o melhor aproveitamento ou utilização do prédio beneficiado.

-Os direitos de vizinhança são limitações ao direito de propriedade impostas em lei, face a todos os prédios em razão de sua proximidade (são direitos recíprocos, que não supõem, portanto, diminuição de um prédio em razão de outro). As servidões privam o prédio serviente de certas utilidades, importando desvalorização patrimonial.

-Os direitos de vizinhança são limitados à proteção de três interesses juridicamente protegidos, à saber o sossego, à saúde e a segurança; as servidões são ilimitadas em relação as interesses, as espécies existentes visando os mais variados interesses.SERVIDÕES X SUPERFÍCIE

-Direito de servidão é perpétuo, salvo exceções, o de superfície é temporário;-A Servidão tem um objeto mais amplo, enquanto eu o D. de Superfície limita-se quanto ao

objeto à exploração econômica do solo, plantando e/ou construindo;-Modos constitutivos diferenciados: Servidão Usucapião, Superfície não.-Existência de apenas um prédio na Superfície, na Servidão dois.

SERVIDÕES X USUFRUTOO usufruto implica cessão do direito de uso e gozo da coisa ao usufrutuário, dos quais fica

temporariamente privado o proprietário. A servidão é encargo que não impede o proprietário de usar e gozar sua propriedade.

-O usufruto pode recair sobre bens imóveis, móveis, corpóreos e incorpóreos, enquanto a servidão incide em coisas imobiliárias de certa espécie, como o solo e as construções.

-O usufruto é estabelecido em proveito de uma pessoa e, por isso, se considerava servidão pessoal. A servidão constitui-se exclusivamente em benefício de um prédio; daí chamar-se servidão predial.

-O usufruto é temporário; a servidão, perpétua.SERVIDÃO X ATOS DE TOLERÂNCIA

Muitas vezes o proprietário de um prédio permite que o vizinho pratique nele determinados atos sem ter, porém, a intenção de constituir em seu favor um direito. Esses atos de tolerância são eminentemente precários. Sua repetição não enseja direitos. Exemplo trânsito tolerado por simples cortesia.

A servidão não se presume. Depende de título convencional ou de usucapião.SERVIDÃO X SIMPLES FACULDADES

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A servidão não deve ser confundida com as simples faculdades que a lei concede a toda gente. Ninguém pode arrogar-se o direito de servidão sobre o prédio vizinho, impeditivo de sua reconstrução em altura mais elevada, só porque ele desfrutava de belo panorama do qual ficará privado. A simples faculdade não e suscetível de posse.Fundamento Básico da Servidão

A utilidade do prédio dominante. Necessário que torne o prédio dominante mais útil, mais cômodo, ou, ao menos, mais agradável. Necessário que ocorra um aumento patrimonial para um prédio dominante. Princípios

-A servidão é uma relação entre prédios vizinhos (posto não essencial a contigüidade), a exemplo a servidão de um aqueduto, em que o titular do domínio de um prédio tem direito real de passar água por muitos outros, dos quais só um deles lhes é confinante.

-Não há servidão sobre a própria coisa, servidão não pode recair sobre prédio do próprio titular.

-Na servidão serve a coisa e não o dono, logo, distingue-se da obrigação, uma vez que o titular do domínio do imóvel serviente não se obriga a prestação de um fato positivo ou negativo, mas apenas assume o encargo de tolerar certas limitações de seus direitos dominicais em benefício do prédio dominante, tendo o dever de não se opor a que este último desfrute das vantagens que lhe são outorgadas pela servidão.

-Não se pode de uma servidão constituir outra. Logo, o titular do domínio do imóvel dominante não tem o direito de ampliar a servidão a outros prédios, quanto ao mesmo prédio a lei faz ressalva.

-A servidão não se presume (art. 1378 do CC). A servidão deve ser comprovada explicitamente cabendo o ônus da prova ao que alegar a sua existência; em função disso deve-se interpretar a servidão restritivamente, por ser ela uma restrição ao direito de propriedade; seu exercício deve ser o menos oneroso possível ao prédio serviente; no conflito de provas apresentadas pelo autor e réu, deve-se decidir contra a servidão, porque a interpretação deve ser stricti juris.

-A servidão, uma vez constituída em benefício de um prédio, é inalienável, não podendo ser transferida total ou parcialmente, nem sequer cedida ou gravada com uma nova servidão.

-A servidão é indivisível. Em função disso não poderá ser constituída sobre parte ideal de um prédio; mesmo o proprietário do prédio dominante se tornando condômino do serviente, ou vice-versa, mantém-se a servidão, se defendida a servidão em proveito de um dos condôminos do prédio dominante a todos aproveita.

-A servidão é estabelecida voluntariamente, se estabelecida por lei é direito de vizinhança.-É um direito real que acompanha a coisa imóvel, perpétuo e acessório.

Natureza JurídicaA servidão é um direito real de gozo ou fruição sobre imóvel alheio, de caráter acessório,

indivisível, perpétuo e inalienável. Seu titular está munido de ação real e direito de seqüela erga omnes.

-A servidão tem caráter acessório uma vez que se liga a um direito principal que é o direito de propriedade que lhe dá origem.

-Sua duração é indefinida (pode ser constituída por convenção uma servidão temporária subordinada a termo determinado ou a condição).

-Sua indivisibilidade está contida no art. 1386 do CC.- A servidão não se desdobra, não podendo, pois ser adquirida ou perdida por partes.

ClassificaçãoQuanto a natureza (objeto) dos prédios elas podem ser rústicas (localizadas fora do

perímetro urbano; ex vi condução de gado ao poço vizinho) ou urbanas (dentro do perímetro urbano. Ex vi escoar água de seu telhado através de goteiras, calhas, canos ou tubos, para o prédio vizinho).

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Quanto a causa que lhes dão origem elas podem ser legais (são as que advêm de imposição legal. Ex vi a de passagem forçada), naturais (são as que derivam da situação dos prédio. Ex vi a que se verifica em relação ao escoamento das águas) e convencionais ou voluntárias (são as resultam da vontade das partes, exteriorizada em contratos e testamentos).

Pelo modo de exercício, classificam-se em três grupos:(1) contínuas (quando subsistem e se exercem independentemente de ato humano direto,

embora seu exercício possa interromper-se. Ex vi a servidão de passagem de água, energia elétrica, ventilação ou iluminação) ou descontínuas (quando o seu exercício de funcionamento requer ação humana. Ex vi a de trânsito).

(2) positivas (o proprietário do prédio dominante tem direito a uma utilidade do serviente, podendo praticar neste os atos necessários a este fim. Ex vi a de passagem pelo prédio serviente) ou negativas (o proprietário do serviente deve abster-se de certo ato ou renunciar um direito que poderia exercer no prédio se não houvesse servidão. Ex vi a de não edificar em determinado local ou acima de certa altura).

(3) ativas (consistem no direito do prédio dominante) ou passivas (consiste no encargo do prédio serviente).

Quanto a sua exteriorização podem ser aparentes (são as que se mostram por obras ou sinais exteriores, que sejam visíveis e permanentes. Ex vi, a de aqueduto) ou não-aparentes (as que não se revelam externamente. Ex vi, a de não construir além de certa altura ou a de caminho).Modos de Constituição

Pelo art. 1378 do CC, sabe-se que a servidão não se presume, de maneira que para ter validade erga omnes precisa ser comprovada e ter o título de sua constituição inscrito no registro imobiliário (art. 1378 do CC).Os atos constitutivos que requerem tais inscrições são: ato jurídico inter vivos ou causa mortis : se for constituída por contrato, só o pode ser por quem for capaz, ou seja, por quem for proprietário, enfiteuta e fiduciário. É mister salientar, ainda, que as não-aparentes somente poderão ser adquiridas pela transcrição do título (CC, art. 1379; Lei n. 6.015/73, art. 167, I, n. 6) ou pela sua inscrição. Esse ato jurídico inter vivos deve ser oneroso porque o proprietário do prédio serviente é indenizado pela restrição que é imposta ao seu domínio (RT, 326:496). As servidões não aparentes só se adquirem por transcrição no Registro de Imóveis (arts. 1378 e 1379 CC). Orlando Gomes, com muita propriedade, afirma que as servidões constituem-se por ato voluntário unilateral ou bilateral. As formas de estabelecimento unilateral são o testamento (causa mortis) e a destinação do pai de família ou destinação do proprietário (neste caso é preciso que o proprietário de dois prédios contíguos estabeleça entre eles uma serventia que subsista, transformando-se em servidão, ao tempo da separação do domínio dos dois prédios. Esse modo de constituição só se aplica a servidões contínuas e aparentes). Na constituição bilateral o modo (fonte) mais comum é a convenção. Os contratos produzem apenas efeitos obrigacionais; geram obrigações; não têm força para criar direito real. Logo, o contrato serve como título à aquisição do direito real de servidão. Todas as servidões contínuas ou descontínuas, aparentes ou não-aparentes, podem ser estabelecidas mediante contrato. sentença judicial: pelos arts. 979, II, e 980, § 2°, III do CPC, concernentes às ações de divisão e de demarcação, contempla o caso de constituição , quando necessária, de servidão com o escopo de possibilitar a utilização dos quinhões partilhados. usucapião (art. 1379 do CC e 941 do CPC(: Necessária, porém, a transcrição da sentença que a reconheça, a qual, em nosso direito, lhe serve de título, no caso. Contudo, “servidão de trânsito não titulada, mas tornada permanente, sobretudo pela natureza das obras realizadas, considera-se aparente, conferindo direito à proteção possessória” (STF n° 415). Nessa hipótese, será configurável o usucapião, como forma originária de aquisição do direito real de servidão. Somente as servidões contínuas e aparentes é que podem ser adquiridas por usucapião ordinário ou

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extraordinário porque: só estas são suscetíveis de posse, só as aparentes podem ser percebidas por inspeção ocular, e só a continuidade e permanência é que caracterizam a posse para usucapir.ExercícioCiviliter modis – limitar o exercício da servidão somente às necessidades do prédio dominante, quanto possível, evitando agravar o encargo ao prédio serviente, obviamente se possível.Direitos e DeveresDireitos do dono do prédio dominante: -usar e gozar da servidão;-realizar todas as obras necessárias à sua conservação e uso, a fim de poder atingir os objetivos da servidão. -As obras devem ser feitas pelo dono do prédio dominante, se o contrário não dispuser o título expressamente (art. 1381 do CC). Quando a obrigação incumbir ao dono do prédio serviente, este poderá exonerar-se, abandonando a propriedade ao dono do dominante (art. 1382 do CC);-exigir a ampliação da servidão da servidão (art. 1385 § 3º do CC);-renunciar a servidão (art. 1388, I do CC).-Se a servidão pertencer a mais de um prédio, serão as despesas rateadas entre os respectivos donos (art. 1380 do CC). Deveres do dono do imóvel dominante:-pagar todas as obras feitas para uso e conservação da servidão, salvo se houver estipulação em sentido contrário (art. 1381 do CC);-exercer a servidão limitada somente às necessidades do prédio dominante, evitando, quando possível, agravar o encargo ao prédio serviente;-indenizar o dono do prédio serviente pelo excesso do uso da servidão em caso de necessidade (art. 1385 § 3º do CC). Se, porém, esse acréscimo de encargo for devido a mudança na maneira de exercer a servidão, como no caso de se pretender edificar em terreno até então destinado a cultura, poderá impedi-lo o dono do prédio serviente. Nas servidões de trânsito a de maior inclui a de menor ônus, e a menor exclui a mais onerosa (art. 1385 § 2º do CC).Direitos do dono do imóvel serviente:-exonerar-se de pagar as despesas com uso e conservação da servidão independente do consentimento do proprietário do prédio dominante, conforme o art. 1382 do CC;-remover a servidão de um local para outro, contanto que faça à sua custa, e não diminua em nada as vantagens do prédio dominante (art. 1384 do CC);-impedir que o proprietário do dominante efetive quaisquer mudanças na forma de utilização da servidão, pois esta deve manter sua destinação (art. 1385 § 3º do CC);-cancelar a servidão conforme art. 1388 do CC; Lei n. 6.015/73, art. 257;-cancelar a servidão quando houver reunião dos dois prédios no domínio da mesma pessoa, supressão das respectivas obras em virtude de contato ou outro título, ou desuso por 10 anos ininterruptos (CC, art. 1389).Deveres do dono do prédio serviente:-permitir que o dono do prédio dominante realize as obras necessárias à conservação e utilização da servidão (art. 1380 do CC);-respeitar o uso normal e legítimo da servidão (art. 1383 do CC);-pagar as despesas com remoção da servidão e não prejudicar ou diminuir as vantagens do prédio dominante, que decorrem dessa mudança (CC, art. 1384).Extinção

Salvo nas desapropriações, a servidão uma vez transcrita, só se extingue, com respeito a terceiros quando cancelada (art. 1387 do CC). O cancelamento se dá através do registro de seu título constitutivo.

As formas peculiares de extinção independentemente do consentimento do proprietário do prédio dominante, são : a renúncia do seu titular, que declara sua intenção de afastá-la de seu patrimônio (art. 1388 I CC).

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a impossibilidade de se exercício, quando, exemplificativamente, a servidão for de passagem que tenha cessado pela abertura de via pública, acessível ao prédio dominante (art. 1388 II CC). o resgate, ou seja, quando o proprietário do imóvel serviente resgatar a servidão (art. 1388 III CC).

Modos comuns que levam a extinção: a confusão (art. 1389 I CC). a supressão das respectivas obras (nas aparentes) por efeito de contrato ou de outro título expresso (art. 1389 II CC). o desuso durante dez anos consecutivos, o que demonstra o desinteresse do titular e a inutilidade da serventia (art. 1389 III CC).

Extinta, por alguma dessas causas, a servidão predial transcrita, fica ao dono do prédio serviente o direito a fazê-la cancelar, mediante a prova da extinção (art. 1389 caput CC).

Outros modos de extinção: pelo perecimento ou desaparecimento do objeto. pelo decurso de prazo, se a servidão foi constituída a termo, ou implemento da condição se a ela estava subordinada. pela convenção, se a servidão é oriunda de um ato de vontade, poderá cessar se houver manifestação volitiva contrária à sua existência, se as partes interessadas convencionarem sua extinção, cancelando o seu registro. pela impossibilidade de exercício em decorrência de mudança de estado dos lugares, alcançando os fundos dominante ou serviente.Se o prédio dominante estiver hipotecado, e a servidão se mencionar no título hipotecário, será também preciso, para a cancelar, o consentimento do credor.Proteção JurídicaAção confessória / Ação negatória / Interditos possessórios / Nunciação Obra Nova / Ação de usucapião

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USUFRUTO

Conceito“Direito real conferido a uma pessoa, durante certo tempo, que autoriza a retirar da coisa

alheia os frutos e utilidades que ela produz”. Clóvis Beviláqua.

“Constitui usufruto o direito real de fruir as utilidades e frutos de uma coisa, temporariamente destacada da propriedade”. Antigo art. 713 do Código Civil de 1916.

“Direito real de retirar da coisa alheia durante um certo período de tempo, mais ou menos longo, as utilidades e proveitos que ela encerra, sem alterar-lhe a substância ou mudar-lhe o destino”. Lafayette.

“Direito real de gozo que se exerce sobre uma coisa alheia , devendo o usufrutuário conservar a substância, e que se extingue necessariamente pela morte do usufrutuário” Planio e Ripert.

Todas as definições apontadas demonstram a característica real e transitória do instituto, cabendo algumas críticas no que tange a ausência de referência a manutenção da substância da coisa, apesar deste termo “substância da coisa” ser um tanto vago em dado momento.

Partes/Sujeitosa) Nu proprietário - O dono da coisa, que fica apenas com o direito à substância da coisa.b) Usufrutuário - Aquele com quem fica, por um período, o direito de usar e gozar da coisa.

Característicasa) Direito Real b) Sobre a coisa (direito seqüela / oponível erga omnes / defesa mediante ação real)d) Direito uso (utilização pessoal) e gozo (perceber os frutos)e) Sobre coisa alheia - se própria seria domínio.f) Temporáriog) Inalienável h) impenhorável i) intransmissível

ObjetoBens móveis e imóveis, universo de bens, bens incorpóreos, frutos e até produtos.

FinsFinalidade, em regra, assistencial.

Modos de Constituiçãoa) Ato jurídico

• Ato oneroso ou gratuito• Entre vivos ou causa mortis.• No caso de imóveis, registro, de móveis a tradição

b) Lei ** (não é considerado direito real mas sim instituto especial regulado pelo direito de família)

• Bens dos filhos, art. 1689 do C.Civil.• Companheiro(a) Lei 8.971/94.

c) Sentença Judicial : art. 716 do CPCd) Usucapiãoe) Sub-Rogação Real.

Espéciesa) Quanto à causa

• legal e convencional

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b) Quanto ao objeto• geral ou universal e particular (Art. 1390 CC)

c) Quanto à extensão• pleno e restrito. (gozo)

d) Quanto a duração• vitalício e temporário

e) Quanto a substância da coisa• próprio e impróprio(também denominado de quase-usufruto ou ainda de uso especial,

porque tem como objeto coisas fungíveis ou consumíveis e estas são destruídas quando de seu uso, não se conservando sua substância).

Direitos e Obrigações do UsufrutuárioA) DireitosPoderá ser determinado no ato constitutivo do usufruto, entretanto se nada foi definido, será

regido pelo art. 1394 e seguintes do Código CivilArt. 1394. - É a regra geral, são direitos a POSSE, o USO, a ADMINISTRAÇÃO e

PERCEPÇÃO DOS FUTOS.Posse - No caso em pauta é a posse direta, oponível inclusive contra o nu-proprietário,

detentor da posse indireta.Uso - Gozar a coisa, utilizando-a, juntamente como acessório, ressalvando apenas a natureza e

destinação do uso do bem.Administração - Habitar, emprestar, cultivar, arrendar, desenvolver, decorrente do direito de

fruição.Percepção dos Frutos - É o mais importante direito, configurador do próprio instituto.

Limitado tão somente à conservação da substância do bem. Sem necessidade de prestação de contas. Além dos frutos propriamente ditos, poderá também perceber os produtos(frutos se reproduzem se depreciar o principal, produto diminui a quantidade da coisa por não se reproduzir periodicamente).

Art. 1395 - Alem dos Títulos de Crédito, terá direito à cobrar e receber o valor de dívidas, podendo empregar o valor recebido, mas por sua conta e risco, e o proprietário poderá exigir, cessado o usufruto, seja pago em espécie a dívida recebida, e não em títulos. Discute-se ter o crédito natureza incorpórea, recaindo o direito real sobre o objeto da prestação devida pelo obrigado.

Art. 1395 - Apólices da dívida pública ou títulos semelhantes (Ações)Art. 1396 - Frutos naturais pendentes, começar usufruto, ressalvado direito de terceiros de

boa-fé.Art. 1398 - Frutos civis, ex.: juros.Art. 1397 - Gado, de forma análoga árvores frutíferas.Art. 1399 - Poderá usufruir pessoalmente ou mediante arrendamento, mas sem alterar o fim

que se destina o objeto do usufruto, em regra.Art. 1392, § 2º - Minas e Florestas (entres autônomos em relação ao imóvel)Art. 1392, § 1º - Coisas consumíveis sofre severas críticas por descaracterizar o instituto.Art. 1392, § 3º - Tesouro.

B) ObrigaçõesGerais (comum à todas as espécies de bens do usufruto)Particular (só existe em relação a determinadas espécies de bens)

a) Gozar da coisa como “bom pai de família”, com moderação, poupando a substância da coisa.

b) Restituir a coisa ao fim do usufrutoc) inventariar os bens recebidos e dar cauçãod) despesas com manutenção da coisa (ordinárias e extraordinárias)

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e) pagamento de foro, pensão e imposto real devido pela posse, ou rendimento da coisa.f) Pagamento de seguro, caso esteja a coisa segurada.

Direitos e Deveres do ProprietárioIdem acima, contrário senso.

Extinçãoa) Relativo à Pessoa do usufrutuário

• Pela morte do usufrutuário (art. 1411 do CC é uma exceção)• Em 30 anos caso pessoa jurídica ou sua dissolução.• Culpa do usufrutuário• Advento do termo de sua duração

b) Relativo ao objeto do usufruto• Destruição da Coisa.

c) A Relação Jurídica• Consolidação (confusão)• Cessação da causa que deu origem (filho menor alcança maior idade)• Prescrição (art. 205 do C. Civil)

Deverão ser por processo judicial para averbação da extinção, com exceção da morte, renúncia e advento do termo. Apesar de alguns autores considerarem necessário o processo judicial para este último também.Processo de Extinção

art. 1112 do CPC e seguintes.

USO

Legislação Básica: art 1412 e 1413 do Código Civil.

GeneralidadeA lei determina que para calcular as necessidade do usuário, deverá se ter em vista sua condição social e o local onde viver.O uso não é imutável, pois adstrito as necessidade do usuário e sua família. O conceito de família é maior que o normal.Conceito

“Direito Real de Gozo ou Função que dá ao seu titular apenas o uso de coisa alheia, seu direito à administração e aos frutos, salvo para consumo pessoal e da famíliaCaracterísticas.

A) Direito Real, porque incide sobre a coisa B) Direito TemporárioC) Desmembramento da propriedadeD) Não pode ser cedido, nem mesmo seu exercício

ObjetoCoisa móvel ou imóvel.Entretanto, se móvel não poderá ser fungível nem consumível.

Distinção do UsoNo uso cabe tão só o direito de utilizar a coisa para si, não a de ceder, ao contrário do

USUFRUTO.Extinção

Pelo mesmo modo do USUFRUTO, art. 1410 e 1411 do Código Civil

HABITAÇÃO

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ConceitoDireito Real de Habitação consiste na faculdade de se residir num prédio, com a família.

O titular deve residir ele próprio , com a família, no prédio em causa.O prédio não pode ser cedido, a nenhum títuloSendo mais de um titular do direito, o que habitar a casa não terá que pagar aluguel, ainda

que more só.Também não poderá de outro morarem no prédio.

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COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA

Legislação BásicaDecreto-lei 58 de 1937 e Lei 6.766/79, alterado pela Lei nº 9.235 de 29/01/99. Arts. 1417 e

1418 CC.Histórico

No passado (antes de 1937), o compromisso de compra e venda era apenas obrigação pessoal de fazer, no qual o vendedor (Promitente) se comprometia a transferir a propriedade definitiva, através da escritura, ao comprador (Compromissário), desde que pago, em tatum, o preço ajustado. Não tinha, o comprador, como obrigar o vendedor a cumprir o acordo, ao término do contrato; os vendedores, ao constatarem a grande valorização do imóvel, indicavam o art. 1088 do Código Civil de 1916 e desfaziam o ajuste.Conceito

Contrato de compra e venda que, devidamente inscrito no Registro de Imóvel, confere ao compromissário comprador, por força da lei, um direito real sobre a coisa, cujo conteúdo é a oponibilidade erga omnes e a possibilidade de se obrigar a adjudicação compulsória do bem gravado.Partes

Promitente-vendedor: Aquele que vende o bem.Compromissário-comprador: Aquele que compra o bem

NaturezaControversa

RequisitosRequer irretratabilidade do contratoRecai sobre bem imóvel loteado ou não, rural ou urbano, desde de que posa ser alienado.Requer capacidade das partesInscrição no registro imobiliário

Efeitos JurídicosOponibilidade Orga Omnes // Direito de Seqüela // Imissão na posse // Cessibilidade da

PromessaTransmissibilidade aos herdeiros por morte do comprador ou vendedorPurgação da moraAdjudicação compulsóriaNão resolução por sentença declaratória de falência

ExecuçãoPela escritura definitivaPela sentença constitutiva de adjudicação compulsória

ExtinçãoPela execução voluntária // Pela execução compulsória // Pelo distrato // Pela resolução //

Pelo vício redibitório // Pela evicçãoDecreto-lei 58/37Abrange tanto os loteamento de terrenos urbanos como lotes rurais. Sendo o negócio baseado

no pagamento do preço em prestações periódicas bem como sua oferta ao público.Inicialmente terão que depositar em cartório os documentos constantes nos incisos I à V do

art. 1ºPublicação de Edital, cientificando da entrega dos documentos, com prazo de 30 dias para se

apresentar impugnação. Se impugnado, resolvido pelo juiz competente, se não, far-se-á o registro.Ao serem vendido os lotes, serão os mesmos averbados, mediante o contrato, com isso se

cria o DIREITO REAL.Só termina com: (art. 7º ), a) Requerimento das partes // b) Resolução do contrato // c) Transcrição contrato definido // d) Mandado judicial. Após pagamento total, poderá o

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comprador notificar o vendedor para que em 10 dias seja outorgada a escritura, se ele não o fizer nem opor qualquer objeção neste prazo, o juiz adjudicará ao comprador o imóvel. Ação para adjudicação será rito sumário

Imóveis não loteados (art. 22)Lei 6766/79Objetiva combater os loteamentos clandestinos, dispondo sobre o parcelamento do solo

urbano e dando outras providência.Loteamento e desmembramento - art. 2º, § 1º e 2º da LeiNo art. 18 e 19, se regulamenta que uma vez aprovado o projeto, será o mesmo enviado ao

Registro Imobiliário e após comunicar à prefeitura, o oficial de registro publicará o pedido por três dias consecutivo, com prazo para impugnação ate 15 após última publicação. Não sendo, o oficial fará o registro, sendo, o oficial intimará o requerente e a prefeitura para que se manifestem em 15 dias, após isso será enviado ao juiz competente, que decidirá, através de processo sumário.

Quanto ao cancelamento, somente através do disposto na art. 23, I, II e parágrafos.Os contratos serão regulados pelos arts. 25,26,31,32,34, respectivamente, irretratabilidade,

forma e requisito, trespasse, mora, indenização de benfeitorias em caso de rescisão.O art. 27 da lei protege a pessoa de forma a permitir que qualquer documento representado a

vontade das partes para esse tipo de negócio (pré-contrato) sirva para obrigar o credor a outorgar o contrato.

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Alienação Fiduciária em Garantia

Legislação BásicaLei 4728/65, Seção XIV, art. 66 e §§Decreto-lei 911/69Lei 9.514 de 20 de novembro de 1997. (Alienação Fiduciária de Bem Imóvel)Código Civil - Arts. 1361 à 1368 do C. Civil.

Conceito (art. 66 Lei 4728/65)É o direito real de garantia onde é transferido ao credor fiduciário, a propriedade resolúvel e

a posse indireta do bem móvel alienado, durável, inconsumível e inalienável, recebido em garantia de financiamento efetuado pelo devedor-fiduciante, possuidor direto e depositário da coisa com todas responsabilidade e encargos que lhe são inerentes.Objeto

Bem móvel, por natureza ou corpóreo, particular, singular, infungível, durável, inconsumível, indivisível e inalienável.Ex: Automóvel, Utilitários em Geral, Caminhões, Trator, Colheitadeira, Aparelhos Eletrônicos, Eletrodomésticos em Geral.

Não se enquadrou os animais. Antes da Alienação Fiduciária de Bem Imóvel as garantias de bens imóveis já eram admitida, mas tão só na consolidação, confissão ou assunção de dívidas previdenciárias.Navios existe grande dúvidas doutrinária, pois sobre ele já é possível a HIPOTECA, uma vez que são consideradas imóveis por lei, apenas de fato não ser.

Aviões são possíveis.Títulos de créditos não, Ações não.

PartesAlienante- Devedor Fiduciante. (Posse Direta/Depositário) ((SP))Adquirente- Credor Fiduciário. (Posse Indireta/Propriedade Resolúvel) ((SA))

Sujeito ativo é, em regra, pessoa jurídica que concede o empréstimo (instituição financeira). Também conhecido como credor, adquirente, fiduciário, proprietário fiduciário, credor-fiduciário, possuidor indireto.Sujeito passivo é, em regra, pessoa física que recebe empréstimo. Também conhecido como devedor, cessionário, fiduciante, proprietários fiduciante, devedor-fiduciante, possuidor direto.Legislação ((((((((Ver legislação))))))))Direitos do Credor Fiduciário

a) A Propriedade resolúvel da coisab) A Receber o valor da dívida, principal e acessóriosc) Vender a coisa, em caso de inadimplemento do devedor, independente de hasta pública ou

qualquer outra medida, quer seja judicial, quer extrajudicial. art. 2º do DL 911/69.d) Considerar vencido as obrigações contratuais, independente de aviso ou notificação, nos

casos em lei ou no contrato. art. 2º § 3º do DL 911/69.e) Preservação da garantia.f) Fiscalizar o estado da coisa dada em garantia.g) Usar Ação de Busca e Apreensão, se comprovada mora do devedor. art. 3º do DL h) Vender a coisa em juízo, conforme 1113 à 1119 do CPC. art. 55 § 5º da Lei.i) Poder recorrer a Execução para cobrança de seu crédito. art. 5º do DL j) Poder recorrer a Ação de Prestação de Contas, após venda do bem. art. 7º do DL.l) Pedido de restituição no caso de falência do devedor.m) Utilizar embargos de terceiros.n) Fazer uso do interdito proibitório.

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o) Habilitar créditos no inventário ou arrolamento do “de cujus” devedor.p) Apelar da sentença com efeito meramente devolutivo.q) Ter efeitos antecipado da tutela, no caso de busca, consoante pressupostos legais (art. 273

do CPC).Obrigações do Credor Fiduciário .

a) Disponibilizar o valor do financiamento ao devedor-alienante, ou repassá-lo ao vendedor/comerciante

b) Pagar ao depositário as despesas feitas com a coisa e os prejuízos provenientes do depósito (art.1278 Código Civil).

c) Respeitar o uso regular da coisa pelo alienante.d) Comprovar a mora ou o inadimplemento do devedor, para valer-se da Ação de Busca e

Apreensão. art. 4 do DL.e) Aplicar o preço da venda no pagamento do crédito. art. 66 § 4º.f) Repassar ao fiduciante o que sobrar da importância apurada com a venda, após quitada a

dívida. art. 66 § 4º.g) Transferir a propriedade ao fiduciante após este haver cumprido integralmente com suas

obrigações.h) Arquivar no Registro de Títulos e Documentos do domicílio do credor, o instrumento

contratual. art. 66 § 1º.Direitos do Devedor Fiduciante .

a) Exercer a posse direta do bem. art. 66.b) Receber o saldo apurado com a venda da coisa à terceiros. art. 66 § c) Ter assegurada ampla defesa, necessária à tutela de seus interesses.d) Requerer a purgação da mora se já pago 40% do preço financiado, sendo citado para

contestar Ação de Busca e Apreensão. art. 3º § 1º.e) Ver a coisa alienada, em garantia, ser colocada à venda pelo credor. art. 66 § 6º.f) Não ter os juros correspondentes ao prazo convencional por decorrer antecipados, mesmo

que se opere a antecipação do vencimento da dívida.g) Obter a liberação do bem pelo credor, por ocasião do pagamento integral da dívida.h) Valer-se das ações de: PRESTAÇÃO DE CONTAS, CONSIGNAÇÃO EM

PAGAMENTO, AÇÕES POSSESSÓRIOS, RECONVENÇÃO AÇÕES COMINATÓRIAS, REINVIDICATÓRIAS, RESTITUTÓRIAS, REINTEGRAÇÃO E/OU COBRANÇA, RECORRER, TER ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA.

i) Valer-se de notificações, interpelações, protestos, exibição de documentos.Obrigações do Devedor Fiduciante

a) Pagar sua dívida.b) Guarda e conservar a coisa depositada.c) Permitir ao credor fiscalizar a coisa.d) Não alienar nem dar em garantia a terceiros. art. 66 § 8º

Busca e ApreensãoNão é medida cautelar, mas sim processo autônomo e independente de qualquer

procedimento posterior. Aplicando os arts. 796 à 812 e 839 à 843 do CPC, de forma supletiva.Poderá ser movida contra o devedor fiduciante ou contra quem quer que detenha a coisa,

havendo mora ou inadimplemento.Poderá ser deferida de plano, liminarmente, inaudita alterar parte, independente de

justificação prévia, havendo a necessidade de se comprovar a mora, por carta registrada através do cartório ou pelo protesto do título competente, a critério do fiduciário (Súmula 72 STJ)

Recebido a inicial, a busca e apreensão será concedida de plano. Apreendida a coisa, somente agora o réu será citado para, em três dias, conteste ou, se já tiver pago 40% da dívida, requerer a purgação da mora.

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A contestação só versará sobre pagamento do débito vencido ou cumprimento das obrigações contratuais.

Discute-se o quantum do pagamento da mora. Se tudo ou só o que está em atraso.Se não há contestação, nem purgação da mora, dará o juiz sentença julgada procedente a

ação e consolidando a domínio fiduciário. Caberá agora ao fiduciário vender a coisa, independente de leilão, aplicando o dinheiro obtido no pagamento do seu crédito e, se sobrar, devolvendo o restante ao fiduciante.Purgação da Mora

Caso já tenha efetuado o pagamento de 40% do valor financiado, o réu na ação de Busca e Apreensão poderia optar pela purgação da mora.

Não poderá o réu contestar a ação e purgar a mora ao mesmo tempo.Duas correntes existem relativo ao quantum da purgação da mora:

1) Só prestações vencidas; 2) Pagamento total do preço financiado, por haver a faculdade do credor considerar vencida as prestações ainda vincendas.

Requerida purgação mora, no prazo competente, 3 dias após ser citado, isso após apreensão ser concedida, a juiz marcará data para pagamento, em prazo não superior a 10 dias, remetendo os para o contador para cálculos de juros e encargos.Execução

Se dá como uma execução qualquer.Extinção

a) Pela extinção da obrigação.(PAGAMENTO, NOVAÇÃO, COMPENSAÇÃO, TRANSAÇÃO OU PRESCRIÇÃO)

b) Perecimento da coisa.c) Renunciado o credor.d) Sendo adjudicado outro bem, do devedor, equivalente à dívida, que não seja o alienado

fiduciariamente.e) Pela Remissão (PERDÃO DA DÍVIDA)f) A venda do bem objeto da alienação fiduciária.

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DIREITOS REAIS EM GARANTIA

Noções Gerais

HistóriaEvolução do direito, saindo do pagamento da dívida com o próprio corpo (escravidão e até

morte) e chegando à garantia do pagamento através dos bens do devedor. Daí para o surgimento da garantia real se deu rapidamente pois logo se fez necessário uma garantia mais concreta.

Surgindo a garantia de caráter pessoal ou quirografário e a garantia real, vinculado esta última bem específico do devedor para o cumprimento da obrigação.Surge a FIANÇA (PESSOAL), a FIDÚCIA (REAL)- Credor propriedade posse bem, devolvendo ao término, o DIGNUS (REAL) -A posse para o credor, protegida pelos interditos, a hipoteca (REAL) e a anticrese (REAL).Conceito

O direito real em garantia é o que confere ao seu titular o privilégio ao pagamento da dívida com o valor do bem aplicando exclusivamente à sua satisfação.Características

Mediante autorga a coisa fica sujeita ao ônus real, garantindo o pagamento da dívida, surgindo dai a prelação, preferência do credor com garantia real aos demais art. 1422, em regra, cabendo exceção a essa preferência nos seguintes casos:a) Custos judiciais com execução hipotecáriab) Impostos e taxas devidos à fazenda pública.Uma característica importante é o caráter acessório da obrigação que visam assegurar. (O acessório segue o principal). Além disso, conforme art. 80, I consideram-se imóveis os direitos reais em garantia. Por fim, são indivisíveis.Críticas

Cunha Gonçalves Direito real garantia não é direito real porque são acessórios da obrigação.

Carnelutti, via Alfredo Buraid Penhor e Hipoteca são institutos de direito processual, não direito substantivo.Respostas às Críticas

São direito real porque apresentam todos os requisitos, quais sejam: a) São providos de seqüela , b) Independem de colaboração do devedor para o exercício, c) Recaem sobre a coisa e se aperfeiçoam após o registro ou a tradição.

Quanto ao penhor e hipoteca, existem antes e independente de litígio.

Capacidade para Constituir Garantia RealArt. 1420 CCQuem pode alienar, e somente as coisas possíveis de alienação.Há discussão se aplica-se à hipoteca a regra do 496.O ônus real é um princípio de venda.Não menor 16 anosO condômino, discute-se, mas é aceito pela maior parte da doutrina e jurisprudência.

Validade Contra TerceirosNecessários a :

a) especialização b) publicidadeEspecialização

Caracterização, no contrato, dos elementos da obrigação (juros, prazo, valor, etc) e da coisa dada em garantia.

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PublicidadeO registro, no imóvel (1227 CC), ou a tradição, no móvel.A falta de requisito não gera nulidade, mas passa a ser direito pessoal.A falta de algum requisito da especialização/art. 1424 CC) apenas considera sem valor

perante terceiros, o direito real em garantia. Clóvis Beviláqua entende que gera apenas uma obrigação pessoal a falta de qualquer dos requisitos.Antecipação Vencimento Dívida

Art. 1425 do CCAlém das hipóteses legais, também se pode convencionar no contrato.

Juros, não se cobra os antecipados.Garanti Real por Terceiros

Possível, mas o 3º será estranho à relação.Pacto Comissório

Art. 1428 CCSaldo Devedor

Caráter Quirografário da dívida (art. 1430 CC)

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PENHOR

GeneralidadePode significar: a) contrato, b) direito real e c) a própria coisaApesar de ser qualificado como direito real, haverá posições discordantes,alegando ser o

penhor apenas garantia acessória de um credito.Definição

“Direito real que submete uma coisa móvel ou mobilizável ao pagamento de uma dívida” Clóvis Beviláqua.Características

A) Direito Real, pois recai sobre a coisa e é “erga omnes” possui direito seqüela e preferência.B) Natureza acessória, depende de uma dívida.C) Indivisível, salvo disposição expressa em contrário.D) Bem objeto será de propriedade do devedor.E) Direito temporário/ resolúvel.F) Tradição, em regra’G) Terá como objeto bem móvel ou mobilizável, em regra.

FormaSolene, quer por instrumento público ou particular, dentro dos ditames do art. 1424 do CC,

sendo registrado no cartório competente (vide art. 127 da Lei 6015.73).Modo

Art. 1431 do Código Civil (Tradição) ou Clausula Constituti (Constituto Possessório – art. 1267 do CC)Direitos e Obrigações do Credor Pignoratício

1434, 1433 III do CC – Direitos1435 do CC – Obrigações

Direitos e Obrigações do Devedor PignoratícioIdem Contrário sensoReforçar a garantia – Obrigação

Extinção – Vide art. 802 do CCExtinção Obrigação (se integralmente extinta)Perecendo a coisa (exceto 762, § 1º)Renúncia (do penhor, não da dívida)Adjudicação judicial, Remissão, venda amigável do penhorConfusão

EspéciesComum

Especiais:Legal (Derivado de determinação da lei)Rural (objeto bem imóvel, independe da tradição)Caução de títulos de crédito (objeto não é coisa corpórea)Industrial (Maq. e equipamentos, dispensa tradição do bem)Mercantil (tem como natureza uma obrigação mercantil/comercial)

Excussão PignoratíciaO devedor é citado para pagar em 48 horas, ou depositar a coisa. Não o fazendo, os bens

empenhados são seqüestrados e efetuado a prisão administrativa(CIVIL) do devedor.

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Entretanto, caso haja a emissão de cédula rural, o processo será semelhante ao da execução cambial. Protesta-se a cédula em seguida o processo é comum, detalhe que a venda é autorizada mediante simples alvará.Penhor de Direito e Caução de Títulos

O penhor recai também sobre direitos e bens incorpóreas.Não somente direitos de créditos (caução de títulos) podem ser objetos do penhor, ex: ações, direitos autorais. Se oferecidos um crédito ordinário, teremos penhor Strictu Seusu, se oferecido num crédito incorporado a um título, teremos a caução do título de crédito.

A caução tem como objeto o próprio título que documenta o direito, já o penhor Strictu.Sensu não ocorre a materialização, não existe coisa que a representa.

No penhor de crédito Srictu Sensu a transferência do direito se realiza mediante a notificação ao devedor, já na caução de títulos de crédito ao portador, sua entrega ao credor.

A caução de títulos de créditos, se públicas (da dívida pública) constitui-se mediante registro na repartição competente, dispensando a tradição efetiva, se não for títulos ao portador. O contrato será transcrito no Registro de Títulos e Documentos. Se particular o título, sendo este ao portador, se opera pela entrega, sendo nominais, pelo endosso; a caução só terá valor nos títulos nominativos após registro.

O credor caucionários, além dos direitos inerentes ao status de possuidor direto da coisa, em regra, tem a faculdade de receber a importância dos títulos caucionados, para tanto terá que intimar o devedor do título para pagar diretamente ao ele próprio enquanto durar a caução, o jus exigendi.Cédula Rural Pignoratícia

Visa dar um caráter de mobilidade ao crédito agrícola, criando título de rápido circulação, lastreados pela garantia real.

“Uma vez transcrita a escritura constitutiva de penhor rural, o oficial entregará ao credor, se este lhe pedir, uma cédula que represente o crédito e que pode ser negociada mediante endosso em preto Lei 492/art.16.

Será feita uma averbação à margem da transcrição do penhor.Em 1957, com a Lei 3253, foi criada a cédula de crédito rural, uma promessa de pagamento,

com ou sem garantia real.

PENHOR LEGAL

ConceitoTradição efetiva de um objeto móvel, que, em garantia do débito, faz o devedor ao credor.

(Silvio Rodrigues)Direito real que submete uma coisa móvel ou mobilizável ao pagamento de uma dívida.

(Clóvis Beliváqua)

I - Os hospedeiros, estalajadeiros ou fornecedor de pousada ou alimento, sobre bagagens, móveis, jóias ou dinheiro que os seus consumidores ou fregueses tiveram consigo. (CC, art. 1467, I)

II - O dono do prédio rústico ou urbano, sobre os bens móveis que o rendeiro ou inquilino tiver guarnecendo o mesmo prédio pelos alugueres ou rendas. (CC, art. 1467, II)

Surgiram duas correntes: a 1ª , o penhor legal limita-se à mobília que o inquilino tinha no prédio alugado, a 2ª, a garantia abrange também os outros móveis, indistintamente, que se encontrem no interior do prédio locado.

III - Artistas e auxiliares cênicos, sobre o material cênico da empresa teatral, pela importância de seus salários e despesas de transporte. (art. 27, Decreto nº 18.527,10/12/.28)

IV - O locador do imóvel sobre as máquinas e aparelhos utilizados na indústria, que se encontra instalado no prédio dado em locação. (Decreto-lei nº 4.191,18/03/42)

Objeto

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Bens que pertençam ao próprio devedor. Se de propriedade de terceiros, escapam à incidência da garantia real instituída em favor do credor

Natureza do Instituto.Direito Real sobre a coisa alheia mas parte da doutrina entende que é Meio direto de defesa

onde o credor apreende a coisa pertencente ao devedor, para sobre ela fazer recair seu direito real, independente de prévia autorização legal. (Não/Não/Não)

Direito de Retenção Penhor LegalA coisa se acha em poder do detentor. A coisa deve se achar em poder do devedorNão há intervenção judiciária Inicia-se por em ato de ordem privativo do

credor mas se completa pela intervenção do juiz

Constitui simples arma de defesa Depois de homologar, serve à execução pignoratícia

É um direito passivo, seu titular limita-se a reter consigo a coisa possuída

O credor deve tomar a iniciativa, é sujeito ativo

Se outorgada a qualquer credor que tenha crédito conexo à guarda de coisa

Limita-se aos casos previstos em lei

Aplica-se tanto a bens móveis quanto a imóveis

Somente sobre bens móveis

Homologação do Penhor LegalEnquanto não houver homologação judicial, a situação do credor é a de mero detentor das

coisas do devedor. A homologação legaliza a posse tomada pelo credor e ultima a constituição do debito real de garantia.

PENHOR RURAL

GeneralidadeO art. 1442 a 1446 da CC regulamenta o PENHOR AGRÍCULA E PECUÁRIO, ainda que

boa parte desta regulamentação já não mais se encontra em vigor, pois em 1937, com a Lei 492, este instituto foi adequado as necessidades de então, com uma ampla reformulação em sua regulamentação, inclusive passando a se chamar, mais acertadamente, PENHOR RURAL.

Pelas suas características peculiares (1) (2) se aproxima da HIPOTECA.(1) A coisa empenhada não sai do poder do devedor. (2) recai sobre bem

imóvel.Sendo promulgada em 1937, em 1942 já era o maior instituto de crédito real.

ConceitoArt. 1º da Lei 492/37, verbis, “Constitui-se o penhor rural pelo vínculo real resultante do

registro, por via da qual agricultores ou criadores sujeitam suas culturas ou animais ao cumprimento de obrigações, ficando como depositários daqueles ou destes.”Características

Não existe transmissão do bem ao credor, ficará o bem sob o poder do devedor, a título de depositário (CLAÚSULA CONSTITUI). // - É deferido ao credor a posse indireta. // - O objeto será bens imóveis. // - Possibilita garantia sobre coisas futuras. // - Direito de preferência, ação real, oponível erga omnes, seqüela. // - Negócio solene.Natureza Jurídica

Direito real em garantia que só se constitui após o registro do título no Registro Imobiliário competente.

PENHOR RURAL AGRÍCOLA

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Objeto: (art. 6º Lei 492/37)I- Colheitas pendentes ou em vias de formação, que resultem de prévia cultura, quer da

produção espontânea do solo.II- Frutos armazenados, em ser, ou beneficiados e acondicionados para venda.III- Madeira das matas, preparados para o corte, ou em toras já serradas e lavadas.IV- Lenha cortada ou carvão vegetal. // V- Máquinas e instrumentos agrícolas.

PrazoAté três anos, prorrogáveis por igual período. // - Quebra de Safra. // - Financiador, que

terá o direito de preferência.

PENHOR RURAL PECUÁRIOObjeto

Animais que se criam pascendo, para industria de suas pastoril, agrícola ou de laticínios, em qualquer modalidades, ou de que sejam eles simplesmente acessórios ou pertencentes de sua exploração (art. 10 da Lei 492/37)Forma

Instrumento escrito, público ou particular, com designação precisa e individualizada de cada animal, bem como onde se encontra e o destino que têm.Prazo

Até quatro anos, prorrogáveis por igual períodoDefesa Credor

Proibida a venda, sem a anuência, de qualquer dos animais empenhados (art. 12 da Lei 192/37), 785.

Risco ou ameaça de venda poderá ensejar o pagamento antecipado da dívida.Também os animais comprados para substituir os mortos ficam sub-rogados no penhor, bem

como as crias.

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HIPOTECA (arts. 1473 à 1505 CC)

Conceito (art. 1473)“Direito real que o devedor confere ao credor, sobre um bem imóvel de sua propriedade ou

de outrem, para que o mesmo responda, preferentemente ao credor, pelo resgate da dívida.”Silvio Rodrigues

“Direito real em garantia em virtude do qual um bem imóvel que continua em poder do devedor, assegura ao credor, principalmente o pagamento de uma dívida. Orlando Gomes”

HistóricoNo Direito Primitivo, a oferta de uma coisa em garantia de uma dívida só poderia acontecer

através de uma transferência de domínio. O mutuário fazia ao mutuante a venda solene de seu prédio pelo montante do empréstimo. Entretanto por uma convenção lateral, alheia ao contrato, o comprador mutuante se comprometia a retransferir o domínio da coisa comprada uma vez paga a dívida.

Um outro procedimento para se garantir o crédito foi o pignus romanum.Consistia em se transferir ao credor, não o domínio da coisa, mas tão-só, a posse.Espécies

Causa/Origemconvencional - origina-se do contratolegal - emana da leijudicial - decorre da sentença

Objetocomum - sobre imóveisespecial - sobre navios, aviões e ferrovias

Natureza Jurídica (art. 1419 CC) Direito real de garantia sobre coisa alheiaAcessório de uma dívida cujo o resgate visa assegurar“Direito real criado para assegurar a e eficácia de um direito pessoal”. LafayetteIndivisível (1421 CC)

Princípios (visam a segurança do comércio imobiliário e a situação de terceiros “De Page e Dekkers)

Especialização determinação precisa e pormenorizada dos bens dados em garantia e do montante da dívida. (1424 CC)

Publicidade faz através da inscrição, a qual dá ciência a todos de que aquele bem determinado está sujeito ao ônus hipotecário, será feito o registro no cartório imobiliário.Objeto da Hipoteca - bens imóveis alienáveis, corpóreas ou incorpóreas

Art. 1473 e 1474 do CCImóveis, seus acessórios, o domínio direto e útilEstrada de ferroMinas e pedreirasNaviosAviões - Código Brasileiro de AeronáuticaApartamento em condomínio

Efeitosa) Em relação ao devedor.

Não poderá este, apesar de seu direito como proprietário, pratica atos que diminuam o valor da coisa. Proposta ação, o bem dado em garantia, em vista da hipoteca, passa as mãos de

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depositários judicial, perdendo o direito à alienação bem como a percepção de frutos. Tem direito ao excesso apurado em praça.

b) Em relação ao credorNa execução poderá vender o bem e pagar-se do crédito, com preferência, mas existe

exceções a essa preferência, entre elas:Custos judiciais • Impostos e taxas à fazenda pública

c) Em relação à terceiros.Como é possível erga omnes, o terceiro não poderá alegar o desconhecimento da

hipoteca, para impedir a execução do bem.

A Pluralidade de HipotecasArt. 1476,1477 e 1492 do CCHipoteca do prédio, dado em garantia, exceder o valor do montante da dívida.A preferência, entre os vários credores hipotecários se fixa na ordem de inscrição dos títulos

constitutivos no Registro de imóveis.

Do RegistroSó se constitui a hipoteca após o registro, na circunscrição do imóvel (1492 CC), sendo

elemento indispensável a formação do direito real.Servirá também como elemento de publicidade e como data inicial do instituto, bem como

já se define o termo final, no máximo 30 anos após a constituição (art. 1492 do CC )

Da Extinção (art. 1499 à 1501 CC)a) Pelo desaparecimento da obrigação principal.b) Pela destruição da coisa ou resolução do domínio.c) Renúncia do credor.d) Remição (resgate) art. (1478 e 1481 CC)e) Sentença passada em julgado.f) Prescrição (art. 205 CC) 10 anos. (prescrição do direito real)g) Arrematação ou adjudicação.

Hipoteca ConvencionalAssim considerado em função da causa donde deriva, no caso o contrato, a livre anuência

das partes.Existirá, quando da constituição do negócio jurídico, dois momentos, em apenas contratual

(obrigacional) e outra real (com registro e especialização). Se constituindo a hipoteca só no 2º momento, apesar de haver posições discordantes na doutrina.

Necessária a capacidade de alienar (art. 1420, CC), além da capacidade ordinária para atos da vida civil. Necessário a outorga uxória. (art. 1467 I do CC). É o caso do art. 1570 do CC, poderá hipotecar? por Sílvio Rodrigues entende que sim com autorização judicial.

É negócio Solene, pois de valor superior ao do art. 215 do CC, se ultima por escritura publica, constanto os itens do art. 1424 do CC. Alem de solene é unilateral, pois gera obrigações somente para o devedor hipotecário.

É prorrogável por simples averbação no Registro de imóveis, feito em comum acordo, por isso só por nova hipoteca.

Hipoteca Durante a Falência. (Não citada pelo atual Código Civil)Fraude à execução contra credores se só após a instituição da falência for escrita hipoteca de

devedor anterior à falência.

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Ora, tendo o devedor, poderia dar preferência a algum deles em detrimento a outros, dessa forma o legislador criou a vedação do art. supra (também art. 52 DL 7661/45 da lei Falência), apesar de não mais haver um prazo específico, como reza o CC, pois a lei falência e CPC 478 não determinam prazo.

Hipoteca Legal (1489/1490) (Inscrição Hipoteca 1492 § Único do CC)“É uma providência destinada a completar sistema de garantias criadas pela lei para proteger

as pessoas que, ou por incapacidade ou pela natureza de sua constituição, se acham na impossibilidade de defender e regerem por si os bens; LAFAYETTE.

É a determinada pela lei sem a necessidade de contrato, mas idêntico convencional, o direito real s;o se constitui após especialização e registro. Num 1º momento haverá apenas o vinculo potencial, proveniente do fato gerador e no 2º momento surge o direito real, através da especialização e inscrição.

Alguns casos estão elencados no CC, outros em leis esparsas: art. 1489 do CC, art. 700 CPC, art.1205 à 1210 CPC.

Não vale o prazo de 30 anos para extinção. Muito raro no direito pátrio.

Hipoteca Judicial (466 CPC) Hipoteca AnômalaGera apenas direitos de seqüela sobre os bens do executado, sem direitos à preferência, mas

somente após especializado e inscrito.Somente em casos de sentença judicial que condena o vencido ao pagamento de perdas e

danos si a prestação de determinada coisa, ou dinheiro.Pressupostos - Sentença condenatória liquidez sentença, trânsito julgado, especialização e

inscrição.

Hipoteca de Navios, Aviões e Ferrovias (Hipotecas Especiais)Navios 1473 CCAviões art. 136 Cod. Bras Aeronáutica. / 1473 CCFerrovias 1473 CC

Remição HipotecáriaFaculdade de certas pessoas de liberar o bem gravado, mediante o pagamento da

importância devida e acessórios.Caberá:(((Se dará independente da anuência do credor ou mesmo contra sua vontade)))

a) Credor da 2ª hipoteca (art. 1478 CC)Poderá fazê-lo desde que esteja vencido a 1ª hipotecaO 2º credor fará intimar o primeiro para levantar o valor depositado (principal, juros,

honorários, custos, taxas) e o devedor para remí-la se quiser, com a remição o bem não será liberado mas agora o 2º devedor passa à posição de 1º, com vantagem sobre os demais.

b) Adquirente do imóvel gravado (1481 CC)Poderá fazê-lo, satisfazendo o credito do credor hipotecário, liberado o bem. O adquirente

ficará subrogado nos direitos do credor, mas sem o caráter real, apenas pessoal. Neste caso e remição extingue a hipoteca, mas não faz desaparecer o crédito.

Se opera da seguinte forma: até 30 dias após aquisição do imóvel gravado, o adquirente notificará o(s) credor(es) hipotecário(s), propondo-lhes o pagamento de ao menos o valor pactuado, se aceito, ocorre remição, não sendo aceito, será por licitação, para apuração do verdadeiro valor, sendo obrigado o credor hipotecário aceitar esse valor avaliado

c) ao devedor quando executado, bem como sua mulher, ascendente e descendenteÉ mais de direito processual que direito civil, pois caberá em processo de arrematação

qualquer (1483 de forma indireta) 787 CPC.

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Momento: encerramento da arrematação até antes à assinatura do auto de arrematação em cartório. Questão fica no caso de não ser efetuado o pagamento total da dívida. Poderá ser o bem novamente empenhado? parte da doutrina entende que não.

Excussão Hipotecáriaart. 585, III, CPCart. 29, DL 70/66 (Agente fundiário)É ação pessoal, não real, a execuçãoNão satisfeito, prosseguirá

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