produzindo ondas transversais em cordas de nylon

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Page 1: Produzindo ondas transversais em cordas de nylon

31Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007

Produzindo ondas transversais em cordas de nylonProduzindo ondas transversais em cordas de nylon

Ondas transversais em cordas de nylon

Para montar o presente experimento,é necessário um alto-falante comboa suspensão (recomenda-se o de

uma caixa de som de computador). Nabase de seu cone, cola-se um lápis. Deve-se observar que é o alto-falante o respon-sável pela geração das ondas na corda.

Toma-se uma linha de nylon0,50 mm fixa em um ponto, tendo naoutra extremidade uma roldana presa emum suporte de madeira no qual está umamassa que mantém a linha de nylontensionada. A montagem (Fig. 1) foi es-colhido pela simplicidade e também pelafacilidade em mudar o comprimento dofio. É importante conhecer a massa presana linha e, se possível, ter outras massasdiferentes para obter-se tensões diferen-ciadas na corda.

Para fazer o alto-falante vibrar é ne-cessário um gerador de freqüência paraobservar os padrões de vibração da linha.Fazendo uma pesquisa na internet, o pro-fessor pode encontrar alguns programasque fazem o papel do gerador de áudio,uma vez que a maioria das escolas possuium computador e o custo de um geradornão é baixo. Sugere-se o David’s Audio SweepGenerator – v. 2.2; interessados poderãobaixá-lo no endereço (www.fisica.net/giovane/download/gerador. zip). O pro-grama permite manipular o nível do sinal

na saída (Output Level) e o tipo de varre-dura nos valores das freqüências (SweepMode); nesse caso, sugere-se a utilizaçãono modo Linear. Para controlar os valoresde freqüências no Sweep Speed, seleciona-se Manual; isso permitirá usar o controleManual Frequency. Também é permitidoescolher o intervalo de freqüência paravarrer todos os valores desejados.

Como exemplo, utilizou-se uma linhade nylon que, entre as duas extremidades,media 2,62 m e iniciou-se com uma mas-sa de 100,5 g para tensioná-la. Então,usando o gerador de sinais, começou-se aaumentar a freqüência gradativamente,a fim de observar o primeiro modo de vi-bração fundamental da corda (Fig. 2).

Na Tabela 1 mostra-se os valores defreqüência e os comprimentos de onda de-terminados a partir do modo fundamen-tal e seus respectivos harmônicos obser-vados na linha.

Analisando esses dados, (Fig. 2, pon-tos pretos) pode-se observar exatamenteque quanto maior as freqüências de vi-bração da linha de nylon, menor os com-primentos das ondas.

Com esses valores, é possível deter-minar um valor médio bem razoável paraa velocidade de propagação da onda paraa massa m1, usando a relação desenvolvidaem aula pelo professor (v = λ.f).

Figura 1. Aparato experimental.

O trabalho descrito neste artigo tem o objetivode mostrar como é simples desenvolver umaatividade experimental envolvendo apropagação de ondas mecânicas transversaiscom materiais de baixo custo.

Giovane Irribarem de MelloLaboratório Itinerante de Ciência eTecnologia, Universidade Federal doRio Grande do Sul, Porto Alegre, RS,BrasilColégio São João La SalleE-mail: [email protected]○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○

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32 Física na Escola, v. 8, n. 2, 2007

Pode-se ainda, com esta montagem,explorar o fenômeno um pouco mais, au-mentando-se a massa m1 = 100,5 g, parauma nova massa m2 = 201,1 g, que é pra-ticamente o dobro da anterior. Esta alte-ração muda as freqüências de resposta dacorda, ou seja, a linha de nylon vai vibrarcom valores de freqüências diferentes daanterior.

Usando o mesmo processo para obteros novos padrões de vibração na linha,consegue-se os valores da Tabela 2.

Note-se pelo gráfico da Fig. 2 que po-de-se observar um deslocamento da novacurva (azul) em relação à anterior (preta).

Os alunos perceberão que as freqüên-cias não serão as mesmas (pontos azuis)e que, quando aumentamos a tensão nalinha, as freqüências de vibração desta sealteram. Usando o mesmo processo, pode-se obter uma nova velocidade de propa-gação para a onda na linha. Este valor éinteressante, pois com a massa m1 tem-se

Tabela 2.

f (Hz) λ (cm)

19 472

38 236

57 157,3

76 118

95 94,4

Bibliografia

N.V. Bôas, R.H. Doca e G.J. Biscuola, Tópicosde Física 2: Termologia, Ondulatória eÓptica,(Saraiva, São Paulo, 2001) 16ªed. reform. e ampl.

P.G. Hewitt, Física Conceitual (Brookman,Porto Alegre, 2002), 9ª ed.

A.M.R. da Luz e B.A. Álvares, Curso de Físicav. 2 (Scipione, São Paulo, 2005).

D. Halliday, R. Resnick e J. Walker, Funda-mentals of Physics Extended, 5. ed.,New York, Copyright, 1997.

Tabela de densidade linear acessado 9/3/2007 - http://labdid.if.usp.br/~ f g e 2 1 3 / t a b e l a s / d o c /DENSID~4.DOC.

Tabela 1.

f (Hz) λ (cm)

13,5 472

27 236

40,5 157,3

54 118

67,6 94,4

Tabela 3.

Nylon 0.50 Nylon 0.40 Nylon 0.30

Velocidade [m1] (m/s) 63,7 80,2 102,1

Densidade linear calculada (mg/m) 242,7 153,1 94,5

Densidade linear tabelada (mg/m) 235,2 153 85,3

Erro percentual entre as medidas 3% 2% 10%

uma velocidade de 63,7 m/s e quandopraticamente dobra-se a massa, obtém-se um valor médio de 89,67 m/s, valorque não é o dobro do anterior.

Nesta situação o professor pode lan-çar os conceitos de densidade linear e con-ferir os resultados através da relação deTaylor, a fim de verificar a velocidade depropagação da onda na corda nas situa-ções demonstradas e verificar que, pelarelação de Taylor, v ∝ , onde F é a tensãona corda. A velocidade de propagação nacorda aumenta com a raiz quadrada datensão na corda e, portanto, ao dobrar-sea massa suspensa na corda, o aumentosofrido na velocidade é de um fator deaproximadamente .

Pela relação de Taylor, temos

,

onde v é a velocidade em m/s, F é a tensão

na corda em Newtons e μ é a densidadelinear em kg/m

Usando uma câmera digital, regis-trou-se alguns modos de vibração da cor-da, pois as câmeras fotográficas comuns,em geral, não possuem controle do tempode abertura do obturador.

Nas figuras a seguir, tem-se duas fo-tos tiradas dos modos de vibração da linhade nylon (os dois modos após o harmô-nico fundamental). Pode-se usar ainda ou-tros dois tipos de espessuras de cordas denylon, de 0,40 mm e de 0,30 mm, repe-tindo todo o processo e determinando-sepela relação de Taylor as densidades linearesde cada uma das linhas de nylon. Na Tabela3 pode-se observar os valores encontradospela experiência e os valores tabelados.

Verifica-se então que esse experimen-to de fácil montagem e baixo custo, per-mitindo trabalhar com a densidade lineare a equação da onda mecânica; mostra-se, ainda, que tal montagem permitemudar o comprimento da linha de nylone refazer a atividade, verificando nova-mente as freqüências de vibração da corda.

Figura 2. Os pontos pretos representam a primeira medidae os azuis a segunda, com uma massa maior.

Ondas transversais em cordas de nylon

Figura 3. Os dois modos após o harmônico fundamental.