produtos de limpeza | formação para o trabalho

90
Produtos de limpeza Antônia Fádia Valentim de Amorim Francisco Fábio Castelo Branco

Upload: edicoes-democrito-rocha

Post on 15-Mar-2016

250 views

Category:

Documents


15 download

DESCRIPTION

A indústria de produtos de higiene e limpeza movimenta cifras consideráveis no mundo movida pela necessidade de assepsia e asseio pessoal

TRANSCRIPT

Page 1: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

Produtos de

limpeza

Antônia Fádia Valentim de AmorimFrancisco Fábio Castelo Branco

Os estudiosos da economina estão de

acordo que a educação é o mo-tor do desenvolvimento e qualificar

a população que possui baixa escola-ridade é o grande desafio dos gestores

do século XXI. O projeto utiliza os recur-sos pedagógicos mais apropriados para responder esta demanda e representa uma iniciativa pioneira para ajudar a

superar os deficits educacionais da população adulta.

9 7 8 8 5 7 5 2 9 5 2 4 3

ISBN 978-85-7529-524-3

Page 2: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

Fortaleza2012

Produtos de

limpeza

Antônia Fádia Valentim de AmorimFrancisco Fábio Castelo Branco

Page 3: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

©2011 by Edições Demócrito Rocha

Edições Demócrito RochaAv. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora - Cep 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel.: (85) 3255.6270 - 3255.6036 - 3255.6256 - Fax (85) 3255.6276edicoesdemocritorocha.com.br | [email protected] I [email protected]

Todos os direitos desta edição reservados a:

Valentim, Fádia.V155p Produtos de limpeza / Fádia Valentim, Fábio Castelo Branco. -

Fortaleza: Edições Demócrito Rocha; Instituto Centro de Ensino Tecnológico, 2011.

88 p.: il. color.

ISBN 978-85-7529-524-3

1. Processos de fabricação 2. Materiais de limpeza 3. Branco, Fábio Castelo I. Título.

CDU 67.02+ 646.61

Fundação Demócrito RochaPresidente: Luciana Dummar

Editora: Regina RibeiroCoordenação Editorial: Eloísa Maia Vidal

Coordenação Geral do Projeto: Francisco Fábio Castelo BrancoEditor de Design: Deglaucy Jorge Teixeira

Projeto Gráfico: Arlene HolandaCapa: Welton TravassosRevisão: Wilson P. Silva

Editoração Eletrônica: Welton TravassosCatalogação na fonte: Ana Kelly PereiraIlustrações: Eli Barbosa e Leonardo Filho

Fotos: Fábio Castelo

Page 4: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

Durante as aulas■ Prestar atenção ao que o instrutor explica e demonstra. ■ Pedir ao instrutor para explicar novamente, caso não tenha entendido alguma coisa. ■ Fazer todas as atividades para ver se você realmente aprendeu o que foi ensinado.■ Prestar muita atenção às aulas práticas. São elas que preparam o profissional

eficiente.

■ Ler tudo com atenção. ■ Se achar uma palavra difícil, não se preocupar. Marcar a palavra e perguntar o

que significa ao instrutor ou pesquisar num dicionário. ■ Procurar associar o que está escrito com as figuras existentes no texto.■ O instrutor está à sua disposição para tirar dúvidas, portanto pergunte à vontade. ■ Esforce-se e aprenda!!!

Em casa

Para aproveitar ao máximoo curso você precisa

Aprende-se a fazer, fazendo...

Page 5: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho
Page 6: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

Sumário

Introdução ...................................................................................... 07

Lição 1

Montagem de uma pequena indústriade Produtos de Limpeza ............................................................... 09

Lição 2

Registro de produtos e custos ...................................................... 16

Lição 3

Água sanitária e alvejantes para roupas coloridas ...................... 21

Lição 4

Desinfetantes ................................................................................ 35

Lição 5

Tensoativos: Detergentes e Limpa vidros .................................... 44

Lição 6

Sabões .......................................................................................... 55

Lição 7

Amaciantes .................................................................................... 66

Lição 8

Cera líquida ................................................................................... 68

Page 7: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

Lição 9

Espessantes .................................................................................. 70

Lição 10

Preservantes ................................................................................. 74

Lição 11

Toxidade dos produtos de limpeza ............................................... 77

Lição 12

Fragrâncias.................................................................................... 80

Lição 13

Regras de segurança .................................................................... 82

Referências ................................................................................... 88

Page 8: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

Introdução

A indústria de produtos de higiene e limpeza movimenta cifras consideráveis, não só no Brasil como no mundo. A necessidade de assepsia e asseio pessoal é a principal força motriz desta indústria.

O mercado de produtos de limpeza, cujas marcas são amplamente divulgadas nos meios de comunicação de massa, é dominado por empresas de grande porte. No entanto, tem surgido, nos últimos anos, um grande número de pequenas empresas dedicadas ao ramo. Essas desen-volveram um segmento próprio de mercado, o que permite a colocação de seus produtos em condições de concorrência com as grandes empresas.

O presente texto tem como propósito fornecer, de modo simples e prático informações técnicas visando à produção e ação de produtos de limpeza doméstica tais como os sabões, detergentes, saneantes, alvejantes, desinfetantes, desodorizantes, esterilizantes, algicidas e fungicidas para piscinas e água sanitária como são sintetizados, como removem a sujeira, principalmente a gordura, e o conceito de biodegrabilidade.

Os sabões e detergentes são as substâncias que tem como finalidade a limpeza e conservação de superfícies inanimadas.

Os saneantes são substâncias ou preparações destina-das à higienização, desinfecção domiciliar, em ambientes coletivos e/ou públicos, em lugares de uso comum e no tra-tamento de água.

Os alvejantes exercem ação branqueadora e os desinfe-tantes são formulações que têm na sua composição subs-tâncias microbicidas.

Desodorizantes são formulações que têm na sua composi-ção substâncias microbioestáticas, capazes de controlar os odores desagradáveis advindos do metabolismo microrgânico.

Algicidas e fungicidas são substâncias ou produtos desti-nados à matar algas e todas as formas de fungos.

Saneantes: são substâncias destinadas à desinfecção, higienização ou desinfestação domiciliares e de ambiente coletivos.

Biodegradabilidade: são substâncias que os produtos de sua decomposição retornam aos ciclos biológicos.

Microbicidas: que possui propriedades de matar germes

Microbioestatísticas: são substâncias capazes de controlar odores desagradáveis advindos do metabolismo dos microorganismos.

Page 9: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho
Page 10: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

99

1Lição

Quais as características que definem o perfil do empreendedor?

Montagem de uma pequena indústria de Produtos de Limpeza

Nos dias atuais verifica-se uma procura acentuada pelos pro-dutos de limpeza usados principalmente em casa. Para iniciar uma pequena indústria de material de limpeza, num mercado onde atuam desde aos grandes produtores até indústrias caseiras que dominam certas faixas de consumo, é importan-te que o empreendedor tenha conhecimento das técnicas de produção bem como o mercado onde vai atuar e qual faixa de consumidor que pretende atingir.

A pequena empresa é vista como a saída para aqueles que querem trocar as amarras do trabalho assalariado pela da auto-realização e do sucesso conquistado por meio do próprio esforço.

As técnicas apresentadas neste caderno representam um roteiro, uma espécie de moldura em que cada um terá, necessariamente, que colocar o seu talento, sua competên-cia e, sobretudo, sua dedicação para o desenvolvimento do seu empreendimento. Saber conviver com o risco e tirar pro-veito das oportunidades são as características necessárias para a atividade empresarial.

Muitos motivos estimulam as pessoas e abrir um negócio próprio. Os mais comuns são: vontade de ser independente, ser o patrão em vez de empregado, ganhar dinheiro, realizar outras aspirações além daquelas que lhe permitia a condi-ção de empregado, mostrar sua competência, sua capacida-de de abrir e manter um negócio e trabalhar e tirar férias quando quiser.

Ser empresário exige sempre sacrifícios que muitos não estão dispostos a fazer. Entre alguns desses estão os seguintes: a maioria trabalha de 12 a 15 horas diárias em seu negócio, em vez de oito horas, como empregado; rara-mente tiram férias e, quando o fazem, é por poucos dias, mas não esquecem o telefone só para saber como vão as coisas em seu negócio.

Page 11: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

10

Às vezes envolvem-se tanto com a empresa que diminui o tempo disponível para a família; sua tão desejada indepen-dência torna-se relativa, quando se observa a dependência aos fornecedores, bancos, clientes, funcionários, governo, etc. O patrimônio pessoal do empreendedor fica comprome-tido com as operações do novo negócio e talvez até vincula-do como garantia de algum empréstimo tomado pela empre-sa. A vontade de ganhar muito dinheiro pode esbarrar num obstáculo definitivo: competência.

A intenção apenas não é suficiente – é necessário que o empresário demonstre a capacidade de gerir seu negócio. Entretanto, mais e mais pessoas, no Brasil e no mundo, desejam tornar-se empreendedoras. Quando esse desejo é acompanhado de uma decisão amadurecida e consistente, é uma manifestação saudável de vitalidade e renovação da sociedade e um passo importante para a satisfação de uma necessidade pessoal.

Montar uma Pequena Industria de Produtos de Limpeza geralmente é associada à ideia de criação de um negócio por meio de capital pessoal. Sua administração requer qua-lidades de empreendedor deste a montagem e a organiza-ção da produção, tendo em vista vender os produtos com custos competitivos.

Uma pequena empresa de produção de saneantes não deve competir no segmento do mercado representado pelas donas de casa que são fiéis às marcas tradicionais, principal-mente sob a influência dos meios de comunicação. Portanto, deve atuar no mercado onde as características básicas é o consumo em massa e as vendas possam ser feitas a granel, ou embalagens de grande capacidade como condomínios, bares, restaurantes, hospitais, indústrias, repartições públicas, lanchonetes e estabelecimentos comerciais em geral.

Os produtos devem ser feitos com a qualidade recomen-da ou superando padrões estabelecidos. A regra básica é buscar sempre novas técnicas de produção que possam melhorar o produto final de sua empresa. É importante o planejamento e monitoramento sistemáticos da produção, características essenciais da efetiva organização dos negó-cios de uma empresa por menor que seja.

Em qual segmento do mercado deve competir uma pequena empresa de saneantes?

Page 12: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

11

Para montagem de uma pequena indústria de produtos de limpeza, recomenda-se a procura de empresas especia-lizadas na fabricação de equipamentos e instalações. Inclusive algumas distribuem as técnicas básicas de produ-ção, e matéria prima necessária a sua fabricação.

Alguns equipamentos também podem ser adaptados para uso nas indústrias caseiras como bombonas e remo de plástico que serve como misturador e pode ser usado para produção de detergentes, desinfetantes, amaciantes, água sanitária e outros.

Fábio Castelo, 17.09.2010

Bombona de 200 litros com um remo de plástico

O local de funcionamento de uma pequena indústria de pro-dutos de limpeza, deve ter condições físicas, higiênico-sanitá-rias e técnicas e acesso a água potável, isenta de sais minerais e micro-organismos. O reservatório de água deverá ser manti-do tampado, limpo e esgotado periodicamente, evitando possi-bilidade de proliferação de insetos prejudiciais à saúde.

O local deve ser aprovado pelo órgão estadual responsá-vel, e sugere-se que deva ser dividido em setores ou áreas tais como: administração, depósitos de armazenagem de matéria-prima e embalagem, lavagem de embalagens, pro-dução, armazenagem do produto acabado, controle de qua-lidade e expedição. A seguir é mostrado um desenho básico com os diversos setores para montagem de pequena indús-tria de produtos de limpeza.

Page 13: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

12

Lay-out (100 m² - área industrial)

Obs.: O depósito de hipoclorito deve ter tubulação de pvc para deixar escapar o gás para fora da fábrica.

Page 14: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

13

Os setores mostrados no desenho deverão apresentar as seguintes condições:

�Setor da Administração: deve ser um local de fácil aces-so para vendas, constituído de sala para recepção de clientes, secretaria e salas para setor de contabilidade e diretoria equipadas com fone/fax e computadores e impres-sora. �Almoxarifado de matéria-prima e embalagens: deve ser de fácil acesso para recepção das matérias-primas e embalagens, com iluminação e ventilação adequadas. �Área de lavagem de embalagens: deve ter tanques para lavagem e secagem das embalagens em dimensões ade-quadas. O piso e paredes deverão ser de materiais resis-tentes, impermeáveis e de fácil limpeza. O ambiente deve ter boa iluminação e ventilação adequada. �Área de produção: deve ter trânsito fácil, piso impermeá-vel, antiderrapante, que atenda às exigências de higiene sanitárias. O local deve ser arejado e com exaustores. As paredes e o teto deverão ser revestidos de material imper-meável, resistente, de fácil limpeza e de cor clara. A ilumi-nação deverá ser adequada ao ambiente. Os equipamen-tos deverão ser em número suficiente e adequado ao fim a que se propõem, de material resistente, lavável e instalado de maneira ordenada. Sugere-se que as tubulações de água e gás sejam aparentes para facilitar a manutenção. �Laboratório de controle de qualidade: deve ser dirigido por um químico devidamente registrado no Conselho Regional que será responsável para efetuar as análises químicas da matéria-prima e do produto acabado, para que tenha credibilidade no mercado. Esse setor deverá ter uma área mínima de 15 m² para o bom andamento das análises e estar aparelhado com capela de exaustão, equipamentos e vidraria adequados. O piso, teto e pare-des deverão ser de material impermeável, resistente e de fácil limpeza. O ambiente deverá ter boa iluminação e ventilação adequada.

Page 15: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

14

Fábio Castelo

Laboratório de controle de qualidade

� Os funcionários deverão trabalhar devidamente para-mentados (com avental, gorro, luvas e calçado fecha-do). O uso de máscaras contra gases é importante e necessário quando a matéria-prima é tóxica e/ou volátil.

� O produto acabado deve ser armazenado em ambien-te com ventilação e protegidos da luz, do calor e da umidade, embalado em recipiente adequado, rotulado segundo a legislação vigente e armazenado em prate-leiras ou estrados de madeira, em local de fácil acesso.

� Área de expedição deve ser localizada de modo a faci-litar a distribuição do produto acabado que deverá estar devidamente embalado, rotulado e disposto de maneira ordenada quanto à data de fabricação. Quando encai-xados, as caixas deverão estar em prateleiras ou estra-dos protegidos da luz, calor e umidade.

Manuseio da matéria-prima

A matéria-prima dos produto de limpeza são substâncias quí-micas com um certo grau de periculosidade, portanto o manu-seio dessas substâncias exige um cuidado redobrado para não causar sérios danos à saúde. Assim, evite alimentar-se no local de produção, cheirar e tocar os produtos químicos. Trabalhe sempre protegido com botas de borracha, luvas de

O produto acabado só passará para a área de

expedição após a análise e liberação do controle de

qualidade.

Quais as funções do laboratório de controle de qualidade?

Page 16: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

15

proteção, máscara de segurança contra gases (os ácidos for-tes liberam gases e elevam a temperatura quando diluídos com água) e avental de proteção.

Os cestos de lixo devem ser distribuídos estrategicamen-te pelo ambiente. Jamais jogue materiais sólidos nas pias e ralos. Trabalhe os líquidos voláteis em capela com sistema de exaustão. Tenha sempre a mão material de primeiros socorros e caso ocorra algum acidente grave, procure ime-diatamente a assistência médica.

Proteção Coletiva

Para proteção coletiva são necessários treinamentos perió-dicos contra incêndios e a liberação de gases tóxicos. Os extintores de incêndio devem estar localizados em pontos estratégicos e serem revisados periodicamente.

Resumo da lição

• Existem importantes recomendações sobre a montagem de pequena indústria de produtos de limpeza.

• O local de funcionamento de uma pequena indústria de produtos de limpeza deve ter condições físicas, higiêni-co-sanitárias e técnicas e acesso a água potável.

• Os principais setores de uma pequena indústria de pro-dutos de limpeza são: setor administrativo, almoxarifado, área de lavagem de embalagens, área de produção e laboratório de controle qualidade.

• Os funcionários deverão trabalhar devidamente protegidos.• O produto acabado deve ser armazenado em ambiente

com ventilação e protegidos da luz, do calor e da umidade• A área de expedição deve ser localizada de modo a faci-

litar a distribuição do produto acabado.• A matéria-prima dos produto de limpeza são sustâncias

químicas com um certo grau de periculosidade.

Page 17: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

16

Registro de produtos e custos

Além do registro normal da empresa na Junta Comercial, o empresário do setor de produtos de limpeza deve se preo-cupar com o registro de marca no INPI, que lhe dará o direi-to e exclusividade de uso, e com o registro do produto junto à Divisão de Produtos Domissanitários (DIPROD) do Ministério da Saúde.

Além disso, seus produtos requerem o aval de um químico, registrado no Conselho Regional de Química (CRQ), que deve ficar à disposição da empresa no mínimo três horas por dia.

Classificação quanto ao risco

Para efeito de registro, os produtos são classificados como de Risco I e Risco II.

Produtos de Risco ICompreendem os saneantes domissanitários e afins em geral, excetuando-se os classificados como de Risco II. Os produtos classificados de Risco I devem atender ao disposto em legislações específicas e aos seguintes requisitos:a) Produtos formulados com substâncias que não apresen-tem efeitos comprovadamente mutagênicos, teratogênicos ou carcinogênicos em mamíferos.b) Produtos com DL50 oral para ratos, superiores a 2000 mg/kg de peso corpóreo para produtos líquidos e 500 mg/kg de peso corpóreo para produtos sólidos. Será admitido o método de cálculo de DL50 estabelecido pela OMS.c) Produtos cujo valor de pH, em solução a 1% p/p à tempe-ratura de 25 ºC (vinte e cinco graus Celsius), seja maior que 2 ou menor que 11,5.

Produtos de Risco IICompreendem os saneantes domissanitários e afins que sejam cáusticos, corrosivos e os produtos cujo valor de pH, em solução a 1% p/p à temperatura de 25 ºC (vinte e cinco graus Celsius), seja igual ou menor que 2 e igual ou maior que 11,5, aqueles com atividade antimicrobiana, os desinfestantes

2Lição

DL50: Dose letal média

OMS: Organização Mundial de Saúde.

Carcinogênicos: substância que provoque,

agrave ou sensibilize o organismo para o

surgimento de um câncer.

Teratogênico: é tudo que pode causar dano ao

embrião ou feto durante a gravidez.

Mutagênico: é todo agente físico, químico ou biológico que, em

exposição às celulas, pode sofrer mutação.

p/p: percentual de massa

Corrosivos: substância que por ação química pode destruir a pele.

Page 18: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

17

e os produtos biológicos à base de micro-organismos. Os produtos classificados de Risco II devem atender ao disposto em legislações específicas e aos seguintes requisitos:a) Produtos formulados com substâncias que não apresen-tem efeitos comprovadamente mutagênicos, teratogênicos ou carcinogênicos em mamíferos.b) Produtos com DL50 oral para ratos, superiores a 2000 mg/kg de peso corpóreo para produtos líquidos e 500 mg/kg de peso corpóreo para produtos sólidos, na diluição final de uso. Será admitido o método de cálculo de DL50 estabelecido pela OMS.

CustosCustos são gastos relativos a um bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou serviços. Com o objetivo de ela-borar um novo produto pronto para ser comercializado.

No Brasil, o Decreto-Lei Nº 1.598/77, em seu artigo 14 determina que: "o contribuinte que mantiver sistema de conta-bilidade de custo integrado e coordenado com o restante da escrituração poderá utilizar os custos apurados para avaliação dos estoques de produtos, principalmente para fins fiscais".

Uma diferença básica para a despesa é que “custo” traz um retorno financeiro e pertence à atividade-fim, pela qual a entidade foi criada (determinada no seu Contrato Social, na cláusula do objeto). Já despesa é um gasto com a atividade-meio e não gera retorno financeiro, apenas propicia um certo “conforto” ou funcionalidade ao ambiente empresarial.

Os custos de uma empresa de produção de material de limpeza geralmente são: matéria-prima, energia consumida (eletricidade e/ou combustíveis), água consumida, materias- primas diversas, mão de obra, depreciação dos itens imobi-lizados de produção, entre outros.

Método de apuração dos custos

�Custos Fixos: são os custos que, embora tenham um valor total que não se altera com a variação da quantidade de bens ou serviços produzidos, seu valor unitário se altera de forma inversamente proporcional à alteração da quanti-dade produzida. Exemplo: equipamentos, máquinas, insta-lações, pagamento de aluguel.

Como podem ser classificados os saneantes para efeito de registro?

Defina custos

Para maiores informações consultar a página da ANVISA: www.anvisa.gov.br

Page 19: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

18

Exemplo dos investimentos em Ativos FixoItens Valor R$Máquinas e equipamentos 13.340,00

Móveis e Utensílios 5.042,00

Instalações 10.500,00

Soma 28.882,00

Reserva Técnica (10%) 2.888,20

TOTAL 31.770,20

Exemplo de Custos Fixo MensalItens Valor R$

Salários e encargos de 5 funcionários (4 funcionários um químico)

5.661,00

Honorários da diretoria 4.000,00

Água, luz e telefone e material de expediente 1.000,00

Despesas de manutenção 1.000,00

Fretes 1.500,00

Aluguel e encargos 1.000,00

Seguros de maquinas e equipamentos 200,00

Depreciação do ativo 1.444,10

TOTAL 15.805,10

�Custos Variáveis: são os custos que, em bases unitárias possuem um valor que não se modifica com alterações nas quantidades produzidas, porém, cujos valores totais variam em relação direta com a variação das quantidades produzidas. Exemplo: Matéria-prima.

Exemplo dos Custos Variáveis da Água SanitáriaItens Valor R$

Matéria-prima – xarope de hipoclorito de sódio – 1,00 kg 0,59

Matéria-prima – água, soda, barrilha e outros 0,20

Embalagem 0,90

Rótulos 0,10

Soma 1,79

Page 20: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

19

Lucro de 20% 0,36

TOTAL 2,15

Com 1,00 kg de xarope de hipoclorito de sódio com con-centração de 12,00% e densidade de 1,15 g/mL podemos produzir 4,17 litros de água sanitária. Com esses dados o custo do litro água sanitária é mostrado na tabela abaixo:

Itens Valor R$Matéria-prima custo por litro de água sanitária 0,19

Embalagem 0,90

Rotulos 0,01

Soma 1,10

Lucro de 20% 0,22

TOTAL 1,32

�Custos Totais (CT) : é a soma de Custos Variáveis (CV) mais Custos Fixos (CF), representado pela fórmula CT = CV + CF. �Custos Diretos: são os custos sucetíveis de serem iden-tificados com os bens ou serviços resultantes, ou seja, têm parcelas definidas apropriadas a cada unidade ou lote produzidos. Geralmente são representados por mão de obra e pelas matérias-primas. �Custos Indiretos: todos os outros custos que dependem da adoção de algum critério de rateio para sua atribuição à produção.

Como calcular o preço de venda

Para o cálculo do custo unitário devemos levantar as quan-tidades necessárias para a produção de um item. Calcular o valor líquido dos materiais (TOTAL DA NOTA - ICMS - IPI).

Para calcular o preço de venda de um determinado pro-duto, basta, saber levantar os custos totais da empresa, fazer algumas operações simples e seguir as orientações abaixo, fazendo os ajustes necessários.

�Determinar os custos totais da empresa e classificá-los em diretos ou indiretos.

O custo total de produção da água sanitária seriaCT = CV + CF (o seu cálculo depende da capacitade total de produção da empresa).

Page 21: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

20

�Determinar a quantidade de matéria-prima e outras maté-rias auxiliares para a produção de uma unidade ou lote. �Determinar o número de horas de mão de obra direta utili-zada para produzir uma unidade ou lote. �Levantar os custos indiretos mensais de produção com combustível, energia, despesas administrativas e etc. �Elaborar uma planilha para cada produto, conforme mode-lo a seguir.

Cálculo do preço de um litro de água sanitáriaDescrição Unidade Custo UnitárioMatéria PrimaHipoclorito de sódio Kg 0,14Água, soda, barrilha e outros Litro 0,05TOTAL 1 0,19EmbalagemGarrafa peça 0,70Tampa peça 0,20Rótulo peça 0,01TOTAL 2 0,91TOTAL GERAL (1 + 2) 1,10

Resumo da lição

• É necessário o registro da empresa na Junta Comercial, no INPI e o registro do produto junto à Divisão de Produtos Domissanitários (DIPROD) do Ministério da Saúde.

• Há necessidade de contratação de um químico, registra-do no Conselho Regional de Química (CRQ).

• Para efeito de registro, os produtos são classificados como de Risco I e Risco II.

• Custos são gastos relativos a um bem ou serviço utiliza-dos na produção de outros bens ou serviços.

• Os custos podem ser classificados em Custos Variáveis, Custos Fixos, Custo Total, Custos Diretos e Indiretos.

Quais são os método de apuração dos custos?

Page 22: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

21

Água sanitária e alvejantes para roupas coloridas

A água sanitária é um produto domissanitário com eficiente ação bactericida e branqueadora, usada para limpeza e desinfecção de superfícies. Na sua composição química tem hipoclorito de sódio (NaClO) contendo entre 2 a 2,5% de cloro ativo, barrilha e soda cáustica. É muito utilizada como agente clareador (alvejante) e possui excelente ação bactericida, dissolve substâncias orgânicas mortas e acabando com odo-res desagradáveis. Trata-se de um produto tóxico, por isso, se for usada em excesso e sem os cuidados necessários pode causar danos a saúde. Quando usada em roupas colo-ridas produz manchas que não podem ser retiradas.

Cloro

O cloro não existe em estado livre na natureza, mas apenas no estado combinado. Aparece, principalmente, na forma de cloretos (Cl-) na água do mar. Ele é produzido em larga escala no mundo inteiro e sua obtenção pode ser feita indus-trialmente, pela eletrólise de solução de cloretos, conforme reação a segui:

Principais reações do cloro

3Lição

Desinfecção é a eliminação dos micro-organismos patogênicos, com exceção dos esporos.

Na = SódioCl = CloroH = HidrogênioO = Oxigênio

Page 23: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

22

Características do cloroO cloro nas condições normais de temperatura e pressão é um gás amarelo-esverdeado com odor pungente e irritante. Ele pode ser liquefeito por aplicação de pressão a baixas temperaturas, formando um líquido claro de cor âmbar que tem um odor irritante e é sufocante.

O cloro quer gasoso ou líquido, não é explosivo, nem inflamável. É um comburente e de forma idêntica ao oxigê-nio, é capaz de manter a combustão de certas substâncias. Muitos produtos químicos orgânicos reagem facilmente com o cloro e em alguns casos com grande violência, podendo causar explosão.

O cloro é pouco solúvel na água sendo sua solubilidade máxima em torno de 9 °C. Abaixo dessa temperatura há uma tendência do cloro de se combinar com a água, forman-do hidrato cristalino, com tendência a se cristalizar. A solubi-lidade do cloro na água é mostrada no quadro a seguir.

Quadro 1

Solubilidade do cloro na águaTemperatura ºC Solubilidade g/L

10 10,0

20 7,3

30 5,7

40 4,6

50 3,9

60 3,3

70 2,8

Pungente: combinação entre sabor e odor,

podendo irritar a mucosa do nariz e da boca.

Page 24: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

23

Solubilidade do cloro na águaTemperatura ºC Solubilidade g/L

80 2,2

90 1,3

100 0

Fonte: CETESB

Aplicações do cloroO cloro é usado para os mais diferentes fins: como alvejante de polpa de madeira, de papel, de fibras de algodão e de linho, na produção de plásticos (PVC e outros), tratamento de água potável, tratamento de piscinas, na produção de solventes clorados, agroquímicos, produtos sanitários, anti-congelantes e antidetonantes, fluidos de refrigeração. É também usado como intermediário em numerosos outros produtos químicos tais como: anticoagulantes, poliuretanos, lubrificantes, amaciantes de tecidos, fluidos para freios, fibras de poliéster, insumos farmacêuticos e na síntese de muitos outros produtos.

Nas estações de tratamento de água o cloro é utilizado para desinfecção e usa-se de 0,3 a 2,0 g de cloro por tone-lada de água, dependendo do grau de contaminação. Os compostos mais usados são: hipoclorito de sódio (NaClO), dióxido de cloro (ClO2), clorito de sódio (NaClO2) e hipoclo-rito de cálcio (cal clorada - CaCl(OCl).

Desinfecção pelo cloroAté que a teoria sobre os micro-organismos causadores de doenças fosse estabelecida, em meados de 1880, acreditava-se que os odores eram os meios pelos quais as doenças eram transmitidas. Portanto, na tentativa de se controlar os odores é que surgiu a desinfecção, tanto da água como dos esgotos.

Entende-se por desinfecção a destruição de organismos patogênicos, capazes de produzir doenças, ou de outros organismos indesejáveis, Tais organismos podem aparecer na água e sobreviver por várias semanas a temperaturas próximas a 21ºC ou, possivelmente, por vários meses a baixa temperatura. Além desse fator, sua sobrevivência

Antidetonante: substância que evita a detonação.

Anticoagulante: substância usadas para prevenir a formulação de trombos sanguíneos.

Poliuretano: polímeros unidos por ligações orgânicas de carbamatos: R-NHCOOR

Page 25: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

24

depende de vários outros: ecológicos, fisiológicos e morfoló-gicos, pH, turbidez, oxigênio, nutrientes competição com outros organismos, resistência a substâncias tóxicas, habili-dade na formação de esporos, etc.

Por outro lado, as doenças causadas por micro-organis-mos dependem da virulência, da sua concentração, do modo de contato e da resistência do hospedeiro. Para ilus-trar essa inter-relação, Theobold Smith sugeriu a equação:

D = NV/ROnde: D = probabilidade da doença. V = Virulência. N = Número de organismos. R = Resistência do hospedeiro.

Quando o produto NV é maior do que R advém a doença, o que provavelmente não ocorrerá em caso contrário.

Alguns dos elementos dessa equação não podem ser medidos em termos numéricos; entretanto, caso se use a desinfecção da água, o valor N poderá ser reduzido (ou mesmo igualado a zero).

A desinfecção da água implica na destruição de organis-mos causadores de doenças e de outros de origem fecal, mas não é necessariamente a destruição completa de for-mas vivas. Este último caso designa-se esterilização, se bem que, muitas vezes, o processo de desinfecção seja levado ao ponto de esterilização.

Histórico da desinfecção pelo cloroA cloração surgiu com o objetivo de desodorização. Assim, o primeiro composto clorado empregado foi o hipoclorito de sódio (NaOCI).

Inicialmente a cloração era usada para a desinfecção das águas somente em casos de epidemias. A partir de 1902 foi adotada de maneira contínua na Bélgica. Em 1903, estudan-do a destruição de organismos patogênicos pelo cloro, Lieutenant Nesfield da British Indian Army Medical Service sugeriu o uso do cloro guardado em cilindros revestidos com chumbo, o que só em 1909, se tornou viável. A desinfecção é o principal objetivo do uso do cloro em tratamento de água.

Page 26: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

25

A primeira década (1908-1918) marcou o início da clora-ção das águas com a aplicação de uma pequena quantidade de cloro cujo residual não era conhecido.

A segunda década (1918-1928) foi o período em que se observou acentuada expansão no uso do cloro líquido. Entretanto, da mesma maneira que na primeira década, a quantidade de cloro residual não era conhecida.

A terceira década (1928-1938) caracterizou-se pelo empre-go das cloraminas. O processo cloro-amina foi introduzido em 1928 e, com a adoção deste processo, tornou-se prática a adição de Amônia juntamente com Cloro numa razão de aplicação de maneira a obter-se um residual em cloraminas. Entretanto, nenhum teste específico era utilizado para deter-minar os residuais do Cloro.

A quarta década, (1938-1948) foi a década da cloração ao Break Point (Ponto de Inflexão). Neste período observou-se a existência de outra forma do Cloro residual. O conheci-do como Cloro residual livre ou, simplesmente, Cloro livre. Durante esta década utilizou-se testes para identificação e controle dos residuais de Cloro.

A quinta década (1948-1958) foi a do refinamento da clo-ração. A prática da cloração que apresenta os dois tipos de Cloro (Cloro combinado e Cloro livre) desenvolveu-se base-ada em controles bacteriológicos.

Na sexta década (1958-1968) ocorreu o aprimoramento do controle bacteriológico e da determinação do cloro residual.

Da sétima década (1968-1978) até o fim do século pas-sado e a primeira década deste século ocorreram sensíveis melhoras nas técnicas de cloração, de controle bacteriológi-co e determinação de teor de cloro livre, graças principal-mente ao aumento de precisão dos equipamentos e a auto-mação dos métodos de dosagem.

Observa-se que a cloração, apesar de quase um século de utilização, somente nos últimos decênios é que se apre-sentou com técnica avançada, dando, portanto, ao usuário, a segurança necessária para este desinfetante ser utilizado em água de abastecimento.

Quais as principais aplicações do Cloro?

Cloraminas: substância formada por cloro, nitrogênio e hidrogênios utilizada como desinfetante.

Page 27: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

26

Intoxicações por cloroA ação do cloro sobre organismo humano é essencialmente cáustica, atacando principalmente a mucosa broncopulmo-nar. Em presença de matéria orgânica facilmente oxidável decompõe a água e com o hidrogênio forma o ácido clorídri-co, de intensa ação cáustica, e oxigênio que, por sua vez, atua sobre os tecidos como oxidante enérgico.

A corrosão produzida pelo ácido clorídrico sobre os alvé-olos origina a destruição do endotélio com transudação de soro sanguíneo e, consequentemente causando o edema pulmonar agudo, com morte por asfixia. O seu limite de tole-rância é de 0,8 ppm.

Hipoclorito de sódioHipoclorito de sódio é produzido pela combinação do cloro com a soda cáustica. Apresenta-se como uma solução com cerca de 10 a 15% de cloro disponível, fornecido em bombo-nas ou em carro-tanque. A solução é razoavelmente instável e se deteriora rapidamente. Essa deterioração pode ser redu-zida através de um processo de fabricação mais cuidadoso e pelo controle de alcalinidade. A maior estabilidade é obtida quando o pH está próximo a 11, e quando não apresenta cátions de metais pesados. O armazenamento deve ser feito em temperatura inferior a 30 ºC, pois acima dessa temperatu-ra a decomposição cresce rapidamente.

O armazenamento em área escura e temperatura não muita elevada reduz grandemente a taxa de deterioração. De qualquer forma, a vida da solução é limitada entre 60 e 90 dias. A solução de hipoclorito de sódio é corrosiva, ataca a pele, os olhos e outros tecidos do corpo. Apresenta uma grande facilidade para dosagem, que pode ser feita a partir da solução original.

Reações do cloro com águaQuando o Cloro é adicionado em água quimicamente pura, tem-se a reação:

Transudação: passagem por causa inflamatória ou

não de um líquido orgânico através de uma

membrana ou de uma superfície delgada do

organismo.

Page 28: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

27

Em temperatura normal essa reação é completada em poucos segundos. Observa-se que, com o abaixamento do pH, o equilíbrio da reação desloca-se na formação de Cl2; isso, entretanto, não acontece para solução diluída e pH acima de 4 (quatro). Neste caso o equilíbrio se desloca para a direita, portanto, pouco Cl2 existe.

A ação desinfetante e oxidante do Cloro é controlada pelo HOCI (ácido hipocloroso) que se dissocia instantaneamente segundo a reação:

O ácido hipocloroso formado é fraco e fracamente disso-ciado em pH abaixo de 6 (seis).

O pH das águas de abastecimento normalmente está na faixa em que há existência tanto de HOCI como de OCl-.

Por exemplo: para uma água de pH = 8 a 20 ºC tem-se 72% OCl- e 28% HOCI.

O Cloro na forma de Hipoclorito de Cálcio (cujo nome comercial é cal clorada) e de Hipoclorito de Sódio, quando em contato com a água, ioniza-se segundo as reações:

O íon hipoclorito também estabelece um equilíbrio com íons de hidrogênio, dependendo do pH, ou seja, da concen-tração de íons de hidrogênio na água, conforme mostra a equação (2).

Observa-se então que parte do Cloro disponível reage com água para formar ácido hipocloroso, íons hipoclorito e ácido clorídrico. O ácido clorídrico formado combina-se com a alcalinidade natural da água ou com a alcalinidade introdu-zida para fins de tratamento, reduzindo-as e alterando dessa forma o pH o qual, por sua vez, influi no grau de dissociação do ácido hipocloroso, conforme demonstrado. O cloro exis-tente na água na forma de ácido hipocloroso e de íon hipo-clorito é definido como cloro residual livre.Aplicação: quanto maior a concentração e/ou o tempo maior

Page 29: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

28

o espectro de ação, podendo ser utilizado como desinfetan-te de baixo a alto nível.

� Espectro de ação: tem amplo espectro de ação, che-gando a ter ação sobre esporos de B. subtillis. Atua à concentrações tão baixas como 25 ppm para micro-organismos mais sensíveis. Mais usualmente é utilizada em concentração de 1000 ppm.

� Características: é o desinfetante mais amplamente utili-zado. Apresenta ação rápida e baixo custo. É bastante instável e inativado por matéria orgânica. É considerado como prejudicial ao ambiente.

� Compatibilidade com materiais: é bastante corrosivo, prin-cipalmente de metais e tecidos de algodão e sintéticos.

� Aplicação: dependerá da concentração. Basicamente utilizado em superfícies fixas. Embora possua algumas recomendações para materiais de terapia respiratória os resíduos de cloro, principalmente com o uso prolongado, se tornam impedimento. Utilizado para tratamento de tanques e de água.

Produção de água sanitáriaA água sanitária é um produto domissanitário com eficiente ação bactericida e branqueadora, constituído de hipoclorito de sódio (NaClO) contendo entre 2,0 a 2,5% de cloro ativo, barrilha, soda cáustica e água potável.

A solução de hipoclorito de sódio industrial : é a principal matéria-prima utilizada na fabricação de água sanitária e deve apresentar um teor mínimo de cloro ativo igual a 10% e um pH de 10. Segundo a portaria Nº 89, de 25 de agosto de 1994, da ANVISA o pH máximo do produto puro deverá ser de 13,5 e do produto diluído a 1% (p/p) deverá ser de 11,5.

Quando dizemos que uma solução de hipoclorito de sódio tem 12% de cloro ativo, isto quer dizer que em 100 kg da solução concentrada encontramos 12 kg de cloro livre e densidade aproximada de 1,15 g/mL.

Determinação do teor de cloro ativoPara determinar o teor de cloro ativo em uma solução de hipoclorito de sódio usa-se o método iodométrico. A determi-

B. Subtillis: espécie de bacteria gram-positiva,

saprofita comum ao solo e a água.

Page 30: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

29

nação do cloro ativo baseia-se na dissociação iônica do íon hipoclorito (ClO–) em meio ácido formando cloro (Cl2), O cloro livre formado na reação é determinado iodometrica-mente, pela adição de iodeto de potássio (KI) e ácido acético na solução de hipoclorito de sódio. A quantidade de iodo liberado é equivalente ao cloro livre que pode ser determina-do pela titulação com uma solução padrão de tiosulfato de sódio (Na²S²O³) através de uma bureta calibrada.

Material para o método iodométrico:

Solução de Iodeto de potássio ..........................20 % Ácido acético ........................................................ 1/4Solução de hipoclorito de sódio ......................10 mL Tiosulfato de sódio padronizado ................ 0,1 mol/LSolução de amido ...............................................1 %

Vidraria e equipamentos: bureta calibrada de 50 mL, erlen-meyer, pipetas calibradas e volumétricas e vidro de relógio, suporte para bureta e balança analitica

Fábio Castelo, 21.10.2010

Pipetas volumétricas e calibradas

Procedimento para determinação do teor de cloro ativo no xarope de hipoclorito de sódio

Como é produzido o hipoclorito de

sódio?

Page 31: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

30

1. Meça com pipeta volumétrica 10 mL da amostra do xaro-pe de hipoclorito de sódio e dilua em água destilada para 100 mL utilizando balão volumétrico. Homogeneíze.

2. Retire uma alíquota de 20 mL da solução diluída da amos-tra e transfira para o erlenmeyer. Adicione 25 mL da solu-ção com 20% de Iodeto de potássio e acidifique o meio com 25 mL de ácido acético 1 : 4.

3. Cubra o erlenmeyer com vidro relógio e aguarde pelo menos cinco minutos.

4. Titule o Iodo liberado com solução padrão de Tiosulfato de sódio, até que a coloração torne-se amarelada.

5. Adicione então, 50 mL de água destilada e 2 mL de uma solução de amido 1% recém preparada. A coloração da solução torne-se azul-violácea. Continue a titulação até a solução tornar-se incolor.

6. Anote o volume gasto na titulação e calcule o teor de cloro ativo na amostra do xarope de hipoclorito de sódio, expressando o resultado em ppm (parte por milhão) e em percentagem (% m/v).

Fábi

o C

aste

lo, 2

1.10

.201

0

Titulação com uso de uma bureta calibradaA quantidade de água, que se deve acrescentar à solução

concentrada de hipoclorito de sódio para obter-se a água

Page 32: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

31

sanitária, depende do título da solução de NaClO. A quantida-de de NaClO pode ser calculada pela seguinte fórmula:

Material1. Hipoclorito de sódio (NaClO) .............................. 2,90 L2. Carbonato de sódio (Barrilha leve - Na2CO3 ....100 g3. Soda cáustica (NaOH) q.s.p. ......................... pH = 114. Água potável q.s.p. ................................................ 10 L

Procedimento1. Meça 60% de água a ser usadsa e coloque em um reci-piente plástico.2. Adicione 2,90 L de hipoclorito de sódio e misture bastante. 3. Adicione a barrilha previamente diluída em um litro de água.4. Verifique se o pH = 11. Caso não esteja, adicione soda cáustica até o pH atingir 11.5. Adicione os 40% restante de água e mistuira e misture bem e envase em garrafas plásticas apropriadas, ou seja, que evitem a entrada de luz.

Forma de intoxicações pela água sanitáriaAs intoxicações provocadas por água sanitária podem ser agudas e acontecer de formas acidentais, suicidas e domés-ticas.

Barrilha é o nome comercial do Carbonato de Sódio (Na2CO3) que é uma substância alcalina, de cor branca, em forma de pó (Barrilha Leve) ou grão (Barrilha Densa), sem cheiro e higroscópico, ou seja, absorve umidade lentamente quando exposta a atmosfera, sendo responsável pela aglomeração do produto.

Envasar: encher a garrafa.

Fábio Castelo, 18.09.2010

Medidor de pH

q.s.p.: quantidade suficiente para.

Page 33: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

32

Farmacodinâmica: ação local corrosiva. O hipoclorito de sódio, com pH baixo no estômago, desprende ácido hipoclo-roso que é corrosivo.Toxicidade: dose letal para criança - 15 a 30 mL.Sintomas e Sinais Clínicos e Anatomopatológicos: cia-nose, delírio, convulsão e coma; dispnéia e edema pulmonar (aspiração); choque; sensação de queimadura, náuseas, vômitos hemorrágicos (borra de café), edema, necrose e perfuração do esôfago e estômago, lesões cáusticas, defesa abdominal devido à peritonite; desequilíbrio hidro-eletrolítico.

Tratamento1) Remover a solução alvejante da pele ou dos olhos com

água corrente abundante por pelo menos 15 minutos.2) No caso de ingestão diluir o álcali administrando de ime-

diato água, podendo usar suco de limão fresco diluído em água com o objetivo de neutralizar o álcali. São necessá-rios no mínimo 2 L de suco de frutas para neutralizar cada 30 g de álcali. Não se deve ministrar nada por via oral a uma pessoa inconsciente.

3) Para decompor a solução alvejante ingerida usar medica-mento por via oral ou endovenoso conforme a recomen-dação médica. Dependendo do grau de intoxicação e do diagnóstico médico, às vezes é necessário o uso de anti-bióticos e corticóides.

Alvejante para roupas coloridas

O alvejante trabalha junto com o detergente ou com o sabão para remover manchas e sujeiras, deixar mais brancas as peças brancas e tornar as cores de alguns tecidos mais vivas. Ele também funciona como desinfetante suave. Os dois tipos básicos de alvejantes são o cloro e o oxigênio.

O alvejante líquido comum à base de cloro é o mais eficaz e o menos caro, mas não pode ser utilizado em todos os tipos de tecidos. O alvejante à base de oxigênio é seguro para todos os tipos de tecidos laváveis, fibras com acabamento resinado e para a maioria dos tecidos coloridos laváveis.

O alvejamento químico ou descoloração das fibras celuló-

Fábio Castelo, 17.09.2010

Garrafas âmbar que evitam a penetração da luz.

Corticóides: hormônios esteróides produzidos pelas glândulas supra-

renais.

Farmacodinâmica é o estudo do efeito da droga

nos tecidos.

Em que tipo de reci-piente deve ser envasada a água sanitária?

Page 34: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

33

sicas naturais pode ser feito mediante agentes de branqueio químico, classificados como redutores ou oxidantes.

Os agentes oxidantes são os aplicados na prática para essa classe de fibras, devido aos resultados obtidos, tanto do ponto de vista do rendimento como custo da operação.

Atualmente o alvejamento compreende duas etapas: o alvejamento químico e o alvejamento ótico. Estas duas eta-pas podem ser realizadas separadamente (alvejamento quí-mico seguido de alvejamento ótico) ou em alguns casos, simultaneamente.

Os agentes oxidantes utilizados no alvejamento químico são os seguintes:• Hipoclorito de sódio – NaClO• Peróxido de hidrogênio (água oxigenada) – H2O2

• Clorito de sódio – NaClO2

�Faça um teste de durabilidade da cor dos tecidos antes de usar qualquer alvejante, misturando 1 colher de sopa de alvejante clorado com 1/4 de xícara de água ou 1 colher (de sopa) de alvejante à base de oxigênio com 1/2 de água quente. Aplique esta solução em um local pequeno e escondida do tecido (bainha ou punho). Seque com papel-toalha. Se não manchar, você pode lavar o tecido com água sanitária. Do contrário, use alvejante sem cloro, que tira manchas sem desbotar. �O alvejante deve ser colocado na água da lavagem ou diluído antes de as roupas serem colocadas na máquina. O alvejante não deve nunca ser colocado diretamente sobre os tecidos. �Sempre alveje a peça toda e não apenas uma única mancha. �Quando estiver utilizando o alvejante, use a água na tem-peratura mais quente possível, porque isto melhora o desempenho do produto. �Se tiver utilizando máquina de lavar, alveje as roupas somente no ciclo lavar, assim ele pode ser totalmente reti-rado durante o ciclo do enxágue. �Quando lavar tecidos que contém elastano, utilize ape-nas alvejante à base de oxigênio.

Quando devemos usar alvejante à

base de oxigênio?

Page 35: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

34

Material para preparar 7,7 L de alvejante à base de oxigênio

Água oxigenada 130 volumes ............................. 1 L ou Água oxigenada de 200 volumes ........... 650 mLLauril .................................................................. 0,1 LÁgua .................................................................. 6,6 LEssência ........................................................... q.s.p.

Procedimento:1. Dissolva a água oxigenada na água, adicione o lauril e a

essência e misture bem.2. Após engarrafar já está pronta para uso.

Resumo da lição

• A água sanitária é um produto domissanitário com efi-ciente ação bactericida.

• O cloro não existe em estado livre na natureza, mas ape-nas no estado combinado.

• Descrição do histórico do processo de desinfecção pelo cloro.

• Mecanismo de intoxicação do organismo humano pela água sanitária.

• Técnica para determinação do teor de cloro ativo.• Técnica para produção de água sanitária e alvejante

para roupas coloridas.

Page 36: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

35

Desinfetantes

Desinfetantes domissanitários são substâncias ativas capa-zes de eliminar muitos ou todos os micro-organismos pato-gênicos, com exceção dos esporos.

As suas principais características são: �Poder destruir em tempo razoável os organismos patogê-nicos a serem eliminados, na quantidade em que se apre-sentam, e nas condições encontradas. �Não devem ser tóxicos para o homem e os animais domésticos nas dosagens usuais e nem causar odores desagradáveis. �Estar disponíveis a custos razoáveis e ter condições de segurança no transporte, armazenamento manuseio e aplicação. �Produzir residuais, de maneira a constituir barreira sani-tária por um tempo razoável. �Ser solúvel em água. �Não ser poluente. �Ser estável em concentração original ou diluído.

Fatores que influem na eficiência de um desinfetanteA eficiência de um desinfetante está relacionada aos seguin-tes fatores:

�Ambiente a ser desinfectado. �Espécie e concentração do organismo a ser destruído. �Tempo de contato. �Grau de dispersão do desinfetante no objeto e ambiente.

Resistência dos micro-organismos aos desinfetantes

A resistência dos micro-organismos aos desinfetantes varia consideravelmente e depende de diversos fatores. Bactérias não esporuladas são menos resistentes que as esporuladas. A concentração dos micro-organismos é significante já que um alto número em dado volume (densidade) apresenta

Esporuladas: camada protetora de algumas bactérias.

4Lição

Page 37: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

36

uma maior demanda de desinfetante e esta aglomeração pode criar uma barreira na sua penetração.

A morte de organismos por um certo desinfetante, fixando-se outros fatores, é proporcional a sua concentração e ao tempo de contato. Assim pode-se trabalhar com altas con-centrações e pouco tempo ou baixa concentração e tempo elevado.

A característica do ambiente a ser tratado tem influência marcante no processo de desinfecção. Por exemplo, orga-nismos circundados por material em suspensão podem tor-nar-se inatingíveis pelo agente desinfetante. Se o agente desinfetante for um oxidante, a presença de material orgâni-co e outros materiais oxidáveis irá consumir parte da quanti-dade do agente desinfetante necessária para destruir os agentes patogênicos.

Além das características químicas ambientais, a tempe-ratura influi no processo de desinfecção; em geral tempera-turas altas favorecem a ação desinfetante. Para uma melhor ação, os agentes desinfetantes devem ser uniformemente dispersos no ambiente e objetos.

Agentes ativos

Os agentes ativos são as substâncias químicas que têm ação de eliminar os micro-organismos. Os principais agen-tes ativos dos desinfetantes que podem ser usados isolada-mente ou associados são:

Cloreto de alquil dimetil benzil amônio (cloreto de belzalcônio)É um tensoativo catiônico, utilizado como agente de desinfe-ção com propriedades bactericidas, fungicidas e algicidas. É de fácil manuseio, tendo baixa toxicidade e baixa irritabilida-de e utilizado em diluições apropriadas, são altamente solú-veis e extremamente ativos contra um grande espectro de micro-organismos.

Formaldeído (formol) É um desinfetante de alto nível, mas como é considerado carcinogênico, sua aplicação em hospitais hoje é limitada. Até hoje ainda é utilizado para tratamento de hemodializa-

Hemodializadores: equipamento utilizado para hemodiálise.

Page 38: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

37

dores, no entanto está sendo substituído cada vez mais por ácido peracético para esta aplicação. É usado na conser-vação de peças anatômicas e tecidos e preparo de vacinas virais.

Seu espectro de ação é amplo, funcionando como: bac-tericida, fungicida, viruscida, tuberculicida. Se apresenta em forma líquida e sólida, mais conhecida como formalina.

A formalina sólida é vaporizada através do calor na pre-sença de umidade. Embora seja uma opção econômica foi pouco estudada. Tem limitações na mensuração de parâme-tros aceitáveis da liberação dos vapores em determinadas dimensões de materiais. Além disto, os resíduos são tóxicos e podem danificar alguns instrumentos.

Forma de intoxicações por formaldeido

O formaldeido (H2CO) é um gás que pode ser reativo e instável à temperatura ambiente. É vendido comercialmente em solução aquosa de concentração de 37-39% (formol), contendo ainda 10-15% de metanol, para inibir a sua polimerazação para for-maldeído.

É usado como desinfetantes, anti-séptico, desodorante, fixador de cabelos ou fluido para embalsamento. A forma polimerizada - trioximetileno (paraformaldeido) - pode ser decomposta pelo calor em formaldeido. A dose fatal de for-malina é de 60 a 90 mL. Os polímeros do formaldeido são usados para evitar umidade em papel e em roupas. Esses polímeros contêm algumas vezes formaldeido livre.

O formaldeido reage quimicamente com muitas substân-cias nas células e por essa razão deprime todas suas fun-ções, levando-as à morte. Os achados patológicos na inges-tão de formaldeido são necrose e retração das mucosas. Alterações degenerativas podem ser encontradas no fígado, rins, coração e cérebro.

Quadro clínico

a) Intoxicação Aguda: a ingestão causa dor abdominal imediata e intensa seguida de colapso, perda de consci-

Necrose: estado de morte de um tecido ou parte dele em um organismo vivo.

Anúria: diminuição ou ausência da produção de urina

Page 39: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

38

ência e anúria. Pode ocorrer também vômitos e diarreia. A morte ocorre por insuficiência circulatória.

b) Vestimentas e papéis: contendo formaldeido livre cau-sam dermatite de sensibilização em alguns indivíduos.

c) Exames de laboratório: a urina pode apresentar proteí-na, cilindros e hemácias.

Tratamento da intoxicação

�Remover imediatamente o paciente do ambiente onde ocorreu a intoxicação. �Remover o formol da pele ou dos olhos com água corren-te abundante. �Levar o paciente para um hospital para tratar a intoxicação.Para diminuir a intoxicação por formol deve-se proceder

melhorias nos locais de trabalho no que diz respeito às con-dições de exaustão, ventilação e climatização.

Paralelamente, deverá ser assegurado um programa de vigilância da saúde dos trabalhadores que permita uma ava-liação contínua dos riscos na saúde de natureza profissional e adoção de ações preventivas adequadas ao controle da exposição.

Eficiência da desinfecção

Os fatores que influenciam na eficiência da desinfecção e, con-sequentemente, no tipo de tratamento a ser empregado são:a) Espécie e concentração do organismo a ser destruído.b) Espécie e concentração do desinfetante. c) Tempo de contato.d) Características químicas e físicas da água. e) Grau de dispersão do desinfetante na água.

A resistência de algumas espécies de micro-organismos para desinfetantes específicos varia consideravelmente. Bactérias não esporulantes são, por exemplo, menos resistentes que bac-térias formadoras de ésporos. A forma encistada e os virus são bastante resistentes.

A concentração dos micro-organismos é significante já que um alto número em dado volume (densidade) apresenta maior demanda de desinfetante. A aglomeração ou amonto-

Page 40: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

39

ado de organismos pode criar uma barreira para a penetra-ção do desinfetante.

ÁlcoolO álcool utilizado para limpeza doméstica e institucional tem sido o grande vilão dos muitos acidentes domésticos, princi-palmente os que envolvem crianças. Curiosas por natureza, elas se rendem aos encantos da facilidade de combustão do álcool, fazendo com que os acidentes domésticos envolven-do-as com queimaduras sejam os mais frequentes - 45 mil casos por ano só com crianças (Fonte: Sociedade Brasileira de Queimadura).

Em segundo lugar, os acidentes domésticos relacionados com o álcool ficam por conta da ingestão oral. Apesar disto, é inegável que a limpeza doméstica não seria a mesma sem o uso do álcool.

O seu poder bactericida, solubilizante, alta taxa de evapo-ração e o seu baixo custo, o faz um dos domissanitários mais procurados pelo mercado consumidor final.

O processo de obtenção do álcoolO álcool utilizado em questão é o etanol (álcool etílico), cuja fórmula é CH3CH2OH. A palavra álcool deriva do árabe al-kuhul, que se refere a um fino pó de antimônio, produzido pela destilação deste antimônio, e usado como maquiagem para os olhos.

Os alquimistas medievais ampliaram o uso do termo para referir-se a todos os produtos da destilação e isto levou ao atual significado da palavra.

Existem basicamente três processos utilizados para a fabricação do etanol: a fermentação de carboidratos, a hidra-tação do etileno e a redução do acetaldeído.

Mundialmente, desde a antiguidade até 1930, o etanol era preparado somente por fermentação de açúcares. Todas as bebidas alcoólicas e mais da metade do etanol industrial ainda são feitos por este processo.

No Brasil, o etanol é obtido por fermentação do açúcar de cana. Em outros países, quando este é o método adotado,

Quais os fatores que influem na eficiência de um desinfetante?

Page 41: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

40

usam-se como matérias-primas a beterraba, o milho, o arroz, etc (daí o nome “álcool de cereais”). Fora do Brasil, a hidrata-ção do etileno é o principal processo de fabricação do etanol.

No Brasil a invertase e a zimase são duas enzimas que catalisam essas reações; elas são produzidas pelo micro-organismo Saccharomyces cerevisae, encontrado no fer-mento ou levedura de cerveja. Após a fermentação, o etanol é destilado, obtendo-se o álcool comum a 99 ºGL (graus Gay-Lussac ou 93,2 ºINPM), que corresponde à mistura de 96% de etanol e 4% de água, em volume. Deste álcool é obtido o álcool 99 ºGL (ou 99,3 ºINPM) por destilação azeo-trópica com ciclohexano.

Duas expressões bastante usadas surgem então: álcool anidro e álcool desnaturado. O primeiro, também conhecido como álcool absoluto, é o álcool isento de água (isto é 100% etanol ou 99 ºGL). O segundo é o álcool comum ao qual adiciona-se substâncias de cheiro ou sabor desagradáveis, para evitar o uso indevido pelo consumidor final.

A solução encontrada foi transformar a forma física do álcool que hoje é na forma líquida, em um gel e alterar a sua propriedade organoléptica (o sabor), deixando-o com um gosto amargo que provoque a repulsão ao paladar. Isto pode ser realizado, adicionando um espessante ao álcool para torná-lo mais espesso, além da adição do desnaturante.

De acordo com o determinado pela Resolução RDC Nº 46, de 20 de fevereiro de 2002, a ANVISA determinou que a partir de 180 dias a contar da data de publicação todo o álcool colo-cado no mercado em embalagens inferiores a 500g com con-centrações iguais ou superiores a 68% p/p., deverá estar na forma gel e desnaturado.

Ação do álcoolA ingestão de alcool provoca ruptura da membrana celular e rápida desnaturação das proteínas com subsequente inter-ferência no metabolismo e divisão celular.

�Espectro de ação: rápido e amplo espectro de ação contra bactérias vegetativas, vírus e fungos, mas não é esporicida. �Apresentação mais frequente: álcool etílico e álcool iso-propílico.

Desnaturante é qualquer substância que quando adicionado a um produto, torna ele inadequado para o consumo, alterando sabor (por exemplo, amargo), provocando efeitos desagradáveis no organismo, como náuseas, etc.

Destilação Azeotrópica: procesor de separação de misturas.

Page 42: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

41

�Concentração: entre 60 e 90%, sendo que abaixo de 50% sua atividade diminui bastante. �Compatibilidade com materiais: mais indicado para superfícies externas dos materiais e superfícies de vidro. Embora utilizado como secante em instrumentos óticos, pode danificar o cimento das lentes. Resseca plástico e borrachas quando utilizado repetidas vezes ao longo do tempo. Torna opaco o material acrílico.

�Características da ação: como evapora rapidamente sua ação é limitada, havendo necessidade de submersão de objetos para uma ação mais ampla.

Produção de desinfetantesFórmula 1: Desinfetante comum Material

1. Água ................................................ 91,5 a 93,5%2. Cloreto de benzalcônio ................................. 1,0%3. Ricinoleato de sódio ..................................... 1,5%4. Álcool ........................................................ 3 a 5% 5. Essência ....................................................... 1,0%6. Corante ........................................................ q.s.p

Procedimento1. Sob agitação constante, adicionar o Cloreto de

benzalcônio a água e em seguida adicionar o álcool.2. Em seguida, adicionar a essência previamente diluída

no ricinoleato de sódio ou detergente neutro. 3. Diluir o corante em água e adicionar.

Fórmula 2: Desinfetante leitoso Material1. Água ..................................................... 90,5 a 92,5%2. Cloreto de benzalcônio .......................................1,0%3. Ricinoleato de sódio ...........................................1,5%4. Álcool .............................................................. 3 a 5% 5. Brancol .............................................................. 1,0 %6. Essência - (hidrossolúvel) .................................1.0 %

Desinfetante leitoso

Fábio Castelo

Page 43: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

42

Procedimento1. Sob agitação constante, adicionar o Cloreto de

Benzalcônio a água e em seguida adicionar o álcool.2. Adicionar a essência previamente diluída no ricinoleato

de sódio ou dertegente neutro. 3. Acrescentar o brancol e misturar.

Formula 3: Desinfetante com ação detergente Material

1. Água ................................................ 91,5 a 93,5%2. Cloreto de benzalcônio ..................................1,0%3. Ricinoleato de sódio ......................................1,5%4. Álcool ......................................................... 3 a 5% 5. Detergente neutro ............................................ 6%5. Essência ........................................................ 1,0%6. Corante ......................................................... q.s.p

Procedimento1. Sob agitação constante, adicionar o Cloreto Benzalcônio

na água e em seguida adicionar o álcool e o detergente neutro.

2. Adicionar a essência previamente diluída no ricinoleato de sódio ou detergente neutro.

3. Diluir o corante em água e adicionar.

Fórmula 4 Desinfetante de PinhoMaterial

1. Água .................................................................76,8%2. Cloreto de benzalcônio ......................................1,5%3. Ricinoleato de sódio .........................................13,0%4. Óleo de pinho .....................................................2,5%5. Álcool.....................................................................5%6. EDTA a 30 ..........................................................0,2%7. Corante amarelo - se desejar ............................ q.s.p

Procedimento1. Sob agitação constante, adicionar o cloreto benzalcônio

na água.

Bombona de 5 L

Fábio Castelo

Desinfetante de pinho

O ricinoleato de sódio é o sal de sódio do ácido ricinoléico e possui fórmula C17H32OHCOONa, é usado como emulsionante e surfactante.

Page 44: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

43

2. Em seguida, em outro recipiente, misture o óleo de pinho com o ricinoleato de sódio mexendo bem até ficar bem homogêneo e depois adicione a solução anterior.

3. Acrescente em seguida o álcool, e o EDTA sempre mistu-rando bem. Se quiser pode colocar corante amarelo.

Resumo da lição

• Desinfetantes domissanitários são substâncias ativas capazes de eliminar muitos ou todos os micro-organismos.

• A resistência dos micro-organismos aos desinfetantes varia consideravelmente e depende de diversos fatores.

• A concentração dos micro-organismos é significante já que um alto número em dado volume apresenta uma maior demanda de desinfetante.

• Os agentes ativos são as substâncias químicas que têm ação de eliminar os micro-organismos. Os principais agentes ativos dos desinfetantes podem ser usados iso-ladamente ou associados.

Page 45: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

44

Tensoativos: Detergentes e Limpa Vidros

Os tensoativos são responsáveis pela característica mais importante e desejada em um detergente, a capacidade de remoção das sujidades. Este fato é possível devido a sua estrutura, que possui uma parte hidrofílica e uma parte hidro-fóbica. Eles reduzem a tensão superficial da água, permitin-do que a sujeira possa ser removida facilmente através da formação de micelas.

Numa micela, a extremidade apolar do tensoativo fica voltada para o centro, interagindo com o óleo (ou substân-cias hidrofóbicas) enquanto a extremidade polar fica para fora (interagindo com a água).

As micelas são estruturas geralmente esféricas, de natu-reza coloidal, formadas de tal modo que as partes não pola-res do detergente se orientam para o interior da mesma, criando assim, uma superfície iônica.

Podemos dizer que as soluções de tensoativos formam sistemas dinâmicos onde as micelas estão continuamente sendo formadas e destruídas. Essa característica das solu-ções de detergentes é importante para o processo de remo-ção das sujidades, que envolve o deslocamento das partícu-las de sujeiras de natureza lipofílica para o interior das micelas e a estabilização das mesmas de modo a mantê-las em suspensão, evitando que a sujeira volte a depositar-se sobre a superfície que está sendo limpa.

Os tensoativos são divididos em aniônicos, catiônicos, anfó-teros e não iônicos. A associação de alguns deles pode, além de outras coisas, melhorar o poder de limpeza do detergente e diminuir sua irritabilidade, ou seja, aumentar sua suavidade.

De um modo geral, na grande maioria dos casos, pode-mos dizer que um tensoativo apresenta ao mesmo tempo

5Lição

Os compostos tensoativos ou simplesmente tensoativos são substâncias anfifílicas, ou seja, possuem em sua estrutura molecular grupos com características hidrofílicas e hidrofóbicas.

Hidrofílica: tem a afinidade com a água.Hidrofóbica: não tem afinidade com a água.

Tensão superficial é uma propriedade dos líquidos que se relaciona intimamente com as forças de atração e repulsão entre as moléculas.

O que são tensoativos?

Page 46: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

45

características de agente molhante, de agente emulsionan-te, de detergente e de espumante.

Entretanto, uma destas características é sempre mais marcante em um determinado tensoativo do que as demais. É esta característica dominante que determina a sua classi-ficação como detergente, emulsionante, etc.

Tipos de tensoativosFaremos aqui uma breve descrição dos diferentes tipos de ten-soativos que são responsáveis pela propriedade de tirar sujeiras e dar espumosidade aos detergentes e sabões. Existem quatro tipos de tensoativos que serão descritos a seguir.

Tensoativos aniônicosOs tensoativos são aniônicos quando em solução aquosa pos-suem carga negativa em sua porção hidrofílica. Os principais representantes desta classe são os sabões de ácidos graxos, os alquil sulfatos, os alquil éter sulfatos e os alquil sulfossucci-natos, embora muitos outros não deixem de ter sua importân-cia para uma ou outra aplicação específica. São, via de regra, de alto poder espumante, alta detergência e alta umectância, quando comparados às demais classes de tensoativos.

Os sabões alcalinos de ácidos graxos são amplamente utilizados na fabricação de sabonetes em barra, pois seu desempenho é satisfatório e seu custo é baixo. São normal-mente os aniônicos mais pobres em espuma e suscetíveis à dureza de água. A adição de agentes quelantes e seques-trantes pode melhorar o desempenho destes produtos.

Os alquil sulfatos, juntamente com os alquil éter sulfatos são os produtos mais utilizados como agentes tensoativos espumógenos em cosméticos capilares, sabonetes líquidos, produtos de higiene oral, entre outras aplicações.

Dentre os alquil sulfatos, os mais importantes são os lau-ril sulfatos que possuem ampla aplicação na indústria cos-mética. As principais características dos alquil sulfatos são seu alto poder espumógeno, alta reserva de viscosidade, boa solubilidade em água, odor agradável e completa biode-gradabilidade.

Umectância: molhar, umedecer com substância que se dilui.

Agentes quelantes: componentes que sequestram íons metálicos.

Page 47: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

46

Na classe de alquil éter sulfatos, os mais importantes são os lauril éter sulfatos por suas propriedades diferenciadas: são mais hidrofílicos (50%) que seus correspondentes não etoxilados, possuem baixa irritabilidade aos olhos e à pele, baixo ponto de turvação, fácil controle de viscosidade a partir de adição de eletrólitos e maior resistência à dureza de água.

O processo de obtenção consiste na etoxilação do álcool laurílico, seguida da sulfonação do álcool laurílico etoxilado, gerando um ácido que é neutralizado por uma base tal como soda, trietanolamina, amônia ou monoetanolamina, produ-zindo diferentes sais de lauril éter sulfato, portanto, diferen-tes tensoativos.

Fábio Castelo

Amostra de ácido sulfônico

Ainda como tensoativos aniônicos tem-se os alquil sulfos-succinatos, de excelente poder umectante, embora produ-zam pouca espuma e possuam baixo poder detergente.

Os monoalquil sulfos-succinatos foram desenvolvidos recentemente. São pouco irritantes aos olhos e apresentam baixíssima toxicidade. Os sulfossuccinatos são utilizados, preferencialmente, em xampus infantis, em geral, associa-dos a um lauril éter sulfato para melhorar suas propriedades de espuma e detergência.

Trietanolamina: utilizar para corrigir o pH em cosméticos.

Page 48: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

47

Tensoativos catiônicosOs tensoativos catiônicos são caracterizados por possuírem um grupo hidrofílico carregado positivamente ligado à cadeia graxa hidrofóbica. Possuem menor aplicação em cosméti-cos, devido a algumas características indesejáveis, como incompatibilidade com tensoativos aniônicos, irritabilidade à pele e aos olhos e baixo poder detergente.

Algumas propriedades importantes destes tensoativos fazem com que sejam utilizados em preparações cosméti-cas como bactericidas e agentes antiestáticos em condicio-nadores capilares.

Como os condicionadores são produtos utilizados após a lavagem, não necessitam conter tensoativos aniônicos alta-mente detergentes, responsáveis, portanto, pela limpeza dos fios de cabelo. Isso torna possível, utilizar formulações baseadas em tensoativos catiônicos, os maiores agentes promotores de substantividade, efeitos antiestático e de con-dicionamento às fibras dos cabelos.

A mudança da natureza lipofílica da superfície do cabelo devido à adsorção do agente catiônico permite que outros ingredientes da formulação tenham maior compatibilidade com o cabelo.

Assim, na presença de agentes catiônicos ocorre maior deposição de materiais graxos e emolientes (componentes oleosos) em sua superfície, substâncias que contribuem sinergicamente para os efeitos dos agentes catiônicos.

Os tensoativos catiônicos de maior utilização em prepa-rações cosméticas são os sais de amônio quaternário, den-tre os quais, o mais usado no Brasil é o cloreto de cetiltrime-tilamônio, sendo que os cloretos de dialquildimetilamônio são também muito utilizados.

Tensoativos não-iônicosOs tensoativos não-iônicos são caracterizados por possuí-rem grupos hidrofílicos sem cargas ligados à cadeia graxa. Possuem como características a compatibilidade com a maioria das matérias-primas utilizadas em cosméticos, baixa irritabilidade à pele e aos olhos, um alto poder de redução da tensão superficial e interfacial e baixos poderes de detergên-cia e espuma.

Como se classificam os tensoativos?

Page 49: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

48

Estas características permitem que estes tensoativos sejam utilizados principalmente como agentes emulsionantes.

As alcanolamidas de ácidos graxos pertencem à classe de tensoativos não-iônicos. No mercado brasileiro a dietanolami-da de ácido graxo de coco é mais utilizada devido ao baixo custo e disponibilidade local da matéria-prima e por dispensar aquecimento para seu uso.

É obtida pela reação da dietanolamina ou monoetanolami-na com ácidos graxos de coco e utilizada como agente sobrengordurante, espessantes e solubilizante de fragrâncias e materiais oleosos.

Dentre os tensoativos não-iônicos as alcanolamidas gra-xas são as que possuem maior utilização em preparações espumógenas, principalmente em xampus. Elas apresentam poder espessante pelo aumento da reserva de viscosidade, ou seja, por permitirem maior absorção de água e maior resistência a eletrólitos, estabilização de espuma, pela solu-bilização dos ésteres graxos, glicóis, álcoois, óleos essen-ciais, lanolina, etc.

Seu efeito sobrengordurante (recondicionamento) é devido à estrutura graxa e ao baixo poder de detergência, reduz o efeito de ressecamento causado pelos tensoativos aniônicos.

Outros componentes da classe de tensoativos não-iônicos são os derivados de polióis, como os ésteres de glicerol. Destes, o monoestearato de glicerila é o mais utilizado em loções, cre-mes e batons. É obtido pela reação direta do ácido esteárico com glicerol. Com a adição de um emulsionante aniônico, obtém-se o monoestearato de glicerila autoemulsionável.

Dos polióis tem-se ainda a classe dos derivados de glicóis, da qual os ésteres de glicóis são os componentes mais sim-ples. São agentes emulsionantes com grupamento hidrofílico proveniente do glicol e lipofílico oriundo do ácido graxo, sendo utilizados normalmente como emulsionantes auxiliares, disper-santes, agentes de consistência, opacificantes e perolizantes.

Muitos tensoativos não-iônicos são utilizados, também como emolientes, atuando na prevenção e alívio do resseca-mento da pele, bem como na sua proteção. São substâncias que conferem maciez e flexibilidade à pele. Agem através da retenção de água no estrato córneo por meio da formação de uma emulsão de água em óleo.

Page 50: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

49

Os emolientes apresentam também como propriedades um fácil espalhamento, facilidade de penetração na pele, auxiliam na dispersão de pigmentos, atuam como emulsionantes e co-solventes. Um exemplo de produto desta categoria é o álcool estearílico propoxilado, muito utilizado nesta função por não possuir poder comedogênico (causador de acnes).

Alguns tensoativos não-iônicos são utilizados como solu-bilizantes de fragrâncias citando-se como exemplos, os álco-ois laurílicos etoxilados. São bastante suaves e biodegradá-veis, apresentando também boa tolerância à dureza de água.

Tensoativos não-iônicos também podem ser utilizados como agentes de consistência, destacando-se o álcool ceto-estearílico etoxilado com 20 mols de óxido de eteno, normal-mente utilizado em conjunto com o material de partida de sua síntese (álcool cetoestearílico não etoxilado) em condi-cionadores capilares e cremes diversos.

Tensoativos anfóterosOs tensoativos anfóteros são caracterizados por apresenta-rem, na mesma molécula, grupamentos positivo e negativo. O grupamento positivo é, normalmente, representado por um grupo de nitrogênio quaternário e o negativo por um grupo carboxilato ou sulfonato.

Propriedades como solubilidade, detergência, poder espumante e poder umectante dos tensoativos desta classe estão condicionados, principalmente, ao pH do meio e ao comprimento da cadeia que os constitui.

O grupo polar positivo é mais pronunciado em pH menor que 7 ao passo que o grupo polar negativo é mais pronun-ciado em pH maior que 7. Os tensoativos anfóteros mais utilizados na indústria cosmética são os derivados de imida-zolina e as betaínas.

Preparações de tensoativasAs preparações tensoativas são utilizadas, pela ação de lim-par, de molhar, de emulsificar ou dispersar. Incluem-se na presente categoria as preparações para lavagem, as prepa-rações auxiliares de lavagem e algumas preparações para limpeza. Via de regra, estas diferentes preparações são

pH: é uma unidade de medida que determina se uma substância é ácida, neutra ou básica. E varia de 0,01 a 14.

Page 51: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

50

constituídas por componentes essenciais e por um ou mais componentes complementares.

Os componentes essenciais consistem, quer em agentes de superfície orgânicos sintéticos, sabões, ou ainda numa mistura destes produtos.

Os componentes complementares são constituídos por: 1) Adjuvantes (exemplos: polifosfatos de sódio, carbonatos

de sódio, silicato de sódio ou borato de sódio, sais do ácido nitrilotriacético (NTA)).

2) Reforçadores (exemplos: alcanolamidas, amidas de áci-dos graxos, óxidos graxos de aminas.

3) Cargas (exemplos: sulfato ou cloreto de sódio). 4) Aditivos (exemplos: agentes de branqueamento químico

ou óptico, agentes antirredeposição, inibidores de corro-são, agentes antieletrostáticos, corantes, perfumes, bac-tericidas, enzimas).As preparações desse tipo exercem a sua ação sobre

as superfícies, limpando-as por dissolução ou dispersão das sujidades.

As preparações para lavagem à base de agentes de superfície também se denominam “detergentes”. Este tipo de preparação é utilizado para lavagem de roupas, louça ou de utensílios de cozinha.

As preparações de limpeza são usadas para limpar pisos, vidros e outras superfícies. Podem conter pequeníssimas quantidades de substâncias odoríferas.

Preparações para limpeza ou desengorduramento. Incluem-se aqui especialmente:

1º) Os produtos de limpeza ácidos ou alcalinos próprios para a limpeza da louça sanitária, frigideiras, etc., e contendo, particularmente, sulfato ácido de sódio ou uma mistura de hipoclorito de sódio com ortofosfato trissódico.

2º) As preparações de desengorduramento ou de limpeza utilizadas, especialmente, nas indústrias de laticínios ou de cerveja, à base: �quer de substâncias alcalinas, tais como o carbonato de sódio ou a soda cáustica. �quer de solventes e emulsificantes.

Como ocorre o princípio de remoção das sujidades?

Page 52: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

51

Poder de detergência dos tensoativos

A maior ou menor capacidade que um detergente possui de remover sujidades está intimamente ligada à umectância, redução da tensão superficial, poder de espuma, formação de agregados micelares e emulsões. A detergência é, sem dúvida, um fenômeno superficial e coloidal que reflete o comportamento físico-químico da matéria nas interfaces.

Processo de limpeza

A limpeza de um substrato sólido envolve a remoção de materiais estranhos e indesejáveis da superfície.

Na detergência, assim como em outros processos de importância tecnológica, a interação entre os substratos sóli-dos e os materiais dispersos ou dissolvidos é de fundamen-tal importância.

Os tensoativos, sendo uma classe de substâncias que se adsorvem preferencialmente em diversos tipos de interfaces devido a sua estrutura anfifílica, têm grande importância no processo de detergência.

Na limpeza de materiais têxteis com tensoativos aniôni-cos, por exemplo, a adsorção do tensoativo na fibra e na sujeira introduz interações eletrostáticas repulsivas que ten-dem a reduzir a adesão entre a sujeira e a fibra, suspenden-do a sujeira e evitando a sua redeposição.

Com tensoativos não-iônicos o mecanismo é menos nítido. Entretanto, a repulsão estérica entre camadas de tensoativos adsorvidas e a solubilização são de extrema importância.

Em água, a maioria dos tipos de sujeira e fibras têxteis são negativamente carregadas, assim a adição de tensoati-vos catiônicos pode ter um efeito prejudicial na detergência. Somente em concentrações muito altas de tensoativos, onde a adsorção de multicamadas pode produzir a reversão de cargas, tais efeitos podem ser úteis na ação detergente.

Após a remoção da sujeira, entretanto, a ação de mate-riais catiônicos adsorvidos pode ser bastante desejável, como evidenciado pela sua popularidade como amaciantes têxteis, adicionados normalmente no enxágue.

Redeposição: retorno da sujidade que fica na água para a roupa.

Page 53: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

52

Tipos de sujeiras

Em geral há dois tipos de sujeira encontrados na situação de detergência: materiais líquidos e oleosos e materiais sólidos particulados.

As interações interfaciais de cada um destes com o subs-trato sólido são, usualmente, muito diferentes e os mecanis-mos de remoção de sujeira podem ser correspondentemen-te, diferentes.

As sujeiras sólidas podem consistir de proteínas, argilas, carbono (fuligem) de várias características de superfície, óxi-dos metálicos, etc. As sujeiras líquidas podem conter gordu-ras da pele (sebo), alcóois e ácidos graxos, óleos minerais e vegetais, óleos sintéticos e componentes líquidos de cremes e produtos cosméticos.

Assim como para as sujeiras sólidas, as características das sujeiras líquidas podem variar muito e ainda não foi desenvolvida teoria única de detergência que permita uma generalização do processo, mesmo que haja algumas simila-ridades entre os dois tipos de sujeira.

Produção de detergentes

Material1. Ácido sulfônico .....................................................10%2. Soda a 25 °Be ...................................... q.s.p. pH = 73. Cloreto de benzalcônio ......................................0,1%4. Amida ..................................................................2,0%5. Cloreto de sódio ................................................0,5%6. Essência ..................................................... 0,1 a 1%7. Corante ............................................................. q.s.p.8. Ricinoleato de sódio .......................................100 mL9. Água ........................................................ q.s.p. 100%

Procedimento1. Preparar a soda a 25 °Be. Numa bombona plástico

dissolver cloreto de benzalcônio em 70% da água a ser usada, em seguida adicionar ácido sulfônico e misturar até ficar homogêneo.

Qual a função do cloreto de sódio na formulação do detergente?

ºBe: Graus Baumé escala hidrométrica criada pelo

farmacêutico francês Antoine Baumé em 1768

para medição de densidade de líquidos.

Page 54: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

53

2. Adicionar soda na bombona até que o pH fique entre 4 e 5 em seguida dissolver a amida aguardar 20 minu-tos e verificar novamente o pH. Se estiver menor que sete adicionar soda até pH = 7 (pH neutro).

3. Dissolver o cloreto de sódio em água e misturar na bombona até alcançar a viscosidade desejada.

4. Em seguida dissolver a essência no ricinoleato de sódio ou no próprio detergente e misturar.

5. Por fim dissolver o corante em água e adicionar ao detergente até adquirir a cor desejada.

Fábio Castelo, 19.10.2010

Bombonas recomendados para produção de detergente

Produção de limpa vidros

É um produto muito eficaz na limpeza de vidros e espelhos. Para preparar este produto, deve-se levar em conta a quali-dade e a quantidade correta dos ingredientes utilizados.

Material1. Água...................................................... 4,20 L2. Detergente............................................. 0,2 L3. Álcool..................................................... 0,5 L4. Amoníaco............................................... 0,10 L 5. Corante.................................................. q.s.p.

Procedimento1. Colocar num recipiente plástico 90% da água. 2. Adicionar 0,2 L de detergente neutro e agitar vagarosa-

mente, para não criar espuma.

Page 55: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

54

3. Adicionar 0,5 litros de álcool e 0,10 L de amoníaco e agitar vagarosamente.

4. Dissolver corante a gosto no restante da água e adicionar a solução e agitar.

5. Deixar em repouso por algumas horas e depois envazilhar.

Resumo da lição

• Os tensoativos são responsáveis pela característica mais importante e desejada em um detergente: a capacidade de remoção das sujidades.

• Os tensoativos são divididos em aniônicos, catiônicos, anfóteros e não-iônicos e a associação de alguns deles pode, além de outras coisas, melhorar o poder de limpe-za do detergente.

• As micelas são estruturas geralmente esféricas, de natu-reza coloidal.

• A maior ou menor capacidade que um detergente possui de remover sujidades está intimamente ligada à umec-tância, redução da tensão superficial, poder de espuma, formação de agregados micelares e emulsões.

• Na detergência, assim como em outros processos de importância tecnológica, a interação entre os substratos sólidos e os materiais dispersos ou dissolvidos é de fun-damental importância.

• Os tensoativos têm grande importância no processo de detergência.

Page 56: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

55

Sabões

O sabão é uma substância obtida pela reação de gorduras ou óleos com hidróxido de sódio ou potássio. O produto desta reação é um sal (reação de um acido com uma base).

Sabe-se que os sais possuem pelo menos, uma ligação com caráter tipicamente iônico. As ligações iônicas são carac-terizadas quando os elementos ligantes apresentam acentua-da diferença de eletronegatividade o que dá origem a uma forte polarização, já que se forma um dipolo elétrico. Desta forma, dizemos que os sabões, por serem sais, apresentam pelo menos um ponto forte de polarização em sua molécula.

O sal, formado pela reação de saponificação, apresenta características básicas, pois deriva de uma reação entre um acido fraco (acido graxo) e uma base forte. Por esse motivo, o sabão não atua muito bem em meios ácidos, nos quais ocorrerão reações que impedirão uma boa limpeza.

No século XVIII, os sabões finos mais conhecidos na Europa vinham da Espanha (Alicante), França (Marselha) e Itália (Nápoles e Bolonha).

No Brasil, a difusão e produção do sabão demoraram mais tempo, mas em 1860 já existiam fábricas de sabão em todas as cidades importantes.

A manufatura do sabão constitui uma das sínteses quími-cas mais antigas, como podemos ver a seguir:

Os produtos utilizados para a fabricação do sabão comum são os hidróxidos de sódio ou potássio (soda cáustica ou potássica) além de óleos ou gorduras animais ou vegetais.

6Lição

Por que o sabão não atua muito bem em

meios ácidos?

Page 57: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

56

O processo de obtenção industrial do sabão é muito simples. Primeiramente coloca-se soda, gordura e água na caldeira com temperatura em torno de 150 ºC, deixando-as reagir por algum tempo (± 30 minutos).

Após adiciona-se cloreto de sódio – que auxilia na sepa-ração da solução em duas fases. Na fase superior (fase apolar) encontra-se o sabão e na inferior (fase aquosa e polar), glicerina, impurezas e possível excesso de soda. Nesta etapa realiza-se uma eliminação da fase inferior e, a fim de garantir a saponificação da gordura pela soda, adicio-na-se água e hidróxido de sódio à fase superior, repetindo esta operação quantas vezes seja necessário. Terminado o processo pode-se colocar aditivos que irão melhorar algu-mas propriedades do produto final.

A glicerina separada do sabão no processo industrial é utilizada tanto por fabricantes de resina e explosivos como pela indústria de cosméticos. Devido a isso, seu preço, depois de purificada, pode superar o do sabão.

Tanto óleos quanto gorduras são substâncias formadas a partir de ácidos carboxílicos com cadeias carbônicas a partir de 10 átomos de carbonos denominados de ácidos graxos. Esses ácidos são, em geral, monocarboxílicos (apresentam apenas um radical carboxila: (COO–), e formam os chamados glicerídeos que, por sua vez, pertencem à família dos lipídios.

Os ácidos graxos que formam os óleos diferem dos que formam as gorduras por possuírem mais insaturações (liga-ções pi) em sua cadeia. Devido a isso, os óleos possuem menor ponto de fusão e ebulição que as gorduras sendo, por isso, comumente, líquidos na temperatura ambiente (± 25 ºC).

Já as gorduras, nesta temperatura, são, geralmente, sóli-das. Existem diferenças entre óleos provenientes de origem animal e de origem vegetal. Óleos de origem animal, em geral, são mais densos que os óleos vegetais, devido ao menor número de insaturações da cadeia carbônica.

As gorduras e os óleos, quando expostos ao meio ambiente externo sofrem a ação do oxigênio do ar ou de bactérias, rancificando-se.

O que provoca o excesso de soda?

Rancificação: decomposição de

gorduras, óleos e outros lipídios por hidrólise ou

oxidação.

Page 58: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

57

Óleos vegetais utilizados na fabricação de sabões

�Óleo de linhaça: obtido das sementes de linho. �Óleo de mamona: apresenta cor levemente amarela, saponifica-se facilmente a frio. Dessa forma obtêm-se sabões duros e transparentes; entretanto não espumam com abundância. �Óleo de amendoim: a saponificação faz-se com lixívias de 15 –18 ºBe. �Óleo de soja: a saponificação faz-se com lixívias de 10 – 12 ºBe. �Óleo de milho: obtido das sementes de milho. �Óleo de girassol: é dificilmente saponificável é utilizado na fabricação de sabões de pouca consistência. �Óleo de algodão: saponifica-se com muita facilidade, entretanto o sabão é de pouca consistência. �Óleo de palma: utiliza-se na fabricação de sabões duros. �Óleo de oliva: utiliza-se na fabricação de sabões duros.Os sabões a base de óleo de coco podem reter grande

quantidade de água embora conservem certa dureza. Estes sabões fazem abundante espuma. Na fabricação utilizam-se bases bastante concentradas.

Insumos utilizados para tornar os sabões transparentes

�Álcool. �Glicerina: contribui para dá transparência, juntamente com suas propriedades emolientes. É utilizada, às vezes, em lugar do álcool. �Açúcar: pode substituir a glicerina, reduzindo o custo do produto. Entretanto, tem como consequência a afinidade pela umidade.

Lixivia sódica na produção do sabão

O sabão é produzido a partir de óleos e gorduras e de bases como hidróxidos de sódio e o hidróxido de potássio, que, ao reagirem, realizam o processo de saponificação.

Page 59: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

58

Na antiguidade a grande restrição para a produção de sabão foi a dificuldade de se produzir estas bases. A primei-ra comercialização do sabão deve-se, provavelmente, ao Egito, graças à facilidade de encontrar bicarbonato de sódio em incrustações de lagos da região.

Na Europa Central, a base utilizada para a produção de sabão era retirada das cinzas da madeira (lixívia potássica), que possuem um grande percentual de carbonato de potás-sio. Este foi, também, um processo muito utilizado pelos fení-cios. A obtenção dos hidróxidos no Nordeste do mediterrâneo ocorreu através da cinza de plantas marinhas (lixívia sódica), que possui grande percentual de carbonato de sódio.

Atualmente, uma maneira de se obter o hidróxido de sódio (soda cáustica) é através da eletrólise de soluções aquosas de cloreto de sódio.

Normalmente devemos preparar a lixívia para a produção dos sabões para facilitar sua penetração nas gorduras. Quando usamos uma soda pura 99% dissolvida em um litro e meio de água, vamos obter uma lixívia a 50 °Be, se usarmos três litros de água ela cai para 30 °Be e se usarmos cinco litros e meio de água, cai para 20 °Be. A soda líquida já vem na graduação de 50 ºBe.

Essa graduação é medida com um instrumento chamado areômetro, que mede a densidade de líquidos. O areômetro mergulhado no líquido indicará a graduação, que será indi-cada em graus Baumé ou simplesmente °Bé. Normalmente trabalha-se com lixívia a 30 °Be.

A biodegrabilidade do sabão

O sabão é um produto biodegradável, o que significa dizer que é uma substância que pode ser degradada pela nature-za. Essa possibilidade de degradação das moléculas forma-doras do sabão muitas vezes é confundida com o fato do produto ser poluente ou não.

Ser biodegradável não indica que um produto não causa danos ao ecossistema, mas sim, que o mesmo é decompos-to por micro-organismos (geralmente bactérias aeróbicas), aos quais serve de alimento, com facilidade e num curto espaço de tempo.

Descreva o processo de saponificação?

Page 60: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

59

Dependendo do meio, a degradabilidade das moléculas de sabão ocorre em curto espaço de tempo (± 24 horas). A não existência de ramificações nas estruturas das cadeias carbônicas facilita amplamente a degradação realizada pelos micro-organismos.

O sabão pode tornar-se um poluidor, uma vez que após a utilização o eliminamos na água, junto com a sujeira. Essa mistura vai para o esgoto e, como é muito comum, este, acaba desaguando diretamente nos rios, lagos ou oceanos, sem prévio tratamento. É nesse meio que a mistura sabão-sujidades pode tornar-se poluidora.

Este fato gera a eutrofização das águas, isto é, torna-as férteis ao aumento de culturas bacterianas. Vários micro-organismos, patológicos ou não, alimentam-se da mistura de sabão e matéria orgânica. Se ocorrer abundância destes compostos, eles se proliferarão com maior facilidade.

Como grandes partes desses organismos necessitam de oxigênio para sobreviver, acabam reduzindo a quantidade do mesmo que está dissolvido em água, e que, consequen-temente, leva os micro-organismos aeróbicos à morte.

A partir deste momento, a degradação é realizada, com maior intensidade, por bactérias anaeróbicas que, ao invés de produzirem CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água) como produtos finais, formarão CH4 (metano), H2S (ácido sulfídri-co) e NH3 (amônia), que são mais tóxicos e prejudiciais ao meio ambiente.

Outra maneira pela qual o sabão contribui para o aumen-to da poluição se dá quando há formação exagerada de espumas nas superfícies dos rios e lagos. A camada de espuma encobre a superfície, impedindo a penetração dos raios solares e a interação da atmosfera com a água. Por sorte o sabão é suficientemente biodegradável para que este fato não ocorra somente por sua utilização.

A legislação brasileira atual proíbe tanto a produção como a comercialização de detergentes não-biodegradáveis, evi-tando, assim, este tipo de poluição.

Page 61: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

60

Atuação do sabão em águas que contém sais de cálcio e magnésio

Se desejarmos limpar uma superfície suja com o auxílio de sabão e de um tipo de água que possua sais de cálcio ou magnésio verifica-se que a limpeza será dificultada pela perda de poder tensoativo do sabão.

Tais águas, conhecidas por águas-duras, são assim cha-madas por possuírem, principalmente, sais de cálcio e magné-sio (Ca2+ e Mg2+) dissolvidos. Nessas águas ocorre uma inte-ração entre a molécula do sabão e os sais de cálcio ou mag-nésio. O produto desta reação precipita como um sal insolúvel, fato que o impossibilita de exercer a função de limpeza

A adição de sabão à água dura favorece uma reação de substituição de íons sódio ou potássio, existentes na molé-cula de sabão, pelos íons de cálcio ou magnésio, existentes na solução aquosa. Como os sais formados são insolúveis, verifica-se, como efeito, a formação de um precipitado.

Produção de sabãoFórmula 1: Método francês

Material1. Ácido esteárico .................................................520 g2. Óleo de coco.....................................................280 g3. Óleo de mamona ..............................................200 g4. Soda cáustica a 30 ºC Bé .............................600 mL5. Álcool 90 % ....................................................500 mL

Pode-se substituir o álcool pela glicerina ou solução de açúcar.

Procedimento1. Dissolver as gorduras em seguida retirar do aquecimento.2. Adiciona a soda previamente preparada e o álcool, segui-

da do glicerina ou solução de açúcar.

Fórmula 2 – Método Simples

Material1. Ácido esteárico .................................................500 g2. Óleo de coco.....................................................500 g

Page 62: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

61

3. Soda cáustica a 38 ºBe .................................500 mL4. Álcool a 95 .....................................................400 mL5. Glicerina .........................................................200 mL

Procedimento1. Dissolver as gorduras e em seguida retirar do aquecimento.2. Adicionar a soda previamente preparada e o álcool, segui-

do da glicerina ou solução de açúcar.

Semelhança entre sabões e detergentesTanto sabões quanto detergentes pertencem a um mesmo grupo de substâncias químicas – os tensoativos. Assim sendo, os dois produtos são redutores de tensão superficial e possuem a característica comum de, quando em solução e submetidos à agitação, produzirem espuma. Por esse motivo, ambos são utilizados para limpeza.

Embora os detergentes sintéticos difiram significativa-mente uns dos outros quanto a estrutura química, as molé-culas de todos têm uma característica em comum, também apresentada pelo sabão comum: são anfipáticas, com uma parte apolar muito grande, de natureza de hidrocarboneto, solúvel em óleo, e uma extremidade polar, solúvel em água.

Um tipo deles resulta da conversão dos alcóois de C12 a C18 em sais de hidrogenosulfato de alquila. Por exemplo:

Neste caso, a parte apolar é a longa cadeia alquílica e a parte polar é o –OSO3

–Na+.Pelo tratamento dos álcoois com óxido de etileno, obtém-

se um detergente não-iônico:

A possibilidade de formação de pontes de hidrogênio entre as moléculas da água e os numerosos átomos de oxi-gênio do etoxilato torna a parte terminal de poliéter solúvel em água.

Anfipáticas: molécula com uma região hidrofóbica (sem afinidade com água) e outra hidrofílica (tem afinidade com a água).

Page 63: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

62

Os etoxilatos também podem ser convertidos em sulfa-tos, sendo utilizados na forma de sais de sódio. Os sais de sódio dos ácidos alquilbenzeno-sulfônicos são os detergen-tes mais utilizados, observe a reação a seguir:

Neutralização do ácido benzenosulfônico

Os sulfatos de alquila, etoxilatos e respectivos sulfatos, e alquilbenzenosulfonatos em que o grupo fenila fixa-se ao acaso a qualquer das diversas posições secundárias da longa cadeia alifática linear (C12-C18) são aplicados nesta síntese.

As cadeias laterais destes alquilbenzeno-sulfonatos line-ares obtém-se de alcenos de cadeia linear ou de alcanos de cadeia contínua clorados, separados do ceroseno por for-mação de clatratos (peneiras moleculares).

Estes detergentes atuam essencialmente da mesma manei-ra que o sabão. A sua utilização oferece, entretanto, certas

Qual a semelhança entre sabões e detergentes?

Page 64: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

63

vantagens. Por exemplo, os fosfatos e sulfonatos mantêm-se eficazes em água dura devido ao fato de os correspondentes sais de cálcio e magnésio serem solúveis. Visto serem sais de ácidos fortes, produzem soluções neutras, ao contrário dos sabões que, por serem sais de ácidos fracos, originam solu-ções levemente alcalinas.

Micelas

A primeira vista, pode-se ter a impressão de que os sais de sabão são solúveis em água; e de fato, podem-se preparar as chamadas “soluções de sabão”. Elas não são, entretanto, verdadeiras soluções, onde as moléculas do soluto movem-se livremente entre as moléculas do solvente.

Verifica-se, na realidade, que o sabão se dispersa em agregados esféricos denominados micelas, cada uma das quais pode conter centenas de moléculas de sabão.

Uma molécula de sabão tem uma extremidade polar, –COO–Na+, e uma parte não polar, constituída por uma longa cadeia alquílica, normalmente com 12 a 18 carbonos. A extremidade polar é solúvel em água denominada hidrófi-la. A parte apolar é insolúvel em água, e denomina-se hidró-foba, mas é evidentemente solúvel em solventes apolares.

Moléculas deste tipo denominam-se anfipáticas – que têm extremidades polares e apolares e, além disso, são suficien-temente grandes para que cada extremidade apresente um comportamento próprio relativo à solubilidade em diversos solventes.

De acordo com a regra “polar dissolve polar; apolar dis-solve apolar”, cada extremidade apolar procura um ambien-te apolar; em meio aquoso, o único ambiente deste tipo existente são as partes apolares das outras moléculas do sabão, e assim elas se agregam umas às outras no interior da micela.

As extremidades polares projetam-se da periferia dos agregados para o interior do solvente polar, a água. Os gru-pos carboxilatos carregados negativamente alinham-se à superfície das micelas, rodeados por uma atmosfera iônica constituída pelos cátions do sal.

Page 65: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

64

As micelas mantêm-se dispersas devido à repulsão entre as cargas de mesmo sinal das respectivas superfícies.

Uma micela pode conter centenas de moléculas de sais de ácidos graxos. O sabão se dispersa em agregados esfé-ricos denominados micelas, cada uma das quais pode con-ter centenas de moléculas de sabão.

Ainda resta, entretanto, uma questão a responder: como o sabão remove a gordura, sendo feito dela? O problema na lavagem pelo sabão está na gordura e óleo que constitui ou que existe na sujeira. Apenas a água não é capaz de dissol-ver as gorduras, por serem hidrofóbicas; as gotas de óleo, por exemplo, em contato com a água, tendem a coalescer (aglutinar-se umas às outras), formando uma camada aquo-sa e outra oleosa.

A presença do sabão, entretanto, altera este sistema. As partes apolares das moléculas do sabão dissolvem-se nas gotículas do óleo, ficando as extremidades de carboxilatos imersas na fase aquosa circundante. A repulsão entre as cargas do mesmo sinal impede as gotículas de óleo de coa-lescerem. Forma-se, então, uma emulsão estável de óleo em água que é facilmente removida da superfície que se pretende limpar (por agitação, ação mecânica, etc.).

Page 66: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

65

A chamada água dura contém sais de cálcio e magnésio que reagem com o sabão formando carboxilatos de cálcio e magnésio insolúveis (a crosta que se forma nas bordas do recipiente que continha o sabão).

Resumo da lição

• O sabão é uma substância obtida pela reação de gordu-ras ou óleos com hidróxido de sódio ou potássio.

• O sal, formado pela reação de saponificação, apresenta características básicas, pois deriva de uma reação entre um ácido fraco (ácido graxo) e uma base forte.

• Tanto óleos quanto gorduras são substâncias formadas a partir de ácidos carboxílicos com cadeias carbônicas a partir de 10 átomos de carbonos denominados de ácidos graxos.

• O sabão é um produto biodegradável; tanto sabões quanto detergentes pertencem a um mesmo grupo de substâncias químicas – os tensoativos.

• Tanto o sabão como o detergente se dispersam em agregados esféricos denominados micelas que são res-ponsáveis pela interação com a sujeira e pela limpeza.

Como o sabão remove a sujeira?

Page 67: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

66

Amaciantes

Os amaciantes são agentes catiônicos que atuam por redu-ção das cargas negativas sobre os tecidos tratados ofere-cendo aos mesmos maciez e lubricidade às fibras como também propriedades bacteriostática.

Os amaciantes são produzidos a partir de quaternário de amônio que é o princípio básico, por excelência, para a formu-lação de amaciantes que se destinam, principalmente, a apli-cações sobre tecidos que permanecem em contato direto com a pele, ou seja fraldas, camisas, roupas íntimas, ou eventual-mente, lençóis, fronhas, toalhas de rosto e de banho.

O quaternário de amônia adere na fibra dos tecidos, fazendo com que elas se afastem umas das outras por meio de um diferencial de carga. O ativo possui uma parte polar, com carga positiva, e uma apolar, com carga negativa. Ao entrar na fibra, cuja carga estática é negativa, a substância faz as fibras se afastarem, proporcionando a maciez.

Os quaternários de amônio são derivados de ácidos gra-xos sendo estável sob uma larga escala de pH, o que signi-fica sua dissolução e atividades sobre todos os valores de pH, embora sua adsorção e efeito antimicrobial aumente de acordo com o aumento do pH.

Intoxicações por quaternários de amônia.

Algumas precauções devem ser tomadas ao manusear qua-ternário de amônio, em soluções concentradas. Soluções acima de 15% de quaternário de amônio são corrosivos e podem causar danos nos olhos e a pele. Se ocorrer ingestão oral a vítima pode sofrer colapso, sendo que quantidades em gramas podem ser fatais.

A DL50 estimado para adultos é de 1 - 3 g/kg

Produção de amaciantesMaterial1. Quaternário de amônio ..................................6 a 10%2. Sal .................................................................0,5 a 1%

7Lição

Explique como atuam os amaciantes.

Depósito contendo amaciante

Fábio Castelo, 20.01.2010

Page 68: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

67

3. Essência ......................................................0,1 a 1%4. Corante .............................................................. q.s.p.5. Água .........................................................q.s.p. 100%

Obs:1. O NaCl é usado somente no caso da necessidade de acertar a viscosidade.

2. Alguns tipos de quaternário de amônio só são solú-veis em água com a temperatura em torno de 60 a 80 ºC.

Procedimento1. Num recipiente plástico dissolver quaternário de amônio

em 70% da água em seguida adicionar a essência que deve ser dissolvida em ricinoleato de sódio.

2. Por fim, dissolver o corante em água e adicionar até adquirir a cor desejada.

Resumo da lição

• Os amaciantes são produzidos a partir de quaternário de amônio que é o princípio básico na sua formulação.

• O quaternário de amônia adere na fibra dos tecidos, fazendo com que elas se afastem umas das outras por meio de um diferencial de carga.

• Ao entrar na fibra, cuja carga estática é negativa, a subs-tância faz as fibras se afastarem, proporcionando a maciez.

• O quaternário é corrosivo e pode causar danos nos olhos e a pele.

Page 69: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

68

Cera líquida

As ceras promovem sobre a superfície dos pisos e a pintura dos carros um recobrimento fino e temporário. Além de aumentar a beleza e proteção dos pisos e carros, as ceras facilitam a limpeza dos mesmos. Pisos desgastados têm sua aparência melhorada com aplicação de uma boa cera.

A cera de carnaúba é extraída da Copércia cerífera – pal-meira que cresce ao longo de rios, vales e lagoas do Nordeste brasileiro, assim como no Sri-Lanka, África e alguns países da América do Sul. Entretanto, somente no Brasil esta pal-meira desenvolve a capacidade de produzir cera.

As folhas da Copércia, que contém a cera da carnaúba, são cortadas durante a safra, que se estende do mês de agosto a dezembro. Esse processo não agride o meio ambiente nem põe em risco a integridade das palmeiras, já que apenas suas folhas são cortadas, nascendo nova folha-gem na safra seguinte.

A etapa seguinte consiste na secagem das folhas pela sua exposição ao sol, seguido do processo de “batida”, de onde se obtém um fino pó. A qualidade e cor da cera são definidas pela idade das folhas utilizadas.

A cera de carnaúba é extraída do pó pelo cozimento e filtragem em grandes prensas de madeira (processo primiti-vo utilizado por produtores do campo) ou por extratores de solvente. Em seguida, a cera é classificada e refinada, che-gando à etapa final pronta para ser comercializada.

Produção de cera liquidaMaterial1. Base de Cera .................................................... 1,0 kg2. Brancol ................................................................ 0,2 L3. Cloreto de benzalcônio ..................................... 0,02 L4. Essência ............................................................. 0,1 L5. Corante .............................................................. q.s.p.6. Água .................................................................... 8,8 L

8Lição

Page 70: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

69

Fábio Castelo

Base de cera

Procedimento1. Colocar num recipiente de alumínio 8,8 L de água.2. Adicionar 1,0 kg de base de cera e aquecer até dissolver

toda a base.3. Adicionar o restante da água previamente aquecida (3,7 L)

e agitar até esfriar.4. Adicionar 0,2 litros de brancol e 0,02 L de Cloreto de ben-

zalcônio e agitar;5. Adicionar 0,1 L de essência e corante em q.s. (opcional)

misturar e depois envasar.

Resumo da lição

• A cera de carnaúba é extraída da Copércia cerífera. • Somente no Brasil esta palmeira desenvolve a capacida-

de de produzir cera.• As ceras promovem sobre as superfície um recobrimento

fino e temporário.

Page 71: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

70

Espessantes

Os espessantes possuem a capacidade de aumentar a vis-cosidade das formulações, impactando em sua estabilidade, sensorial, aparência e funcionalidade.

Os espessantes possuem, além do espessamento, caracte-rísticas desejáveis de modificar a reologia do meio em que se encontram. Os espessantes são classificados, grosseiramente, em dois grandes grupos: os orgânicos e os inorgânicos.

Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em duas classes. Os espessantes de fase oleosa e os de fase aquosa. Os primeiros que são insolúveis em água e solúveis em óleos, sendo chamados, por isso, de agentes de consistência. São empregados em cremes, loções e condicionadores. Exemplos são os álcoois graxos, ésteres graxos, triglicerídeos, ceras naturais e sintéticas. Os espessantes de fase aquosa, que são normalmente insolúveis na fase oleosa. São os espessantes poliméricos naturais e sintéticos, hidratos de carbono e os éte-res poliglicólicos de ácidos graxos.

Os espessantes inorgânicos são geralmente os eletróli-tos, tais como cloreto de sódio, citrato de sódio, fosfato de sódio ou amônio e os aluminosilicatos e são destinados ao espessamento da fase aquosa da formulação.

Espessantes orgânicosOs alcoóis graxos mais utilizados como espessantes em cremes e loções para a pele e condicionadores de cabelo são alcoóis cetílico, cetoestearílico, estearílico e berrênico que são muito tolerantes em ampla faixa de pH.

Os alcoóis graxos com cadeia carbônica C16-22 são os espessantes graxos mais efetivos que existem para uso cos-mético como espessantes e estabilizantes.

Depois dos alcoóis graxos os esteres de alcoóis graxos, de glicóis, polióis e de poliglicóis são os compostos com maior capacidade de espessamento e estabilização da emulsão, pois guardam uma afinidade de comportamento com o álcool graxo utilizado na sua síntese.

9Lição

A viscosidade é a propriedade reológica

mais conhecida, e a única que caracteriza os fluidos

newtonianos.

A reologia é o ramo da mecânica dos fluidos que

estuda as propriedades físicas que influenciam o transporte de quantidade

de movimento num fluido.

Sensorial: adjetivo correspondente aos

sentidos.

O que é reologia?

Page 72: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

71

Na realidade o que determina o poder espessante deste tipo de éster é muito mais o álcool graxo que o ácido graxo. Os principais ésteres são: miristato de miristila; palmitato de cetoestearila; estearato de cetoestearila; palmitato de cetila e estearato de cetila.

Quando os poliglicóis usados na síntese do éster são de elevado peso molecular, o composto resultante passa a pos-suir elevada solubilidade em água, atuando como um espes-sante da fase aquosa. É o caso do diestearato de PEG 6000, que se mostra como um efetivo agente espessante de produ-tos que contenham misturas de detergentes aniônicos (prin-cipalmente alquilétersulfatos) e anfóteros, inclusive com sul-fossuccinatos.

Apesar da presença de tal material produzir sistemas vis-cosos sem a necessidade de cloreto de sódio, a inclusão de pequenas quantidades de eletrólitos pode resultar em produ-tos com altíssimos níveis de viscosidade.

Diversos polímeros sintéticos são utilizados como espes-santes e até como auxiliares de emulsificação em emulsões cosméticas. Diferem entre si pelo comportamento espessan-te, sensação sobre a pele e manutenção da viscosidade frente a outras matérias-primas cosméticas, principalmente os eletrólitos.

Podem ser classificados em diferentes grupos químicos: � Polímero carboxivinílico ou carbômero. � Poliacrilato de sódio ou carbômero sódico. � Metacrilato de poliglicerila. � Poliacrilamida (e) isoparafina C13-14 (e) álcool laurílico etoxilado 7.

� Copolímero de acrilamida, parafina, isoparafina, polisor-bato 85, etc.

Os carbômeros são polímeros carboxivinílicos derivados do ácido acrílico que apresentam a forma de pó e são de natureza aniônica, pois apresentam grupos carboxílicos liga-dos na cadeia carbônica. Devem ser dispersos, hidratados e posteriormente neutralizados com bases orgânicas (trietano-lamina, aminometilpropanol – AMP 95) e inorgânicas (hidróxi-do de sódio), para conferir espessamento.

Um polímero é uma macromolécula formada por unidades moleculares pequenas e idênticas (monômeros), ligadas entre si por meio de ligações covalentes.

Page 73: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

72

A vantagem desses polímeros é que se neutralizados com bases orgânicas de grande comprimento de cadeia carbônica podem fornecer polímeros emulsionantes com capacidade espessante.

Goma guar e goma xantana são polímeros orgânicos natu-rais com capacidade espessante e dispersante utilizados em cremes e loções, xampus e condicionadores. Apresentam a forma de pó que devem ser dispersos em água antes do uso.

Goma xantana é um polímero aniônico e mantém sua viscosidade em ampla faixa de pH e meio eletrolítico, mesmo em maior temperatura.

Os polissacarídeos usados como espessantes geralmen-te são derivados da celulose. Exemplos são a carboximetil-celulose de sódio, hidroxietilcelulose, hidroxipropilcelulose, hidroxipropilmetilcelulose. São utilizados para espessar soluções aquosas de xampus, sabonetes líquidos, cremes, loções, géis, etc.

A carboximetilcelulose de sódio é obtida da reação dos grupos OH da celulose com monocloroacetato de sódio, sendo de natureza aniônica e, portanto, incompatível com substâncias catiônicas. Não necessita ser neutralizada para dar espessamento, pois já está na forma sódica e confere soluções translúcidas a turvas. É muito utilizada em creme dental, mas pouco utilizada em géis e cremes.

Fábio Castelo,19.02.2010

Xampu

Quais as vantagens dos carbômeros?

Qual a função dos espessantes?

Page 74: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

73

Espessantes inorgânicosPodem ser usadas as montmorilonitas modificadas que são argi-las naturais de silicatos de alumínio e magnésio, fornecendo soluções opacas e por isso são utilizadas em cremes e loções cremosas. Devem ser fortemente dispersadas e hidratadas em solução aquosa e não devem ser aquecidas acima de 50 °C. São utilizadas em concentrações de 1 a 2% nas formulações.

Os espessantes eletrolíticos mais usados são cloreto de sódio, cloreto de amônio e fosfato de amônio. São efetivos para espessamento de soluções aquosas de tensoativos aniônicos, mas não para não iônicos. São utilizados em xampus e sabonetes líquidos e detergentes.

Fábio Castelo, 19.02.2010

Béquer contendo cloreto de sódio

Resumo da lição

• Os espessantes possuem a capacidade de aumentar a viscosidade das formulações.

• Os espessantes são classificados, grosseiramente, em dois grandes grupos: os orgânicos e os inorgânicos.

• Os espessantes orgânicos dividem-se por sua vez em duas classes: os espessantes de fase oleosa e os espes-santes de fase aquosa.

• Os espessantes inorgânicos são geralmente os eletróli-tos, tais como cloreto de sódio, citrato de sódio, fosfato de sódio ou amônio e os aluminosilicatos e são destina-dos ao espessamento da fase aquosa da formulação.

Page 75: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

74

Preservantes

As matérias-primas influenciam em todas as características dos produtos podendo ser usadas com o objetivo funcional (aplicação) de estabilidade da formulação. Devido a isso os preservantes são usados para manter a estabilidade e asse-gurar a eficácia dos produtos.

Propostas as matérias-primas apropriadas, as contami-nações, que podem ser de origem física, química ou micro-biológica, são as principais causas de insucesso na obten-ção dos produtos de qualidade e eficácia percebidas pelos consumidores.

As contaminações microbiológicas são, sem dúvida, as mais difíceis de serem evitadas, pois, na maioria das vezes, quando em seu estágio inicial, não podem ser detectadas visualmente. Torna necessário métodos de análises específi-cas, que demandam mais tempo que as análises físico-quími-cas usuais. São, também, as contaminações mais graves de todas, uma vez que elas põem em risco a saúde humana.

Para que os micro-organismos se desenvolvam é neces-sário que encontrem condições adequadas para sua nutrição, reprodução e mobilidade no meio onde estão localizados.

Os cosméticos, em geral, são excelentes meios para existência e proliferação de micro-organismos, pois são fon-tes de elementos essenciais ao seu desenvolvimento. Assim, quando se tem em mente a formulação de excelente qualidade, não se pode deixar de lado a necessidade de utilização de um eficiente sistema preservante.

Como a maioria dos saneantes é de uso prolongado, especialmente os produtos destinados aos supermercados, a necessidade de preservação é claramente justificada.

Muitos produtos como os desinfetantes e produtos a base de cloro são autopreservantes, já que impossibilitam a prolife-ração de micro-organismos. No entanto, existem outros produ-tos que constitui excelentes meios para o desenvolvimento microbiano, especialmente porque contém água, substância essencial à vida, substratos orgânicos, fontes de carbono,

10Lição

Contaminações microbiológicas são causadas por micro-

organismos, sendo bactérias e fungos os

mais comuns.

Page 76: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

75

hidrogênio, nitrogênio e oxigênio e, não raramente, íons metá-licos, potentes catalisadores de reações enzimáticas no meta-bolismo de bactérias. Assim, para tornar esses produtos menos atrativos aos micro-organismos o uso de, preservantes é imprescindível.

Contaminações microbiológicas manifestam-se de diver-sas formas, traduzindo-se em prejuízos financeiro, de ima-gem e à saúde do consumidor. As principais modificações incluem:a) Emulsões podem sofrer alterações na aparência e visco-

sidade, podendo separar-se em fases e cobrirem-se de uma camada de colônias de bactérias ou fungos.

b) Aparecimento de colorações indesejáveis em diversos produtos.

c) Preparados límpidos que dependem da limpidez como apelo de marketing podem tornar-se opalescentes ou turvos.

d) Fenômenos de fermentação desenvolvem gases que podem deformar ou quebrar frascos.

e) Odor do produto pode ser alterado.f) Não somente o micro-organismo proliferado, mas tam-

bém os metabólitos da ação microbiana podem ser extre-mamente nocivos à saúde humana.A preservação de um produto pode ser conseguida por

métodos físicos e/ou químicos. O uso de preservantes quí-micos em uma formulação aumenta a vida útil dos produtos, garantindo a preservação desde o momento de fabricação até o dia a dia na casa do consumidor. Esta é a principal vantagem da utilização de um preservante químico.

No mercado são encontrados inúmeros preservantes e cabe ao formulador escolher a melhor opção para seu pro-duto, lembrando sempre que um preservante ideal não exis-te. Muitas vezes o formulador recorre à associação de dois preservantes para aumentar o espectro de atuação.

Um sistema preservante ideal apresentaria as seguintes qualidades, dentro da dosagem de uso recomendada pelo fabricante e do que a legislação permite.

Dentre as alternativas de custo-benefício adequado para o mercado brasileiro estão formaldeído, mistura de isotiazo-

Qual a função dos preservantes?

Page 77: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

76

linonas, dmdm-hidantoína, biguanidas poliméricas, parabe-nos, fenoxietanol, entre outros.

A necessidade de usar um produto preservante em uma formulação é fundamental, mas não basta somente isso. A preservação ideal supõe o uso de preservantes em níveis adequados e que sejam estáveis e compatíveis com as matérias-primas constituintes do produto, embalagens e condições encontradas no meio. Deve acontecer desde o processo de fabricação até a gôndola e, finalmente, obede-cer às boas práticas de fabricação e legislação pertinente.

As boas práticas de fabricação pressupõem, entre outras coisas, condições ótimas em relação ao projeto de instala-ção, matérias-primas, água de processo, educação da equi-pe de trabalho, práticas de estocagem e manuseio, limpeza e sanitização e programas de monitorização microbiológica.

As embalagens constituem fator chave de sucesso na preservação, já que idealmente devem evitar a exposição do produto a contaminantes, sobretudo, microbiológicos.

Resumo da lição

• Muitos produtos como os desinfetantes e produtos a base de cloro são autopreservantes.

• A água constitui excelentes meios para o desenvolvimen-to microbiano.

• Substratos orgânicos, fontes de carbono, hidrogênio, nitrogênio e oxigênio são potentes catalisadores de rea-ções enzimáticas no metabolismo de bactérias.

• A necessidade de usar um produto preservante em uma formulação é fundamental.

• Uma preservação adequada pressupõe e que sejam estável e compatível com as matérias-primas constituin-tes do produto.

• As embalagens e condições encontradas no meio, o pro-cesso de fabricação e a obediência às boas práticas de fabricação e legislação pertinente contribuem também de forma significativa para a estabilização do produto.

Qual a função das embalagens na preservação?

Page 78: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

77

Toxicidade dos produtos de limpeza

Admite-se de um modo geral que os acidentes tóxicos com estes produtos, ocorrem em menor número, sendo mais fre-quente em crianças, e que usualmente não constituem pro-blemas sérios. Em adultos, os acidentes são menores que em crianças e, quando descritos, são mais frequentes na fase de produção.

A segurança de um produto de uso domiciliar poderia ser definida como a possibilidade de manusear ou consumir esse produto de maneira correta ou incorreta, sob qualquer apresentação ou em qualquer tipo de exposição, a curto ou a longo prazo, sem indução de efeitos lesivos diretos sobre o organismo ou indiretos sobre o meio ambiente e seus constituintes. Esta definição pode de ser considerada uma utopia e até certo ponto ilógica, pois vai de encontro a alguns princípios biológicos e toxicológicos.

Tóxico ou veneno é definido como qualquer agente capaz de produzir uma resposta deletéria num sistema biológico. Sabe-se que qualquer substância química em contato com o organismo determina uma resposta. Atualmente é muito difícil caracterizar uma substância como inócua, transfor-mando-se a toxicologia de certa forma no estudo dos seus riscos versus seus benefícios.

Toxicologia é definida como a ciência que trata de detec-tar as interações físicas, químicas e biológicas das substân-cias químicas com as várias formas de vida, seus efeitos e antídotos. Muitas substâncias podem ser concomitante e alternadamente alimento, medicamento e veneno, depen-dendo da dose, via e rapidez de absorção.

Toxicidade é uma palavra derivada do grego que significa veneno, e representa a capacidade potencial que as subs-tâncias químicas possuem, em maior ou menor grau de causar uma patologia em um organismo vivo como consequ-ência de sua absorção e interação.

11Lição

Page 79: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

78

A intoxicação crônica, em adultos e crianças, é pouco observada, relatando-se em geral apenas efeitos irritativos ou sensibilizantes sobre a pele e mucosas. A intoxicação crônica é causada pelo efeito cumulativo do agente tóxico.

Intoxicações agudas são produzidas pela introdução rápi-da de um ou vários agentes tóxicos, tendo como consequ-ência o surgimento imediato dos efeitos nocivos a saúde do indivíduo, podendo até mesmo ser letal.

A determinação da toxicidade aguda de agente químico é usualmente feita através do estabelecimento da Dose Letal Médica (DL50), ou seja, a dose da substância capaz de deter-minar o óbito da metade de uma população de animais de laboratório, nas condições da experiência.

É importante que os fabricantes de produtos de uso doméstico e pessoal coloquem em seu rótulo a sua compo-sição para que, em caso de intoxicação, o médico tenha condições de melhor atender o paciente, seja usando a téc-nica mais adequada bem como utilizando o antídoto (contra-veneno) específico.

Fábio Castelo, 19.02.2010

Recipiente contendo alcool 96%

Tratamento de urgência na intoxicação agudaNo tratamento de urgência de um paciente com intoxicação aguda por substâncias químicas, algumas etapas são bási-

Que cuidados devem ser tomados na manipulação dos domissanitãrios?

Page 80: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

79

cas podendo ser realizadas de modo simultâneo ou em sequência.As etapas são as seguintes:1. Diagnosticar e corrigir qualquer manifestação que repre-

sente risco iminente de vida (Ex: parada cardíaca).2. Diminuir a exposição do organismo ao tóxico.3. Aumentar a excreção do tóxico já absorvido.4. Administrar antídotos e antagonistas5. Realizar tratamento sintomático e de manutenção.

As duas primeiras etapas podem ser realizadas no pró-prio local do acidente e têm influência significativa sobre o prognóstico. Antídotos e antagonistas também pode ter sua aplicação iniciada no local do acidente. Estas três etapas constituem, portanto, a parte mais importante no tratamento de urgência.

Resumo da lição

• Toxicidade é a capacidade potencial que as substâncias químicas possuem, em maior ou menor grau de causar uma patologia em um organismo vivo como consequên-cia de sua absorção e interação.

• A intoxicação crônica, em adultos e crianças, é pouco observada.

• Intoxicações agudas são produzidas pela introdução rápida, de um ou vários agentes tóxicos, tendo como consequência o surgimento imediato dos efeitos nocivos a saúde do indivíduo.

• É importante que os fabricantes de produto de uso doméstico e pessoal coloquem em seu rótulo a sua com-posição para que em caso de intoxicação o médico tenha condições de melhor atender o paciente.

Page 81: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

80

Fragrâncias

O termo fragrância está relacionado ao perfume, aroma, cheiro e odor produzido por uma substância ou mistura de substâncias, que podem ser de origem natural ou sintética.

As fragrâncias constituem um dos principais modificadores das características organolépticas dos produtos e sua função vai além da necessidade de mascarar o odor da base, que em alguns casos pode ser desagradável.

O aroma, então, tem recebido atenção renovada nos últi-mos anos, voltada para o campo psicológico, como atesta o interesse geral pela aromaterapia.

Uma fragrância é identificada por meio de suas notas, ou seja, a característica do odor específico de cada substância que a compõe. Seu impacto imediato, a impressão seguinte, o desempenho e a estabilidade são cruciais na obtenção de um produto equilibrado e dependem, grosso modo, das matérias-primas que fazem parte de sua composição.

As matérias-primas utilizadas em fragrâncias podem ser de origem natural (vegetal ou animal) ou sintética. Podem ser utilizadas como odoríferas, solventes e agentes de fixa-ção do odor.

A falta de variedade, o baixo rendimento nos processos de obtenção de óleos essenciais, e, principalmente, o alto custo dos óleos naturais têm obrigado químicos e perfumis-tas a desenvolverem “fragrâncias” sintéticas.

Ainda como matérias-primas, as fragrâncias podem conter solventes e tensoativos, usados para melhorar a solubilidade na base a qual será adicionada. O produto em que ela está sendo incorporada deve harmonizar-se com os atributos do mesmo, sem causar irritações primárias, dermatites alérgicas, dermatoses ou outras reações adversas.

As fragrâncias são componentes oleosos e alguns cuida-dos devem ser tomados na hora de incorporá-las em um produto cosmético. Além disso, a fragrância pode interagir com a base cosmética e com a embalagem, após a sua incorporação no produto de forma imediata ou com o passar

12Lição

Qual o procedimento adequado quando se adiciona uma fragrância em um desinfetante?

Recipiente contendo essência Iguatemi

Fábio Castelo, 19.02.2010

Dermatites: qualquer tipo de infecção na pele.

Dermatoses: doença de pele provocada por

produtos químicos ou ações físicas.

Page 82: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

81

do tempo, sendo necessários, portanto, conhecimento pré-vio de suas características e estudos de estabilidade.

Alguns tipos de fragrâncias são de difícil incorporação em fases aquosas, requerendo o uso de um solubilizante ade-quado. Pode-se solubilizar a fragrância em solventes, mistu-ras de solventes, tensoativos, misturas de tensoativos e, finalmente, mistura de solventes e tensoativos.

Em xampus, por exemplo, é comum usar-se a dietanola-mida de ácidos graxos de coco, que é um excelente solubi-lizante de fragrâncias (e componentes oleosos, em geral).

Para os fabricantes que usam tensoativos anfóteros ao invés de amida como espessante e estabilizante de espuma, recomenda-se o uso de tensoativos não-iônicos como o óleo de mamona hidrogenado.

Em alguns casos, as fragrâncias alteram as propriedades físico-químicas das formulações, sendo necessárias algu-mas correções. Por exemplo, alteram levemente a viscosi-dade e a reserva de viscosidade de muitos produtos, mas isto não chega a ser perceptível quando a concentração não passa de 1,0%. Em detergentes, correções podem ser reali-zadas pelo uso de cloreto de sódio.

Resumo da lição

• As fragrâncias constituem um dos principais modificado-res das características organolépticas dos produtos.

• As fragrâncias servem também para mascarar o odor da base, que em alguns casos pode ser desagradável.

• As matérias-primas utilizadas em fragrâncias podem ser de origem natural ou sintética.

• O alto custo dos óleos naturais têm obrigado químicos e perfumistas a desenvolverem “fragrâncias” sintéticas.

Os tensoativos não-iônicos possuem excelentes propriedades de solubilização, fixação e diluição da fragrância, além de excelente compatibilidade com os demais componentes da formulação.

Page 83: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

82

Regras de segurança

Nesta lição são descritas as principais regras de segurança que devem ser adotada na produção de material de limpeza.

Elas deverão ser observadas rigorosamente, a fim de evitarem eventuais acidentes que possam ocorrer durante a produção dos mesmos.

As normas de segurança incidem sobre vários temas: iluminação, ruído, risco de contatos elétricos, incêndios, explosões, produtos químicos, temperaturas altas e baixas, gases e vapores, combustíveis e comburentes, vibrações e ergonomia. Para facilitar e evitar eventuais acidentes na produção são fornecidas, a seguir, algumas instruções que, devidamente observadas, conduzirão a bons resultados.

Regras básicas de segurança �Trabalhar sempre com botas de borracha. �Manter sempre limpo o piso dos locais onde são fabricados os produtos. �Usar luvas de proteção, usar luvas de amianto quando for trabalhar com caldeirões ou tambores quentes. �Quando montar a área de produção, evitar o uso de materiais de segunda categoria, prin-cipalmente para tubulações de água e gás. �Usar sempre aventais e equipamentos adequados de proteção, para evitar contato da matéria-prima com a roupa e principalmente, com a pele. �Sempre que houver derramamento de alguma matéria-prima, lavar o local imediatamente com bastante água, para evitar riscos de acidentes. �É indispensável o uso de óculos de segurança, durante toda a permanência na área de produção. �Não usar lentes de contato, mesmo que seja obrigado a utilizar os óculos de segurança. �É indispensável o uso de avental de algodão para o desenvolvimento de trabalhos na área de produção. É expressamente proibido o uso de bermudas, chinelos, sandálias, roupas confeccionadas com materiais sintéticos, entre outros itens que podem causar eventuais acidentes. �Evite o desperdício de matéria-prima, material, gás, luz, água e água.

13LiçãoErgonomia: trata de

fatores humanos relacionada ao

entendimento das interações entre seres

humanos e outros elementos de um sistema, para otimizar o bem-estar humano e o desempenho

geral em suas ações, a fim de torná-los compatíveis

com as necessidades, habilidades e limitações

das pessoas.

Explique as finalidades das regras de segurança

Page 84: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

83

�O material de vidro deve ser lavado após sua utilização. Em geral, lava-se com água comum e, depois, com água destilada. Quando necessário, usa-se sabão ou detergente e, em certos casos, solução alcoólica de KOH. �As substâncias inflamáveis não devem ser aquecidas em fogo direto; utilize chapa elétrica ou manta de aquecimento. Sempre que estiver procedendo ao aquecimento de material de vidro ou de porcelana, conserve o rosto afastado, a fim de evitar que, pela quebra aciden-tal, venha a ocorrer acidente grave, principalmente para os olhos. �Nunca dirija a abertura de frascos contra si ou outrem, dirija-o para dentro da capela. �As substâncias tóxicas devem ser manipuladas na capela e, se as mesmas forem voláteis, use máscara adequada. � Jamais trabalhe com substâncias das quais não conheça todas as propriedades. Nesse caso, recomenda-se que consulte, em bibliografia especializada e antes de manipular o produto, as Fichas de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ), conforme preconiza a NBR 1425, bem como as propriedades físico-químicas das substâncias que irá utilizar, incluindo-se suas toxicidades e qual deve ser o procedimento ecologicamente correto para seus respectivos descartes. �É indispensável tomar o maior cuidado possível quando se trabalha com ácidos, em particular com ácido sulfúrico concentrado. Sempre adicione ácidos à água, e nunca água em ácidos. �Ácidos e bases concentrados atacam a pele e os tecidos, devendo-se, pois, usá-los com todo o cuidado, principalmente na neutralização de um com o outro, evitando-se reações violentas. Preste a máxima atenção a qualquer operação onde haja aquecimento ou que reaja violentamente. Se, porventura, caírem na pele, lave a região contaminada com água abundante e procure o químico responsável, a fim de que o mesmo determine quais os primeiros socorros que deverão ser prestados. �Nunca cheire, abruptamente, o conteúdo de qualquer frasco, pois pode tratar-se de subs-tância tóxica. �Não pipete quaisquer líquidos com a boca, use aparelhos apropriados, pois poderão ser cáusti-cos ou venenosos. �Ao executar um aquecimento, controle, atentamente, sua temperatura e pressão. Os reci-pientes para aquecimento não devem ficar totalmente fechados. �Em caso de cabelos compridos, prenda-os e coloque-os para dentro do avental para evitar acidente. �É expressamente proibido fumar e ingerir alimentos e bebidas na área de produção.

Page 85: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

84

�No caso de acidentes, queimaduras, entre outros, procurar imediatamente o químico res-ponsável. �Nunca deixe, sem atenção, qualquer operação onde haja aquecimento ou que reaja vio-lentamente. �Ao locomover-se na área de produção, faça-o com cuidado, a fim de não provocar qual-quer acidente e/ou tumultuar o ambiente de trabalho. �Rotule sempre qualquer solução que venha a preparar, identificando-a quanto à substância química utilizada e, no que couber, sua provável concentração. �Ao manusear qualquer frasco de reagente químico, faça-o sempre pelo rótulo, a fim de minimizar regiões de contaminação. �Certifique-se sempre da voltagem do equipamento eletroeletrônico que fará uso na área de produção, antes de ligá-lo à respectiva corrente elétrica. �Tenha completa consciência da localização do chuveiro de emergência, dos extintores de incêndio, dos lavadores de olhos e da caixa de medicamentos de primeiros socorros, tomando conhecimento de como utilizá-los corretamente em caso de emergência. �Nunca trabalhe no laboratório sem estar junto com outra pessoa. Trabalhos perigosos devem ser realizados em presença de, pelo menos, duas pessoas no mesmo local. �Qualquer dúvida que surgir durante a produção de material de limpeza, dirigir-se ao res-ponsável técnico para obter esclarecimentos. �Ao término de cada jornada de trabalho e antes de retirar-se do laboratório, o auxiliar téc-nico deverá lavar todo o material que utilizou durante o desenvolvimento do seu trabalho; limpando, também, sua bancada e acomodando sobre ela os equipamentos e vidrarias em perfeito estado de uso e que estiveram sob sua responsabilidade.

Edifícios e instalaçõesO edifício e instalações devem obedecer a normas de segu-rança para os acessos e circulações, em locais exteriores e em locais interiores da fabrica de produtos de limpeza. Estes acessos devem ser concebidos de forma a evitar a ocorrência de acidentes pessoais decorrentes do uso nor-mal, nomeadamente devidos a escorregamento, tropeça-mento obstrução e desamparo.

Uma das principais providências que devem ser adota-das numa fábrica de produtos de limpeza é alertar todos os trabalhadores sobre as devidas precauções quando ocorrer algum distúrbio ou tumulto, causados por incidentes, como por exemplo vazamentos de gás, fumaça, fogo.

Page 86: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

85

O primeiro passo é detalhar em procedimentos operacio-nais padrões que deverão ser distribuídos para todos os tra-balhadores, contendo informações sobre todas as precau-ções necessárias, como: os cuidados preventivos; a cons-cientização sobre o planejamento de como atuar na hora do abandono do local de trabalho; a indicação de medidas práti-cas sobre o combate ao fogo e a retirada.

Os edifícios e instalações devem ter requisitos técnicos mínimos a ser observados para garantir segurança e confor-to aos que nelas trabalham. A fundamentação legal, ordiná-ria e específica, que dá embasamento jurídico à existência das Normas Regulamentadora (NR) são os artigos 170 a 174 da CLT.

Citaremos a seguir alguns requisitos técnicos mínimos que devem ser observados nas fábricas de produtos de limpeza, para garantir segurança e conforto aos que nelas trabalhem:

Requisitos técnicos de segurança e conforto �Os locais de trabalho devem ter a altura do piso ao teto (pé direito), de acordo com as posturas municipais, atendidas as condições de conforto, segurança e salubridade, esta-belecidas na Portaria Nº 3.314/78. �O espaço deve ser suficiente para instalações de equipamentos, armazenagem (matéria-prima), produtos acabados e outros materiais auxiliares. �As rampas e as escadas fixas de qualquer tipo devem ser construídas de acordo com as normas técnicas oficiais e mantidas em perfeito estado de conservação e devem oferecer resistência suficiente para suportar as cargas móveis e fixas, para as quais a edificação se destina. �As partes externas, bem como todas as que separem unidades autônomas de uma edificação, ainda que não acompanhem sua estrutura, devem, obrigatoriamente, observar as normas técnicas oficiais relativas à resistência ao fogo, isolamento térmico, condicionamento acústico, resistência estrutural e impermeabilidade. �As edificações dos locais de trabalho devem ser projetadas e construídas de modo a evitar insolação excessiva ou falta de insolação. �Espaços limpos para ordenação, manutenção e limpeza. �Contaminação cruzada deve ser evitada sendo a área de lavagem de utensílios e equipamen-tos isolada. �Os sanitários e vestiários não devem ter comunicação direta com a produção. �Paredes e tetos devem ser lisos e laváveis, impermeáveis e de cor clara.

CLT: Consolidação das Leis do Trabalho

Page 87: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

86

�Os pisos dos locais de trabalho não devem apresentar saliências nem depressões que prejudiquem a circulação de pessoas ou a movimentação de materiais. O piso deve ser antiderrapante, os equipamentos e utensílios devem ser construídos, preferencialmente em aço inoxidável ou materiais inertes. �A água deve ser desmineralizada. �As áreas de acesso a produção devem ter: sabonete para mãos, papel toalha ou ar quente, recipiente fechado para lixo. �Deve-se evitar a entrada de roedores, pássaros, insetos, etc. �Devem ter áreas específicas para: materiais tóxicos, explosivos e inflamáveis.

SinalizaçãoA sinalização é um conjunto de símbolos e chamadas de atenção que condicionam a atuação do indivíduo perante os riscos que podem ocorrer. A sinalização é uma medida de prevenção do acidente profissional. Existem vários tipos de sinalização utilizadas em higiene e segurança:

�Sinalização de segurança e saúde. �Sinalização de proibição. �Sinalização de aviso. �Sinalização de obrigação. �Sinalização de salvamento ou de socorro. �Sinalização de indicação. A sinalização pode ser ainda classificada em: visual, lumi-

nosa, acústica, gestual e verbal.É recomendado o uso de diversas cores para indicar a

sinalização como ferramenta para a prevenção de aciden-tes. A seguir serão mostradas as cores e suas principais utilizações:Vermelho: utilizado para distinguir e indicar equipamentos e aparelhos de proteção e combate a incêndio. Observação - Não deve ser usado na indústria para assinalar perigo, por ser de pouca visibilidade em comparação com o amarelo (de alta visibilidade) e o alaranjado (que significa alerta).Amarelo: deverá ser empregado para indicar cuidado. Usado via de regra para sinalizar locais onde as pessoas possam bater contra, tropeçar, etc. ou anda em equipamentos que se desloquem como os veículos industriais. Em canalizações, deve-se utilizar o amarelo para identificar gases não liquefeitos.

Onde devem ser manipuladas as

substâncias tóxicas?

Qual o objetivo da sinalização?

Page 88: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

87

Observação - Listras (verticais ou inclinadas) e quadra-dos pretos serão usados sobre o amarelo quando houver necessidade de melhorar a visibilidade da sinalização.Branco: usado em passarelas e corredores de circulação, por meio de faixas, direção e circulação, localização e cole-tores de resíduos; localização de bebedouros; áreas em torno dos equipamentos de socorro de urgência, de comba-te a incêndio ou outros equipamentos de emergência.Preto: será empregado para indicar as canalizações de inflamáveis e combustíveis de alta viscosidade (ex: óleo lubrificante, óleo combustível, etc.).Verde: é a cor da segurança e deve ser utilizado para cana-lizações de água; caixas de equipamento de socorro de urgência; caixas contendo máscaras contra gases; chuvei-ros de segurança; lava-olhos; etc.Laranja: empregado para sinalizar canalizações contendo ácidos; partes móveis de máquinas e equipamentos; faces internas de caixas protetoras de dispositivos elétricos; faces externas de polias e engrenagens; botões de arranque de segurança; prensas.Púrpura: usada para indicar os perigos provenientes das radia-ções eletromagnéticas penetrantes de partículas nucleares.Cinza claro: usado para identificar canalizações em vácuo; Cinza escuro: usado para identificar eletrodutos.

Resumo da lição

• Nesta lição são descritas as principais regras de segu-rança a ser adotada na produção de material de limpeza e deverão ser observadas rigorosamente.

• Os edifícios e as instalações devem obedecer a normas de segurança, concebidas de forma a evitar a ocorrência de acidentes pessoais.

• A sinalização é uma medida de prevenção do risco e do acidente profissional.

Page 89: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

88

ALBERTS, Bruce, et al. – Fundamentos da Biologia Celular: 3ª Ed. – Porto Alegre: Artemep, 2011.CAMPBELL, Mary K. Bioquímica / Mary K. Campbell; trad. Henrique Bunselmeyer ... [ et al.]. 3ª.ed. – Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. CRUZ, R. Experimentos de Química em Microescala – Química Geral e Inorgânica. Editora Scipione, 2ª Edição, 1995.CRUZ, R., LEITE, S. ORECCHIO. Experimentos de Ciências em Microescala – Ar, Água e Solo. Editora Scipione, 1996.FERNANDES, Adair Antônio - Projeto técnico p/ fabricação de prod. de limpeza em geral, 1995.GUIA Químico. Disponível em: <http://www.guiaquimico.com>. Acesso em 12 de jul. 2007.GUYTON, A . C. & Hall: Tratado de Fisiologia Médica. Editora Guanabara Koogan S.A. 10ª Edição. Rio de Janeiro, 2002.HESS, S. Experimentos de Química com Materiais Domésticos. Editora Moderna. 1997.HIRATA, Mário Hiroyuki. Manual de biosegurança. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2002.KATZUNG, Bertram G. – Farmacologia Básica & Clínica. 8ª edição. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2003.KOTZ, John, C. e PAUL TREICHEL, Jr. Química e Reações Químicas, Volumes I e II. Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 4ª Edição, 2002.LARINI, Lourival, Toxicologia. São Paulo - SP. 3ª Ed. Editora Manole Ltda, 1997.MENDHAM, J. at al. VOGEL Analise Química Quantitativa. 6ª.ed. – Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2002. OGA, Seizi, at al. – Fundamentos de Toxicologia – 2ª edição – São Paulo: Atheneu Editora, 2003.RITTNER, Herman – Sabão: tecnologia e utilização, Editora H. Rittner. São Paulo – SP, 1995.SOLOMONS, T. W. Graham, Química Orgânica vol. 1 e 2 / T. W. Graham Solomons e Craig B. Fryhle, trad. Whei Oh Lin 7ª.ed. – Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2001.

Page 90: Produtos de Limpeza | Formação para o Trabalho

Produtos de

limpeza

Antônia Fádia Valentim de AmorimFrancisco Fábio Castelo Branco

Os estudiosos da economina estão de

acordo que a educação é o mo-tor do desenvolvimento e qualificar

a população que possui baixa escola-ridade é o grande desafio dos gestores

do século XXI. O projeto utiliza os recur-sos pedagógicos mais apropriados para responder esta demanda e representa uma iniciativa pioneira para ajudar a

superar os deficits educacionais da população adulta.

9 7 8 8 5 7 5 2 9 5 2 4 3

ISBN 978-85-7529-524-3