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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC Centro de Ciências Naturais e Humanas Programa de Pós-Graduação em BIOTECNOCIÊNCIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Aluno: Anderson Marques de Oliveira RA: 13031512 Orientador: Fernando Carlos Giacomelli Produção de Nanopartículas Poliméricas com Tamanho Controlado com Potencial Aplicação na Liberação Controlada de Agentes Antitumorais.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

Centro de Ciências Naturais e Humanas

Programa de Pós-Graduação em BIOTECNOCIÊNCIA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Aluno: Anderson Marques de Oliveira

RA: 13031512

Orientador: Fernando Carlos Giacomelli

Produção de Nanopartículas Poliméricas com Tamanho

Controlado com Potencial Aplicação na Liberação

Controlada de Agentes Antitumorais.

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A presente dissertação foi realizada inteiramente pelo autor no período de maio de 2012 a abril de 2014, no Programa de Pós-Graduação em Biotecnociência da UFABC sob a orientação do Prof. Dr. Fernando Carlos Giacomelli.

Anderson Marques de Oliveira

Orientador: Dr. Fernando Carlos Giacomelli

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“É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar triunfos e glórias,

mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os pobres de espírito

que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa penumbra

cinzenta que não conhece vitória nem derrota.”

Theodoro Roosevelt

À minha esposa Roseane e meus filhos Emanuel e Emanueli por todo o apoio nos momentos mais difíceis e por entenderem que a ausência no momento das batalhas se justifica com um futuro glorioso e uma união

consolidada.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus pela Saúde, e por ser a principal fonte de força e por conceder-

nos o livre arbítrio e a capacidade de pensar.

Ao meu orientador Fernando Carlos Giacomelli pelos conhecimentos e apoio em todo o

tempo sobre tudo pela confiança e total assistência durante todo o tempo de mestrado e

desenvolvimento desta dissertação.

A minha esposa Roseane M. S.M. Oliveira por todo apoio, compreensão, por todo o

incentivo, encorajamento e por sonhar junto comigo em todo o tempo e me manter com

os pés no chão quando preciso. Te amo!!

A minha mãe, a professora Gladys Marques de Farias, por sempre acreditar em mim e

por ser o melhor exemplo de pessoa a seguir.

Ao meu Pai José Alfredo por todo apoio, incentivo e compreensão além é claro dos

“puxões de orelha” nas horas certas.

A meus filhos por me motivarem em todo o tempo e por comemorarem juntos comigo

todos os momentos de vitória e por me alegrarem nos momentos de tristeza.

Ao professor Dr. Jean-Jacques Bonvent por me fazer acreditar que nada é tão difícil que

não possa ser superado.

A Professora Dra. Marcella Milazzotto por todos os conhecimentos, pelo carinho,

incentivo e atenção dispensados.

Ao professor Dr. Wanius Garcia pelos conhecimentos e pelos conselhos dispensados em

todo o tempo.

A todos os docentes do UFABC que de alguma forma acrescentaram conhecimento e

valores nessa curta caminha que é o mestrado acadêmico.

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Ao suporte financeiro da FAPESP (Proc. 2012/17841-5) pelo financiamento através de

bolsa de estudos durante parte do período de mestrado acadêmico.

Ao suporte financeiro da FAPESP (Proc. 2012/14087-8) e do CNPq (Proc.

4706082012-9) para a execução experimental do projeto de pesquisa proposto.

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Sumário

1. RESUMO ............................................................................................................... 12

2. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13

3. OBJETIVOS ........................................................................................................... 14

4. REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................. 15

4.1. POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS ..................................................................... 15

4.2. NANOPARTICULAS POLIMÉRICAS ................................................................ 17

4.3. PRINCIPAIS TIPOS DE NANOMEDICAMENTOS POLIMÉRICOS ............... 17

4.3.1. CONJUGADOS POLÍMERO-FÁRMACO ........................................................... 17

4.3.2. MICELAS POLIMÉRICAS ................................................................................... 18

4.3.3. LIPOSSOMAS ....................................................................................................... 20

4.3.4. NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS BIODEGRADÁVEIS ............................ 21

4.4. PRINCIPAIS APLICAÇÕES DE NANOMEDICAMENTOS POLIMÉRICOS .. 22

4.4.1. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM .......................................................................... 22

4.4.2. TERAPIA E DIAGNÓSTICO (TERANÓSTICOS) .............................................. 22

4.4.3. TERAPIAS CONTRA O CÂNCER ...................................................................... 23

4.5. O CÂNCER E A NANOMEDICINA .................................................................... 23

4.5.1. O EFEITO EPR ...................................................................................................... 24

4.6. MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS .... 26

4.6.1. EVAPORAÇÃO DO SOLVENTE ........................................................................ 26

4.6.2. SALTING OUT ...................................................................................................... 27

4.6.3. DIÁLISE ................................................................................................................. 27

4.6.4. NANOPRECIPITAÇÃO ........................................................................................ 28

4.7. ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS RELACIONADOS AO PROCESSO DE

NANOPRECIPITAÇÃO ........................................................................................ 29

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4.7.1. O EFEITO MARANGONI ..................................................................................... 29

4.7.2. EFEITO OUZO ...................................................................................................... 29

5. METODOLOGIA ................................................................................................... 32

5.1. MATERAIS UTILIZADOS ................................................................................... 32

5.2. PREPARAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS ....................................................... 32

5.3. CARACTERIZAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS ............................................. 33

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 35

6.1 INFLUÊNCIA DA RAZÃO SOLVENTE:ÁGUA ................................................ 37

6.2. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE POLÍMERO .................................... 40

6.3. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA ................................................................... 43

6.4. INFLUÊNCIA DA FORÇA IÔNICA .................................................................... 45

6.5. INFLUÊNCIA DAS PROPRIEDADES DO POLÍMERO .................................... 46

6.6. INFLUÊNCIA DO SOLVENTE ORGÂNICO ...................................................... 47

6.7. INFLUÊNCIA DA MISTURA DE SOLVENTES ................................................ 52

7. CONCLUSÕES ...................................................................................................... 53

8. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS. .................................................................. 54

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Estrutura química dos polímeros biodegradáveis utilizados nas investigações

PLGA (A), PCL (B) e PBS/PBDL (C). ......................................................................... 16

Figura 2 Representação esquemática de um conjugado polímero-fármaco (A) e a

estrutura molecular do agente quimioterápico doxorubicina (DOX) conjugado ao

polímero N-(2-hidroxipropil) metacrilamida (PHPMA) através de uma ligação

hidrazona (ligante) (R1R2C=NNH2) sensível ao pH (B). ............................................. 18

Figura 3. Representação esquemática de uma micela polimérica de PMPC40-b-

PDPA70 sensível ao pH carregada com fármaco hidrofóbico (A) e representação da

estrutura molecular do copolímero em bloco PMPC40-b-PDPA70 (B). .................... 19

Figura 4. Representação esquemática de um lipossoma carregado com fármaco

hidrofílico (A) e estrutura molecular de uma variante do fosfolipídio fosfatidilcolina

enfatizando a sua cabeça hidrofílica (B)......................................................................... 20

Figura 5. Representação esquemática de uma nanoesfera (A) e de uma nanocápsula (B).

A direita está representada a estrutura molecular do poli (ácido lático-co-ácido

glicólico) – PLGA (C), um dos polímeros mais utilizados na preparação de PNPs. ..... 21

Figura 6. Representação esquemática do acúmulo de nanopartículas em regiões de

tumor sólido devido ao efeito EPR. ................................................................................ 25

Figura 7. Diagrama ternário de fases que representa esquematicamente a formação de

nanopartículas a partir do método de nanoprecipitação ................................................. 31

Figura 8. Funções de correlação temporal (A), respectivas distribuições de RH (B) e

aparência visual das PNPs de PLGA01 produzidas a partir de diferentes solventes

orgânicos: DMF (●), acetona (○) e THF (■) (C). A concentração polimérica total e a

razão solvente:água foram mantidas constantes (1,4 mg.mL-1 e 0,4 respectivamente).. 35

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Figura 9 . Imagens de TEM para nanopartículas de PLGA01 produzidas a partir de

DMF (A), acetona (B) e THF (C). Dado de SAXS e ajuste correspondente (linha sólida)

para PNPs de PLGA01 produzidas a partir de DMF (D). .............................................. 37

Figura 10. Influência da razão solvente:água nas características estruturais das

nanopartículas de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: dimensão RH (A), índice

de polidispersão (B) e potencial-ζ (C). A concentração polimérica foi mantida constante

(1,4 mg.mL-1). ................................................................................................................. 38

Figura 11. Influência da concentração de polímero nas características estruturais das

nanopartículas de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: raio hidrodinâmico (A),

índice de polidispersão (B) e potencial-ζ (C). A razão acetona:água foi mantida

constante igual a 0,4. ...................................................................................................... 40

Figura 12. Influência da temperatura nas características estruturais das nanopartículas

de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: raio hidrodinâmico (A), índice de

polidispersão (B) e potencial-ζ (C). A concentração polimérica e a razão acetona:água

foram mantidas constantes em 1,4 mg.mL-1 e 0,4 respectivamente. .............................. 43

Figura 13. Influência da força iônica no Antisolvente nas características estruturais das

nanopartículas de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: raio hidrodinâmico (A),

índice de polidispersão (B) e potencial-ζ (C). A concentração polimérica e a razão

acetona:água foram mantidas em 1,4 mg.mL-1e 0,4 respectivamente. ........................... 45

Figura 14. Influência do parâmetro de interação do solvente orgânico-água (χsolvente-

água) no tamanho, índice de polidispersão e potencial-ζ das nanopartículas de PLGA01

preparadas por nanoprecipitação.. .................................................................................. 50

Figura 15. RH das nanopartículas poliméricas de PLGA01 preparadas por

nanoprecipitação em função de φTHF em misturas DMF:THF (A) e misturas

acetona:THF (B). RH das nanopartículas poliméricas de PBS:PBDL preparadas por

nanoprecipitação em função do φTHF em misturas de acetona:THF (C). ........................ 52

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ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Características dos polímeros biodegradáveis utilizados e propriedades físico-

químicas das PNPs produzidas por nanoprecipitação. ................................................... 46

Tabela 2. Propriedades Físico-químicas dos solventes e polímeros utilizados nos

protocolos de nanoprecipitação. ..................................................................................... 48

Tabela 3. Tamanho (RH), índice de polidispersão e potencial-zeta (ζ) de uma variedade

de nanopartículas poliméricas preparadas por nanoprecipitação a partir de diferentes

solventes orgânicos. ........................................................................................................ 51

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ÍNDICE DE ABREVIATURAS DLS espalhamento de luz dinâmico

EPR enhanced permeability and retention effect

PNPs nanopartículas poliméricas

PBS:PBDL polibutileno succinato-co-butileno dilinoleato

PCL policaprolactona

PEG polietilenoglicol

PLA poliácido láctico

SAXS espalhamento de raios-X a baixos ângulos

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1. RESUMO

A aplicação de nanopartículas poliméricas na área biomédica tem avançado em

ritmo acelerado. Dentre os diversos polímeros e copolímero aprovados pelas agências

reguladoras para a preparação de nanopartículas poliméricas visando aplicações

biomédicas, o PLGA - poli(ácido láctico-co-ácido glicólico) - vem sendo um dos mais

utilizados por exibir excelente biocompatibilidades e tempo de biodegradação

adequado. Particularmente no campo da nanomedicina, a habilidade de se controlar a

dimensão de nanopartículas é essencial. Muitas vezes estas estruturas precisam

atravessar barreiras biológicas distintas para se acumularem em locais de difícil acesso

tal como o interior de sítios tumorais. A capacidade das Nanopartículas Poliméricas

(PNPs) de se acumularem em sítios tumorais está essencialmente vinculada ao efeito

EPR (do inglês Enhanced Permeability and Retention). O efeito EPR é dependente de

uma série de fatores que estão relacionados essencialmente com as características do

sítio tumoral. Geralmente nanopartículas com dimensões inferior a RH 100 nm são

preferencialmente acumuladas em sítios tumorais, após a administração intravenosas.

Por outro lado, estas estruturas também precisam ser suficientemente grandes (2RH > 10

nm) para que não sejam excretadas rapidamente através da filtração renal. Levando-se

em conta as considerações mencionadas acima, o objetivo do presente trabalho foi

investigar em detalhes a influência de parâmetros físico-químicos e a sua relação com o

tamanho final de PNPs produzidas por nanoprecipitação. Demonstrou-se que

nanopartículas biodegradáveis de PLGA livres de surfactante e com dimensão variável

entre RH 28 nm e RH 130 nm podem ser produzidas com sucesso utilizando-se o

processo de nanoprecipitação. A dimensão de PNPs de PLGA poder ser controlada

através do ajuste da concentração polimérica, da escolha do solvente orgânico e pelo

ajuste da temperatura e da força iônica da fase aquosa. Os dados experimentais

adquiridos também mostraram que a interação polímero-solvente não tem relevância

substancial na dimensão final dos coloides poliméricos produzidos. Foi também

evidenciado que o tamanho hidrodinâmico de PNPs pode ser precisamente e

linearmente ajustado utilizando-se misturas de solventes orgânicos. Desta fora, sugere-

se que PNPs podem ser produzidas com tamanho sob demanda, podendo ser utilizadas

em uma variada gama de aplicações terapêuticas que tem sua eficácia essencialmente

dependente do tamanho.

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2. INTRODUÇÃO

No século 21, a nanotecnologia tem se mostrado como uma das áreas mais

promissoras no que se refere a avanços tecnológicos e científicos, uma vez que trabalha

com matérias em escala nanométrica (10-9 m) o que significa um trilhão de vezes menor

que o metro. 1,2A nanotecnologia tem sido amplamente explorada pela indústria de

materiais que tem desenvolvido desde artigos esportivos, automotivos, cosméticos e de

vestuário.3,4 O aumento da aplicação de nanomateriais na medicina tem tomado forma

com o empenho de diversos grupos de pesquisa tanto da indústria como no meio

acadêmico em aplicar a nanotecnologia com fins médicos,5 seja para diagnóstico por

imagem, vacinas ou liberação controlada de fármacos.6

A aplicação de nanotecnologia no campo da medicina quer seja para fins de

diagnóstico ou para fins terapêuticos, deu origem a nanomedicina. A característica mais

marcante da nanomedicina é a possibilidade de se desenvolver nanomateriais com

estruturas em dimensões similares a estruturas biológicas como DNA, vírus, proteínas e

bactérias. Sendo assim, tais nanomateriais podem apresentar um maior tempo de meia

vida plasmática (t1/2) e assim, serem empregados no tratamento, diagnóstico e prevenção

das mais variadas doenças.7 Por se mostrar uma área tão promissora, a nanomedicina

tem se destacado como um dos ramos científicos interdisciplinares por exigir daqueles

que se envolvem na pesquisa, conhecimentos das mais diversas áreas tais como:

bioquímica, físico-química, biologia molecular e celular, farmacodinâmica e

farmacocinética. A nanomedicina engloba biosensores, biomarcadores,

nanomedicamentos com função terapêutica, agentes diagnósticos, por imagem, e

teranósticos. Teranósticos são nanomateriais funcionalizados com propriedades tanto de

diagnóstico bem como propriedades terapêuticas em um único complexo.8 A aplicação

da nanomedicina no combate ao câncer tem sido o foco das pesquisas tanto da academia

quanto da indústria farmacêutica, principalmente pelas possibilidades que surgiram após

a descoberta do efeito de aumento da permeabilidade e retenção (do inglês Enhanced

Permeability and Retention Effect - EPR) por Hiroshi Maeda e col.9

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3. OBJETIVOS

Os principais objetivos do presente trabalho estão elencados abaixo:

• Avaliar a as condições experimentais para a preparação de sistemas

nanoestruturados complexos produzidos a partir de uma série de polímeros e

copolímeros biocompatíveis, e com potencial aplicação na liberação controlada de

agentes antitumorais através do mecanismo de EPR.

• Encontrar as condições adequadas de nanoprecipitação para a fabricação de

nanopartículas com dimensões inferiores a 200 nm (2RH < 200 nm) para diversos

sistemas investigados;

• Investigar as variáveis físico-químicas concentração, força iônica, razão

solvente:antisolvente, mistura de diferentes solventes orgânicos e temperatura, bem

como a sua influência no tamanho final das nanopartículas poliméricas produzidas.

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4. REVISÃO DA LITERATURA

4.1. POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS

Polímeros são materiais sólidos com alto peso molecular. Um polímero é composto

por diversas unidades de repetição chamadas de meros unidas por ligações covalentes.

As características dos diferentes polímeros estão relacionadas com a quantidade de

meros e com as características físico-químicas destes materiais. Materiais poliméricos

podem ser não degradáveis, parcialmente degradáveis ou completamente degradáveis.

Polímeros completamente degradáveis são vantajosos e desejáveis por serem

provenientes de fontes renováveis, por serem facilmente degradados no meio ambiente

ou nos organismos vivos através de processos enzimáticos.10

Materiais poliméricos apresentam a vantagem de serem facilmente manipulados

para atender a necessidades de formas e tamanhos, apresentam boa estabilidade térmica,

baixa toxicidade, compatibilidade e biodegradabilidade. Além disso, os métodos de

obtenção destes polímeros podem ser de fácil a média complexidade. Por isso, estes

materiais podem ser aplicados aos mais diversos fins, sobretudo na encapsulação, em

sistemas de distribuição e liberação de drogas.11,12

Existe atualmente um grande número de polímeros e copolímeros disponíveis para a

preparação de nanopartículas. Os mais utilizados para a entrega de drogas são os da

família dos poliésteres biodegradáveis incluindo a policaprolactona (PCL), poli ácido

lático (PLA), polibutileno sucinato-co-butileno dilinoleato (PBS:PBDL),13,14 e o poli

(ácido láctico-co-ácido glicólico) (PLGA).15,16,17,18 O PLGA exibe excelente

biocompatibilidade19 e biodegradação adequada em condições fisiológicas.20 Sendo

assim, nanopartículas poliméricas de PLGA tem sido largamente utilizadas para

encapsular drogas e em estudos de entrega de drogas,16,21 embora demostrem em

determinadas situações uma baixa eficiência de encapsulação e elevada liberação inicial

da droga (efeito Burst).22,23,24

As estruturas químicas dos principais polímeros biodegradáveis listados acima

estão mostradas na Figura 1.

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A)

B)

C)

Figura 1. Estrutura química dos polímeros biodegradáveis utilizados nas investigações

PLGA (A), PCL (B) e PBS:PBDL (C).

Nanopartículas formadas a partir destes polímeros além de serem biodegradáveis e

biocompatíveis apresentam a vantagem de poderem ser sintetizadas com tamanho

abaixo de RH 100 nm. Vários são os fatores que tornam as nanopartículas poliméricas

com pequenas dimensões vantajosas para a aplicação biológica, dentre os quais estão: o

aumento da absorção intracelular, eficácia no encapsulamento de fármacos, perfil de

liberação adequado, biodistribuição ajustável e elevada eficácia terapêutica.25 Estes

polímeros podem ainda ter sua característica hidrofílica aumentada através da

conjugação com o poli(etilenoglicol) - PEG ou da conjugação com outros polímeros

hidrofílicos, reduzindo assim a adsorção superficial e a captação pelo sistema reticulo

endotelial (RES).26,27,28

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4.2. NANOPARTICULAS POLIMÉRICAS

As nanopartículas poliméricas podem acomodar no seu interior um enorme número

de diferentes componentes ativos tais como fármacos, agentes de contraste, proteínas e

ácidos nucleicos, podendo assim ser utilizadas em uma enorme gama de aplicações

biomédicas. Particularmente, nanopartículas poliméricas tem recebido substancial

atenção devido a sua versatilidade e devido ao fato de suas estruturas poderem ser

modificadas no intuito de encapsular e liberar agentes terapêuticos ou de contraste de

maneira controlada nos sítios de ação desejados, bem como para responder a estímulos

externos ou fisiológicos específicos.29,30

Existem atualmente diferentes tipos de nanopartículas poliméricas. Pesquisas

interdisciplinares na interface da ciência de polímeros, medicina, biologia celular e

ciência farmacêutica acontecem já há certo tempo no intuito de se produzir

nanocarreadores ou agentes de contraste poliméricos. Nesta classe estão incluídos

conjugados do tipo polímero-fármaco, micelas de copolímeros em bloco, lipossomas e

nanopartículas biodegradáveis nas quais agentes ativos são quimicamente conjugados

ou fisicamente incorporados. Na próxima seção serão descritos sucintamente os

principais tipos de nanopartículas polímeros com potencial aplicação no campo da

nanomedicina.

4.3. PRINCIPAIS TIPOS DE NANOMEDICAMENTOS POLIMÉRICOS

4.3.1. CONJUGADOS POLÍMERO-FÁRMACO

Conjugados polímero-fármaco são nanomedicamentos constituídos de uma cadeia

polimérica de tamanho adequado, geralmente hidrossolúvel, na qual agentes

terapêuticos são quimicamente conjugados através da utilização de um ligante

peptídico, proteico ou de outra natureza orgânica conforme representado

esquematicamente na Figura 2. Esta estratégia mostrou melhorar a especificidade

celular de fármacos de baixa massa molecular. O principal desafio científico-

tecnológico para a otimização da eficácia terapêutica de conjugados polímero-fármaco

está em se encontrar ligantes estáveis durante a circulação sistêmica e que sejam ao

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mesmo tempo capazes de liberar o agente terapêutico a uma velocidade otimizada no

local específico de ação, por exemplo, um sítio tumoral.7

Figura 2. Representação esquemática de um conjugado polímero-fármaco (A) e a

estrutura molecular do agente quimioterápico doxorubicina (DOX) conjugado ao

polímero N-(2-hidroxipropil) metacrilamida (PHPMA) através de uma ligação

hidrazona (ligante) (R1R2C=NNH2) sensível ao pH (B).31,32

A Figura 2 mostra a representação esquemática do conjugado polímero-fármaco

poli (hidroxipropilmetacrilamida)-doxorubicina (PHPMA-DOX). A conjugação neste

caso é realizada utilizando-se um ligante sensível ao pH (grupo hidrazona). Este tipo de

nanomedicamento melhora a eficácia terapêutica do agente antitumoral doxorubicina

quando comparada a eficácia do agente quimioterápico administrado na sua forma

livre.31

4.3.2. MICELAS POLIMÉRICAS

Micelas poliméricas são geralmente produzidas em solução aquosa pela auto-

organização espontânea de copolímeros em bloco anfifílicos. Os copolímeros em bloco

anfifílicos são polímeros formados por uma sequência de monômeros de caráter

hidrofóbicos ligados covalentemente a uma sequência de monômeros de caráter

hidrofílico. Em contato com o ambiente aquoso, a fração hidrofóbica forma o núcleo

micelar estabilizado pela fração hidrofílica. Geralmente, estas estruturas possuem

A

B

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19

formato esférico e estrutura do tipo núcleo-coroa. O tamanho médio de micelas

poliméricas varia na maioria dos casos entre 10-100 nm. Desta maneira, fármacos

lipofílicos podem ser solubilizados no interior do núcleo micelar aumentando

significativamente a sua concentração no ambiente aquoso.

Além da eficiência de encapsulação, a liberação controlada e/ou especifica de

um fármaco de natureza hidrofóbica pode ser modulada quando utilizados polímeros

sensíveis a variações de PH. O fato de nosso organismo possuir ambientes com

diferentes valores de pH torna o desenvolvimento de nanopartículas para liberação

controlada de agentes terapêuticos sensíveis a mudanças de pH um campo de estudos

bastante importante. A Figura 3 representa esquematicamente a formação de uma

micela polimérica a partir do copolímero em bloco poli [2-(metacriloiloxi)

etilfosforilcolina]40-b-poli [2-(diisopropilamino)-etil metacrilato]70 ou PMPC40-b-

PDPA70. Em contato com a água, o PDPA (fração hidrofóbica) se agrega formando o

núcleo micelar enquanto que os blocos hidrofílicos de PMPC estabilizam a

nanopartículas. O núcleo micelar de PDPA pode desta maneira acomodar fármacos

hidrofóbicos que podem ser liberados em sítios específicos de ação.

Figura 3. Representação esquemática de uma micela polimérica de PMPC40-b-

PDPA70 sensível ao pH carregada com fármaco hidrofóbico (A) e representação da

estrutura molecular do copolímero em bloco PMPC40-b-PDPA70 (B).

A B

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No exemplo acima, o núcleo de PDPA responde ao pH devido à presença do grupo

amina terciário, sendo promissor para a fabricação de nanocarreadores poliméricos

sensíveis ao pH.33

4.3.3. LIPOSSOMAS

Lipossomas são nanoestruturas vesiculares auto-organizadas a partir de

fosfolipídios anfifílicos (Figura 4).

Figura 4. Representação esquemática de um lipossoma carregado com fármaco

hidrofílico (A) e estrutura molecular de uma variante do fosfolipídio fosfatidilcolina

enfatizando a sua cabeça hidrofílica (B).

O resultado desta auto-organização são estruturas que apresentam um

compartimento interno hidrofílico e, portanto, estas nanoestruturas são apropriadas para

o carregamento e a liberação controlada de fármacos hidrossolúveis tais como proteínas

terapêuticas e DNA. Agentes hidrofóbicos e pouco solúveis em água podem, entretanto,

serem aprisionados na região hidrofóbica da membrana lipídica. Contudo, a capacidade

de carga é bastante limitada e conduz geralmente a formação de estruturas instáveis.

Dentre todos os tipos de nanomedicamentos a base de matéria mole investigados até o

momento, lipossomas têm se demostrado os de maior sucesso clínico com várias

formulações aprovadas pelo FDA (Food and Drug Administration) para o tratamento de

A B

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câncer. O FDA é o órgão governamental dos Estados Unidos responsável pelo controle

dos medicamentos. Lipossomas cobertos com o polímero polietilenglicol (PEG) tem um

maior tempo de meia vida plasmática in vivo, e assim podem ser acumuladas em

tumores sólidos devido ao efeito EPR. Um exemplo de sucesso de carregador

lipossômico é o Doxil® (Doxorubicina encapsulada em lipossomas recobertos por

polietilenglicol com diâmetro em torno de 150 nm).34 Esta formulação aumenta de 25%

para 46% o nível de resposta quando comparado com o tratamento quimioterápico

convencional (a combinação de adriamicina, bleomicina e vincristina). Lipossomas

também estão sendo investigados como carregadores de agentes de contraste.

Entretanto, os testes clínicos até o momento são escassos.

4.3.4. NANOPARTÍCULAS POLIMÉRICAS BIODEGRADÁVEIS

As nanopartículas poliméricas biodegradáveis são estruturas nanométricas

preparadas a partir de materiais poliméricos de fácil decomposição em meio fisiológico.

Assim como no caso de micelas poliméricas, no caso de nanopartículas poliméricas

biodegradáveis, fármacos hidrofóbicos são aprisionados em nanopartículas.

Dependendo do método de preparação escolhido e da aplicação desejada é possível

obter-se nanocápsulas ou nanoesferas.35 Nanocápsulas são sistemas vesiculares em que

o fármaco está confinado a uma cavidade geralmente oleosa rodeada por uma parede

polimérica, enquanto nanoesferas são sistemas matriciais nos quais o fármaco é

fisicamente e uniformemente disperso conforme esquematicamente representado na

Figura 5.

Figura 5. Representação esquemática de uma nanoesfera (A) e de uma nanocápsula (B).

A direita está representada a estrutura molecular do poli (ácido lático-co-ácido

glicólico) - PLGA (C), um dos polímeros mais utilizados na preparação de PNPs.

A B

C

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Nos últimos anos, nanopartículas poliméricas biodegradáveis têm atraído atenção

considerável como dispositivos de entrega de agentes ativos, principalmente no

direcionamento de fármacos anticarcinogênicos.

4.4. PRINCIPAIS APLICAÇÕES DE NANOMEDICAMENTOS

POLIMÉRICOS

4.4.1. DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Polímeros com marcação radioativa desenvolvidos para facilitar o diagnóstico por

imagem são investigados desde os anos 90. Os primeiros sistemas fabricados foram os

baseados no polímero hidrossolúvel PHPMA (veja Figura 2) marcados com sondas do

tipo 123I, 125I e 131I. Estes sistemas foram utilizados no diagnóstico por imagem de

pacientes com câncer utilizando-se a técnica de tomografia computadorizada por

emissão de fóton único (SPECT).36 Entretanto, até o momento, são poucos os sistemas

que progrediram para utilização clínica. Dendrímeros (polímeros ramificados) também

têm sido investigados como agentes para imagem através de ressonância magnética

(MRI) uma vez que este tipo de material tem a capacidade de carregar quantidades

consideráveis de sondas.

A utilização de sondas poliméricas para tomografia por emissão de positrons

(PET) representa atualmente um novo conjunto de ferramentas analíticas e de

diagnóstico por imagem. Por exemplo, foram produzidos copolímeros de PHPMA

contendo sondas do tipo 18F (t1/2 ~ 1.8 h)37 ou sondas com tempo de meia-vida

substancialmente maiores tais como 72As (t1/2 ~ 26 h) e 74As (t1/2 ~ 17.8 dias).38

4.4.2. TERAPIA E DIAGNÓSTICO (TERANÓSTICOS)

O conjugado polímero-fármaco PHPMA-DOX contendo pequenas quantidades de

co-monômero para possibilitar a marcação radioativa foi o primeiro sistema polimérico

desenvolvido para imagem através de tomografia computadorizada por emissão de fóton

único (SPECT) nas terapias de combate ao câncer.39 Ferramentas como esta são de

importância ímpar para se investigar a relação farmacocinética-farmacodinâmica de

nanomedicamentos. Atualmente, um número grande de sistemas multifuncionais

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baseados em matéria mole está sendo desenvolvido para o carreamento de fármacos e

mapeamento por imagem simultâneo, incluindo polímeros do tipo PGA40 e PHPMA41

conjugados com doxorubicina e gemcitabina, também com capacidade de mapeamento

de células tumorais por SPECT.

4.4.3. TERAPIAS CONTRA O CÂNCER

Recentemente se mostrou que o emergente campo da nanomedicina apresenta

potencial, e novas estratégias para o tratamento de sítios tumorais, sendo uma das áreas

de grande interesse atual. É de conhecimento geral que os tratamentos tradicionais são

limitados pelo curto tempo de circulação na corrente sanguínea dos agentes antitumorais

e a baixa especificidade de sua ação. Tecidos normais também são expostos aos

quimioterápicos fatalmente danificando células saudáveis. Por outro lado, o

carreamento de agentes quimioterápicos no interior de nanopartículas possibilita que

estes agentes sejam de forma mais seletiva conduzidos para os sítios tumorais,

aumentando assim a eficácia terapêutica e limitando a exposição dos tecidos saudáveis.

A partir desta seção, será dada ênfase à utilização de nanomedicamentos com potencial

aplicação no tratamento do câncer. Uma abordagem simples das características dos

tumores de origem sólida, os possíveis alvos terapêuticos no tratamento e os desafios a

serem superados serão enfatizados.

4.5. O CÂNCER E A NANOMEDICINA

O câncer é uma das principais causas de mortes no mundo. A Organização Mundial

de Saúde (OMS) estima que a doença será a causa de morte de 84 milhões de indivíduos

entre 2005 e 2015. O câncer não é uma doença única, mas um conjunto de mais de 200

patologias, caracterizado pelo crescimento descontrolado de células anormais e como

consequência ocorre a invasão de órgãos e tecidos adjacentes envolvidos, podendo se

disseminar para outras regiões do corpo, dando origem à tumores em outros locais. Os

tumores são classificados em sólidos (linfomas, carcinomas e sarcomas) ou neoplasias

hematológicas (leucemias). Para uma terapia efetiva, é necessário melhorar o nosso

conhecimento em relação à fisiopatologia do câncer, descobrir novos compostos

anticarcinogênicos e desenvolver novas tecnologias biomédicas. Atualmente, o

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desenvolvimento de terapias contra o câncer tem se tornado um desafio multidisciplinar,

necessitando da colaboração da área clínica com as áreas de ciências biológicas,

ciências dos materiais e engenharia biomédica.

O principal objetivo das terapias contra o câncer é aumentar a sobrevida e a

qualidade de vida dos pacientes.42 Atualmente, o método mais utilizado para

tratamentos de câncer é a quimioterapia. Devida à eficácia dos compostos

farmacológicos atuais, a seletividade aos tecidos é uma questão de extrema importância.

Na maioria dos tratamentos empregados atualmente, a dose que alcança o interior de

tumores sólidos é limitada, resultando em uma resposta muitas vezes ineficaz.

As novas estratégias em investigação atualmente focam no aumento da eficácia

de tratamentos quimioterápicos e estão geralmente baseadas nas particularidades dos

sítios tumorais, os quais apresentam características diferentes dos tecidos normais.

Neste contexto, o conhecimento fisiopatológico dos tecidos tumorais e suas diferenças

quando comparados a tecidos normais emerge como uma alternativa para tentar

contornar a falta de especificidade dos tratamentos quimioterápicos convencionais.43,44

4.5.1. O EFEITO EPR

Inicialmente descoberto por Matsumura e Maeda, o efeito do aumento da

permeabilidade e retenção (efeito EPR) tem sido a descoberta norteadora de muitos

estudos na busca de tratamentos efetivos de combate ao câncer.45 Diversos estudos

relacionados à entrega de drogas têm sido publicados, representando potencial avanço

no combate ao câncer. O Efeito EPR tem por base as alterações fisico-químicas que

ocorrem nas regiões tumorais, sobretudo de tumores sólidos, que acabam por diferenciar

as células tumorais das celulas saudáveis. Neste caso, o transporte de macromoléculas

maiores de 40 kDa para o interior de sítios tumorais é facilitada.46,47

Dentre estas alterações, destacam-se a vasculatura anormal, oxigenação deficiente e

acidez do microambiente, além de pressão variável. A vasculatura tumoral apresenta

fenestrações (poros) decorrentes do crescimento desordenado, irregular e rápido de

tecidos provocado pela necessidade de se suprir as demandas de oxigênio das células

tumorais. Os altos níveis de proliferação celular (angiogeneses) conduzem a um

aumento na permeabilidade vascular. Mudanças estruturais na patofisiologia vascular

devidas a angiogênese representam grandes oportunidades para o uso de sistemas

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nanoparticulados de longa-circulação para fármacos que se acumulam devido ao efeito

EPR48

Macromoléculas e nanocarreadores (com dimensões entre RH 20 – RH 100 nm) são

geralmente muito grandes para extravasarem e se acumularem em tecidos saudáveis.

Entretanto, possuem dimensões adequadas para atravessarem a vasculatura

desorganizada e porosa das regiões tumorais, sendo acumulados no interior de seus

interstícios. Contudo, tais estruturas também precisam apresentar caracteristicas de

biocompatibilidade para permanecer maior tempo na circulação sanguinea sem serem

eleminados antes de o acúmulo promovido pelo efeito EPR. A dimensão dos poros

endoteliais em sítios tumorais varia de 10 nm a 2 µm.49 Além disso, os vasos linfáticos

possibilitando um maior tempo de meia vida t1/2 estão ausentes ou não-funcionais nestes

locais, contribuindo para uma ineficiente drenagem. Nanocarreadores que alcançam o

interstício tumoral não são removidos de forma eficaz e são desta maneira, retidos no

tumor., Este fenômeno é descrito pelo “R” do efeito EPR o qual está esquematizado na

Figura 6.

Figura 6. Representação esquemática do acúmulo de nanopartículas em regiões de

tumor sólido devido ao efeito EPR.49

Visto que estas peculiaridades não são encontradas em tecidos normais, o

conhecimento do efeito EPR está se tornando um paradigma promissor no

desenvolvimento de terapias contra o câncer. Como resultado destas características

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anatômicas e patofisiológicas únicas dos tecidos tumorais em comparação com tecidos

normais, a concentração de macromoléculas e nanopartículas poliméricas encontradas

nestes tecidos chegam a ser 100 vezes maior do que a encontrada em tecidos

normais.45,46,47,48,49

4.6. MÉTODOS DE PREPARAÇÃO DE NANOPARTÍCULAS

POLIMÉRICAS

A produção de nanopartículas poliméricas pode partir tanto da polimerização de

monômeros quanto de polímeros pré-formados. Dentre as estratégias para produção de

PNPs a partir de polímeros pré-formados, destacam-se as técnicas de evaporação do

solvente, salting-out, diálise e nanoprecipitação.

4.6.1. EVAPORAÇÃO DO SOLVENTE

No método da evaporação do solvente, os dois processos mais comuns são o

preparo de emulsão simples óleo em água (O/A) onde a fase oleosa é composta de um

polímero dissolvido em solvente orgânico e a fase aquosa é composta por um agente

estabilizador, e o preparo de emulsões duplas que consistem e uma fase água em óleo

(A/O) e uma segunda fase água-óleo-água (A/O)/A.50 Nesse método são utilizadas

técnicas de homogeneização e ultrassom seguidas da evaporação do solvente que se dá

por agitação a temperatura ambiente sob pressão reduzida. As nanopartículas são

obtidas após centrifugação e lavagem com água destilada para remoção de tensoativos.

Nesse método são relevantes para a síntese dos nanopartículas poliméricas os seguintes

parâmetros: temperatura de preparação, método de evaporação do solvente, volume da

fase aquosa interna, concentração de surfactante e massa molecular do polímero. No

método de evaporação do solvente, a quantidade de agente estabilizador pode

influênciar no tamanho da partícula, onde geralmente quanto maior a quantidade de

agente estabilizador menor o tamanho obtido. Nas emulsões duplas esse efeito parece

ser irrelevante. O método de evaporação do solvente apresenta a vantagem de ser

simples e prático. Por outro lado, apresenta como pontos negativos o fato de ser

demorado e a possível coalescência das nano gotas durante o processo de

evaporação.52,51

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4.6.2. SALTING OUT

O salting out é um método de emulsificação diferente do método de evaporação de

solvente, onde não se utiliza solventes orgânicos. O método baseia-se na separação de

um solvente miscível em água a partir da solução aquosa por meio de um efeito de

salting out. O processo salting out pode ser considerado como uma alteração do

processo de emulsificação. Polímero e droga são inicialmente dissolvidos em um

solvente tal como a acetona, a qual é subsequentemente emulsionada em um gel aquoso

contendo o agente de salting out (eletrólitos, tais como cloreto de magnésio, cloreto de

cálcio, acetato de magnésio, ou não eletrólitos tais como a sacarose) e um estabilizador

coloidal, tais como polivinilpirrolidona ou hidroxietilcelulose. Esta emulsão de

óleo/água é diluída com um volume suficiente de água ou solução aquosa para melhorar

a difusão da acetona na fase aquosa, induzindo, assim a formação de nanoesferas. O

efeito reverso salting out é obtido pela diluição da emulsão com adição de excesso de

água provocando a precipitação de polímeros dissolvidos em gotículas de emulsão. Esse

método apresenta a vantagem de não utilizar solventes orgânicos nem tensoativos nos

processos de síntese de nanopartículas poliméricas. Em contra partida, pesa contra este

método o fato de se produzir nanopartículas com tamanho elevado (2RH > 250 nm) e a

impossibilidade de se controlar as interações poliméricas o que fatalmente afeta a

morfologia das PNPs produzidas.50,51,52

4.6.3. DIÁLISE

Nesse método, polímeros são dissolvidos em solventes orgânicos e colocados em

tubos de diálise com corte de peso molecular apropriado. A diálise é realizada contra

um não-solvente miscível no solvente orgânico. O deslocamento do solvente para o

interior da membrana é seguido pela agregação progressiva de polímeros decorrentes da

perda de solubilidade com a formação de uma solução homogênea de nanopartículas.

Dentre os parâmetros que afetam este método estão o tipo de solvente empregado, tipo

de não-solvente e concentração de polímero na fase orgânica. O fato de existir uma

membrana no sistema de diálise é muito vantajoso pois permite a troca completa do

solvente do polímero contra o não-solvente. Por outro lado, são fatores limitantes para o

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emprego deste método a obtenção de nanopartículas de tamanho elevado, além do

processo ser demorado quando se visa o aumento de escala de produção.50,52

4.6.4. NANOPRECIPITAÇÃO

O método de nanoprecipitação é o mais atrativo do ponto de vista comercial haja

vista sua simplicidade e baixo custo energético. A técnica de nanoprecipitação foi

proposta por Fessi e col.52,53 Neste procedimento, os polímeros pré-formados são

inicialmente dissolvidos em um bom solvente completamente miscível em água

(acetona, THF, DMF, acetato de etila, etanol). Em seguida, a fase orgânica contendo o

polímero que vai formar as NPs é vertida sobre uma fase aquosa sob agitação

magnética. Quando a fase orgânica e a fase aquosa estão em contato, ocorre a rápida

difusão da fase orgânica para a fase aquosa transportando consigo um determinado

número de cadeias poliméricas dissolvidas. Com a adição progressiva de solvente

orgânico para a solução aquosa, a qualidade do solvente é progressivamente reduzida e

as cadeias dos polímeros entram numa condição de supersaturação, se agregando e

formando nanopartículas. Tais PNPs tendem a ter forma esférica desde que ocorra uma

distribuição homogênea da quantidade total de polímero em solução durante a

nanoprecipitação. Os parâmetros que influênciam na formação das nanopartículas estão

relacionados às propriedades físico-químicas associados com a adição da fase orgânica

na fase aquosa tais como tempo de difusão, método de adição e a razão entre estas fases.

O método de nanoprecipitação tem a seu favor o fato de ser rápido, fácil e reprodutível.

Este método favorece a obtenção de nanopartículas esféricas de distribuição estreita e

não necessita de fontes de energia externa. Dentre as desvantagens estão a

heterogeneidade das PNPs formadas que acaba por limitar o encapsulamento de drogas

em certas condições. 54

Levando- se em conta que todos os métodos apresentam vantagens e também

possuem suas limitações, a escolha de um método específico é geralmente determinada

pelas características físico-químicas do fármaco utilizado. Outros aspectos como a

estabilidade da substância ativa sob as condições operacionais tais como agitação, os

volumes necessários, o tempo consumido, a viabilidade de aumento na escala e os

custos envolvidos devem ser considerados.17,50

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4.7. ASPECTOS FÍSICO-QUÍMICOS RELACIONADOS AO PROCESSO

DE NANOPRECIPITAÇÃO

O mecanismo de formação instantânea de PNPs poliméricas via nanoprecipitação

ainda é motivo de controvérsias. Alguns grupos de pesquisa sugerem que a formação

ocorre devido à turbulência interfacial entre as duas fases líquidas (orgânica e aquosa)

que são governadas pelo efeito Marangoni. Entretanto, publicações recentes mostraram

que o efeito Ouzo parece ser mais satisfatório para explicar o mecanismo de formação.55

4.7.1. O EFEITO MARANGONI

O Efeito Marangoni é também conhecido como efeito Gibbs-Marangoni e sugere

que as propriedades físico-químicas do solvente orgânico e sua interação com o meio

aquoso são fatores fundamentais no processo de formação das nanopartículas. Segundo

esta teoria, a formação de nanopartículas é resultado da agregação de polímero

estabilizado em gotículas de emulsão sem relação aparente com os processos de

nucleação e crescimento. Partículas com tamanho submicrométrico são formadas devido

a uma diferença de tensão superficial entre o solvente orgânico e o não-solvente (água)

usados no processo. O solvente aquoso que apresenta alta tensão superficial atrai

fortemente o solvente orgânico de baixa tensão superficial. A diferença de tensão

superficial provoca turbulência interfacial, interferindo no mecanismo de equilíbrio do

sistema resultando na diminuição da energia livre. Perturbações na interface do sistema

originam padrões de circulação e movimentos que geram uma convecção interfacial.

Tais perturbações da interface superficial promove o aumento da transferência de

massa entre as duas fases. A mistura entre as fases aquosa e orgânica conduz a quebra

das gotas da fase orgânica em gotas cada vez menores até a formação de gotas com

tamanho submicrométrico. O fluxo do solvente a partir destas regiões de baixa tensão

superficial leva a agregação do polímero na superfície orgânica e a precipitação do

polímero leva a formação de nanopartículas.35,53

4.7.2. EFEITO OUZO

Nos países do Mediterrâneo é um costume beber aguardente contendo essência de

anis conhecida como “ouzo” misturada com água. A mistura dos dois líquidos incolores

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resulta em uma solução de aspecto leitoso. Isto acontece porque quando a água é

adicionada à bebida, o anis que antes se encontrava solúvel na solução alcoólica torna-

se insolúvel e se organiza em pequenas gotas devido à diminuição da qualidade do

solvente, uma vez que água e etanol apresentam boa afinidade. As pequenas gotas de

óleo de anis promovem o espalhamento da luz dando a bebida aparência leitosa. Tal

fenômeno foi batizado de “efeito ouzo”.56,57,58

O ''efeito Ouzo'' é observado quando uma solução de polímero hidrofóbico é trazida

rapidamente de uma região de fase 1 para uma região metaestável, entre as regiões das

curvas binodal e espinodal, pela adição de um não-solvente (Figura 7). Isto ocorre

quando se mistura certas porções de não-solvente, um solvente e um soluto que

produzem uma dispersão de duas fases relativamente estáveis denominada dispersão

metaestável. Uma grande vantagem do preparo de dispersões líquido-líquido através do

“efeito ouzo” é a possibilidade de se preparar dispersões livres de surfactantes,

estabilizantes e sem qualquer tipo de agitação mecânica. A ilustração do efeito Ouzo

para a formação de nanopartículas poliméricas em um diagrama de fases de três

componentes está representada na Figura 7, onde a concentração do polímero está na

abcissa e a concentração do solvente orgânico na ordenada. A concentração do não-

solvente é encontrada na diferença. Através deste diagrama de fases é possível se

demonstrar a curva binodal (curva de miscibilidade-limite) que separa a região bifásica

da região homogênea, como uma função da temperatura ou da fração molar, além do

limite de estabilidade termodinâmica com a curva espinodal (curva-limite de

estabilidade) que separa a região instável da região metaestável.60,59

Os locais do diagrama onde a energia livre de Gibbs não é minimizada são

denominados de região metaestável ou região Ouzo.55 Nesta região a concentração de

polímeros tende a estar suficientemente diluída resultando na nucleação do polímero e a

formação de nanoparatículas.56

Esta abordagem sugere que as variações de tensão interfacial que suportam a teoria

do efeito Marangoni podem não ser crítico para a formação de partículas. Neste caso,

quando a solução de polímero está em contato com o não solvente, o solvente difunde-

se para a fase aquosa, criando um local de supersaturação de moléculas de polímero que

conduz ao processo de nucleação e crescimento.

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Figura 7. Diagrama ternário de fases que representa esquematicamente a formação de

nanopartículas a partir do método de nanoprecipitação (adaptado da referência 59).

Este cenário pressupõe que a taxa de mistura e o processo de difusão molecular

associado são extremamente rápidos, em comparação com a velocidade de nucleação.

Assim, quando as fases são misturadas a energia livre do sistema muda de tal forma que

a separação de fases é energeticamente mais favorável e as moléculas de polímero

coalescem formando núcleos.56,57,58,59

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5. METODOLOGIA

5.1. MATERAIS UTILIZADOS

A fabricação de nanopartículas poliméricas biodegradáveis teve como ponto de partida

o poliéster biodegradável PLGA. Foram utilizados neste trabalho três diferentes amostras

de poli (ácido láctico-co-ácido glicólico): PLGA01 (L:G 50:50, Mw = 60.000 g.mol-1,

Mw/Mn = 2,0), PLGA02 (L:G 65:35, Mw = 75.000 g.mol-1, Mw/Mn = 1,9) e PLGA03

(L:G 85:15, Mw = 75.000 g.mol-1, Mw/Mn = 1,5).

Além do PLGA, também foram utilizados os seguintes polímeros: poli(ε-

caprolactona) PCL (Mw = 65.000 g mol-1, Mw/Mn = 1,5) e o copoliéster randômico poli

(butilenosuccinato-co-dilinoleato) nomeado PBS:PBDL (Mw = 66.000 g.mol-1, Mw/Mn =

1,88).36 Todos os solventes orgânicos foram adquiridos da Sigma Aldrich e utilizados

como recebidos. A água utilizada passou por processo de tratamento MilliQ®.

5.2. PREPARAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS

As PNPs foram preparadas pelo método de nanoprecipitação a partir de soluções

poliméricas em estoque de diferentes concentrações definidas e em diferentes solventes

(acetonitrila, acetona, DMF, THF e DMSO). As nanopartículas foram preparadas através da

difusão da solução polimérica orgânica para dentro do não-solvente (água Milli-Q®) com o

uso de seringa à taxa de fluxo de 2 mL.min-1. A velocidade de agitação da fase aquosa foi

mantida fixa para todos os experimentos (350 rpm), sendo que o solvente, natureza do

polímero, concentração de polímero, razão solvente:água, temperatura, força iônica (através

da adição de NaCl) e a mistura de diferentes solventes orgânicos foram variáveis de estudo.

A eliminação do solvente se deu através do método de evaporação a temperatura ambiente

ou diálise, dependendo do ponto de ebulição. Soluções poliméricas na concentração final

constante (1,4 mg.mL-1) na razão solvente: água 0,4 de foram preparadas utilizando-se

7mg de polímeros (PLGA, PCL, PBS: PBDL) adquiridos da Sigma Aldrich solubilizando o

polímero em 2ml do solvente orgânico de escolha e posteriormente difundindo-se a solução

polimérica no antisolvente ( 5ml).

As análises de DLS e ELS foram realizadas utilizando o equipamento Zetasizer Nano

ZS (Malvern Instruments).

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33

τπη6

2qTkR B

H =

2

4π θsen

λ

n=q

[ ]∫ −=− τττβ dtAtg )/exp()(1)(2

5.3. CARACTERIZAÇÃO DAS NANOPARTÍCULAS

As nanopartículas poliméricas produzidas foram posteriormente caracterizadas

utilizando-se as técnicas de espalhamento de luz dinâmico (DLS), espalhamento de luz

eletroforético (ELS), espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS) e microscopia

eletrônica de transmissão (TEM). As funções de correlação temporal obtidas por DLS

foram ajustadas utilizando-se o método de Cumulantes de acordo com a Equação 1.60

(1)

Onde A é a amplitude da função de correlação, Γ é a taxa média de decaimento em um

sistema suficientemente diluído relacionada à difusão. O parâmetro µ2 é chamada de

cumulantes de segunda-ordem. O raio hidrodinâmico (RH) do objeto espalhante foi

calculado a partir dos tempos de relaxação (1/Γ ) usando a relação de Stokes-Einstein: 60

(2)

onde kB é a constante de Boltzmann, T é a temperatura absoluta, η é a viscosidade do

solvente e q é o vetor de espalhamento:

(3)

n é o índice de refração do solvente e θ o ângulo de espalhamento. O cumulante de

segunda ordem (µ2) foi usado para calcular a distribuição do tamanho das partículas

(µ2/Γ 2) os quais são a medida da largura das distribuições da taxa do decaimento

monomodal.

Para assegurar a distribuição monomodal das nanopartículas, as funções de

correlação temporal foram analisadas utilizando-se o algoritmo REPES (incorporado ao

programa GENDIST) o qual utiliza a transformação inversa de Laplace de acordo com a

Equação 4. 60

(4)

....2

- ln)(ln 221 ttΓAtg

µ+=

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34

f(ka)

U E

2

3

εηζ =

onde t é o tempo de decaimento da função de correlação e β é um parâmetro

instrumental. A função resultante é o tempo de relaxação constituído geralmente de

muitos picos representado processos dinâmicos individuais. As distribuições de tempo

de relaxação foram convertidas em distribuições de RH novamente utilizando-se a

equação de Stokes-Einstein.

O potencial zeta (ζ) das nanopartículas foi determinado através das medidas de

mobilidade eletroforética (UE) e da conversão dos valores para potencial-ζ (mV)

utilizando a equação de Henry:60

(5)

onde ε é a constante dielétrica do solvente e η é a viscosidade . O parâmetro f(ka) é a

função de Henry calculada através da aproximação de Smoluchowski f (ka) = 1.5.

As medidas de espalhamento de raios-X a baixo ângulo (SAXS) foram realizadas na

linha SAXS1 do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS- Campinas-SP-Brasil)

que opera em comprimento de onda de λ = 1.55 Å e possui um detector bidimensional

Dectris Pilatus 300K. As imagens 2D em todos os casos foram isotrópicas e foram

normalizadas pelo valor de transmissão da amostra utilizando-se o programa FIT2D. Os

perfis de I(q) vs. q resultantes foram corrigidos pela subtração do espalhamento do

solvente puro (água).

As imagens de microscopia eletrônica de transmissão (TEM) foram adquiridas

utilizando-se um microscópio JEM 200CX (Jeol, Japão). As imagens foram obtidas a

100 kV e registradas em uma câmera digital. As PNPs foram diluídas 100 vezes e uma

gota de 5µL foi depositada sobre uma malha de cobre recoberta por filme de carbono

para a aquisição de cada imagem.

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35

6. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O efeito da variação dos parâmetros físico-químicos concentração inicial de

polímero, natureza do solvente orgânico, razão solvente:água, temperatura, velocidade

de agitação da fase aquosa e utilização de misturas de diferentes solventes orgânicos no

tamanho final, distribuição de tamanhos e potencial zeta de PNPs biodegradáveis foi

investigado nesta etapa do trabalho.

Figura 8. Funções de correlação temporal (A), respectivas distribuições de RH (B) e

aparência visual das PNPs de PLGA01 produzidas a partir de diferentes solventes

orgânicos: DMF (●), acetona (○) e THF (■) (C). A concentração polimérica total e a

razão solvente:água foram mantidas constantes (1,4 mg.mL-1 e 0,4 respectivamente).

DMF THF Acetona

(C)

10-3 10-2 10-1 100 101 102 103

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

C (

t)

tempo (µs)

(A)

1 10 100 1000

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0(B)

Inte

nsid

ade

Nor

mal

izad

a

RH (nm)

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36

Na Figura 8 são mostrados exemplos representativos das funções de correlação

temporal com o ajuste de Cumulantes (A), as respectivas distribuições de RH (B) e a

aparência visual das PNPs de PLGA01 produzidas na concentração final de 1,4 mg.mL-

1 e razão solvente:água (0,4) a partir de DMF, acetona e THF de acordo com a legenda.

Em todos os casos, o processo de nanoprecipitação resultou na distribuição de tamanhos

monomodal. O ajuste das funções de correlação através do método de Cumulantes

sugere distribuições estreitas (µ2/Γ 2 < 0.15). As distribuições monomodais também são

evidenciadas na Figura 8B para o tratamento das funções de correlação utilizando-se o

algoritmo REPES. A aparência visual das suspensões de PNPs é consideravelmente

dependente dos parâmetros físico-químicos investigados. As suspensões são totalmente

transparentes para partículas pequenas (~ 40 nm) e fracamente opacas para partículas

levemente maiores (~50-60 nm). A opalescência torna-se mais pronunciada com o

aumento do tamanho. Esta tendência pode ser qualitativamente vista na Figura 8C para

as PNPs preparadas a partir dos solventes orgânicos DMF (~ 25 nm), acetona (~ 51 nm)

e THF (~ 100 nm). Uma tendência similar foi observada como função da concentração

polimérica. O potencial zeta de todas as PNPs preparadas foi determinado como sendo

negativo, com valores entre -30,0 mV e -50,0mV dependendo das condições

experimentais.

A formação de nanopartículas foi também confirmada através da realização de

medidas de microscopia eletrônica de transmissão (TEM) e espalhamento de raios-X a

baixo ângulo (SAXS). Os dados representativos para PNPs de PLGA01 preparadas em

DMF são mostrados na Figura 9. Nas Figuras 9A-C pode se confirmar a formação de

PNPs esféricas. O dado experimental de SAXS da Figura 9D foi modelado

geometricamente como esferas homogêneas. O ajuste se mostra de boa qualidade e

resultou em valores de R = 31,0 nm e a polidispersão considerando a distribuição

logarítmica normal δ = 0,15. Dados de SAXS para partículas maiores não puderam ser

obtidos de maneira apropriada devido ao mínimo vetor de onda (q) acessível na linha

SAXS 1 do LNLS.

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37

Figura 9. Imagens de TEM para nanopartículas de PLGA01 produzidas a partir de

DMF (A), acetona (B) e THF (C). Dado de SAXS e ajuste correspondente (linha sólida)

para PNPs de PLGA01 produzidas a partir de DMF (D).

Nesta primeira etapa de trabalho investigou-se detalhadamente a influência das

propriedades físico-químicas das fases aquosa e orgânica durante o processo de

nanoprecipitação e preparação das PNPs biodegradáveis. O principal polímero

escolhido para as investigações foi o PLGA devido a suas características bem

conhecidas de biocompatibilidade, biodegradação e por ser amplamente utilizado em

aplicações biomédicas. Assim, demonstrou-se que o tamanho de PNPs de PLGA pode

ser ajustado facilmente e precisamente entre 25-100 nm alterando os parâmetros físico-

químicos durante os protocolos de Nanoprecipitação.

6.1 INFLUÊNCIA DA RAZÃO SOLVENTE:ÁGUA

Levando-se em conta que acetona é um dos solventes orgânicos mais amplamente

utilizados na fabricação de PNPs através de nanoprecipitação, e devido a considerável

(A) (B)

(C)

0.1 110-6

10-5

10-4

10-3

10-2

10-1

100

(D)

I (q)

q (nm-1)

R = 31.0 nmδ = 0.15

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38

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

40

50

60

70(A)

RH (

nm)

razao acetona:agua

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

0.00

0.05

0.10

0.15

0.20 (B)

indi

ce d

e po

lidis

pers

ao

razao acetona:agua

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0-50

-45

-40

-35

-30

-25

-20(C)

razao acetona:agua

ζ (m

V)

segurança e fácil evaporação deste solvente, primeiramente foi estudada a influência da

razão solvente:água nas características finais das PNPs utilizando-se acetona. A razão

solvente:água variou a partir de 0,2 até 1,0 mantidas a concentração de polímero

constante (1,4 mg.mL-1). Os resultados experimentais são mostrados na Figura 10 para

PLGA01.

.

Figura 10. Influência da razão solvente:água nas características estruturais das

nanopartículas de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: dimensão RH (A), índice

de polidispersão (B) e potencial-ζ (C). A concentração polimérica foi mantida constante

(1,4 mg.mL-1).

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39

Interessantemente a razão solvente:água teve um efeito comparativamente

pequeno no tamanho das partículas produzidas entre as razões de 0,4 e 1,0, embora para

a razão de 0,2 as PNPs produzidas apresentaram-se substancialmente maiores. Para

regiões de baixa razão solvente:água (0,2 até 0,8), o tamanho das partículas diminui

com o aumento da razão solvente :água. O tamanho das partículas foi reduzido de 67,8

nm para 44,0 nm com o aumento da razão solvente:água de 0,2 para 0,8. Este aumento

pode ser compreendido levando-se em conta a concentração constante e o aumento da

razão solvente: água. Neste caso, o número de sítios de nucleação aumenta,

consequentemente levando a formação de partículas menores. O número máximo de

sítios de nucleação provavelmente está em torno da região de razão solvente:água ~ 0,6-

0,8. Com o aumento da razão solvente:água acima de 0,6-0,8, supõe-se que o processo

de nucleação torna-se mais difícil levando a formação de menos sítios de nucleação e

consequentemente partículas maiores. Uma tendência similar foi observada na

preparação de PNPs de p(MMAstat-MAA) utilizando-se o protocolo de

nanoprecipitação a partir de acetona.61 A polidispersão, contudo, parece não ser afetada

pela razão solvente:água pois as PNPs apresentaram distribuição de tamanho estreitas

com valores sempre abaixo de 0,15 (Figura 10B).

Além disso, o potencial-ζ é um parâmetro de fundamental importância a partir

do qual se pode controlar a estabilidade das nanopartículas, além de ser um fator que

afeta a absorção celular.57,58 O potencial-ζ das PNPs de PLGA01 preparadas não é

dependente da razão solvente:água. Os valores determinados sempre estiveram na

estreita faixa de -30,0 mV até -40,0 mV. A carga superficial das PNPs (ζ < -30,0 mV)

sugere uma boa estabilidade da dispersão das PNPs produzidas evitando a agregação

devido à existência de forças de repulsão eletrostática. Consequentemente, as PNPs

preparadas sob estas condições demonstraram boa estabilidade por meses quando

estocadas em geladeira a 4oC.

Desta maneira, devido ao tempo gasto na evaporação de acetona (48 horas), e

tendo em vista que para quantidades maiores de acetona ficou evidenciado apenas uma

pequena redução na dimensão das nanopartículas (~ 6 nm), as investigações

comparativas subsequentes foram realizadas na razão solvente:água igual a 0,4.

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40

0 5 10 1540

60

80

100

120

140(A)

RH

(nm

)

concentracao de PLGA01 (mg.mL-1)

0 5 10 150.00

0.07

0.14

0.21

0.28(B)

concentracao de PLGA01 (mg.mL-1)

Indi

ce d

e po

lidis

pers

ao

0 5 10 15-60

-50

-40

-30

-20(C)

concentracao de PLGA01 (mg.mL-1)

ζ (m

V)

6.2. INFLUÊNCIA DA CONCENTRAÇÃO DE POLÍMERO

A influência da concentração de polímero no tamanho das nanopartículas, na

distribuição de tamanho e no potencial-ζ das PNPs na razão constante de acetona:água

igual a 0,4 é mostrada na Figura 11.

Figura 11. Influência da concentração de polímero nas características estruturais das

nanopartículas de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: tamanho hidrodinâmico

(A), índice de polidispersão (B) e potencial-ζ (C).

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41

A concentração de polímeros foi sistematicamente variada entre 1,4 e 20,0

mg.mL-1. O aumento na concentração resultou no aumento substancial do tamanho das

nanopartículas. O tamanho (RH) das PNPs é linearmente dependente da concentração

de PLGA01 variando desde 51,8 nm até 128,5 nm. Previamente, outros autores

mostram que o volume das PNPs com características esféricas (e não o raio) seria

proporcional a concentração inicial de polímero para PLGA-b-PEG PNPs.62 Entretanto,

não foi evidenciado uma relação linear entre volume e concentração nas presentes

investigações.

Tendo em vista que as PNPs foram produzidas em uma grande quantidade de

não solvente, o aumento significativo do tamanho das PNPs como função da

concentração de polímero pode ser explicado pelo mecanismo de nucleação-

crescimento. A solução polimérica orgânica foi introduzida na fase aquosa durante a

nanoprecipitação e esta é dividida em pequenos domínios. A difusão e a precipitação

ocorreram quase que simultaneamente e logo que os núcleos poliméricos são formados,

eles aumentam de tamanho pela captura de moléculas de soluto da vizinhança até a

estabilização da repulsão eletrostática com o desaparecimento do crescimento das PNPs.

Portanto, a dimensão final das nanopartículas resultantes é determinada pelo número de

moléculas poliméricas disponíveis para agregação na vizinhança. O aumento do número

de cadeias poliméricas disponíveis por unidade de volume (aumento da concentração)

leva a um aumento no número de núcleos e consequentemente aumenta a probabilidade

de encontro entre estes núcleos. Cada encontro causa a agregação aumentando assim o

tamanho final das nanopartículas.

Além disso, a influência da concentração de polímero na viscosidade da solução

polimérica orgânica deve ser considerada. Com o aumento da concentração polimérica,

a solução orgânica torna-se obviamente mais viscosa devido ao aumento da intensidade

de interação polímero-polímero e polímero-solvente. Isto direciona para uma elevada

resistência de transferência de massa. A difusão da fase solvente-polímero para o

interior da fase aquosa torna-se dessa maneira mais lenta conduzindo ao aumento de

tamanho das PNPs.

As distribuições de tamanho tornaram-se mais largas nas condições onde

partículas maiores foram obtidas, tendo sido considerado o desvio padrão para

concentrações a partir de 5mg.mL-1 até atingir a estabilidade (Figura 11B). Isto pode ser

compreendido também considerando o processo de agregação. Quando as PNPs têm um

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42

tamanho menor que o tamanho ideal considerando-se a estabilidade eletrostática, o

processo de agregação continua até se atingir um tamanho estável. O modelo de

agregação aleatória prevê que a polidispersão aumenta com o número de passos. Sendo

assim, pode se dizer que a polidispersão aumenta com o aumento do tamanho. De

maneira similar, foi possível observar uma consistente dependência do potencial zeta

como função da concentração polimérica (e consequentemente como função do

tamanho das PNPs). Com o aumento do tamanho de RH desde 51,8 nm para 128,5 nm, o

potencial-ζ foi deslocado na direção a valores menores em módulo, o que pode causar a

perda da estabilidade. O potencial-ζ negativo é atribuído ao deslocamento das cargas

negativas da ligação éster e das cargas negativas parcialmente ionizadas de grupos

carboxílicos do esqueleto polimérico do PLGA. Estes resultados são inesperados uma

vez que o aumento no tamanho das PNPs é devido ao aumento nos números de cadeias

poliméricas agregadas o que deveria deslocar os valores de potencial-ζ para valores

mais negativos. Para um melhor entendimento, tal tendência pode apenas ser explicada

se considerarmos que as PNPs produzidas são diferentes do ponto de vista estrutural.

Supostamente, o aumento na viscosidade da solução polimérica em função da

concentração polimérica deve elevar o tempo para as cadeias poliméricas de PLGA se

arranjarem na conformação mais favorável. Isto pode levar à incorporação de frações

hidrofóbicas do PLGA para dentro de domínios mais hidrofóbicos das PNPs

(presumidamente o interior do núcleo). Consequentemente, a rede de cargas superficiais

(i.e. potencial-ζ ) nas PNPs é reduzida visto que mais terminais carboxílicos são

enterrados no interior das nanopartículas. Isto pode influenciar a estabilidade das

partículas. Todavia, mesmo para as concentrações mais elevadas utilizadas, o potencial-

ζ sempre permaneceu mais negativo de -30,0 mV, o que é considerado um valor limite

de estabilidade para nanopartículas. Cabe ressaltar também que mudanças estruturais

das PNPs como função da concentração polimérica devem ser futuramente investigadas

com mais detalhes.

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43

0 10 20 30 40 50 600.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25

0.30

Temperatura (oC)

indi

ce d

e po

lidis

pers

ao

(B)

0 10 20 30 40 50 60

40

45

50

55

60(A)

RH (

nm)

Temperatura (oC)

0 10 20 30 40 50 60-60

-50

-40

-30

-20(C)

Temperatura (oC)

ζ (m

V)

6.3. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA

A temperatura das preparações das nanopartículas foi avaliada desde 05 até 55 oC. Os resultados são mostrados na Figura 12.

Figura 12. Influência da temperatura nas características estruturais das nanopartículas

de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: Tamanho das nanopartículas (A), índice

de polidispersão (B) e potencial-ζ (C). A concentração polimérica e a razão

acetona:água foram mantidas constantes em 1,4 mg.mL-1 e 0,4 respectivamente.

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44

Observou-se uma redução substancial no tamanho das partículas como função

do aumento da temperatura. A temperatura foi avaliada a partir de 05 oC até 55 oC.

Nesta faixa de temperatura, o RH das partículas foi reduzido de 58,6 nm para 42,3 nm.

Conforme mencionado anteriormente, a nanoprecipitação é dependente da rápida

difusão da solução polimérica orgânica para dentro da fase aquosa. A rapidez da mistura

leva ao aumento da taxa de nucleação resultando na formação de nanopartículas

menores. O aumento da temperatura supostamente aumenta a velocidade da mistura

solvente:água. Isto também pode estar relacionado com a redução da viscosidade ou

com o aumento na afinidade termodinâmica da acetona pela água. A velocidade de

difusão do solvente orgânico bem como o tamanho das partículas não são governadas

pela viscosidade do solvente orgânico. Este tópico será discutido de maneira mais

detalhada adiante. Portanto, os resultados experimentais descritos aqui sugerem que a

interação termodinâmica entre a acetona e a água é provavelmente favorecida com o

aumento da temperatura. A maior afinidade entre a acetona e a água induz a rápida

mistura das fases orgânica e aquosa resultando numa alta na taxa de nucleação e na

formação de PNPs menores.

Por outro lado, não foram observadas tendências na polidispersão das amostras.

Os valores estiveram sempre entre ~ 0,07-0,10. O mesmo é válido para os valores de

potencial-ζ, os quais variaram randomicamente sempre na região negativa, contudo

sendo sempre inferiores a -30 mV.

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45

6.4. INFLUÊNCIA DA FORÇA IÔNICA

A força iônica do antisolvente (água) foi variada a partir de 10-5mol.L-1 até 10-1

mol.L-1 durante a preparação das PNPs. A força iônica foi controlada pela variação da

concentração de NaCl e os resultados são mostrados na Figura 13. Existe uma clara e

substancial influência da força iônica no tamanho das nanopartículas.

Figura 13. Influência da força iônica nas características estruturais das nanopartículas

de PLGA01 preparadas por nanoprecipitação: Raio Hidrodinâmico (A), polidispersão

(B) potencial-ζ (C). A concentração polimérica e a razão acetona:água foram mantidas

constantes em 1,4 mg.mL-1 e 0,4 respectivamente.

10-5 10-4 10-3 10-2

60

75

90

105

(A)

RH (

nm)

força iônica (mol.L-1)ag

rega

dos

10-5 10-4 10-3 10-2

0.00

0.03

0.06

0.09

0.12

0.15

0.18 (B)

indi

ce d

e po

lidis

pers

ao

força iônica (mol.L-1)

10-4 10-3 10-2 10-1-35

-30

-25

-20

-15

-10

-5

0(C)

ζ (m

V)

força iônica (mol.L-1)

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O método de nanoprecipitação foi realizado utilizando concentração final de

PLGA01 de 1,4 mg.mL-1 da solução polimérica em acetona. Ocorreu um aumento no

tamanho das partículas em função da força iônica até 0,01 mol.L-1. Para valores de força

iônica acima de 0,01 mol.L-1, as dispersões de nanopartículas flocularam e partículas

estáveis não puderam mais ser produzidas. O aumento da concentração de NaCl reduz a

repulsão eletrostática entre as cadeias poliméricas de PLGA devido a presença dos íons

Na+. Portanto, as interações de van der Waals entre as cadeias tornam-se dominantes e

as partículas podem facilmente colidir levando à agregação e formação de grandes

partículas. Simultaneamente, pode ser observada uma pequena redução na polidispersão

das PNPs produzidas. Por outro lado, uma redução substancial no potencial-ζ das PNPs

foi observado. Este comportamento pode ser entendido se considerarmos a

neutralização da superfície do PLGA promovida pelos íons Na+. A diminuição das

cargas superficiais diminui o potencial-ζ resultante das PNPs.

6.5. INFLUÊNCIA DAS PROPRIEDADES DO POLÍMERO

O processo de nanoprecipitação também foi realizado utilizando-se diferentes

polímeros biodegradáveis, mantendo-se fixas todas as outras variáveis de

nanoprecipitação (razão solvente:água, concentração e temperatura). Os resultados estão

mostrados na Tabela 1.

Tabela 1. Características dos polímeros biodegradáveis utilizados e propriedades físico-

químicas das PNPs produzidas por nanoprecipitação.

Qualitativamente, o peso molecular dos polímeros biodegradáveis parece

influênciar o tamanho final das nanopartículas sendo que PNPs de PLGA01 e

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PBS:PBDL foram produzidas com os menores tamanho. Na série de polímeros de

PLGA, o tamanho aumentou na ordem PLGA01 < PLGA02 < PLGA03. Sugere-se que

esta tendência tenha sido influênciada pelo peso molecular e hidrofobicidade das

cadeias poliméricas biodegradáveis. A hidrofobicidade parece ter importância ímpar no

tamanho final das partículas produzidas, uma vez que PNPs de PCL (de peso molecular

similar a PBS:PBDL e PLGA01) conduziu a PNPs substancialmente maiores (RH ~ 90

nm). Uma vez que PCL possui hidrofobicidade superior a PLGA e PBS:PBDL63,64 a

interação polímero-água deve ter sido relevante para a formação de PNPs de tamanho

elevado. De maneira similar, a hidrofobicidade do PLGA pode ser estimada pela razão

lactideo:glicolideo (L:G). Valores elevados da razão L:G são relativos a polímeros de

elevada hidrofobicidade45e possivelmente maior tendência à agregação em contato com

água. O tamanho das partículas é maior quando elas são preparadas a partir de

polímeros mais hidrofóbicos. Com o aumento da razão L:G, as moléculas PLGA

preferem se agregar devido ao aumento na hidrofobicidade levando a formação de

nanopartículas maiores. Isto pode ser evidenciado por comparação das PNPs preparadas

a partir de PLGA02 e PLGA03. Adicionalmente, o tamanho das nanopartículas

aumentou com o peso molecular do polímero utilizado. Esta tendência se deve

provavelmente ao aumento do tamanho da cadeia polimérica quando a conformação

colapsada em contato com a água.

6.6. INFLUÊNCIA DO SOLVENTE ORGÂNICO

O método de nanoprecipitação foi realizado a partir dos seguintes solventes

orgânicos miscíveis em água: dimetilsufóxido (DMSO), acetona, acetonitrila e

tetraidrofurano (THF). Na Tabela 2 são mostrados os parâmetros físico-químicos mais

importantes dos solventes e polímeros investigados.

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48

Tabela 2. Propriedades físico-químicas dos solventes e polímeros utilizados nos

protocolos de nanoprecipitação.

Como já mencionado anteriormente, a formação de PNPs através de

nanoprecipitação é um processo complexo que inclui o aparecimento de sítios de

nucleação seguido pelo crescimento e agregação. A velocidade de cada etapa determina

o tamanho final das partículas e as propriedades relacionadas. A partir da rápida

formação das PNPs (na escala de ~ 10 ms), a mistura da solução orgânica e água deve

ser a mais rápida possível para evitar correntes de solvente no antisolvente. A rápida

mistura leva a alta taxa de nucleação resultando na formação de nanopartículas

pequenas. Contudo, os resultados experimentais descritos aqui evidenciaram que a taxa

de mistura das fases aquosa e não aquosa não é governada pela viscosidade dos

solventes a partir do uso do DMF e DMSO (os solventes de maior viscosidade), os

quais levaram à formação das PNPs de menor tamanho. Portanto, a diferença no

tamanho não pode ser simplesmente relacionada com a diminuição da viscosidade do

solvente orgânico. De fato, a alta taxa de difusão do solvente pode ser alcançada

utilizando-se solventes orgânicos o mais compatível possível com água. A alta afinidade

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49

2águasolvente ) - (

δδχ

RT

Váguaáguasolvente =−

solvente-água promove a alta taxa de difusão do solvente para o seio da fase aquosa a

formação de pequenas nanopartículas. Este feito foi observado em nossas investigações.

Quantitativamente, a compatibilidade solvente-água pode se expressar pelo parâmetro

de interação solvente-água (χSolvente-água) baseado no parâmetro de solubilidade de

Hildebrand (Tabela 2) como:

(6)

O parâmetro χsolvente-água descreve a interação entre moléculas de água e as

moléculas de solvente orgânico. Além disso, Vágua é o volume molar da água (calculado

e baseado na massa molar e na densidade), R é a constante dos gases, T a Temperatura

absoluta e δágua e δsolvente são os parâmetros de solubilidade da água e do solvente

orgânico respectivamente. O tamanho das PNPs como função do parâmetro de interação

(χsolvente-água) está mostrado na Figura 14. Existe uma tendência consistente de aumento

do tamanho das PNPs como função de χsolvente-água, onde para valores baixos deχsolvente-

água as PNPs formadas serão menores. O aumento no tamanho segue a ordem DMSO ~

DMF < acetonitrila < acetona <THF. Esta é a tendência a partir dos valores menores de

χsolvente-água para os valores maiores.

Os resultados sugerem que a alta afinidade solvente-água (baixoχsolvente-água)

conduz à formação de PNPs menores e confirmam que a miscibilidades solvente-água é

o fator de maior importância no fenômeno de iniciação-difusão e assim na formação de

PNPs por nanoprecipitação. Além do mais, a mesma tendência tem sido observada

como uma função da constante dielétrica do solvente onde a baixa constante dielétrica

do solvente resultará em nanopartículas finais maiores. A produção de PNPs de

EUDRAGIT® L 100-55 (um copolímero aniônico baseado no ácido metacrílico e

etilacrilato) por nanoprecipitação a partir de diferentes solventes (etanol, DMSO, álcool

isopropílico, acetona e acetato de etila) levaram a uma tendência similar.69 O mesmo

também foi observado na fabricação de PNPs de PLGA recobertas por PEG. Erro!

Indicador não definido.O índice de polidispersão (Figura 14B) e o potencial-ζ (Figura

14C) das PNPs produzidas não parecem ser afetados sistematicamente pela natureza do

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50

3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5

20

40

60

80

100

120(A)

DMSO

DMF

Acetonitrila

AcetonaRH (

nm)

χ(solvente-agua)

THF

3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.5

-50

-40

-30

(C)

DMSO

DMF

Acetonitrila Acetona

ζ (m

V)

χ(solvente-agua)

THF

3.0 3.5 4.0 4.5 5.0 5.5 6.0 6.50.00

0.05

0.10

0.15

0.20

0.25(B)

DMSO

DMF

Acetonitrila

Acetona

indi

ce d

e po

lidis

pers

ao

χ(solvente-agua)

THF

solvente orgânico. Todavia, os valores estiveram sempre abaixo de 0,15 e -30,0 mV

respectivamente.

Figura 14. Influência do parâmetro de interação do solvente orgânico-água (χsolvente-

água) no tamanho, índice de polidispersão e potencial-ζ das nanopartículas de PLGA01

preparadas por nanoprecipitação.

A produção de NPs poliméricas a partir de PCL e PBS:PBDL também foi

realizada em DMF, acetona e THF. A comparação com os resultados de PLGA01 é

mostrada na Tabela 3.

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51

Tabela 3. Raio Hidrodinâmico (RH), índice de polidispersão e potencial-ζ de uma

variedade de nanopartículas poliméricas preparadas por nanoprecipitação a partir de

diferentes solventes orgânicos.

Como pode ser observado, para qualquer polímero, o tamanho das PNPs

aumenta na ordem DMF < acetona < THF. Consideramos estes resultados de

importância fundamental porque eles claramente confirmam que a interação solvente-

água é de fundamental importância uma vez que afeta o tamanho das PNPs

independente da natureza do polímero biodegradável. Além do mais, embora a mesma

tendência tenha sido observada, claramente as PNPs de PCL são substancialmente

maiores do que outras PNPs produzidas em todos os solventes. Intuitivamente,

parâmetros como viscosidade intrínseca da solução polimérica orgânica e

hidrofobicidade das cadeias poliméricas talvez tenham influência particular no tamanho

final das partículas. A viscosidade intrínseca das soluções poliméricas deve ser medida,

entretanto, acreditamos que o valor seja similar a do solvente puro, uma vez que, as

concentrações poliméricas utilizadas estiveram em torno de ~ 0.5% w/w (5,0 mg.mL-1).

Portanto, tal comportamento pode estar relacionado à alta hidrofobicidade do PCL

comparado com outros polímeros biodegradáveis. A interação polímero-solvente e a

Polímero Solvente RH (nm) Polidispersão ζ (mV)

PBS:PBDL

DMF 25,1 0,23 -36,8

Acetona 49,1 0,03 -33,9

THF 103,8 0,13 -37,4

PLGA01

DMF 29,9 0,27 -38,5

Acetona 52,1 0,12 -39,4

THF 109,7 0,05 -49,1

PLGA03

DMF 58,1 0,04 -32,4

Acetona 70,8 0,09 -24,6

THF 131,1 0,09 -33,7

PCL

DMF 63,9 0,24 -28,7

Acetona 88,6 0,10 -23,0

THF 212,1 0,28 -52,5

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52

viscosidade intrínseca da solução polimérica orgânica parecem ter uma menor

influência no tamanho final das PNPs produzidas.

6.7. INFLUÊNCIA DA MISTURA DE SOLVENTES

O mesmo procedimento foi empregado para misturas de solventes. Os resultados

são mostrados na Figura 15.

Figura 15. RH de nanopartículas de PLGA01 como função de φTHF em misturas de

DMF:THF (A) e acetona:THF (B). RH de nanopartículas de PBS:PBDL preparadas por

nanoprecipitação como função de φTHF em misturas de acetona:THF (C).

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

20

40

60

80

100

120 (A)

RH (

nm)

φTHF

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

20

40

60

80

100

120 (B)

φTHF

RH (

nm)

0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

20

40

60

80

100

120

RH (

nm)

φTHF

(C)

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53

Usando-se misturas de DMF:THF, observa-se uma relação linear entre o

tamanho e a razão volumétrica dos solventes empregados. As mesmas características

também foram evidenciadas para a produção de PNPs a partir de diferentes polímeros

biodegradáveis. Na Figura 15C está mostrado o exemplo representativo para

PBS:PBDL. A polidispersão e o potencial -ζ das PNPs produzidas parecem não ser

sistematicamente afetados pela natureza da fase orgânica, similar ao descrito para

solventes puros.

Estes resultados demonstra ser possível o preparo de PNPs com o tamanho

controlado pela simples utilização de mistura de solventes orgânicos, sendo de

relevância ímpar uma vez que sugerem que PNPs podem ser fabricados com tamanho

sob demanda para aplicações terapêuticas onde a eficácia essencialmente dependente da

dimensão. Imagina-se também que este procedimento possa ser utilizado para se

aumentar a eficiência de encapsulação de diferentes agentes terapêuticos. Investigações

nesta direção já estão sendo realizadas pelo grupo de pesquisa.

7. CONCLUSÕES

Nanopartículas de PLGA livres de surfactantes com raio hidrodinâmico (RH)

variando entre RH 25 nm e RH 130 nm foram obtidas com sucesso pelo controle de

vários parâmetros físico-químicos. O tamanho das PNPs de PLGA produzidas pode ser

controlado pelo ajuste da concentração polimérica, escolha do solvente orgânico,

alteração da temperatura e força iônica. Pela otimização de tais parâmetros, PNPs

uniformes com tamanhos abaixo de RH 100 nm puderam ser produzidas através do

processo de nanoprecipitação. O tamanho das PNPs é principalmente dependente do

solvente orgânico utilizado e da natureza do polímero.

Adicionalmente, foi também evidenciado que o tamanho hidrodinâmico de PNPs

pode ser precisa e linearmente ajustado utilizando-se misturas de solventes como fase

orgânica. Considerando as misturas de solventes orgânicos, quanto maior for a fração de

solvente orgânicos de elevada hidrofobicidade maiores serão as PNPs fornadas, sendo

assim, ajustando-se a fração orgânica de maior hidrofobicidade é possível se ajustar de

forma desejável o tamanho das PNPs.

O tamanho das PNPs é dependente da natureza do polímero e segundo

observado neste trabalho, quanto maior for a massa molecular e a hidrofobicidade do

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54

polímero, maiores serão as PNPs produzidas. A interação polímero-solvente parece não

ter um papel substancialmente importante na dimensão final dos colóides poliméricos

produzidos.

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