produÇÃo e composiÇÃo de leite de cabras … · totais e células somáticas no leite de cabras...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA
PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DE LEITE DE CABRAS
ALIMENTADAS COM DIETAS COM NÍVEIS CRESCENTES ÓLEO
DE SOJA
SUELI DE LOURDES FERREIRA TARÔCO
SÃO JOÃO DEL-REI/MG
JULHO DE 2014
II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI CAMPUS TANCREDO DE ALMEIDA NEVES
CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA
PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DE LEITE DE CABRAS
ALIMENTADAS COM DIETAS COM NÍVEIS CRESCENTES ÓLEO
DE SOJA
SUELI DE LOURDES FERREIRA TARÔCO
Zootecnista
SÃO JOÃO DEL-REI/MG
JULHO DE 2014
III
SUELI DE LOURDES FERREIRA TARÔCO
PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DE LEITE DE CABRAS
ALIMENTADAS COM DIETAS COM NÍVEIS CRESCENTES ÓLEO
DE SOJA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Bacharelado em
Zootecnia, da Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Tancredo de
Almeida Neves, como parte das exigências para a obtenção do diploma de
Bacharel em Zootecnia.
Comitê de Orientação:
Orientador (a): JANAINA AZEVEDO MARTUSCELLO (UFSJ/CTAN)
SÃO JOÃO DEL-REI/MG
JULHO DE 2014
IV
SUELI DE LOURDES FERREIRA TARÔCO
PRODUÇÃO E COMPOSIÇÃO DE LEITE DE CABRAS
ALIMENTADAS COM DIETAS COM NÍVEIS CRESCENTES ÓLEO
DE SOJA
Defesa Aprovada pela Comissão Examinadora em: 16/07/2014
V
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho:
A vocês minha família: meu eterno marido Fábio e minhas amadas filhas Jéssica, Júlia e
Gabriela.
Que compartilharam o meu ideal e os alimentaram, incentivando a prosseguir na
jornada, mostrando que o nosso caminho deveria ser seguido sem medo fossem quais
fossem os obstáculos.
Que suportaram minha ausência nos momentos importantes.
Que respeitaram meus sentimentos nos dias de fracasso e não deixaram me abalar.
Se hoje concluo esse trabalho é porque vocês acreditaram no meu sucesso e
caminharam ao meu lado.
VI
AGRADECIMENTOS
Primeiramente а Deus, pоr ser essencial еm minha vida, autor dе mеu destino,
mеu guia, socorro presente nа hora dа angústia.
A minha família, especialmente meus pais. A eles, o meu sincero “muito
obrigada” por toda a alegria, apoio incondicional e estímulo que sempre injetaram em
minha vida.
Aо mеu esposo, Fábio, quе dе forma especial е carinhosa mе dеu força е
coragem, mе apoiando nоs momentos dе dificuldades, quero agradecer também аs
minhas filhas, Jéssica, Júlia е Gabriela, quе embora nãо tivessem conhecimento disto,
mаs iluminaram dе maneira especial оs meus pensamentos mе levando а buscar mais
conhecimentos.
Ao Curso dе Zootecnia dа Universidade Federal de São João Del Rei, е às
pessoas cоm quem convivi nesses espaços ао longo desses cincos anos. А experiência
compartilhada nа comunhão cоm amigos nesses anos foram а melhor experiência dа
minha formação acadêmica.
Аоs amigos que continuarão para sempre comigo, pеlаs alegrias, tristezas е
dores compartilhas. A todos aqueles quе dе alguma forma estiveram е estão próximos
dе mim, fazendo esta vida valer cada vеz mais а pena.
A todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas
racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе
formação profissional, pоr tanto quе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе
ensinado, mаs por terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça
аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos
agradecimentos.
A minha orientadora Janaína que aceitou sem resignação ao meu convite de me
orientar e que dentro das dificuldades encontradas durante nossa caminhada em
momento nenhum deixou-se vencer. Obrigada por ter me ajudado a ser uma pessoa
melhor e mais capaz.
VII
EPÍGRAFE
“Que os vossos esforços desafiem as impossibilidades, lembrai-vos de que as grandes
coisas do homem foram conquistadas do que parecia impossível.”
Charles Chaplin
VIII
LISTA DE TABELAS
Tabelas Descrição Página
Tabela 1 Composição química e percentual das dietas de cabras Saanen
lactantes alimentadas com diferentes níveis de extrato etéreo.
15
Tabela 2 Composição bromatológica dos alimentos utilizados na dieta
de cabras Saanen lactantes alimentadas com diferentes níveis
de extrato etéreo.
16
Tabela 3 Média do de consumo de feno, água, ganho de peso e
produção de fezes de cabras Sanen alimentadas com
diferentes níveis de extrato etéreo na dieta.
19
Tabela 4 Médias da produção e composição do leite de cabras Saanen
alimentadas com diferentes níveis de extrato etéreo na dieta.
.
22
LISTA DE FIGURAS
IX
Figuras Descrição Página
Figura 1
Consumo de feno de cabras Saanen
alimentadas com diferentes níveis de
extrato etéreo na dieta.
18
Figura 2
Consumo de concentrado de cabras
Saanen alimentadas com diferentes níveis
de extrato etéreo na dieta.
19
Figura 3
Consumo de água de cabras Saanen
alimentadas com diferentes níveis de
extrato etéreo na dieta.
21
Figura 4
Média de concentração de gordura no
leite (%) de cabras Saanen alimentadas
com diferentes níveis de extrato etéreo na
dieta.
24
Figura 5
Média de produção de leite (Kg) de cabras Saanen alimentadas com diferentes níveis de extrato etéreo na dieta.
26
Figura 6
Média de extratos sólidos de cabras
Saanen alimentadas com diferentes níveis
de extrato etéreo na dieta.
27
X
SUMÁRIO
1. Introdução 1
2. Revisão de Literatura 3
2.1. O agronegócio caprinocultura brasileira 3
3. Produção de leite de cabra 6
3.1. Qualidade e composição do leite de cabra 6
3.2. Raças produtoras de leite 8
3.3. Raça Saanen 9
4. O uso de óleo em dietas para cabras em lactação 10
4.1. Origem dos óleos vegetais 12
4.2. Efeito dos lipídeos no consumo e digestão 12
4.3. Lipólise e biohidrogenação 13
5. Metodologia 14
6. Resultados e discussões 17
7. Conclusões 30
8. Referências 31
9. Anexos 42
XI
RESUMO
Objetivou esse trabalho avaliar o efeito do uso de diferentes níveis de
extrato etéreo sobre a produção de leite, os teores de gordura, proteína,
lactose, sólidos totais e células somáticas no leite de cabras. Os
tratamentos consistiram de quatro dietas com adição de 3, 5,7 e 9 % de
extrato etéreo. Foram utilizadas quatro cabras Saanen em lactação
distribuídas em quadrado latino 4x4. Foram avaliados quatro períodos,
sendo 10 dias de adaptação e sete dias de coleta. Os dados foram
analisados em um quadrado latino 4 x 4 utilizando-se o procedimento
MIXED do SAS (2001) e 5% de significância. As fontes de variação
consideradas no modelo foram animal, período e tratamento. A produção
de leite foi maior com a inclusão de 3% de extrato etéreo na dieta. A
adição de extrato etéreo aumentou os teores de gordura e extrato sólidos
totais. Não foram observadas diferenças significativas entre tratamentos
para os teores de lactose e proteína no leite. A inclusão de extrato etéreo
nas dietas de cabras influencia a produção e a composição do leite
melhorando suas qualidades.
Palavras chaves: composição do leite, qualidade do leite, produção
XII
ABSTRACT
The objective of this study was to evaluate the effect of using different
levels of ether extract on the production of milk, fat content, protein,
lactose, total solids and somatic cells in the milk of goats. The
treatments consisted of four diets added with 3, 5, 7 and 9% ether
extract. Four Saanen goats in lactation were allotted in a 4x4 Latin
square. Four periods, 10 days of adaptation and seven days of
collection were evaluated. The data were analyzed on a 4 x 4 Latin
square using the MIXED SAS (2001) procedure and 5% significance.
The sources of variation considered in the model were animal, period
and treatment. Milk production was higher in the presence of 3% ether
extract. The addition of ether extract increased fat and total solids
extract. No significant differences between treatments for the lactose
and protein were observed. The inclusion of lipids in the diets of goats
influences the composition of milk by improving their qualities.
Key words: milk composition, milk quality, production
1
1. INTRODUÇÃO
A utilização de fontes de gordura na dieta dos animais é uma prática nutricional
que vem sendo bastante empregada e pode proporcionar diversos benefícios para
animais de alta produção. Apesar dos lipídeos normalmente somarem em menos de 5%
da dieta de ruminantes, possuem papel muito importante no metabolismo energético
desses animais, quando comparado aos não ruminantes. Isso pode ser comprovado
quando a quantidade de ácidos graxos secretada no leite normalmente é maior que a
quantidade ingerida (Palmquist & Jenkins, 1980).
Os lipídeos têm sido utilizados como ferramenta para aumentar a densidade
energética da dieta, sem, no entanto, alterar a relação volumoso: concentrado. Sendo
assim, os lipídeos previnem desordens metabólicas e melhoram o desempenho na
lactação e na reprodução, e restauram ainda, a condição corporal. Entretanto, o uso de
elevadas quantidades de lipídeos na dieta de ruminantes pode prejudicar o consumo,
podendo influenciar negativamente a digestibilidade e aproveitamento dos nutrientes
(Jenkins, 1993).
Os ruminantes podem alterar as atividades de comportamento ingestivo para
alcançar e manter determinado nível de consumo, compatível com suas exigências
nutricionais, adaptando-se às diversas condições de alimentação, manejo e ambiente
(Hodgson, 1990).
Várias pesquisas têm sido desenvolvidas com lipídeos em dietas de vacas
lactantes, mas em caprinos, os estudos ainda são incipientes (MAIA et al., 2011). O uso
de fontes de lipídeos em dietas para ruminantes ainda é motivo de muitas contradições,
haja vista o conhecimento ainda restrito dos níveis e das formas de inclusão (protegidas
ou não) e de seus efeitos no consumo.
2
Assim, buscou-se avaliar o efeito do uso de diferentes níveis (3, 5, 7, e 9%) de
extrato etéreo sobre a produção de leite, os teores de gordura, proteína, lactose, sólidos
totais e células somáticas no leite de cabras da raça Saanen.
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. O AGRONEGÓCIO CAPRINOCULTURA NO BRASIL
A caprinocultura é parte da Zootecnia que trata do estudo e da criação de caprinos,
sendo uma atividade que consta desde os primórdios da historia humana. A civilização
está relacionada com a domesticação dos animais e, provavelmente, o cão foi o primeiro
animal a ser domesticado. Certamente, não distante do cão, veio à domesticação dos
ovinos, caprinos e bovinos. A cabra foi domesticada para produzir alimentos (leite e
carne) para o homem, há cerca de 7.000 anos, servindo também para produzir couro,
pêlo e esterco. O leite de cabra é o terceiro mais consumido no mundo, depois do de
vaca e do de búfala.
Os caprinos são originários dos Pirineus que há longa data se dirigiram aos Alpes
europeus e á Penísula Ibérica, onde se localiza a Espanha e Portugal. Em 1535 foram
trazidos por colonizadores portugueses e introduzidos no Brasil primeiramente no
Nordeste brasileiro, o que faz dessa região a maior produtora desses animais. Várias
raças foram trazidas para o Brasil, sendo a princípio, a introdução realizada no
Nordeste. Devido às características climatológicas e geográficas dessa região, como
ambiente extremamente seco, inúmeras secas ao longo dos anos e devidos aos
cruzamentos não controlados houve na região a geração de animais improdutivos em
3
termos de produção leiteira, porém com qualidades genéticas valiosas como rusticidade
e prolificidade.
No Brasil a caprinocultura voltada para a comercialização e produção de leite
começou na década de 1970 por um grupo de produtores que se reuniram em Belo
Horizonte com o intuito de discutir e definir os caminhos da atividade para torná-la num
agronegócio rentável.
A caprinocultura leiteira é uma atividade muito rentável, que pode ser
implantada em pequenas propriedades e com baixo custo de investimento. Por essas
características tem contribuído para o desenvolvimento do agronegócio brasileiro. O
rebanho mundial caprino no ano de 2004 foi estimado em aproximadamente 152
milhões de cabeças, e a produção do Brasil representa apenas 1,09% da produção
mundial de leite de cabra e 1,4% da produção total de leite no país (FAO, 2004). A
caprinocultura leiteira no Brasil tem aumentado de forma bastante significativa sua
participação no cenário agropecuário brasileiro, superando o constante desafio de
conquistar e manter novos mercados para o leite de cabra e seus derivados (Borges &
Bresslau, 2002).
De acordo com Cordeiro & Cordeiro (2009), 92% do rebanho caprino brasileiro
concentra-se na região Nordeste, e é onde mais recentemente iniciou-se sistema
organizado de aquisição, industrialização e distribuição de leite com os programas
institucionais de governos estaduais. A região Nordeste do Brasil concentra o maior
rebanho caprino do País, representando mais de 90% do mesmo. Dentre os estados
nordestinos, vale destacar os Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba. Nestes
Estados que são obtidas as maiores produções de leite de cabra, respectivamente, 18.000
e 10.000 litros de leite/dia (Holanda Júnior et al., 2008). Lopes et al. (2007), em estudo
realizado em 28 propriedades localizadas na microrregião de Mossoró/ RN, observaram
4
que em 28,7% das propriedades a pecuária era a principal atividade econômica, onde
7,14% tinham a agricultura como principal atividade e 64,28% realizam ambas
atividades. A caprinocultura leiteira como fonte de renda nas propriedades estudadas
mantém se em sua maior parte (78,57%) como atividade secundária e apenas 10,71%
como atividade principal. O principal regime de criação adotado é o extensivo (78,57%
das propriedades entrevistadas contra 21,42% que adotam o sistema semiextensivo). Foi
constatada que a maioria das propriedades possui rebanhos pequenos destinados a
produção leiteira, sendo que 53,57% possuem até 50 animais destinados à exploração
leiteira; 28,57% possuem entre 51 e 100 animais; apenas 7,14% possuem de 101 a 200
animais e 10,71% acima de 200 cabeças.
A caprinocultura leiteira no Brasil vem se consolidando como atividade rentável,
que não requer muitos investimentos e/ou grandes áreas para seu desenvolvimento. Em
função destes motivos, a caprinocultura leiteira é uma das alternativas mais favoráveis
para a geração de emprego e renda no campo, principalmente através dos programas de
fortalecimento da agricultura familiar (Holanda Júnior, et al., 2008). Conforme Holanda
Júnior et al. (2006), além da sua importância na produção de alimento saudável, a
caprinocultura leiteira é uma atividade que permite fluxo de recursos mais regular para a
agricultura familiar.
O Brasil ainda pode ser caracterizado, como um país de baixa produtividade
leiteira caprina (SILVA, 1996). O leite de cabra vem sendo produzido no Brasil em
diferentes escalas produtivas, sendo encontrado principalmente em regiões geográficas
especificas, como por exemplo, a região sul (devido à população de origem européia) e
região nordeste (devido às condições climáticas e geográficas). Comparando-se a
produção mundial com a nacional, conclui-se que a caprinocultura leiteira brasileira
encontra-se ainda em fase de desenvolvimento. De acordo com Souza et al. (2002), o
5
Rio de Janeiro é uma alternativa de mercado aberto para carne, leite e pele de caprinos,
despertando também interesse em outros estados e outras regiões do país.
Diante disso, para a sustentabilidade da atividade o trabalho recomenda, dentre
outros itens, diversificar o mercado comprador do leite e agregar valor ao leite in
natura. O desenvolvimento de derivados do leite de cabras, como queijos, doce de leite
e iogurtes, é uma alternativa para o desenvolvimento da atividade e aumento da
demanda. A atuação das empresas situadas nas Regiões Sul e Sudeste contempla tanto o
leite fluido como os produtos derivados. Os principais laticínios de leite de cabra do
Brasil beneficiam cerca de 12,8 mil toneladas ao ano.
Existem bacias de leite caprino já sedimentadas nas regiões Sudeste e Sul do País. No
Sudeste a expressão produtiva se concentra nos Estados de Minas Gerais e Rio de
Janeiro, e no Sul, o Rio Grande do Sul é o destaque de produção de leite de cabra.
Nestes Estados, a maior totalidade do leite produzido tem como destino as usinas de
pasteurização e/ou produção de queijos finos. Contudo, nestas bacias leiteiras, a
exemplo do Nordeste, a produção de leite de cabra tem origem em sistemas de produção
do tipo familiar ou por pequenos produtores (Holanda Júnior et al., 2008).
A produção de leite de cabra na região Sudeste do Brasil caracteriza-se pelo uso
de sistemas de produção intensivos confinados, na sua grande totalidade em pequenas
áreas próximas das regiões metropolitanas e centros urbanos. Nesses sistemas, animais
de raças leiteiras especializadas (Saanen, Alpina e Toggenburg) ou mestiços destas
raças são mantidos em áreas restritas ou galpões, sendo toda a alimentação fornecida no
cocho (Borges, 2003).
3. PRODUÇÃO DE LEITE DE CABRA
3.1 QUALIDADE E COMPOSIÇÃO DO LEITE DE CABRA
6
O leite de cabra é um alimento que fornece importantes nutrientes para a
alimentação humana. O termo qualidade, aplicado ao leite, refere-se à higiene,
composição, nível tecnológico e sanidade do rebanho, sendo que os principais meios
para se atingir essa qualidade são: manter a saúde do úbere através do manejo sanitário,
ter um bom manejo de ordenha e controle zootécnico, além de um rigoroso manejo
reprodutivo. De acordo com Pellerin (2001), o leite de cabra apresenta propriedades
bioquímicas que favorecem seu valor nutricional, sendo recomendado para crianças,
particularmente para aquelas intolerantes ao leite de vaca, para pessoas com doenças
gastrointestinais, ou mesmo como suplemento para pessoas idosas e mal nutridas. Outro
benefício do leite de cabra é estimular a produção de insulina, o hormônio responsável
pela entrada de açúcar na célula, e para a produção de energia, graças à presença de
substâncias bio-ativas, como o IGF-1. No Brasil, a Instrução Normativa 37 do MAPA
(BRASIL, 2000), regulamenta as condições de produção, a identidade e os requisitos
mínimos de qualidade do leite de cabra destinado ao consumo humano. São
estabelecidos como padrões mínimos: 2,8% de proteína bruta, 4,3% de lactose, 8,20%
sólidos não gordurosos e 0,7% de cinzas.
As composições físicas e químicas do leite de cabra podem variar conforme a
raça, idade, o ciclo estral, estágio da lactação, a alimentação, as condições ambientais, o
manejo, estado de saúde, a quantidade de leite produzido e a fisiologia individual do
animal (Alves & Pinheiro, 2004).
Dentre os componentes constituintes do leite estão a água e os sólidos totais,
principais responsáveis pelo rendimento da produção de produtos lácteos. Os sólidos
totais são constituídos, basicamente, por proteína, gordura, lactose, minerais e
vitaminas. Destes, a gordura e proteína são os mais importantes componentes da
qualidade nutricional e tecnológica do leite. O leite de cabra caracteriza-se por
7
apresentar glóbulos de gordura de menor diâmetro, o que confere maior
digestibilidade ao leite de cabra em relação ao leite de vaca, sendo indicado para
crianças e idosos.
Outro fator relacionado à gordura do leite é o perfil dos ácidos graxos, que é um
recurso a ser explorado no marketing junto aos consumidores que buscam produtos
nutricionalmente mais saudáveis. Comparando-se ao leite humano e de vacas, o perfil
dos ácidos graxos que compõem a gordura do leite de cabra é mais rico nos
chamados “ácidos graxos de cadeia curta”, sobretudo os ácidos capróico, caprílico e
cáprico, os quais propiciam melhor aproveitamento do produto pelo organismo, sendo
indicados para pacientes com distúrbios intestinais.
3.2 RAÇAS PRODUTORAS DE LEITE
Caprinos produtores de leite são animais que geralmente apresentam bom vigor,
feminilidade, ligações harmoniosas do úbere, não têm carne em excesso e possuem
formato de cunha, com membros bem aprumados. Podem apresentar produções de leite
equivalentes em até 10-12 vezes o seu peso vivo durante uma lactação. São muitas
as raças de caprinos existentes em todo o mundo, algumas delas criadas no Brasil e que
são classificadas, conforme a aptidão, em três grupos básicos: especializadas na
produção de carne (raças de corte), especializadas na produção de leite (raças leiteiras) e
dupla aptidão (que podem ser usadas numa das duas atividades – carne e leite – ou nas
duas ao mesmo tempo). Essas diferenças de aptidão ocorrem em função de fatores
fisiológicos que determinam que as raças leiteiras de caprinos tendam a acumular
menos carne, para poder converterem o alimento que consomem em leite, e que as raças
de corte, ao contrário, tendam a converter o alimento mais em musculatura.
8
Existem raças chamadas de nativas do Brasil, como Canindé, Moxotó e
Repartida, que, na verdade, foram introduzidas e adaptadas ao nosso território,
especialmente no semi-árido nordestino, e que, por isso, são muito rústicas.
Para a produção leiteira, entre outras, são usadas no Brasil as raças Saanen,
Toggenburg, Murciana e Parda Alpina. São animais que precisam de um ambiente de
manejo menos rústico, para que a produção não seja comprometida.
3.3. RAÇA SAANEN
A raça leiteira mais difundida do mundo é originária do Vale de Saanen, na
Suíça. A Saanen é apontada como a raça caprina maior produtora de leite, possuindo
relatos de indivíduos com produções excepcionais, como os 3.084 quilos em 3005 dias,
alcançados por uma cabra, na Austrália (Sands & McDowell, 1978 apud Ribeiro, 1997).
Sua reputação como leiteira já era tão alta no século XIX, que em 1890 foi
exportada aos milhares, principalmente para a Alemanha, França e Bélgica. Nessa época
já havia sido formada uma cooperativa para melhorar ainda mais a cabra Saanen, que só
teve esse nome oficialmente adotado em 1927. A raça Saanen é indiscutivelmente a raça
leiteira de caprinos mais criada no Mundo. Está presente em todos os países que têm
uma caprinocultura leiteira razoavelmente desenvolvida, invariavelmente sendo a raça
mais criada e de maior média de produção de leite. A Saanen francesa originou-se do
cruzamento de cabras locais com animais importados da Suíça. Constitui o segundo
rebanho francês em efetivo, mas o de maior produção e o que mais tem evoluído, do
ponto de vista produtivo.
9
A raça Saanen possui pelagem uniformemente branca ou levemente creme, pêlos
curtos, finos, cerrados, podendo ser pouco mais longos na linha de dorso-lombar e nas
partes baixas do corpo (nos machos). Suas orelhas são pequenas ou médias e
ligeiramente voltadas para cima, com presença ou não de brincos, chifres e barba. Sua
cabeça é média, cônica, alongada e fina, com testa bem proporcionada e descarnada. O
focinho é grande e largo. Seu perfil é subcôncavo ou retilíneo. A pele e as mucosas são
róseas, podendo as últimas apresentarem pequenas manchas escuras, principalmente nas
narinas, lábios, mucosa ocular e vulvar, períneo e úbere (Ribeiro, 1997).
A fêmea fértil obtém com frequência duas crias por gestação, e às vezes três, vive
bem em regime de confinamento, mas por ser altamente especializada para produzir
leite, é extremamente delicada e muito exigente quanto ao regime alimentar. Seu peso é
em torno de 45 a 60 kg nas fêmeas e 70 a 90 kg nos machos. A altura é de 70 a 83 cm
nas cabras e 80 a 95 cm nos bodes.
Animais da raça Saanen são boas produtoras de leite, um tanto magras, com 3,0 a
3,5% de gordura. Cabras médias, criadas em condições normais, produzem 3 litros
diários de leite, em um período de lactação de 8 a 12 meses. Na Suíça, a produção
média por lactação varia de 600 a 800 litros de leite. A recordista norte-americana da
raça alcançou 1821 kg de leite em uma lactação de dez meses.
Em regiões de clima temperado, a raça tem bom comportamento, tanto em
pastagens de montanhas como de planícies. É precoce e os animais novos engordam
facilmente. É a maior das raças suíças, sendo indicada para aumentar o tamanho e a
produção leiteira das nossas cabras comuns, pelo cruzamento, sobretudo nos estados do
sul brasileiro.
10
Sua rusticidade não é muito grande no nosso meio. A estabulação permanente e os
lugares úmidos lhe são prejudiciais. Entretanto, numa exploração intensiva, em regime
de meia estabulação, é uma cabra que mesmo aqui atinge produções bastante elevadas.
4. USO DE ÓLEO EM DIETAS PARA CABRAS EM LACTAÇÃO Os lipídeos são considerados fontes energéticas com alta concentração de
energia prontamente disponível, pois são constituídos de grande proporção de ácidos
graxos, os quais possuem 2,25 vezes mais energia que os carboidratos. Suplementos
lipídicos têm sido usados em dietas para animais lactantes com o objetivo de aumentar a
produção de leite e reduzir a mobilização corpórea (Silva et al., 2007).
Os lipídeos ou gorduras são compostos de ácidos graxos, pertencentes, em
grande número, a dois grupos: o dos ácidos graxos insaturados e dos ácidos graxos
saturados. O estado de saturação ou não-saturação é uma importante característica
química e nutricional (Franco, 2001). Um dos aspectos amplamente estudados é a
composição dos ácidos graxos em produtos de origem animal, principalmente quanto ao
seu enriquecimento por meio do aumento da concentração do ácido linoléico conjugado
(CLA) (Maia et al., 2006a). Por isso, as espécies ruminantes e seus produtos são
considerados as fontes alimentares mais ricas em CLA (Chin et al., 1992).
O uso de fontes de lipídeos, tanto de origem vegetal, em dietas para ruminantes
ainda é motivo de muitas contradições, haja vista o conhecimento ainda restrito dos
níveis e das formas de inclusão (protegidas ou não) e de seus efeitos no consumo (Maia
et al. 2006b).
A ingestão de alimentos pode ser comprometida em algumas situações,
destacando-se: o estresse calórico em animais criados em regiões de temperatura
elevada; animais em condições fisiológicas de final de gestação, em que há um
11
comprometimento do espaço ruminal em detrimento da presença do feto ou até mesmo
para garantir uma melhor dieta durante a fase inicial de lactação a qual exige uma alta
demanda energética que permita ao animal não entrar em balanço energético negativo.
Fatores estes que comprometem o desenvolvimento produtivo e reprodutivo do animal.
O uso de óleos como suplementação lipídica é uma alternativa para obter um
aumento da densidade energética da dieta. Para animais criados em regiões de clima
quente, o uso de óleo na alimentação pode ainda reduzir o incremento calórico
produzido pela fermentação dos alimentos (Lopez et al., 2007), e auxiliar na
adaptabilidade ao ambiente. A adoção desta prática, como forma de elevar a energia da
ração, para animais em confinamento tem também a vantagem de não apresentar os
inconvenientes distúrbios metabólicos digestivos, freqüentemente causados por dietas
ricas em amido com alta proporção em grãos, como por exemplo, a acidose ruminal.
4.1 ORIGEM DOS ÓLEOS VEGETAIS
Os óleos vegetais são obtidos das plantas, quase exclusivamente das sementes,
apesar de outras partes poderem ser utilizadas na extração deste conteúdo. Segundo
definição da ANVISA (2005) são produtos obtidos de espécies vegetais compostos
principalmente por glicerídeos de ácidos graxos, podendo conter baixas quantidades de
fosfolipídios, constituintes insaponificáveis e ácidos graxos livres. São substâncias
hidrofóbicas e lipofílicas, formadas principalmente de triacilgliceróis, que se
apresentam em estado líquido e viscoso nas condições normais de temperatura e
pressão, devido ao baixo ponto de fusão.
4.2. EFEITO DOS LIPÍDEOS NO CONSUMO E DIGESTÃO
O aumento no teor energético das dietas pode ser obtido pela inclusão de
lipídios, com a vantagem de reduzir os efeitos negativos de altas quantidades de
12
concentrados, ricos em amido, sobre o ambiente ruminal. Porém, o uso de suplementos
de gorduras, pode diminuir a ingestão de alimentos e reduzir a digestibilidade dos
outros ingredientes da dieta, devido às modificações na digestão ruminal e hidrogenação
de ácidos graxos no rúmen (Doreau & Chilliard, 1997).
São sugeridos como causas da redução do consumo e da digestibilidade dos
nutrientes os efeitos da aderência do óleo sobre as partículas fibrosas no rúmen, a
alteração da permeabilidade da membrana das bactérias gram-positivas, principalmente
as celulolíticas (Nagaraja et al., 1997), e outros efeitos metabólicos (Allen, 2000). A
presença de lipídios insaturados em rações também pode proporcionar efeitos
desejáveis, como inibição da produção de metano e amônia no rúmen e aumento na
eficiência de síntese microbiana (Van Nevel & Demeyer, 1988).
4.3. LIPÓLISE E BIOHIDROGENAÇÃO O ambiente ruminal é responsável por algumas modificações dos lipídeos dietéticos, o
que altera sua composição de ácidos graxos antes de chegar ao duodeno. Essas
alterações são decorrentes de dois processos conhecidos como lipólise e
biohidrogenação. A lipólise consiste no início do processo de metabolismo dos lipídeos
no rúmen, sendo imprescindível para que ocorra a biohidrogenação (Harfoot &
Hazlewood, 1988). Segundo Church (1998), as bactérias ruminais modificam
rapidamente os lipídeos da dieta em sua permanência no rúmen, hidrolisando-os a
ácidos graxos e glicerol (e outros compostos, dependendo da natureza do lipídio). O
glicerol liberado é utilizado para produção de AGVs, entretanto, as bactérias não são
capazes de utilizar os ácidos graxos para produção de energia. Uma vez hidrolisados, os
ácidos graxos passam por um processo conhecido como biohidrogenação que consiste
13
na adição de hidrogênio nas ligações duplas, aumentando o grau de saturação destes. Os
ácidos graxos poliinsaturados, principalmente os ácidos linoleico e linolênico, liberados
pela quebra da ligação éster são hidrogenados pelas bactérias, tendo como produto final
o ácido esteárico (Bondi, 1987).
O processo de biohidrogenação é dependente das condições de pH verificadas no
rúmen, sendo que, à medida que o pH torna-se ácido, diminui o percentual de ácidos
graxos biohidrogenados e dependente da natureza e grau de insaturação do ácido graxo,
sendo maior quando aumenta a insaturação. Além disso, os ácidos graxos devem estar
na forma não esterificada para que ocorra a biohidrogenação (Palmquist, 2006; Mattos
et al., 2006). Portanto, esse processo tem relação direta com a composição nutricional
da dieta ingerida pelo ruminante.
A suplementação com lipídeos para ruminantes pode-se constituir em uma
alternativa para promover modificações no desempenho dos animais e nas
características físico-químicas do leite. No entanto, são necessárias mais pesquisas para
investigar a utilização dos lipídios na dieta de ruminantes.
5. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no setor de caprinocultura da Universidade Federal
de São João del-Rei (UFSJ) no município de São João del-Rei/MG/Brasil, no período
entre 19 de novembro de 2013 à 28 de janeiro de 2014. A região encontra-se a latitude
21º 08' 00" Sul e longitude 44º 15' 40" Oeste. O clima da região é tropical de altitude e é
caracterizado por verões quentes e úmidos, apresentando média térmica anual de
19,2°C, a temperatura mínima é 3°C (julho) e a máxima é 38°C (fevereiro).
O experimento foi registrado na Comissão de ética de Uso de animais da UFSJ,
sob certificado nº 005/2014 (Anexo 1). Foram utilizadas quatro cabras lactantes da raça
14
Saanen com 80 dias de lactação, pesando 50±1,02 kg de peso corporal e com produção
diária de 1,5±0,43 kg de leite. Os animais foram alojados individualmente em baias de 3
m2 com piso de madeira ripada, providas de bebedouro e comedouro individuais. O
volumoso utilizado foi feno de coast cross (Cynodon dactylon) e o concentrado
composto de milho, farelo de soja, farelo de trigo, ureia, calcário, óleo de soja e poupa
cítrica. Os tratamentos avaliados consistiram da utilização de quatro níveis de extrato
etéreo - óleo de soja- (3, 5, 7 e 9%). A composição química e percentual das dietas está
apresentada na Tabela 1.
Tabela 1: Composição química e percentual das dietas de cabras lactantes alimentadas
com diferentes níveis de extrato etéreo
Alimentos na ração Tratamentos (% de EE)
3 5 7 9
Feno de Coast Cross %MS
29,76
38,27
47,76
57,42
Fubá de milho %MS
24,19
15,93
7,83
1,50
Farelo de trigo %MS
11,00
8,56
6,94
10,33
Poupa cítrica %MS
25,00
24,76
21,70
12,79
Óleo %MS
0,46
2,74
5,06
7,41
Farelo de soja %MS
9,20
9,16
10,10
9,82
Ureia %MS
0,07
0,20
0,20
0,20
Calcário calcítico %MS - - -
0,08
Fosfato bicálcico %MS
0,32
0,38
0,41
0,45
Relação Volumoso: Concentrado 29,76: 70,24 38, 274:61,
73 47,76: 52,24 57,42: 42,58
15
Composição química da ração
MS %MN
88,52
88,90
89,27 89,62
NDT %MS
88,52
70,00
70,00 70,00
PB %MS
88,52
13,00
13,00 13,00
PDR % PB
88,52
57,00
57,00 57,00
FDN %MS
88,52
43,93
48,99 55,03
EE %MS
88,52
5,00
7,00 9,00
Ca %MS
88,52
0,74
0,74 0,67
P %MS
88,52
0,33
0,33 0,33
As dietas foram formuladas para serem isoprotéicas (13% de proteína bruta),
balanceadas para atender as exigências de mantença e lactação, de acordo com o AFRC
(2003), fornecidas duas vezes ao dia, às 7h00 e às 16h00, logo após a ordenha, e
ajustadas de forma a manter sobras em torno de 10% do fornecido. A água e suplemento
mineral foram disponibilizados ad libitum em bebedouros e saleiros individuais,
respectivamente. A composição bromatológica dos alimentos está apresentada na
Tabela 2.
Tabela 2: Composição bromatológica dos alimentos utilizados na dieta de cabras
lactantes alimentadas com diferentes níveis de extrato etéreo
Composição dos alimentos
MS NDT PB FDN EE Ca P %MN %MS %MS %MS %MS %MS %MS
Feno de Coast Cross 88,97 49,09 8,32 79,47 1,53 0,47 0,22 Fubá de milho 87,78 86,03 9,11 14,39 4,18 0,03 0,25 Farelo de trigo 88,05 71,35 17,12 43,96 1,55 0,09 0,34 Poupa cítrica 88,56 73,25 7,55 24,45 2,97 1,72 0,24 Óleo 99,57 213,94 0 0 99,13 0 0 Farelo de soja 88,48 80,73 48,76 15,37 1,75 0,33 0,57 Ureia 99 0 282 0 0 0 0 Calcário calcítico 99 0 0 0 0 37 0 Fosfato bicálcico 99 0 0 0 0 23 18
16
-------------- 100 0 0 0 0 0 0
Cada período experimental constituiu-se de 17 dias, sendo os dez primeiros dias de
cada período para adaptação as dietas e sete de coleta de dados, totalizando 68 dias. As
sobras foram pesadas e amostradas diariamente e, posteriormente, foram misturadas
para obtenção de uma amostra composta/animal/período.
Considerando-se que as cabras estavam alojadas individualmente em baias de piso
ripado a coleta de fezes foi realizada por meio de um receptor abaixo de cada uma das
baias de modo que somente fezes daquela baia fossem coletadas. As coletas totais de
fezes foram realizadas do 11o ao 17o dias do período experimental, sendo estas pesadas
após a coleta. As amostras de fezes de cada animal foram levadas a estufa a 65ºC até
peso constante, posteriormente foi feita uma amostra composta das fezes que foram
moídas em peneiras de 2 mm e armazenadas em sacos plásticos para posteriores
análises.
O coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) foi calculado como descrito de
Silva & Leão (1979), em que,
CAD = {[Ingestão de nutrientes (kg) – nutrientes excretados nas fezes (kg)] /
ingestão de nutrientes (kg)} *100.
A massa corporal dos animais foi avaliada mensurando-se no inicio e no final de
cada período experimental.
As amostras de leite foram coletadas duas vezes ao dia (14º e 15º dias, às 8h30 e
15:00 hs), sendo preservadas com 2-bromo-2-nitropropano-1,3diol (BRONOPOL) e
enviadas para o laboratório de qualidade do leite da EMBRAPA Gado de leite.
Os dados foram submetidos à análise de variância e regressão utilizando-se o
procedimento MIXED do SAS (2001 adotando-se o nível de significância de 5 %. As
fontes de variação consideradas no modelo foram animal, período e tratamento.
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O consumo de feno foi influenciado (P<0, 001) pelos níveis de extrato etéreo da
dieta conforme apresentado na Figura 1. Efeito esse esperado uma vez que a oferta do
volumoso foi formulada para atender as exigências nutricionais de cabras em lactação
recomendadas pelo AFRC (1993). Como as dietas eram compostas por diferentes níveis
17
de extrato etéreo, a quantidade de volumoso variou conforme a oferta de concentrado.
Quando aumentamos a quantidade de extrato etéreo da ração promovemos uma maior
densidade energética do concentrado que por sua vez pode ser oferecido em menor
volume aos animais. O consumo de matéria seca pode ser afetado pelo nível de extrato
etéreo da dieta e estão envolvidos neste processo os efeitos na fermentação ruminal, na
motilidade intestinal, na aceitabilidade dos alimentos.
Ŷ=0, 3238+0, 07605**EE R2 =0, 9214 *Significativo pelo teste F (Pr < F = 0, 001)
Figura 1: Consumo de feno por cabras Saanen alimentadas com diferentes níveis de
extrato etéreo na dieta.
As médias das características de consumo de feno, concentrado, água, ganho de
peso, produção de fezes e digestibilidade aparente podem ser observadas na Tabela 3. O
consumo de concentrado acompanhou o efeito do consumo de volumoso e era esperado
que isso ocorresse, uma vez que as quantidades de concentrado diferiam entre si para
atender as necessidades nutricionais diárias dos animais. A relação concentrado:
volumoso utilizada na formulação das dietas é apresentada na Tabela 1 e mostra que o
18
aumento significativo (P = 0, 001) no consumo de concentrado conforme é apresentado
na Figura 2 é decorrente da formulação das dietas e não do efeito do tratamento em si.
Tabela 3: Média do de consumo de feno, concentrado, água, ganho de peso, produção
de e digestibilidade aparente de cabras Saanen alimentadas com diferentes
níveis de extrato etéreo na dieta
Característica
Tratamento (% EE na dieta)
Pr < F 3 5 7 9
Consumo de feno (g/dia) 0, 557 0, 676 0, 890 0, 992 0, 001 Consumo de concentrado (g/dia) 1, 352
1, 180 0, 990 0, 800 0, 001 Consumo de água (L/dia) 4, 840 4, 680 4, 650 4, 390 0, 040 Ganho de peso (kg/período 1, 275 3, 975 -0, 005 2, 700 0, 205 (NS) Produção de fezes (kg/dia) 0, 937 0, 964 0, 920 0, 931 0, 796 (NS) Digestibilidade aparente (%) da MS 50,93 47,87 51,0 48,0 0, 997(NS)
NS: Não significativo; Pr > 0,05
Ŷ=1, 5150 – 0, 159 **EE R2 = 0, 887 *Significativo pelo teste F (Pr < F = 0, 001)
19
Figura 2: Consumo de concentrado de cabras Saanen alimentadas com diferentes
níveis de extrato etéreo na dieta.
Não houve efeito (P = 0, 997) dos níveis de extrato etéreo sobre a digestibilidade
aparente da matéria seca (DAMS). De acordo com Jenkins & Jennu (1989), a adição de
suplementos lipídicos diminui ou tem efeito mínimo sobre a DAMS. Maia et al (2006)
não encontraram efeito na digestibilidade total quando incluíram fontes de óleo (arroz,
canola e soja) com 7,83 % de extrato etéreo na dieta de cabras em lactação. Silva et al.
(2007), utilizando as fontes de óleo (óleo de soja, sais de cálcio e grão de soja) com
média de 6,5% de extrato etéreo, não encontram resultados que influenciaram a DMS.
O consumo de água reduziu linearmente (P = 0, 0401) com o aumento da
participação do extrato etéreo nas dietas conforme observado na Figura 3. Esse
comportamento pode ser explicado pelo fato das dietas com maior proporção de fibra
necessitar de maior tempo de mastigação, estimulando maior taxa de ruminação e maior
fluxo de saliva, proporcionando maior taxa de diluição. Ao contrário, os alimentos com
maior porcentagem de concentrado, não estimulam ruminação extensa, o que resulta em
baixa taxa de diluição, influenciando maior taxa de ingestão de água (Herd, 1993). O
fato de ter se observado o consumo decrescente de água em relação aos níveis de extrato
etéreo pode ter sido em função de uma maior hidratação da FDN do feno.
Este resultado difere do encontrado por Filho et al. (2012) que analisando o
desempenho produtivo de caprinos confinados, alimentados com rações a base de
silagem de maniçoba (Manihot glaziovii) com teores crescentes de caroço de algodão
não observaram influência do aumento dos teores do ingrediente sobre a ingestão de
água por caprinos. Por outro lado, Neiva et al. (2004) observaram que o tipo de
alimento pode afetar a ingestão de água do animal. Esses autores observaram que em
20
ovinos confinados, o aumento de ingredientes concentrados em relação ao volumoso
aumentou a ingestão de água dos animais.
Ŷ=5, 0616-0, 0694*EE R2 =0, 7296 *Significativo pelo teste F (Pr < F = 0, 0401)
Figura 3: Consumo de água de cabras Saanen alimentadas com diferentes níveis de
extrato etéreo na dieta.
Não houve diferença para a característica ganho de peso dos animais, tendo sido
a média dos tratamentos de 1,9 kg/dia. Considerando que as cabras utilizadas no
experimento eram adultas e, portanto, estavam com seu desenvolvimento fisiológico,
produtivo e reprodutivo alcançados e também não estavam no 1º terço inicial de
lactação ação que ocorre entre a quarta e quinta semana de lactação, período este que há
a diminuição no peso vivo e todas estavam em fase de recuperação de escore, a não
variação de peso era esperada.
21
Os dados de produção (kg/dia) e composição percentual em relação aos sólidos
totais e proteína bruta do leite estão apresentados na Tabela 4. A inclusão de óleos na
dieta de cabras leiteiras é ainda objeto de discussão. Alguns autores afirmam que tem
efeito positivo e que resulta em aumento da produção de leite (Queiroga et al., 2010;
Zambon et al., 2001), enquanto outros relatam redução significativa da produção
(Fernandes et al., 2008; Oliveira Jr. et al., 2002).
Tabela 4: Médias da produção e composição do leite de cabras Saanen alimentadas com
diferentes níveis de extrato etéreo na dieta
Características Tratamento (% EE na dieta)
3 5 7 9 Pr<F
Produção de leite (kg/dia) 1,43 1, 346 1, 275 1, 203 0, 0300
Gordura no leite (%) 2,78 3,49 3,53 3,72 0, 0003
Proteína no leite (%) 2,72 2,75 2,86 2,74 0, 5851 (NS)
Lactose (%) 4,21 4,4 4,39 4,43 0, 1513 (NS)
Extrato sólido (%) 10,59 11,54 11,81 11,81 0, 005 Extrato sólido desengordurado (%)
7,81 8,04 8,16 8,09 0, 2170 (NS)
Contagem de células somáticas (cel/ml x 1000)
1274 722 683,5 875,75 0, 7560 (NS)
NS: Não significativo; Pr > 0,05
Neste trabalho o nível de EE teve efeito (p < 0,03) linear negativo sobre a
produção de leite (Figura 4). Maia et al (2006) num estudo com inclusão de 5,1 % de
três fontes de lipídios (óleo de soja, canola e arroz) obteve resultado diferente onde a
produção de leite não foi influenciada pela suplementação lipídica na dieta. Do mesmo
modo, não houve diferenças entre óleos de oleaginosas (canola e soja) e de arroz nem
entre as duas oleaginosas. Resultado este também encontrado por Santos et al., (2001),
no qual a inclusão de 7% de lipídios na dieta não afetou a produção de leite.
A produção de leite em quantidade e qualidade depende principalmente do
aporte adequado de proteína e energia na dieta da vaca em lactação. A energia
22
necessária para o metabolismo dos animais ruminantes provém basicamente dos ácidos
graxos voláteis (acético, propiônico e butírico) produzidos no rúmen pela fermentação
dos diferentes alimentos e, dependendo da composição da dieta, ocorrerá uma variação
entre a proporção dos ácidos graxos acético e butírico, que são metabólitos precursores
de parte da gordura do leite e o ácido propiônico, que é o precursor da lactose do leite e
o responsável pelo volume de leite. Assim, os efeitos do aporte de energia na dieta
podem ser variáveis, ora afetando o teor de gordura, ora influenciando a quantidade de
leite.
Os dados encontrados neste trabalho corroboram aqueles de Vargas et al. (2002),
que não verificaram influência da inclusão de lipídios na dieta (níveis de 3 e 7% da MS)
sobre a produção de leite em vacas leiteiras. Mir et al. (1999) incluíram até 6% de óleo
de canola no concentrado e não encontraram redução na produção de leite de cabras
Alpinas. Fernandes et al. (2008), no entanto, testaram a adição de 3% e 5% de óleo de
algodão e girassol na MS observaram diferenças significativas com redução na
produção de leite quando adicionados lipídeos na dieta de cabras mestiças Moxotó.
Porém, Oliveira Jr. et al. (2002) verificaram efeito quadrático na produção (g/dia) e no
teor de proteína (%) em cabras alimentadas com adição de grãos de soja níveis
crescentes na dieta para atingir valores de EE de 3,2 a 6,3% da MS da dieta. Segundo
Kronfeld (1982), a quantidade de glicose na glândula mamária é o principal fator
determinante do volume de leite.
A resposta à suplementação lipídica difere consideravelmente entre cabras
(Chilliard & Bocquier, 1993), vacas leiteiras (Chilliard et al., 2001) e ovelhas (Nudda et
al., 2002): a produção de leite no meio da lactação aumenta em vacas, mas não em
cabras e ovelhas; a concentração de gordura do leite aumenta em cabras e ovelhas,
porém pode não alterar em vacas; o teor de PB do leite diminui em vacas e ovelhas, mas
23
se altera em cabras; a secreção de PB não muda em vacas e cabras, mas diminui em
ovelhas. Portanto, os dados encontrados neste trabalho corroboram os descritos por
esses autores.
Foram registradas diferenças significativas na gordura no leite entre os
tratamentos (Tabela 4). Sendo o tratamento com nível (9%) de inclusão de extrato
etéreo o que apresentou melhor média de produção de gordura no leite 3,72 % (Figura
5).
Ŷ= 1, 524 - 0, 0350 + EE R2 =0, 3537 *Significativo pelo teste F (Pr < F = 0, 0300)
Figura 4: Média de produção de leite (kg) de cabras Saanen alimentadas com diferentes
níveis de extrato etéreo na dieta.
A média dos tratamentos para a concentração de gordura foi de 2,52 %,
resultado abaixo dos descritos por Lana et al (2005), Silva et al (2007) e Fernandes et al
(2008). Provavelmente isso ocorreu em conseqüência de diferenças na alimentação,
24
temperatura ambiente, idade e/ou período de lactação nesses experimentos. A influência
da suplementação lipídica na porcentagem de gordura do leite é variável e depende de
sua composição e da quantidade fornecida (NRC, 2001).
Uma das teorias propostas para a queda de gordura do leite deve-se à baixa
quantidade de precursores lipídicos, baseadas em observações de reduzida produção de
acetato e butirato e aumento na formação de propionato quando da utilização de baixa
fibra na dieta. O efeito do aumento da produção de propionato sobre a síntese do leite é
geralmente relacionado como mediado pela indução da troca de substâncias lipogênicas
induzidas pela insulina. Propionato e glicose estimulam à liberação de insulina (Sutton,
1985), sugerindo-se que o aumento na secreção de insulina resultante da ingestão da
baixa quantidade de fibra reduziria a liberação de ácidos graxos do tecido adiposo,
assim reduzindo o suprimento de lipídios a glândula mamária. A insulina também
estimula o uso de acetato e butirato para a síntese de lipídios nos tecidos adiposos. A
menor ingestão de fibras neste trabalho pode ter influenciado tanto a produção quanto a
concentração de gordura do leite produzido pelos animais.
Vários trabalhos tem mostrado diferentes resultados de composição na gordura
do leite relacionados com a variação nas dietas dos animais, principalmente com fontes
lipidicas diferentes,carboidratos e fibras (Canale et al.,1990;Palmquist,1991;Grant&
Weidner,1992). Segundo Duarte et all.(2005) a falta de diferença na produção de
gordura (g/dia)do leite pode decorrer do consumo de materia seca,que não afeta de
forma negativa o ambiente ruminal pela ingestão de lipídios.
Sanz-Sampelayo et al. (2007) ressaltaram que interações de forragens,
concentrados e óleos da dieta estão relacionados a variações na composição da gordura
do leite,o que tem importantes implicaçoes no perfil de acidos graxos.Segundo esses
25
autores, o metabolismo dos lipídeos na glândula mamária está diretamente relacionado à
produção de leite e pode induzir respostas diferentes em caprinos e bovinos.
Lana et al. (2005) avaliando a adição de óleo de soja e própolis em dietas para
cabras leiteiras verificaram aumento nos teores de gordura do leite das cabras
alimentadas com a dieta contendo óleo de soja,o que está de acordo com a informação
de Chilliard et al.(2003) de que o teor de gordura no leite de cabras aumenta com quase
todos tipos de lipídios suplementares ,o que raramente acontece no leite de vacas.
Apesar dessas observações, outros resultados comprovam que os efeitos da
suplementação lipídica no desempenho de cabras ainda não estão elucidados. Cenkvàri
et al. (2005), em estudo com caprinos, testaram a suplementação com casca de soja e
óleo de linhaça e verificaram que o conteúdo de gordura foi reduzido em algumas
semanas ao longo do experimento.
Ŷ=2, 5249 + 0, 1426**EE R2 =0, 7280 *Significativo pelo teste F (Pr < F = 0, 0003)
Figura 5: Média de concentração de gordura no de leite (%) de cabras Saanen
alimentadas com diferentes níveis de extrato etéreo na dieta.
26
O teor de extratos sólidos foi influenciado (p < 0, 005) pela quantidade de
extrato etéreo na dieta, observou-se neste trabalho que as amostras de leite obtidas dos
animais alimentados com maiores níveis de extrato etéreo mostraram apresentaram
teores de extrato sólidoss superiores aos demais conforme é apresentado na Figura 6.
Este resultado pode ter sido uma consequência do aumento do teor de gordura no
leite dos animais que receberam maior suplementação lipídica,o que está de acordo com
os resultados encontrados por Chilliard et al. (2003) e Fernandes et al. (2008), que em
estudos com cabras verficaram que o teor de sólidos totais acompanharam o aumento no
teor de gordura do leite.
Maia et al. (2006) em estudo com suplementação de três fontes diferentes de
óleo (canola,soja e arroz) ambas em nível de 5,1% de inclusão e um tratamento sem
adição de óleo observou que ambas dietas a concentração de sólidos totais (%) foi
superior quando os animais foram alimentados com as dietas suplementadas (11,9;11,6
e 11,7% para os óleos de arroz,canola e soja, respectivamente) em relação ao tratamento
sem adição de óleo. Porém, a produção de sólidos totais (g/dia) não foi alterada pela
inclusão de óleos à dieta neste estudo.
27
Ŷ=10, 2593 + 0, 1970 *EE; R2 = 0, 8142
*Significativo pelo teste F (Pr < F = 0, 005) Figura 6: Média de extratos sólidos de cabras Saanen alimentadas com diferentes níveis
de extrato etéreo na dieta.
Segundo Costa et al (2008), o extrato sólido é um índice importante, pois faz
parte da exigência de padrões mínimos no leite e influencia o rendimento dos produtos
lácteos. O conteúdo de extrato sólido acompanhou o aumento no teor de gordura % no
leite com a adição de lipídeos.
Não houve diferença (p < 0, 2170) entre os tratamentos no que se refere à
produção de extrato sólido desengordurado. De acordo com os limites referidos pela
legislação vigente para leite de cabra (Brasil, 2000), os valores referentes a extrato
solido desengordurado (Tabela 4) estão de acordo com o estabelecido que é de 8,4%
sendo que somente o tratamento com inclusão de 3% de óleo apresentou valor inferior
ao exigido (7,81%), No entanto a legislação permite valores inferiores desde que não
seja adulteração e sim uma característica do leite produzido numa determinada região, o
que comprova a necessidade de mais pesquisas para estabelecer limites regionais. Silva
(2010) encontrou resultados que corroboram com este estudo, onde a produção de
sólidos desengordurados foi maior no tratamento controle sem a suplementação lipídica
o qual apresentou o menor teor de gordura no leite em relação aos outros tratamentos
sendo estes: caroço de algodão, semente de faveleira e torta de faveleira demonstrando a
correlação inversa entre as duas variáveis.
Neste estudo, os teores de proteína (Tabela 4) não foram alterados pelo aumento
de extrato etéreo na dieta, resultado que confirma os encontrados por outros autores.
Novais (2010) observou resultados semelhantes em que a inclusão de linhaça (4,8 e 12
%) não teve efeito significativo. Maia et al. (2006), Fernandes et al. (2008) e Queiroga
28
et al. (2010) também não observaram alterações no teor de proteína do leite com adição
de extrato etéreo na dieta de cabras.
De acordo com Wu & Huber (1994), o efeito negativo no teor de proteína do
leite em função da suplementação lipídica seria maior em animais em início de
lactação,em razão do balanço energético negativo associado ao estado fisiológico ,ou
seja, há uma deficiencia para abastecer a alta síntese de proteina na glândula mamária .
Os microorganismos do rúmen não são aptos para utilização da gordura como fonte de
energia para seu desenvolvimento, afetando a síntese de proteína microbiana e
conseqüentemente o fornecimento de aminoácidos para composição da proteína do leite.
Não foram observadas diferenças significativas para a concentração de lactose
no leite com os níveis de extrato etéreo na dieta, tendo sido observado valores de 4,16
%. A concentração de lactose dificilmente é influenciada por modificações nas fontes
lipídicas utilizadas na formulação de dietas para animais em lactação (Mir et al., 1999;
Vargas et al. (2002). Silva et al. (2007) observaram redução na produção de lactose com
a inclusão de diferentes fontes lipídicas (óleo de soja, grãos e de soja e sais de cálcio).
Neste trabalho foi observado valores próximos aos encontrados por alguns autores;
Araújo (2005) e Mesquita et al (2006) utilizando maniçoba em dietas de cabras
encontrou valores de 4,28% e 4,66 % respectivamente.
Novais(2010) encontrou resultados que diferem quanto a produção de lactose,em
leite de cabras submetidas à dietas com níveis diferentes de semente de linhaça , em que
a inclusão de fonte de extrato etéreo influenciou significamente o teor de lactose do
leite de cabra.
Um parâmetro que pode ser relacionado à qualidade do leite é a contagem de
células somáticas e é utilizada como indicadora da sáude do úbere em razão de sua
composição em células de descamação do tecido ,e também por células de defesa do
29
organismo,as quais provocariam um aumento na CCS em caso de mastite (Andrade et
al,2001). Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos na
contagem de células somáticas (CCS) no leite, tendo sido de 888,81 cel/ml x 1000 o
valor médio observado.Vilanova (2011) trabalhando com níveis de óleo de arroz (3 e 5
%) encontrou resultados semelhantes aos observados neste estudo. Os valores
observados neste estudo estão dentro dos limites permitidos pela Normativa 37 de 31
outubro de 2000.
A CCS em caprinos pode ser influenciada pelo estágio de lactação, pela presença
do vírus da artrite encefalite caprina e número de partos (PAAPE; CAPUCO, 1997).
Os valores para CCS no leite caprino são relativamente mais elevados que os de
vacas,e inversamente proporcionais à produção de leite, aumentando sua concentração a
medida que a lactação se aproxima do final, sendo observadas contagens próximas a
5.000.000 de células/ml em cabras no final de lactação (Pugh, 2004).
O leite caprino, em comparação ao bovino, apresenta CCS fisiológica elevada e,
apesar de ainda não existirem padrões estabelecidos para essa enumeração, segundo
Zeng (1996), relata que não é rara a ocorrência de cabras com contagens superiores a
1.000.000 cel/ml, e que essas altas contagens de CCS se acentuam no final da lactação,
mesmo com ausência de infecções intramamárias.
7. CONCLUSÃO
A inclusão de óleo de soja na dieta de cabras em lactação, até o nível de 9% de
extrato etéreo influencia negativamente a produção do leite de cabra, e aumenta os
teores de gordura e sólidos totais do leite.
30
8. REFERÊNCIAS
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