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PROCESSO DE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL I CURSO: CST em Produção Audiovisual Prof° José Geraldo de Oliveira CONTEÚDO Edição de som: algumas perspectivas A função do som

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PROCESSO DE PRODUÇÃO AUDIOVISUAL I

CURSO: CST em Produção Audiovisual Prof° José Geraldo de Oliveira

CONTEÚDO Edição de som: algumas perspectivas A função do som  

•  Em um filme o conjunto de sons que ouvimos chamamos banda sonora.

•  É constituída por elementos distintos e um conjunto dos vários sons em relação entre si. Ou seja, tudo o que ouvimos:

1.  DIÁLOGOS 2.  MÚSICA 3.  EFEITOS

PERSPECTIVAS  DA  EDIÇÃO  DE  SOM  

•  Diálogos: quase sempre gravados posteriormente em estúdio especialmente em cenas de exterior.

•  Efeitos Sonoros: tipicamente subdivididos em duas

categorias: a paisagem sonora e os efeitos especiais. •  Música: elemento criado com o objetivo de conduzir

emocionalmente a audiência.

PERSPECTIVAS  DA  EDIÇÃO  DE  SOM  

•  Quando bem elaborados, os diálogos dos personagens são determinantes para a imersão do espectador na história, além de ajudar na identificação entre o público e os protagonistas.

•  Determinar o ritmo dos diálogos, escolher bem o vocabulário, dosar a quantidade de frases: tudo isso é de suma importância na confecção de um roteiro bem-sucedido.

A construção das frases a serem ditas em cena merece tanta atenção quanto a elaboração dos elementos visuais 9...) Há de se ter um cuidado especial na redação. Não se trata apenas de reproduzir a fala coloquial do dia a dia – o chamado discurso naturalista – como muitos roteiristas supõem. É preciso algo mais: o diálogo tem de fazer mais sentido, comunicar mais Cada palavra conta ( Daniel Obeid).

DIÁLOGOS  

DIÁLOGOS  

•  A voz em off fornece a prova mais evidente do poder dos sons vocais de valer por uma pessoa inteira – mesmo se algumas vozes não possuem corpo, no sentido de que o filme não encarna em um de seus personagens aquele ou aquela fala.

•  As palavras pronunciada em voz alta constituem os sons mais frequentemente lidos apenas pelo que transmitem de significados codificado.

•  A quase totalidade do cinema falado é constituída de muitos diálogos, e muitas histórias dificilmente seriam compreensíveis se fossem privados das palavras.

Cães  de  Aluguel  [  Quen.n  Taran.no]  

AS COMBINAÇÕES AUDIOVISUAIS [ Palavras ]

Jacques Tati  

Clint Eastwood  

Kim Novak  

•  A voz em off fornece a prova mais evidente do poder dos sons vocais de valer por uma pessoa inteira – mesmo se algumas vozes não possuem corpo, no sentido de que o filme não encarna em um de seus personagens aquele ou aquela fala.

•  As palavras pronunciada em voz alta constituem os sons mais frequentemente lidos apenas pelo que transmitem de significados codificado.

•  A quase totalidade do cinema falado é constituída de muitos diálogos, e muitas histórias dificilmente seriam compreensíveis se fossem privados das palavras.

•  A utilização da voz pode também sofrer vários efeitos e manipulações para atingir determinados objetivos que façam parte da estratégia narrativa do filme.

•  Em Cidadão Kane, Orson Welles, quando Kane e Leland falam, manipula a tonalidade e o volume de modo a que estes sejam indicativos da relação de poder que está estabelecida entre esses dois personagens.

•  No caso de 2001: Odisseia no Espaço de Staney. Kubrick, a voz do computador HAL é processada de forma a acentuar a diferença em relação à voz mais grave e moderada dos astronautas.

DIÁLOGOS  

•  Como exceção temos os casos dos monólogos interiores (discurso meta diegético ou interior subjetivo) e da narração (discurso não diegético) que não necessitam de um sincronismo com a imagem no mesmo nível que os diálogos visualmente explícitos.

•  Genericamente é possível, com relativa facilidade modificar os parâmetros essenciais do formato sonoro de diálogos ou qualquer outro som, nos sistemas de pós produção de áudio atuais.

DIÁLOGOS  

•  Em sistemas não lineares digitais editar e transformar a duração de som ou o seu posicionamento temporal é extremamente simples e facilita toda a problemática do sincronismo entre o som e a imagem.

•  Em sistemas não lineares digitais editar e transformar a duração de som ou o seu posicionamento temporal é extremamente simples e facilita toda a problemática do sincronismo entre o som e a imagem.

•  Um outro aspecto muito importante do domínio da acústica, que não corresponde verdadeiramente a um fenômeno sonoro, mas sim a uma caraterística da percepção humana, é a audição seletiva.

O  POSICIONAMENTO  TEMPORAL  E  DURAÇÃO    

•  A música é um elemento da banda sonora indissociável do filme. •  Raros filmes, sobretudo de ficção, que não utilizam a música. •  Pode ser original, sujeita às determinações que o próprio filme

apresenta, sobretudo no que se refere ao tempo e à sua relação com os momentos do filme que vão inclui-la.

•  Pode-se, também, recorrer a música já existente. •  Os filmes de Quentin Tarantino.

MÚSICA  

•  Uma cena sem som fica abstrata. O som acrescenta valores expressivos e informativos a uma cena, neste sentido materializa aquela imagem.

Em particular, tudo aquilo que na tela é choque, queda ou explosão mais ou menos simulados ou realizados com materiais pouco resistentes, adquire com o som uma consistência e uma materialidade que se impõem (CHION, 2008: 12). •  Além de materializar, é importante notar que o efeito sonoro só

funciona com uma sincronia entre a imagem e o som [Princípio da síncrise].

É estabelecer uma relação imediata e necessária entre qualquer coisa que se vê e qualquer coisa que se ouve (CHION, 2008: 12).

MÚSICA  

Reaping  for  Dummies  [h?ps://vimeo.com/81341794]  

•  A música acompanha o ritmo e dinâmica da cena acentuando-o. Isso acontece de acordo com o valor cultural de cada sociedade.

MÚSICA  EMPÁTICA  

•  Funciona de forma contrária à música empática, assim “manifesta uma diferença ostensiva relativamente à situação […], o que tem por efeito não a suspensão da emoção, mas, pelo contrário, o seu reforço, inscrevendo-a num fundo cósmico.”(CHION,2008, p.14 e 15)

MÚSICA  ANEMPÁTICA  

M. Chion - Efecto empático / anempático (Música-ruídos-silêncio)

•  Tipicamente ao longo da narrativa a música nunca é interrompida abruptamente (a menos que se pretenda um efeito especifico como a surpresa).

•  Mas continuamente pode ir modificando o seu teor de acordo com os pontos em que a narrativa visual é emocionalmente acentuada.

•  A música sofre acentuações sem interromper a fluxo contínuo. •  Os Hit points existem em função da imagem e são utilizados

para acentuar momentos mais fortes, ou para fazer a transição de uma forma suave entre momentos musicais distintos (por exemplo numa mudança de cena).

MÚSICA  –  HIT  POINTS  

MÚSICA  –  HIT  POINTS  

•  O Leitmotif corresponde a uma peça musical que é associada a um determinado personagem.

•  Depois de estabelecido o Leitmotif (a música aparece simultaneamente com o personagem algumas vezes no início da narrativa), basta que este seja introduzido sonoramente na narrativa para que o público assuma a presença do personagem ainda que esta não esteja presente no enquadramento.

MÚSICA  –   Leitmotif

MÚSICA  –  Leit Motiv [ �M  -­‐  o  Vampiro  de  Dusseldorf  (1931)    Fritz  Lang�    

•  A narração ou voz em off, embora não se trate propriamente de diálogo, também é podemos colocar na dimensão específica da utilização de vozes.

•  A voz off pode desempenhar uma extrema importância na estrutura narrativa.

•  Veja-se o caso de Barry Lyndon de Kubrick

DIÁLOGOS  

•  Alfred Hitchcock utilizava a música de uma maneira bastante criativa.

•  Algumas das composições mais emblemáticas dos filmes de Hitchcock são de autoria de Bernard Herrmann (1911-1975), compositor americano que se notabilizou precisamente por possuir uma percepção aguda do papel que a música pode desempenhar em conjunto com as imagens.

•  Da sua colaboração com Hitchcock nasceram músicas como por exemplo: O Homem que Sabia Demais; Vertigo e Psico.

MÚSICA  

AS COMBINAÇÕES AUDIOVISUAIS [ Música ]

•  Sem saber de onde ela vem nem ou com que instrumentos é produzida, sem mesmo se estar familiarizado com a sua linguagem, a música é um de seus encantos mais evidentes – pode fazer efeito por si mesma, para nos encantar e nos causar arrepios.

•  Os sons eletrônicos, quando não eram comuns, puderam, por exemplo, evocar a estranheza do cinema de ficção científica ou terror.

•  A orquestração também tem o que comunicar: nada como um instrumento solo para enfatizar a solidão, como a música de fundo, moldada na ópera, no circo e no teatro, tira a sequência do lado do espetáculo, a mediatiza e favorece a tomada de distância, ao contrário da música de cena, ouvida pelos próprios personagens

Taxi  Drive  

•  Os efeitos sonoros são uma parte igualmente poderosa a que se recorre.

•  Todos o conjunto de sons que permitem reforçar (ou contradizer) uma determinada ideia ou situação.

•  As vezes a separação entre música e e efeitos torna-se imperceptível : isto acontece quando a música perde as suas “qualidades musicais” propriamente ditas para, através da textura do próprio som, fazer valer uma ideia: utilizar glissandos de violino, com caráter aleatório para acompanhar uma situação de discussão e agressão, é um exemplo do tal efeito cuja relação com a música é muito próxima.

EFEITOS  SONOROS  

•  Além do papel de simulação da realidade psico-acústica como a conhecemos, frequentemente são utilizados para a introdução de novas realidade e conceitos sonoros, sendo que neste momento, em que estão instituídas plataformas e edição não linear, as possibilidades criativas são maiores do que nunca.

EFEITOS  SONOROS  

Som Presente •  Corresponde ao universo diegético e pode

ocorrer dentro ou fora do enquadramento. Som ausente •  Corresponde a uma situação em que no

enquadramento temos a correspondência visual a um som, mas não o ouvimos.

•  Ex: Duas pessoas conversando dentro de um café, mas o nosso ponto de vista é no exterior.

•  Não ouvimos o diálogo por causa da barreira da janela e o ruído da rua, embora seja possível ver as pessoas conversando).

EFEITOS SONOROS [Som Presente/Ausente ]

MÁSCARA AUDITIVA •  Efeito sonoro ou musical utilizado tipicamente para

conceber a sonorização em excertos de avanço no tempo, condensando o tempo real, ou para ocultar informação redundante.

IMPOSIÇÃO DO AMBIENTE •  Um efeito sonoro é muitas vezes suficiente para

estabelecer o ambiente de uma cena. •  O som de uma gaivota é suficiente para criar no

público a sensação de que a cena se passa perto do mar, ou um galo a cantar numa cena escura dá a ideia de ser madrugada.

EFEITOS SONOROS [ Máscara auditiva]

EFEITOS SONOROS [ Máscara auditiva]

SOBREPOSIÇÃO •  Sempre que na transição entre duas cenas o som se mantém em

continuidade. •  As vezes utilizado de forma irónica ou para para impor uma passagem

temporal. ANTECIPAÇÃO •  Sempre que num corte um som correspondente à cena seguinte começa a

ser ouvido antes da transição, permitindo antecipar a ação que vai iniciar. SEGUNDO DE ANTECIPAÇÃO •  Um segundo de silêncio antes de um evento de grande impacto, como

uma explosão ou um tiro faz com que o efeito do evento seja muito mais eficaz.

EFEITOS SONOROS

Blade Runner - Ridley Scott [1982]

EXAGERO DE EFEITOS SONOROS •  O exagero de fenômenos auditivos

especialmente os diegéticos, pode ter um efeito dramático ou cômico.

•  Em geral ao criarmos diálogo ou efeitos sonoros, devemos ter em mente que o som na produção áudio visual tem o objetivo de criar uma experiência auditiva no público de forma a que este transcenda o suporte da narrativa emergindo-se o mais possível neste mundo virtual.

EFEITOS SONOROS

EFEITOS SONOROS

Pode existir eventuais ambiguidades entre estas três dimensões, o que só revela que não se trata de categorias absolutamente estáticas. As bandas sonoras mais eficientes são precisamente aquelas em que todos estes elementos fluem muito naturalmente, fazendo-nos passar a ideia de que tudo se encontra no lugar certo e de que não há nada nem a mais nem a menos, evidenciando uma unidade intrínseca ( JORGE: 2009). •  A importância da música, diálogos e efeitos e a relação entre si, torna-se

evidente quando equacionamos a dimensão espacial do som. •  Todos os sons têm necessariamente uma fonte e o posicionamento dessa fonte

no contexto do filme vai ser decisivo para a compreensão desses elementos no seu todo, bem como do modo como eles se ligam entre si.

PAISAGEM SONORA

Paisagem sonora – o ambiente sonoro. Tecnicamente, qualquer porção do ambiente sonoro vista como um campo de estudo. O termo pode referir-se a ambiente reais ou a c o n s t r u ç õ e s a b s t r a t a s c o m o composições musicais e montagem de f i t a s , e m p a r t i c u l a r , q u a n d o consideradas como um ambiente (SCHAFER, 1977:366).

PAISAGEM SONORA

Filmes e games possuem paisagens sonoras próprias. Essas paisagens delimitam a extensão do ambiente sonoro, e, à medida que se dilatam ou se contraem, definem o tamanho aparente do espaço sugerido pelos sons, além dos limites do campo visual da tela ( filme) ou do monitor ou televisor (games) SHUM, 2009: 97).

PAISAGEM SONORA

• A paisagem sonora não consiste apenas nos sons criados, editados, inseridos ou processados em tempo real.

O que eu vejo daquilo que ouço? Eu ouço uma rua, um trem, vozes. Suas fontes sonoras são visíveis?Off-screen? sugeridas visualmente? O que ouço daquilo que vejo?(CHION,1994:192).

PAISAGEM SONORA [ O som do coração – Kirten Sheridan (2008)]

•  Os sons cuja fonte é perceptível no espaço narrativo do filme.

•  Todos sons cuja fonte está no espaço contextual do filme [os diálogos, o som da chuva, o som dos objetos que estão no plano ou o som de uma banda a tocar no próprio local.

•  Não importa aqui se a fonte é visível no plano (in – no dizer de M. Chion, ou se a fonte não está visível no plano, mas é suposto fazer parte desse mesmo plano – fora-de-campo, segundo Chion).

•  O som de um carro que se aproxima, mas que o espectador ainda não vê não deixa de ser diegético .

•  O que conta é que é suposto fazer parte do enquadramento espacial da narração a possibilidade de surgir um automóvel ou de passar um avião.

SONS  DIEGÉTICOS  

SONS  DIEGÉTICOS  

• Diegese - Diegese é um conceito de narratologia, estudos literários e de cinema que diz respeito à dimensão ficcional de uma narrativa. • É a realidade própria da narrativa ( Mundo ficcional), à parte da realidade externa de quem lê ( o chamado “mundo real). • O tempo diegético e o espaço diegético são, o tempo e o que espaço que decorrem ou existem dentro da trama, com sua particularidade, limites e coerências determinadas pelo autor.

SONS  DIEGÉTICOS  •  Som Diegético: sonoridades objetivas; todo o universo

sonoro que é perceptível pelos personagens em cena, tais como a paisagem sonora (o som dos carros numa cidade, o ruído de uma multidão, os pássaros no campo, a música num bar, etc), ou o diálogo entre personagens. Os sons diegéticos podem decorrer dentro do enquadramento visual da cena ou não (on screen / off screen).

•  Som não Diegeético: sonoridades subjetivas; todo o som imposto na cena que não é percepcionado pelos personagens, mas que tem um papel muito importante na interpretação da cena, ainda que de uma forma quase subliminar para a audiência; sons não diegéticos são tipicamente, voz de narração, música de fundo ou efeitos sonoros especiais.

•  Som Meta Diegético: sonoridades subjetivas; sonoridade que traduz o imaginário de uma personagem normalmente com o seu estado de espírito alterado ou em alucinação.

•  Um dos primeiros exemplos de utilização do discurso meta diegético em cinema ocorre em Chantagens e confissões [Alfred Hitchock.1929]

•  A personagem Alice (Anny Ondra) após ter assassinado um atacante com uma faca se encontra à mesa na loja dos seus pais e ouve a conversa de uma personagem feminina também presente. Aos poucos a forma como Alice observa esta conversa vai-se alterando unicamente para a repetição consecutiva da palavras "Knife, Knife, Knife,...” [faca] como reflexo subjetivo do seu estado de espírito perturbado.

SOM  META  DIEGÉTICO  

PACTO  AUDIOVISUAL  

• Chion parte da premissa que não existe qualquer relação natural entre sons e imagens, que seja resultante de alguma espécie de harmonia preexistente entre nossas percepções. • Em um filme o espectadorparticipa de um pacto simbólico, no qual os elementos sonoros e os visuais passam a integrar ou fazer parte de um mesmo objeto, ser, entidade, ambiente ou universo. • Uma espécie de faz de conta estético. • O produtor cria uma determinada realidade e nós acreditamos. • O pacto visual é possibilitado pelo fenômeno de SYNCHRESIS. • SYNCHRESIS (contração de synchronism e synthesis

SYNCHRESIS  • Independente de qualquer lógica racional, é a SYNCHRESIS que nos faz acreditar que o som que ouvimos é proveniente daquilo que percebemos se mover ou vibrar. • Realizamos uma síntese a partir dos elementos sonoros e visuais que estejam sincronizados. • A película de cinema não registra som durante as filmagens, percebemos que é a SYNCHRESIS que torna possível a dublagem, a pós-produção de áudio e a miragem de efeitos sonoros.

9 mm – São Paulo [ Roberto dÁvila, Newton Cannito e Carlos Amorin]

AS COMBINAÇÕES AUDIOVISUAIS •  O vocabulário, a cultura, as visões de mundo

dos humanos são mais adaptadas ao universo visual do que ao sonoro.

•  No cinema, um e outro universo se completam, se refletem ou se combatem em uma interação perpétua.

•  É muito comum falar em “combinação audiovisuais”.

•  Não se pode, entretanto, impedir o som de existir como tal e de fazer efeito em cima da imagem.

•  Por meio das respostas a essa perguntas podemos encobrir negativos sonoros nas imagens ( sonoridade que as imagens invocam, mas que, de fato, não estão presentes) e negativos visuais ( imagens apenas sugeridas pelos sons).

•  As imagens e sons presentes na paisagens sonora, muitas vezes, não tem outra função a não ser delimitar as presenças ausentes de sons e/ou de imagens que ajudam a compor o todo da experiência proporcionada pelo filme ou pelo game.

PAISAGENS SONORAS CONCLUSÕES

•  Um outro aspecto muito importante do domínio da acústica, que não corresponde verdadeiramente a um fenômeno sonoro, mas sim a uma caraterística da percepção humana, é a audição seletiva.

•  É uma capacidade humana que permite, num ambiente ruidoso focar um determinado som e percebe-lo com mais clareza que o restante do som ambiente [Ex: uma festa].

•  A simulação de audição seletiva em expressão cinematográfica pode ser atingida por simples manipulação dos volumes individuais dos vários sons, sendo que a opção da focagem sonora é do criador e não da audiência.

AUDIÇÃO SELETIVA  

The Player [Robert Altman- 1992]

AUDIÇÃO SELETIVA  

The Player [ Robert Altman- 1992] a focagem sonora é levada ao extremo. Um plano sequência de 5 minutos onde a câmera percorre um ambiente com muitos personagens que entram e saem de cena, sendo focados sucessivamente os diferentes diálogos dos personagens que passam.

•  A edição é um trabalho de tratamento de som que é determinante para a obtenção dos resultados desejados.

•  Uma etapa cuja tarefa fundamental é o tratamento e montagem dos sons em função da estratégia narrativa.

•  Embora pareça um “parceiro natural” da imagem, o som nem sempre vem atrelado à imagem ou consequência direta dela.

•  Na própria captação, há uma estratégia prévia envolvida: temos que saber o que captar e como vamos captar.

•  O processo de captação é seletivo e, como tal, sustentado num conjunto de opções previamente definidas pelos responsáveis.

EDIÇÃO  DE  ÁUDIO  •  Um filme nunca é constituído só de sons

diegéticos – e mesmo esses necessitam quase sempre de voltar a ser trabalhados.

•  A atividade de bruitage, como uma re-gravação para substituir sons diegéticos que, por um motivo ou por outro, não servem, é um bom exemplo de como o som requer invariavelmente um trabalho de edição.

•  Muitas vezes os próprios diálogos deve ser regravados.

•  ADR [automated dialog recording] é processo que visa substituir a gravação das vozes dos atores efetuada no local da filmagem.  

•  A fase de edição não pretende apenas trabalhar ao nível dos sons diegéticos [ Efeitos, música ou narração].

•  A edição é ferramentas a dispor de quem finaliza o filme e que devem ser passíveis de uso criativo.

•  Nesta fase da edição é determinante a ideia de sentido. •  Que história estamos contando? •  O que queremos dizer? •  Que sentido é que isto pode suscitar? •  São algumas das questões que devem ser colocadas durante a fase de

edição de modo a que haja um linha de orientação em relação ao som, uma vez que já vimos que ele não é nunca um simples acompanhante “neutro” da imagem.

EDIÇÃO  DE  ÁUDIO  

•  Ao assistir a um filme ouvimos vários tipos de sons. Somos capazes de ouvir diferentes sons simultaneamente, mas que só irá proporcionar um efeito positivo se conseguirmos perceber a sua diferença.

•  O ouvido humano tem limites quanto à capacidade de audição e discernimento dos sons.

•  O ruído branco [ luz branca] caracteriza-se por ser um excesso de frequências (de sons individuais) em que, como consequência desse excesso, já nenhum desses sons é distinguível.

•  O nosso ouvido é capaz, no conjunto, de distinguir os sons individuais. Mas isso tem limites.

•  Essa capacidade não é muito extensa. •  Facilmente nos dispersamos quando somos colocados em situações de

excesso de informação auditiva.

EDIÇÃO  DE  ÁUDIO  

•  Geralmente são cinco as camadas que o ouvido é capaz de compreender até que surja a tal incapacidade de distinção.

•  Num filme, o diálogo constitui uma camada, o telefone tocando, ao fundo, outra, o som de chuva e assim consecutivamente.

•  Mais do que cinco será, na prática uma situação de ruído: estamos ouvindo, mas não estamos retirando qualquer informação clara e distinta do que ouvimos.

•  É importante que cada um desses cinco sons ocupe um lugar distinto no espectro sonoro. O ouvido humano capta sons que se situam, grosso modo, entre os 20 e os 20 000 hz.

•  Esses sons precisam estar ao longo de todo o espectro de frequências.  

EDIÇÃO  DE  ÁUDIO  

•  Ter capacidade de compreensão de cinco camadas não significa que se seja capaz de compreender cinco diálogos simultâneos.

•  Esta regra só funciona se os sons forem efetivamente distintos entre si: 1)  diálogo; 2)  som de chuva e vento; 3)  Música; 4)  carros passando na rua; 5)  sons de pessoas que dialogam entre si, ao fundo. •  Estes sons são substancialmente diferentes entre si e cobrem uma margem

considerável do espectro de frequências. •  Separadamente notamos que se se trata de sons que não suscitam confusão

quanto à sua natureza. •  TWO-AND-A-HALF - Cães ladrando ( confusão)

EDIÇÃO  DE  ÁUDIO  

•  No processo de edição, a obtenção de densidade: os sons devem estar lá e de modo convincente, o espaço cênico não pode estar despido de sons.

•  A mixagem também deve visar a clareza: todos os sons presentes têm que estar de modo que podem ser percebidos, separadamente, mesmo estando em conjunto com outros sons distintos.

•  Esta clareza e densidade é percebida quando a mixagem é bem realizada: Os sons marcam a sua presença não atrapalhando uns aos outros.

•  Quando a mixagem é bem feita temos a sensação de naturalidade.

•  O que é natural não suscita interrogações.

EDIÇÃO  DE  ÁUDIO  [  clareza  sonora]  

•  O som reforça a atenção visual. •  O fato da imagem ser acompanhada de

som reforça a compreensão dessa mesma imagem.

•  Por outro lado pode caracterizar e alterar o modo como interpretar essa mesma imagem.

•  A mesma sequência de imagens, com envolvimentos sonoros distintos, tem a capacidade de suscitar significações completamente distintas.

FUNÇÃO  DO  SOM  

FUNÇÃO  DO  SOM  

FUNÇÃO  DO  SOM  

•  O objetivo de todo o trabalho de som num filme [ da captação até a pós-produção] deve ter como objetivo tornar credível o som que se ouve.

•  O espectador não pode assistir um filme e, de repente, sentir desconfortável ao ouvir um som que não se se coadunar, de forma alguma, com o que está a ser visto.

•  Em qualquer que seja a opção narrativa, o som tem que ser claro e eficiente ao desempenhar o seu papel nesse contexto.

•  Ken Dancyger sobre esta dinâmica entre o som e a imagem no contexto da narrativa fílmica introduz duas noções:

1.  Pontuação 2.  Amplificação.

FUNÇÃO  DO  SOM  

PONTUAÇÃO •  A capacidade que o som tem de acentuar o

objetivo, a ideia a ser transmitida pela imagem.

•  Tornar identificável, sem qualquer margem para dúvidas, o sentido narrativo em causa.

•  Se pretende demonstrar alegria, é para aí que todos os elementos sonoros do filme apontam.

•  A ideia central é a de que o som reforça o que a imagem pretende desenvolver.

DIÁLOGOS  FUNÇÃO  DO  SOM  

AMPLIFICAÇÃO •  É a capacidade que o som tem de nos transportar para além da imagem, ou até,

de alterar o próprio sentido da imagem. •  Por exemplo: quando o som de um trem significa mais do que esse trem em

andamento como em Os 39 Degraus de A. Hitchcock. •  Quando à imagem de uma mulher que depara com um corpo morto se junta o

apito de um trem, esse mesmo apito dá uma dimensão extra ao fato de a mulher deparar com o corpo: pretende sugerir um impacto, como se o trem gritasse por ela, como se o grito dela fosse insuficiente para transmitir aquilo que ela verdadeiramente sente, recorrendo para isso a um som muito mais forte do que um grito humano.

•  Ir além do significado que está na imagem. Não é mais amplificação como simples reforço expressivo, mas como alteração e introdução de um novo sentido, ficando o próprio realismo físico da cena colocado em causa.

FUNÇÃO  DO  SOM  

FUNÇÃO  DO  SOM  

•  O ET de Steve Spielberg nos é apresentado como um ser misterioso e estranho.

•  Porém os sons que emanam dessa criatura são muito próximos do humano, infantis mesmo.

•  Não temos medo ou repulsa, mas uma certa simpatia e afetividade.

•  Se o ET fosse acompanhado de sons grotescos e ruídos estranhos, a nossa compreensão dela seria completamente diferente.

•  Contrário do Alien de James Cameron. •  A simples manipulação do som possibilita uma

dinâmica expandida de efeitos.

FUNÇÃO  DO  SOM  

•  Este asincronismo reforça as capacidades do som, na medida em que ele não tem que ser necessariamente apenas um reforço da imagem.

•  Uma discrepância, dissonância ou inconguência até, entre o som e a imagem pode permitir um caráter bastante revelador para o contexto da história.

•  Martin Scorsese em Taxi-Driver utiliza este recurso com base na música (Bernard Herrmann). Aquela música era uma forma de antecipação, um sinal que é dado ao espectador, e que ele apenas mais tarde resolve; trata-se de apontar para um sentido que só ́ posteriormente vem a ser desenvolvido.

FUNÇÃO  DO  SOM  

•  O som cumpre um papel decisivo ao longo de todo o processo de criação. As suas possibilidades são imensas e mais serão se formos capazes de projetar e desenvolver um trabalho criativo e coerente em torno de todo o som do filme.

As técnicas de edição de som e mixagem é portadora de sentido - e é um significado que não é absorvido pela ideologia do visível. A verdade ideológica da trilha sonora cobre o que escapa aos olhos. Para o ouvido, é precisamente esse órgão que se abre para a realidade interior do indivíduo - não exatamente invisível , mas irreconhecível dentro da garantia do puramente visível ( Doane, 1985: 61).

FUNÇÃO  DO  SOM  

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