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MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Imperatriz/MA
REFERÊNCIA:PROCESSO ADMINISTRATIVO N. 1.19.001.000069/2006-08
DESPACHO/RECOMENDAÇÃO
Em 18/09/2006, foi publicado no Diário Oficial da União
(DOU) o Edital de Abertura de Inscrições (fls. 12/27) do Concurso Público
destinado ao Provimento de Cargos Efetivos do Quadro de Pessoal do Tribunal
Regional Federal da Primeira Região e do Quadro de Pessoal da Justiça Federal de
Primeiro Grau das Seções Judiciárias do Distrito Federal, e dos Estados do Acre,
Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará,
Piauí, Rondônia, Roraima, Tocantins e das Subseções vinculadas.
O concurso se destina ao preenchimento de vagas ou
formação de cadastro de reserva (no TRF, Seções e Subseções) para os seguintes
cargos: “Analista Judiciário – Área Judiciária”, “Analista Judiciário – Área
Judiciária – Especialidade Execução de Mandados”, “Analista Judiciário – Área
Administrativa”, “Analista Judiciário - Área Apoio Especializado – Especialidade
Odontologia”, “Técnico Judiciário – Área Administrativa”, “Técnico Judiciário –
Área Apoio Especializado – Especialidade Contabilidade”, “Técnico Judiciário –
Área Serviços Gerais – Especialidade Segurança e Transporte”, “Auxiliar Judiciário
– Área Serviços Gerais – Atribuição Básica Serviços Gráficos”.
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De acordo com o item III.5 do Edital, era possível, no
momento da inscrição, indicar a cidade de realização das provas e a cidade de
classificação:
“5. Ao inscrever-se, o candidato deverá indicar, na ficha de
inscrição ou no formulário via internet, o código de opção do
cargo/cidade de classificação e a cidade de realização da
prova, conforme tabelas constantes dos Anexos III e IV deste
edital, e da barra de opções do formulário de inscrição via
internet”
Dessa maneira, foi possível que candidatos fizessem a prova
em Imperatriz/MA e concorressem para outras cidades - e vice-versa.
O concurso é formado de duas etapas; para o cargos de
“Técnico Judiciário – Área Administrativa” (TA) e de “Técnico Judiciário – Área
Serviços Gerais – Especialidade Segurança e Transporte” (TS), a primeira etapa
consistia em uma prova objetiva (de caráter classificatório e eliminatório) de 55
(cinqüenta e cinco) questões; a segunda etapa, por sua vez, para TA e TS, consistirá,
respectivamente, de uma prova prática de digitação e de capacidade física, ambas
de caráter eliminatório.
Em 23/11/2006, foi publicado o Edital (fls. 30/31)
convocando os candidatos para as provas objetivas, que, para os cargos de Técnico,
foram aplicadas na tarde do dia 03/12/2006.
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Em 05 de dezembro de 2006, foi instaurado nesta
Procuradoria da República, o presente Procedimento Administrativo n.
1.19.001.0000069/2006-08. O referido procedimento foi provocado por
Representação do Sr. Clóvis Marques Dias Júnior (fls. 03/05), que noticiou a
ocorrência de graves defeitos de impressão na prova objetiva do concurso para
Provimento de, entre outros, cargos da Técnico Judiciário - Área Administrativa
(TA) da Justiça Federal da Primeira Região.
Entre outros fatos noticiados, o candidato acima referido
afirmou:
“Que todos os candidatos de sua sala foram prejudicados pela
referida falha; (...) Que em virtude da referida falha, muitas
questões não podiam ser lidas por completo e outras
apresentavam pouca nitidez, prejudicando sua leitura(...); Que
cerca de 40min depois, o Coordenador voltou, afirmando que
não havia cadernos suficientes para a substituição e a solução
encontrada foi a de que a fiscal deveria ler uma prova, sem
defeito, em voz alta, a fim de que cada candidato procurasse as
omissões em seu caderno e suprisse-as adequadamente; Que a
fiscal começou a ler, mas, logo no início, verificou que não
daria por certo, porque havia tipos de provas diferentes; (...)
Que diversas pessoas desistiram de esperar o caderno chegar à
sua carteira e resolveram entregar a prova do jeito em que se
encontrava, 'chutando' algumas questões ou respondendo
apenas pelas alternativas legíveis; Que além disso, o exemplar
distribuído pela fiscal sequer chegou a passar por todos os
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candidatos, por falta de tempo;(...) Que a prova não
transcorreu em clima de tranqüilidade, havendo interrupções a
todo instante pelos candidatos e pela organização, bem como
conversas paralelas entre os próprios candidatos”.
Diante da gravidade dos fatos, esta Procuradoria houve por
bem melhor apurá-los, tendo efetivamente constatado que a solução apontada pela
FCC, naquela oportunidade, visando a suprir as falhas de impressão, não foram
suficientes para atender os constitucionais princípios da isonomia, da legalidade, da
impessoalidade e da eficiência administrativa.
Assim, esta Procuradoria requisitou da FCC (fls. 52/53),
entre outras informações, cópia de todos os cadernos de prova aplicados no Colégio
n. 025021 e detalhes sobre o quantitativo de candidatos de TA e de TS, que
concorriam para a cidade de Imperatriz/MA, bem como o quantitativo de candidatos
que fizeram as provas no Colégio n 02502, de Imperatriz/MA.
Simultaneamente, compareceu espontaneamente nesta
Procuradoria o candidato ELY SAMUEL DOS SANTOS SILVA (fls. 56/58), que
corroborou no essencial o teor das declarações prestadas pelo primeiro candidato.
A FCC encaminhou os documentos e informações
requisitados, tendo-se, já naquela oportunidade, manifestado pela validade da
aplicação das provas, nesses termos:
“(...)
5) Tão logo verificada a existência de falhas na impressão em
17 (dezessete) alternativas de determinadas questões, a
1Onde o candidato que prestou depoimento nesta Procuradoria fez a prova.
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Fundação Carlos Chagas, através do seu Coordenador e
Fiscais providenciou a substituição de Cadernos de Questões
relativos aos cargos de Técnico Judiciário – Área
Administrativa (TA) – 09 (nove) cadernos (sala 3) e Técnico
Judiciário – Área Serviços Gerais – Especialidade Segurança
e Transporte (TS)) – 05 (cinco) cadernos (salas 5 e 8) aos
candidatos que reivindicaram tal providência. Procedeu-se,
em seguida, à leitura para 16 candidatos a TS (salas 4, 5, 6 e
7) e 150 candidatos a TA (salas 4, 5, 6, 7 e 8), que
manifestaram preferência pela leitura dos segmentos
originados da falha de impressão.
Compensando-se a intercorrência, que não caracteriza
tumulto, concedeu-se a todos os candidatos tempo
suplementar de 1 (uma) hora para realização da referida
prova objetiva.
No mais, os trabalhos, no mencionado colégio,
desenvolveram-se sem demais ocorrências, sendo que os
candidatos entregaram suas provas normal e pacificamente
dentro do prazo estipulado”.
Verificou-se, assim, que o problema era bem maior do que se
imaginava. Houve defeito de impressão nas provas das salas 03, 04, 05, 06, 07, 08 e
09, atingindo mais de 150 (cento e cinqüenta) candidatos de TA e mais de 20 (vinte)
candidatos de TS.
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A FCC deu a entender que a substituição de alguns cadernos
ou a “leitura” das questões com defeito deu-se conforme opção do candidato.
Afirmou, igualmente, que os trabalhos transcorreram em clima de tranqüilidade.
Entretanto, conforme depoimento dos candidatos CLÓVIS e ELY, prestados nesta
Procuradoria e segundo se verificou posteriormente (pelo depoimento das fiscais
das salas afetadas), os fatos não se deram da maneira como desenhado pela FCC.
Com efeito, não havia número suficiente de cadernos suplentes, para
substituição dos defeituosos. Assim, a “leitura” não foi uma opção dos
candidatos. De outro lado, a tal “leitura”, em regra, consistiu no acesso de cada
candidato a uma prova sem defeito, para que pudesse, por si mesmo ou com
auxílio da fiscal, suprir os defeitos de impressão. Ocorre que, conforme veremos
à frente, essa “leitura” não foi feita de maneira uniforme.
Após as informações da FCC, esta Procuradoria proferiu
despacho no procedimento administrativo (fls. 60/64), destacando-se o seguinte
trecho:
“2. A partir da análise dos mencionados documentos e
informações, já podem ser destacados os seguintes dados e
conclusões preliminares:
a) houve realmente falhas de impressão consideráveis em provas
de candidatos inscritos para as salas n. 03, 04, 05, 06, 07 e 08, no
Colégio n. 02502 (CEEFM CAMINHO DO FUTURO) da cidade
de Imperatriz/MA;
b) as falhas de impressão ocorreram em uma ou duas alternativas
de 16 (dezesseis) questões dos cinco tipos de caderno do cargo
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TA, bem como também em uma ou duas alternativas de 17
(dezessete) questões dos cinco tipos de caderno do cargo TS;
c) não havia, nas salas afetadas, candidatos concorrendo para
cargos diversos, exceto um único candidato para o cargo de
Técnico Judiciário – Área Apoio Especializado – Especialidade
Contabilidade (TC), que, contudo, não compareceu;
d) no universo dos candidatos presentes, houve falhas de
impressão em 159 (cento e cinqüenta e nove) cadernos de TA e 21
(vinte e um) cadernos de TS, distribuídos pelas 06 (seis) salas
mencionadas; houve substituição de apenas de 09 (nove) cadernos
de TA e de 05 (cinco) cadernos de TS, porque insuficiente o
número de cadernos reservas;
e) o grande número de cadernos atingidos, com candidatos
concorrendo para praticamente todas as Unidades da Federação
abrangidas pelo certame, legitima a atuação do Ministério Público
Federal no presente caso, uma vez que, inclusive, como se verá a
seguir, entre outras implicações, a solução encontrada pela FCC
('leitura' de cadernos não substituídos, com um hora adicional)
pode ter, não apenas 'compensado' eventual 'prejuízo', como
também 'beneficiado' em demasia os respectivos candidatos –
evento que, de outro lado, 'prejudicaria' todos os demais
candidatos que concorriam para as mesmas cidades dos
'beneficiados';
f) para os candidatos que não tiveram seus cadernos substituídos,
houve, segundo a FCC, 'leitura' das questões, com uma hora
adicional de tempo de realização de prova; ocorre que a
mencionada 'leitura' pelo fiscal, segundo o teor da representação
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(fls. 03/05) e do depoimento de fls. 56/58, não foi possível em
algumas salas (ou em todas elas), decorrente de existirem cinco
tipos de cadernos diferentes, sendo encontrada a seguinte solução:
seria passada uma prova sem defeito por todos os candidatos.
Entretanto, mesmo nessas salas, é possível que a prova sem
defeito, ainda que com o tempo adicional de uma hora, não tenha
passado por todas os candidatos;
g) se confirmada a hipótese de que foi passada a prova sem defeito
por alguns candidatos que não tiveram seus cadernos substituídos,
conclui-se que aqueles candidatos com cadernos de questões de
tipo idêntico ao caderno sem defeito levaram vantagem em relação
aos demais (inclusive candidatos que fizeram a prova em salas
não-afetadas), porque puderam rapidamente corrigir o defeito de
impressão e, ainda, contaram com uma hora adicional de tempo;
h) há suspeita, inclusive, de que candidatos com cadernos íntegros
de prova tenham permanecido em sala, com uma hora adicional de
tempo (em clara vantagem); é o caso, especialmente, da sala 08 do
CEEFM, em que, como será detalhado a seguir, houve cadernos
íntegros e defeituosos;
i) a própria FCC trouxe dado alarmante: os candidatos de TA do
Colégio 2502, de Imperatriz/MA (onde houve falha de impressão),
obtiveram média do grupo de desvio padrão 29,10204082,
enquanto os cargos de TA do Colégio 2503, também de Imperatriz
(onde não houve falha de impressão), obtiveram média de
26,24521073 – ou seja, quase 03 (três) pontos a menos –, claro
indício de que os candidatos do Colégio afetado, por conta do
tempo adicional de prova (entre outras intercorrências), podem ter
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sido beneficiados. A diferença de média do cargo de TS é ainda
maior: Colégio 2502: 31,86363636; Colégio 2503: 26,36842105.
j) façamos um relato das estimativas preliminares do que ocorreu
em cada uma das salas afetadas:
SALA 03 (TRÊS): Dos 42 (quarenta e dois) candidatos,
compareceram 30 (trinta), todos de TA. Desses 30, houve defeito
de impressão em 09 (nove) cadernos, sendo todos substituídos;
SALA 04 (QUATRO): Houve defeito de impressão em todos os
cadernos. Dos 42 (quarenta e dois inscritos), compareceram 37
(trinta e sete candidatos), sendo 1 (um) de TS e 36 (trinta e seis) de
TA. Para todos, houve 'leitura', com uma hora adicional do tempo
de prova2;
SALA 05 (CINCO): Todos os cadernos apresentaram defeito.
Compareceram 38 (trinta e oito) candidatos – 3 (três) de TS e 35
(trinta e cinco) de TA – do universo de 43 (quarenta e três)
inscritos. Para (02) dois de TS, houve substituição do caderno;
para todos os demais (01 de TS e 35 de TA), houve 'leitura', com
tempo adicional de 1h de prova;
SALA 06 (SEIS): Houve defeito em todos os cadernos.
Compareceram 38 (trinta e oito) candidatos – 04 (quatro) de TS e
34 (trinta e quatro) de TA – dos 42 (quarenta e dois) inscritos.
Para todos, houve 'leitura', com tempo adicional de 01h de prova;
2No despacho, constou a seguinte nota de rodapé: “A palavra se encontra entre 'aspas', porque não se sabe ao certo se, de fato, o fiscal leu as questões ou se cada candidato teve acesso a um caderno sem defeito. A mesma sistemática (colocar a palavra 'leitura' entre “aspas”) será utilizada em relação às demais salas, uma vez que ali também existe a mesma dúvida”.
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SALA 07 (SETE): Todos os cadernos apresentaram defeito.
Compareceram 36 (trinta e seis) candidatos – 01 (um) de TS e 35
(trinta e cinco) de TA – dos 43 (quarenta e três) inscritos. Para
todos, houve 'leitura', com 01h adicional de prova;
SALA 08 (OITO): 38 (trinta e oito) presentes – 05 (cinco) de TS e
33 (trinta e três) de TA – de 43 (quarenta e três) inscritos. Houve
defeito de impressão em 03 (três) cadernos de TS e em 14
(quatorze) cadernos de TA. Foram substituídos todos os 03 (três)
cadernos de TS, enquanto, para os 14 (quatorze) candidatos de
TA, houve 'leitura'.
l) segundo informações da FCC, todos os candidatos que tiveram
seus cadernos substituídos (fato que precisa ser corroborado)
foram remanejados de sala, a fim de que também não
permanecessem em sala com uma hora a mais. É de indagar-se:
'durante o remanejamento, houve perda de quanto tempo?'; 'houve
alguma 'compensação' por esse tempo?'3;
m) além disso, é preciso confirmar se candidatos com cadernos
íntegros (sala 08) permaneceram em sala de aula com um hora
adicional de prova, conforme se suspeita;
n) nas salas afetadas (03 a 08), havia candidatos inscritos para
cidades das seguintes Unidades da Federação, não se podendo
afirmar até então, se – e concorrendo para quais cidades –
estiveram entre os presentes: 1) TA – Bahia, Minas Gerais,
Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Pará, Piauí, Rondônia e
Roraima; 2) TS – Amapá, Maranhão, Pará e Tocantins;
3 Como veremos a seguir: constatou-se posteriormente que nenhum candidato foi remanejado de sala, mesmo aqueles que não tinham cadernos defeituosos ou que tiveram seus cadernos substituídos.
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o) o julgamento das provas objetivas dar-se-á por avaliação
estatística, de acordo com o desempenho do grupo, consistindo
este no total de candidatos presentes a cada uma das provas do
respectivo cargo/área/especialidade/unidade da Federação, nos
termos da norma VII, alíneas 1 e 2, do Edital de Abertura de
Inscrições;
n)4 nada obstante, sem prejuízo da apuração dos fatos, já há sérios
e fundados indícios de quebra da isonomia entre os candidatos,
com implicações nas Unidades da Federação mencionadas”.
Naquela oportunidade, foi expedida Recomendação ao TRF e
à FCC, para que fosse suspensa a divulgação dos resultados das provas objetivas de
TA e de TS, e respectiva convocação para as provas práticas, prevista para o dia
05/01/2007.
Esta Procuradoria determinou, igualmente, a notificação de
dois fiscais de cada sala (n. 03 a 08) que trabalharam na aplicação das referidas
provas objetivas, tendo sido, ainda, requisitadas, da Fundação Carlos Chagas,
informações adicionais (fls. 99).
Às fls. 104/127, constam os depoimentos dos fiscais.
Em 21/12/2006, a Fundação Carlos Chagas encaminhou
expediente a esta Procuradoria, fazendo um comparativo, por Estado de
Classificação, do número presentes no Colégio 2502 e o respectivo total no Brasil,
bem como de sua média, também entre os presentes no Colégio 2502 e a média total
no Brasil (fls. 131). Segundo a FCC, o desempenho estatístico dos candidatos do
Colégio 2502, para ambos os cargos (TA e TS) foi igual aos demais, não
4Sic.
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ocasionando prejuízo ou benefício a qualquer candidato. Alegou, ainda, que o
tempo adicional de uma hora concedido para realização da Prova Objetiva foi
necessário, visto que todos os candidatos tiveram suas atividades interrompidas,
além das necessárias explicações sobre o ocorrido (fls. 130/134).
Às fls. 136, foi juntado requerimento de cópia da
representação, tendo sido deferida a emissão de certidão pública a respeito.
Em 03/01/2007, foi recebido nesta Procuradoria o
Ofício/PRESI n. 630-1.033, por meio do qual a Presidência do Tribunal Regional
Federal da Primeira Região informou ter acolhido a recomendação ministerial, a
despeito das justificativas apresentadas pela Fundação Carlos Chagas – FCC, bem
como solicitando celeridade na conclusão deste procedimento administrativo (fls.
138/140).
Novas informações, já requisitadas por esta Procuradoria,
foram encaminhadas pela FCC (fls. 175/186).
Tendo em vista os elementos até então colhidos, houve por
bem esta Procuradoria determinar acareação entre as duas fiscais da sala 05 (fls.
201/210). Por fim, considerando que havia notícia de interposição de propositura de
ação individual, na Seção Judiciária do Maranhão, pugnando pela anulação do
certame, foi solicitada a cópia dos autos da Ação Ordinária n. 2006.37.00.006864-7
– o que foi devidamente atendido (fls. 220/314) –, a fim que se pudesse verificar a
sua pertinência com o objeto deste procedimento. Entretanto, constatou-se
posteriormente que a causa de pedir daquela ação judicial não guarda pertinência
com o objeto deste certame.
Passemos, pois, especificamente, ao exame do caso.
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Destaque-se, de início, que a instauração deste procedimento
administrativo decorreu da imperiosa necessidade da coerente, lógica e proporcional
aplicação da lei e da Constituição Federal ao certame levado a efeito pelo Tribunal
Regional Federal da 1ª Região, como forma de dar real concreção ao básico
ensinamento jurídico segundo o qual os desiguais devem ser tratados de maneira
diversa na exata medida/proporção das suas desigualdades. Além disso, a
fundamentar a atuação desta Procuradoria, deve ser mencionada também a norma
que preconiza a eficiência do administrador e daqueles que, por lei ou contrato,
assumem funções que lhe são atinentes, postulado que, a exemplo dos demais,
vincula a Administração, orientando e informando sua atuação. Concluindo essas
considerações preliminares, ressalte-se: mostra-se imperioso que a Administração
Pública se porte de maneira impessoal, observando, ainda, em qualquer hipótese, o
princípio da legalidade administrativa, decorrência inarredável do Estado
Democrático de Direito. Em resumo, portanto, o que se pretendeu assegurar foi o
respeito e a preservação dos princípios da isonomia, da impessoalidade, da
legalidade, e da eficiência administrativa.
Pois bem, conforme já destacado, por várias vezes, o presente
procedimento buscou apurar a validade da aplicação das provas, para Técnico
Judiciário – Área Administrativa (TA) e para Técnico Judiciário – Especialidade
Segurança e Transporte (TS), do concurso para servidores do TRF – 1ª Região, no
Colégio n. 02502 (CEEFM CAMINHO DO FUTURO) nesta cidade de Imperatriz,
Maranhão.
Assim, antes de apresentar a idéia central desta manifestação,
cabe discorrer acerca da legitimidade da atuação do Ministério Público Federal.
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DA LEGITIMIDADE DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL.
É função institucional do Ministério Público, nos termos do
art. 129, III, da Constituição Federal, e também por força do disposto no art. 6º, VII,
“b”, da Lei Complementar 75/93 – caso específico do Ministério Público Federal –,
promover Ação Civil Pública para a proteção do patrimônio público e social, do
meio ambiente, e de outros interesses difusos e coletivos.
Por sua vez, a Lei 7.347/1985 (Lei da Ação Civil Pública),
em seu art. 5º estatui, in verbis:
"Art. 5º. A ação principal e a ação cautelar
poderão ser propostas pelo Ministério Público,
pela União, pelos Estados e Municípios.
Poderão também ser propostas por autarquia,
empresa pública, fundação, sociedade de
economia mista ou por associação que: (...)”
(negritamos)
À luz, portanto, da teoria dos poderes implícitos, a
possibilidade de propositura da ação civil pública pressupõe que o órgão ministerial
possa instaurar e instruir procedimentos que tenham por objeto os mesmos bens
jurídicos que venham a ser, eventualmente, tutelados coletivamente na seara
judicial.
Mais que isso, há regra expressa na Lei Orgânica do
Ministério Público da União, preconizando a possibilidade de instauração de
procedimento administrativo, de que é exemplo o presente.
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Nesse diapasão, a atuação Ministério Público Federal visa à
proteção dos direitos coletivos dos candidatos inscritos no certame, de não se verem
prejudicados/beneficiados em razão de uma inválida prova objetiva.
Destaque-se, ainda, que ao Ministério Público incumbe a
defesa da ordem jurídica e do regime democrático (CF, art. 127, caput), devendo
zelar, ainda, para que os Poderes Públicos respeitem os direitos assegurados na
Constituição, promovendo as medidas necessárias para tanto (CF, art. 129, II).
Especificamente quanto ao Ministério Público Federal, sua
legitimidade decorre, igualmente, da já citada Lei Orgânica do Ministério Público
da União (LOMPU – LC n. 75/1993), impondo-lhe o zelo pelos princípios
constitucionais mencionados e a defesa da ordem jurídica, no que se relaciona à
Administração Pública de qualquer dos Podres da União (art. 5º, inciso V, “b” e
“h”).
Dessa forma, tratando-se de hipótese versando sobre
interesses coletivos, por excelência, de inegáveis interesse público e repercussão
social, evidente está a legitimação do Ministério Público Federal para atuar no caso.
Como se verá a um pouco mais à frente, entretanto, a
legitimidade de atuação restringe-se apenas com relação à cidade de concorrência
Imperatriz/MA, por razões que se confundem, em última medida, com o próprio
mérito do procedimento.
Antes, façamos uma breve digressão acerca do princípio da
isonomia e das normas constitucionais correlatas, sem dúvida o principal móvel de
atuação deste órgão ministerial, na espécie. Ao final do próximo tópico, já se
apresentará a solução preconizada como correta.
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DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS PERTINENTES E SUA APLICAÇÃO AO
CASO CONCRETO
A consagração constitucional, no ordenamento brasileiro, do
referido postulado da isonomia não é nova, estando presente desde a Constituição
Imperial (1824), já entrecortada pelos valores liberais de então. A título de
ilustração, vejamos o que dizia aquela Carta:
“Art. 179. A inviolabilidade dos Direitos Civis, e Politicos
dos Cidadãos Brazileiros, que tem por base a liberdade, a segurança individual, e a
propriedade, é garantida pela Constituição do Imperio, pela maneira seguinte.
(...)
XIII. A Lei será igual para todos, quer proteja, quer
castigue, o recompensará em proporção dos merecimentos de cada um.
(...)”.
Dispositivos semelhantes foram repetidos nas Constituições
posteriores da história brasileira (cada uma delas marcada pelos pensamentos
dominantes de então), encontrando-se previsto na Constituição da República de
1988, nos seguintes termos:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
(...)”
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Ainda que possa ter-se restringido eventualmente, em
determinada época, ao seu aspecto formal, a reiterada consagração do objetivo de
igualdade traduz o sentimento de que a promoção de justiça pressupõe que todos
sejam considerados iguais.
Em se tratando de concurso público, destinado ao provimento
de cargos efetivos, da Administração, o referido postulado assume especial
importância, porque diretamente imbricado com os demais princípios setoriais,
conforme amiúde citado: legalidade e impessoalidade. Quem muito bem escreveu
sobre essa ligação foi o ilustre administrativista Celso Antônio Bandeira de Mello,
de cujas lições se extrai o seguinte trecho, por ilustrativo:
“O princípio da isonomia ou igualdade dos administrados em face
da Administração firma a tese de que esta não pode desenvolver
qualquer espécie de favoritismo ou desvalia em proveito ou detrimento
de alguém. Há de agir com obediência ao princípio da impessoalidade.
Com efeito, sendo encarregada de gerir interesses de toda a
coletividade, a Administração não tem sobre estes bens disponibilidade
que lhe confira o direito de tratar desigualmente àqueles cujos
interesses representa.
Não sendo o interesse público algo sobre que a Administração
dispõe a seu talante, mas, pelo contrário, bem de todos e de cada um, já
assim consagrado pelos mandamentos legais que o erigiram à categoria
de interesse desta classe, impões, como conseqüência, o tratamento
impessoal, igualitário ou isonômico que deve o Poder Público dispensar
a todos os administrados” (Curso de Direito Administrativo, 14ª ed. São
Paulo, Malheiros, 2002. p. 54).
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As razões acima transcritas aplicam-se, com muito maior
razão, ao concurso público destinado a selecionar candidatos para o provimento de
cargos efetivos da Administração. Não é à toa que a Constituição da República de
1998 instituiu a obrigatoriedade de concurso público, sempre e em qualquer caso,
para a investidura em cargos e empregos públicos, ressaltando - ela mesma - quais
as exceções (cargos em comissão definidos em lei; contratação por tempo
determinado para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público); extinguiu, por exemplo, a odiosa possibilidade de exceções legais à regra
do concurso público para o provimento de cargos efetivos, constante das
constituições anteriores. Comentando sobre o fundamento da regra do concurso
público, José dos Santos Carvalho Filho ensina:
“O concurso público é o instrumento que melhor representa o
sistema do mérito, porque traduz um certame de que todos podem
participar nas mesmas condições, permitindo que sejam escolhidos
realmente os melhores candidatos.
Baseia-se o concurso em três postulados fundamentais. O primeiro
é o princípio da igualdade, pelo qual se permite que todos os
interessados em ingressar no serviço público disputem a vaga em
condições idênticas para todos. Depois, o princípio da moralidade
administrativa, indicativo de que o concurso veda favorecimentos e
perseguições pessoais, bem como situações de nepotismo, em ordem a
demonstrar que o real escopo da Administração é o de selecionar os
melhores candidatos. Por fim, o princípio da competição, que significa
que os candidatos participam de um certame, procurando alçar-se a
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Imperatriz/MA
classificação que os coloque em condições de ingressar no serviço
público” (Manual de Direito Administrativo, 16ª ed., rev., ampl., e atual.
até 30.06.2006, Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 526).
Retornando à questão do princípio da isonomia, sua noção,
por óbvio, atualmente vigente, não se resume ao âmbito formal, abrangendo, muito
além disso, essencial e especialmente, seu aspecto substancial. Nessa perspectiva, o
conceito de isonomia pressupõe, mais que uma simples igualdade “passiva” e
“inerte”, a idéia de que situações diversas devem ser tratadas distintamente, na exata
medida de sua diferença.
Veja-se, portanto, que todas essa normas, emanadas da
própria Constituição, em última instância, complementam-se e, na eventual hipótese
de apresentarem idéias contrapostas, em determinado caso, merecem interpretação
tópica, de modo a buscar sua harmonia no e ao sistema jurídico-constitucional.
Fixadas tais premissas, é o caso de se fazer a pergunta central
deste procedimento, cuja resposta traduzirá o entendimento deste órgão ministerial
quanto a seu deslinde: As medidas adotadas pela Fundação Carlos Chagas –
FCC, com o objetivo de contornar as falhas de impressão verificadas no
mencionado colégio da cidade de Imperatriz/MA, foram válidas e mesmo
eficazes?
Para a solução de tal indagação, faz-se necessário,
primeiramente, apresentar e analisar os fatos ocorrentes e suas conseqüências.
As falhas de impressão foram verificadas nas Salas 03 a 08
do Colégio n. 2502. Excluamos, de plano, qualquer questionamento quanto à
validade das provas aplicadas na Sala 03. É que, após a apuração dos fatos, restou
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Imperatriz/MA
demonstrado que todos os 09 (nove) cadernos de impressão que apresentaram os
defeitos de impressão, naquela sala, foram substituídos. A corroborar, nessa sala 03,
a alegação da FCC, podem ser citados os depoimentos prestados pelas fiscais:
“Que todas as provas foram substituídas (...); Que todos os
candidatos permaneceram em sala, não tendo sido nenhum
remanejado; Que não houve acréscimo de tempo na sala 03; (...) Que
não houve maior confusão na Sala 03, tendo-se restringido ao
momento inicial de distribuição dos cadernos, quando de imediato os
candidatos reclamaram quanto ao defeito de impressão” (fls. 104);
“Que todas provas com defeito foram substituídas; (...)Que
todos os candidatos permaneceram na mesma sala, não tendo sido
nenhum remanejado; Que não houve acréscimo de tempo na sala 03”
(fls. 117).
Em relação às salas de 04 a 08, a situação, entretanto, foi
diversa.
Nas salas 04 a 07, houve defeitos de impressão em todos os
cadernos de prova. Na sala 08, houve defeitos de impressão em 17 cadernos de
prova (03 de TS e 14 de TA). Computando o total de candidatos presentes, nas salas
04 a 08, constatam-se as seguintes cidades de concorrência, com o respectivo
número de candidatos concorrentes:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Imperatriz/MA
TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINISTRATIVA
– Brasília/DF – 04 (0,02% de todos os candidatos inscritos, para a cidade, no
certame5);
– Caxias/MA – 05 (0,81%);
– Goiânia/GO – 02 (0,04%);
– Imperatriz/MA – 132 (19,61%);
– Ji-Paraná/RO – 03 (0,09%);
– Picos/PI – 03 (0,31%);
– Porto Velho/RO – 01 (0,04%);
– Salvador/BA – 04 (0,02%);
– São Luís/MA – 04 (0,1%);
– Altamira/PA – 01 (0,1%);
– Belém/PA – 01 (0,03%);
– Boa Vista/RR – 02 (0,18%);
– Teresina/PI – 01 (0,03%);
– Marabá/PA – 01 (0,24%);
– Rio Verde/GO – 01 (0,3%);
– Uberaba/MG – 01 (0,09%).
5 Foi utilizado como universo, para fins de percentual o número de candidatos inscritos (e não o de candidatos presentes) em todo o certame. É que não dispomos especificamente desse dado: número de candidatos presentes em todo o Brasil, por cidade de concorrência. Ainda assim, mesmo considerando as ausências do concurso, o percentual pode ser utilizado como parâmetro para o raciocínio que será demonstrado mais à frente.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Imperatriz/MA
TÉCNICO JUDICIÁRIO – ESPECIALIDADE SEGURANÇA E TRANSPORTE
– Palmas/TO – 05 (1,74%);
– São Luís/MA – 08 (1,33%);
– Belém/PA – 01 (0,32%);
– Macapá/AP – 01 (0,6%).
A Fundação Carlos Chagas apresentou relatório, por meio de
uma análise estatística, em que defende não ter havido prejuízo ou benefício a
qualquer dos candidatos. A análise, quando muito, poderia valer apenas para
aquelas cidades de concorrência que não fossem Imperatriz/MA.
Vejamos que, para ambos os cargos, exceto a cidade de
concorrência Imperatriz/MA – Técnico Judiciário Área Administrativa –, os
envolvidos no incidente consistem em percentual inferior a 02% (dois por cento)
dos inscritos no concurso, por cidade. Para a cidade de concorrência
Imperatriz/MA, esse percentual gira em torno 20% (vinte por cento). É dizer,
pelo menos 1/5 (um quinto) dos candidatos que concorriam para a cidade de
Imperatriz/MA encontravam-se nas salas que apresentaram defeito de
impressão e cuja solução apresentada não foi a adequada.
Diante desse quadro, não se pode admitir como correta a
presunção, baseada em mera análise estatística, de que não houve prejuízo ou
benefício a qualquer dos candidatos. Veja-se que a avaliação estatística apresentada
– por ser global – contém vícios ou pode eventualmente não retratar a realidade de
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Imperatriz/MA
um ou vários candidatos, ainda que estejam dentro do desvio padrão – possibilidade
potencializada diante do percentual de candidatos concorrendo para Imperatriz/MA.
Destaque-se que não estamos tratando aqui de fraude no concurso – em que um
grupo de candidatos apresenta desempenho acima do desvio padrão –, mas sim de
um certame em que, com enorme probabilidade, não foi garantida a igualdade de
condições entre todos os candidatos. Houve, sim, potencial e lesiva quebra da
igualdade, que não pode ser desprezada, tendo em vista o grande número de
candidatos envolvidos.
Vejamos os seguintes trechos dos depoimentos dos fiscais de
sala:
- SALA 04:“Que assim que foram entregues as provas, um candidato solicitou que a depoente fosse à sua carteira, tendo-lhe mostrado questões em branco; Que, ao folhear a prova, percebeu que, em todas as páginas, havia o mesmo defeito, parecido com uma tira; Que outros candidatos começaram também a reclamar do mesmo defeito; Que a outra fiscal chamada Quésia constatou que todas as provas estavam com defeito; Que a depoente procurou o Coordenador e este pediu que aguardassem contato com a Fundação em São Paulo, prometido uma resposta em 10min; Que, enquanto isso, os candidatos começaram a fazer a prova com os cadernos defeituosos; Que o Coordenador retornou, informando que não seria possível a substituição dos cadernos com defeito, em virtude do número de provas defeituosas; Que a solução foi a de que os fiscais deveriam ler uma prova sem defeito, para que cada um dos candidatos pudesse corrigir sua prova; Que sua colega começou a ler a prova em voz alta, mas tal procedimento não funcionou, devido ao fato de que havia tipos diferentes de caderno de questões; Que, mesmo diante da explicação de que a diferença de provas se restringia à ordem das questões, os candidatos contra-argumentaram que levariam muito tempo para ler e corrigir toda a prova; Que uma candidata sugeriu que uma fiscal passasse de carteira em carteira com a prova sem defeito; Que tal sugestão foi acolhida, inclusive com o conhecimento do Coordenador; Que os candidatos continuavam a reclamar que perderiam tempo para a resolução das questões; Que nesse instante, o Coordenador informou que seria acrescentada uma hora ao tempo normal; Que o prazo inicial para a prova era de 03h, tendo ficado, portanto, em 04h, com o acréscimo; Que havia dois candidatos na sala para Técnico de Segurança, enquanto os demais concorriam para Técnico Administrativo; Que não houve substituição de nenhuma prova; Que a primeira leitura foi feita logo para os candidatos de Técnico de Segurança, porque o Coordenador já se encontrava com essa prova em mãos; Que dois ou três candidatos recusaram-se a corrigir suas questões, lidas pela fiscal em sua carteira, sob a alegação de que não queriam perder tempo; Que os mencionados candidatos acreditavam que iram se prejudicar corrigindo a prova, mesmo com o tempo adicional (...) Que não sabe precisar o tempo em que a fiscal ficava em cada carteira, porque havia candidatos que demoravam bastante, enquanto outros corrigiam a prova rapidamente; Que os menos ágeis demoravam de 05 a 07minutos – no máximo – para corrigir sua prova; Que não sabe informar o tipo de prova utilizado como modelo por sua colega fiscal (...)” (fls. 106/107);
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“Que após 15min de provas, alguns candidatos começaram a reclamar que havia provas com defeito de impressão; Que comunicaram o fato ao Coordenador da FCC, Rogério, o qual orientou que os candidatos continuassem a responder as questões legíveis, enquanto tentava solucionar o problema; Que, então, cerca de 15min depois, o Coordenador Rogério trouxe uma prova reserva, para que fossem lidas as questões que não estavam legíveis; Que sua colega Lucilene começou a ler a provas, mas alguns candidatos começaram a reclamar, porque não necessitavam da leitura, que estava atrapalhando a sua concentração; Que todos concordaram que se fosse de carteira em carteira, para ditar a prova para cada candidato que estava com a prova ilegível; Que foi acrescentada mais uma hora de prova; Que não foi substituída nenhuma prova; Que ninguém foi remanejado de sala, tendo todos permanecido no mesmo local; Que apenas em torno de 10 (dez) candidatos precisaram da leitura da prova na carteira, porque os demais não estavam sentindo tanta dificuldade; Que todos puderam ter acesso à correção da prova; Que terminou de passar nas carteiras quando ainda faltava pouco menos de 01h; Que cada candidato demorava pouco tempo para corrigir o defeito de impressão” (fls. 119/120).
- SALA 05:“Que assim que foram entregues as provas, os candidatos observaram que cerca de 15 questões, aquelas da parte inferior da prova, encontravam-se ilegíveis; Que houve defeito em todos os cadernos de questões; Que procurou o Coordenador, o qual entrou em contato com a FCC; Que o Coordenador orientou que fizessem a leitura das provas para os candidatos; Que o Coordenador informou também que não havia provas extras para substituir as defeituosas; Que na sala, havia candidatos concorrendo para os cargos de Técnico Administrativo e Técnico de Segurança e Transporte; Que não foi possível fazer a leitura, em virtude de haver cinco tipos de provas distintos para o cargo de Técnico Administrativo; Que não sabe ao certo quanto tipos de prova de Técnico de Segurança, acreditando que fossem três, o que também dificultou ou impossibilitou a leitura das questões defeituosas; Que acredita que havia cinco ou seis candidatos concorrendo para Técnico de Segurança e Transporte; Que o Coordenador foi informado da impossibilidade daquela solução; Que, então, decidiram passar de carteira em carteira, com uma prova sem defeito, para que cada candidato fizesse suas próprias correções; Que a depoente começou a passar em cada carteira, utilizando uma prova tipo 1; Que a depoente começou a passar apenas pelos candidatos que tinham prova tipo 1; Que o Coordenador trouxe os demais tipos de prova cerca de meia hora depois; Que decidiu distribuir os cinco tipos de prova pelos candidatos que ainda não tinham tido acesso às provas sem defeito, especialmente porque o tempo já se encontrava avançado e não mais seria possível passar de carteira em carteira; Que assim que determinado candidato concluía sua correção, devolvia o caderno para a depoente, que o entregava para o próximo candidato, com o cuidado de verificar se não havia preenchimento das questões (...)Que cada candidato tinha uma reação diferente; Que outros candidatos simplesmente se recusaram a fazer as correções porque disseram que não havia necessidade; Que alguns disseram inclusive que 'não precisa não, porque isso daqui não tem condições', dando a entender que acreditavam ou pelo menos desejavam a anulação da prova; Que nenhum candidato foi remanejado de sala, inclusive aqueles que tiveram os cadernos substituídos; Que a substituição dos cadernos já se deu no final (pouco mais de uma hora para terminar a prova); Que muitos candidatos mencionaram que iram fazer a prova daquele jeito, mas iriam buscar seus direitos, recorrendo contra a aplicação da prova, com a qual não concordavam; Que a maioria dos candidatos utilizou o tempo adicional, passando das 17h 45min, que o momento inicialmente previsto para o término da prova; Que a prova se encerrou às 18h 45min. Que o tempo utilizado por cada candidato para corrigir a prova variava um pouco, entre 03 e 05min. Que nenhum candidato foi embora sem ter a informação de que seria acrescida uma hora ao tempo; Que essa informação foi dada quando a depoente já se encontrava passando de carteira em carteira com a prova tipo 1” (fls. 108/109).
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“Que cerca de 15 min após as provas terem sido entregues as provas, um candidato que tinha uma questão ilegível; Que logo após outros candidatos reclamaram que tinham questões ilegíveis; Que entraram em contato com o Coordenador e este disse que iria ver o que podia fazer; Que o Coordenador voltou com provas reservas e pediu que elas fossem distribuídas; Que não se recorda se todas as provas apresentaram defeito; que algumas provas foram substituídas, mas não se recorda do número; Que sabe que nem todos concorriam para o mesmo cargo, mas não se lembra dos nomes dos cargos; Que deu tempo de essas provas passarem por todos, porque foi acrescida uma hora ao tempo de prova; Que ninguém foi embora sem saber que seria acrescida uma hora de prova; Que as duas fiscais ficaram responsáveis por passar as provas sem defeito em cada carteira; Que os candidatos ficaram exaltados, mas as fiscais os tentaram acalmar” (fls. 121/122).
- SALA 06;
“Que assim que foram entregues as provas, 10 ou 15min depois do início, um candidato reclamou que algumas questões da prova estavam com problema; (...) Que, em alguns casos, seria possível a leitura das questões, mas com bastante dificuldade e 'boa vontade'; (...) Que o Coordenador, após algum tempo solicitado por ele, apresentou a seguinte solução; que fosse ditado aos candidatos pelas fiscais as questões com defeito; Que a solução não deu certo, porque havia cinco tipos de provas diferentes e a ordem das alternativas e das questões era diferente em cada tipo de prova; Que não era possível fazer o ditado, fato inclusive que foi constatado pelo Coordenador em outra sala; Que o Coordenador afirmou que não seria substituir os cadernos porque eram personalizados; Que o Coordenador sugeriu que pegassem provas sem defeito e sem estarem respondidas (de candidatos que tinham faltado ao concurso); Que conseguiu reunir 10 (dez) provas (07 fornecidas pelo Coordenador e 3 fornecidas pela colega da sala 05), passando de carteira em carteira, para que todos copiassem as questões; Que houve candidatos que se alteraram consideravelmente; Que, inclusive, reivindicou que a prova ou que as questões com defeito fossem anuladas; Que essa candidata estava bastante alterada, inclusive incitando os demais a se alterarem também, reivindicando seus direitos; Que a grande maioria dos candidatos foi compreensiva; Que alguns candidatos, inclusive, optaram por ler a prova, mesmo com defeito, com esforço; Que alguns candidatos sugeriram que fossem anuladas as questões com defeito ou a própria prova, mas a depoente e sua colega responderam que não tinham autoridade para tal decisão; Que devido a ter reunido um número grande de tipos de prova conseguiu que, na maioria das carteiras, o candidato corrigisse seus defeitos utilizando como modelo o mesmo tipo de prova, sem defeito e sem que a prova que lhe fornecida estivesse respondida; Que a candidata que estava mais alterada também se acalmou, o que acabou acontecendo com toda a Turma; Que como a prova ficou parada por mais ou menos 01h, o Coordenador instruiu que esse mesmo tempo fosse acrescido à duração da prova; Que esse tempo de 01h levou em consideração o tempo de espera de solução e o tempo levado pelos candidatos para copiar as questões com defeito; Que havia seguidas consultas dos candidatos às fiscais e destas ao Coordenador, em busca da solução do problema; Que o tempo de correção das provas por cada candidato variava, não sendo possível precisar em relação a cada uma deles; Que alguns candidatos alegaram que aquilo era um desrespeito e que estavam se sentindo lesados, mas ninguém deixou explícito que iria fazer denúncias(...)” (fls. 110/111);
“Que assim que foram entregues as provas, 10 ou 15min depois do início, um candidato detectou que algumas questões da prova estavam com problema; Que todos os candidatos reclamaram que portavam provas com defeito; Que procurou o Coordenador, tendo este solicitado que aguardassem um pouco; Que o Coordenador, após algum tempo, levou uma prova e pediu que as fiscais ditassem as questões para os candidatos; Que a solução não deu certo porque fazia muito barulho e as provas eram diferentes; Que alguns candidatos também mencionaram que o ditado tiraria a concentração; Que, então, o Coordenador trouxe outras sete provas sem defeito, para distribuir aos candidatos; Que a depoente e sua colega arrumaram
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também outras três provas com a sala ao lado, de número 05; Que perguntava para os candidatos quem estava precisando de determinado tipo de prova e, ante a manifestação, entregava-lhe o caderno sem defeito; Que, então, iam procurar outros candidatos para distribuir as provas; Que alguns candidatos saíram sem fazer a correção, porque não quiseram ou não precisaram; Que, perguntada se teria havido tumulto, respondeu que não, mas se recorda de uma candidata que ficou um pouco alterada, alegando que não era justo a fazer uma prova daquele nível e encontrar questões apagadas daquela forma, de maneira prejudicial; Que se recorda de que um candidato indagou por que aquelas questões não seriam anuladas, tendo as fiscais respondido que não era de sua responsabilidade; Que o tempo de cada candidato para corrigir a sua própria prova variava de 10min a 15min, porque havia defeito em todas as páginas; Que foi acrescida uma hora de prova ao tempo inicial devido ao atraso, por orientação do Coordenador; Que, da constatação das falhas pelos candidatos até o Coordenador trazer as provas novas para leitura, durou cerca de 15min; Que, durante esse tempo, os candidatos não estavam respondendo as questões, aguardando a solução do problema; Que as provas não foram substituídas, porque, segundo o Coordenador, eram personalizadas; Que na sala havia candidatos para Técnico de Segurança e Transporte e para Técnico Administrativo; Que todos os candidatos que quiseram corrigir, puderam fazê-lo; Que somente quem não quis é que não fez a correção; Que todos os candidatos sabiam que seria acrescida uma hora de prova; Que a prova encerrou às 19h, horário em que a última candidata se retirou da sala; Que quase toda a turma saiu por volta de 18h 30min e 18h 40min; Que os candidatos utilizaram, portanto, o tempo de acréscimo; Que a previsão inicial, antes do acréscimo, era de que a prova se encerraria às 18h; Que nenhum candidato foi remanejado de sala”. (fls. 122/123);
- SALA 07:
“Que no período da tarde, todas as provas aplicadas na sala 07 apresentaram defeito; Que algumas questões, embora um pouco apagadas, possibilitavam a leitura dos candidatos, tanto que alguns candidatos responderam, independentemente de qualquer correção; Que chegou a ver que em todas as páginas do caderno de provas havia uma ou duas questões ilegíveis; Que ouviu uma colega, também fiscal de prova, cujo nome não se recorda, dizer que haviam 15 questões ilegíveis nas provas aplicadas na sala em que ela estava fiscalizando; Que antes de iniciar a prova, os fiscais solicitaram aos candidatos que conferissem se os cadernos de prova apresentava algum defeito, ocasião em que todos os candidatos informaram que diversas questões estavam ilegíveis; Que a depoente constatou o defeito nas provas; Que a maioria das questões estavam realmente ilegíveis; Que procurou o Coordenador da Fundação Carlos Chagas para informar sobre o problema, ocasião em que ele recomendou que os candidatos continuassem respondendo as questões que estavam ilegíveis até que ele encontrasse uma solução; Que os candidatos acataram a recomendação e continuaram respondendo as questões que estavam legíveis; Que aproximadamente 45 minutos após iniciada a prova, o Coordenador da FCC compareceu à sala 07 com uma prova sem defeitos e pediu à depoente e à outra fiscal que ditassem as questões ilegíveis para os candidatos; Que logo que começaram a ditar as questões constatou-se que a solução era inviável, posto que cada prova possuía uma ordem diferente de alternativas; Que essa medida deixou os candidatos bastante irritados; Que após a reclamação generalizada dos candidatos, a outra fiscal, de nome Flor de Liz, passou de mesa em mesa ditando as questões para cada candidato isoladamente; Que, seguindo ordem do Coordenador, foi concedida uma hora a mais para que os candidatos respondessem as questões; Que os candidatos reclamaram bastante da solução apresentada, pois se sentiram prejudicados; Que só havia uma prova correta e uma única fiscal para ditar as questões, muito embora tivessem mais de 40 (quarenta) candidatos na sala; Que acredita que os candidatos da sala 07 foram prejudicados, uma vez que as reclamações tiraram a concentração dos candidatos; Que algumas pessoas aparentavam bastante nervosismo em razão do defeito apresentado no caderno de provas (...) Que todos os candidatos aceitaram corrigir a prova, embora a maioria tenha reclamado da solução apresentada pela FCC; Que nenhum candidato foi remanejado de sala; Que todos os candidatos tiveram as provas corrigidas em tempo suficiente para o término das questões; Que todos os candidatos entregaram o caderno de provas
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respondido dentro do tempo que lhes foi concedido; Que o tempo de leitura de prova não era o mesmo para todos os candidatos, havendo uns mais rápidos e outros mais lentos; Que, em média, a fiscal Flor de Liz demorava 5 (cinco) minutos para ler as questões corretas aos candidatos; Que cada candidato pediu para a fiscal ditar as questões que ele não conseguiu ler, sendo que a quantidade de questões variava de acordo com cada candidato, razão pela qual alguns tiveram a prova corrigida em menos tempo do que outros (...)” (fls. 113/114);
“Que assim que foram entregues as provas, alguns candidatos descobriram que algumas questões encontravam-se ilegíveis; Que, chamado, o Coordenador orientou que os candidatos deveriam continuar fazendo a prova; Que o defeito ocorreu em todas as provas da sala, mas alguns candidatos disseram que podiam ler, sem necessidade de correção; Que o Coordenador, depois de algum tempo, voltou e trouxe uma prova de Técnico Administrativo, para que as fiscais ditassem as questões que estavam apagadas; Que na sala havia apenas um candidato para Técnico de Segurança e Transporte; Que o Coordenador disse que, em breve, resolveria o problema deste; Que, logo no início da leitura, os candidatos chamaram a atenção das fiscais, porque as questões encontravam-se ordenadas de maneira diversa; Que decidiu, então, passar de carteira em carteira, para que cada candidato pudesse corrigir sozinho suas questões; Que as provas não foram substituídas; Que ninguém foi remanejado de sala; Que o tempo de correção em cada carteira variava entre 05min a 07min; Que algumas pessoas nem precisaram de correção, que entenderam que a prova estava legível; Que em todo tempo foi utilizado pela depoente, como correção, apenas uma única prova; Que não se recorda o tipo de prova utilizado para a correção; Que algum tempo depois, o Coordenador trouxe uma prova de Técnico de Segurança e Transporte para corrigir as suas questões; Que, logo no início em que detectadas as falhas de impressão, o Coordenador disse para que não se preocupassem, porque seria acrescentada uma hora de prova ao prazo inicial; Que ninguém foi remanejado de sala; Que ninguém teve o caderno substituído; Que a maioria dos candidatos reclamou, afirmando que aquilo os havia deixado nervosos, que os atrapalharia; Que não houve caracterização de tumulto; Que o Coordenador voltou com a prova sem defeitos por volta de 40min após o início do tempo; Que não sabe dizer se os candidatos foram prejudicados; Que ninguém, exceto os que não quiseram, ficou sem corrigir a prova; Que todos souberam que seria acrescida uma hora de prova” (fls. 124/125);
SALA 08:
“Que assim que foram entregues as provas, alguns candidatos reclamaram que a última questão encontrava-se com falhas; Que rapidamente entrou em contato com o Coordenador da FCC que se encontrava na escola; Que o Coordenador da FCC, depois de entrar em contato com a Fundação em São Paulo, voltou à sala e perguntou quantos estavam com o referido problema e para quais cargos estavam concorrendo, especificando a quantidade de cada um; Que o defeito de impressão não aconteceu em todas as provas, mas não sabe precisar a quantidade de provas afetadas; Que na sala 08, havia 05 candidatos concorrendo para Técnico de Segurança; Que, após, o Coordenador voltou e lhe entregou uma prova sem defeito, para que fosse feita a correção das demais que se encontravam com falhas de impressão; Que a depoente começou a ditar as questões, mas, em virtude de haver diferentes tipos de prova e, portanto, as questões estarem ordenadas de modo diverso, não foi possível a leitura para que os candidatos copiassem; Que os candidatos sugeriram que a prova sem defeito fosse passada de carteira em carteira, para que cada um pudesse corrigir a sua própria prova, sem atrapalhar os demais; Que a depoente acolheu a sugestão e, começou a passar de carteira em carteira; Que alguns candidatos, mesmo com o defeito de impressão, disseram que seria possível fazer a leitura das assertivas; Que só fez leitura para os candidatos com defeito que concorriam para Técnico Administrativo; Que, para os candidatos que concorriam para Técnico de Segurança, foram substituídas três
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provas com defeito; Que, na hora da substituição, um candidato de Técnico de Segurança já havia ido embora e um outro disse que sua prova não estava com defeito; Que não sabe dizer o nome de cada um deles; Que não sabe dizer se o candidato de Técnico de Segurança que foi embora mais cedo era portador de prova com defeito; Que, portanto, só foi providenciada a substituição de três provas para Técnico de Segurança; Que, quando houve a substituição, já havia um bom tempo de prova e, inclusive, a depoente já havia passado de carteira em carteira, corrigindo as provas de Técnico Administrativo; Que acredita era por volta de 16h; Que a previsão inicial de término da prova era para ocorrer às 17h 45min, mas foi acrescida uma hora; Que a prova terminou às 18h 45min; Que foi avisado aos candidatos sobre o acréscimo de tempo, quando a depoente já tinha passado de carteira em carteira; Que houve candidatos que saíram antes mesmo das 17h 45min, mas a maioria saiu mesmo no final do horário (18h 45min); Que os candidatos de Técnico de Segurança que tiveram a prova substituída continuaram na mesma sala 08; Que ninguém foi remanejado de sala; Que, portanto, todos os candidatos da referida sala 08 tiveram uma hora a mais de prova, inclusive aqueles que possuíam provas sem defeito, desde o início; Que o tempo necessário para cada candidato corrigir a sua própria prova variava, devido à agilidade do candidato; Que acredita que a prova sem defeito passada pela carteiras era do tipo 2; Que o tempo por cada candidato chegava no máximo a 05 (cinco) minutos, mas não tem certeza, porque não estava cronometrando; Que quando o candidato também tinha o mesmo tipo de prova, a correção da falha ocorria de maneira mais rápida; Que conseguiu passar por todos os candidatos; Que nenhum candidato da sala chegou a reclamar do procedimento, não tendo ocorrido tumulto; Que os candidatos não chegaram a conversar entre si, quando detectada a falha; Que todos os candidatos sabiam que iria ser acrescentado uma hora de prova, não tendo ninguém ido embora sem essa informação” (fls. 115/116);
“Que assim que foram entregues as provas, alguns candidatos reclamaram que algumas questões estavam apagadas; Que foi atrás do Coordenador Rogério, o qual, após entrar em contato com a Fundação; Que, apesar da orientação do Coordenador para que ficassem tranqüilos, alguns candidatos se exaltaram, começaram a falar alto, acreditando que seriam prejudicados, após terem pago para fazer a prova; Que, então, o Coordenador foi novamente acionado, diante da exaltação de alguns candidatos; Que o Coordenador pediu firmemente que os candidatos não criassem tumulto, porque o problema seria resolvido e, se necessário, teriam, inclusive, um tempo adicional de prova; Que ele trouxe uma prova visível, para que fosse ditada; Que, em vez de ditar, os candidatos preferiram que as questões fossem corrigidas em suas carteiras, porque apenas cinco solicitaram esse auxílio; Que os demais que tinham provas com defeito sentiram-se habilitados a ler as provas; Que não sabe dizer exatamente quantas provas apresentaram defeito, mas se recorda que apenas 05 (cinco) candidatos solicitaram que lhes fossem lidas as questões; Que, quando o Coordenador trouxe a prova sem defeito, disse que seria acrescida uma hora de prova, o que de fato foi feito, tendo todos os candidatos concordado; Que nenhum candidato foi remanejado de sala; Que não se recorda se alguém teve a prova substituída, mas acredita que não; Que havia candidatos concorrendo para cargos diversos, não se recordando o nome e nem sabendo dizer o número de cada um deles; Que a Dalvaci começou a ler as questões, mas alguns candidatos começaram a reclamar que estavam perdendo a concentração, motivo por que resolveu passar junto da carteira daqueles que pediram; Que deu tempo para todos corrigirem suas questões; Que todos souberam que seria acrescida uma hora de prova; Que deseja acrescentar que o Coordenador se mostrou bem preocupado com o problema, atuando de maneira firme, a fim de buscar uma solução” (fls. 126/127).
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Pelos depoimentos prestados pelas fiscais de cada sala –
além, inclusive, de alguns candidatos sala 05 (fls. 203/210) –, percebe-se,
claramente, que os fatos se deram de maneira diversa em cada um dos recintos;
houve reações diferentes; as maneiras de solução do problema não foram as
mesmas; em alguns casos, houve paralisação da prova, em outros, não; na sala 08,
houve candidatos com cadernos sem defeito que tiveram 01h adicional de tempo; as
reações dos candidatos, diante de uma situação que não foi causada por eles e que
não se encontra dentre os que normalmente ocorrem em um concurso, não foi
uniforme. Em razão de todas essas questões, não se pode presumir, de maneira
generalizada, como fez a FCC, a inexistência de quebra do princípio da isonomia e,
em conseqüência, da eficiência e da impessoalidade.
Quanto à validade das provas de concorrência para cidade
diversa de Imperatriz/MA, tal conclusão pressuporia exame detalhado e individual –
a par, portanto, da coletividade daqueles que concorrem para Imperatriz/MA – das
condições de prova de cada um dos candidatos; ocorre que tal providência não se
encontra dentro da perspectiva coletiva que orienta a atuação do Ministério Público.
Sendo assim, eventuais prejudicados devem agir individualmente, nesses casos.
Do exposto, conclui-se, portanto, pela invalidade da
aplicação das provas objetivas, para o cargo de Técnico Judiciário – Área
Administrativa, para a cidade de concorrência Imperatriz/MA.
A partir de tal ilação, surge, portanto, uma outra questão: a
colocação do problema em face do que dispõe o edital do concurso, quanto às listas
“geral da Primeira Região” e “da Unidade da Federação”.
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É que o edital do concurso determina a formação, além da
lista de classificação por cidade de concorrência, de lista geral da Unidade da
Federação (item XIV, alínea 2.1, “a”) e de lista geral da Primeira Região (item
XIV, alínea 2.1, “b”), para fins, sucessivamente, de provimento de cargos onde não
haja candidatos aprovados (por exemplo, criação e instalação de nova Subseção
Judiciária).
Ocorre que, com a declaração de nulidade das provas
objetivas para a cidade de concorrência Imperatriz/MA, estes candidatos deverão se
submeter a novo teste, obviamente diverso da anterior; com maior tempo de estudo,
talvez mais fácil, talvez mais difícil, mas o fato é que será aplicado em condições
diferentes. Em suma, mais uma vez restará ofendida a isonomia se forem formadas
a lista geral do Maranhão e a lista geral da Primeira Região. Nada impede, por outro
lado, que se apliquem novas provas objetivas de TA para os concorrentes de
Imperatriz/MA, formando-se as listas de concorrência das demais cidades e das
demais Unidades da Federação, tudo dentro do válido poder de decisão do
administrador.
DA CONCLUSÃO.
Diante de todas as considerações acima, o Ministério Público
Federal, por intermédio da Procuradoria da República no município de Imperatriz,
presentados pelos procuradores signatários, resolvem, com base no art. 6º, inciso
XX, da Lei Complementar n. 75, de 20/05/1993, RECOMENDAR ao Tribunal
Regional Federal da Primeira e à Fundação Carlos Chagas o seguinte:
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERALProcuradoria da República no Município de Imperatriz/MA
a) seja declarada nula a aplicação das provas objetivas,
do último dia 03/12/2006, para o cargo de Técnico Judiciário – Área
Administrativa, cidade de concorrência Imperatriz/MA, do concurso público em
andamento para provimento de cargos daquele Tribunal e respectivas
Seções/Subseções Judiciárias;
b) não sejam formadas a lista geral do Maranhão e a lista
geral da Primeira Região, a que faz referência o item XIV, alínea 2.1, do edital do
referido concurso.
À Secretaria: encaminhe-se cópia, via fac-símile e via
expressa (neste caso, com cópia integral dos autos) da presente Recomendação ao
Egrégio Tribunal Regional Federal da Primeira Região, na pessoa de sua
Desembargadora-Presidente, e à Fundação Carlos Chagas, na pessoa de seu Diretor-
Presidente, solicitando-se expresso acolhimento da recomendação, no prazo
máximo de 10 (dez) dias. Consigne-se que o não-acolhimento da Recomendação
ensejará a adoção de outras medidas de atribuição do Ministério Público Federal,
em especial a propositura de demanda judicial com idêntico objeto.
Imperatriz/MA, 01º de fevereiro de 2007.
CLARISIER AZEVEDO CAVALCANTE DE MORAISProcuradora da República
PEDRO HENRIQUE OLIVEIRA CASTELO BRANCOProcurador da República