procivil iii - apostila1

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PROCESSO CIVIL III - PROCESSO DE EXECUONoes gerais: a funo do Estado substitutiva no exerccio da jurisdio, j que no dado a ningum fazer justia com as prprias mos. No processo de conhecimento houve um acerto quanto pretenso do autor e o processo de execuo que, justamente vai efetivar aquilo que foi acertado mas restou insatisfeito. A estrutura tripartida do processo civil brasileiro (conhecimento, execuo e cautelar) herana direta da fase autonomista do processo , inaugurada com a obra de Bllow, a partir da qual foram sistematizados o principais institutos processuais e que fez com que o direito processual recebesse roupagem cientfica. A evoluo da processualstica civil tende a desaparecer com essa trilogia, para termos tutelas jurisdicionais satisfativas ( cognitivas ou executivas ) e de urgncia ( de natureza antecipatria ou cautelar ) e tudo sem a necessidade de instaurao de um processo autnomo para cada uma das respectivas tutelas desejadas. Depois da etapa autonomista, vivenciamos a fase instrumentalista ou da instrumentalidade, que a difuso da conscincia dentre os que manejam o processo, de que o processo mero instrumento de direito material, sendo tambm instrumento para que a jurisdio alcance seus escopos sociais, jurdicos, polticos e econmicos. Vale dizer, a instrumentalidade do processo pretende que o instrumento da jurisdio seja efetivo, que cumpra, realmente, sua misso constitucional de pacificao. Esse novo matiz do direito processual civil importante que se compreenda, porque justamente o que d suporte s diversas alteraes que se tm verificado neste ramo do direito. Desde a Lei 10.444/2002 e depois com a 11.232/2005, o que se vislumbra a busca desta instrumentalidade processual, com perspectiva para uma terceira etapa evolutiva que a busca da utilidade do processo. O processo civil deve no s ser um instrumento para o exerccio do direito material. Deve tambm ser til em seus resultados sob a tica do jurisdicionado. Ele deve ser um instrumento de pacificao social e til quele que dele necessita. A tendncia , portanto, termos um processo nico , que se desenvolva de forma til, com carter satisfativo ou de urgncia, sem as adjetivaes de hoje referentes ao processo cognitivo, executivo e cautelar. Vivenciamos a poca do processo unitrio. Importante observar, no entanto que, embora tratemos de um processo nico, os campos de atuao do conhecimento e da execuo no se confundem. O processo de cognio visa a soluo enquanto o de execuo visa realizao das pretenses. Da, porque a execuo forada no pode ser tratada como uma parte integrante do processo em sentido estrito, nem sequer como uma conseqncia necessria dele.

CARACTERSTICAS DA TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA OU NA DENOMINAO TRIPARTIDA O PROCESSO DE EXECUO No processo de execuo ou na tutela jurisdicional executiva (denominao instrumental/utilitarista) no h propriamente lide. No h aplicao do direito a nenhum caso controvertido , no h soluo de litgio, mas efetivao daquilo que recebeu em definitivo um acertamento . Antes da Lei 10.444/2002 e da recente lei 11.232/2005 podamos falar que as caractersticas do processo de execuo fundado em ttulo judicial ou extrajudicial eram as mesmas, tendo em vista que o mesmo procedimento era utilizado para ambas as modalidades. No entanto, com essas novas leis, houve uma mudana ontolgica no processo de execuo de entrega de coisa, de obrigao de fazer e de pagamento de quantia certa, quando fundado em ttulos judiciais. Agora, para essa categoria de ttulos os judiciais prescinde-se da inaugurao de um novo processo de execuo, sendo que no caso das execues de entrega de coisa e de obrigao

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de fazer, as sentenas hoje so mandamentais ou constitutivos-executrias ( art. 461 e 461-A do CPC) e nas sentenas condenatrias de quantia certa, a execuo se dar no prprio processo de conhecimento, como um incidente. Assim, teremos as seguintes caractersticas do processo de execuo ou da tutela jurisdicional executiva : 1. Nos ttulos extrajudiciais: trata-se de uma relao completamente autnoma em relao ao processo de conhecimento. A partir da Lei 11.232/2005 o processo de execuo, como relao processual instaurada para realizao ou satisfao de direito subjetivo j acertado, remdio processual que apenas se aplica execuo de ttulos executivos extrajudiciais. Atualmente, no direito processual brasileiro, cumprimento de sentena e processo de execuo so realidades distintas e inconfundveis. Embora o juiz utilize atos e procedimentos do processo de execuo para fazer cumprir a sentena condenatria, isto se passa sem a instaurao de uma nova relao processual, ou seja , sem a relao prpria do processo de execuo. Surge no processo de execuo dos ttulos extrajudiciais um novo processo, uma nova relao processual . O processo de execuo contraditrio, mas no na forma como se verifica no processo de conhecimento . Esse contraditrio se revela pela comunicao idnea dos atos ao executado, participando no processo, mas sem oposio contestatria . No entanto , no h que se falar em deciso de mrito na ao de execuo. A atividade do juiz prtica e material. um processo de coao. Pode-se questionar , uma possvel contradio nesta afirmativa de que inexiste deciso de mrito na execuo, tendo em vista a sentena dos embargos. Todavia, tal paradoxo inexistente. Os embargos so uma ao de conhecimento, paralela execuo; uma nova relao processual que se estabelece e que no se confunde com a execuo. Da porque, nos embargos propriamente h sentena de mrito e na execuo no. Os institutos no se confundem. Desobedecido o preceito normativo, a coatividade da ordem jurdica se far atravs da sano . A sano na ordem do processo de execuo consistir na extrao do patrimnio do devedor a quantia necessria e com ela realizar o pagamento ao credor, seja da indenizao, seja do ttulo de crdito. 2. Nos ttulos judiciais: anteriormente, poderamos falar que tambm em relao aos ttulos judiciais, o processo de execuo era autnomo. No entanto, com a edio das leis 10.444/2002 e da Lei 11.232/2005 a situao se alterou. A autonomia do processo de execuo j conhecia as suas excees desde os idos de 1973, em sentenas auto-executveis ou executivas lato sensu, como por exemplo aes possessrias, de despejo, onde , no obstante serem aes condenatrias, o comando judicial proveniente do processo cognitivo, externado em mandados , era bastante por si s para satisfazer a pretenso deduzida, sendo desnecessria a instaurao de novo processo. A exceo passou gradativamente a tornar-se regra. Verificou-se o enorme obstculo que era efetividade da prestao jurisdicional, a diviso entre processo cognitivo e executivo. Assim, o legislador estabeleceu o processo de execuo, agora como uma fase processual, uma conseqncia imediata do processo de conhecimento. Isso deu-se inicialmente nas execues de sentenas condenatrias entrega de coisa e de obrigao de fazer/no fazer , prescinde-se de um processo de execuo, pois a prpria sentena auto-exeqvel , aos moldes dos art.s 461 e 461-A do CPC ( Leis 8.952/94 e 10.444/2002) .

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Com relao s sentenas condenatrias a pagamento de quantia certa, h uma execuo, mas que no se opera mais nos moldes da execuo dos ttulos extrajudiciais, como era antes da gide da Lei 11.232/2005. Agora, a execuo desses tipos de ttulos judiciais ocorre nos prprios autos do processo de conhecimento. No se instaura uma nova relao processual, com a citao do devedor, nos termos do art. 652 do CPC. Simplesmente, como preconiza o art. 475-J , no cumprindo o devedor voluntariamente a sentena, expede-se mandado de penhora/avaliao, intimando-se o executado deste ato na pessoa de seu advogado.

* importante observar que para a sentena condenatria e ttulos judiciais equiparados oremdio executivo no mais o processo de execuo, provocvel pela ao executiva que independente. O procedimento desde a Lei 11.232/2005 o cumprimento de sentena. A execuo se converteu em um incidente, que podemos denominar incidente de cumprimento de sentena. Concluindo: ao contrrio dos ttulos extrajudiciais, nos judiciais para pagamento de quantia certa, no se estabelece um processo de execuo, com as caractersticas de um novo processo autnomo, uma nova relao processual . E, nos ttulos judiciais de entrega de coisa e obrigao de fazer e no fazer, sequer se cogita de processo de execuo, porque a prpria sentena j constitutivo-executria. Obs: AES SINCRTICAS: so aquelas que admitem simultaneamente cognio e execuo, isto , medida que o juiz vai conhecendo e, de acordo com as necessidades delineadas pela relao de direito material apresentada e a tutela perseguida pelo autor, vai tambm executando (satisfazendo) provisoriamente, fulcrado em juzo de verossimilhana ou probabilidade... ( Joel Dias Figueira Jnior sincretismo processual). Assim, a efetivao forada da sentena condenatria ser feita como etapa final do processo de conhecimento, aps um tempus iudicati sem necessidade de um processo autnomo de execuo. So assim, alteradas as cargas de eficcia da sentena condenatria, cuja executividade passa a um primeiro plano, em decorrncia, a sentena passa a ser o ato de julgamento da causa. Em termos resumidos, sincretismo processual a tcnica legislativa e judiciria de apertar, simultaneamente em um mesmo processo, a execuo e cognio. OBSERVAO: Mas nem sempre foi assim. Essa questo est muito bem abordada pelo emrito Professor Humberto Theodoro Jnior , ao relembrar o instituto romano da actio iudicati ( Vide De Plcido e Silva, in Vocabulrio Jurdico define o instituto: ao de execuo da sentena transitada em julgado ( Direito Romano). que foi incorporado no direito moderno, assim dissertando : ...J no final da Idade Mdia e nos princpios da idade Moderna, o incremento do intercmbio comercial fez surgir os ttulos de crdito, para os quais se exigia uma tutela judicial mais expedida que a do processo comum de cognio. Foi ento que se ressuscitou a actio iudicati romana, por meio da qual se permitia uma atividade judicial puramente executiva, dispensando-se a sentena do processo de cognio... ...Durante vrios sculos coexistiram as duas formas executivas: a executio per officium iudicis, para as sentenas condenatrias, e a actio iudicati, para os ttulos de crdito. Prevalecia para o ttulo judicial uma total singeleza executiva, visto que estando apoiado na indiscutibilidade da res judicata, no cabia ao devedor praticamente defesa alguma . ( ...) Essas duas modalidades de execuo perduraram, paralelamente, at o sculo XIX, com o Cdigo de Napoleo, que tomou a iniciativa de unificar a execuo. Como, em volume, as execues de ttulos de crdito eram muito mais numerosas e freqentes do que as execues de sentena, a unificao se deu pela prevalncia do procedimento prprio dos ttulos extrajudiciais.

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Desta forma, possuamos um nico processo, para ttulos que eram ontologicamente diferentes, dando um tratamento igual e que, trouxe todas essa distores que vivenciamos hoje de uma execuo de sentena demorada e exaustiva .

A EXECUO FORADA PODE ATUAR DE DUAS MANEIRAS 1. Como execuo especfica: nos casos das obrigaes de entrega de coisa certa . 2. Como execuo da obrigao subsidiria: nos casos em que o Estado propicia ao credor o valor equivalente de seu crdito, atravs da expropriao , face o inadimplemento da obrigao . A execuo forada no se confunde com o processo de execuo . Aquela o contedo do processo de execuo, consiste na realizao material e efetiva da vontade da lei . J o processo de execuo o conjunto de atos coordenados para atingir o fim da execuo forada que a satisfao do direito do credor custa dos bens do devedor. Meios de execuo: h a coao ( multa e priso ) e a sub-rogao. D-se a sub-rogao, na medida em que o Estado atua como substituto do devedor inadimplente , para , mesmo sem sua colaborao e at contra sua vontade, satisfazer o credor. H tambm nas sentenas de entrega de coisa e de fazer e no fazer as chamadas medidas de apoio ( art. 461 e 461-A). A autonomia do processo de execuo e de conhecimento pode ser verificada atravs de duas circunstncias: 1. Nem todo processo de conhecimento desemboca num processo de execuo, porque pode haver o cumprimento voluntrio da obrigao. 2. Nem todo processo de execuo tem como pressuposto uma sentena condenatria, uma vez que a execuo pode basear-se em ttulos extrajudiciais.

PRINCPIOS INFORMATIVOS DA TUTELA JURISDICIONAL EXECUTIVA: 1. Toda execuo real: isto , a execuo incide sobre o patrimnio. Excees : depositrio infiel e a devedor de penso alimentcia. O STF j firmou entendimento de que no inconstitucional a priso do depositrio infiel. 2. Toda execuo tende apenas satisfao do direito do credor: a execuo deve atingir a poro indispensvel para a realizao do direito do credor (vide art. 659 e 692 do CPC ) . 3. Toda execuo deve ser til ao credor: no se permite que a execuo se transforme em instrumento de simples castigo ou sacrifcio do devedor ( art. 659, 2 do CPC e 620 ) . 4. a execuo deve ser especfica: isto , deve propiciar a satisfao do credor na medida do possvel , precisamente aquilo que obteria se a obrigao fosse cumprida pessoalmente pelo devedor. 5. a execuo deve correr a expensas do devedor: o nus da execuo devem ser suportados pelo devedor, j que foi ele quem, com sua mora, deu causa ao processo de execuo ( arts 651 e 659). 6. a execuo deve respeitar a dignidade humana do devedor: no pode a execuo colocar o devedor numa situao incompatvel com a dignidade humana e de sua famlia. Exatamente por isso o CPC arrola no art. 649 uma srie de bens e valores que so impenhorveis. Sob o mesmo fundamento a Lei 8.009/90.

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7. o credor tem a livre disponibilidade da execuo: o credor pode a qualquer tempo desistir da execuo, renunciando mesmo ao seu direito. Nesta hiptese, ao contrrio do processo de conhecimento, o exeqente pode desistir, independentemente da concordncia do devedor ( art. 569 ) . Com a desistncia o credor naturalmente assume os nus das custas. OBS: No entanto, sendo os embargos uma ao de conhecimento em que o autor o executado, se lhe convier poder o devedor prosseguir no feito, mesmo que o credor desista da execuo, em casos como aquele em que se pretenda a anulao do ttulo executivo ou a declarao de extino do dbito nele documentado.

FORMAS DE EXECUO 1. NOS TTULOS EXTRAJUDICIAIS: (houve alteraes realizadas pela Lei 11.382/2006) 1. Entrega de coisa certa ou incerta ( art. 621 e 629 ). 2. Execuo de obrigao de fazer e no fazer ( art. 632 a 638 e 642 a 643 ). * Obs : os artigos 639, 640 e 641 do CPC foram revogados pela Lei 11.232/2005 e previam a execuo de obrigao de fazer consistente em emitir declarao de vontade, que agora esto nos artigos 466-A, 466-B ,466-C do CPC. 3. Execuo por quantia certa, com os ritos especiais contra a Fazenda Pblica e execuo de prestaes alimentcias. 4. Execuo singular e a execuo coletiva : na primeira o credor adquire com a penhora a preferncia sobre todos os credores quirografrios no produto da execuo. Na execuo coletiva ou concursal, precedida de uma sentena que declara a insolvncia do devedor, formando-se um concurso entre credores que concorrem sobre o produto , participando proporcionalmente . 2. NOS TTULOS JUDICIAIS: 1. Execuo para entrega de coisa certa ou incerta ( art. 461/ CPC). 2. Execuo de obrigao de fazer e no fazer ( art. 461-A e arts. 466-A, 466-B e 466-C ). 3. Execuo por quantia certa , agora nominada de cumprimento da sentena 11.232/2005 ( arts. 475- J e segs.) pela Lei

Atos processuais: os atos de execuo sero atos de mero expediente e atos executrios em sentido estrito, no caso de decises como determinar um reforo de penhora teremos decises interlocutrias. O processo de execuo termina com uma sentena (art. 795), que uma sentena em sentido formal, uma vez que inexiste qualquer provimento de mrito. O processo de execuo se inicia com a citao, mas a execuo forada, entendida como sendo aqueles atos materiais de agresso ao patrimnio do executado, s existem a partir da penhora. No caso de cumprimento de sentena, o trmino do incidente de execuo no por sentena, mas mera deciso interlocutria. Tambm no se cogita de citao, j que no h o estabelecimento de uma nova relao processual, mas to somente uma continuidade. Da, porque o devedor to somente intimado da execuo forada que tem incio ( art. 475-J, 1).

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EXECUO PROVISRIA E DEFINITIVA Dispositivos: Art. 588/CPC revogado pela Lei 11.232/2005, hoje disciplinado no art. 475-O. A execuo definitiva, d-se quando o credor tem sua situao reconhecida de forma imutvel, ou seja com o ttulo extrajudicial ou com a sentena trnsita em julgado art. 587 do CPC. O dispositivo foi mantido pela Lei 11.232/2005 e sofreu alteraes com a Lei 11.382/06 passando para a seguinte redao: definitiva a execuo fundada em ttulo extrajudicial; provisria enquanto pendente apelao da sentena de improcedncia dos embargos do executado, quando recebidos com efeito suspensivo( Art. 739 ) . Na redao original mencionava-se que a execuo era provisria quando a execuo definitiva quando fundada em sentena transitada em julgado ou em ttulo extrajudicial; provisria, quando a sentena for impugnada mediante recurso, recebido s no efeito devolutivo. Para os ttulos judiciais, a regra a do art. 475, I, 1, introduzido pela Lei 11.232/2005 que dispe in verbis : definitiva a execuo da sentena transitada em julgado e provisria quando se tratar de sentena impugnada mediante recurso ao qual no foi atribudo efeito suspensivo. Assim, a execuo provisria, s ocorria nos casos de ttulos judiciais e tem carter excepcional , s sendo admitida em determinadas hipteses elencadas no art. 520 do CPC , quando se admite a apelao to somente no efeito devolutivo . Nestes casos, a sentena ainda no definitiva, vez que h um recurso pendente e justamente por isso, a execuo tambm h de ser provisria. A execuo do ttulo extrajudicial era sempre definitiva, mas agora com a Lei 11.382/2006, pode ser provisria . Da antiga redao do art. 587, restou apenas a referncia ao ttulo executivo extrajudicial, na primeira parte do dispositivo, no mais se mencionando sobre o ttulo judicial, j que tratado no art. 475-I. Os reformadores aproveitaram para disciplinar, na segunda parte do novo art. 587, a execuo da sentena de improcedncia dos embargos do executado, na execuo por ttulo extrajudicial, quando recebidos tais embargos no efeito suspensivo, dispondo que, enquanto pendente a apelao, a execuo provisria. A referncia feita entre parnteses, ao art. 739, deveria ter sido feita ao seu 1, segundo o qual os embargos ( do devedor) sero sempre recebidos com efeito suspensivo, e que j foi alterado pela Lei 11.382/2006. Duplo erro, portanto. O correto seria a remisso ao novo art. 739-A, 1 do CPC. OBSERVAO: Com essa nova redao do art. 587 do CPC, alterou-se por completo aquele que era o entendimento jurisprudencial a esse respeito. Antes da Lei 11.382/2006 mesmo havendo embargos e sendo eles julgados improcedentes, a execuo fundada em ttulo extrajudicial era tida por definitiva: A esse respeito o STJ manifestava o seguinte entendimento: definitiva a execuo fundada em ttulo extrajudicial, ainda que pendente de julgamento a apelao da sentena que repeliu embargos do devedor. No se torna provisria se interposta apelao da deciso de improcedncia proferida nos embargos execuo, porquanto os efeitos deste recurso referem-se deciso impugnada, no ao ttulo executivo, mormente se extrajudicial, que j tido como definitiva a teor do art. 587 do CPC . Foi inclusive editada a Smula 317 do STJ com os seguintes dizeres: definitiva a execuo de ttulo extrajudicial ainda que pendente apelao contra sentena que julga improcedentes os embargos. Agora, a nosso aviso, a Smula torna-se incompatvel com o art. 587/CPC, j que expressamente menciona a provisoriedade da execuo fundada em ttulo extrajudicial, no caso de apelao contra a sentena que julgou improcedente os embargos.

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PRINCPIOS DA EXECUO PROVISRIA ( art. 588 do CPC revogado , hoje art. 475O) De pronto, impende salientar que o novo art. 475-O em nada alterou esses princpios, j estatudos no revogado art. 588 do CPC. 1. realizada por conta e risco do exeqente: assim, como pode haver uma modificao da sentena o exeqente obriga-se a reparar os danos causados. A REDAO ANTERIOR DO ART. 588, I PREVIA A NECESSIDADE DE CAUO SEMPRE. A NOVA REDAO DADA PELA LEI 10.444/02 RETIROU A EXPRESSO QUE PRESTAR CAUO. 2. No abrangia atos que importassem alienao de domnio e nem se permitia, sem cauo idnea , o levantamento de depsito em dinheiro: desta forma, na execuo por quantia certa , nunca se atingia a arrematao, nem mesmo em face de cauo prestada pelo credor. COM A LEI 10.444/02 QUE DEU NOVA REDAO AO ART. 588, II do CPC, PODE-SE MEDIANTE CAUO, NO SOMENTE LEVANTAR DINHEIRO, COMO TAMBM PRATICAR ATOS QUE IMPORTEM ALIENAO DE BENS. O 2 DO ART. 588 DO CPC ( hoje art. 475-O, 2, inciso I ) possibilitou a dispensa de cauo nas hipteses de crdito de carter alimentar at o limite de 60 salrios-mnimos. Neste conceito de crdito alimentar abrange-se tambm as indenizaes por atos ilcitos ( art. 948, II do NCC ). Melhor seria a denominao estado de carncia, que deve ser uma hiptese de presuno em favor do exeqente, porque, afinal, quem demanda alimentos porque provou que precisa, e tem direito a eles, razo porque venceu a demanda, no sendo justo que, por ocasio da execuo, se veja na contingncia de garantir, mediante cauo, o recebimento daquilo que necessita para sobreviver. A respeito dessa necessidade de cauo, Carreira Alvim tece o seguinte comentrio : Se interpretado com rigor, esse preceito constitui um retrocesso no nosso direito, porquanto, at ento, se entendeu que as quantias pagas a ttulo de alimentos, mesmo provisrios, so irrepetveis, dando a impresso de que alguma coisa mudou, na medida em que a lei venha a exigir cauo para o levantamento de crdito de natureza alimentar .Em outros termos, criando duas categorias de alimentandos: a ) a dos que se encontram em estado de necessidade ; e b) a dos que no esto em estado de necessidade. ( in Cdigo de Processo Civil Reformado) A lei 11.232/2005 acrescentou nova hiptese de dispensa de cauo, estatuda no art. 475-O, 2, inciso II , que dispe: - nos casos de execuo provisria em que penda agravo de instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de Justia ( art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar risco de grave dano, de difcil ou incerta reparao. 3. A execuo fica sem efeito se sobrevier deciso que modifique ou anule: trata-se de uma hiptese de responsabilidade objetiva que decorre da vontade da lei. Assim, independentemente de haver ou no culpa por parte do exeqente arcar ele com todos os eventuais danos causados ao devedor. OBS: Na execuo provisria, o edital deve constar a pendncia de recurso ( art. 686, V). No caso de um provimento parcial do recurso, que diminua o valor da dvida, no se rescinde, em

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princpio a arrematao, salvo se for uma diferena substancial , que pode ser regatada de forma menos onerosa.

SENTENAS SUJEITAS EXECUO PROVISRIA ( ART. 520) 1. Homologatria de diviso e demarcao: o procedimento especial de diviso e demarcao prev duas etapas. A primeira em que se define se o caso ou no de dividir ou demarcar e a segunda que homologa a diviso ou a demarcao. quanto a esta segunda que h a possibilidade de execuo provisria. 2. Sentena de alimentos: Alm do CPC a prpria lei de alimentos (5.478/68) no seu art. 14 , prev que a apelao recebida to somente no efeito devolutivo. 3. Sentena do processo cautelar: a deciso no processo cautelar passvel de execuo provisria, na medida em que no faria sentido aguardar-se a deciso do recurso, para s ento, gerar efeitos, ainda mais sabendo-se que o processo cautelar tem como pressuposto o periculum in mora . Ou seja, a demora na prestao jurisdicional pode ser danosa s partes, de sorte que a deciso cautelar deve ser cumprida imediatamente, sob pena de ser totalmente incua. 4. Sentena que rejeita liminarmente os embargos do devedor ou os julga improcedentes: o efeito especfico da improcedncia dos embargos o prosseguimento da execuo, tal como foi instaurada, caso no tenha sido dado efeito suspensivo aos embargos (art. 587 c/c art. 739-A ). Assim, se provisria, prossegue como provisria; se definitiva, como definitiva. A rejeio liminar dos embargos d-se nas hipteses do art. 739 do CPC. No caso, a hiptese do inciso V, aplica-se em face da nova Lei 11.232/2005, to somente para os embargos interpostos pela Fazenda Pblica e nos embargos recebidos com efeito suspensivo nos ttulos extrajudiciais. Para os ttulos judiciais, como a defesa se faz agora via impugnao e no mais embargos, no mais se cogita da aplicao daquele dispositivo. Como j visto, no caso dos ttulos judiciais a deciso apelada pode ensejar uma execuo provisria. J os ttulos extrajudiciais at antes da Lei 11.382/2006 s comportam execuo definitiva, mesmo que pendente de apelao, como visto pela Smula 317/STJ. Assim, embora o inciso V do art. 520 do CPC levasse a uma interpretao de que, se os embargos do devedor fossem julgados improcedentes, a execuo seria provisria, sem fazer distino se o ttulo era judicial ou extrajudicial , certo que o entendimento que vinha sendo adotado pelo STJ , at a edio da Lei 11.382/2006 era o de que mesmo nessa hiptese, para os ttulos extrajudiciais , a execuo seria definitiva: definitiva a execuo fundada em ttulo extrajudicial , ainda que pendente de julgamento a apelao da sentena que repeliu embargos do devedor. No se torna provisria se interposta apelao da deciso de improcedncia proferida nos embargos execuo, porquanto os efeitos deste recurso referem-se deciso impugnada, no ao ttulo executivo, mormente se extrajudicial, que j tido como definitiva a teor do art. 587 do CPC. (STJ 3 Turma, Ag 355.506-SP AgReg. Rel. Min. Pdua Ribeiro). Agora, no entanto, com a redao dada pela Lei 11.382/2006 ao art. 587, se os embargos forem recebidos no efeito suspensivo, eventual apelao contra a sentena que os julgou improcedentes, propiciar uma execuo provisria e no mais definitiva. Ela s ser definitiva se os embargos no tiverem sido recebidos com efeito suspensivo. OBSERVAO 1: Antes da edio da Lei 11.382/2006, havamos escrito a respeito das alteraes feita pela Lei 11.232/2005: Analisando as hipteses que permitem a execuo provisria elencada no art. 520 do CPC, situao interessante a do inciso V do art. 520 do CPC que, a meu aviso restar sem qualquer aplicao diante da nova Lei 11.232/2005. Explica-se : o inciso

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possibilita a execuo provisria da sentena sujeita a apelao, que julgou improcedente os embargos ou os rejeitou liminarmente. Ora, hoje para os ttulos judiciais, exceto a Fazenda Pblica, no mais se cogita de embargos do devedor e sim da impugnao. Quando os embargos forem interpostos pela Fazenda Pblica, tambm no se aventar de execuo provisria do julgado, pois para a expedio do precatrio, a sentena tem de ter transitado em julgado ( art. 100, 1 da Constituio Federal ). . Por fim, restam os ttulos extrajudiciais, mas neste campo, temos a Smula 317 do STJ que sacramentou o entendimento no sentido de que definitiva a execuo de ttulo extrajudicial ainda que pendente apelao contra sentena que julga improcedentes os embargos.. Assim, salvo entendimentos contrrios ao da smula em questo, tambm no existir a situao de execuo provisria, para esta espcie de ttulos. Agora referida observao cai pr terra, em face da alterao do art. 587 do CPC, que admite a execuo provisria em sede de ttulos extrajudiciais para a hiptese da apelao sentena de embargos terem sido recebidos no efeito suspensivo. OBSERVAO 2 : Havia divergncia jurisprudencial quanto aos efeitos de eventual apelao, nas demais espcies de embargos. Para uma corrente, a no suspensividade do recurso cingiase aos embargos execuo. No caso de embargos arrematao e adjudicao que tm outra disciplina, o recurso seria recebido em ambos os efeitos, ficando suspensa a execuo at deciso definitiva. Igualmente, no caso dos embargos monitria que, se julgados improcedentes, a apelao seria recebida no duplo efeito. A corrente contrria firmava-se no entendimento de que, em havendo apelao, este recurso seria s recebido no efeito devolutivo. Baseava-se no fato de que os embargos arrematao e adjudicao, nada mais so do que uma espcie do gnero embargos do devedor, estando inclusive, inseridos no mesmo Ttulo III nominado DOS EMBARGOS DO DEVEDOR. Recentemente com a edio da Smula 331 do STJ a questo restou pacificada: a apelao interposta contra sentena que julga embargos arrematao tem efeito meramente devolutivo. 5. Sentena que confirmar a antecipao dos efeitos da tutela: Em boa hora veio a Lei 10.352/01 para acrescentar ao rol numerus clausus do art. 520 do CPC as hipteses de antecipao dos efeitos da tutela, previstos no art. 273 e 461 do CPC . Tais tutelas diferenciadas, como sabido antecipam o prprio mrito da deciso, fundados numa prova prconstituda que forme um alto grau de probabilidade de ser deferida. Antes da lei 10.352/01 a apelao contra a sentena que no curso do processo deferiu a tutela antecipada, fica submetida ao duplo efeito, obstando a pronta satisfao da sentena que ratificava a tutela deferida. Na verdade, tratava-se de uma incoerncia, j verificada por Athos Gusmo Carneiro em sua obra a reforma do CPC ao preconizar que: o provimento liminar, lastreado em mero juzo de verossimilhana, poderia ser executado, enquanto a sentena , respaldada em juzo de certeza, ficava com a sua eficcia contida por fora da interposio da apelao. Alm das hipteses enumeradas pelo CPC a legislao esparsa prev outras hipteses de execuo provisria: 6. Sentena que decreta o despejo: Art.58, V c/c art.63 4 ambos da Lei 8.245/91 ( a sentena que decretar o despejo fixar o valor da cauo para o caso de ser executada provisoriamente ). 7. Sentena que concede a ordem no mandado de segurana: art. 12, pargrafo nico (a sentena que conceder o mandado, fica sujeita ao duplo grau de jurisdio, podendo, entretanto, ser executada provisoriamente. ) .

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8. Sentena na ao civil pblica: art. 14 da Lei 7.347/85 ( o juiz poder conferir efeito suspensivo aos recursos , para evitar dano irreparvel parte. ). 9. Sentena no juizado cvel: art. 43 da Lei 9.099/95 ( o recurso ter somente efeito devolutivo, podendo o juiz dar-lhe efeito suspensivo, para evitar dano irreparvel para a parte.) 10. O inciso III do art. 520 no foi mencionado, porque foi expressamente revogado pela Lei 11.232/2005 e previa a possibilidade de execuo provisria, no caso da sentena que julga a liquidao de sentena. Isso se deveu ao fato de que hoje pela Lei 11.232/2005, nos termos do art. 475-H, a deciso que julga a liquidao ser objeto de agravo de instrumento , indicando que se trata de uma deciso interlocutria. Como se ver no item especfico da liquidao, hoje esse procedimento est inserido dentro do processo de conhecimento, como um incidente processual. Logo, no se trata de uma nova relao processual, de sorte que, em sendo uma continuidade do processo cognitivo, a deciso que julga a liquidao no exaure o processo, no sendo objeto de sentena. OBS: a sentena concessiva da segurana apresenta carter auto-executrio, ou seja, natureza mandamental e antes de transitada em julgado, pode ser cumprida provisria e imediatamente via simples notificaes por ofcios independentemente de cauo ou de carta de sentena. COMO BARRAR PROCESSUALMENTE O EFEITO SOMENTE DEVOLUTIVO DE UM RECURSO: ATRAVS DO ART. 527, INCISO III DO CPC, o relator poder dar efeito suspensivo ao cumprimento da deciso at o pronunciamento definitivo.

PRINCPIOS DA EXECUO PROVISRIA APLICADOS S SENTENAS EXECUTIVAS LATO SENSU E MANDAMENTAIS Chiovenda e Pontes de Miranda formularam essa quarta modalidade de sentena , em que pela mutao jurdica que a sentena constitutiva acarreta ela dotada , na verdade de fora executiva lato sensu ou sentena de carter mandamental ou executiva, como a sentena numa ao de despejo, no mandado de segurana , na ao de reintegrao de posse. Nestes casos , o prprio comando da sentena tem contedo executrio. As aes deste naipe exaurem-se em si mesmas, ou seja, atingem suas finalidades precpuas dentro da prpria demanda, fulcradas nas decises judiciais que so executivas lato sensu ou mandamentais, seja atravs de deciso proferida na primeira fase procedimental, no caso da possessria em que se defere a liminar, seja em caso de sentena procedente . A distino entre sentena mandamental e sentena executiva lato sensu explicada por Ada Pellegrini Grinover e outros em sua obra Teoria Geral do Processo: Ao lado da tripartio tradicional, alguns autores colocam a ao mandamental, tendente a obter um mandado dirigido a outro rgo do Estado , por meio de sentena judicial. Seria o caso da sentena que concede mandado de segurana, ou da proferida contra oficial do registro pblico , para retificao de nome, etc. No se trata, porm, de categoria processual congruente com as anteriores, pois no se funda na natureza peculiar da prestao jurisdicional invocada, mas numa especial qualidade do destinatrio da sentena ( funcionrio ou agente pblico). Fala-se tambm na ao executiva lato sensu, para designar a ao que tende a uma sentena de conhecimento bastante anloga condenatria, mas provida de uma especial eficcia consistente em legitimar a execuo sem necessidade de

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novo processo ( sentena executiva), p.ex. , aes possessrias, ao de despejo.( p. 270). (...) Tratando-se das chamadas sentenas executivas, que so proferidas em ateno s aes executivas lato sensu, inexiste processo executivo autnomo, subseqente ao de conhecimento: num s processo tem-se a atividade cognitiva, que culmina com a sentena, assim como toda a atividade de execuo ( no se exerce nova ao, pois nem se faz nova citao ex. possessrias, despejo)- p. 280. Os princpios da execuo provisria aplicam-se tambm esse tipo de sentena , que independem de ao executria, para que se d cumprimento ao que nela se determinou . Ao aludir sentena, o art. 587 do CPC comete uma impropriedade: decises interlocutrias comportam execuo porque criam ttulo judicial, inclusive a provisria, pois o agravo porventura interposto, em princpio, no obsta o andamento do processo. Enfim , relativamente fcil catalogar as situaes em que atos decisrios autorizam a execuo provisria : a) qualquer deciso interlocutria, cuja carga seja condenatria ( art. 497, 2 parte) , principalmente a antecipao liminar de tutela ; b) qualquer acrdo unnime e no embargado, pois os recursos especial e extraordinrio carecem de efeito suspensivo; c) a sentena atacada por apelao que no foi recebida com efeito suspensivo. Em suma: as decises interlocutrias e no somente as sentenas, principalmente aquelas decises sob a forma de liminares, franqueiam acesso execuo forada.

FORMA DE PROCESSAMENTO DA EXECUO DEFINITIVA E PROVISRIA Antes da Lei 11.232/2005 existiam os artigos 589 e 590 que dispunham respectivamente: Art. 589. A execuo definitiva far-se- nos autos principais; a execuo provisria nos autos suplementares, onde os houver, ou por carta de sentena, extrada do processo pelo escrivo e assinada pelo juiz. Art. 590. So requisitos da carta de sentena: I autuao; II petio inicial e procurao das partes; III contestao. IV sentena exeqenda; V- despacho do recebimento do recurso. Pargrafo nico. Se houve habilitao, a carta conter a sentena que a julgou. Referidos dispositivos foram revogados e em seus lugares veio o art. 475-O, 3 que no mais prev a expedio de carta de sentena . Agora, compete a prpria parte interessada ao requerer a execuo provisria instruir a petio com os documentos mencionados naquele dispositivo. No h mais, portanto, atividade por parte da secretaria do juzo neste tocante. Observa-se no direito comparado que , a regra a possibilidade da execuo definitiva da sentena, mesmo que pendente da apelao. Existem projetos de lei em andamento no Congresso neste sentido. guisa de ilustrao, trazemos sobre esse assunto um trecho da obra : Tutela antecipatria e julgamento antecipado de Luiz Guilherme Marinoni ( p. 180/181) A sentena, at prova em contrrio, um ato legtimo e justo. Assim, no h motivo para ela ser considerada apenas um projeto da deciso de segundo grau, nesta perspectiva a nica e verdadeira deciso. A sentena para que o processo seja efetivo

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e a funo do juiz de primeiro grau valorizada, deve realizar os direitos e interferir na vida das pessoas. (...) Perceba-se, alm disso, que o recurso, na hiptese de sentena de procedncia, serve unicamente para o ru tentar demonstrar o desacerto da tarefa do juiz. Assim, por lgica, o ru , e no o autor, aquele que deve suportar o tempo do recurso interposto contra a sentena de procedncia. Se o recurso interessa apenas ao ru, no possvel que o autor que j teve o seu direito declarado continue sofrendo os males da lentido da justia.(...) Com efeito, a execuo imediata da sentena imprescindvel para a realizao do direito constitucional tempestividade da tutela jurisdicional. A regra da execuo imediata da sentena, equilibrada pela possibilidade de suspenso da execuo, encontra o seu fundamento na necessidade de conciliar a segurana , derivada do direito ao recurso, com a tempestividade da tutela jurisdicional, necessria para a realizao correta do direito de ao , assegurado pelo art. 5, XXXV da Constituio da Repblica. (...) Com a reforma do Cdigo italiano, a execuo imediata da sentena passou a ser a regra. Eis o que diz , de forma singela o novo art. 282: la sentenza di primo grado provvisoriamente esecutiva tra le parti. Esta norma do CPC italiano quer dizer que todas as sentenas do juiz de primeiro grau nascem dotadas de executividade imediata. (...) Tal inovao, de acordo com a inteno do legislador da reforma italiana, visa a restituir a importncia do juiz de primeiro grau e desestimular os recursos meramente protelatrios.(...)

PARTE II - PROCEDIMENTO 1. No h processo de execuo que se inicie de ofcio, da a necessidade da parte impulsionlo . Essa era a regra do art. 580 . No entanto, o dispositivo foi alterado pela Lei 11.382/2006 dispondo que a execuo pode ser instaurada caso o devedor no satisfaa a obrigao certa lquida e exigvel, consubstanciada em ttulo executivo. A alterao imposta pela Lei 11.382/2006 se fez necessria pro conta das reformas anteriores, em especial a da Lei 11.232/2005, porque, a partir desta lei, no cabe mais ao credor , em qualquer hiptese, promover a execuo , como ditava o antigo art. 580. Em se tratando de ttulo executivo judicial constante de sentena condenatria de obrigao de fazer, no fazer e entregar coisa, a execuo se faz mediante cumprimento conforme os arts. 461 e 461-A, no havendo mais nesses casos, necessidade de requerimento do credor para esse fim, j que o juiz pode de ofcio aplicar multa, e efetivar a tutela especfica atravs das chamadas medidas de apoio. 2. Aplica-se subsidiariamente as regras do processo de conhecimento ( art. 598 ). PRESSUPOSTOS DA EXECUO FORADA: Os pressupostos e condies da ao so os mesmos exigidos pelo processo de conhecimento, tendo dois pressupostos especficos: 1. Formal: deve existir um ttulo executivo, de onde se verificar se lquido , certo e exigvel; 2. Prtico: o inadimplemento do devedor ( art. 580). Do inadimplemento no caso de contrato bilateral vide art.582 .

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DO TTULO EXECUTIVO Princpio geral : nulla executio sine titulo . Nenhuma execuo forada pode ocorrer sem a existncia de um ttulo que lhe sirva de base . condio necessria e suficiente (porque o ttulo o tanto quanto basta para iniciar a execuo). Era o que previa o art. 583 do CPC, revogado pela Lei 11.382/2006 Toda execuo tem por base ttulo executivo judicial ou extrajudicial. A funo do ttulo executivo de autorizar a execuo , definir o fim da execuo e fixar os limites da execuo. Assim dispe o art. 586 do CPC: a execuo para cobrana de crdito fundar-se- sempre em ttulo de obrigao lquida, certa e exigvel. REQUISITOS: Carnelutti : certo quando o ttulo no deixa dvidas em torno da sua existncia; lquido quando o ttulo no deixa dvidas em torno de seu objeto( ou seja , determinada a sua prestao ) e exigvel quando ttulo no deixa dvidas sobre sua atualidade ( ou seja no depende de termo ou condio e nem est sujeito a outras limitaes ). 1. Certeza: 2. Liquidez: 3. Exigibilidade: FORMA: Sentena, e documentos extrajudiciais pblicos ou particulares sob a forma escrita que a lei reconhece eficcia executiva. ELEMENTOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO PROCESSO DE EXECUO O processo de execuo parte de uma certeza , de que j existe o direito e o credor busca apenas a realizao material da prestao que lhe assegura o ttulo executivo. LEGITIMAO ATIVA: art. 566 ( legitimao ordinria ) a 567 (legitimao extraordinria ou derivada ou superveniente) : * Na ordinria os legitimados so : o credor indicado no ttulo e o MP nos casos previstos em lei. *Na extraordinria o legislador quem define outras pessoas que so legitimadas, em que pese serem estranhos ao ttulo executivo, tornando-se sucessores do credor. Dar-se- nas hipteses de sucesso causa mortis ou inter vivos. So eles pelo art. 567 : 1. O esplio, herdeiros e sucessores. O esplio trata-se de uma representao anmala, vez que no classificado como sendo uma pessoa jurdica, mas tem capacidade processual de estar em juzo . Os herdeiros so os sucessores a ttulo universal ( art. 1.791, 2 do CC) e h tambm os sucessores a ttulo singular , no caso o legatrio , que contemplado em testamento com um ou alguns bens especificados e individuados. 2. O cessionrio: o beneficirio da transferncia negocial de um crdito por ato inter vivos oneroso ou gratuito. ( art. 286 do NCC) 3. O sub-rogado, nos casos de sub-rogao legal ou convencional: (art. 346 do NCC ) transfere-se ao novo credor todos os direitos, aes, privilgios e garantias do primitivo, em relao dvida. Exemplo : o devedor principal e os fiadores. O sub-rogado, como o cessionrio que adquire o crdito no curso do processo, no tem o dever de comparecer execuo pendente para assumir a posio do credor sub-rogatrio. O feito poder prosseguir com o cedente e o sub-rogatrio , na condio de substituto processual ( art. 42 do CPC ).

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Tendo-se dado a cesso de direito na conformidade do disposto no art. 567, II do CPC, pode o cessionrio promover a execuo forada, sem aplicao do disposto no art. 42, 1 do CPC que exige a concordncia da parte contrrio, como decidiu o STF e tambm a 1 T do STJ. Se o avalista paga o dbito no decorrer da execuo, subroga-se na pessoa do credor e pode pedir o prosseguimento da execuo nos mesmos autos.

LEGITIMAO PASSIVA ( art. 568 ) 1. Devedor originrio ( art. 568 ) 2. Sucessores do devedor originrio: o esplio, herdeiros e sucessores (art. 597 ), o novo devedor - NOVAO DE DVIDA art. 360 do NCC - ( cesso de dbito- assuno de dvida art. 299 do NCC tem de haver o consentimento do credor - art. 568, III ). No caso da assuno da dvida pelo novo devedor , como a aquiescncia do credor poder ocorrer trs situaes: 1. a exonerao do devedor primitivo, com sua concordncia novao por delegao; 2. a exonerao do devedor primitivo , sem sua concordncia novao por expromisso; 3. assuno pura e simples da dvida , onde o devedor primitivo e o novo continuam vinculados obrigacionalmente. 3. Apenas responsveis: o fiador judicial e o responsvel tributrio: so responsveis e no obrigados pela dvida. Admite-se na execuo que terceiros que, no sejam o devedor , no estejam vinculados obrigao , tenham seu patrimnio sujeito a sofrer a ao do credor. Isto se d pela distino moderna que se faz entre dvida e responsabilidade . Dvida Responsabilidade: A obrigao divide-se em dois elementos distintos . Um o elemento pessoal que a dvida (huld ) e outro elemento de carter patrimonial que a responsabilidade (haftung ), ou seja a sujeio do patrimnio a sofrer a sano civil. Para o credor h dois direitos distintos. Um o direito prestao , que se satisfaz pelo cumprimento voluntrio da obrigao pelo devedor e outro direito de garantia ou de execuo que se satisfaz mediante interveno estatal, atravs da execuo forada. J do lado passivo, normalmente os dois elementos se renem numa s pessoa, o devedor, sendo certo que no pode existir dvida sem responsabilidade. Mas o contrrio perfeitamente possvel, pois uma pessoa pode sujeitar seu patrimnio ao cumprimento de uma obrigao sem ser o devedor. 3.1 Fiador judicial: a cauo um meio de garantia do cumprimento de determinada obrigao que pode ser real ou fidejussria. Real a representada pela hipoteca , penhor e fidejussria a garantia pessoal representada pela fiana ou o aval. A fiana, por sua vez pode ser convencional ou judicial, conforme provenha do contrato ou de um ato processual. Considera-se, portanto, fiador judicial aquele que presta no curso do processo uma garantia pessoal ao cumprimento da obrigao de uma das partes, conforme o disposto no art. 826 do CPC.

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Ex: art. 690 ( cauo para a arrematao) ; art. 925 ( cauo na possessria) ; art. 940 (cauo na nunciao de obra nova ) ; art. 1.166 ( cauo para imisso de posse nos bens do ausente ). O fiador judicial ter em seu favor o chamado benefcio de ordem, i.e., a faculdade de nomear penhora bens livres e desembaraados do devedor (art. 595 ) . Da mesma forma o fiador extrajudicial VER ART. 827 e 828 do NCC. (Qual a natureza jurdica da interveno do devedor principal no processo de execuo, quando o fiador utiliza-se do benefcio de ordem). Observao: o art. 568, IV s menciona o fiador judicial, ou seja, aquele constitudo no processo. Assim o fiador extrajudicial no pode ser sujeito passivo da execuo, salvo se tiver contra si uma sentena condenatria, mas j ento suportaria a atividade executiva no mais como simples fiador, e sim como devedor principal. ASSIM, O FIADOR JUDICIAL UM LEGITIMADO PASSIVO SUPERVENIENTE, TAL QUAL OS HERDEIROS E SUCESSORES, AO PASSO QUE O FIADOR COMUM UM LEGITIMADO PASSIVO ORIGINRIO, VINCULADO AO CONTRATO , OCUPANDO A POSIO DE DEVEDOR. 3.2 Responsvel tributrio: o CTN define em seu art. 121, inciso II a figura do responsvel tributrio, como sendo aquele que , sem revestir a condio de contribuinte , sua obrigao decorre de disposio expressa de lei. Essa responsabilidade tributria, ou sujeio passiva indireta ocorre em duas modalidades: * responsabilidade por transferncia: por solidariedade, por sucesso ou por responsabilidade (art. 134/135 ); * responsabilidade por substituio: a lei define outra pessoa como obrigada, diversa daquela que efetivamente auferiu a vantagem econmica. (art. 128). Observao: o entendimento do STF no sentido de que podem ser atingidos pela penhora bens particulares dos scios, mesmo no figurando seus nomes na certido de dvida ativa. Todavia a discusso em sede de embargos pode ser ampla, cabendo a Fazenda provar que o scio agiu com violao da lei ou do contrato par ser responsabilizado tributariamente, nos termos do art. 135, III, do CTN. A responsabilidade no caso subsidiria e no solidria. o chamado redirecionamento da ao . RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ( art. 591 e 592 ) A obrigao do devedor sempre pessoal, mas a responsabilidade sempre patrimonial. A execuo recai sobre o patrimnio que tanto pode ser do devedor da obrigao, como de um terceiro . Assim, no h uma coincidncia necessria entre o devedor como sujeito passivo da execuo e a responsabilidade patrimonial que pode recair sobre bens de outros. A responsabilidade patrimonial definida em lei e os bens presentes e futuros respondem pelas obrigaes. A responsabilidade patrimonial vem disposta no art. 591 do CPC que preconiza que o devedor responde , para o cumprimento de suas obrigaes, com todos os seus bens presentes e futuros, salvo as restries estabelecidas em lei. O artigo em questo segundo comenta Araken de Assis culmina notvel evoluo histrica, pois rompe com a idia que a responsabilidade pessoal . Dissociou os elementos dvida e responsabilidade .

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A responsabilidade patrimonial tpica das execues por quantia certa e de entrega de coisa , j que trata-se da sujeio dos bens do devedor. No regula, portanto, as obrigaes de fazer ou no fazer, que exigem um determinado comportamento . A importncia da figura da responsabilidade ocorre, porque esclarece algumas situaes legitimadoras passivas da demanda executria. Dissociando a dvida e a responsabilidade , fica ntido que tanto o devedor (p.ex. o afianado ) quanto terceiro responsvel ( ex. fiador) se ostentam como partes legtimas, muito embora se possa distinguir no plano material entre o obrigado e o garante. Da estabelecer-se tambm a nomenclatura de responsabilidade primria e secundria. O responsvel primrio o devedor , fundindo-se nele os elementos dvida e a responsabilidade. O art. 592 do CPC, arrola as situaes de responsabilidade secundria ( Liebman ). Esse responsvel secundrio um terceiro , no sendo parte passiva na demanda executria. Todavia esse no o entendimento de Araken de Assis que entende que todos passam a assumir a qualidade de partes (p.349). Eis sua ressalva neste tocante : A falseta repousa na conseqncia de declarar esses responsveis terceiros relativamente ao processo executivo. O conceito de parte no autoriza semelhante concluso e, de toda sorte, a prpria noo de responsabilidade no induz tal duplicidade incompreensvel de papis. Na verdade, o obrigado e o responsvel so partes passivas na demanda executria porque executados, sem embargo do fato de que, luz da relao obrigacional, o primeiro assumiu a dvida ( e, por isso, tambm responsvel) e o outro no. Assim a responsabilidade patrimonial vai bem longe , atingindo no s quem o devedor , no s quem responsvel convencionalmente pelo cumprimento da obrigao , mas terceiros estranhos ao negcio jurdico substancial . Figure-se a hiptese do adquirente de objeto de sentena em ao real , bem como do terceiro adquirente de um bem alienado em fraude execuo. ASSIM H DISTINO DA RESPONSABILIDADE ( ART. 592) DA LEGITIMAO PASSIVA PARA A EXECUO ( ART. 568 ) : o sujeito passivo da execuo pode ser o devedor , os sucessores do devedor , o fiador judicirio, o responsvel tributrio. Eles no so terceiros em relao dvida , pois , na verdade, todos eles ou sucederam ao devedor , ou assumiram voluntariamente responsabilidade solidria pelo cumprimento da obrigao . So partes legtimas, da execuo , muito embora no contem seus nomes do ttulo executivo . Seus patrimnios sero alcanados pela execuo dentro da mesma responsabilidade que toca ao devedor apontado como tal pelo ttulo. A DEFESA QUE EVENTUALMENTE VENHAM A APRESENTAR SER ATRAVS DE EMBARGOS. No caso da responsabilidade executiva secundria ( art. 592) a lei define determinadas hipteses, terceiros que no assumem a posio de devedores ou execuo, tornam-se sujeitos aos efeitos da execuo. Haver uma sujeio patrimnios particulares, muito embora inexista assuno da dvida constante executivo. A DEFESA SER ATRAVS DE EMBARGOS DE TERCEIRO. HIPTESES: que, em parte na de seus do ttulo

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I - BENS do sucessor singular tratando-se de execuo fundada em direito real obrigao reipersecutria ( acrscimo feito pela Lei 11.382/2006) ( a ttulo gratuito oneroso) : s ocorre nos casos de sentena proferida em ao fundada em direito real obrigao reipersecutria e s atinge o prprio bem que foi objeto da deciso . Para defender o sucessor dever utilizar-se da via dos embargos de terceiro.

ou ou ou se

II- BENS do scio: no caso de tratar-se de uma sociedade irregular ou de fato, os bens a serem executados so do prprio scio, e, portanto, a hiptese de responsabilidade primria. No caso dos scios naturalmente solidrios ( soc. em nome coletivo) que se d a responsabilidade executiva secundria do art. 592, II , cuja atuao direta e sem necessidade de condenao do terceiro responsvel em sentena prpria. A responsabilidade extraordinria como a proveniente do abuso de gesto , violao do contrato , depende de prvio procedimento de cognio e s pode dar lugar execuo quando apoiada em sentena condenatria contra o scio faltoso . Exceo a essa regra, ser no caso da execuo fiscal, j que a jurisprudncia admite que a execuo seja endereada contra o scio, para apurar-se sua responsabilidade pessoal. No caso desta responsabilidade surgir posteriormente, lcito ao credor voltar-se contra o scio, embora omisso o ttulo , promovendo sua citao. Nessa hiptese, o credor assume o nus de provar os fatos que ensejaram a responsabilidade na execuo ou nos embargos. Nessa situao pode-se enquadrar a disregard doctrine , o patrimnio do scio ser excutido na hiptese de desconsiderar-se a pessoa jurdica, quando admitido em lei . Tambm no caso das responsabilidade do scio por infrao (art. 134, VII do CTN ). Assim o scio gerente responsvel por substituio pelas obrigaes fiscais , quando viola lei e no recolhe os tributos , bem como quando a sociedade dissolve-se irregularmente . O scio tem o benefcio de ordem ( art. 596) exceptio excussionis . III - BENS em poder de terceiros: nessa situao o terceiro desfruta da posse contratual legtima, como no caso de locao e a execuo poder atingir o bem , no excluindo os direitos do locatrio, do arrendatrio. O arrematante , adquirindo a propriedade do bem, ficar sub-rogado na posio do devedor, como locador , ou arrendatrio. IV - BENS do cnjuge: a regra a incomunicabilidade das dvidas assumidas por um s dos cnjuges, o que deixa de existir quando as obrigaes forem contradas em benefcio da famlia. Assim nessas hipteses, a excluso da meao de bens comuns s se dar com a prova do no benefcio, nus que a jurisprudncia atribui ao cnjuge, a no ser que se trate de dvidas gratuitas, como o caso do aval . Atualmente, todavia, o aval depende da aquiescncia do cnjuge - art. 1.647, III, do NCC. A defesa da meao do cnjuge se far atravs de embargos de terceiro. OBS: O Cnjuge pode agir tanto como parte na execuo como na condio de terceiro . Se pretender discutir a validade ou a eficcia do ttulo firmado pelo cnjuge-devedor , estar agindo como parte e a defesa deve vir atravs dos embargos do devedor. Se, porm , o que se vai discutir a matria pertinente excluso de sua meao, a condio jurdica do cnjuge a de terceiro, em face da dvida do outro cnjuge e da relao executiva que em torno dessa obrigao se instaurou, deve ser debatida em embargos de terceiros. A esse respeito veja a S. 134 do STJ: Embora intimado da penhora em imvel do casal, o cnjuge do executado pode opor embargos de terceiro para defesa de sua meao. OBS: Este inciso tem aplicabilidade conforme as regras de direito material, ou seja, se o regime matrimonial o da separao de bens total, bvio que somente se obrigam os bens do

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cnjuge que contraiu a dvida; se de comunho parcial ou universal, apenas se obrigam os bens que entram na comunho, at o limite da meao, se o outro provar que a dvida no se constituiu em benefcio da famlia. ( Alexandre de Paula, Cdigo de Processo Civil Anotado, vol. 3, p. 2.458 . Neste sentido, veja a Smula 251 do STJ: A meao s responde pelo ato ilcito quando o credor, na execuo fiscal, provar que o enriquecimento dele resultante aproveitou ao casal. V - BENS alienados em fraude execuo: art. 593.

HISTRICO A figura da fraude , muitas vezes confundida com o dolo e a simulao, sempre foi uma figura reprimida pelo direito , desde a poca do Direito Romano, por meio da clssica ao pauliana (que vem do nome do jurisconsulto PAULUS ). Quanto fraude contra credores propriamente dita, Ccero refere-se a um edito do pretor que se ocupava da revocao dos atos fraudulentos praticados pelos libertos que, para frustrar os direitos sucessrios de seus antigos senhores, se tornavam insolventes . Por meio das aes fabiana e calvisiana era possvel ao senhor obter a revocao dos atos de disposio do exescravo, a fim de que os bens maliciosamente transferidos fossem alcanados pela sucesso , em favor do ex-senhor. A revocao baseava-se , in casu, na insolvncia do transmitente e no consilium fraudis ( vontade fraudulenta ). Ao tempo de Justiniano , a ao pauliana j vinha consagrada sendo seu nomen juris anterior actio in factum e com a codificao passou a ser denominada ao pauliana. J naquela poca, o edito do pretor , dava ao ao credor para reagir contra o ato alienatrio fraudulento, no propriamente atravs da anulao da disposio, mas apenas preservando a responsabilidade patrimonial sobre aquele bem que foi alienado. Tambm no era uma ao real, ou de nulidade que pudesse ser exercida erga omnes . Era uma ao pessoal e restrita ao credor prejudicado, com objetivo no de buscar a coisa, como um direito de seqela dos direitos reais, mas como um meio de constranger o devedor a manter o bem alienado responsvel para garantia da dvida. A ao pauliana integrava a classe das actiones arbitrariae que eram aquelas em que o Juiz, em lugar de condenar imediatamente o ru, indicava-lhe um meio de evitar a condenao, mediante um ato que satisfaria a pretenso do autor. No se exercitava um direito real sobre a coisa alienada, pois os credores no podiam obter seno um restabelecimento do patrimnio do devedor na situao ao qual se encontrava antes do ato fraudulento. O prejuzo dos credores ( eventus damni ) consistia na impossibilidade de penhorar os bens defraudados. Logo, a sano da pauliana somente poder ser, em tal conjuntura, a restituio aos credores da possibilidade de penhorar os bens que lhe haviam sido indevidamente subtrados.

A FRAUDE CONTRA CREDORES NO DIREITO BRASILEIRO MODALIDADES

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1. AO REVOCATRIA OU PAULIANA DO CCB : art.158 e segs.: dos defeitos do negcio jurdico

includa na epgrafe

Segundo a literalidade da lei, a ofensa garantia patrimonial dos credores gera, no plano do direito material, a anulabilidade do ato praticado pelo devedor . Nesse sentido tambm a doutrina clssica. O art.165 do NCC dispe que a sentena da ao pauliana anula o ato fraudulento, porm a vantagem no reverte para o alienante, mas sim para o acervo sobre o qual os credores iro executar seu direito. Embora a doutrina moderna tenda torrencialmente para conceituar a fraude contra credores como causa de ineficcia e no de anulabilidade, persiste, entre ns, a exegese literal da regra codificada, segundo a qual a sentena que acolhe a pauliana provoca realimente a anulao do ato jurdico impugnado. O tema geral da nulidade pode, em certos aspectos ligar-se ao da rescindibilidade. Trata-se, porm, de nulidade especial e restrita, porque eficaz apenas com relao aos credores prejudicados e no erga omnes . O objetivo no de discutir o direito real do adquirente do bem e sim a relao obrigacional, de sorte que seu objetivo apenas RESTAURAR O ELEMENTO DA RESPONSABILIDADE. CARVALHO SANTOS menciona que, embora se fale de anulao , a revogao do ato alienatrio puramente relativa, no sentido de que no se verifica seno em proveito dos credores do devedor e nunca em proveito do prprio devedor . O contrato permanece vlido subsistindo inteiramente, podento at ter sua eficcia revigorada se, de alguma forma, o credor volta a ter as garantias de satisfao de seu crdito . Essa posio doutrinria nacional foge dos padres de anulabilidade , pois o prprio Cdigo define como efeito da anulao do ato jurdico a restituio das partes ao estado anterior a ele , no entanto , no caso da ao pauliana o efeito a revogao , apenas para os credores daquele ato , com subsistncia da relao negocial entre as partes do ato impugnado. Da terem surgido mais recentemente vozes abalizadas propugnando por uma nova postura de interpretao do Cdigo Civil no tema da ao pauliana, encaminhando-a para o plano da eficcia ( ou inoponibilidade ) em lugar do equivocado tratamento de anulabilidade indicado pela literal disposio da lei. No mesmo entendimento Yussef Said Cahali : A ao orientada por uma finalidade especfica: preservao da garantia de adimplemento do crdito. No se volta ao statuo quo ante. O ato continua vlido entre o alienante e o adquirente, todavia ineficaz perante o credor. Se, porventura o devedor quita a obrigao, a eficcia do ato ressurge na sua plenitude, sem necessidade de uma ao rescisria ou da desconstituio da ao pauliana. - o efeito ps- eficacizao.

JURISPRUDNCIA A jurisprudncia apega literalidade da lei , anula o ato impugnado , fazendo reverter ao patrimnio do devedor o bem fraudulentamente alienado. Na verdade, a procedncia da ao pauliana no torna a venda nula, e sim, ineficaz com relao ao credor vencedor. Por isso, uma ineficcia relativa, vez que como j dito a relao entre o devedor-alienante e o adquirente continua vlida. A ineficcia a impossibilidade de produzir efeitos.

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A sentena no restabelece a propriedade do alienante, mas a responsabilidade por suas dvidas. No h nulidade, no h anulabilidade. H to-somente inoponibilidade da alienao frente ao credor prejudicado. Humberto Theodoro Jnior conclui: A lei, ento, inclui formalmente a fraude contra credores no quadro das anulabilidades sem, contudo, atribuir-lhe os efeitos substanciais prprios deste tipo de defeito do ato jurdico. Se, pois , sua eficcia no a de anulabilidade, nada impede que a doutrina se afaste da literalidade da lei para definir qual a verdadeira natureza da sano aplicvel fraude contra credores, levando em conta os interesses tutelados e os objetivos visados pela tutela concebida pela Lei, na espcie. ( ... ) No pelo fato do Cdigo no sistematizar a categoria dos atos ineficazes que ela seja estranha ao nosso direito. Concluindo, a ineficcia no exclusiva da fraude execuo e da revocatria falencial e no diferem quanto ao objeto da ao pauliana. A fraude execuo do art. 593 do CPC e a revocatria falimentar nada mais so que uma especializao da ao pauliana. Humberto Theodoro Junior sustenta que no h diferena substancial entre as diversas modalidades de fraude, sendo a variao manifesta somente no mbito procedimental. ELEMENTOS 1. Objetivo: eventus damni, frustrado em sua pretenso. o risco de dano ou de prejuzo ao credor que pode se ver

2. Subjetivo: consilium fraudis, o conluio realizado com o intuito de prejudicar o credor. Os atos fraudulentos a ttulo gratuito, independem da indagao da boa ou m-f do adquirente, porque , o adquirente nada perde com a declarao da ineficcia (art. 158 ) . No caso de alienao onerosa, h que restar comprovado esse elemento, que demonstre que o adquirente tinha cincia do ato , ou meio de sab-lo, competindo o nus da prova ao credor (art. 159 ). No caso especfico da ao revocatria FALIMENTAR h uma distino a ser feita : a) Na hiptese da alienao prejudicial massa ter ocorrido no perodo suspeito, no se indaga sobre o elemento subjetivo, vez que ele presumido de forma absoluta ( art. 129 da Lei 11.101/2005) ; b) Nos demais casos, indispensvel a prova do consilium fraudis Falimentar ). (art. 130 da Lei

OBS: no caso das alienaes sucessivas a ausncia de boa-f tem de ocorrer em todos os estgios das transmisses dominiais. Se o adquirente superveniente no souber da fraude praticada pelo anterior, inoponvel ser a ele a ineficcia da primitiva transmisso. Por isso mesmo, se o devedor alienou ao primeiro adquirente em situao de boa-f, impossvel ser cogitar-se de fraude em relao aos posteriores subadquirentes, porque o bem ter sado sem vcio do patrimnio do devedor e os sucessivos adquirentes no tero sequer negociado com o dono originrio. O reconhecimento incidental da fraude contra credores no possvel e sim atravs da ao prpria, j a fraude execuo pode ser reconhecida. SMULA 195 DO STJ: EM EMBARGOS DE TERCEIRO, NO SE ANULA ATO JURDICO, POR FRAUDE CONTRA CREDORES.

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2. FRAUDE EXECUO: ART. 593 DO CPC: a prpria ao pauliana exercida diretamente no processo de execuo, que independe de processo ordinrio. HIPTESES DE FRAUDE EXECUO ELENCADA NO ART. 593 A fraude execuo tratada com maior gravidade porque atinge-se no s o direito do credor quanto satisfao de seu dbito , mas tambm a atividade jurisdicional do Estado , j que existe um processo em andamento. REQUISITOS NO SE EXIGE TAL QUAL A FRAUDE DE CREDORES A EXISTNCIA DOS ELEMENTOS DO consilium fraudis e o eventus damni, bastando constatar-se a inexistncia ou insuficincia de bens penhorveis e que tal fato se deu numa das hipteses dos incisos do art. 593 , ou seja , quando havia ao pendente contra o devedor. DISPENSA-SE INDAGAES ACERCA DO ELEMENTO SUBJETIVO DA FRAUDE . A inteno fraudulenta est in re ipsa, no prprio fato. A ordem jurdica no pode permitir que, enquanto pende o processo, o ru altere sua posio patrimonial , dificultando a realizao da funo jurisdicional. Essa presuno de fraude tem sido mitigada pela jurisprudncia , admitindo-se que o terceiro de boa-f prove sua no participao no evento. No caso da FRAUDE EXECUO, o CPC nada menciona no art. 593 a respeito deste elemento psicolgico. Todavia, em que pese tal entendimento da dispensa do elemento subjetivo, interpretando-se o art. 593 como se fosse necessrio para a caracterizao da fraude to somente o elemento objetivo , o entendimento no vem sendo efetivamente esse. Para alguns julgados, a forma como se opera esse tipo de fraude nos mesmos moldes da fraude contra credores , sendo necessria a coexistncia de ambos os elementos. A tese que prevalece no STJ a de que reclama para a alienao onerosa em fraude de execuo, o mesmo elemento subjetivo da fraude comum contra credores. Vejamos : PROCESSUAL CIVIL. FRAUDE EXECUO. ART. 593, II, DO CPC. OCORRNCIA. Para que se tenha como fraude execuo a alienao de bens, de que trata o inciso II do art. 593 do Cdigo de Processo Civil, necessria a presena concomitante dos seguintes elementos: a) que a ao j tenha sido aforada; b) que o adquirente saiba da existncia da ao, ou por j constar no cartrio imobilirio algum registro (presuno juris et de jure contra o adquirente), ou porque o exeqente, por outros meios, provou que dela o adquirente j tinha cincia; c) que a alienao ou a onerao dos bens seja capaz de reduzir o devedor insolvncia, militando em favor do exeqente a presuno juris tantum. Recurso no conhecido.( Re sp 2003/555044, Min. Csar ASfor Rocha, 4 T, j. 04.11.2003 , DJ de 16.02.2004 ). 1. Litispendncia como elemento da fraude: somente se cogita de fraude contra a execuo a partir da data da citao. O ato fraudulento do obrigado deve se ajustar a um processo pendente, independente de sua natureza (cognio, execuo ou cautelar). desnecessrio, portanto, que se cuide de ao executria. Essa litispendncia uma nomenclatura dada pela doutrina, que no guarda qualquer correlao com o instituto da litispendncia que se d quando h dois processos com as mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo objeto tramitando simultaneamente.

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Na fraude execuo, a litispendncia significa a pr-existncia de demanda quando da prtica do ato considerado fraudulento. 2. Frustrao do meio executrio como elemento da fraude: esse elemento o da insolvncia na fraude de credores . Nesta espcie independe de verificar a existncia de dano concreto, a prpria inexistncia de bens que frustra a execuo. No se revela importante a investigao do estado deficitrio do patrimnio, bastando a inexistncia de bens penhorveis. INCISO I: pendncia sobre os bens de ao fundada em direito real no basta o elemento objetivo da existncia de ao . Necessrio o elemento subjetivo, que neste caso a cincia do adquirente da existncia da ao . Como pode ser dada essa cincia? O art 167, I, 21 da Lei de Registro determina: Art. 167. No Registro de Imveis, alm da matrcula sero feitos: I - o registro: 21) - das citaes de aes reais ou pessoais reipersecutrias*, relativas a imveis .(* ao voltada para a entrega ou restituio de coisa - refere-se perseguio da prpria coisa ou de coisa determinada ). Desta forma, se proceder ao registro, haver a presuno jure et de jure de conhecimento da ao . INCISO II: quando ao tempo de alienao houver demanda capaz de reduzir o devedor insolvncia. Da mesma forma, exige-se a figura a cincia do adquirente. Pelo elemento da litispendncia, verifica-se que desde a citao j conta o termo inicial para os atos ineficazes. O marco no o registro da penhora, mas a citao . A PENHORA Houve bastante polmica quando na pendncia de ao executria se aliena um bem j penhorado . Nestes casos, entende-se que como a citao que firma o termo inicial da ineficcia da alienao, o registro da penhora no seria obrigatrio. Contudo com relao ao terceiro adquirente a situao se complicava. Assim, o art. 659, 4 do CPC com a lei 8.953/94 passou a estatuir que: 4 - A penhora de bens imveis realizar-se- mediante auto ou termo de penhora e inscrio no respectivo registro. Assim, com a nova redao o registro passou a ser integrante da penhora. No entanto, h quem entenda que o registro da penhora to somente um fator de eficcia perante terceiros. A penhora vlida. Todavia, perante terceiros para ter eficcia deve ser registrada , no se tratando o registro de um elemento constitutivo do ato constritivo. A CONSEQNCIA PRTICA PARA ALGUNS DOUTRINADORES FOI A DE ENTENDER: 1. QUE COM O 4 INEXISTE FRAUDE EXECUO, CAPAZ DE PERMITIR A RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL DO BEM ALIENADO, SEMPRE QUE A PENHORA NO ESTEJA REGISTRADA NO REGISTRO IMOBILIRIO. OU 2. QUE O REGISTRO DA PENHORA, SERVE TO SOMENTE PARA PROCEDER INVERSO DO NUS DA PROVA, QUE NA AUSNCIA DO REGISTRO INCUMBE AO CREDOR.

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Houve, por fim, mais uma alterao no 4 do art. 659 do CPC atravs da Lei 10.444/2002 ao dispor que : a penhora de bens imveis realizar-se- mediante auto ou termo de penhora, cabendo ao exeqente, sem prejuzo da imediata intimao do executado, providenciar , para presuno absoluta de conhecimento por terceiro, o respectivo registro no ofcio imobilirio, mediante apresentao de certido de inteiro teor do ato e independentemente de mandado judicial. OBS: Escreve Yussef Said Cahali : o elemento intencional da fraude est nsito ( in re ipsa , presuno iure et de iure ) no ato de disposio ou alienao de fraude de execuo, bastando, que dele resulte a insolvncia do devedor; embora mais recentemente, esse pretendido carter absoluto de presuno de fraude venha sendo fragilizado, em proteo s regras de boa-f, e na considerao das circunstncias de cada modalidade de fraude de execuo prevista no art. 593 do CPC. ( P. 466) O STJ j se manifestou que a fraude execuo pode ser reconhecida independentemente de ao e at de ofcio no processo. A Lei 11.382/2006 instituiu a chamada averbao premonitria ou averbao cautelar atravs do novo art. 615-A . Pelo dispositivo o exeqente pode, ao ajuizar a ao executiva, obter certido e averb-la no CRI . O 3 prev que presume-se em fraude execuo a alienao ou onerao de bens efetuada aps a averbao ( art. 593). 2. AO REVOCATRIA FALENCIAL: (arts. 129 e 130 da Lei 11.101/2005). Trata-se da revocao dos atos do devedor antes da quebra a ser promovida por meio da ao revocatria . A lei clara ao mencionar que o ato lesivo praticado aos credores no nulo ou anulvel, mas apenas ineficaz em relao massa. O art. 99, II, da Lei 11.101/2005 determina que o juiz na sentena que decretar a falncia fixar o termo legal , que se inicia nos 90 (noventa dias) anteriores ao primeiro protesto por falta de pagamento. tambm chamado de perodo suspeito, em sendo praticados atos definidos no art. 129 (incisos I, II e III ) neste prazo, ensejar a caracterizao da fraude, independente do elemento subjetivo . Tratando-se de atos gratuitos, esse perodo suspeito estendido para dois anos ( incisos IV e V do art. 129 ). Nos atos elencados no art. 129 no h necessidade de prova do do consilium frades , havendo uma presuno absoluta que os atos ali praticados tem a inteno de desfalcar mais ainda o patrimnio do falido em detrimento dos credores. J no art. 130 exige-se o pressuporto do consilium fraudis ou animus nocendi e outro implcito , o eventus damni , o prejuzo para os credores intencionando com os atos praticados. bastante similar com a ao pauliana de direito comum. O art. 130 no prev um prazo quando se considera ineficaz o ato. Limita-se a dispor que os atos so revogveis. A doutrina j assente que a ineficcia deve ser quanto aos atos praticados durante o perodo suspeito , o que no impede que , fora desse perodo , sejam impugnados atravs da ao pauliana comum. A ao revocatria falencial pode ser interposta pelo sndico e , no o fazendo compete ao credor , no prazo de um ano. O art. 135 da LF dispe que os bens devem ser restitudos massa em espcie , com todos os acessrios. A sentena que julga a ao revocatria decide quanto eficcia do ato do falido, em relao massa, no quanto sua validade jurdica erga omnes, ou nulidade; o ato jurdico no desconstitudo na sua formao, nem fica insubsistente in totum , mas apenas

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deixa de ser oponvel em relao aos crditos concursais; portanto, continua vlido entre as partes, com possibilidade de oportuna ps-eficacizao. OBSERVAO: a nova lei de falncias 11.101/05 previu em seus arts 129 e 130 aos moldes da ao revocatria falencial j noticiada. No vislumbramos nenhuma alterao de monta, nesse aspecto, salvo o fato de que atualmente, o perodo suspeito, passou a ser de 90 dias e no mais 60. OBSERVAO: a boa-f na revocatria falencial no levada em conta. Veja, a propsito, o que dispe os artigos 136 e 138 da lei em questo, in verbis : Art. 136. Reconhecida a ineficcia ou julgada procedente a ao revocatria, as partes retornaro ao estado anterior e contratante de boa-f ter direito restituio dos bens ou valores entregues ao devedor. 2- garantido ao terceiro de boa-f, a qualquer tempo, propor ao por perdas e danos contra o devedor ou seus garantes. Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base em deciso judicial, observado o disposto no art. 131 desta Lei. 2. FRAUDE EXECUO FISCAL: - Enquadra-se na hiptese do inciso III do art. 593 do CPC NOS DEMAIS CASOS PREVISTOS EM LEI.(arts. 185 do CTN) . Dispe esse artigo: Presume-se fraudulenta a alienao ou onerao de bens ou rendas, ou seu comeo, por sujeito passivo em dbito para com a Fazenda Pblica por crdito tributrio regularmente inscrito como dvida ativa. A fraude execuo fiscal a mesma fraude de execuo do direito processual, investida de algumas peculiaridades que visam melhor atender e resguardar os interesses do Fisco. Essas peculiaridades, so as seguintes: 1. Quanto ao sujeito ativo do ato fraudulento: na execuo fiscal a penhora pode incidir sobre bens pertencentes aos scios. Assim, em conseqncia, os atos de disposio de bens particulares praticados pelo scio como pessoa fsica, quando tiver agido com infrao lei, ou excesso de poderes, caracterizar fraude execuo fiscal. 2. Quanto ao momento da inscrio do dbito: a partir da inscrio do dbito o contribuinte sujeita-se a uma relativa reduo na capacidade de disposio de seu patrimnio. Todavia, o entendimento doutrinrio e jurisprudencial atual no sentido de que no basta a inscrio do dbito em dvida ativa, sendo necessrio que ocorra a propositura da execuo. Todavia, ao contrrio do que ocorre na fraude execuo , no h necessidade do requisito da litispendncia , ou seja , da demanda em curso, o que pressupe a necessidade de citao, bastando, o simples ajuizamento da ao . - A responsabilidade pelo capital no-integralizado, faz com que o scio responda com seus bens particulares pelas dvidas da sociedade. - A responsabilidade decorrente do art. 134 e 136 do CTN dos gerentes e diretores , quando ocorre a responsabilidade solidria ou por infraes. - A responsabilidade pode surgir pela dissoluo irregular da sociedade. - A responsabilidade por excesso de poder ou infrao lei ou ao contrato ( art. 135 ) Embora a jurisprudncia seja pacfica de que no h necessidade da incluso do nome do scio na CDA , imprescindvel sua citao , em nome prprio , para defesa e no como

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representante legal da sociedade jurdica. Fazenda compete a prova de que o scio agiu contra a lei, os estatutos ou contrato social ou com excesso de poder. Ver tambm art. 4 da Lei 8.009/90: No se beneficiar do disposto nesta Lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de m-f imvel mais valioso para transferir a residncia familiar, desfazendo-se ou no da moradia antiga. 1 Neste caso, poder o juiz, na respectiva ao do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa par a execuo ou concurso, conforme a hiptese. O alienante, nesse caso deve ser citado na qualidade de litisconsrcio necessrio? A interveno jussu judicis , ou seja, aquela que o juiz determina a citao de uma parte para ser includa num dos plos, no litisconsrcio facultativo, vedada em nosso ordenamento . J no caso de um litisconsrcio necessrio, como a no incluso gera a nulidade da sentena, possvel. Neste caso, estaramos diante de qual situao? (art. 47 do CPC)

OBSERVAES NECESSRIAS 1. REVELIA: a revelia a inrcia do ru e no se confunde com os efeitos da revelia que so tpicos do processo de conhecimento. Smula 196 do STJ: Ao executado que, citado por edital ou por hora certa, permanece revel, ser nomeado curador especial, com legitimidade para apresentao de embargos. 2. INTERVENO DE TERCEIROS E LITISCONSRCIO A figura do litisconsrcio ativo necessrio inexiste no processo de execuo, uma vez que mesmo no caso de solidariedade, cada credor pode executar a parte que lhe toca, sem que tenha de entrar no processo os demais credores. J o litisconsrcio passivo necessrio, figura comum , como no caso de marido e mulher ( art. 669, pargrafo nico do CPC ), MESMO EM SE TRATANDO DE REGIME DE SEPARAO TOTAL DE BENS, COMO ENTENDEU O STJ. No caso da solidariedade ou co-responsabilidade h litisconsrcio passivo facultativo, pois caracterstica da solidariedade que o credor possa demandar contra um nico devedor ao seu alvedrio. Assim, sempre h possibilidade tanto do litisconsrcio ativo como o passivo, facultativos. A figura da assistncia, por sua vez no cabvel em sede de execuo, salvo quando a execuo for embargada. uma forma de interveno espontnea do terceiro na relao processual. A oposio d-se quando o terceiro intervm no processo apresentando pretenso prpria contra o autor e o ru que j figuram no processo. A nomeao autoria d-se com o objetivo de substituir o ru pelo terceiro, afastando da relao processual um ru. A denunciao da lide, d-se para garantir a ao regressiva contra o terceiro denunciado. O chamamento ao processo d-se para fins de que o terceiro ingresse no processo como litisconsorte , nos casos de solidariedade, de obrigao indivisvel. Nenhuma dessas figuras de interveno possvel, porque no comporta a discusso, nem ao menos em sede de embargos da viabilidade ou no das relaes jurdicas que se formam entre as partes e os terceiros intervenientes no processo.

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3. EXECUO POR INICIATIVA DO PRPRIO DEVEDOR ( art. 570, expressamente revogado pela Lei 11.232/2005) O devedor tem o direito de liberar-se da dvida . Por essa razo , o art. 570 do CPC previa que : O devedor pode requerer ao juiz que manda citar o credor a receber em juzo o que lhe cabe conforme o ttulo executivo judicial; neste caso, o devedor assume, no processo, posio idntica do exeqente. Assim , o dispositivo possibilitava que houvesse a citao do credor para que viesse receber em juzo o que lhe couber, havendo uma inverso na relao executiva, da ser chamada de execuo indireta. S ocorria na hiptese de ttulos judiciais , isto ,sentena condenatria transitada em julgado. Isto porque, Se/ se tratar de um ttulo extrajudicial dever o devedor valer-se do processo de conhecimento atravs do procedimento especial da ao de consignao em pagamento. A razo de ser da revogao do dispositivo em comento, ao que parece, deve-se por fora do que dispe o novo artigo 475-J, que possibilita que o devedor espontaneamente, aps a sentena ou sua liquidao, efetue no prazo de quinze dias o pagamento do valor da condenao. Como ensina Humberto Theodoro Jnior: Tudo se passar da forma mais singela possvel: o devedor oferecer o pagamento diretamente ao credor, dele obtendo a quitao, que ser juntada ao processo; ou oferecer em juzo o depsito da soma devida para obter do juiz o reconhecimento da extino da dvida e conseqente encerramento do processo. Em sua petio far incluir o demonstrativo de atualizao do dbito, se o credor ainda no tiver tomado iniciativa em tal sentido. ( p. 28, Curso de Direito Processual Civil, vol.II, 39 edio). 4. ART. 573: PROCESSO CUMULATIVO Requisitos: 1. identidade do credor e devedor nos diversos ttulos; 2. competncia do mesmo juzo; 3. identidade da forma de processo executrio. A doutrina em face do art. 573 tem admitido a cumulao de execues por ttulo judicial e extrajudicial como se observa: A cumulao, a, das aes executivas que foram objeto da mesma sentena, ou de diferentes sentenas, ou de sentenas e de ttulo extrajudicial ou de ttulos extrajudiciais, no sendo diferentes as formas do processo(..) (Pontes de Miranda Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, tomo IX, Rio de Janeiro, Forense, 1976, p. 139 ). Se, portanto, A for credor de B por sentena condenatria por quantia certa; por notas promissrias e por documento pblico, os ttulos, formalmente, so diferentes, mas substancialmente so da mesma natureza ( arts. 583, 584, I; 585, I e IV ). As execues, portanto, podem ser cumuladas, respeitados os pressupostos legais ( art. 573) . (...) ( Alcides de Mendona Lima. Comentrios ao Cdigo de Processo Civil, vol. VI, tomo I. Rio de Janeiro: Forense, 1974, p. 206). Assim, podamos ter cumulao de execuo por ttulo judicial com execuo por ttulo extrajudicial. A competncia nestes casos , sempre seria do juzo de onde se originou o ttulo judicial, j que ela absoluta (art. 575 do CPC ). Em razo de ser o cmulo permitido, como modalidade especial de conexo, o executado no pode recusar a cumulao, mesmo que a competncia para a do ttulo extrajudicial ser outra, mas relativa. Ex: A nota promissria, por exemplo, pagvel em So Paulo , mas h sentena condenatria contra o devedor, para pagamento de quantia certa no Rio de Janeiro. As execues cumuladas

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podem instaurar-se no Rio de Janeiro. Pelas mesmas razes, duas ou mais execues por ttulos extrajudiciais podem ser cumuladas em qualquer dos juzos competentes. No entanto, em face da nova Lei 11.232/2005, no se pode mais cogitar de aplicao do acmulo de execues entre um ttulo extrajudicial e um ttulo judicial, como no exemplo acima transcrito. Explica-se . Hoje, diante da lei 11.232/2005, os procedimentos so distintos para a execuo de quantia certa fundada em ttulo judicial e do ttulo extrajudicial. Assim, falta o elemento identidade da forma de processo executrio para se possibilitar a cumulao prevista no art. 573/CPC. Por outro lado, o que antes entendamos impossvel, isto , a cumulao de ttulos judiciais que tramitam em juzos distintos, por fora da competncia absoluta do juzo que julgou a causa ( art. 575, II e 475- P, II ), hoje possvel. Isto porque, o art. 475- P , criou no seu pargrafo nico a possibilidade de relativizar essa competncia funcional , ao preconizar que: Pargrafo nico. No caso do inciso II do caput deste artigo, o exeqente poder optar pelo juzo do local onde se encontram bens sujeitos expropriao ou pelo do atual domiclio do executado, casos em que a remessa dos autos do processo ser solicitada ao juzo de origem. Assim, havendo identidade do credor e devedor nos diversos ttulos e em sendo a mesma forma de processo executrio, a regra da competncia absoluta , no impede que se cumule as execues, na hiptese do exeqente optar por deslocar uma das execues para aonde tramita a outra. OBSERVAO: o art. 573 do CPC rejeita a cumulao subjetiva decorrente do patrocnio por vrios credores diferentes de aes contra um ou mais devedores comuns. A lei brasileira instituiu a unidade subjetiva dos crditos em excusso, como requisito de admissibilidade da reunio de aes executrias. OBSERVAO: S. 27 do STJ: pode a execuo fundar-se em mais de um ttulo extrajudicial relativos ao mesmo negcio. Todavia, o STJ entende que no se pode promover duas execues cobrando a mesma dvida ao mesmo tempo e separadamente a saber : do avalizado , com base no contrato e dos avalistas, com base na nota promissria, devendo serem reunidos os dois processos. H uma cumulao imprpria, tendo em vista tratar-se do mesmo crdito. 5. ART. 594 do CPC: bens sujeitos ao direito de reteno. O credor pode reter legalmente bens de devedor para garantir a execuo, no caso do penhor, de depsito, o mandatrio ( art. 1315 do CC16, hoje art. 681, 664 do NCC ). Nestes casos, o devedor goza da exceptio excussionis realis positiva , de modo que deve se executar primeiro a coisa que o credor retm para s depois , e havendo saldo remanescente , o credor penhorar outros bens. Assim no pode o credor somar duas garantias: a da reteno e da penhora. ELEMENTOS SUBJETIVOS ( II) 11.232/2005: : O RGO JUDICIAL - art. 575 e art. 475-P da Lei

Em princpio a norma bsica a de que , em se tratando de execuo de sentena civil condenatria a competncia funcional e improrrogvel e territorial e relativa em se tratando dos demais casos, podendo sofrer prorrogaes e alteraes convencionais de acordo com as regras gerais do processo de conhecimento.

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A regra que a execuo se processa perante o juzo da causa , ou seja, o rgo judicial perante o qual se formou a relao processual ao tempo do ajuizamento do feito. No caso das sentenas penais condenatrias preciso primeiramente proceder liquidao do quantum a indenizar e ser posteriormente executada no juzo cvel . No caso dos ttulos extrajudiciais a regra de competncia a mesma do processo de conhecimento, tendo como regra geral o domiclio do devedor, podendo ser tambm o foro eleito pelo contrato ou o local de pagamento no caso dos ttulos cambiais Art. 576 do CPC . O art. 475-P foi introduzido pela Lei 11.232/2005 e repete o art. 575 do CPC , que no foi revogado, sobre a competncia da execuo fundada em ttulo judicial. Inova to somente , criando no pargrafo nico do art. 475-P a possibilidade de que a competncia funcional que de regra improrrogvel, possa ser relativizada. Neste caso, lcito ao credor optar por executar o ttulo judicial ou perante o juzo que processou a causa, ou no local onde se encontram os bens sujeitos expropriao, ou ainda no domiclio do executado. Competncia internacional: Se o ttulo judicial dever o credor obter sua homologao pela justia brasileira , atravs do STJ (EC n 45/05, art. 105, I, i e requerer a execuo perante a Justia Federal ( art. 109, X , da CR ). O ttulo executivo , na verdade , a carta de sentena extrada dos autos da homologao. No caso de ttulo extrajudicial , a execuo h de ser requerida diretamente na justia comum e no no estrangeiro. Desta forma, nunca haver exequatur para carta rogatria executiva. Isto porque, em sendo ttulo judicial s ser exequvel aps a homologao que dar fora ao ttulo executivo no Pas e , em sendo extrajudicial , dever intentar a ao executiva. A competncia no caso de se tratar de ttulo extrajudicial oriundo do exterior , vem definida no art. 585, 2 do CPC : No dependem de homologao pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os ttulos executivos extrajudiciais, oriundos de pas estrangeiro. O ttulo, para ter eficcia executiva, h de satisfazer aos requisitos de formao exigidos pela lei do lugar de sua celebrao e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigao. OBS: a incompetncia do juzo da execuo podia ser matria de embargos fundados em ttulo judicial ( art. 741, VII do CPC ) . No caso dos ttulos judiciais a incompetncia era sempre absoluta e no relativa , em razo da natureza funcional . Neste caso, o juiz podia, inclusive conhecer de ofcio declinando sua competncia , independentemente de exceo . E neste caso , no precisaria vir tecnicamente na forma de exceo, bastando a forma de preliminar. Com a Lei 11.232/2005 a incompetncia do juzo da execuo, no mais matria dos embargos do devedor para os devedores particulares, s para a Fazenda Pblica, onde remanesceu o instituto dos embargos. Para os credores particulares a defesa na execuo feita agora atravs da impugnao. Mas, nesse tocante, o artigo 475-L que regula esse novo instituto, no arrola dentre as matrias que podem ser articuladas a incompetncia do juzo da execuo. Tal se deu, porque se hoje a execuo dos ttulos judiciais de pagamento de quantia certa se d dentro do processo de cognio, a matria relativa incompetncia j deve ter sido argida quando da contestao. Os atos j realizados, salvo os decisrios podero ser aproveitados, por fora do art. 113, 2 do CPC. No caso do ttulo extrajudicial, oriundo do estrangeiro, a competncia internacional, observa a regra do art. 585, 2 do CPC : No dependem de homologao pelo Supremo Tribunal Federal, para serem executados, os ttulos executivos extrajudiciais, oriundos de pas estrangeiro. O ttulo , para ter eficcia executiva, h de satisfazer aos requisitos de formao

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exigidos pela lei do lugar de sua celebrao e indicar o Brasil como o lugar de cumprimento da obrigao.

ELEMENTOS OBJETIVOS ( I) : Ttulos executivos judiciais - art. 584 revog. pela Lei 11.232/2005, hoje tratado no art. 475-N. O ttulo executivo judicial por excelncia a sentena condenatria, hoje nominada sentena proferida no processo ( art. 475-N, I ). Existem, no entanto, outras sentenas que a lei d fora executiva, como as sentenas homologatrias e os formais de partilha. A doutrina portuguesa divide os ttulo executivos em judiciais e parajudiciais. Aqueles seriam a sentena de condenao e estes a de homologao de transao acordada entre as partes, onde h um misto de ttulo judicial e extrajudical, limitando-se o juiz a dar eficcia ao ato das partes, sem julg-lo. Para ns tal distino no de relevo, pois todos os ttulos judiciais tm a caracterstica da coisa julgada. O art. 584, hoje 475-N estabelece quais so essas sentenas, cujo rol taxativo. Caracterstica comum: coisa julgada, limitao da matria a ser articulada via embargos ou impugnao ( art. 741 do CPC no caso dos embargos da Fazenda Pblica e art. 475-L no caso da impugnao para os demais devedores ). EXECUO IMPRPRIA: As sentenas constitutivas e declarativas exaurem-se na prpria prestao jurisdicional. O mandado eventualmente emitido aos cartrios , no tem funo executiva, mas to somente o fim de dar publicidade ao contedo da sentena. Trat