processos referenciais - texto e ensino

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Universidade Estadual do Piauí – UESPI Mestrado Profissional em Letras Disciplina: Texto e Ensino Profª. Drª.: Bárbara Melo Iane Portela Ivânia Saila Meirydianne Chrystina Teresina – PI Maio/2015

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Page 1: Processos referenciais - Texto e Ensino

Universidade Estadual do Piauí – UESPIMestrado Profissional em LetrasDisciplina: Texto e EnsinoProfª. Drª.: Bárbara Melo

Iane PortelaIvânia SailaMeirydianne Chrystina

Teresina – PIMaio/2015

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I. Plano de Aula: PROCESSOS DE REFERENCIAÇÃO 28/05/2015

II. Dados de Identificação:Universidade Estadual do PiauíProfª. Drª.: Bárbara MeloAcadêmicos: Iane Portela / Ivânia Saila / Meirydianne Chrystina.Disciplina: Texto e EnsinoCurso: Mestrado Profissional em Letras - Profletras

III. Tema: - Referenciação e processos referenciais.- conceito fundamental: referência sucinta de base historiográfica que sustenta o

tema.

IV. Objetivos: conhecer os processos referenciais.Objetivo geral: capacitar o professor no conhecimento dos processos referenciais.Objetivos específicos:Retomar o conteúdo de referenciação;Estudar os processos referenciais: conceitos, classificação e funções;Conhecer, por meio de embasamento teórico, os principais processos de

referenciação: introdução referencial, anáforas e dêixis;Utilizar textos diversos para ilustrar os casos de referenciação;Apontar sugestões de trabalho com a temática a ser aplicados em salas de aula da

Educação Básica.

PLANO DE AULA

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V. Conteúdo e desenvolvimento do tema:

•Referenciação – conceito, importância e retomada de aula;•Introdução ao estudo dos processos referenciais: o que são? Finalidades.•Apresentação dos principais processos referenciais (Cavalcante, 2014);•Introdução referencial;•Atividades propostas;•Estratégias de referenciação – Koch (2008);•Introdução referencial e intertextualidade;•Anáforas – diretas, indiretas e encapsuladoras;•Categorização e recategorização;•Análise dos processos em textos;•Dêiticos: conceitos, classificação e funções;•Aplicabilidade dos processos referenciais no ensino – sugestão de atividades.

PLANO DE AULA

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VII. Recursos didáticos:Cópia dos textos para análise;Projetor;Slides;Textos verbais e não-verbais;Fontes teóricas.

VIII. Avaliação: acontecerá de forma teórico-prática. Será executada mediante a participação do estudante na abordagem teórica, bem como seu envolvimento na resolução de atividades propostas.

XIX. Bibliografia: BERTUCCI, R. A. Anáforas encapsuladoras: uma análise em textos de opinião.

Revista Letras, Curitiba, N. 70, P. 207-221, SET./DEZ. 2006. Editora UFPR.CAVALCANTE, M. M. Expressões referenciais – uma proposta classificatória.

Cadernos de estudos lingüísticos, Campinas, v. 44, 2003.CAVALCANTE, M. M. e FILHO, V. C. Revisitando o estatuto do texto. Revista do

Gelne, v. 12, n. 2, 2010, p. 56-71. CAVALCANTE, M.M.; FILHO, V.C.; BRITO, M.A.P. Coerência, refrenciação e ensino.

– 1. ed. – São Paulo: Cortez, 2014.KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e Compreender: os sentidos do texto. São Paulo:

Contexto, 2006.PINHEIRO, Clemilton Lopes. Processos referenciais em textos multimodais:

aplicação ao ensino. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

PLANO DE AULA

Page 6: Processos referenciais - Texto e Ensino

REFERENCIAÇÃOusamos de forma intuitiva;processo pelo qual se constroem referentes e

que representam uma certa realidade;Referência é a propriedade que tem a

linguagem de remeter à realidade;Referenciação – são as diversas formas de

introdução, no texto, a novas entidades ou referentes.

REFERENCIAÇÃO = processo de construção dos referentes no texto.

PROCESSOS REFERENCIAIS

Page 7: Processos referenciais - Texto e Ensino

Estratégias de referenciação pelos quais formulamos os referentes no texto que produzimos;

Estratégias pelas quais interpretamos os referentes produzidos nos textos dos outros.

Cavalcante, Pinheiro, Lins e Lima (2010, p. 233-4):

Referenciação: “o processo pelo qual, no entorno sociocognitivo-discursivo e interacional, os referentes se (re)constroem. Trata-se, portanto, de um ponto de vista cognitivo-discursivo, e é por isso que se diz que a referenciação é um processo em permanente elaboração, que, embora opere cognitivamente, é indiciado por pistas linguísticas e completado por inferências várias”.

REFERENCIAÇÃO E OS PROCESSOS REFERENCIAIS

Page 8: Processos referenciais - Texto e Ensino

MARCUSCHI (2002) Os referentes modificam-se ao longo do texto. Para manter o controle sobre o que foi dito a respeito deles, usamos constantemente termos/expressões que retomam outros termos/expressões do próprio texto, constituindo, assim, cadeias referenciais. É nesse processo que dois indivíduos, ao interagirem lingüisticamente, chegam a saber do que estão falando e como estão construindo seus referentes

REFERENCIAÇÃO – importância

A referenciação constitui, assim, uma atividade discursiva. O sujeito, na interação, opera sobre o material lingüístico que tem à sua disposição, operando escolhas significativas para representar estados de coisas, com vistas à concretização do seu projeto de dizer

KOCH (1999;2002)

Page 9: Processos referenciais - Texto e Ensino

KOCH (2004) a referenciação como uma atividade discursiva, como um processo realizado negociadamente no discurso e que resulta na construção de referentes ou objetos de discurso.

concepção de referência como, através da língua, referimo-nos às coisas.

KOCH (2002, p. 106)

A função das expressões referenciais não é apenas referir. Pelo contrário, como multifuncionais que são, elas contribuem para elaborar o sentido, indicando pontos de vista, assinalando direções argumentativas, sinalizando dificuldades de acesso ao referente e recategorizando os objetos presentes na memória discursiva.

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Cavalcante (2011, p. 59):

“os elos referenciais vão entrelaçando-se nas representações mentais que os falantes vão elaborando no universo do discurso, compondo verdadeiras cadeias anafóricas”. Essa coesão não se estabelece apenas pelo que está explícito no cotexto, mas também pelo “que se encontra implícito na memória discursiva e que se descobre por inferência”.

• IMPORTANTE: entorno discursivo, pois outras marcas lingüísticas e situacionais, que não apenas as chamadas expressões referenciais, contribuem de maneira específica para o processo de categorização (introdução do elemento no discurso) e, de maneira mais geral, para o processo de referenciação.

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MONDADA; DUBOIS (2003) –

a referenciação é uma atividade discursiva de (re)elaboração de referentes. A existência dessa constante reelaboração é que coloca o ato de referir num processo de instabilidade constitutiva das categorias/entidades da língua e do mundo

CAVALCANTE (2012):

o processo de construção dos objetos de discurso implica que, no fundo, o papel da linguagem não é o de promulgar firmemente uma realidade pronta e delimitada, porém, o de construir uma versão de eventos ocorridos, experimentados

Page 12: Processos referenciais - Texto e Ensino

é preciso comutar a palavra referência pela palavra referenciação, uma vez que o processo de referenciar é configurado como uma atividade da língua produzida, em determinado momento histórico e social, por sujeitos em interação.

Instabilidades: na interação, os sujeitos criam mundos textuais em que os objetos não refletem de modo fiel o “mundo real”, pois esses objetos são organizados por meio das práticas sociais, tornando-se assim, objetos-de-discurso.

MONDADA E DUBOIS (2003)

Page 13: Processos referenciais - Texto e Ensino

Abordam a referenciação em duas linhas: Categorização: os mecanismos cognitivos

atribuem estabilidade ao mundo;Uma visão linguística discursiva e

interacionista - analisa os processos de referenciação no sentido de constituição dos objetos-de-discurso e de intermediação dos padrões sociais.

Consideram a referência como um sistema pronto e preexistente, e a referenciação como um sistema que é construído.

MONDADA E DUBOIS (2003)

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Denominam-se estratégias de referenciação, e, mais recentemente estratégias de progressão referencial, os procedimentos responsáveis por introduzir e manter a referência em determinado texto, seja ele oral ou escrito.

Marcuschi, (2005, p. 54), “originalmente, o termo “aná- fora”, na retórica clássica, indicava a repetição de uma expressão ou de um sintagma no início de uma frase”

PROCESSOS REFERENCIAIS

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Quando não tinha nada, eu quisQuando tudo era ausência, espereiQuando tive frio, tremiQuando tive coragem, liguei

(À Primeira Vista – Chico César)

Ele não desiste de vocêEle se importa com vocêEle compreende o seu caminharNunca vi amor tão grande assim.

(Marquinhos Gomes)

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[...] hoje, na acepção técnica, [o conceito de anáfora] anda longe da noção original. [Este] termo é usado para designar expressões, que, no texto, se reportam a outras expressões, enunciados, conteúdos ou contextos textuais (retomando-os ou não), contribuindo, assim, para a continuidade tópica e referencial.

PROCESSOS REFERENCIAISMarcuschi (2005, p:55)

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Segundo Cavalcante (2011):

termo-âncora1. Não se atrela a nenhum elemento formalmente dado no cotexto.2. Introduz formalmente um novo referente no discurso.

1. Está relacionado a elementos formalmente dados no cotexto.2. Promove a continuidade referencial (não ocorre necessariamente através do mesmo referente)

PROCESSOS REFERENCIAIS

Introdução referencial

Anáforas

Page 18: Processos referenciais - Texto e Ensino

Colaborar para a construção da coerência/coesão textual e discursiva.

Cavalcante, Filho e Brito (2014: p. 53)

Finalidade dos processos referenciais:

Processos referenciais

Introdução

referencial

Anáfora Dêixis

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Âncora das anáforas;Estreia do termo no texto;Ocorre por meio do emprego de uma

expressão referencial ainda não mencionada anteriormente;

Vai ancorar e gerar outros processos de retomadas anafóricas.

INTRODUÇÃO REFERENCIAL

Falaremos de introdução referencial apenas quando um objeto for novo no cotexto e não tiver sido engatilhado por nenhuma entidade, atributo ou evento expresso no texto.

Page 20: Processos referenciais - Texto e Ensino

Uma introdução referencial é instaurada somente quando, durante o processo de compreensão, um referente (ainda não manifestado por uma expressão referencial) é construído pela primeira vez na mente do coenunciador do texto/discurso. Esse referente pode (ou não) ser retomado anaforicamente ao longo do texto.

Koch e Marcuschi (1998) falam de categorização e recategorização.Categorização: um elemento seria introduzido no discurso;Recategorização: um elemento já referido seria reformulado, sendo o seu significado alterado de algum modo.

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O Ibama anunciou ontem a descoberta de uma nova ave, o bicudinho-do-brejo-paulista.O Stymphalornissp.nov (a terminação indica que o animal não recebeu a denominação definitiva da espécie) foi encontrado pelo professor Luís Fábio Silveira, do Departamento de Zoologia da USP, em áreas de brejo nos municípios de Paraitinga e Biritiba-Mirim, na Grande São Paulo, em fevereiro. O pássaro tem pouco mais de 10 centímetros de comprimento, capacidade pequena de voo e penugem escura.

Fonte: O Estado de São Paulo. 6 de maio de 2005, p. A18.

Nova espécie de ave é descoberta

na Grande São Paulo

Identificar o termo que faz a introdução referencial.________________________________________________________________________________________________________________________________

Nesse texto, é possível falar que a introdução referencial é âncora para outros elementos? Se sim, cite quais. Justifique.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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PAI,Este retrato é maise mais que a pedra branca,mais que a data sempre.

E mais que um nome que um econunca mais.

É o que salta seue o assalto de não ser.

Sou euRiscada em molde.O que condeneique cresceu em mim.

É vivo fitá-lo assimremendado do que foi.É querer fincá-lo doce,envolvido, e não sofrer.

É a certeza máde que este retrato é maise será maisdo que você.

Você, que o temposobre o tempo,impenetrado,levará de mim.

Fonte: Mônica Magalhães Cavalcante, poema inédito.

No poema, pode-se perceber a presença de introdução referencial. Aponte-a.____________________________________________________________________________________________________________

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Afirma que na construção dos referentes textuais estão envolvidas as seguintes estratégias de referenciação:

1. Introdução (construção): um objeto, até então não mencionado é introduzido no texto, de modo que a expressão linguística que o representa é posta em foco, ficando esse objeto saliente no modelo textual. Ex: uma nova ave (exemplo 1).

2. Retomada (manutenção) – um objeto já presente no texto é reativado por meio de uma forma referencial, de modo que o objeto-de-discurso permaneça em foco como acontece com as expressões o bicudinho-do-brejo-paulista; O Stymphalornissp.nov; o animal; O pássaro (exemplo 1)

3. Desfocalização: quando um novo objeto de discurso é introduzido passando a ocupar a posição focal. O objeto retirado de foco, contudo, permanece em stand by, ou seja, ele continua disponível para utilização sempre que necessário.

KOCH (2008: p.126)

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Atividade PortoAna Maria Braga vai se desfazer de dois de seus três barcos.A apresentadora está procurando comprador para as lanchas Ambar I, de 47 pés, e Ambar II, de 52 pés. Ela pretende ficar apenas com Shambhala, o trawler de 85 pés que inclui até TV de tela plana na sala de estar. Lanchas com essas dimensões custam entre R$ 450 mil e R$ 600 mil.Fonte: O Estado de São Paulo. 6 de maio de 2005,.

Apontar os elementos referenciais usados nas estratégias de referenciação propostas por Koch (2008) e que podem ser encontradas nesse texto.

a) Introdução/construção:

b) Retomada/manutenção:

c) Desfocalização:

Page 25: Processos referenciais - Texto e Ensino

Daí em diante, tudo o mais que guardar relação com tais referentes estará inevitavelmente associado a ele, o que pode gerar diferentes processos de retomada anafórica.

Page 26: Processos referenciais - Texto e Ensino

As introduções referenciais podem cumprir funções outras, como a de construir processos intertextuais.

Quando ela contém introduções referenciais intertextuais, necessitamos acionar também o nosso conhecimento sociocultural.

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Introdução referencial com intertextualidade implícita (sem fonte)

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Introdução referencial com intertextualidade explícita (com fonte)

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Havia um gesso no meio do caminho

Enquanto estava no hospital, todo mundo escreveu no gesso. Deixaram-lhe recadinhos, desenharam caretas, assinaram com nomes e datas.

Ao tirar o gesso, os médicos deram a má notícia: o osso calcificou torto, e assim a perna ficará, para sempre, torta.

Seu consolo é que tem muitos amigos, embora eles andem todos, e sempre, uns metros adiante.

Brasiliense, Leonardo. Adeus conto de fadas (minicontos juvenis). - 3. ed. – Rio de Janeiro: 7Letras, 2013

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Tem criticado o fato de se supor que uma introdução referencial sirva apenas como um mecanismo para promover a “aparição” de referentes.

A introdução referencial também pode orientar argumentativamente, lançand0 um direcionamento opinativo.

Silva (2013) apud CAVALCANTE (2014)

Page 31: Processos referenciais - Texto e Ensino

Introdução referencial lançando um direcionamento opinativo sobre O vizinho

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PROCESSO REFERENCIAL 2 - ANÁFORAS

Do grego anapherein e quer dizer “repetir”, “lembrar” ou “trazer de volta”;

Anáfora – mecanismo linguístico por meio do qual se aponta ou remete para elementos presentes no texto ou que são inferíveis a partir deste. Comumente, reserva-se a denominação de anáfora à remissão para trás.

Ex.: Paulo Saiu. Ele foi ao cinema

Catáfora – à remissão para a frente.

Ex.: Só quero isto: que vocês me entendam.

Page 33: Processos referenciais - Texto e Ensino

Existe mais de um tipo de anáfora;consistiria na remissão ao mesmo objeto-de-

discurso já introduzido, ou seja, designaria o mesmo referente;

Comum: propriedade de continuar uma referência de modo direto ou indireto.

As diretas retomam um elemento presente no cotexto. Um mesmo elemento é destacado de diferentes formas. O mesmo referente é retomado por expressões referenciais anafóricas responsáveis pela manutenção (continuidade) e pela progressão da referência no texto.

Tipos de anáfora

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Anáfora

Direta/correferencial

Retoma o mesmo referente já introduzido no discurso

Indireta/

Não correferenciais

Não retoma o mesmo

referente

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CLASSIFICAÇÕES DAS ANÁFORAS

Anáfora direta: o referente está explicito no texto.

Exemplo: Comprei um CD. Ele é ótimo.

Anáfora indireta: o referente não está explicito no texto, ele é recuperado por meio do conhecimento prévio.

Fui caçar, mas eles não saiam da toca. O referente “tatus” é recuperado pelo verbo “caçar”

Page 36: Processos referenciais - Texto e Ensino

Anáfora associativa: ocorre quando é introduzido um novo referente no texto por meio da relação parte/ todo ou vice-versa.

Exemplo: A árvore ficava no alto da colina. O tronco estava podre.

Anáfora encapsuladora: retoma uma parte do texto resumindo-a.

Exemplo: O homem criticava suas atitudes. Isso a deixava mais nervosa.

Page 37: Processos referenciais - Texto e Ensino

Todo processo de compreensão pressupõe, portanto, atividades do ouvinte/leitor, de modo que se caracteriza como um processo ativo e contínuo de construção – e não apenas de reconstrução —, no qual as unidades de sentido ativas a partir do texto se conectam a elementos suplementares de conhecimento extraídos de um modelo global também ativado em sua memória. Por ocasião da produção, o locutor já prevê essas inferências, na medida em que deixa implícitas certas partes do texto, pressupondo que tais lacunas venham a ser preenchidas sem dificuldades pelo interlocutor com base em seus conhecimentos prévios e nos elementos da própria situação enunciativa. Por esta razão, dependendo desses conhecimentos e do contexto, diferentes interlocutores poderão construir interpretações diferentes do mesmo texto.

Koch (2005: p.3)

Page 38: Processos referenciais - Texto e Ensino

Fui há dias a um cemitério, a um enterro, logo de manhã, num dia ardente como todos os diabos e suas respectivas habitações. Em volta de mim ouvia o estribilho geral: que calor! Que sol! É de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!

Íamos em carros! Apeamo-nos à porta do cemitério e caminhamos um longo pedaço. O sol das onze horas batia de chapa em todos nós; mas sem tirarmos os chapéus, abríamos os de sol e seguíamos a suar até o lugar onde devia verificar-se o enterramento. Naquele lugar esbarramos com seis ou oito homens ocupados em abrir covas: estavam de cabeça descoberta, a erguer e fazer cair a enxada. Nós enterramos o morto, voltamos nos carros, c dar às nossas casas ou repartições. E eles? Lá os achamos, lá os deixamos, ao sol, de cabeça descoberta, a trabalhar com a enxada. Se o sol nos fazia mal, que não faria àqueles pobres-diabos, durante todas as horas quentes do dia?

O nascimento da crônica – Machado de Assis

Identificar as retomadas anafóricas (diretas) presentes no texto e observar as evoluções das anáforas durante o texto (recategorizações).

Page 39: Processos referenciais - Texto e Ensino

As retomadas anafóricas quando são feitas por expressões referenciais, podem ser realizadas por estruturas linguísticas de diversos tipos, tais como:

Pronomes substantivos;Sintagmas nominais diferentes (seis

ou oito homens = aqueles pobres diabos);

Sintagmas nominais total ou parcialmente repetidos (que sol=sol das onze= o sol);

Sintagmas adverbiais (lá)

Page 40: Processos referenciais - Texto e Ensino

 • A coesão referencial é realizada por

certos elementos lingüísticos cujo papel na língua é indicar, assinalar a referência, ou seja, são dependentes da referência para serem interpretados. Veja, a seguir, os elementos lingüísticos que realizam a coesão referencial.

• Outros recursos de coesão: Sinônimos, hiperônimos, hipônimos, etc.

Coesão referencial

Page 41: Processos referenciais - Texto e Ensino

Nas anáforas há a RECATEGORIZAÇÃO – acréscimo de informações ao referente.

No texto a recategorização ocorreu em:num dia ardente como todos os diabos e suas

respectivas habitações. Que sol! que calor! de rachar passarinho! É de fazer um homem doido!

Page 42: Processos referenciais - Texto e Ensino

  Álvaro de CamposApontamento

A minha alma partiu-se como um vaso vazio.        Caiu pela escada excessivamente abaixo.        Caiu das mãos da criada descuidada.        Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso. Asneira? Impossível? Sei lá!        Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.        Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

       Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.        Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.        E fitam os cacos que a criada deles fez de mim. 

       Não se zanguem com ela.        São tolerantes com ela.        O que era eu um vaso vazio?        Olham os cacos absurdamente conscientes,        Mas conscientes de si mesmos, não conscientes deles.        Olham e sorriem.        Sorriem tolerantes à criada involuntária.        Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.        Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.        A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?        Um caco.        E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.

Observar como o referente do se recategoriza ao longo do texto   

Page 43: Processos referenciais - Texto e Ensino

Natal na barca - Lygia Fagundes Telles

Não quero nem devo lembrar aqui por que me encontrava naquela barca. Só sei que em redor tudo era silêncio e treva. E que me sentia bem naquela solidão. Na embarcação desconfortável, tosca, apenas quatro passageiros. Uma lanterna nos iluminava com sua luz vacilante: um velho, uma mulher com uma criança e eu.

O velho, um bêbado esfarrapado, deitara-se de comprido no banco, dirigira palavras amenas a um vizinho invisível e agora dormia. A mulher estava sentada entre nós, apertando nos braços a criança enrolada em panos. Era uma mulher jovem e pálida. O longo manto escuro que lhe cobria a cabeça dava-lhe o aspecto de uma figura antiga.

Pensei em falar-lhe assim que entrei na barca. Mas já devíamos estar quase no fim da viagem e até aquele instante não me ocorrera dizer-lhe qualquer palavra. Nem combinava mesmo com uma barca tão despojada, tão sem artifícios, a ociosidade de um diálogo. Estávamos sós. E o melhor ainda era não fazer nada, não dizer nada, apenas olhar o sulco negro que a embarcação ia fazendo no rio. Debrucei-me na grade de madeira carcomida. Acendi um cigarro. Ali estávamos os quatro, silenciosos como mortos num antigo barco de mortos deslizando na escuridão. Contudo, estávamos vivos. E era Natal.

Recategorização

Page 44: Processos referenciais - Texto e Ensino

Aparentemente introduz uma entidade nova, mas na verdade, remetem ou a outros referentes expressos no cotexto, ou a pistas cotextuais de qualquer espécie, com as quais se associam para permitir ao coenunciador inferir essa entidade.

Anáforas indiretas:Sua interpretação depende de outros conteúdos fornecidos pelo contexto, e elas não têm referência com nenhuma outra entidade já introduzida.

Anáforas indiretas / não correferenciais

Page 45: Processos referenciais - Texto e Ensino

Anáfora indireta e a inferência

Grandes mudanças

Não sou nenhuma ignorante. Sabia que ia acontecer. Só não esperava que fosse tão cedo. Nem imaginava que assim,já na primeira vez a coisa pudesse ser tão intensa. Agora sou uma mulher, uma mulher de verdade. Posso engravidar, ser mãe... De uma hora pra outra deixei de ser menina e tenho que encarar grandes responsabilidades... Mas, antes de tudo, elo amor de Deus, um absorvente.

A inferência, por sua vez, entende-se a atividade mental feita pelo leitor do texto que, a partir de seu conhecimento de mundo, tem acesso a informações que não estão explícitas no texto, mas que se “ancoram” em informações deste. A inferência é necessária para a compreensão da anáfora em geral, e em particular para a compreensão da “anáfora indireta”.

Page 46: Processos referenciais - Texto e Ensino
Page 47: Processos referenciais - Texto e Ensino

O que se pode inferir da relação homem-cabelo no texto ao lado?

Há elementos no texto que permitem a retomada de termos para a construção do sentido? Quais?

Page 48: Processos referenciais - Texto e Ensino

Analisando o texto ao lado, explique como se dá a construção do humor.

O que se pode inferir a partir da última frase do texto?

Page 49: Processos referenciais - Texto e Ensino
Page 50: Processos referenciais - Texto e Ensino

Ora, o Senhor não sabia que o ar não vale nada?

Claro que não! E o seu Madruga?

Também não.

Page 51: Processos referenciais - Texto e Ensino
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Page 54: Processos referenciais - Texto e Ensino
Page 55: Processos referenciais - Texto e Ensino

A caixa de fósforos escapou-me das mãos e quase resvalou para o. rio. Agachei-me para apanhá-la. Sentindo então alguns respingos no rosto, inclinei-me mais até mergulhar as pontas dos dedos na água.

— Tão gelada — estranhei, enxugando a mão.

— Mas de manhã é quente.

Voltei-me para a mulher que embalava a criança e me observava com um meio sorriso. Sentei-me no banco ao seu lado. Tinha belos olhos claros, extraordinariamente brilhantes. Reparei que suas roupas (pobres roupas puídas) tinham muito caráter, revestidas de uma certa dignidade.— De manhã esse rio é quente — insistiu ela, me encarando.

— Quente?

— Quente e verde, tão verde que a primeira vez que lavei nele uma peça de roupa pensei que a roupa fosse sair esverdeada. É a primeira vez que vem por estas bandas?

Desviei o olhar para o chão de largas tábuas gastas. E respondi com uma outra pergunta:  (o texto não diz q ela perguntou, mas sabemos)

— Mas a senhora mora aqui perto?

— Em Lucena. Já tomei esta barca não sei quantas vezes, mas não esperava que justamente hoje...

Page 56: Processos referenciais - Texto e Ensino

A criança agitou-se, choramingando. A mulher apertou-a mais contra o peito. Cobriu-lhe a cabeça com o xale e pôs-se a niná-la com um brando movimento de cadeira de balanço. Suas mãos destacavam-se exaltadas sobre o xale preto, mas o rosto era sereno.

— Seu filho?

— É. Está doente, vou ao especialista, o farmacêutico de Lucena achou que eu devia ver um médico hoje mesmo. Ainda ontem ele estava bem mas piorou de repente. Uma febre, só febre... Mas Deus não vai me abandonar.

— É o caçula?

Levantou a cabeça com energia. O queixo agudo era altivo mas o olhar tinha a expressão doce.

— É o único. O meu primeiro morreu o ano passado. Subiu no muro, estava brincando de mágico quando de repente avisou, vou voar! E atirou-se. A queda não foi grande, o muro não era alto, mas caiu de tal jeito...

Tinha pouco mais de quatro anos.

Joguei o cigarro na direção do rio e o toco bateu na grade, voltou e veio rolando aceso pelo chão. Alcancei-o com a ponta do sapato e fiquei a esfregá-lo devagar. Era preciso desviar o assunto para aquele filho que estava ali, doente, embora. Mas vivo.

— E esse? Que idade tem?

— Vai completar um ano. — E, noutro tom, inclinando a cabeça para o ombro: — Era um menino tão alegre. Tinha verdadeira mania com mágicas. Claro que não saía nada, mas era muito engraçado... A última mágica que fez foi perfeita, vou voar! disse abrindo os braços. E voou.

Page 57: Processos referenciais - Texto e Ensino

O cara de branco

O sujeito acorda, vê um homem de branco ao lado e pergunta:- Correu tudo bem com a cirurgia, doutor?- Eu não sou doutor, não. Eu sou São Pedro. 

SOGRO ESPIRITUOSO A filha empertigada entra no escritório do pai, com o

marido à tiracolo e indaga sem rodeios:- Papai! Por que você não coloca meu marido no

lugar do seu sócio que acaba de falecer?E o pai responde, de pronto:- Olhe, filha! Corra e converse com o pessoal da

funerária! Por mim, tudo bem!

Page 58: Processos referenciais - Texto e Ensino

Resumir porções cotextuais: parte do cotexto somado a outros conhecimentos partilhados;

Parte do cotexto pode ser encapsulada; por vezes até o texto todo;

É híbrida; Bertucci (2006) cita Cavalcante (2003) quando diz que:

os encapsulamentos estão entre as anáforas indiretas e diretas (sem referente, mas recupera – sem retomar – algo já apontado no co(n)texto.

Nas palavras de Cavalcante (2003):encapsular consiste em resumir proposições do discurso empacotando-as numa expressão referencial, que pode ser um sintagma nominal (o quem tem recebido a denominação de “rótulo” – Francis, 1994), ou pode ser um pronome, geralmente demonstrativo.

ANÁFORAS ENCAPSULADORAS

Não me sinto um aliado ali. Me sinto um inimigo. Essa é não apenas a minha opinião mas a dos grupos Tortura Nunca Mais do Rio, São Paulo e Bahia... (Pinaud, J.L.D. FSP, 17 nov. 2004, Opinião, A2).

Page 59: Processos referenciais - Texto e Ensino

Deixis, etimologicamente, liga-se ao ato de mostrar, de apontar através da linguagem.

A deixis designa o conjunto de palavras ou expressões que têm como funçãoapontar para o contexto situacional, isto é, que assinalam as marcas da enunciação: o locutor - o sujeito que enuncia, o interlocutor - o sujeito a quem se dirige, o tempo e o espaço da enunciação.

DÊITICOS

EL

EM

EN

TO

S

EN

DO

RIC

OS

Page 60: Processos referenciais - Texto e Ensino

Criar um vínculo entre o cotexto (pronomes pessoais e demonstrativos, formas gramaticais de tempo/lugar e outras formas linguísticas) com a situação de comunicação.

fazer referência à situação de produção dos gêneros textuais, sejam estes nas modalidades oral ou escrita;

DÊITICOS

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a) Dêiticos pessoais (apontam para os próprios interlocutores na situação de comunicação)/expressões que se referem às pessoas do ato comunicativo.

(2) As frases seguintes foram proferidas, realmente, por advogados e tiradas de registros oficiais de tribunais:

Você tem filhos ou coisa do gênero??? - Vou mostrar-lhe a Prova 3 e peço que reconheça a foto.- Este sou eu. - Você estava presente quando esta foto foi tirada? (Piadas da Internet)

b) Dêiticos temporais (pressupõem o tempo em que se dá o ato comunicativo ou o tempo em que a mensagem é enviada)/ situam os acontecimentos em relação ao dia, hora, mês, semana, etc.

(3) Apresentada na última sexta-feira pela polícia como uma das autoras do assassinato de seus pais, ocorrido no mês passado, em São Paulo, Suzane Richthofen, de 19 anos, tem muito a ensinar sobre a atual geração de jovens de classe média. (Artigo de opinião, de Gilberto Dimenstein – Folha de São Paulo)

Classificação dos dêiticos - Cavalcante (2014)

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c) Dêiticos espaciais (remetem ao lugar em que se acha o enunciador, ou pressupõem esse local)/ marcam as noções de proximidade/distância do locutor. Apontam para um lugar situado e referido com relação a quem fala.

(4) “Cantadas que não deram certoHomem: Este lugar está vago?

Mulher: Está, e este aqui onde estou também vai ficar se você se sentar aí.” (Piadas da Internet)

d) Dêiticos memoriais (indicam que o referente tem acesso fácil na memória comum dos interlocutores e incentivam o destinatário a buscar ali a informação de que ele precisa)/conhecimento partilhado.

(5) Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de ‘experimenta, depois, quando você quiser, é só parar...’ e eu fui na dele. Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de ‘raiz’, ‘da terra’, que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do ‘Chitãozinho e Xororó’ e em seguida um do ‘Leandro e Leonardo’. (crônicaDrogas do submundo – autor desconhecido)

Classificação dos dêiticos - Cavalcante (2014)

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e) Dêiticos sociais – relação entre os participantes da comunicação (escolha dos níveis de linguagem, honorífico, polido, íntimos, insultantes com maior ou menor formalidade).

[...] O senhor mire e veja. O mais importante e bonito do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam. [...]

f) Dêiticos textuais – o espaço em que o texto se materializa. Feita por meio do uso de expressões que demarcam e organizam, anafórica e cataforicamente, o tempo e o espaço do próprio texto (escrito ou oral).

Constroem a dêixis textual expressões como referir antes, a ideia antes expressa, como se referiu no parágrafo anterior, como se demonstrou acima, veremos seguidamente...

Classificação dos dêiticos - Cavalcante (2014)

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Dêiticos no texto multimodal

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Concepção de texto: sociocognitivo interacional;

Cavalcante (2010) O texto= fenômeno multifacetado;

Análise textual deve considerar também os múltiplos fatores, cognitivos e discursivos, que entram na sua constituição e na construção do seu sentido;

Ampliar as capacidades comunicativas dos alunos por meio do ensino dos processos de referenciação, seus conceitos, funções e importância.

APLICABILIDADE NO ENSINO

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O barbeiro e o ateu

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ATIVIDADE 01: construção de referentes e função discursiva em texto exclusivamente verbal.

O porco Samir Ferreira

Um fazendeiro colecionava cavalos, e só faltava uma determinada raça. Um dia, ele descobriu que seu vizinho tinha este determinado cavalo. Assim, ele atazanou seu vizinho até conseguir comprá-lo. Um mês depois, o cavalo adoeceu, e ele chamou o veterinário, que disse:

– Bem, seu cavalo está com uma virose; é preciso tomar este medicamento durante três dias. No 3º dia, eu retornarei e, caso ele não esteja melhor, será necessário sacrificá-lo.

Neste momento, o porco escutava a conversa. No dia seguinte, deram o medicamento e foram embora. O porco se

aproximou do cavalo e disse: – Força, amigo, levanta daí, senão será sacrificado!!! No segundo dia, deram o medicamento e foram embora. O porco se

aproximou novamente e disse: – Vamos lá, amigão, levanta, senão você vai morrer! Vamos lá, eu te ajudo a

levantar. Upa! Um, dois, três... No terceiro dia, deram o medicamento, e o veterinário disse:

ATIVIDADE 01: construção de referentes e função discursiva em texto exclusivamente verbal

Page 68: Processos referenciais - Texto e Ensino

– Infelizmente, vamos ter que sacrificá-lo amanhã, pois a virose pode contaminar os outros cavalos.

Quando foram embora, o porco se aproximou do cavalo e disse: – Cara, é agora ou nunca! Levanta logo, upa! Coragem! Vamos, vamos!

Upa! Upa! Isso, devagar! Ótimo, vamos, um, dois, três, legal, legal, agora mais depressa, vai....fantástico! Corre, corre mais! Upa! Upa! Upa! Você venceu, campeão!!!.

Então, de repente, o dono chegou, viu o cavalo correndo no campo e gritou:

– Milagre!!! O cavalo melhorou, isso merece uma festa!Vamos matar o porco!

Pontos de Reflexão: Isso acontece com frequência no ambiente de trabalho. Ninguém percebe qual é o funcionário que realmente tem mérito pelo sucesso, ou que está dando o suporte para que as coisas aconteçam.

SABER VIVER SEM SER RECONHECIDO É UMA ARTE! Se algum dia alguém lhe disser que seu trabalho não é o de um

profissional, lembre-se: amadores construíram a Arca de Noé, e profissionais, o Titanic.

PROCURE SER UMA PESSOA DE VALOR, AO INVÉS DE UMA PESSOA DE SUCESSO!

(Fonte: FERREIRA, Samir. O porco. Disponível em: <http://leiasamirferreira.blogspot.com/2009/05/licao-

do-porco.html>. Acesso em: 14 fev. 2010.)

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a) “O dono da fazenda” e “o cavalo de raça específica” são dois dos vários referentes presentes no texto. Qual a expressão referencial utilizada para introduzir esses referentes no texto?

b) Quais as expressões utilizadas para retomar esses referentes ao longo do texto?

c) Identifique as expressões referenciais que retomam o referente “o cavalo de raça específica” e que apresentam, explicitamente, a avaliação do porco em relação a esse referente.

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ATIVIDADE 02:

Considere o seguinte trecho do romance Vidas Secas de Graciliano Ramos.

A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de moscas. As chagas da boca e a inchação dos beiços dificultavam-lhe a comida e a bebida [...]

Então Fabiano resolveu matá-la [...] Sinhá Vitória fechou-se na camarinha, rebocando os meninos

assustados, que advinhavam desgraça [...]. Ela também tinha o coração pesado, mas resignava-se: naturalmente a decisão de Fabiano era necessária e justa. Pobre Baleia.

Escutou, ouviu o rumor do chumbo que se derramava no cano da arma, as pancadas surdas da vareta na bucha. Coitadinha da Baleia.

a) Identifique as expressões referenciais empregadas para retomar e recategorizar o referente “cachorra Baleia”.

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Atividade 3

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Atividade 4

a) O que podemos inferir a partir da parte não-verbal do texto?

b) O quê não está explícito na imagem, mas que o texto deixa como pistas para que se possa inferir onde o filho está?

c) Como é a relação entre pai, mãe e filho nessa família?d) Será que eles têm muito contato uns com os outros?e) Será que pais passam tempo com o filho e vice-versa?f) É normal os pais escreverem um e-mail chamando o filho

para o jantar?g) Será que o filho é mais antenado à tecnologia que os pais?

Page 73: Processos referenciais - Texto e Ensino

D1 – Localizar informações explícitas no texto

Page 74: Processos referenciais - Texto e Ensino

D1 – Localizar informações explícitas no texto

Page 75: Processos referenciais - Texto e Ensino

Considere a imagem abaixo. Que informações podem ser extraídas para se chegar à produção de sentido?

Observando a materialidade cotextual, quais os possíveis sentidos podem ser atribuídos à parte verbal do texto?

Que relação pode ser estabelecida entre a parte verbal e não verbal do texto?

Que informações do contexto são importantes para que a interpretação deste texto alcance o sentido pretendido?

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Identifique o elemento categorizado no 1º quadrinho.

Quais as recategorizações que este elemento sofre ao longo do texto?

No 2º quadrinho há a desfocalização do referente anteriormente introduzido. Qual é o novo referente?

Há retomada desse elemento na continuidade do texto? Qual?

ambigüidade causada por anáforas

Page 77: Processos referenciais - Texto e Ensino

Retire, do texto a seguir, pelo menos um exemplo de introdução referencial, anáfora direta, anáfora indireta e anáfora indireta com encapsulamento.

Caro leitor,

Sinto muito dizer que o livro que você tem nas mãos é bastante desagradável. Conta a infeliz história de três crianças muito sem sorte.Apesar de encantadores e inteligentes, os irmãos Baudelaire levam uma vida esmagada por aflições e infortúnios. Logo no primeiro capítulo as crianças estão na praia e recebem uma trágica notícia. A infelicidade segue seus passos, como se eles fossem ímãs que atraíssem desgraças.

Neste pequeno volume, os três jovens têm que lidar com um repulsivo vilão dominado pela cobiça, com roupas que pinicam o corpo, um incêndio calamitoso, um plano para roubar a fortuna deles e mingau frio servido como café da manhã.

É meu triste dever pôr no papel essas histórias lamentáveis. Mas não há nada que o impeça de largar o livro imediatamente e sair para outra leitura sobre coisas alegres, se é isso que você prefere.

Respeitosamente,Lemony Snicket

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2 - Leia atentamente o texto a seguir:

A descoberta da América pelos europeus, nos fins do século quinze, deu lugar a uma transplantação da cultura europeia para este continente. Tal empreendimento  constituiu, porém, uma aventura impregnada de duplicidade. Proclamavam os europeus aqui chegarem para expandir nestas plagas o cristianismo, mas, na realidade, movia-os o propósito de exploração e fortuna. A história do período colonial é a história desses dois objetivos a se ajudarem mutuamente na tarefa real e não confessada de espoliação colonial. [...]

Nascemos, assim, divididos entre propósitos reais e propósitos reclamados. A essa duplicidade dos conquistadores seguiu-se a duplicidade da própria sociedade nascente, dividida entre senhores e escravos, dando assim ao contexto social do continente recém-descoberto o caráter de um anacronismo, mesmo em relação à Europa, na época, em plena renovação social e religiosa ( Reforma Protestante ).

(Educação no Brasil. São Paulo. Ed. Nacional. 1976)

Observe os elementos sublinhados presentes no texto e, quando à função textual, assinale, na ordem em que ocorrem, a opção correta:

A - (   ) dêitico, dêitico, anafórico, anafórico, anafórico;

B - (   ) dêitico, anafórico, anafórico, anafórico, dêitico;

C - (   ) anafórico, dêitico, dêitico, anafórico, dêitico;

D - (   ) dêitico, dêitico, dêitico, anafórico, dêitico;

E - (   ) anafórico, dêitico, dêitico, anafórico, anafórico.

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COISAS QUE TODO PROFESSOR DE PORTUGUÊS PRECISA SABER: a teoria na prática

Todo professor já ouviu falar em método de ensino. Mas será que ele sabe o que é um método? Inevitavelmente, uma questão extrema é levantada: o que significa saber o português? Será que todos os brasileiros, alfabetizados ou não, sabem o português? A resposta a essa questão é essencial para compreendermos o papel do professor no ensino fundamental e no ensino médio. É disso que esse livro trata.Faça um levantamento das anáforas desse texto, indicando quem são seus referentes e classificando as anáforas.

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O conhecimento das teorias pode fundamentar nosso trabalho com textos . Entendê-las é essencial para poder repassar isso aos estudantes com o propósito maior de desenvolver neles as habilidades de leitura e escrita.

Procurar inserir nas atividades de produção oral e escrita os processos de referenciação.

Importantes recursos que norteiam e facilitam a compreensão.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Page 81: Processos referenciais - Texto e Ensino

BERTUCCI, R. A. Anáforas encapsuladoras: uma análise em textos de opinião. Revista Letras, Curitiba, N. 70, P. 207-221, SET./DEZ. 2006. Editora UFPR.

CAVALCANTE, M. M. Expressões referenciais – uma proposta classificatória. Cadernos de estudos lingüísticos, Campinas, v. 44, 2003.

CAVALCANTE, M. M. e FILHO, V. C. Revisitando o estatuto do texto. Revista do Gelne, v. 12, n. 2, 2010, p. 56-71.

CAVALCANTE, M.M.; FILHO, V.C.; BRITO, M.A.P. Coerência, refrenciação e ensino. – 1. ed. – São Paulo: Cortez, 2014.

KOCH, I. G. V.; ELIAS, V. M. Ler e Compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Anáfora indireta: o barco textual e suas âncoras. In: KOCH, Ingedore et al. Referenciação e discurso. São Paulo: Contexto, 2005.

PINHEIRO, Clemilton Lopes. Processos referenciais em textos multimodais: aplicação ao ensino. Anais do SIELP. Volume 2, Número 1. Uberlândia: EDUFU, 2012. ISSN 2237-8758

REFERÊNCIAS