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Departamento de Direito
PROCESSO PENAL DEMOCRÁTICO, PRESUNÇÃO DE
INOCÊNCIA E O ESTADO
CONSTITUCIONAL DE DIREITO
Alunas: Diana Ferreira Stephan, Jasmine Louise Souto Lavrador e Raissa
Nunes de Barros
Orientadora: Victoria‐Amália de Sulocki
Introdução
O Estado Democrático de Direito, estabelecido na Constituição Federal Brasileira,
baliza nosso Processo Penal. Este não se limita às normas infraconstitucionais, seu espírito e
sentido estão nos Direitos Fundamentais e as Garantias processuais penais, que apontam para
a necessidade de construção de uma cultura democrática na seara do sistema de Justiça
criminal.
O Processo Penal, portanto, não constitui meramente um conjunto de normas voltado
para viabilizar a aplicação do ius puniendi e ius persequendi do Estado, mas é o que o
limita e protege os direitos e liberdades dos indivíduos. Por esse motivo, as permissões
dadas ao Estado para perseguir e punir são descritivas e devem ser interpretadas
restritivamente, enquanto as proteções aos homens possuem caráter muito mais amplo. Isso
faz, entretanto, que as interpretações do significado e aplicabilidade dessas proteções e
princípios sejam mais voláteis. Sem haver uma definição precisa e definitiva do que é e como
deve ser aplicada a Presunção de Inocência, seus usos se modificam intensamente.
Neste contexto, a proposta de pesquisa se centra no estudo da Presunção de Inocência
enquanto Princípio estruturador do Processo Penal Democrático, atuando em diferentes
dimensões: como regra de tratamento processual conferido ao investigado/acusado, como
regra de Estado em sua dimensão garantidora e como regra de juízo, impondo o princípio
in dúbio pro reo na dimensão probatória, ou seja, indicando que o ônus da prova é todo da
acusação.
Para alcançar o momento atual, em que o processo decisório se cerca por novas
demandas punitivistas, que advêm de fontes jurídicas e extrajurídicas, não basta observar
o recorte da jurisprudência mais recente. É essencial, dentro deste contexto, a construção
de uma abordagem histórica do posicionamento do Supremo Tribunal Federal, bastião da
Constituição, acerca da Presunção de Inocência, retomando a 1988.
Por esse motivo, o presente trabalho se propõe a realizar um estudo em duas partes,
primeiramente analisando os conceitos e usos da Presunção de Inocência, estudando Teoria
do Direito Penal e Processo Penal, e uma segunda, debruçando-se propriamente os votos dos
ministros do STF nos acórdãos associados ao tema.
Objetivos
O objetivo final do trabalho é traçar um perfil dos usos da Presunção de Inocência pelo
Supremo Tribunal Federal, observando se há constância nos usos de tal princípio enquanto
argumento e conceito, ou se estes são alterados de acordo com o caso do acórdão, tendo
como marco temporal inicial a Constituição de 1988.
Em paralelo, o projeto também pretende coletar dados dos acórdãos, criando um banco
com informações relevantes acerca das decisões dos ministros do Supremo Tribunal Federal.
Metodologia
Na sua atual conjectura, o estudo passou por duas fases centrais para sua construção
teórica e metodológica. A preocupação inicial foi estudar teoria do Direito Penal e
Departamento de Direito
Processual Penal, para que o estudo pudesse se iniciar com um arcabouço teórico e conceitual
bem definido.
O foco principal neste primeiro momento foi estudar o conceito de Presunção de
Inocência e seus usos. Desimportante é a construção de uma definição fechada da
terminologia, o que importa é conhecer o percurso histórico das mudanças de significado
e ser capaz de identificar seus usos contemporâneos.
Após construída essa base teórica, criou-se uma tabela utilizada na coleta quantitativa
dos elementos presentes nos votos dos ministros do Supremo. Esta é a atual fase do projeto,
que vislumbra abarcar todos os acórdãos que envolvam o tema da Presunção de Inocência
desde o reestabelecimento da democracia, utilizando o marco da Constituição de 1988.
Conclusão
A pesquisa ainda se encontra na fase de coleta de dados, sendo prematuro retirar
conclusões fechadas do trabalho já realizado. Todavia, já pode ser observada falta de
constância e precisão terminológica em diversos votos.
Todavia, é imprescindível que a análise seja estendida e abarque um período de tempo
mais extenso, ganhando uma quantidade de dados mais significativa que então se possa retirar
as conclusões finais.
Referências bibliográficas
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