processo penal

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31-07-2012 NULIDADES Temos atos que são definidos pela lei e os participantes da relação juridico processual devem pautar seu comportamento segundo o modelo legal. Para não incorrer no risco de as partes se perderem em providencais desnecessárias, que não resultem em objetivos para os respectivos atos processuais, a lei prevê o modo de realização dos atos em específico. Dessa fixação de regras legais para realização dos atos legais resulta que os atos devem ser praticados somente em conformidade ao modelo legal. Temos atos que não atendem aos requisitos m´nimos traçados pela lei. nessas situações o legislador prevê sanções específicas, que podem variar segundo o grau de desconformidade do ato processual Em algins casos a descnoformidade ao ato é intensa, e chega a se falar em inexistência do ato processual, mas há outras situações em que n]ao são comprometidos os objetivos dos atos processuais, há,na verdade, mera irregularidade, então é possível também os atos irregulares. Podemos pensar também em alguns atos para os quais o legislador estabelec e a sanção de nulidade, que possibilita retirar a eficaácia do ato e, dessa maneira, o ato não produz seus efeitos naturais Ato inexistente É aquele em que há falta de um elemento considerado essencial pelo direito. A dissonância entre a prática desse ato e o modo como a legislação rpevê a realização desse ato é muito intensa, então não é possível considerá-lo processual. Atos nulos

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Page 1: Processo Penal

31-07-2012

NULIDADES

Temos atos que são definidos pela lei e os participantes da relação juridico processual devem pautar seu comportamento segundo o modelo legal.

Para não incorrer no risco de as partes se perderem em providencais desnecessárias, que não resultem em objetivos para os respectivos atos processuais, a lei prevê o modo de realização dos atos em específico.

Dessa fixação de regras legais para realização dos atos legais resulta que os atos devem ser praticados somente em conformidade ao modelo legal.

Temos atos que não atendem aos requisitos m´nimos traçados pela lei. nessas situações o legislador prevê sanções específicas, que podem variar segundo o grau de desconformidade do ato processual

Em algins casos a descnoformidade ao ato é intensa, e chega a se falar em inexistência do ato processual, mas há outras situações em que n]ao são comprometidos os objetivos dos atos processuais, há,na verdade, mera irregularidade, então é possível também os atos irregulares. Podemos pensar também em alguns atos para os quais o legislador estabelec e a sanção de nulidade, que possibilita retirar a eficaácia do ato e, dessa maneira, o ato não produz seus efeitos naturais

Ato inexistente

É aquele em que há falta de um elemento considerado essencial pelo direito. A dissonância entre a prática desse ato e o modo como a legislação rpevê a realização desse ato é muito intensa, então não é possível considerá-lo processual.

Atos nulos

Não prduzem efeitos até que sejam convalidados. Se não for possível a convalidação, ele nunca produzirá os efeitos esperados. Temos então uma condição suspensiva: a convalidação. Eles dependem da convalidação. Quando é possível convalidar um ato nulo, estamos diante de uma nulidade relativa, que pode ser sanada.

´´e possível também que o vicio não possa ser sanado, e algumas hipóteses sçao de nulidades absolutas. Essas podem ser alegadas a qualquer momento por qualquer das partes, até pelo jiz. Não são convalidadas com o implemento de uma condição.

A doutrina se divide, mas o posicionamento que prevalece é esse que as nulidades absolutas não podem ser sanadas.

Atos irregulares

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Temos que lembrar que o procedimento consiste em uma série de atos jurídicos impostos pela lei e, por intermédio desses atos, a prestação jurisdicional será conseqüência do correto transcurso dos atos processuais.

Há atos que podem ser irregulares no curso desses atos processuais. São na verdade atos que sofrem vícios de intensidade pequena, que não comprometem a validade nem a eficácia dos atos processuais. Há uma violação da forma legal, mas que não é essencial, podendo ser até mesmo um defeito na estrutura do ato, ou de um formalismo inútil, que não seja imprescindível. Esse pequeno desacordo ao modelo legal não chega a descaracterizar o ato, e nessa situação podemos entender que o ato será válido, eficaz.

Qual sistema o CPP adotou? Temos dois sistemas mais importantes na escolha do legislador:

1. sistema formalista/da legalidade das formas/ indeclinabilidade das formas: a forma da existência à coisa, privilegia-se a forma. Toda violação /ás prescrições legais acarreta invalidade do ato processual. Esse sistema é o primado da prevalência da forma sobre o fundo, sobre o objetivo, sobre a finalidade.

2. sistema da instrumentalidade das formas: prevalece o fundo dobre a forma, a finalidade do ato processual.

Ambos os sistemas inspiram o CPP. É como se o legislador tivesse cegado ao meio temo entre ambos os sistemas. Na exposição de motivos do CPP, nos itens 2 e 17, o legislador se preocupou com a instrumentalidade das formas, mas nem por isso descuidou completamente da noção formalista. Negando o excesso de formalismo, o legislador equilibrou as situações e estabeleceu o sistema da prevalência dos impedimentos de declaração ou argüição de nulidades.

No primeiro artigo referente às nulidades nós encontramos uma disposição que privilegia a instrumentalidade das formas (art. 573).

Conceito e natureza jurídica das nulidades processuais

É uma fonte de controvérsias doutrinarias e jurisprudenciais. Podemos associar essa noção de nulidade como um vício, uma imperfeição que pode tornar ineficaz o processo em todo ou em parte.

Sob outro viés é possível conhecer esse tema segundo a noção de sanção, pois no processo a nulidade faz com que o ato processual se considere em si e para toos os efeitos como não realizado. Como os atos do procedimento estão sujeitos a requisitos legas, a violação ou inobservância das rpescrições legais acarretam uma sanção: a sanção de nulidade. Conforme a gravidade do desvio, podemos falar em nulidade relativa ou absoluta.

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Há, portanto, um duplo significado para o conceito. Um sentido para indicar o motivo que torna o ato imperfeito e outro para explicar a conseqüência que deriva da imperfeição do ato (que é propriamente a sanção).

Buscando um conceito sintético, poderíamos afirmar que: as nulidades consistem na inobservância de exigências legais, falha ou imperfeição jurídica, que invalida ou pode invalidar o ato processual ou todo o processo. Esse conceito ressalta nulidade como vício ou sanção.

Podemos ter uma nulidade que invalide todo o processo, o vício pode invadir toda o processo, ou pode atingir o processo de maneira limitada. Então, se pensarmos na hipótese de suspeição do juiz (564, I), e uma hipótese de invalidação de todos os atos do processo. É possível também, em algumas ocasiões, que apenas alguns atos sejam declarados como nulos, somente parte da atividade processual: ex. art 567 do CPP, que diz que apenas os atos decisórios do juiz serão considerados nulos na hipótese de incompetência do juiz.

Pensando sobre a natureza jurídica, a inexistência de nulidades chegou a ser considerada como um pressuposto de validade da relação processual. Porém, para outros autores, se trataria de um a condição para o regular desenvolvimento do processo.

Aqui podemos lembrar que a nulidade pode acarretar a imperfeição de algum ato processual ou de todos os atos processuais. A partir disso, podemos considerar que nem sempre ela será um pressuposto de validade da relação processual, pois as vezes anula apenas um ato ou uma sequencia de atos, e a relação processual continua vigente.

É melhor dizer que a aussencia de nulidade se trata de condição para regular desenvolvimento do processo.

Pprincipios relativos ao tema da nulidade

São importantes pois são complementares. O manejo dos princípios nos ajuda na solução dos problemas concretos.

1. principio da instrumentalidade das formas/princ do prejuízo: não se anula um ato se, embora praticado em desacordo com o previsto em lei, atingiu o seu fim. A razão pela qual a forma foi instituída, ainda que não tenha sido plenamente observada, tenha sido cumprida. Ex: um sentença que não tem relatório, mas mesmo assim o juiz analisou todas as teses de acusação e de defesa. nessa situação, aquilo que era esperado do juiz foi cumprido e pode se aplicar esse principio. Não se anula o ato se, da atipicidade, não decorreu prejuízo para a acusação ou defesa. Segundo o art. 566, não se declara a nulidade que não influi na apuração da verdade ou na ... da causa. é a máxima pas de nullité sans grief.

2. princ da causalidade: decretada a nulidade de um ato processual, essa nulidade acarretará Consequentemente na nulidade dos outros atos processuais que sejam decorrência do primeiro. Todos os atos que sejam diretamente relacionados ao primeiro, devem ter sua nulidade declarada. Como regra, os atos praticados na fase postulatória (denuncia, queixa

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crime, citação) a nulidade desses atos acarreta a nulidade dos demais atos processuais, dos atos instrutórios e decisórios. Por sua vez, havendo nulidade de um ato instrutório, não necessariamente haverá nulidade de outros atos instrutórios, normalmente não haverá essa nulidade. Realizada uma prova testemunhal, posteriormente essa prova é decretada nula. É possível utilizar-se somente a prova pericial fabricada depois. A sentença, como ato final do processo, é conseqüência dos atos processuais realizados e, via de regra, considerada a nulidade de um ato processual, a sentença será considerada nula. Esse princ também é chamado de princípio da consequencialidade, e pode ser complementado pelo princ da conservação dos atos processuais, pelo qual a nulidade de um ato não prejudica outros atos que sejam independentes. E aí muitos autores falam na aplicação de um principio chamado conservação dos atos processuais. Esse princípio consta do art. 248 do CPC. o exemplo é o da oitiva de uma testemunha que foi declarada nula, e conserva-se a prova pericial produzida depois

3. principio do interesse: a parte que deu causa à irregularidade não pode pleitear a nulidade do ato processual, ela tem que ter interesse. O art. 565 consagra essa ideia. Esse princ se aplica somente às nulidades relativas, já que em relação das nulidades absolutas, essas originam-se da violação de uma norma de interesse marcadamente público, e o juiz pode reconhecê-las de ofício, inclusive, e até a parte que não tem interesse pode alegar uma nulidade absoluta. O MP quase sempre tem interesse do reconhecimento das nulidades, sejam elas em favor da acusação ou da defesa, pois ele também atua como custus legis, no interesse da sociedade. Se houvesse transito em julgado, seria possível o réu ingressar com uma revisão criminal.

4. princ da convalidação. Ele vem na linha da instrumentalidade das formas, que sustenta que a técnica processual deve ser colocada a serviço dos objetivos maiores do processo, dos objetivos voltados a um provimento justo, à observância das garantias constitucionais. Se pensamos em efetividade do processo, entendida como aptidão para criação correta dos resultados esperados do processo, é necessário flexibilizar a forma processual, de maneira a não colocar entraves insuperáveis na realização de todos os atos processuais. Ao mesmo tempo que dispõe as hipóteses de aplicação de uma serie de sanções tidas como nulidades processuais, o ordenamento se preocupa em aproveitar a atividade processual atípica, então, em certas situações previstas em lei, sanada a irregularidade e não havendo prejuízo para as partes, será possível que o ato viciado venha a produzir seus efeitos esperados. Nesse caso, no lugar de uma invalidação, podemos ter a convalidação de um ato praticado em desconformidade com a norma.

Para que ela ocorra, 3 fundamentos são necessários: 1. que o ato tenha atingido a sua finalidade, mesmo sendo atípico; 2. Que não tenha havido prejuízo para as partes; 3.Que o contraditório tenha sido preservado.

O art. 568 é um exemplo de convalidação de um ato processual. Aqui temos uma ilegitimidade da parte, que não é a ausência de uma condição da ação (legitimidade ad causam), mas se trata na verdade de uma hipótese de irregular consittuição do representante da causa, e então o ato pode ser ratificado com a presença de um representante da parte. Outro exemplo é o art. 569, que fala em suprimento, mas a ideia é a mesma: convalidar um ato. O suprimento

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pressupõe o acréscimo de informações necessárias que faltaram, e oferecidas essas informações, haver[á o suprimento dessas peças processuais, convalidando o ato processual.

Em se tratando de denuncia, queixa crime, falamos de formalidades que não são considerados essenciais. Se faltar o pedido de condenação, aí estamos diante de uma inexistência do processo, pois o pedido é um pressuposto processual.

As nulidades podem ser absolutas ou relativas.

Absolutas: decorrem de uma determinada violação à forma e a uma violação que tem característica que envolve o interesse público, a ordem pública. A violação de determinada forma do ato viola o interesse público. No processo penal, toa vez que uma regra/principio constitucional é violado, temos uma nulidade. As garantias constitucionais não devem ser vistas apenas sob uma ótica individualistas, mas devem ser vistas à luz do devido processo legal. O interesse na constatação dessa nulidade é público, e o prejuízo é presumido, e se trata de uma presunção iut eri de iuri. Esse é o posicionamento majoritário.

As nulidades absolutas, à elas aplica-se o princ da causalidade. Já o princ do interesse não se aplica, pois mesmo a parte que tenha dado causa à nulidade tem a possibilidade de argüir a nulidade, pela característica de ordem publica da nulidade absoluta, e o prejuízo costuma ser evidente nessas situações. O princípio o prejuízo não pode ser aplicado, pois presume-se o prejuízo. Havendo uma nulidade absoluta, em todas as situações o prejuízo existirá, não há que se demonstrar o prejuízo. Esse é o posicionamento majoritário, mas há um posicionamento minoritário: caberia avaliar se há prejuízo ou não, mesmo em relação a nulidades absolutas, seja ele evidente ou não, ele deve existir para que a nulidade seja decretada. Nos casos em que ficar evidenciada a inexistência de prejuízo, não se cogita nulidade, mesmo sendo absoluta (profs. Magalhães, Ada e scarance (?)). Mesmo nos casos em que o vício poderia acarretar nulidade absoluta, se o ato cumpriu sua finalidade, é possível entender que o ato é válido (prof. Badaró), é a aplicação do princípio da ... .

Relativas: são aquelas em que há violação de determinada forma do ato, que visa proteção de interesse privado. Pode ser interesse de uma das partes ou de ambas as partes. As nulidades relativas estão sujeitas á preclusão e consideram-se sanadas se não forem alegadas no prazo legal. O CPP contém um rol de nulidades relativas, e estabelece que se algumas delas forem sanadas no momento oportuno, o ato processual será válido. Art. 572: rol de nulidades relativas. A doutrina entende que esse rol é das relativas e que todas as outras são absolutas.

A nulidade relativa não pode ser decretada de ofício pelo juiz, depende de uma provocação da parte. Excepcionalmente o juiz pode decretar de ofício (art. 109 do CPP), que é no caso de incompetência relativa do juiz.

Aplicam-se às nulidades relativas os princípios da instrumentalidade das formas, da causalidade, do interesse e da convalidação (todos os princípios). Em relação às absolutas, são mais problemáticas, pois o princípio do prejuízo tem aquela discussão sobre se aplica ou não aplica.

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Hipóteses de nulidades

Incompetência

Segundo o princípio do juiz natura, garantido constitucionalmente, ninguém será julgado/processado senão pelo juiz previamente indicado pela lei. a doutrina defende que a competência constitucional deve ser sempre observada, sob pena de inexistência do ato processual. Se a competência estiver prevista na normativa infraconstitucional, será necessário avaliar que hipótese de competência está em jogo. Se for competência em razão da matéria ou de foro por prerrogativa de função, essas são competências absolutas e devem ser observadas sob pena de nulidade absoluta também. Não há possibilidade de prorrogação ou convalidação desses atos.

A competência relativa admite, sim, prorrogação. É a competência em razão do território. Não sendo aventada pelas partes a nulidade, e nem proclamada pelo juiz, a competência considera-se prorrogada. Podemos pensar como exemplo na competência por prevenção (que se encontra dentro do tema da competência em razão do local). A súmula 706 do STF expressa exatamente isso. Agora, em situações de algum erro grosseiro em razão do início da ação penal em local diverso do local do cometimento do crime, a nulidade é absoluta, tal qual a má-fé das partes.

Coisa julgada: produz uma situação peculiar. Normalmente a coisa julgada convalida eventuais nulidades no processo. Somente o réu poderá argüir as nulidades absolutas que tenham ocorrido (revisão criminal e habeas corpus). Temos também a situação de incompetência constitucional, que torna o ato inexistente. O ato inexistente não poderia ser sanado pela coisa julgada, mas se houver uma absolvição, o ato produz efeitos, prevalecendo a absolvição. Em nome dos princípios do favor rei e do Nei bis in iden (?).

Impedimento

O juiz impedido é aquele que incorre nas hipóteses do art. 252 do CPP. Qualquer ato praticado por esse juiz será um ato inexistente. A lei veda o exercício jurisdicional do magistrado nesse processo.

Suspeição

A suspeição também é motivo de nulidade, que consta no art. 254 do CPP. A parte interessada deve reclamar por meio da exceção processual cabível (exceção dde suspeição) e, se não hovuer manifestação das partes, segue o processo, e não há anulçaao dos atos proessuais.

Suborno

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Art. 564, II: hipóteses de juiz subornado. O termo suborno diz respeito ás hipóteses de concussão, corrupção passiva e prevaricação. Havendo suborno conhecido pelas partes, ele pode ser invocado e anulará todos os atos praticados pelo magistrado subornado.

Obs: em razão do trânsito em julgado de uma absolvição, se ela foi proferida por um juiz impedido, suspeito ou subornado, nesse caso há um impedimento à propositura de uma nova ação, a coisa julgada prevalece, em favor dos princípios do Ne bis in idem e do favor rei.

Ilegitimidade da parte

A lei não distingue se é ilegitimidade para causa ou para o processo. O art 564, ii fala disso. Se falta legitimidade para a causa, temos aqui o caso de uma nulidade absoluta. No entanto, quando a ilegitimidade diz respeito à ilegitimidade ad processum (relativa a representação rpocessual), nesse caso é possível corrigir a nulidade – é como o art. 568 – e é uma nulidade relativa.

Ausência de formulas ou termos

Art. 564, III, a: Ausência de quieixa crime, denúncia e de representação. Essas hipóteses, especificamente ausência de denúncia e queixa crime geram inexistência do processo, pois falta um pressuposto processual.

Ausência de processo de contravenções penais, portaria ou auto de prisão em flagrante: essa parte da alínea deve ser considerada, pois a autoridade não pode mais iniciar de ofício os processos relativos às contravenções.

Art. 564, III, b: nos crimes que deixam vestígio, a prova da materialidade delitiva deve se dar por meio do exame de corpo de delito direto ou indireto, e se não se der por meio desse exame, temos uma nulidade absoluta. É possível que haja a violação de alguma das fórmulas legais na realização do exame, por exemplo, se houver apenas um perito nomeado (a lei exige dois), a doutrina se inclina mais no sentido de se tratar de uma nulidade relativa.

Art. 564, III, c: há a necessidade da nomeação do defensor ao réu, que expressa a prevalência do princípio da ampla defesa, então é necessário que haja um defensor para o réu, e é necessário que a defesa seja efetiva, que participe dos atos processuais, que apresente as teses de defesa, etc. Há uma súmula importante: súmula 523 do STF, que diz que, no processo penal, a falta de defesa acarreta nulidade absoluta, mas a deficiência só anulará se houver prova de prejuízo para o réu. Há ainda a discussão sobre nomeação de curador ao menor de 21 anos, mas o CC/02 previu que a maioridade civil é aos 18 anos, e essa discussão já está pacificada, com a revogação expressa do art. 194 do CPP, não havendo necessidade de curador para menor de 21 anos.

Art. 564, III, d: cabe ao MP a titularidade da pretensão punitiva do estado, e qualquer falta de intervenção do MP nos atos processuais dessa ação penal publica incondicionada, condicionada, falta de participação do MP implica ausência do contraditório, configurando

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nulidade absoluta. Mas, a segunda parte dessa alínea trata de uma nulidade relativa, pois está previsto no art. 572: prevê o rol de nulidades relativas no processo penal, e diz respeito à ação penal privada subsidiária da pública, quando a parte interessada atua no processo penal, e não há notificação do MP nesse caso. Outra hipótese de nulidade absoluta: promotor ad hoc.

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Nulidades (cont.)

Na aula anterior nos vimos o conceito de nulidades, natureza jurídica, os princípios e as primeiras hipóteses de nulidade elencadas no cód.

No caso da alínea e do inc. III: temos três situaões distintas:

1. ausência de citação do réu é hipótese de nulidade absoluta. O réu não tendo conhecimento da acusação intentada contra ele, não passa a integrar a relação jurídico processual e, portanto, temos um caso de uma nulidade absoluta.

2. interrogatório com acusado presente: é caso de nulidade relativa, pois consta no rol do 572, expressamente, podendo ser alegada pelas partes e devidamente sanada. Isso não significa que o réu deva comparecer e responder a todas as perguntas feitas, o acusado tem direito de se manter em silêncio. A defesa pode alegar que a não realização do interrogatório não acarretou prejuízo para a parte. O interrogatório tem natureza de meio de defesa para o réu, e também de meio de prova. há divergência doutrinária sobre isso, alguns autores preferem dizer que se trata apenas de meio de defesa ou apenas de meio de prova.

3. a falta de observância dso prazos concedidos. Essa parte é caso de nulidade absoluta. Qualquer supressão de prazo configura nulidade absoluta.

A ausência de informação ao inidiciado ou acusado sobre o direito de permanecer calado pode implicar a nulidade, e aqui pode se tratar de uma nulidade mais grave, que venha a prejudicar os atos do processo como um todo, desde que a tese de defesa reste comprometida com essa ausência de informação, ou pode também haver um caráter mais moderado de nulidade, relativo apenas ao ato processual, sendo possível que o réu, mesmo não informado do direito de permanecer em silêncio tenha permanecido em silêncio ou negado todos os fatos a ele imputados.

A alínea f trata de situaçoes relativas ao tribunal do júri. Aqui nós temos a ausência de decisão de pronuncia, que acarreta nulidade absoluta. A pronuncia é aquele juízo de admissibilidade da acusação, que remete o caso para a apreciação do tribunal do júri. Caso inexista a decisão de pronuncia, a nulidade será da segunda fase do processo. Reconhecendo esse vício, será necessário que os autos retornem ao juiz para que ele profira uma das 4 decisões possíveis ao final da 1ª fase do tribunal do júri (denuncia, pronuncia, desclassificação ou absolvição sumária).

Essa alínea faz referencia também ao libelo crime. É uma peça que não existe mais no processo penal brasileiro.

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A alínea g trata da falta de intimação do réu para a sessão de julgamento para o tribunal do júri. Na redação original, não se permitia a realização da sessão nos crimes inafiançáveis sem a presença do réu. Tanto o acusado solto quanto o preso, independentemente do crime ser afiançável ou não, é possível a realiação do julgamento sem a presença do réu, em algumas situações:

No caso do acusado solto que não tenha sido intimado regularmente, o seu não comparecimento não impede a realização da sessão. No caso do acusado preso, se ele não estiver presente, ele deve manifestar a sua vontade em não comparecer por escrito, e é necessário que o seu defensor manifeste a vontade do acusado de não comparecer (o defensor deve comparecer – art 457, §2). Em outro caso, a intimação da realiação da sessão do júri é o corolário da garantia do contraditório. Se não houver a intimação e o réu não comparecer, isso não significa uma manifestação tácita de que o réu não pretende comparecer, é importante que ele tenha ciência destes fatos.

A alínea h trata da intimação das testemunhas arroladas no libelo e na contrariedade. Com a reforma de 2008 não há mais libelo nem contrariedade ao libelo.

Dessa intimação deve constar, para as testemunhas intimadas, que elas não são obrigadas a comparecer.

Alínea i fala de ausência de formalidade relativa ao tribunal do júri (15 jurados). O art 463 estabelece que é imprescindível ao menos 15 jurados. Essa ausência configura nulidade absoluta.

A alínea j trata da ausência do sorteio dos jurados co conselho de sentença e da sua incomunicabilidade. São causas de nulidade absoluta. Os jurados não podem comunicar-se entre si a respeito dos fatos do processo. Conversa de um jurado com pessoas externas ao conselho de sentença também gera nulidade absoluta. Essa ideia da lei diz respeito à dissolução do conselho de sentença no caso de julgamento marcado para outra data (sumula 206 do STF).

A alínea k trata da ausência dos quesitos obrigatórios e das respectivas respostas. É caso de nulidade absoluta. Os jurados decidem segundo a íntima convicção, que deve ser preservada. Súmula 156 do STF.

A alínea l fala que a ausência de acusação ou defesa gera nulidade absoluta. Há também a possibilidade da defesa ou da acusação não ser efetiva, mesmo com a presença e participação do órgão da acusação ou defesa, o que causa nulidade relativa.

A alínea m traz a falta da sentença como causa de nulidade. Equipara-se a ausência de sentença a existência de uma sentença não assinada pelo juiz.

A realidade é pródiga de situações difíceis. Se faltar o dispositivo da sentença, fica prejudicada toda a fudamentação, o relatório, etc. Então, se a sentença não contiver elementos essenciais dá rpa falar em nulidade.

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Ainda sobre a sentença, a demora na prolação da sentença não acarreta propriamente nulidade, ainda que possa trazer outras conseqüências (presoprovisório pode ter sua prisão relaxada por conta da demora).

A não apreciação por parte do juiz de todas as teses da defesa apresentadas nas alegações finais devem ser fundamentadas, sob pena de nulidade. Até porque o réu vai recorrer das decisões do juiz.

Alínea n traz a ausência do recurso de ofício nos casos rpevistos em lei. a lei rpeviu duas situações dessa necessidade: na hipótese de concessão de habeas corpus pelo juiz de primeiro grau (art 574,i); no caso da reabilitação (art. 746). Se não houver esse recurso de ofício, há nulidade absoluta. Se houver recurso voluntário por parte da acusação, não é indispensável o recurso de ofício, não havendo nulidade nesse caso. É preciso que o recurso trate de todo o tema.

Alínea o trata da ausência de intimação nas condições estabelecidas epla lei para ciência de sentenças e despachos. É evidente a necessidade do conhecimento dos atos processuais e a possibilidade de refutar, recorrer. É o exercício do contraditório. Permanece necessáriaa intimação pessoal tanto ao representante do MP e ao defensor (seja dativo ou público). Há uma lei (11419) que acrescentoou um aspecto: os defensores constituídos podem ser intimados por meio eletrônico.

A alínea p trata da ausência, no STF e nos tribunais de apelação, do quorum legal para julgamento. Os tribunais rpeveem um número de desembargadores/ministros/juízos nos seus regimentos, e é encessário a observância desse número legal. Essa alínea fala em tribunais de apelação, mas eles não existem mais já há algum tempo, mas isso vale para todos os tribunais. É causa de nulidade absoluta a inobservância desse quorum.

No inciso III, é sempre a falta de um ato processual que é importante.

No inciso IV nós temos uma situação que fala da ausência de formalidade que constitua elemento essencial do ato, sem o qual não se pode realizar o ato sem o prejuízo da forma legal.

Então, uma ação penal, uma queixa crime, uma denuncia não podem prosperar se não houver a descrição dos fatos na denúncia, por exemplo.

O inciso IV traz hipóteses de nulidade relativa, segundo o art. 572. Tem momentos certos para a alegação da nulidade relativa.

Decretação da nulidade

Apenas por meio de uma declaração jusdicial é que é ´possível o reconhecimento da nulidade em razão da inobservância da prescrição legal. Em razão de economia processual, incumbe ao

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juiz da causa reconhecer toda a irregularidade, todo o vício, das nulidades absolutas de ofício, e cabe as partes alegar as relativas.

O que ocorre com mais freqüência é o reconhecimento da nulidade na sentença. incumbe ao juiz de primeiro grau, quando profere a sentença, tratar das preliminares propostas pelas partes relativas às nulidades, e cabe ao tribunal também, quando esteja atuando como tribunal de competência originárial (primeira instancia). Então, as partes devem alegar, nas alegações finais, para que nesse momento da sentença o juiz tenha condições de declarar a nulidade. Mesmo em relação às nulidades absolutas, a possibilidade de reconhecimento pelo tribunal de ofício, esta restrito às observações das formalidades.

O tribunal atuando em grau de recurso só pode reconhecer de ofício uma nulidade na situação em que a nulidade (não argüida pelas partes) se o reconhecimento for favorável ao réu. Se favorecer a acusação, é indispensável que a acusação tenha argüido o vício. Súmula 160.

Tratando-se de nulidade relativa, atinente à atos não essenciais ou atinente a atos que digam respeito à formalidade dos atos, há o compadecimento da nulidade quando alegada no prazo e indicado no art. 571.

O art. 572 fala de algumas fórmulas aplicáveis às nulidades relativas. A primeira delas é a não argüição no momento adequado. A nulidade relativa não argüida no momento adequado pode convalescer, tornando válido o ato processual. Segundo: se a parte, ainda que tacitamente, aceitar os efeitos da nulidade relativa, que convalesce. Também atinge seus efeitos o ato processual, se praticado por outra forma, o ato tiver atingido o seu fim.

Quem pode argüir as nulidades? As partes, também o assistente de acusação e também o MP (tanto como órgão de acusação como órgão de defesa).

Há instrumentos para a decretacao da nulidade: vias impugnativas para essa decretação. Alem dos momentos no curso do processo (alegações finais, apelação), há também as ações de impugnação.

O poder conferido às partes para impugnar o ato processual fica subordinado à uma tríplice condição: 1. Que a parte argüente não tenha dado causa a nulidade,2 que a aprte não tenha concorrido para a imperfeição do ato, 3 que a parte argüente tenha interesse na observância da formalidade preterida (principio do interesse).

A lei processual rpeve meios para a arguicao de nulidades, pensando-se auqi especificamente nas ações autônomas: 1. habeas corpus, 2. MS e 3. Revisão criminal

Habeas corpus

É um remédio processual para sanar as situações me que haja ameaça ou privação propriamente da liberdade. É uma proteção urgente contra o abuso e a limitação da liberdade. Na CF está no 5, LXVIII. No processo penal tem uma atuação ampliíssima, inclusive de argüição de nulidade. Essa situação consta no art 648, iv. A utilização do habeas corpus como meio de argüição de nulidade pode ocorrer inclusive após o transito em julgado da sentença penal. Há

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a necessidade de demonstração do vício de plano, não há uma possibilidade de produção de provas.

MS

Se a ilegalidade não afetar direta ou indiiretamente o direito à liberdade de locoomoçao, será possível então impretrar um mandado de segurança contra o ato judicial ilegal, abusivo, a violação de direito líquido e certo. A violação de faculdades processuais no curso do processo, que não envolvam privação de liberdade, o instrumento hábil é o MS, tanto pelo MP quanto pelo querelante tem possibilidade de se valer desse meio processual.

É necessária que a ilegalidade seja constatada sem a necessidade de uma instrução probatória. É necessária a prova pré constituída.

Revisão criminal

Embora o CPP não arrole a existência de nulidade como existência de situações que permitem a desconstituição da coisa julgada penal, entende-se que é possível o emprego da revisão criminal após o transito em julgado (art. 626)

É possível a a alegação de uma nulidade por uma simples petição, por alegações finais, por ocasião da apelação e dessas ações de impugnação (HC, ms e revisão criminal).

E o inquerito policial? Pode resultar em nulidade um ato rpocessual realizado durante o inquérito? O que prevalece é que o inquérito tem caráter meramente informativo. As informações que constam no inquérito são informativas. Nós não temos atos processuais, temos esforços, diligencias processuais realizadas com o objetivo de colheita das informações que viabilizem a impetração de uma acusação. Esses são atos chamados pre-processuais. Uma possível irregularidade do inquérito não pode contaminar o processo, mesmo quehaja uma irregularidade de um ato pré processual.os elementos colhidos durante o inquérito serão submetidos, durante a instruçlão, como método de produção de prova, e a partir de então a prova será hábil para constar na motivação, no convencimento do juiz. É verdade que o juiz pdoe se valer de elementos informativos do inquérito na sua decisão, mas deve haver a rpesença também de pelo menos um elemento de prova, ainda que corroborado por outros elementos informativos ou não.

há razão em se preocupar com a produçãod e um elemento informativo de maneira que viole a lei. a oitiva de uma testemunha de maneira irregular durante o inquérito é uma situação preocupante, mas o ato será produzido em contraditório posteriormente, e isso éq eu servi´ra ao magistrado para a decisão.

E se a testemunha foi ouvida com irregularidade durante o inquérito, e aí ela falece, aí não dá pra ouvir durante a instrução, com contraditório, bonitinho? Nesse caso, fica prejudicada essa oitiva, essa prova se torna ineficaz.

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Extensão da nulidade: o juiz deve decretar a extensao da nulidade. Deve reconhecer o ato processual que é nulo e aqueles atos que, em conseqüência do primeiro, também sejam nulos (aplicação do princ da causalidade). No art. 249 do CPC há disposição nesse sentido.

Provas ilícitas e atos processuais nulos

São facilmente confundidos, pois a conseqüência é a mesma: o não aproveitamento do ato processual. No campo das proibições da prova, algumas proibiçpoes são de natureza processual e outras de natureza material. Aquelas que são exclusivamente processuais dizem respeito à lógica, às normas de direito processual. Há violações especificamente do direito substancial. Quando a proibição constar de uma norma de direito processual, a prova será ilegítimamente produzida. Quando houver violação de norma de direito material, nós temos uma prova ilicitamente obtida. Nem sempre essa distinção é fácil. Para violação de impedimento meramente processual, basta uma sanção erigida através da nulidade do ato e a sua ineficácia. A prova ilícita, em sentido estrito, designa a prova colhida infringindo-se normas ou princípios previstos pela CF e pelas leis, destinados a proteger liberdades públicas e direitos da personalidade.

Ex: interceptação telefônica realizada faltando um requisito previsto em lei: a autorização judicial. Isso seria causa de nulidade ou de prova ilícita? A interceptação telefônica pressupõe o conhecimento de uma conversa realizada por duas pessoas por alguém que n]ao é destinatário daquela conversa. Isso é uma violação dos direitos da intimidade, personalidade. É um direito fundamental previsto na CF. então, essa obtenção do conhecimento dessa comunicação, uma vez trazida aos autos, vai caracterizar ilicitude.

Ex2: busca e apreensão realizada por um agente policial munido de autorização judicial, realizada durante o dia, mas realizada em três residências, mas constava no auto de busca e apreensão apenas uma residência. Nós temos aqui uma situação em que um direito constitucional (inviolabilidade do domicilio) é mitigado, e não há pressuposto legal, ou seja, houve um abuso de poder. Houve uma violação de direito material, configurando prova ilícita.

Ex3: gravação da conversa entre presentes. Isso caracteriza nulidade se for levado ao processo, ou vai caracterizar ilicitude? Nçao há lei que autorize essa comunicação entre presentes, então é mais um caso de ilicitude.

No caso da nulidade, são sempre questões processuais, ex: oitiva de uma testemunha sem a observância dos requisitos exigidos pela lei. então, o promotor realiza a oitiva da testemunha. Há uma violação de pressuposto processual. O membro do MP não pode realizar a oitiva, e aí temos uma situação de nulidade.

As provas ilícitas devem ser desentranhadas dos autos (art. 157 CPP), pois não podem constar da argumentação do juiz, não podem ser valoradas, e não podem também formar a sua convicção. As nulidades são reservadas para essas falhas procedimentais.

Art. 5, LVI: vedação à produção da prova ilícita.

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A única hipótese em que a doutrina faz referência é a prova ilícita que favorece o réu, que, depois de aplicada a proporcionalidade, em algumas situações restritas, eventualmente é possível se pensar na utilização dessa prova.

A prova ilícita é tida como um não-ato processual.

14-08-12

No processo penal vigora o princípio de que não existe nulidade se não houver prejuízo. Isso é muito importante, pois é muito moderno, apesar de previsto há muito tempo: é que, volta e meia, encontramos decisões e doutrinas que fazem afirmações que contrariam esse princípio básico da nulidade. O prejuízo tem que ser concretamente demonstrado, não adianta somente argüir o prejuízo. Esse prejuízo não pode ser identificado com a derrota na demanda.

Recursos

É o meio que dispõe a parte para modificar uma decisão que lhe foi desfavorável (Moreti).

Então, é um meio da parte. O recurso de ofício na verdade é um reexame necessário, não é propriamente um recurso.

O HC, no seu inicio, existia contra atos de autoridade. Como o juiz é uma autoridade, e os atos por ela praticados tem presunção de legitimidade, nesse caso tem o reexame necessário para ver se a autoridade é que estava errada.

O sistema processual penal é uma bagunça, não tem sistematização. No art. 581 traz um recurso em sentido estrito. Esse recurso “equivaleria” ao agravo, e as hipóteses em que cabe esse recurso. O resto é mais simples. Além disso, temos a apelação, carta testemunhável, agravo (só na execução e nos processos que tramitam no tribunal), recursos especial e extraordinário, embargos infringentes e correição parcial.

No sistema recursal também existe proposta de alteração no CPP, para simplificar tudo, mas ainda não foi aprovado.

Existe uma falibilidade humana, essa é a razão do recurso. Alpem disso, existe um inconformismo para com o errar, nós não queremos as coisas erradas, mas sim as coisas certas e justas.

Nós vamos ver também que a busca pela justiça de uma decisão tem limites, ela não é ilimitada, então nem sempre cabe recurso, não cabe recurso eternamente.

No processo penal até existe uma hipótese (revisão criminal) que a viabilidade do recurso é eterna, porém essa revisão criminal é uma impugnação, e não um recurso propriamente. Eu poso interpor uma ação de revisão criminal a qualquer tempo depois de transitada em julgado (inclusive depois que a pessoa já morreu).

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Há a necessidade também de ter o limite ao recurso. Se de um lado eu tenho a inconformidade para com a injustiça, de outro lado eu tenho também a necessidade de uma segurança jurídica, a sociedade precisa se estabilizar.

A natureza jurídica do recurso, segundo Carnelutti, é uma nova ação do recurso dentro da relação jurídica processual, é o desdobro jurídico da ação.

O Duplo grau de jurisdição já foi expresso na nossa CF/24 e hoje não é mais expresso. Alguns dizem que o duplo grau pode ser extraído do próprio texto constitucional, da medida em que a CF prevê vários graus de jurisdição, mas isso não quer dizer que ele seja obrigatório. O pacto de San José da Costa Rica expressamente diz no art. 8º, nº 2 alínea h, sobre o duplo grau de jurisdição.

O direito de recorrer é de toda decisão ou da decisão final do processo? Da decisão final do processo. É possível recorrer afirmando que houve um equivoco processual, e não o mérito, que prejudicou. Mas o duplo grau nos assegura recorrer da decisão condenatória ou absolvitória.

Isso é importante pois, no processo penal, nós temos diversas decisões que são irrecorríveis. Mas não são as decisões finais, mas sim as interlocutórias. As decisões finais são recorríveis, por força do principio do duplo grau.

Alguns princípios estabelecem as bases do nosso sistema recursal também no processo penal. O primeiro desses recursos é o da taxatividade dos recursos, ou seja, o rol dos recursos previstos na nossa lei processual é taxativo, não se pode criar um recurso novo nem trazer um recurso que só existe no direito do trabalho, por exemplo.

A taxatividade dos recursos não significa que eu não posso interpretar determinado artigo de forma extensiva.

Outro princípio é o da unirrecorribilidade dos princípios. De uma determinada decisão só cabe um recurso. Eu não posso recorrer várias vezes da mesma decisão com vários recursos. Porém esse princípio é relativo. Há decisões que são suscetíveis de mais de um recurso, e eu posso inclusive interpor os dois recursos ao mesmo tempo. Por exemplo: decisão contra um acórdão do tribunal. Cabe recurso especial e recurso extraordinário ao mesmo tempo, se o acórdão violou tanto a lei estadual quanto a CF/88. Há outras hipóteses em que, teoricamente, eu posso interpor dois recursos, porém não simultaneamente. Por exemplo: de uma sentença eu posso interpor embargos de declaração ou apelação. Se opuser embargos de declaração, o prazo para interpor a apelação fica suspenso, que será processada depois que for julgado os embargos de declaração. Mas é possível ainda uma decisão que sobrevenha embargos de declaração e apelação, desde que esses recursos venham de partes distintas (pode inclusive ser dois réus diferentes, com procuradores diferentes).

Ainda em função desse princípio, pode-se dizer que há uma prevalência da apelação sobre o recurso em sentido estrito. Imaginemos que eu fui ocndenado e o juiz não me concedeu o suissi. se eu quiser recorrer pleiteando exclusivamente o suissi, o recurso é ... se eu quiser pedir absolvição, o recusro é a apelação. Se eu quiser pleitear que eu seja absolvido e, se não

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rolar, que me seja concedido o suissi, o recurso é a apeação só. Há, então, a prevalência da apelaçao.

Princípio da fungibilidade dos recursos (art. 579, CPP). Por esse princípio, eu posso aproveitar um recurso interposto erroneamente. O CPC/39 previa expressamente essa fungibilidade, mas o código atual afastou a rpevisão desse princípio. O CPP prevê isso expressamente também.

Qual a extensão desse princípio? Ele alcança os recursos cuja fundamentação não é legalmente motivada. Quando é que cabe um recurso extraordinário? Quando a decisão viola o texto constitucional, então eu não posso aproveitar uma apelação como se recurso extraordinário fosse. A parte precisa dizer o porque cabe esse recurso extraordinário, qual o dispositivo constitucional que foi violado, etc. Na apelação não tem nada disso.

Também não se admite esse princípio sempre que houver um erro grosseiro (doutrina e jurisprudência) ou ma fé (lei). erro grosseiro ocorreria quando a lei é clara ao prever expressamente um determinado recurso para determinada impugnação, e não há divergência doutrinária daquela hipótese. A má-fé é uma situação mais comum. Ex: a impugnação demanda embargos de declaração (prazo 2 dias) e prazo para impugnação é de 5dias. Perdi o prazo dos embargos, então faço uma apelação, porém com o conteúdo de embargos de declaração. O juiz não recebe.

Outra coisa é que se considera o prazo do recurso cabível, então, deve-se opor o recurso “errado”, porém dentro do prazo do recurso que seria adequado.

Princípio da variabilidade dos recursos: por esse princípio eu poderia interpor novos recursos dentro do mesmo prazo. Porém o professor discorda desse princípio. Ex: eu apelo de uma sentença e apresento razões. Eu limito o meu recurso, pois há a regra segundo a qual eu só devolvo ao tribunal o conhecimento da matéria que eu impugnei. Se eu apelo e depois apresento nova apelação ainda dentro do prazo, nesse caso eu não posso apresentar o novo recurso, pois ocorreu a chamada preclusão consumativa.

No caso do júri, eu posso atacar o veredicto dos jurados ou o trabalho do juiz. E aí eu posso recorrer de ambas as situações. Se eu apelo e ataco apenas uma, eu não posso apelar depois para atacar a outra, pois houve a preclusão consumativa.

Princípio da complementariedade: admite complementação em determinadas hipóteses. Imagine que houve uma sentença e o promtor não ficou satisfeito e apelou. O réu, por sua vez, entendeu que a sentença é obscura, tem alguma omissão, e inter´poe embargos de declaração. Pode ser que a decisão dso embargos traga uma modificação de interesse da acusação, que já recorreu. Então, deve-se reabrir o prazo para que a acusação possa se manifestar sobre a complementação da decisão.

Princípio da dialexidade. Assim como o processo na primeira instancia se caracteriza pelo diálogo entre as partes. Na fase recursal há a dialexidade, daí há a necessidade de o recurso trazer explícito o motivo do recurso, de forma a respeitar esse diálogo. Havendo razões, cabe à parte contraria dizer que não concorda, mantendo essa dialexidade. Em segundo lugar, a

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dialexidade impõe uma possibilidade de resposta às razões apresentadas. Súmula 707 do STF diz que quando o juiz rejeita uma denúncia e há recurso contra essa rejeição, a parte contrária deve ser intimada para apresentar contra razões.

Existem 3 situações que complicam: (i) os embargos de declaração, que uma vez opostos, são lidos pelo juiz e respondidos. O juiz vai responder aos embargos sem ouvir a parte contrária. Quando os embargos de declaração tem natureza modificativa, a parte contrária deveria ser ouvida, mas a jurisprudência não entende assim. (ii) art. 600, CPP. A regra no processo penal é que o recurso seja interposto desprovido de razões e, depois de recebido o recurso, o juiz mandara abrir vista para que a parte apresente a fundamentação, as razões recursais. Porém é possível já apresentar tudo junto. Segundo o art. 600 eu posso apresentar minhas razões somente no tribunal, ou seja, o juiz recebe o recurso e encaminha os autos ao tribunal. Quando chega ao tribunal, o cartório do tribunal vai intimar a parte recorrente para apresentar razões, e depois encaminhar os autos ao MP para contra razões, e depois o processo vai para a procuradoria de justiça para um parecer, para depois ser julgado. O juízo de admissibilidade é sempre duplo, no juízo a quo e no juízo ad quem.

21-08-12

Continuação de recursos

O art. 600, § 4ª diz que eventualmente a parte poder requerer que as razões recursais sejam apresentadas na segunda instância. Crítica: a única razão para isso seria conceder mais prazo para o recorrente; portanto, o mais indicado seria o legislador simplesmente aumentar o prazo recursal.

Desenho:

Sentença > interposição de recurso > recebimento > razões > contra-razões (depois dela, o processo sobre para o relator, que manda para o Procurador) > parecer de Procuradoria Justiça (depois volta para o relator, que manda para o revisor - depende do processo - e, por fim, este manda para a mesa) > sessão julgamento (sustentação oral do recorrente, sustentação oral do recorrido e acórdão).

Pelo art. 600, § 4º, ao interpor recurso, o recorrente já pede para arrazoar em segunda instância, há o recebimento e depois o processo sobe para o relator, que vai mandar razões, contra-razões, etc.

Alguns recursos, dependendo do processo, não terá revisor.

Já o art. 601 estabelece que se a parte não pedir para arrazoar em segunda instância, mas se decorrido o prazo não forem apresentadas razões, os autos subirão mesmo sem as razões. Problema sério aqui: o processo irá a julgamento com ou sem razões, o que significa que pode haver julgamento sem razões recursais, o que, até pouco tempo atrás, não era questionado (entendia-se que se não existem razões, subentendem que toda a decisão foi impugnada e consequentemente, ad quem, terá que apreciar novamente toda a questão). Porém,

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recentemente cresceu o entendimento contrário no sentido de que as razões são necessárias. Parece ser o entendimento predominante nos Tribunais Superiores. Nesse caso, a jurisprudência tem entendido que o juiz deverá nomear um advogado que apresente as razões. Para o prof, passou-se a entender assim na suposição de que a presença das razões é benéfica para a defesa, o que é um equívoco interpretativo, pois se elas são apresentadas, isso limita o âmbito de apreciação por parte do Tribunal (sem razões, tudo é impugnado, e o Tribunal pode decidir qualquer coisa em favor da defesa). O prof acha que é melhor que haja as razões recursais, pois processualmente falando, o processo fica melhor se houver razões e, posteriormente, contra-razões.

E se o MP deixa de apresentar as razões? Isso não é debatido na jurisprudência, pois é muito difícil que isso ocorra. Por isso essa questão ainda não foi suscitada.

Princípio da disponibilidade dos recursos

A regra é de que o recurso é voluntário (só recorro se eu quiser). Não se deve confundir com o reexame necessário.

A parte não é obrigada a recorrer, ainda que seja o MP no âmbito de uma ação penal pública. Porém, se o MP recorrer ele não pode desistir (art. 576).

Já a defesa, pode recorrer e desistir do recurso se quiser. Se ela pode desistir, não há dúvida de que ela pode renunciar ao direito de recorrer.

Há divergência quanto à renúncia por parte do MP. Para o prof, não parece haver impedimento para que o MP renuncie, pois o CPP proíbe que o MP apenas desista de recurso já interposto.

O problema da desistência pode ser complexo no lado da defesa. Existem recursos que podem ser interpostos pelo réu e recursos que podem ser interpostos pelo advogado. Em caso de divergência entre eles quanto à interposição de recurso, prevalece sempre o interesse de quem recorrer. Quando há desistência, esta só pode ser manifestada por aquele que recorreu (se o réu recorrer, só o réu pode desistir; o mesmo ocorre no caso do advogado).

A renúncia e a desistência, quando manifestadas, não podem ser alteradas posteriormente, pois geram preclusão. Ou seja, a renúncia e a desistência são irrevogáveis. A Súmula 145 das Mesas de Processo diz exatamente isso.

As decisões interlocutórias, em princípio, são irrecorríveis. Mas existem casos em que a lei traz previsão de que é cabível determinado recurso contra elas.

Algumas decisões interlocutórias são impugnáveis por via de ações autônomas, em especial HC e MS. Ainda, pode haver correção parcial e recurso strcito sensu contra elas.

Princípio da personalidade dos recursos X Princípio do benefício comum

Em regra, o recurso só beneficia a quem interpõe. Se o réu recorreu, o Tribunal não pode piorar a situação do acusado. Se foi o MP que recorreu, o Tribunal só poderá analisar a

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pretensão do MP deduzida no recurso. Assim, se o réu recorre pedindo absolvição, o Tribunal não pode condenar por outro crime, por exemplo.

No caso de litisconsórcio, em que só um dos réus recorre, a regra também é a de que o recurso só beneficia quem recorreu. Mas pelo princ. do benefício comum, se não se trata de benefício pessoal, os demais corréus poderão sim se beneficiar do recurso interposto pelo outro.

O recurso pode ter uma decisão de mérito ou não chegar a ela. A primeira razão para o recurso não trazer decisão de mérito é por ele não ter passado pelo juízo de admissibilidade, que é duplo, ocorrendo em 1º grau, na fase do recebimento ou no acórdão, e 2º grau, pelo relator ou turma julgadora. Na verdade, o juízo de admissibilidade é de 2º grau, mas por uma questão de economia processual, permite-se que o juiz de 1º grau também analise. Mas como, em última análise, o juízo de admissibilidade é do 2º grau, uma decisão de admissibilidade no 1º grau não necessariamente chegará a uma decisão de mérito, pois dependerá da análise do juiz de 2º grau. A análise sobre a admissibilidade do recurso é feita de ofício.

O mérito do recurso não necessariamente versa sobre direito material. Pode ser que verse apenas sobre direito processual.

O juízo de admissibilidade precisa ser expresso, fundamentado quando o recurso é negado. Mas se o recurso for recebido, não precisa de fundamentação.

Se o juiz disser “nego seguimento ao recurso”, é porque ele é extemporâneo. É como se ele não tivesse sido apresentado. Encerrado o processo, a decisão transita em julgado.

Duas classificações sobre o juízo de admissibilidade:

1. Uma mais tradicional, pela qual o juiz deve analisar os pressupostos objetivos (o cabimento, a adequação, a tempestividade, a regularidade procedimental e a inexistência de um fato impeditivo da interposição de recurso) e subjetivos (interesse em recorrer – diz respeito à utilidade, à sucumbência do recurso: só recorro se a decisão foi desfavorável ou só parcialmente favorável, quando também trouxe algum prejuízo concreto - e legitimidade para recorrer).

2. Uma mais moderna, pela qual o juiz deve verificar os pressupostos (existência de uma demanda regularmente autuada, capacidade de quem formula e investidura do juiz) e as condições de admissiblidade (legitimidade, interesse - necessidade do recurso - e possibilidade jurídica do recurso).

Além do juízo de admissibilidade, existe depois o juízo de mérito. Pode ser que ele negue provimento ao recurso, mantendo o julgamento, ou reforma da decisão, parcial ou total, por erro de julgamento (error in judicandi) ou erro de procedimento (error in procedendo – quase sempre gera anulação do julgamento e leva o juiz de 1º grau a julgar novamente, o que é questionável: precisa-se desse trabalho todo ou o Tribunal já poderia julgar o mérito desde já, para fins de economia de processual?).

A Lei 9099 diz que se o Tribunal está negando provimento ao recurso, ele pode manter a decisão da 1ª decisão por seus próprios fundamentos. Da mesma forma, o Regimento Interno

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do TJ/SP, recentemente alterado, também traz essa previsão de manter a sentença por seus próprios fundamentos.

O recurso ataca a parte dispositiva da decisão. Não cabe recurso contra motivo de decisão.

A lei aplicável ao recurso é sempre a lei da época da sentença, da decisão contra a qual se vai recorrer. Ada diz que se não existia um recurso, ou seja, a decisão não era impugnável, não cabe recurso nem se lei posterior criar o recuso. No caso oposto, em que existia recurso, mas houve lei posterior à decisão que extinguiu tal recurso, não caberá o recurso somente se a nova lei também extinguiu o órgão que julgaria esse recurso. Se a nova lei aumenta o prazo para recorrer, o prof entende que se eu estiver dentro do antigo prazo ainda, poderia se requerer a aplicação do prazo novo.

Extinção anormal do recurso: quando ele se extingue por negação no juízo de admissibilidade ou...

Quem pode recorrer? Em relação à defesa, o advogado e o réu (ele pode ter um representante com poderes exclusivos para recorrer em nome dele). Por parte da acusação, há a previsão do art. 577, que esqueceu do art. 598, que diz que o assistente da acusação também tem o direito de recorrer se o MP não recorrer.

Na prática, quando o juiz profere a sentença em audiência, o réu ou MP já fala na própria sessão que quer recorrer (termo nos autos). Depois é aberta vista para prestação de razões recursais. Pode ocorrer também de, ao invés de recorrer na sessão, o réu ou seu advogado serem intimados da sentença e recorrer por petição.

28-08-12

Apelação

Surgiu no direito romano, era um recurso para o imperador. Depois, funcionários revisavam as decisões tomadas pelos imperadores. Daí surgiram vários graus de apelação.

Com Justiniano, passamos a ter duas apelações. As apelações enfrentavam questões de fato e questões de direito. A produção de prova nova durante o recurso de apelação era permitida. Ainda no período romano, a apelação improtava na imposição de uma novasentença, nova decisão sore a questão. Sempre a apelação tinha efeito suspensivo. Também cabia a Reformatio impegius. A apelação servia tão somente para atacar a justiça de uma determinada decisão, não servia para atacar a validade de determinada decisão.

Depois tivemos uma fase importante na época do desenvolvimento do dir canônico. Ali se exaltou a distinção etnre efeito suspensivo e efeito devolutivo do recurso. O efeito suspensivo continuava senod a regra, porém havia hipóteses em que a lei previa sua não incidência.

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A apelação teve um grande desenvolvimento mesmo na época dos senhores feudais, pois era uma forma do rei controlar o poder dos srs feudais.

No dir português, na época das ordenações, a apelação cabia inclusive para discussão de provas novas, eu podia até introduzir novos fundamentos no processo. A apeação acabou absorvendo o papel da querela mutatis (recurso para invalidar a decisão).

No Brasil, tivemos primeiro o CPP do império, que já adotava a regra do tantum devolutum quantum apelatum: o tribunal, ao apreciar a apelação, vai apreciar o que está sendo impugnado, e limitava sua decisão ao que estava sendo impugnado. Esse mesmo código proibiu-se que novas provas fossem produzidas durante a fase recursal, e havia previsão expressa da proibição da reformatio impegius.

Hoje a apelação é o recurso ordinário por excelência. Em quase todas as legislações a apelação está prevista hoje. Tem também uma ampla previsão da matéria para juízo ad quem.

Existe uma tendência no dir internacional de limitar a apelação à matéria de direito (não no Brasil).

No Brasil cabe apelação do tribunal do júri. A apelação cabe exclusivamente das decisões de primeiro grau, não das decisões de segundo grau.

Possibilidade jurídica da apelação

Art. 593: o juiz singular, no Brasil, deve mesmo decidir julgando de forma a acolher ou não acolher a demanda da acusação (condenando ou absolvendo). O juiz não pode dizer que não tem elementos suficientes para condenar ou absolver e se abster de julgar a causa.

Além das sentenças condenatórias ou absolutórias, do que mais cabe a apelação? Das decisões definitivas (encerram o processo) ou com força de definitivas (colocam fim a um incidente processual) proferidas pelo juiz singular e desde que não estejam previstas no recurso em sentido estrito.

Se houver também o erdão não judicial (do querelante), também haverá extinção do processo sem que haja uma condenação ou absolvição. Tem algum requisito para isso? O perdão deve ser bilateral (o querelante perdoa e o juiz deve oubvir o qurelado, que pdoerá aceitar o perdão, extinguindo o processo, recusar o perdão ou ficar silente e o perdão ser tido como aceito – aceitação tácita).

Soluções com ...

Quem é que pode interpor a apelação? O MP, em primeiro lugar. O promotor não pode recorrer pedindo a condenação se a ação for penal privada, pois esta depende da vontade do querelante. Na ação penal privada subsidiária da pública o promotor pode recorrer independentemente da vontade do querelante.

O réu pode recorrer na apelação. Recorrer para obter um beneficio, não há a menor dúvida que o réu pode. Para obter um prejuízo, o réu não pode nunca. O que é benéfico ao réu é

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preciso examinar no caso concreto. Recorrer para a mudança do dispositivo penal absolvitório é possível, pois isso traz uma vantagem de natureza civil. Agora, se não tiver uma vantagem ou penal, ou civil ou administrativa, não é possível interpor a apelação para mudança de dispositivo absolvitório.

O curador pode recorrer. Quando o réu é incapaz? Quando tem uam deficiência, quando tem uma situação especial. O pródigo não é incapaz para processo penal, e o relativamente incapaz do cível não é também, pois a maioridade penal é só aos 18 anos.

O defensor do réu tem sempre o direito de recorrer em benefício do acusado. O defensor constituído é o contratado, o defensor nomeado é o que o juiz nomeia (as vezes a OAB, as vezes a defensoria é que indica o nome desse advogado) e o advogado dativo é aquele nomeado para uma determinada finalidade, para um determinado ato do processo.

O ofendido (querelante) pode recorrer também, pedindo um benefício para a acusação. Poderia o ofendido recorrer para mudar algo na sentença em benefício do réu mas que importasse na condenação? O prof acha que sim, pois não há o interesse em que a sentença seja nula e que depois seja invalidada. Se houver algum vício na sentença ele pode recorrer.

O assistente da acusação pode recorrer, mas não para pedir absolvição. Se ele quiser auxiliar a acusação e recorrer porque a acusação não recorreu, ele pode. Se houve uma absolvição, o assistente pode recorrer. Para pedir o aumento de pena, tem-se admitido que o assistente recorra também, dependendo de como se encara o assistente. O STF mudou uma forma de pensar que já existia, mudando as decisões do próprio supremo. Há uma decisão do STF dizendo que não é possível que o assistente recorra para pedir aumento de pena, mas isso pode mudar. O assistente pode recorrer para pedir alteração do fundamento.

Se O promotor recorreu da sentença, pode o assistente da acusação também recorrer? Se o promotor já recorreu do todo da sentença, não tem porque o assistente poder recorrer também. Se o promotor recorre pedindo um aumento de pena com relação a determinado crime, por exemplo, e a pessoa foi absolvida de um dos crimes, ele tem interesse em recorrer para abranger o segundo ilícito. O prazo para o assistente recorrer começa depois que acabar o prazo para o promotor recorrer.

Prisão: quando o juiz não tivesse dito expressamente que ele poderia recorrer em liberdade, essa pessoa estaria descumprindo isso, ele não poderia recorrer. Hoje em dia, o direito de recorrer não tem nada a ver com a minha prisão processual. Hoje o entendimento da jurisprudencial é no sentido de que, o juiz, ao proferir a sentença, deve dizer se a pessoa deve ser/permanecer presa ou não, e motivar/justificar com base nas hipóteses que autorizam a prisão preventiva. A única hipótese que ainda existe resistência é questionar o direito de recorrer em liberdade nos casos em que a CF diz que são inafiançáveis (crimes hediondos, tortura, tráfico de entorpecentes).

Se a pessoa está solta, a condenação seria o suficiente para prendê-la? Não. Mas pode ser que o juiz, na sentença, identifique uma periculosidade que até então não havia identificado, e aí ele pode mandar prender, mesmo que a pessoa esteja solta. A prisão processual pode ser decretada a qualquer tempo, desde que identificada a periculosidade.

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Porém, se a pessoa já estava presa e foi condenada, o juiz pode soltar? Vai depender do caso concreto. A pessoa poderia esta presa para a garantia da instrução criminal, e aí, como não vai mais haver instrução após a sentença, ela pode ser solta.

O que a apelação tem de muito próximo a prisão é que, se não houver apelação, transita em julgado, e aí eu cumpro a sentença, não falo mais em periculosidade, garantia da aplicação da lei penal, etc. Falo única e exclusivamente de pena. Interposta a apelação, ainda não há pena, a prisão é processual. Houve juiz que, ao produzir a sentença, negou ao réu o direito de recorrer em libeerdade sob fundamento de que, agora que foi condenado, ele vai intentar fuga. Mas a jurisprudência tem entendido que só a condenação em si não é reveladora do perigo de fuga, é preciso algo mais (a pessoa tirou passaporte, está vendendo seus bens, tem dupla cidadania, etc).

Procedimento da apelação

Em primeiro lugar, eu tenho a intimação da sentença. antes dessa intimação, não há falar-se em apelação. A partir dessa apelação, começa a contar o prazo. O prazo é individual, eu intimo um réu, começa a correr o prazo desse réu, e não de todos. Não é como no processo civil, que conta da última intimação.

Segundo, a intimação do réu é feita além da intimação doa dvogado desse réu, e eles tem prazos individuais. Se houver decurso no prazo sem que ninguém recorra, há transito em julgado. Se houver decurso do rpazo para uma das partes, transita em julgado para aquele réu, pode ser que o outro sequer tenha sido intimado ainda.

Qual é o prazo para recorrer? Temos prazos distintos: o prazo de 5 dias, que é o prazo comum para recorrer, e temos o prazo de 15 dias para o assistente da acusação, que não é habilitado, recorrer.

O assistente pode habilitar-se até o trânsito em julgado, ele pode requerer a habilitação e o juiz pode deferir ou não essa habilitação. Isso quer dizer que, quando eu tiver uma sentença, eu posso ter o assistente da acusação ou posso não ter o assistente. Se eu já tenho o assistente da acusação, ele tem que ser intimado da sentença, pois ele é um sujeito processual com interesse. E aí tenho duas hipóteses: (i) o assistente é intimado antes do MP; (ii) depois do MP. SE ele for intimado antes, o prazo dele é de 5 dias e começa a correr a partir do momento em que termina o prazo do MP. Se ele for intimado depois do MP, eu preciso ver quanto tempo depois do MP ele foi intimado: se foi 1 dia depois do MP, o prazo dele começa quando termina o prazo do MP, mas se ele foi intimado 10 dias depois do MP, o prazo dele começa a correr a partir da intimação dele.

O assistente da acusação pode não estar habilitado no processo. Aí ele não é sujeito processual, e não será intimado. Se ele não é habilitado, proferida a sentença absolvitória ele vai requerer sua habilitação (antes do transito em julgado, ou seja, antes de findo o prazo para

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o promotor recorrer). Nesse caso, ele tem o prazo de 15 dias para recorrer a partir do término do prazo do promotor.

11/09/12

Apelação (cont.)

Espécies de classificação

A apelação pode ser plena ou parcial. A apelação plena é aquela na qual se impugna todo o julgado, pretende-se uma reversão total do julgado. Já a apelação parcial é aquela que impugna apenas um ou alguns dos capítulos da sentença (ex: concordo com a condenação, mas discordo da pena, ou do regime prisional, ou da natureza da pena, etc).

Ela pode ser também principal ou secundária. Diz-se principal quando as partes a impugnam, e secundária quando o assistente da acusação é quem apela.

Ela pode ser ainda ordinária ou sumária. O CPP diz que a apelação ordinária é aquela que impugna uma decisão que impôs uma pena de reclusão, ou uma decisão que deveria ter imposto uma pena de reclusão e não impôs. Aquela que impõe uma pena de detenção, prisão simples, seria atacada pela via da apelação sumária. Mas, na verdade, estamos nos referindo basicamente ao rito adotado em segunda instância, a tramitação desse recurso.

Aqui, convém lembrar uma coisa: o CPP tinha o rito ordinário e o rito sumário, e a apelação sumária e ordinária estava intimamente ligada ao rito de primeira instância. Ocorre que, em 2008 houve uma alteração no CPP no que diz respeito ao procedimento, e nessa alteração de 2008 o rito sumário ficou reserva do para as infrações penais cuja pena não exceda 4 anos, e o rito ordinário para as infrações com pena superior a 4 anos, e o sumaríssimo para penas não superiores a dois anos. Mas quando alteraram o rito e o que seria sumário e o que seria ordinário, esqueceram-se do capítulo dos recursos, então continuamos tendo a apelação sumária para infrações penais não punidas com reclusão, e a ordinária para infrações penais punidas com reclusão.

Apelação voluntária de apelação necessária. Muitos criticam essa distinção, mas boa parte da doutrina mantém. A apelação voluntária é aquela que a parte desejou recorrer e recorre, e a apelação necessária é aquela que existe nas hipóteses de revisão necessária ou de recurso de ofício.

No CPP nós não temos uma sistematização no que diz respeito à apelação, e no CPC nós temos, mas são outros recursos. A lei 9099 é mais confusa ainda: temos, por exemplo, o art.

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89, que trata da suspensão do processo. A decisão que homologa o acordo nesse caso cabe apelação, mas não deveria caber.

Os recursos interpostos contra decisão dos juizados especiais serão julgados por uma turma de juízes do primeiro grau, e não pelo tribunal.

O art. 76 da lei 9099 também trata da composição que pode existir no processo penal, mas aqui já para infrações de pequeno potencial ofensivo, e essa composição obrigatoriamente deve ser homologada, e dessa homologação também cabe recurso, igualmente, e a própria lei o chama de recurso de apelação (§5º).

Da mesma maneira, a lei 9099 fala que, rejeitada a denúncia, cabe apelação. O CPP já previa que quando rejeitada a denúncia caberia recurso em sentido estrito (art.). Já se o rito é sumaríssimo, ao rejeitar a queixa cabe apelação.

Então, a falta de organização no sistema recursal do processo penal é evidente.

Procedimento

Temos primeiro a interposição do recurso de apelação (5 dias), que não precisa estar motivado, é uma mera petição sem razões. Se eu estiver apelando em um processo de rito sumaríssimo (9099), o prazo será de 10 dias e eu tenho que arrazoar o meu recurso.

Uma vez admitido o recurso, a parte será intimada para apresentar razões. Essas razões serão apresentadas no prazo de 8 dias, mas, se for no processo atinente à contravenção penal, o prazo será de apenas 3 dias.

Em seguida, haverá contra-razões, no prazo de 8 dias (ou 3 dias, dependendo de estar ou não tratando de contravenção penal). Se a ação é penal privada, depois do querelante o MP terá o prazo de 3 dias para se pronunciar. Se a ação é penal pública, depois do MP o assistente da acusação terá o prazo de 3 dias para se pronunciar.

Se nós estivermos num processo de rito sumaríssimo, a petição de interposição de apelação tem que ser apresentada já com as razões,e se não forem apresentadas razões, mas apenas a petição de interposição haveria uma irregularidade. Essa irregularidade causa nulidade? Há jurisprudência para todos os lados, inclusive do STF. Os tribunais começaram a receber processos se as razões vierem depois, mas dentro do prazo de 10 dias, e hoje já há decisões admitindo as razões após o prazo, quando a parte for intimada.

Quando é que eu vou avisar a parte que ela tem que apresentar razões ou contra-razões? A parte tem que ser intimada, mas se for o MP, defensoria pública ou procurador, a intimação é feita mediante abertura de vista dos autos àquela parte. Se for advogado quem deve apresentar as razões ou contra-razões, ele será intimado, e essa intimação deve ser feita pessoalmente (se for advogado nomeado), mas se for advogado constituído, ele será intimado por publicação para apresentar razões ou contra-razões.

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Procedimento na segunda instância

Após apresentadas as razões e contra razões, os autos subirão para o Tribunal.

No tribunal, há a distribuição do processo, ou seja, o processo será sorteado para uma das câmaras, para um dos desembargadores. Antigamente esse sorteio era feito à lá Silvio santos (com bolinhas na rodela, mesmo). Agora, o sorteio é feio eletronicamente, por um programa de computador.

Feita a distribuição, o processo irá ao MP, obrigatoriamente, para que o procurador geral da justiça nomeie alguém para proferir o parecer naquele caso, favoravelmente ao recorrente ou recorrido, independentemente se o recorrente ou o recorrido for o MP.

O relator da apelação tem todos os poderes que um juiz teria no processo (os poderes cautelares). Nada impediria que o relator, antes de enviar ao promotor, concedesse uma liminar qualquer. Mas é algo que é muito raro.

Depois de ir ao MP, o processo volta ao relator, que irá fazer um relatório do processo e em seguida encaminhar esse processo para um revisor. O revisor, por sua vez, estudará o processo e encaminhará esse processo para a mesa de julgamento, para a sessão de julgamento. Aqui temos algumas observações: o relator, atualmente, quando faz o voto, manda uma cópia do voto para o revisor, para facilitar o trabalho do revisor, reduzindo o tempo de processo na sessão de julgamento e, se houver necessidade de um desempate, normalmente já se manda pro terceiro juiz os votos também, para que ele chegue na sessão de julgamento já sabendo o que está acontecendo. Isso não está previsto na lei, e pode acontecer de um desembargador não confiar no seu revisor, e aí ele não manda o voto para o revisor, desconfiando que o revisor poderia até vender o seu voto, mas isso é absurdamente raro.

Aí o processo vai para a mesa de julgamento. Aí haverá a apreciação da apelação, a decisão da causa, que pode vir a ser unânime ou não. Se a decisão for unânime, ta resolvido o problema. Se não for unânime, eventualmente caberão embargos infringentes.

Outras questões relevantes:

1. quando houver mais de um apelante ou mais de um apelado, o prazo para apresentar contra-razões, por exemplo, é um prazo comum (eles terão o prazo simultaneamente, o processo não poderá ser retirado do cartório, a menos que os advogados façam um acordo para retirarem conjuntamente os autos). A profª Ada entende que em determinadas e excepcionalíssimas hipóteses, pode ser que essa previsão do art. 600, §3º poderia acarretar um cerceamento ao direito de defesa (por ex se o processo tem muitos apelados ou apelantes).

2. a pauta de julgamento deve ser publicada para que as partes saibam quando é que vai ser julgado o caso. Acontece que, em alguns casos, essa pauta não é publicada, por ex, no caso do habeas corpus e dos embargos de declaração. Nesses casos, o relator deverá desde logo, se possível, colocá-los em julgamento, podendo ser que eles já vão para a próxima sessão de

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julgamento, não havendo publicação. Quando há publicação, é preciso que haja a identificação do advogado correto, com nome completo, na intimação.

3. quando houver uma inavisada mudança de horário da sessão de julgamento, isso acarreta nulidade.

4. a sustentação oral é facultativa, não é um ato obrigatório, porém o Tribunal não pode negá-la se a parte quiser fazer, sob pena de nulidade. A parte que quiser fazer sustentação oral vai e faz. O prazo para a sustentação oral é de 15 minutos (para cada defensor que atua em nome de algum réu) se o crime é apelado com reclusão e 10 minutos nos demais casos. O MP tem prazo igual, se não for reclusão, o prazo é de 10 minutos.

5. embargos de declaração não admitem sustentação oral.

6. as decisões são tomadas por maioria de votos. Se houver empate (isso normalmente não acontece nas apelações, pois quem julga é um colegiado formado por 3 julgadores) e o presidente da câmara ainda não tiver julgado, nesse caso o presidente vai votar para desempatar. Se houver empate e o presidente já tiver votado, prevalece o que é mais benéfico ao réu.

7. o art. 616 diz ainda que, na apelação, o tribunal poderá proceder ... se ele entender que são encessárias ao esclarecimento da verdade.

7. o art. 384 do CPP não se aplica na segunda instância. Já o art. 383 é aplicado, porém, ao aplicá-lo, o tribunal nunca pode piorar a situação do réu.

Embargos infringentes

Não há um capítulo próprio no CPP. Tem o art. 609 que trata do tema. Vale lembrar que esse artigo foi introduzido depois, o CPP não previa embargos infringentes. Os embargos infringentes só cabem em segundo grau de jurisdição (§ú). Na turma recursal dos juizados especiais não cabe também, pois é primeira instância, apesar de atuarem em segundo grau.

Todos os recursos admitem embargos infringentes? Não. O recurso extraordinário não admite, o recurso especial, habeas corpus, ação de revisão criminal, pedido de desaforamento, nenhum desses admite embargos infringentes. As apelações e recursos em sentido estrito são os únicos que admitem embargos infringentes.

A prof ADA sustenta que o agravo em execução também admite embargos infringentes pois esse agravo veio ao ordenamento jurídico depois do código. Mas é uma situação delicada, pois se o legislador quisesse que o agravo em execução poderia admitir embargos infringentes, ele teria mudado o CPP.

Se formos ler o código, veremos que está escrito que cabem embargos de nulidades. Hoje em dia, embargos infringentes e de nulidade são sinônimos.

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Quando cabe embargos infringentes? Quando eu tenho uma divergência. Quando eu tenho julgamentos colegiados não unânimes, não uniformes. Mais do que isso, só cabem embargos de divergência se o voto vencido for favorável ao réu, pois o legislador quis que só o réu pudesse impor embargos infringentes. Mas a doutrina diz que o procurador de justiça pode impor embargos infringentes, desde que seja para beneficiar o réu.

Pode acontecer dos três votos serem divergentes. Exemplo: o primeiro julgador absolve o réu, o segundo condena a uma pena de 6 anos e o terceiro condena a uma pena de 10 anos. Prevalece o voto intermediário, pois dois condenaram (então ele tem que ser condenado), mas a pena mais benéfica é a de 6 anos. Pode acontecer de prevalecer parte de cada voto.

A divergência para cabimento de embargos infringentes tem que ser na decisão, e não na fundamentação. Ex: estou absolvendo porque não existe prova da autoria, e o outro fala que absolve porque não existe prova da materialidade. Aí não importa, o que importa é o resultado, e não a fundamentação.

Admite-se, na doutrina, embargos infringentes quando hpa uma divergência quando ao motivo de eu estar sendo absolvido (com base no 386 I e/ou com base no 386 VI).

A matéria que eu posso impugnar pelos embargos infringentes é única e exclusivamente aquela divergente. No que as partes concordaram eu não posso me insurgir contra opondo embargos infringentes. Ex: os três julgadores me condenam, dois por roubo qualificado e um por roubo simples. Eu não posso discutir se eu sou ou não culpado, só posso discutir se foi roubo simples ou qualificado. Isso é importante porque, se eu não posso impugnar a outra parte, preclui meu direito. Ou seja, tenho que interpor embargos infringentes e outro recurso também, para não perder o prazo para que eu ataque a parte do acórdão que ficou incontroverso.

O prazo para a interposição dos embargos infringentes é de 10 dias da publicação do acórdão no DOE, e não da publicação do resultado.

Quando um voto fica vencido, o desembargador vencido tem a opção de declarar voto vencido ou não declarar o voto vencido, exceto se for hipótese de cabimento de embargos infringentes, aí ele é obrigado a declarar o voto vencido, para que a parte possa justificar seus embargos infringentes.

As razões dos embargos infringentes devem acompanhar a petição de interposição dos embargos infringentes. Ela pode ser simples, apenas dizendo eu houve divergência, e que eu acho que o voto vencido está certo, mas ela precisa existir.

Depois, temos 10 dias para a parte contrária se pronunciar sobre os embargos infringentes. Depois o procurador de justiça pode eventualmente não ser a parte contrária, e aí teria também o prazo de 10 dias. Depois vai ao relator, ao revisor e à julgamento.

Quem vai julgar os embargos infringentes? Os mesmos três desembargadores e mais dois, que propiciam a alteração do julgamento.

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Qual o efeito dos embargos infringentes? Devolve ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada e divergente. Pode ser que os embargos de divergência ataque um ponto de divergência, e não ataque outros pontos de divergência.

No julgamento dos embargos de divergência, os julgadores que já decidiram de uma ou outra maneira podem mudar o seu voto. Então, podemos ter um resultado de até 5x0.

Os embargos infringentes tem efeito suspensivo, suspendendo os efeitos da apelação.

Na prova não cai nulidades!!!!!!!!!