processo oxidativo avancado h2 o2 uv no tratamento de efluente textil com corante reativo

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Escola de Artes Ciências e Humanidades PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO H 2 O 2 /UV NO TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL COM CORANTE REATIVO Laboratório de Pesquisa de Têxteis Técnicos – EACH – USP Prof. Dra. Silgia A. Costa, [email protected] Wellington A. Teixeira, [email protected]

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Page 1: Processo Oxidativo Avancado H2 O2 Uv No Tratamento De Efluente Textil Com Corante Reativo

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULOEscola de Artes Ciências e Humanidades

PROCESSO OXIDATIVO AVANÇADO H2O2/UV

NO TRATAMENTO DE EFLUENTE TÊXTIL COM CORANTE REATIVO

Laboratório de Pesquisa de Têxteis Técnicos – EACH – USP

Prof. Dra. Silgia A. Costa, [email protected] A. Teixeira, [email protected]

Page 2: Processo Oxidativo Avancado H2 O2 Uv No Tratamento De Efluente Textil Com Corante Reativo

Laboratório de Pesquisa

de Têxteis TécnicosTrabalho sob Orientação

Wellington Teixeira

Prof. Dra Silgia Costa EACH - USP Pós-Doc. Dra. Sirlene Maria da Costa

Page 3: Processo Oxidativo Avancado H2 O2 Uv No Tratamento De Efluente Textil Com Corante Reativo

A Indústria Têxtil e o Meio-Ambiente

• Desengomagem, • Alvejamento, • Lavagem de tecidos, • Mercerização, • Tingimento, • Estamparia • Acabamento de tecidos.

A Figura 1 apresenta as principais etapas que consomem água no beneficiamento têxtil.

O Beneficiamento Têxtil e a Geração de Efluentes

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Fig.01-Etapas do processamento a úmido de tecidos de algodão e mesclas de algodão (Fonte: EPA, 1997).

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Tratamento: Preliminar, Primário e Secundário

• O tratamento preliminar objetiva apenas a remoção dos sólidos grosseiros;

• O tratamento primário visa à remoção de sólidos sedimentáveis e parte da matéria orgânica;

• Em tratamentos secundários predominam mecanismos biológicos, o objetivo é principalmente a remoção de matérias orgânicas e eventualmente nutrientes (nitrogênio e fósforo).

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Classes de Tratamentos

Fig.02 - Organograma das classes de tratamento de efluentes (POA=Processos Oxidativos Avançados).

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Níveis de Tratamento

Nível Remoção

PRELIMINAR

Sólidos em suspensão grosseiros (materiais de maiores dimensões e areia).

PRIMÁRIO Sólidos em Suspensão sedimentáveis; DBO em suspensão (matéria orgânica componente dos sólidos em suspensão sedimentáveis).

SECUNDÁRIO DBO em suspensão (matéria orgânica em suspensão fina, não removida no tratamento primário); DBO solúvel (matéria orgânica na forma de sólidos dissolvidos).

TERCIÁRIO

Nutrientes; Patogênicos; Compostos não biodegradáveis; Metais pesados; Sólidos Inorgânicos dissolvidos; Sólidos em Suspensão remanescentes.

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Tratamentos Terciários ou Avançados

Os tratamentos terciários objetivam a remoção de poluentes específicos (usualmente tóxicos ou compostos não biodegradáveis) ou ainda, a remoção complementar de poluentes não suficientemente removidos no tratamento secundário.

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Processos de Oxidação Avançada - POA’s

• Tecnologia alternativa ao tratamento de várias matrizes ambientais que têm-se destacado nos últimos anos .

• A vantagem desse processo reside no fato dele ser um tipo de tratamento destrutivo, ou seja, o contaminante não é simplesmente transferido de fase, mas sim, degradado através de uma série de reações químicas (Higarashi et al., 2000).

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Oxidantes Utilizados

De acordo com LORA (2000), os oxidantes químicos mais utilizados em processos de tratamento de efluentes por oxidação são:

• Oxigênio: seu baixo custo de operação faz a oxidação por oxigênio uma opção atrativa em algumas aplicações. Um exemplo é a chamada Wet Oxidation (oxidação por ar úmido) ou hidroxidação à pressão;

• Cloro: é um oxidante forte e econômico. Ás vezes requer doses consideráveis. Pode formar compostos organoclorados indesejáveis como subproduto;

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Oxidantes Utilizados

• Permanganato de Potássio: oxidante forte, mas muito

caro;

• Ozônio: É um gás venenoso, que não apresenta odor nem cor perceptível. A concentração máxima permissível (CMP) desse gás é de 0,1 mg/m3;

• Peróxido de Hidrogênio: é considerado um oxidante de propósito geral. O tratamento efetivo com H2O2 requer freqüentemente um ativador, como é o caso de um catalisador à base de ferro (reativo Fenton), luz ultravioleta ou ozônio.

Page 12: Processo Oxidativo Avancado H2 O2 Uv No Tratamento De Efluente Textil Com Corante Reativo

Objetivos

Este trabalho teve como objetivo a utilização de um processo de oxidação avançada H2O2/UV para a degradação de corantes reativos gerados no processo de tingimento da indústria têxtil.

Page 13: Processo Oxidativo Avancado H2 O2 Uv No Tratamento De Efluente Textil Com Corante Reativo

Objetivos específicos

• Estudo de degradação da cor de um efluente pelo método H2O2/UV (2007);

• Tingimento têxtil com água de reúso obtida pelo processo H2O2/UV (2008);

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Degradação de Efluente Têxtil pelo Método H²O²/UV

Método H²O²/UV

• Neste estudo se utilizou o Peróxido de Hidrogênio – H2O2

como agente oxidante e a radiação ultra-violeta – UV como agente catalisador.

• A velocidade de oxidação do poluente é limitada a formação de radicais hidroxila,

• A eficiência do processo esta na otimização das condições de aceleração da fotólise do peróxido de hidrogênio.

Page 15: Processo Oxidativo Avancado H2 O2 Uv No Tratamento De Efluente Textil Com Corante Reativo

Degradação de Efluente Têxtil pelo Método H²O²/UV

Materiais e Métodos de Ensaio

• Reator Fotoquímico: desenvolvido durante o estudo, tem capacidade para 500 mL por experimento realizado. Esse sistema dispõe de uma fonte de radiação policromática UV/Visível, assegurada por duas lâmpadas cada uma com 6 Watts potência.

• pH: método potenciométrico, calibrado com soluções padrões de pH 4,0 e 7,0. O pH foi medido através de equipamento PHmetro TEC – 3MP marca Tecnal.

• Condutividade: método da eletrometria, medida através de um condutivímetro TEC – 3MP marca Tecnal.

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• Cor: método colorimétrico, medidas por meio da absorbância. As leituras de absorbâncias foram obtidas por um espectrofotômetro U/V visível Beckman Du 640.

• Agitação: é proporcionada por uma placa de agitação magnética (Quimis) que permanece instalada dentro do reator fotoquímico.

• Temperatura: através de um termômetro analógico de mercúrio HG Brasil

• (-10 + 110ºC).

• Tratamento estatístico dos dados: realizados pelos programas Origin 6.1 e Excel.

Materiais e Métodos de Ensaio

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Degradação de Efluente Têxtil pelo Método H²O²/UV

Vidros de Cobalto protegem a radiação UV

Lâmpadas UV instaladas na cobertura superior

Mangueira e seringa para retirada de amostras

Placa de agitação magnética

O Reator Fotoquímico

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Caracterização do Efluente Têxtil

Parâmetros Valores pH 10,84 Condutividade (mS/cm) 3,73

250 λ 4,50 350 λ 4,50 450 λ 0,34 550 λ 2,32 650 λ 4,50

Absorbâncias

750 λ 0,83

• O efluente têxtil foi gentilmente cedido pela empresa “CS Beneficiamento Têxtil”.

• A amostra foi coletada no final do processo de esgotamento do banho de tingimento de tecidos 100% algodão, no qual foi utilizado corante reativo.

• Caracterização do efluente bruto

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Radiação UV: O efluente foi submetido à radiação UV no comprimento de onda de 250 a 320 nm.

Determinação da cor pelo método espectrofotométrico: As amostras de efluentes tratados foram diluídas na proporção 1:30, para os espectros na faixa UV. Em seguida determinou-se a absorbância para os espectros a cada 0,427 nm, na faixa de 200 a 380 nm, para os espectros no UV e de 380 a 800 nm, para os espectros no visível.

Porcentagem de remoção da cor: Foi calculada de acordo com a equação 01

[(Ainicial – Afinal)/Ainicial x 100] (Equação 01)

Em que:Ainicial= absorbância inicialAfinal= absorbância final

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Degradação de Efluente Têxtil pelo Método H²O²/UV

250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750-0,1

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1,0

Ab

so

rbâ

nc

ia

Com prim ento de onda (nm )

Corante pH 3 (0h) pH 3 (24h) pH 7 (0h) pH 7 (24h) pH 11 (0h) pH 11 (24h)

Resultados obtidos com os diferentes pHs trabalhados durante os experimentos com Efluente da “Cs Beneficiamento Têxtil”.

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Resultados e Discussões

Através do gráfico observa-se que no comprimento de onda no espectro do visível (665 nm) os três pHs estudados mostraram-se interessantes para a remoção da cor do efluente.

Destaca-se a eficiência para remoção da cor em meio alcalino.

De acordo com estudos na literatura, a cor do efluente poluído com corantes orgânicos, reduz quando ocorre a quebra ou divisão das ligações -C=C- e –N=N- como também dos anéis aromáticos e heterocíclicos.

A próxima Tabela nos mostra os cálculos de porcentagens de cor removida que foram obtidos através da equação

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Resultados e Discussões

Tabela. Porcentagem de remoção da cor no efluente.

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Conclusões

• O tratamento realizado pelo método H2O2/UV mostrou-se eficiente para a remoção da cor presente no efluente industrial diluído.

• Os resultados revelaram que houve uma diminuição da absorbância nas faixas de maior absorção do efluente. Com estes resultados se pode verificar que o pH influência no processo, sendo que a melhor degradação da cor ocorreu para o valor de pH 11.

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Conclusões

• Novos estudos estão sendo realizados visando o aproveitamento do efluente tratado para novos processos de tingimento.

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“Degradação de Efluente Têxtil pelo Método H²O²/UV”

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Profa. Dra. Silgia A.Costa, [email protected]

Wellington A. Teixeira, [email protected]