processo nº tst-arr-9954800-71.2006.5.09.0013 …
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Poder JudiciárioJustiça do TrabalhoTribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-ARR-9954800-71.2006.5.09.0013
Firmado por assinatura digital em 25/06/2018 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
A C Ó R D Ã O
(2ª Turma)
GMMHM/bav
I - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO
INTERPOSTO ANTES DA LEI 13.015/2014.
DOENÇA DO TRABALHO. LER/DORT.
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA DO
EMPREGADOR. CULPA, NEXO DE CAUSALIDADE
E DANO. INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL.
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PENSÃO.
PAGAMENTO EM PARCELA ÚNICA.
IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO À IDADE DE
APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO COM PENSÃO. O Tribunal
Regional, com amparo nas provas
produzidas nos autos, especialmente o
laudo pericial, concluiu pela
existência do nexo de causalidade entre
a doença da reclamante (tendinite do
músculo supra espinhoso do ombro
esquerdo de evolução crônica), que
ensejou sua aposentadoria por
invalidez, e o trabalho desempenhado na
reclamada, a qual agiu com culpa, uma
vez que não adotou medidas necessárias
e suficientes para prevenir e evitar a
doença profissional. Nesse contexto,
restam presentes todos os requisitos
ensejadores da responsabilidade civil
subjetiva, nexo de causalidade, culpa e
dano, na forma dos artigos 186 e 927,
caput¸ do Código Civil. Para se chegar
à conclusão oposta e entender quaisquer
dos requisitos ensejadores da
responsabilidade civil, como pretende a
reclamada, seria necessário o
revolvimento de fatos e provas, o que é
vedado pela Súmula 126 do TST. Portanto,
a ofensa sofrida resultou defeito pelo
qual a ofendida não pode exercer o seu
ofício ou profissão, o que enseja o
dever de reparação da reclamada, nos
termos do art. 950 do Código Civil. No
caso, o TRT registra que a reclamante
teve perda parcial da capacidade de
trabalho, encontra-se aposentada por
invalidez, e não pode mais exercer a
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função antes desempenhada para o
reclamado. Assim, sem cogitar limitação
da pensão até a idade da aposentadoria
e estabelecendo a data da aposentadoria
por invalidez como termo inicial do
pagamento, o Regional concluiu que o
pensionamento deveria ser fixado em
valor mensal correspondente a 100% do
salário auferido pela autora, pelo que
majorou a condenação de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) para R$
267.000,00 (duzentos e sessenta e sete
mil reais), a ser pago em parcela única,
equivalente a aproximadamente 30% do
que receberia se o pensionamento fosse
mensal. O entendimento deste Tribunal
Superior vai ao encontro ao que concluiu
o TRT, uma vez que o art. 950 do Código
Civil dispõe que a pensão mensal deve
corresponder à importância do trabalho
para o qual o empregado se inabilitou,
que, no caso, representa o percentual de
100%. Precedentes. No que diz respeito
ao pedido de limitação da pensão mensal
até os 65 anos de idade, a decisão
regional se mostra em consonância com a
jurisprudência pacífica do TST, no
sentido de que o disposto no art. 950 do
Código Civil não encontra limitação na
data da futura idade de aposentadoria.
Precedentes. Também está em consonância
com a jurisprudência pacífica do TST, o
entendimento do TRT no sentido de que o
benefício previdenciário pode ser
cumulado com a pensão mensal, uma vez
que ambos possuem naturezas e fontes
distintas. Precedentes. Óbice da Súmula
333 do TST. Recurso de revista não
conhecido.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUSÊNCIA
DE PREQUESTIONAMENTO. O TRT não se
manifestou acerca dos danos morais,
pelo que a questão carece do devido
prequestionamento, na forma da Súmula
297, I, do TST. Recurso de revista não
conhecido.
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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA
RECÍPPROCA. Quanto aos honorários
advocatícios, nos termos do art. 3º, §
3º, da Instrução Normativa nº 27 do TST,
o princípio da sucumbência recíproca
não se aplica às lides decorrentes da
relação de emprego antes da reforma
trabalhista, pelo que a condenação não
viola literalmente o art. 21 do
CPC/1973. Assegurado o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a
ela inerentes, assim como devidamente
fundamentada a decisão regional que
condenou a reclamada ao pagamento de
honorários advocatícios, não observo
violação direta e literal aos arts. 5º,
LV e 93, IX da CRFB/1988. Por fim,
conforme entendimento pacífico do TST,
conforme Súmula 221, a admissibilidade
do recurso de revista por violação tem
como pressuposto a indicação expressa
do dispositivo de lei ou da Constituição
tido como violado, pelo que a alegação
genérica de violação às Leis 1.060/1950
e 5.584/1970 não impulsiona o
conhecimento do apelo. Recurso de
revista não conhecido.
II - AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE
EM RECURSO DE REVISTA ADESIVO. Diante do
não conhecimento do apelo principal,
fica prejudicado o exame do agravo de
instrumento em recurso de revista
adesivo interposto pela
reclamada, conforme disposto no art.
art. 500, III, do CPC/1973 (atual art.
997, § 2º, III, do CPC/2015).
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso
de Revista com Agravo n° TST-ARR-9954800-71.2006.5.09.0013, em que é
Agravante e Recorrido ANELCI TONIN LOPES e Agravado e Recorrente HSBC
BANK BRASIL S.A. - BANCO MÚLTIPLO.
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O TRT da 9ª Região negou provimento ao recurso
ordinário do reclamado e deu parcial provimento ao recurso ordinário do
reclamante.
A reclamada interpôs recurso de revista, às fls.
312/354.
A reclamante interpôs recurso de revista adesivo, às
fls. 377/386.
O juízo regional de admissibilidade, às fls. 359/362
e 388/394, admitiu o recurso de revista do reclamado e negou seguimento
ao recurso de revista adesivo da reclamante, que interpôs o agravo de
instrumento de fls. 396/402.
O reclamado apresentou contraminuta e contrarrazões,
às fls. 406/417.
É o relatório.
V O T O
II - RECURSO DE REVISTA DO RECLAMADO
1 – DOENÇA DO TRABALHO. LER/DORT. RESPONSABILIDADE
CIVIL SUBJETIVA DO EMPREGADOR. CULPA, NEXO DE CAUSALIDADE E DANO.
INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL. APOSENTADORIA POR INVALIDEZ. PENSÃO.
PAGAMENTO EM PARCELA ÚNICA. IMPOSSIBILIDADE DE LIMITAÇÃO À IDADE DE
APOSENTADORIA. CUMULAÇÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO COM PENSÃO
1.1 – Conhecimento
O Tribunal Regional, ao julgar o recurso ordinário da
reclamada, decidiu:
“DANO MATERIAL
Não concorda o Reclamado com a decisão de origem, no aspecto em
que o condenou ao pagamento de indenização por danos materiais em razão
do reconhecimento de doença ocupacional (fls. 2376/2382). Sustenta que a
Autora não desempenhava atividades com movimentos repetitivos,
acrescentando que sempre observou as pausas previstas pelas normas de
segurança e medicina do trabalho, bem como supervisionava a prática de
ginástica laboral. Destaca que a Reclamante foi considerada apta em todos os
exames periódicos realizados, sendo que as moléstias que acometem a
Autora "somente foram alegadas após o desligamento desta do quadro
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funcional do Recorrente, na medida em que, enquanto empregada ativa,
nenhuma queixa relatou" (fl. 2428). Observa que a causa da moléstia que
acomete a Autora pode estar relacionada aos hormônios liberados durante as
gestações, uma vez que os exames juntados aos autos são posteriores aos
períodos em que a Autora estava grávida e, do mesmo modo, os primeiros
sinais da doença somente surgiram somente após a segunda gestação. Aduz
que o próprio laudo pericial produzido nos autos de RT
10995-2002-013-09-00-4 concluiu pela inexistência de nexo causal entre as
patologias da Autora e as atividades desempenhadas para o Reclamado.
Argumenta que se o labor para o Reclamado tivesse, de fato, desencadeado o
surgimento da doença da Reclamante, o longo tempo decorrido entre sua
dispensa até a presente data já teria sido suficiente para a melhoria de suas
condições de saúde. Ressalta que as conclusões da perícia produzida nos
autos de RT 10995-2002-013-09-00-4 devem prevalecer sobre o laudo
realizado sobre o Juízo Cível, "na medida em que, diante da EC nº 45, de
08/12/2004, a competência para julgar ações decorrentes de suposto
acidente de trabalho passou a ser da Justiça do Trabalho, razão esta que
enseja o acolhimento da prova técnica realizada perante este Juízo e não da
mesma prova técnica realizada em Juízo sabidamente incompetente" (fl.
2432). Afirma que não restaram configurados o dano, o nexo causal e a culpa
do Reclamado, requisitos ensejadores da responsabilidade civil. Postula,
portanto, a reforma da sentença, para excluir a condenação ao pagamento de
indenização por danos materiais. Sucessivamente, requer seja minorado o
valor fixado pelo Juízo de origem a título de indenização, não ultrapassando
R$10.000,00.
Sem razão.
A Reclamante alegou, na inicial (fls. 03/14), que em decorrência das
atividades laborais desempenhadas em benefício do Reclamado como caixa,
as quais eram repetitivas e exaustivas, passou a desenvolver fortes dores em
seu ombro e cotovelo esquerdos, o que culminou com a incapacidade laboral
e, em 2004, aposentadoria por invalidez pelo INSS. Afirmou que ajuizara
ação acidentária contra o INSS, em trâmite perante a Vara de Registros
Públicos, na qual obteve o reconhecimento do caráter acidentário de sua
enfermidade.
Em defesa (fls. 84/125), o Reclamado negou que as atividades
profissionais exercidas guardassem relação com a doença que em tese
acometeu a Reclamante, ressaltando que as mesmas não demandavam
qualquer esforço físico e que eram adotados todos os procedimentos de
segurança e recomendações do Ministério do Trabalho.
O Juízo de origem deferiu a juntada dos laudos periciais
produzidos nos autos de RT 10995-2002-0013-09-00-04 (fls. 193/213) e
no processo de medida cautelar 90/2006 (fls. 426/448 e 388/408) como
prova nestes autos, uma vez que envolvem as mesmas partes (fl. 383).
O nexo causal entre a doença da Reclamante e as atividades
desenvolvidas em benefício do Reclamado restou reconhecido no
acórdão proferido nos autos de RT 10995-2002-0013-09-00-04 e juntado
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a estes autos às fls. 473/507, no qual, inclusive, atuei como Relator, cujos
fundamentos transcrevo a seguir (fls. 489/492): Os documentos carreados aos autos demonstram o nexo causal
entre a doença e as atividades da Autora. As declarações e atestados
médicos de fls. 33/45, evidenciam que a Reclamante apresentou a
moléstia ainda enquanto estava em vigência o contrato de trabalho.
Observe-se, nesse sentido, as anotações constantes nos prontuários de
fls. 33/35. Nesses documentos, já na data de 25 de outubro de 2.001, a
Reclamante apresentou queixa de dor no ombro esquerdo, quando foi
atendida pela Drª Mariza Penkal, que a encaminhou ao Dr. Fernando
Tenius, que assim atestou acerca do estado de saúde da Reclamante,
em 22 de novembro de 2.001: "Lesão em região de ombro E
compatível com lipoma" (fl. 33), situação que se estendeu nos demais
meses, inclusive, com "piora de dor" e indicação para terminar as
sessões de fisioterapia (fl. 33, verso), conforme atesta a Drª Mariza
Penkal, em 25 de janeiro de 2.002.
O exame de ressonância magnética de fl. 36 (16 de maio de
2.002), evidencia problemas nos tendões (tendinite), assim como os
atestados de fls. 38/41 deixam claro que a Reclamante era portadora de
doença inflamatória, com acompanhamento ortopédico desde o ano de
2.001 (fl. 40), necessitando, inclusive, de atendimento fisioterápico (fl.
39). Finalmente, a declaração de fl. 45 não deixa dúvidas quanto ao
fato de que a doença, no mínimo, se agravou em decorrência do
trabalho. Ainda que mencionados documentos tenham sido elaborados
após a tentativa de dispensa ocorrida em 07.05.02, evidenciam que, em
verdade, a Reclamante estava em tratamento de saúde desde o ano de
2.001.
É comum que os movimentos repetitivos, a que são submetidos
os empregados em funções similares à da Autora, produzem efeitos
lesivos, desencadeando com freqüência moléstias assemelhadas às
adquiridas pela Reclamante. Logo, a própria atividade desenvolvida
pela Reclamante representava um importante fator de risco, do qual
não pode agora a Reclamada pretender se esquivar.
Frise-se que a função de caixa bancário (função exercida desde a
contratação ocorrida em setembro/86 até julho/98, quando passou a
trabalhar como técnico de agência), consoante Relatório Anual do
NUSAT (In OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção Jurídica à
Saúde do Trabalhador. São Paulo: LTr, 2002. p. 306.), representava,
em 1996, o terceiro maior índice de acometimento da doença,
perdendo apenas para as funções de auxiliar de escritório e digitador.
Note-se que a Perita relatou a existência de doença já no ano de
2.001: 'A primeira menção de doença da autora ocorre no ano de 2001
quando autora apresenta dor no ombro esquerdo procura médico
(prontuários em folhas 33 a 35 dos autos) e, é diagnosticado um cisto
em região do bíceps esquerdo que posteriormente é retirado (agosto de
2002) e, segundo o parecer do neurologista da autora em constante no
anexo 1 tratava-se de um lipoma' (fl. 783).
(...)
É certo que o laudo pericial concluiu que a "doença da autora
não tem relação com o trabalho desempenhado" (fl. 785). Entretanto,
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tal conclusão foi justificada na premissa de que para 'se caracterizar
que uma doença foi ocasionada pelo trabalho, a execução deste
trabalho deve exigir o uso repetido de grupos musculares ou, o uso
forçado de grupos musculares ou manutenção de uma postura
inadequada. O trabalho da autora não contempla esses requisitos pois
era um trabalho diversificado e o grupo muscular no qual a autora
apresenta doença, quando lesionado profissionalmente, ocorre em
atividades que exijam manter os braços elevados acima de 90 graus
com uso de força' (fl. 784). Essa premissa, com a devida vênia, no caso,
não se sustenta, não só em face do Relatório Anual do NUSAT, acima
mencionado, o qual demonstra a potencialidade da função exercida
gerar a moléstia, como também porque os demais elementos
constantes dos autos demonstram que a moléstia foi adquirida no curso
do contrato e não há evidência de outros fatores que a geraram.
Ademais, o Juiz não está adstrito ao laudo pericial quando, como no
caso, existem outros elementos nos autos que autorizam conclusão
diversa. Nesse sentido preconiza o art. 131 do CPC."
Consoante exposto no referido acórdão, os documentos juntados aos
autos, consistentes em exames médicos, atestados e declarações, são
suficientes para afastar as conclusões do laudo pericial de fls. 193/213, uma
vez que apontam para a existência de nexo causal entre a doença da Autora e
as atividades desempenhadas, bem como para o fato de que a doença foi
adquirida durante a vigência do pacto laboral, não havendo quaisquer
indícios de outros fatores que poderiam tê-la ocasionado.
Também o laudo pericial de fls. 426/448, produzido no processo de
medida cautelar 90/2006 e adotado como prova nestes autos, após análise das
condições de trabalho e dos documentos médicos, foi conclusivo no sentido
de que a doença diagnosticada (tendinite do músculo supra espinhoso do
ombro esquerdo de evolução crônica) possui relação com as atividades
laborais realizadas pela Reclamante em benefício do Reclamado. Ao avaliar
o local de trabalho da Autora, concluiu a perícia que "as operações com o
membro superior esquerdo era numerosas e utilizadas em todos os
procedimentos de trabalho", sendo que "o trabalho com este membro era
feito sem apoio (abrir envelopes, conferência, passagem do documento pela
leitora e autenticadora) e a obrigava permanentemente a uma postura
estática, estando o membro superior esquerdo permanentemente sem apoio"
(fl. 435). Ressaltou o expert que a postura estática principalmente com o
membro superior esquerdo sem apoio "força toda a musculatura do membro
e da cintura escapular" (fl. 436). Constatou, ainda, que as atividades
laborativas eram invariáveis e monótonas (fl. 437) e que não eram instituídas
pausas (fl. 436).
Vale anotar que, diferentemente do que alega o Reclamado, o
perito esclareceu que as lesões da Reclamante surgiram
aproximadamente um ano após o parto e, ainda, respondeu
negativamente ao ser indagado se a patologia tem como causa os
hormônios produzidos pelo organismo durante a gestação (fl. 439), não
havendo nos autos quaisquer elementos de prova em sentido contrário.
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Diante disso, reputo devidamente comprovado o nexo de
causalidade entre a doença que acometeu a Reclamante e suas
atividades profissionais.
No tocante à culpa do empregador é, ao meu ver, consequência lógica
da moléstia sofrida pela Reclamante.
O empregador, que detém o poder de dirigir a força de trabalho que lhe
é colocada à disposição em face do contrato de trabalho (art. 2º, CLT) tem,
em consequência, o dever de propiciar ambiente harmônico e saudável para
os seus empregados, protegendo a sua integridade física. Por sinal,
constitui-se obrigação do empregador cumprir as normas de segurança e
medicina do trabalho, instruir os empregados "quanto às precauções a tomar
no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais", bem
como "adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional
competente" (art. 157, CLT).
Portanto, se o empregado adquiriu a doença em face da prestação de
serviço, presume-se que o empregador tenha inobservado estas normas
preventivas. Logo, incumbe a este afastar esta presunção, comprovando a
adoção de todas as medidas preventivas, ou seja, que o empregado adquiriu a
doença apesar da estrita observância às medidas legais e regulamentares
preventivas.
Este entendimento encontra respaldo na jurisprudência, não só no
âmbito da Justiça do Trabalho: "TENOSSINOVITE - LER - EMISSÃO DA CAT
CONFISSÃO DO DANO - NEXO CAUSAL PRESUMIDO -
INEXISTÊNCIA DE PROVA EM CONTRÁRIO - PEDIDO DE
INDENIZAÇÃO PROCEDENTE - Em se tratando de "ler" confessado
e não impugnado, adquirido nas dependências da empregadora, onde o
empregado exercia atividade repetitiva, com emissão da CAT
informando o acidente do trabalho por tenossinovite, acarreta a
obrigação do empregador comprovar a falta ou existência de outro
nexo causal, ou que a atividade encetada pelo funcionário, por si só,
não seria apta a acarretar aquela doença ou comprovar a existência de
qualquer concausa ou mesmo que tomou todos os cuidados que
afastariam o "ler" de forma eficaz no ambiente do trabalho e na função
exercida. Não se desincumbindo a empregadora do ônus de elidir a
prova feita pelo empregado, configura-se a sua responsabilidade civil.
O valor do dano moral decorrente da incapacidade que levou à
aposentadoria precoce decorrente de acidente do trabalho pode tomar
como parâmetro, à falta de outros, o tempo de serviço na empresa e o
valor do salário, aplicando-se percentual que, apenas como norte,
poderá variar entre 8% a 40% da sua soma, considerados em alguns
diplomas legais como parâmetro para indenização na aposentadoria,
pois aí se estará considerando a capacidade econômica do ofendido e
retribuindo proporcionalmente a sua dedicação ao serviço,
observando-se nessa fixação os demais critérios que determinam a
responsabilidade civil, como o grau de culpa do empregador e a sua
capacidade econômica." (TAMG - AC 0319741-1 - 1ª C.Cív. - Relª
Juíza Vanessa Verdolim Andrade - J. 21.11.2000)
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Mesmo que assim não fosse, o empregador assume os riscos da
atividade econômica que desempenha, pelo que também haveria de
responder pelos danos sofridos pelos empregados em razão dela.
Nesse sentido, vale transcrever as palavras de José Affonso Dallegrave
Neto: Dessa feita, ao invés de manifestar preocupação de vincular a
indenização ao ato ilícito, passou-se a priorizar ressarcimento ao dano:
a vítima, antes colocada num plano secundário, sendo dela, inclusive, o
ônus da prova da culpa, passa a ser vista pelo Direito como sujeito
prioritariamente tutelado. O dever de indenizar, em face da nova teoria
do risco, independe da prova ou da existência de culpa do agente. De
conseqüência, rompe-se o dogma positivista segundo o qual somente é
indenizável o dano causado pela culpa demonstrada pelo ofensor.
9. Em razão disso, a responsabilidade civil, outrora insuficiente
para atender a reparação do dano, evolui em seus fundamentos para
alcançar, em número maior, a reparação das lesões existentes. A opção
em tutelar a vítima é emblemática, a fim de demonstrar o novo
paradigma da ordem jurídica, orientada no solidarismo constitucional
(art. 3º, I CF/88) que objetiva tutelar a dignidade do trabalhador visto
como ser humano, (art. 1º,III CF/88) propugnando pela função social
da empresa e pela restauração da justiça comutativa quebrada pela
superveniência de danos contratuais (art. 5º, X, da CF/88 e art. 944 do
novo CC) (in: Responsabilidade civil no direito do trabalho: dano
moral e material, acidente e doença do trabalho, dano pré e
pós-contratual, responsabilidade subjetiva e objetiva, dano causado
pelo empregado, assédio moral e sexual. São Paulo: LTr, 2005, p. 101).
Desse modo, resta configurada a culpa do Reclamado, no âmbito
de sua responsabilidade subjetiva, eis que este não adotou medidas
necessárias e suficientes para prevenir e evitar a doença profissional que
acometeu a Reclamante.
Frise-se que não se está aqui reconhecendo a aplicação da
responsabilidade objetiva, mas sim constatando que houve, sim, culpa
da empregadora, logo no âmbito da responsabilidade subjetiva.
Assim, constatado o nexo de causalidade entre a doença que
acometeu a Reclamante e as atividades laborais por ela desempenhadas,
bem como a culpa do Reclamado, este deve indenizar eventuais danos
causados à empregada, na forma dos arts. 186, 187 e 927, do Código
Civil.
Quanto aos danos materiais, observe-se que a reparação do ato ilícito
que resulta na impossibilidade do ofício ou profissão compreende, nos
termos do art. 950 do Código Civil, além das despesas de tratamento e lucros
cessantes, pensão correspondente "à importância do trabalho para que se
inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu". Portanto, a pensão mensal
(que no caso foi fixada de uma única vez, no valor de R$50.000,00) visa a
reparar o dano material causado à Reclamante em decorrência da doença, ou
seja, tem por finalidade ressarcir, observada a perda parcial da capacidade
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PROCESSO Nº TST-ARR-9954800-71.2006.5.09.0013
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laborativa que sofreu a empregada, o que esta vai deixar de ganhar em
decorrência da incapacidade parcial para o labor.
Se não bastasse isso, evidentemente que a redução da capacidade
laboral representa obstáculo não só de ordem profissional, causando
restrição de atividades passíveis de serem exercidas, como também de
natureza social, dificultando tanto a obtenção de emprego, como a
convivência social e profissional. Também, não há dúvida que impõe grande
dificuldade na progressão na carreira.
Consoante já exposto anteriormente, o laudo médico pericial de fls.
426/448 é conclusivo ao reconhecer o nexo de causalidade entre as
atividades desempenhadas para o Reclamado e a moléstia da Autora,
atestando que "existe restrição para a execução de trabalhos que exijam
movimentos repetitivos, posturas inadequadas e outras características
semelhantes ao trabalho que executava para a requerida" (fl. 438),
concluindo que, embora a incapacidade da Reclamante seja parcial (fl.
439), "a autora deve ficar afastada dos fatores de risco que produziram a
doença", não podendo exercer a função antes desempenhada para o
Reclamado (fl. 445).
Na lição de Sebastião Geraldo de OLIVEIRA, "A idéia central de
reparação resume-se na recomposição do patrimônio do acidentado ao
mesmo patamar existente antes do acidente, pela lógica da equivalência
matemática" (Proteção Jurídica à Saúde do Trabalhador. 4 ed. São Paulo:
LTr, 2002. p.255). Para Maria Helena Diniz: "(...) o dano patrimonial mede-se pela diferença entre o valor do
patrimônio da vítima e aquele que teria, no mesmo momento, se não
houvesse a lesão. O dano, portanto, estabelece-se pelo confronto entre
o patrimônio realmente existente após o prejuízo e o que
provavelmente existiria se a lesão não se tivesse produzido" (ob. cit, p.
256).
Feitas essas considerações, tendo em vista que restou comprovado o
nexo causal e a culpa do Reclamado no evento danoso e considerando
também a incapacidade parcial e o fato de que a Reclamante, atualmente,
encontra-se aposentada por invalidez, reputo razoável o valor fixado pelo
Juízo de origem (R$50.000,00 - fl. 2381) a título de indenização por danos
materiais.
Mantenho, portanto.”
O Tribunal Regional, ao julgar o recurso ordinário da
reclamante, majorou o valor da condenação por danos materiais, pelos
seguintes fundamentos:
“DANO MATERIAL
Não concorda a Reclamante com o valor arbitrado pelo Juízo de
origem a título de danos materiais. Sustenta que a decisão viola o disposto no
art. 42 da Lei 8.213/91, vez que a Reclamante se encontra aposentada por
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invalidez pelo órgão previdenciário. Assevera que o mero afastamento das
atividades consideradas de risco não implica na cura imediata das moléstias.
Afirma que a Autora está incapacitada para o exercício das atividades
anteriormente exercidas. Postula, desse modo, a reforma da decisão,
condenando o Reclamado ao pagamento de pensão mensal vitalícia
correspondente a 100% de sua remuneração. Sucessivamente, requer "a
adoção de percentual que efetivamente reflita a perda econômica,
compatível com a perda da capacidade da Autora" (fl. 2399). Pugna, ainda,
que seja fixada a data do primeiro afastamento previdenciário como marco
inicial do pensionamento.
Com parcial razão.
Consoante já exposto por ocasião da análise do recurso ordinário do
Reclamado, inegável o nexo causal entre a doença da Autora e as atividades
desempenhadas, bem como a culpa do Reclamado, a qual é consequência
lógica da moléstia sofrida pela Reclamante. Faz jus a Reclamante, portanto, à
indenização pelos danos materiais sofridos, na forma dos arts. 186 e 927, do
Código Civil.
A pensão mensal visa a reparar o dano material causado ao
trabalhador em decorrência da doença, ou seja, tem por finalidade
ressarcir, observada a perda da capacidade laborativa que sofreu o
empregado, o que este vai deixar de ganhar em decorrência
incapacidade parcial para o labor. Assim, considerando a incapacidade
total da Reclamante para o trabalho, uma vez que esta se encontra
aposentada por invalidez (fl. 423), entendo que o pensionamento deveria
ser fixado em valor mensal correspondente a 100% do salário auferido
pela Autora.
Diferentemente do que alega a Autora, entendo que o marco
inicial do pensionamento deve ser a data da aposentadoria por invalidez
(27.08.2004 - fl. 423), considerando que, nos autos de RT
10995-2002-0013-09-00-04, restou deferido à Reclamante indenização
composta pelos salários e demais vantagens devidos mensalmente até a
data da concessão da aposentadoria por invalidez (fl. 496).
Por outro lado, no que tange ao termo final do pensionamento,
considerando que a Reclamante se encontra aposentada por invalidez,
não se cogita da limitação da pensão até os 65 anos de idade, já que o
pensionamento deve ser por todo o período da incapacidade. No caso,
contudo, tendo em vista o pedido contido na inicial, no sentido de que a
pensão fosse deferida em uma única parcela, na forma do art. 950, parágrafo
único, do Código Civil, fixo que o pensionamento seja calculado até os 79
anos de idade da Autora, com base na tábua de mortalidade do IBGE.
Logo, considerando tais pressupostos, bem como a idade da
Reclamante na data da aposentadoria (41 anos), a data em que
completaria 79 anos, a última remuneração recebida (R$1.804,56 - fl.
132), bem como o pagamento em uma única vez da indenização por
danos materiais, entendo que o valor merece ser majorado para R$
267.000,00, o que equivale a aproximadamente 30% do que receberia se o
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pensionamento fosse mensal [R$ 1.804,56) x 494 (nº de meses por ano mais
13º salário)], com juros e correção monetária a partir da data deste
julgamento.
Reformo, portanto, para majorar a indenização por danos materiais
para R$ 267.000,00.”
Consta do acordão proferido no julgamento dos embargos
de declaração:
“INDENIZAÇÕES - AUSÊNCIA DE NEXO CAUSAL
Insurge-se o Embargante contra o acórdão, no que manteve a sentença
quanto ao reconhecimento do nexo de causalidade entre a moléstia da qual a
Autora é portadora e as atividades desempenhadas em benefício do
Reclamado. Sustenta que restou confirmado pela prova pericial que outras
causas podem ter contribuído para o adoecimento da Reclamante, razão pela
qual requer a transcrição da conclusão do laudo pericial produzido na RT
10995/2002 "quanto à inexistência de doença ocupacional, ou com nexo
com o trabalho, independentemente da conclusão a que chegou a C. Turma
acerca das demais circunstâncias" (fl. 2475-verso). Afirmando que "os
demais elementos de convicção que estariam a dispensar as conclusões
negativas do laudo pericial devem ser robustos" (fl. 2475-verso), pretende
que seja esclarecido se tais elementos são suficientes para o afastamento do
nexo técnico, com fundamento no art. 20, § 1º, 'c', da Lei 8.213/91.
Sem razão.
Os embargos de declaração são cabíveis para as hipóteses em que a
decisão apresenta obscuridade, contradição ou omissão, conforme preceitua
o art. 535, do CPC, vícios que, por sinal, sequer foram apontados pelo
Reclamado. Em verdade, as alegações trazidas pelo Embargante apenas
demonstram a nítida intenção de promover o reexame da matéria e a reforma
do julgado, o que é inviável nas estreitas vias deste instrumento processual.
Na hipótese, a decisão embargada expressa de forma clara os
fundamentos pelos quais se entendeu comprovado o nexo causal entre a
doença que acometeu a Reclamante e o labor prestado em favor da
Reclamada, analisando pormenorizadamente todas as provas constantes dos
autos, notadamente as provas periciais produzidas e o fato de o nexo de
causalidade já ter sido reconhecido no acórdão proferido nos autos de RT
10995-2002-0013-09-00-4 (fls. 2461-verso/2464).
Ressalte-se que a conclusão constante do laudo pericial produzido nos
autos de RT 10995-2002 foi afastada pelos demais elementos probatórios
dos autos, consistentes em exames médicos, atestados e declarações, bem
como pelas conclusões do laudo pericial produzido no processo de medida
cautelar 90/2006, consoante já fundamentado no acórdão embargado.
Cumpre ressaltar, ainda, que inexiste a obrigatoriedade de transcrição
integral da conclusão do laudo pericial produzido na RT 10995/2002, desde
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que devidamente fundamentada a decisão, como se verifica na hipótese em
tela.
Assim, reputo que a matéria foi devidamente apreciada, sendo
suficiente a motivação do julgado para fins de prequestionamento (súmula nº
297, do TST) e prescindível qualquer esclarecimento adicional.
Rejeito.
(...)
INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS
Alegando que "a parcial perda funcional de um dos membros
superiores não pode redundar em reconhecimento de incapacidade total
(100%), como definido na r. decisão" (fl. 2477), pretende o Reclamado que
seja reduzido o percentual de incapacidade para 12,5% do salário básico da
Reclamante. Sucessivamente, requer "a adoção de tese cerca da ausência de
comprovação ou indicação da percentagem de redução, e que os elementos
dos autos não indicam que que o grau dessa redução é aquele reportado, ou
de 100%, até porque isso depende de prova cujo ônus era da autora e do
qual não se desincumbiu" (fl. 2478).
Quanto ao termo final do pensionamento, sustenta o Embargante que
"a manutenção do pensionamento até quando a vítima completasse 79
(setenta e nove) anos de idade importa na assunção de que a autora não se
aposentaria e que teria capacidade para o trabalho até referida idade" (fl.
2478). Assevera que não há fundamento legal para o pensionamento de
forma vitalícia, sendo que o entendimento nesse sentido viola o disposto no
art. 944, do Código Civil. Invocando o art. 201, § 7º, inc. II, da Constituição
Federal, destaca que o pensionamento deve se estender até a aposentadoria
da Autora ou, no máximo, até que esta complete 65 anos de idade.
Aduz, por último, ser indevida a cumulação da aposentadoria por
invalidez do INSS com a indenização por danos materiais, alegando que,
como o benefício previdenciário possui caráter alimentar,
"incontroversamente supre a necessidade de auferimento de renda,
descaracterizando possível situação de cessação de lucros" (2478-verso),
razão pela qual prequestiona os arts. 402 e 403, ambos do Código Civil.
Sem razão.
Novamente, observo que o Reclamado não aponta qualquer omissão,
contradição ou obscuridade no julgado, sendo que as razões trazidas pelo
Embargante apenas demonstram a nítida intenção de promover o reexame da
matéria e a reforma do julgado, o que, conforme já dito, é inviável por meio
deste instrumento processual
A decisão embargada expressa de forma clara e fundamentada as
razões pelas quais entendeu que o pensionamento deveria corresponder
a 100% do salário auferido pela Autora, considerando, sobretudo, a
incapacidade total da Reclamante para o trabalho, uma vez que esta se
encontra aposentada por invalidez (fl. 2466).
Ademais, restou expressamente consignado no acórdão embargado
que "considerando que a Reclamante se encontra aposentada por invalidez,
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não se cogita da limitação da pensão até os 65 anos de idade, já que o
pensionamento deve ser por todo o período da incapacidade" (fl. 2466).
Frise-se, por último, que a matéria foi analisada dentro dos limites
recursais, de modo que não se justificava qualquer manifestação na decisão
embargada no que tange à tese sobre a impossibilidade de cumulação da
aposentadoria por invalidez do INSS com a indenização por danos materiais,
uma vez que não restou devidamente aventada no recurso do Reclamado.
Desse modo, não sendo apontada omissão, contradição ou obscuridade
passível de correção através de embargos e sendo suficiente a motivação do
julgado para fins de prequestionamento (Súm. 297/TST), desnecessário
esclarecimento adicional.
Rejeito, portanto.”
O reclamado insurge-se contra a decisão regional ao
argumento de que não teriam sido demonstrados os requisitos ensejadores
da responsabilidade civil subjetiva, dano, nexo de causalidade e culpa.
Sustenta que a perícia inconclusiva implica a
impossibilidade de responsabilização civil da reclamada.
Aduz que a pensão deve ser limitada até os 65 anos de
idade.
Pretende que seja reduzido o percentual de de pensão
com base em incapacidade correspondente a 12,5% do salário básico da
reclamante.
Defende a tese de impossibilidade da cumulação da
indenização por danos materiais com benefício previdenciário.
Aponta violação dos arts. 186, 403, 942 E 950 do Código
Civil, 818 da CLT, bem como transcreve arestos ao confronto de teses.
Analiso.
O Tribunal Regional, com amparo nas provas produzidas
nos autos, especialmente o laudo pericial, concluiu pela existência do
nexo de causalidade entre a doença da reclamante (tendinite do músculo
supra espinhoso do ombro esquerdo de evolução crônica), que ensejou
aposentadoria por invalidez, e o trabalho desempenhado na reclamada, a
qual agiu com culpa, uma vez que não adotou medidas necessárias e
suficientes para prevenir e evitar a doença profissional.
Nesse contexto, restam presentes todos os requisitos
ensejadores da responsabilidade civil subjetiva, nexo de causalidade,
culpa e dano, na forma dos artigos 186 e 927, caput¸ do Código Civil.
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Para se chegar à conclusão oposta e entender quaisquer
dos requisitos ensejadores da responsabilidade civil, como pretende a
reclamada, seria necessário o revolvimento de fatos e provas, o que é
vedado pela Súmula 126 do TST.
Portanto, a ofensa sofrida resultou defeito pelo qual
a ofendida não pode exercer o seu ofício ou profissão, o que enseja o
dever de reparação da reclamada, nos termos do art. 950 do Código Civil.
No caso, o TRT registra que a reclamante teve perda
parcial da capacidade de trabalho, encontra-se aposentada por invalidez,
e não pode mais exercer a função antes desempenhada para o reclamado.
Assim, sem cogitar limitação da pensão até a idade da
aposentadoria e estabelecendo a data da aposentadoria por invalidez como
termo inicial do pagamento, o Regional concluiu que o pensionamento
deveria ser fixado em valor mensal correspondente a 100% do salário
auferido pela autora, pelo que majorou a condenação de R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais) para R$ 267.000,00 (duzentos e sessenta e sete mil
reais), a ser pago em parcela única, equivalente a aproximadamente 30%
do que receberia se o pensionamento fosse mensal.
O entendimento deste Tribunal Superior vai ao encontro
ao que concluiu o TRT, uma vez que o art. 950 do Código Civil dispõe que
a pensão mensal deve corresponder à importância do trabalho para o qual
o empregado se inabilitou, que, no caso, representa o percentual de 100%.
Nesse sentido, cito precedentes:
"RECURSO DE EMBARGOS EM RECURSO DE REVISTA DA
RECLAMADA. INTERPOSIÇÃO SOB A ÉGIDE DA LEI 11.496/2007.
ACIDENTE DE TRABALHO. PERFURAÇÃO DO OLHO ESQUERDO.
MARCENEIRO. INCAPACIDADE TOTAL E PERMANENTE PARA A
PROFISSÃO. INCAPACIDADE PARCIAL PARA O TRABALHO.
PENSÃO MENSAL. VALOR INTEGRAL. 1. Acerca da atividade do
reclamante e da capacidade laboral, o Tribunal regional consignou que
""Inconteste, ainda, que o reclamante exercia a função de marceneiro.
Determinada a realização de perícia médica, a fim de apurar o grau de
incapacidade, o expert nomeado concluiu pela incapacidade parcial e
permanente do autor, bem como pela incapacidade total ' para atividades que
requeiram função estereoscópica perfeita tais como trabalhos em níveis
elevados, percepção correta de distâncias de objetos em movimento,
maquinário pesado com possibilidade de trauma em decorrência de erro na
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noção de profundidade ou distância, trabalhos a uma curta distância do olho
(a aproximadamente um metro), a operação de veículos e trabalhos que
exijam vigilância visual prolongada como no uso de ferramentas elétricas, a
medição correta e o corte de materiais.' (fl. 746). (...) Extrai-se dos termos do
laudo pericial produzido pela oftalmologista (...) que a função de marceneiro,
executada pelo reclamante, exige ' função estereoscópica perfeita' , bem
como que o autor não poderá ser reabilitado nessa função, ou, em outra que
exija tal qualidade da visão". Entretanto, a Turma não conheceu do recurso
de revista, mantendo o valor da pensão considerando percentual de perda
laboral de 35% (trinta e cinco por cento) e não de 100% (cem por cento)
como pretendeu o reclamante. 2. Nesse contexto descrito no acórdão da
Turma, em que o reclamante ficou incapacitado de forma total e permanente
para o exercício da função de marceneiro, que segundo o laudo, "exige '
função estereoscópica perfeita' ", o valor a ser considerado no cálculo da
indenização por danos materiais é aquele correspondente a 100% (cem por
cento) de perda. 3. É que o grau de incapacidade - se total ou parcial - deve
ser aferido à luz da profissão exercida pela vítima, entendimento que
encontra respaldo no princípio da restitutio in integrum e nas disposições
contidas no art. 950 do CC ("Se da ofensa resultar defeito pelo qual o
ofendido não possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a
capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e
lucros cessantes até o fim da convalescença, incluirá pensão correspondente
à importância do trabalho para que se inabilitou ou da depreciação que ele
sofreu" - destaquei). 4. Tal conclusão não é alterado pelo fato de o
trabalhador poder desempenhar atividades laborais distintas daquelas
executadas em benefício da reclamada. A possibilidade de trabalho em outra
função não anula a efetiva perda da capacidade para o exercício de "seu
ofício ou profissão", pressuposto legal apto a ensejar o pagamento de pensão
mensal integral, nos moldes previstos no dispositivo transcrito e que restou
demonstrado in casu. Precedentes. Recurso de embargos conhecido e
provido". (E-ED-RR - 57685-09.2006.5.10.0015 , Relator Ministro: Hugo
Carlos Scheuermann, Data de Julgamento: 10/12/2015, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação: DEJT
18/12/2015)
"RECURSO DE EMBARGOS INTERPOSTO SOB A ÉGIDE DA
LEI Nº 11.496/2007. DANOS MATERIAIS. ACIDENTE DO
TRABALHO. PENSÃO MENSAL. ARTIGO 950 DO CÓDIGO CIVIL. 1.
Nos termos do disposto no artigo 950 do Código Civil se, do ato ilícito
praticado pelo empregador, resultar lesão ao empregado que o impeça de
'exercer o seu ofício ou profissão', a indenização por danos materiais, paga na
forma de pensionamento mensal, corresponderá 'à importância do trabalho
para que se inabilitou'. 2. Extrai-se, do referido preceito legal, que a intenção
do legislador, ao vincular o valor da indenização por danos materiais 'à
importância do trabalho para que se inabilitou, teve como objetivo tutelar as
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consequências jurídicas e fáticas decorrentes do ato ilícito praticado pela
empresa, que conduziu à incapacidade da empregada para 'exercer o seu
ofício ou profissão'. Tal conclusão revela-se consentânea com o disposto no
artigo 944 do Código Civil, por meio do qual se estatui que o valor da
indenização 'mede-se pela extensão do dano'. 3. A extensão do dano, na
hipótese de perda ou redução da capacidade para o trabalho, deve ser aferida
a partir da profissão ou ofício para o qual a empregada ficou inabilitada, não
devendo ser adotado, como parâmetro para fixação do dano, a extensão da
lesão em relação à capacidade para o trabalho considerada em sentido amplo,
porquanto inaplicável, em tais circunstâncias, a regra geral prevista no artigo
944 do Código Civil, em razão da existência de norma regendo de forma
específica tal situação (artigo 950 do Código Civil). 4. Tal raciocínio, longe
de conduzir ao enriquecimento indevido do empregado, assegura o
cumprimento da finalidade teleológica da lei, ao sancionar a conduta ilícita
do empregador que, ao deixar de observar os deveres que resultam do
contrato de emprego, deixa de propiciar a seus empregados um
meio-ambiente de trabalho sadio, desatendendo à função social da empresa e
da propriedade privada. 5. Cumpre ressaltar, ainda, que a fixação do valor da
indenização, a partir da incapacidade para todo e qualquer trabalho,
equipararia a indenização prevista no artigo 950 do Código Civil à reparação
por lucros cessantes, indenizando apenas a redução da força física de
trabalho e não a incapacidade para o desempenho de 'ofício ou profissão'.
Ressalte-se que o próprio artigo 950 do Código Civil distingue a indenização
em forma de pensão da figura dos lucros cessantes, ao prever o pagamento de
pensão 'além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença'. 6. Na hipótese dos autos, a reclamante, em razão da conduta
ilícita do empregador, ficou totalmente incapacitada para o ofício que exercia
na empresa reclamada e para o qual se capacitara profissionalmente,
sendo-lhe devida, portanto, pensão mensal no valor de 100% de sua última
remuneração. 7. Recurso de embargos conhecido e provido." (E-RR -
147300-11.2005.5.12.0008, Redator Ministro: Lelio Bentes Corrêa,
Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, DEJT 21/08/2015)
"I - RECURSO DE REVISTA DA RECLAMADA. (...) II -
RECURSO DE REVISTA DA RECLAMANTE. 1 - INDENIZAÇÃO POR
DANOS MATERIAIS. PENSÃO MENSAL. INCAPACIDADE TOTAL
PARA O EXERCÍCIO DAS FUNÇÕES ANTERIORMENTE
EXERCIDAS. FIXAÇÃO DO VALOR DA INDENIZAÇÃO EM 100% DA
ÚLTIMA REMUNERAÇÃO. Nos termos do art. 950 do Código Civil, a
fixação da pensão devida à vítima do dano deve levar em conta o trabalho
para o qual se inabilitou, ou seja, o ofício desempenhado ao tempo da lesão,
ou a depreciação que ele sofreu, não refletindo na quantificação da
indenização o fato de o obreiro poder exercer outra atividade. A pensão
prevista no indigitado dispositivo de lei tem como objetivo ressarcir o
empregado pela depreciação da sua força de trabalho. Dessa forma,
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evidenciada no acórdão recorrido a incapacidade total da obreira para o
exercício da mesma função anteriormente exercida empresa reclamada,
merece reforma a decisão do Tribunal Regional para deferir uma
pensãomensal vitalícia em 100% da última remuneração percebida.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e parcialmente provido. (...)" (
RR - 361-91.2010.5.09.0001 , Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes,
Data de Julgamento: 14/12/2016, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT
19/12/2016)
I - AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO ANTES DA LEI N.º13.015/2014. DOENÇA DO
TRABALHO. INCAPACIDADE TOTAL PARA AS TAREFAS
ANTERIORMENTE EXERCIDAS. PENSÃO MENSAL. EXERCÍCIO DE
ATIVIDADE DIVERSA. VALOR INTEGRAL DA REMUNERAÇÃO.
Ante a possível violação ao art. 950 do Código Civil, deve ser provido o
agravo de instrumento. II - RECURSO DE REVISTA DOENÇA DO
TRABALHO. INCAPACIDADE TOTAL PARA AS TAREFAS
ANTERIORMENTE EXERCIDAS. PENSÃO MENSAL. EXERCÍCIO DE
ATIVIDADE DIVERSA. VALOR INTEGRAL. O Tribunal Regional
manteve a condenação da reclamada ao pagamento de indenização por danos
materiais, na modalidade pensão mensal vitalícia, no importe de 20% do
salário do reclamante, devido às lesões irreversíveis na sua coluna cervical
decorrentes do desempenho das suas atividades de saqueiro. Consignou o
TRT que a reclamada não tinha um programa eficiente de combate a doenças
ocupacionais, agindo com culpa no evento lesivo. Extrai-se da decisão
regional que o reclamante está total e permanentemente incapacitado para as
tarefas de saqueiro anteriormente exercidas assim como para quaisquer
atividades que demandem esforço da coluna cervical. Nesse contexto, o fato
de o reclamante poder exercer outra atividade não serve de parâmetro para a
quantificação o valor da referida indenização, uma vez que o art. 950 do
Código Civil dispõe que a pensão mensal deve corresponder à importância
do trabalho para o qual o empregado se inabilitou. Portanto, a decisão
regional que, mesmo reconhecendo a incapacidade total e permanente do
reclamante para as atividades anteriormente exercidas, limitou o valor da
pensão vitalícia em 20% do salário base do reclamante contrariou a
jurisprudência pacífica do TST, a qual entende que, em tais casos, o valor da
condenação deve ser integral, observado 100% do valor da última
remuneração do ofendido. Precedentes da SBDI-1 e desta Turma. Recurso de
revista conhecido e provido. (...) ( RR - 177700-68.2008.5.15.0024 , Relatora
Ministra: Maria Helena Mallmann, Data de Julgamento: 03/05/2017, 2ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 12/05/2017)
No que diz respeito ao pedido de limitação da pensão
mensal até os 65 anos de idade, a decisão regional se mostra em consonância
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com a jurisprudência pacífica do TST, no sentido de que o disposto no
art. 950 do Código Civil não encontra limitação na data da futura idade
de aposentadoria.
Nesse sentido, cito precedentes:
"AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA.
(...) DANOS MATERIAIS. PENSÃO MENSAL. LIMITE DE IDADE.
IMPOSSIBILIDADE. Extrai-se do artigo 950 do Código Civil que a
obrigação quanto ao pagamento de pensão mensal em decorrência de dano
que diminua ou incapacite o ofendido no exercício da sua profissão não fixa
nenhuma limitação em relação ao período em que o citado auxílio deve
perdurar. Conforme o princípio da reparação integral que norteia o sistema
de responsabilidade civil, a pensão mensal, decorrente de acidente de
trabalho ou doença ocupacional, é devida de forma vitalícia. A
jurisprudência trabalhista firmou entendimento de que não é cabível
limitação temporal ao pensionamento mensal, deferido a título de
indenização por danos materiais, decorrente de acidente de trabalho. Dessa
forma, não prospera a pretensão da recorrente, de que a pensão seja limitada
à data em que o autor completar 65 anos de idade. Ocorre que, na hipótese
em comento, o Regional manteve a condenação da ré ao pagamento de
pensão mensal até o autor completar 73 anos, nos limites da inicial, em razão
da proibição da reformatio in pejus. Agravo de instrumento desprovido. (...)
(AIRR - 385-88.2010.5.15.0119 , Relator Ministro: José Roberto Freire
Pimenta, Data de Julgamento: 14/09/2016, 2ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 16/09/2016)
(...) INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSÃO
MENSAL VITALÍCIA. LIMITAÇÃO DO PENSIONAMENTO ATÉ OS
65 ANOS DE IDADE. A Corte Regional manteve a decisão que fixou
pensão mensal vitalícia ao autor no valor equivalente à integralidade de sua
última remuneração. O art. 950 do Código Civil, que dá os parâmetros para o
valor do pensionamento, não limita o pagamento da pensão. Inclusive, vigora
o entendimento de que ela é devida até a morte do beneficiário. Não há,
portanto, nenhuma ilegalidade, em relação ao réu, na condenação à pensão
vitalícia. Precedentes. Incidência da Súmula 333/TST. Recurso de revista
não conhecido. (...) (RR - 160800-95.2007.5.15.0007 , Relator Ministro:
Alexandre de Souza Agra Belmonte, Data de Julgamento: 30/03/2016, 3ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 01/04/2016)
RECURSO DE REVISTA. (...) PENSÃO MENSAL. REDUÇÃO
DA CAPACIDADE LABORAL PERMANENTE. LIMITAÇÃO
TEMPORAL. IMPOSSIBILIDADE. O artigo 950 do CC não fixa ou limita
o período que a pensão mensal deve perdurar, apenas estabelece que há
obrigação de seu pagamento em decorrência de dano que diminua ou
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incapacite o ofendido no exercício da sua profissão. Da intelecção do
referido dispositivo também não se constata qualquer limitação ao
recebimento da pensão quer pela idade da vítima das lesões, quer pela
provável duração de sua vida. Nesse sentido, constatada a redução parcial e
permanente da capacidade laborativa, faz jus o reclamante à pensão vitalícia.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido.
(RR-1140-28.2013.5.15.0016 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga,
Data de Julgamento: 26/10/2016, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT
28/10/2016)
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
EM FACE DE DECISÃO PUBLICADA ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI
N.º 13.015/2014. (...) INDENIZAÇÃO POR DANO MATERIAL. PENSÃO
MENSAL. LIMITE DE IDADE DO BENEFICIÁRIO. A jurisprudência
desta Corte Superior segue no sentido de ser incabível a limitação temporal,
quando se tratar de pensão mensal decorrente de doença laboral que reduziu
permanentemente a capacidade total ou parcial para o trabalho. Nesse caso, a
pensão mensal deve ser vitalícia. Precedentes. Agravo de instrumento a que
se nega provimento. (...) (AIRR-18300-60.2006.5.01.0482, Relator
Ministro: Cláudio Mascarenhas Brandão, Data de Julgamento: 24/08/2016,
7ª Turma, Data de Publicação: DEJT 26/08/2016)
Também está em consonância com a jurisprudência
pacífica do TST, o entendimento do TRT no sentido de que o benefício
previdenciário pode ser cumulado com a pensão mensal, uma vez que ambos
possuem naturezas e fontes distintas.
Nesse sentido, cito precedentes:
"(...) DANOS MATERIAIS. LUCROS CESSANTES. PENSÃO
MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO.
POSSIBILIDADE. A indenização por danos materiais tem caráter de
ressarcimento dos danos sofridos, abrangendo parcelas referentes aos danos
emergentes, advindos de um prejuízo imediato decorrente do acidente do
trabalho, e os danos decorrentes dos lucros cessantes, que são aqueles que
derivam de uma privação da vítima de futuros ganhos, nos termos do artigo
950 do Código Civil. Por outro lado, o benefício previdenciário tem origem
na filiação obrigatória do empregado ao Instituto Nacional do Seguro Social,
consoante a previsão da Lei nº 8.213/91, e possui natureza obrigacional e
contraprestacional, diferindo da responsabilidade civil. Nesse contexto, não
há impedimento legal para a cumulação da pensão vitalícia decorrente de
reparação por danos materiais com o valor de benefício previdenciário, por
não se tratar de parcelas que têm idêntica natureza, e diante da previsão legal
específica existente para a hipótese de pensionamento. Precedentes. Recurso
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
de revista não conhecido. (...)" (RR - 128-29.2011.5.12.0049 , Relator
Ministro: José Roberto Freire Pimenta, Data de Julgamento: 20/04/2016, 2ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 29/04/2016)
"RECURSO DE REVISTA. LEI 13.015/14. DANOS
MATERIAIS. ACIDENTE DE TRABALHO. PENSÃO. CUMULAÇÃO.
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. Prevalecente nesta
Corte Superior o entendimento de que é possível a cumulação da pensão de
que trata o art. 950 do Código Civil com o benefício previdenciário, visto que
são parcelas de natureza e fontes distintas. Precedentes. Recurso de revista
conhecido por ofensa ao art. 7º, XXVIII, da CF e provido. (...)" ( RR -
748-04.2013.5.09.0195 , Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, Data de Julgamento: 15/03/2017, 3ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 17/03/2017)
"I - RECURSO DE REVISTA INTERPOSTO PELO
RECLAMADO. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS. PENSÃO.
CUMULAÇÃO COM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO.
POSSIBILIDADE. I. O art. 121 da Lei nº 8.213/91 estabelece que o
"pagamento, pela Previdência Social, das prestações por acidente de trabalho
não exclui a responsabilidade civil da empresa ou de outrem". Dessa forma,
percebe-se que a indenização por danos materiais e os benefícios
previdenciários, como é o caso da aposentadoria por invalidez, possuem
natureza jurídica distinta e podem ser cumuladas, sem que o recebimento de
uma verba implique a exclusão ou a redução da outra. II. Nesse contexto, a
decisão regional está de acordo com a jurisprudência desta Corte Superior,
no sentido de que inexiste óbice legal para a percepção simultânea de
benefício previdenciário e de indenização por danos materiais, na forma de
pensão mensal. III. Recurso de revista de que não se conhece. (...)"
(RR-709-70.2010.5.09.0014, Relatora Desembargadora Convocada: Cilene
Ferreira Amaro Santos, Data de Julgamento: 05/04/2017, 4ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 07/04/2017)
AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA
INTERPOSTO NA VIGÊNCIA DA LEI Nº 13.015/2014. (...) RECURSO
DE REVISTA. ACIDENTE DO TRABALHO. DANOS MATERIAIS.
PENSÃO MENSAL. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. CUMULAÇÃO.
POSSIBILIDADE. I - Cinge-se a controvérsia à possiblidade de cumulação
entre o benefício previdenciário e a pensão mensal por danos materiais a
cargo do empregador. II - Importa trazer à colação o disposto no artigo 7º,
inciso XXVIII, da Constituição, que erigiu a direito social do trabalhador
"seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a
indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa". III
- Como se vê, a Carta da República contempla dupla obrigação ao
empregador no âmbito da prevenção a acidentes do trabalho, sendo a
primeira delas securitária, portanto preventiva, ao passo que a segunda é
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punitiva, e por isso mesmo de incidência vinculada à comprovação da
culpabilidade. IV - É válido também o registro de que a concessão do
benefício acidentário pelo INSS não detém correlação direta com a renda
auferida pelo empregado quando do acidente, tampouco sopesará a
previdência culpabilidade e extensão do dano para a fixação do valor do
benefício. V - Ao revés, a contraprestação previdenciária toma por base
média do histórico contributivo do trabalhador, na esteira dos artigos 29, II e
61 da Lei nº 8.213/91. VI - A endossar a pretensão recursal, o artigo 121 da
Lei nº 8.213/91 dispôs expressamente que "o pagamento, pela Previdência
Social, das prestações por acidente do trabalho não exclui a responsabilidade
civil da empresa ou de outrem". VII - Quanto à responsabilização civil do
empregador por danos materiais decorrentes de acidente do trabalho, é de
aplicar-se o disposto no artigo 950 do Código Civil, no sentido de que, em
hipótese como a dos autos, o ofensor responde pelo pagamento de pensão
correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou a vítima ou
da depreciação que sofreu. O referido artigo não contempla ressalvas. VIII -
Nesse contexto, sobreleva a certeza de que o reconhecimento do direito ao
benefício previdenciário por acidente do trabalho não obsta a reparação
integral por danos materiais advindos do acidente, na hipótese do
empregador incorrer em dolo ou culpa. IX - Isto porque os direitos em voga
detêm previsão constitucional e legal específica, base de cálculo e
destinatários distintos para a obrigação, pelo que plenamente cumuláveis.
Precedentes da SBDI-I e de Turmas do TST. X - Recurso conhecido e
provido." ( ARR - 24175-41.2015.5.24.0066 , Relator Ministro: Antonio
José de Barros Levenhagen, Data de Julgamento: 29/03/2017, 5ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 31/03/2017)
"I - RECURSO DE REVISTA. RECLAMADA. RAÍZEN
COMBUSTÍVEIS S.A. (...) PENSÃO. DANOS MATERIAIS.
CUMULAÇÃO. BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. POSSIBILIDADE. 1 -
Nos termos do art. 950, caput, do Código Civil, havendo a redução da
capacidade laborativa, total ou parcial, definitiva ou temporária, em
decorrência de dano ou lesão sofrido no exercício da profissão, a indenização
deferida pode incluir pensão correspondente à perda da capacidade. 2 - A
jurisprudência pacífica é de que a indenização por danos materiais ou de
pensão mensal e o benefício previdenciário não se confundem, pois têm
naturezas distintas: uma civil e outra previdenciária. Por conseguinte, não é
possível a compensação da indenização material com o valor pago pelo
INSS, ante a distinção entre a natureza e o objetivo de tais institutos. Há
julgados. Incidência do art. 896, § 7º, da CLT. 3 - Recurso de revista de que
não se conhece. (...)" ( ARR - 18200-73.2005.5.15.0087 , Relatora Ministra:
Kátia Magalhães Arruda, Data de Julgamento: 14/12/2016, 6ª Turma, Data
de Publicação: DEJT 19/12/2016)
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Pelo exposto, não se observa as alegadas violações aos
dispositivos apontados. Incide o óbice da Súmula 333 do TST, segundo o
qual não ensejam recurso de revista decisões superadas por iterativa,
notória e atual jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho.
Não conheço.
2 – INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE
PREQUESTIONAMENTO
2.1 – Conhecimento
A decisão regional foi assim exarada:
DANO MORAL COMO PRESUNÇÃO DA PATOLOGIA -
ÔNUS PROBATÓRIO
Requer o Reclamado a manifestação expressa deste Colegiado "quanto
a ter a reclamante efetivamente comprovado danos em sua esfera moral, de
molde a caracterizar o móvel ensejador da indenização, que é a ofensa ao
patrimônio juridicamente tutelado independentemente da existência ou não
de culpa" (fl. 2476), bem como "se restou caracterizado prova do dano na
esfera pessoal evidenciável ou alguma consequência psíquica relevante, de
molde a influir negativamente de forma direta e definitiva na vida pessoal da
autora, ou se, ao contrário, a configuração do dano moral, aí estaria a
decorrer de presunção como simples consequência da aquisição de doença
ocupacional" (fl. 2476).
Sem razão.
Carece de objeto a pretensão do Reclamado, uma vez que a
indenização por danos morais em decorrência de doença ocupacional sequer
foi objeto de discussão no acórdão embargado.
Nada a deferir, portanto.
A reclamada insurge-se contra a decisão regional
defendendo a tese de que a doença da reclamante, por si só, não gera um
sofrimento psíquico de modo a autorizar uma condenação por dano moral.
Transcreve arestos ao confronto de teses.
Analiso.
O TRT não se manifestou acerca dos danos morais, pelo
que a questão carece do devido prequestionamento, na forma da Súmula 297,
I, do TST.
Não conheço.
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2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
3 – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Consta no acordão:
“HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Requer a Reclamante a reforma da sentença, com a condenação do
Reclamado ao pagamento dos honorários advocatícios de sucumbência.
Com razão.
Prevalece nesta E. Turma o entendimento de que, nas ações em que são
postuladas indenizações por danos morais e materiais decorrentes de
acidente de trabalho/doença profissional, porque provenientes da ampliação
da competência da Justiça do Trabalho pela Emenda Constitucional n.
45/2004, são devidos honorários de sucumbência, na forma do art. 20 do
CPC.
Assim, cabível a condenação em honorários de sucumbência previstos
no artigo 20, do CPC, sobre o montante da indenização deferida.
Portanto, reformo a sentença para condenar o Reclamado ao
pagamento de honorários advocatícios de 20% sobre o valor líquido da
condenação à indenização por danos materiais decorrentes da doença
ocupacional.”
O reclamado sustenta que honorários advocatícios
devidos em caso de configuração de sucumbência recíproca devem ser pagos
pela metade.
Aponta violação dos arts. 5º, LV e 93, IX da CRFB/1988;
da Lei 1.060/1950; da Lei 5.584/1970; art. 21 do CPC/1973. Transcreve
arestos ao confronto de teses.
Analiso.
Quanto aos honorários advocatícios, nos termos do art.
3º, § 3º, da Instrução Normativa nº 27 do TST, o princípio da sucumbência
recíproca não se aplica às lides decorrentes da relação de emprego antes
da reforma trabalhista, pelo que a condenação não viola literalmente o
art. 21 do CPC/1973.
Assegurado o contraditório e ampla defesa, com os
meios e recursos a ela inerentes, assim como devidamente fundamentada
a decisão regional que condenou a reclamada ao pagamento de honorários
advocatícios, não observo violação direta e literal aos arts. 5º, LV e
93, IX da CRFB/1988.
Por fim, conforme entendimento pacífico do TST,
conforme Súmula 221, a admissibilidade do recurso de revista por violação
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tem como pressuposto a indicação expressa do dispositivo de lei ou da
Constituição tido como violado, pelo que a alegação genérica de violação
às Leis 1.060/1950 e 5.584/1970 não impulsiona o conhecimento do apelo.
Pelo exposto, não conheço.
II – AGRAVO DE INSTRUMENTO DO RECLAMANTE
Diante do não conhecimento do apelo principal,
fica prejudicado o exame do agravo de instrumento em recurso de revista
adesivo interposto pela reclamada, conforme disposto no art. art. 500,
III, do CPC/1973 (atual art. 997, § 2º, III, do CPC/2015).
ISTO POSTO
ACORDAM os Ministros da Segunda Turma do Tribunal
Superior do Trabalho, por unanimidade: I – não conhecer do recurso de
revista do reclamado; II – julgar prejudicado o exame do agravo de
instrumento da reclamante em razão do não conhecimento do apelo
principal, conforme disposto no art. art. 500, III, do CPC/1973 (atual
art. 997, § 2º, III, do CPC/2015).
Brasília, 20 de junho de 2018.
Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)
MARIA HELENA MALLMANN Ministra Relatora
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