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PROCESSO N.º: 1618-09.00/12-5 – CO.25798 PREGÃO ELETRÔNICO N.º 34/2012 ASSUNTO: RECURSOS ADMINISTRATIVOS INTERESSADAS: EMPRESA PORTOALEGRENSE DE VIGILÂNCIA LTDA., ROTA SUL EMPRESA DE VIGILÂNCIA LTDA., JOB SEGURANÇA E VIGILÂNCIA PATRIMONIAL LTDA. E PORTALSUL EMPRESA DE VIGILÂNCIA S/S LTDA. ______________________________________________________________________
PARECER
PREGÃO ELETRÔNICO N.º 34/2012. CONTRATAÇÃO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE VIGILÂNCIA UNIFORMIZADA E ARMADA EM DIVERSOS POSTOS INSTALADOS EM SEDES DESTA INSTITUIÇÃO. RECURSOS ADMINISTRATIVOS. PARECER PELO NÃO CONHECIMENTO DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS INTERPOSTOS PELA ROTA SUL E PELA PORTALSUL; PELO CONHECIMENTO PARCIAL DO RECURSO ADMINISTRATIVO INTERPOSTO PELA JOB E, NA PARTE CONHECIDA, PELO SEU DESPROVIMENTO; E PELO CONHECIMENTO E DESPROVIMENTO DO RECURSO ADMINISTRATIVO INTERPOSTO PELA EPAVI. MANUTENÇÃO DA DECISÃO RECORRIDA, HABILITAÇÃO DA PROSERVI, ADJUDICAÇÃO DO OBJETO DO PROCEDIMENTO LICITATÓRIO À PROSERVI, NO VALOR GLOBAL MENSAL DE R$ 179.320,42, E HOMOLOGAÇÃO DA LICITAÇÃO.
Trata-se de recursos administrativos interpostos por Empresa
PortoAlegrense de Vigilância Ltda. - EPAVI, Rota Sul Empresa de Vigilância Ltda., Job
Segurança e Vigilância Patrimonial Ltda. e Portalsul Empresa de Vigilância S/S Ltda. no
âmbito do procedimento licitatório realizado, em 17 de julho de 2012, por esta
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Procuradoria-Geral de Justiça, na modalidade Pregão Eletrônico (n.º 34/2012), do tipo
menor preço global1, que tem por objeto a contratação de prestação de serviços de
vigilância uniformizada e armada em diversos postos2 instalados em sedes desta
Instituição, nesta Capital e no Interior do Estado, conforme especificações constantes
do Ato Convocatório e de seus Anexos (fls. 285 a 309).
Relativamente à licitação em comento, o Senhor Pregoeiro prestou
esclarecimento (fl. 317), em atenção à solicitação feita à fl. 316, e decidiu acerca da
impugnação de fls. 320 a 331 (fls. 332 a 337).
Na fase de recebimento de propostas, dez empresas apresentaram
orçamento (fls. 339 a 352). Das ofertas encaminhadas, quatro foram desclassificadas
pelo Senhor Pregoeiro, pelos motivos expostos em Ata3 (fl. 373 - verso), e seis foram
por ele classificadas (fl. 373 - verso).
Aberta a etapa competitiva, foram dados lances pelas licitantes que
tiveram suas propostas classificadas (fls. 373 – verso a 375) e, ato contínuo, procedeu-
se à negociação com a empresa que propôs o menor preço – Proservi Serviços de
Vigilância Ltda. (fl. 375) –, oportunidade em que não se obteve melhor vantajosidade (fl.
376), sendo aceito o valor de R$ 182.438,00 (fl. 375 - verso).
As quatro licitantes acima indicadas – EPAVI, Rota Sul, Job e Portalsul –
manifestaram, durante a sessão pública do Pregão Eletrônico, intenção de recorrer
contra a própria desclassificação e/ou contra a empresa classificada em primeiro lugar
(fls. 375 – verso e 376).
1 Soma total mensal dos Montantes “A” e “B” de todos os subitens licitados.
2 51 postos.
3 Três por desatendimento ao subitem 5.2.a do Edital Licitatório e uma por desatendimento ao subitem
5.2.1 do aludido Edital.
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No período aprazado, Proservi enviou orçamento, planilhas de custos e
formação de preços e documentos de habilitação (fls. 377 a 453).
A área técnica, ao avaliar a documentação da Proservi, verificou, por meio
do Memorando 162/2012 (fls. 454 e 455), os seguintes erros e inconsistências: (a) “(...)
inclusão do item „risco de vida‟ no conjunto de itens que servem como base para
aplicação das taxas referentes aos encargos relacionados no Grupos „B‟ e „C‟ do
Montante „A‟” em todas as planilhas de custos e formação de preços; e (b) “(...) inclusão
do item „gratificação de liderança‟ no conjunto de itens que servem como base para
aplicação das taxas referentes aos encargos relacionados no Grupos „B‟ e „C‟ do
Montante „A‟” na planilha de custos e formação de preços do posto de vigilância Porto
Alegre/CIACA – líder. Além disso, entendeu necessário o esclarecimento dos valores
obtidos para o item “folguista” nas planilhas de custos e formação de preços dos postos
de vigilância em Alvorada, Caxias do Sul e Porto Alegre – 12h noturnas com 24h SDF,
bem como a comprovação da alíquota devida a título de “Seguro Acidente de
Trabalho/SAT/INSS”. Tal Memorando foi endereçado à Proservi (fl. 471).
De outra banda, EPAVI apresentou razões de recurso, requerendo, ao
final, a desclassificação da oferta da Proservi, em razão de problemas constatados nas
suas planilhas de custos e formação de preços, notadamente com relação (a) à hora
reduzida noturna; (b) às férias, ao décimo terceiro salário e ao aviso prévio cotados em
todos os postos de vigilância com “risco de vida”; (c) à cotação do Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza – ISSQN para o posto de vigilância em Cruz Alta; e (d)
à cotação do SAT/FAP (fls. 473 a 478).
Já Proservi apresentou contrarrazões, pedindo o desprovimento do
recurso administrativo interposto pela EPAVI, embora tenha reconhecido algumas das
falhas apontadas (fls. 501 a 507; e 540 a 542).
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A área técnica, por sua vez, através do Memorando 163/2012 (fls. 479 e
480) e da correspondência eletrônica de fl. 509, posicionou-se quanto às razões de
recurso da EPAVI e às contrarrazões da Proservi, respectivamente.
Foi acostada ao expediente, também, resposta da Proservi no que tange
aos esclarecimentos solicitados pela área técnica, com o reconhecimento de alguns
equívocos (fls. 510 a 531), sobre o que a área técnica, por meio do Memorando
169/2012, teceu algumas ponderações (fls. 532 e 533). Tais ponderações foram
levadas ao conhecimento da Proservi (fl. 536), que formulou explicação (fl. 537), acerca
do que a área técnica, através do Memorando 207/2012, novamente se manifestou (fl.
538).
Após a realização de diligência (fls. 543 a 577), o Senhor Pregoeiro, pelos
argumentos expostos na Informação n.º 186/2012 (fls. 578 a 585), opinou pelo não
conhecimento dos recursos administrativos interpostos por Rota Sul e Portalsul; pelo
conhecimento parcial do recurso administrativo interposto por Job e, na parte
conhecida, pelo seu desprovimento; e pelo conhecimento e desprovimento do recurso
administrativo interposto pela EPAVI. Consequentemente, sugeriu a manutenção da
decisão recorrida, a habilitação da Proservi, a adjudicação do objeto à Proservi no valor
de R$ 179.320,42 e a homologação do certame licitatório.
Vieram os autos a esta Assessoria Jurídica para exame.
É o relatório.
Passa-se à análise.
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Processo n.º 1618-09.00/12-5 5
Compulsado o expediente e sopesada a matéria desenhada, assiste razão
ao Senhor Pregoeiro.
I DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS INTERPOSTOS PELAS
LICITANTES ROTA SUL E PORTALSUL
Rota Sul e Portalsul, durante a sessão pública do Pregão Eletrônico,
manifestaram intenção de recurso contra a empresa classificada em primeiro lugar –
Proservi – nos seguintes lindes, respectivamente (fls. 375 – verso e 376):
Manifestamos intenção de recurso da habilitação e proposta no que se refere a
remunerações, encargos e etc. da empresa vencedora do certame.
Manifestamos intenção de recurso contra os preços apresentados no que se
refere a remuneração, encargos sociais, insumos e tributos, bem como
solicitamos vistas a documentação de habilitação e planilhas de custos da
empresa vencedora.
No prazo legal, nenhuma das licitantes apresentou razões recursais.
Em suas manifestações, veja-se que ambas as empresas fizeram
alegações genéricas4, o que, somado ao fato delas não terem apresentado as razões
de recurso no prazo legal, impossibilita a revisão dos atos, por ausência de um dos
pressupostos recursais, a saber: motivação.
4 Jorge Ulisses Jacoby Fernandes ensina que “equivalem à ausência de motivação alegações
genéricas, evasivas, que não atendam aos requisitos mínimos da linguagem como a clareza e a
objetividade”. (FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de registro de preços e pregão
presencial e eletrônico. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2007. p. 688) (grifo nosso)
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Processo n.º 1618-09.00/12-5 6
Acerca da necessidade de fundamentação dos recursos administrativos,
Marçal Justen Filho5 tece o seguinte comentário:
O recorrente tem o dever de fundamentar sua insatisfação. Não se conhece
um recurso que não apontar defeitos, equívocos ou divergências na decisão
recorrida. O recurso não se constitui em simples forma de acesso à
autoridade superior para que ela exerça o controle interno e revise
integralmente os atos praticados pelo agente hierarquicamente
subordinado. (grifo nosso)
Logo, em não havendo a indicação, ainda que sucinta, do ponto sobre o
qual se funda a irresignação das licitantes (manifestação de intenção de recurso), nem
os alicerces da contrariedade das empresas (razões de recurso), nos termos do
preceituado no artigo 26 da Lei n.º 13.191/096 e no subitem 10.1 do Ato Convocatório7,
entende-se pelo não conhecimento dos recursos administrativos interpostos pela Rota
Sul e pela Portalsul.
II DO RECURSO ADMINISTRATIVO INTERPOSTO PELA LICITANTE
JOB
A manifestação de intenção de recurso, por parte da Job, durante a
sessão pública do Pregão Eletrônico, contra a própria desclassificação e, também,
5 JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. 15. ed. São
Paulo: Dialética, 2012. p. 1060.
6 “Art. 26 - Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá, durante a sessão pública, de forma
imediata e motivada, em campo próprio do sistema, manifestar sua intenção de recorrer, quando lhe
será concedido o prazo de três dias para apresentar as razões de recurso, (...)”. (grifo nosso)
7 “10.1. Dos atos do pregão caberá recurso que dependerá de manifestação do licitante ao final da
sessão pública, em formulário eletrônico específico, manifestando sua intenção com registro da
síntese das suas razões, sendo-lhe concedido o prazo de 03 (três) dias para apresentação das
razões do recurso, (...)”. (grifo nosso)
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contra a licitante classificada em primeiro lugar – Proservi – se deu nos seguintes
moldes (fl. 376):
Manifesto intenção de recurso contra nossa desclassificação por edital esta em
duplo sentido de como anexar a planilha e contra e empresa vencedora
referente à habilitação e proposta no que se refere a remunerações, encargos e
etc. (grifo nosso)
No prazo legal, não houve a apresentação de razões recursais.
Aqui, há duas situações:
(a) quanto ao inconformismo concernente à empresa classificada em
primeiro lugar – Proservi –, opina-se, pelos mesmos motivos constantes do item “I” do
presente parecer, pelo seu não conhecimento;
(b) no que tange à irresignação diante da sua própria desclassificação,
sugere-se, em virtude da afirmativa, na manifestação de intenção de recurso, de que há
dubiedade no Edital de Licitação com relação à anexação da proposta, o seu
conhecimento. Isso porque, ainda que resumidamente, houve a fundamentação da
conduta na manifestação da intenção de recurso. Preenchidos, então, os pressupostos
recursais, inclusive o da motivação. Nesse sentido, Jorge Ulisses Jacoby Fernandes8:
b) o licitante manifesta intenção de recorrer, mas no prazo legal não ingressa
com as razões do recurso.
Nessa hipótese o direito de recorrer não decaiu. Ao apresentar a motivação
na sessão, o recorrente externou o seu inconformismo. Deve o pregoeiro,
8 FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de registro de preços e pregão presencial e
eletrônico. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2007. p. 694.
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mesmo que no prazo legal não sejam juntadas as razões, examinar a
questão e decidir fundamentadamente. (grifo nosso)
No mérito, contudo, entende-se pelo seu desprovimento, pelos
fundamentos abaixo consignados.
Job, assim como outras duas licitantes, teve o seu orçamento (fl. 340)
desclassificado pelo Senhor Pregoeiro pelo seguinte motivo: “A licitante não atendeu ao
subitem 5.2.a do Edital, pois, não apresentou o Anexo I do Edital” (fl. 373 – verso).
Contrariada com sua desclassificação, a empresa manifestou intenção de
recurso, fundamentada, como já dito, em suposta ambiguidade do Instrumento
Convocatório relativamente à anexação da oferta, a qual não foi por ela melhor
explorada, uma vez que não apresentou as razões de recurso.
Considerando que se cuida de arguição de ilegalidade do Ato
Convocatório, importante transcrever algumas das prudentes considerações feitas pelo
Senhor Pregoeiro, especialmente no que se refere à clareza do item 5 do Edital de
Licitação, que disciplina a apresentação eletrônica das propostas9, e à conduta da
licitante (fls. 579 e 580):
9 “5.1. As propostas deverão ser apresentadas, exclusivamente por meio do sistema eletrônico, até a data
e hora marcadas para a abertura da sessão, quando, então, encerrar-se-á, automaticamente, a fase de
recebimento das propostas. Até o momento da abertura da sessão, os licitantes poderão retirar ou
substituir a proposta anteriormente apresentada.
5.2. A apresentação consiste em registrar o preço ofertado no sistema, nos campos próprios
para tal, bem como anexar arquivo único (extensões TXT, DOC, PDF e XLS, com tamanho máximo
de 2 MB), contendo:
(a) planilha do Anexo I deste Edital, devidamente preenchida, composta pelo MONTANTE “A”
(salários e encargos sociais, previdenciários e trabalhistas, exceto a parcela relativa a vale-refeição e
vale transporte), pelo MONTANTE “B” (demais encargos não referidos nos MONTANTES “A” e “C”, tais
como: materiais, tributos, lucro, taxa de administração, etc.) e pelo MONTANTE “C” (valor facial do vale-
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Não se vê nenhum duplo sentido no que está redigido. Perfeitamente
compreensível a tarefa de apresentação da proposta, tanto no sistema
(registrando o preço no campo respectivo), quanto na anexação de
arquivo único cujo conteúdo está explicitado nas alíneas do subitem 5.2.
A planilha do Anexo I é o modelo de proposta que o edital coloca à
disposição dos licitantes, a qual contém todas as informações e declarações
necessárias, bem como os espaços para o preenchimento de valores e dados
pertinentes – em relação aos valores, as fórmulas já estão todas prontas,
apenas aguardando o preenchimento por parte da interessada.
Outrossim, também seria aceito por este Pregoeiro a proposta apresentada
fora do formato do Anexo I, desde que todas as informações do Anexo I
estivessem presentes.
refeição, entregue ao beneficiário e o custo do vale-transporte, quando for o caso, e/ou se a legislação
determinar, do pessoal envolvido na prestação de serviço);
(b) cópia(s) do(s) correspondente(s) Instrumento(s) Coletivo(s) de Trabalho (Acordo, Convenção ou
Dissídio coletivo), cujo(s) salário(s) normativo(s) servirá(ão) de base para a elaboração da proposta de
preços OU a indicação da página da Internet onde as normativas poderão ser encontradas.
5.2.1. O PREÇO GLOBAL MENSAL inserido no sistema eletrônico será composto apenas pelos
Montantes A e B.
5.2.2. Os valores relativos ao MONTANTE “C” (valor facial do vale-refeição, entregue ao beneficiário e o
custo do vale-transporte, quando for o caso, e/ou se a legislação determinar, do pessoal envolvido na
prestação de serviço), ainda que não sejam considerados para efeito de critério de julgamento das
propostas, deverão ser apresentados no formulário, posto que servirão de parâmetro para a reserva de
recursos orçamentários.
5.2.3. A ausência da apresentação ou da indicação da localização dos acordos coletivos, convenções
coletivas, sentenças normativas ou leis, exigida no subitem 5.2.b, somente acarretará a desclassificação
da proposta se restar inviabilizada a conferência da autenticidade daquelas normativas por parte da
área técnica solicitante.
(...)”.
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Porém, a recorrente JOB não optou por nenhuma dessas alternativas,
resolvendo enviar um documento que não continha todos os elementos
constantes do Anexo I, em especial, os valores formadores do preço de disputa
e algumas declarações. (...)
(...) causando a sua desclassificação por falta dos valores referentes aos
montantes A, B e C de cada um dos postos, bem como algumas
declarações, em especial, a da alínea “h” do Anexo I, (...). (grifo nosso)
Assim, afastada a existência de vício no Instrumento Convocatório e
verificada a correção na desclassificação da empresa, forte no seu subitem 7.3.a: “não
atender aos requisitos e às especificações deste Edital e de seus respectivos anexos”.
Diante disso, opina-se pelo conhecimento parcial do recurso administrativo
interposto pela Job e, na parte conhecida, pelo seu desprovimento.
III DO RECURSO ADMINISTRATIVO INTERPOSTO PELA LICITANTE
EPAVI E DAS DILIGÊNCIAS REALIZADAS PELA ADMINISTRAÇÃO
EPAVI manifestou intenção de recurso contra a licitante classificada em
primeiro lugar – Proservi –, durante a sessão pública do Pregão Eletrônico, nos
seguintes limites (fl. 375 – verso):
Manifestamos nossa intenção de recurso contra empresa vencedora, no que se
refere a remuneração, adicionais, encargos sociais, insumos, tributos, etc.,
solicitamos também cópia da proposta, planilhas de custos e de toda a
documentação de habilitação para fundamentação do recurso.
No prazo legal, a empresa apresentou as razões recursais (fls. 473 a 478),
solicitando a desclassificação do orçamento da Proservi, em face de problemas
constatados nas suas planilhas de custos e formação de preços, conforme abaixo:
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Ao analisar as planilhas de preços e formação de custos apresentadas pela
licitante vencedora, verifica-se que deixou de atender aos termos da licitação,
padecendo de diversas irregularidades que alteram substancialmente a
proposta, como a seguir será demonstrado:
Os valores apresentados na planilha da licitante vencedora destoam da forma
disposta na lei, e com ela se confronta a ponto de ferir o princípio da isonomia,
na medida em que, mantendo os valores como estão, estará se beneficiando de
uma falha nos valores apontados para ofertar o menor preço global, em
detrimento das demais licitantes que observarem as disposições legais referida.
(...)
(...) sem prejuízo de eventuais diligências que poderão ser feitas por este douto
pregoeiro, a teor do que dispõe o item 13.2 do Edital, entendendo estar
evidente o descumprimento aos termos do Edital, mesmo porque, OS
VALORES INADEQUADOS NAS PLANILHAS AINDA QUE CORRIGIDOS
ALTERARIAM SUBSTANCIALMENTE A PROPOSTA, CONFORME
FUNDAMENTO ALHURES. Porém, revelaria total descumprimento aos termos
do Edital que declarou estar atendido. Fato que não se comprovou. Assim, se
mantida a proposta feriria a isonomia, publicidade e moralidade, não havendo
outra forma senão REQUER SEJA DESCLASSIFICADA A PROPOSTA DA
EMPRESA VENCEDORA. (grifos da EPAVI)
Também, no prazo legal, Proservi apresentou contrarrazões (fls. 501 a
507). Houve, ademais, manifestação da área técnica (fls. 479 e 480; e 509) e realização
de diligências pelo Senhor Pregoeiro (fls. 543 a 577), como já relatado.
Em sendo caso de conhecimento do recurso administrativo, por estarem
presentes todos os pressupostos recursais, passa-se à apreciação de cada
irregularidade levantada pela EPAVI atinente à planilha de preços e formação de custos
da Proservi:
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A) HORA REDUZIDA NOTURNA
EPAVI sustentou que o valor cotado para a hora reduzida noturna pela
Proservi é inferior ao devido, citando como exemplo o posto de vigilância em Alvorada
(Proservi: R$ 114,71; devido: R$ 255,42) (fls. 474 e 475).
Em suas contrarrazões, Proservi refutou a falha apontada de forma
genérica (fl. 503).
A área técnica, ao avaliar a questão, posicionou-se no sentido de que “a
fórmula de cálculo apresentada (pela EPAVI) não faz a necessária compensação com a
carga horária mensal – 190,66h – definida em Convenção Coletiva10”, demonstrando o
cálculo tido como correto, cujo valor final corresponde ao da Proservi (fl. 479).
Desprovido, pois, o recurso administrativo interposto pela EPAVI nesse
aspecto.
B) RISCO DE VIDA
EPAVI alegou que as férias, o décimo terceiro salário e o aviso prévio dos
vigilantes dos postos que contam com a incidência de “risco de vida” e “risco de vida de
folguista” foram cotados pela Proservi com base no valor total da remuneração, sem a
exclusão dos valores referentes ao “risco de vida” e ao “risco de vida de folguista” da
base de cálculo, o que, de acordo com a licitante, violou a lei, a cláusula vinte da
Convenção Coletiva de Trabalho e o Ato Convocatório. Elencou, exemplificativamente,
o posto de vigilância em Alvorada (fls. 475 e 476).
10
Fls. 481 e 482.
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Na mesma linha do recurso administrativo interposto pela EPAVI, a área
técnica já havia mencionado o que segue (fl. 454):
Incorreção decorrente de inclusão do item “risco de vida” no conjunto de
itens que servem como base para aplicação das taxas referentes aos
encargos relacionados no Grupos “B” e “C” do Montante “A”. Motivação:
“Risco de vida” não é adicional, não está previsto legalmente, é instituído em
norma coletiva, por avença entre as partes, não se confundindo com o adicional
de periculosidade, (...). Em razão de não ser adicional, não repercute nos itens
listados nos grupos “B” e “C”. Inclusive as próprias Convenções Coletivas que
abrangem as localidades objeto deste certame fazem expressa menção à sua
exclusão sobre aqueles encargos – cláusula 20ª (POA e bases
inorganizadas)11
, cláusula 17ª (São Leopoldo) e cláusula 11ª (Caxias do Sul,
Gramado, Bento Gonçalves, São Marcos e Antônio Prado). (...)
Observa-se que, contrastantemente, no cálculo do item “integração RSR”, as
planilhas não incluem, corretamente, o item “risco de vida” na base de cálculo.
(grifo nosso)
Em suas contrarrazões, Proservi abarcou a falha de maneira genérica (fl.
503), mas, no esclarecimento prestado à área técnica, reconheceu o equívoco, o
justificando e o corrigindo, mediante a apresentação de novas planilhas de custos e
formação de preços, mantendo o valor global mensal proposto (fl. 529):
(...) esta empresa possui um programa de distribuição de custos dos elementos
que compõem nossa proposta comercial.
Por motivo de erro técnico, o sistema operacionalizou encargos sociais
em dois itens específicos, qual é Risco de Vida, projetando em planilha
custos de benefícios sociais não tributados.
11
Fl. 456.
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Informamos vossa senhoria que corrigimos o equívoco, sendo que não
alteramos os valores totais quotados em nossa proposta comercial. (grifo
nosso)
Em diligências (fls. 543 a 577), o Senhor Pregoeiro, ao amparo dos
princípios da indisponibilidade do interesse público e da economicidade, pugnou pela
redução dos valores da oferta na proporção do engano sanado, providência tomada
pela Proservi, mediante o endereçamento de proposta e planilhas de custos e formação
de preços readequadas, as quais foram objeto de conferência pela área técnica.
Segundo o Senhor Pregoeiro (fls. 581 e 582),
Fundamental, nesta situação, é que nenhuma das hipóteses previstas pelo
subitem 7.3 do Edital incida in casu.
Pelo que se observa, realmente não há incidência das hipóteses do subitem
7.3 do Edital, tanto sobre a situação inicial, quanto sobre a situação corrigida.
Na ótica deste pregoeiro, os argumentos recursais não ressaltam nenhum
aspecto desclassificatório, pois, por um lado, foi previsto valor a maior que o
devido (afastada a inexequibilidade, portanto), por outro, a correção se torna
possível por diligência, na medida em que os valores transferidos para o
Montante B não acarretam a superação do limite de 35% do Montante A (que é
a principal hipótese em observar em casos de correção).
Gize-se, ainda, que não há ofensa à substância da proposta (não houve
desatendimento das condições estipuladas no edital), houve erro de
cálculo, admitido, inclusive, pela empresa recorrida.
As diligências são possíveis na lei geral de licitações (LGL), (...).
(...)
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A possibilidade de redução da quantia prevista a maior invoca a presença
de outro princípio, o da indisponibilidade do interesse público, preceito que
impede o representante do poder público de dispor dos interesses da
coletividade confiados à sua guarda e realização. No presente caso, o
interesse público está representado pela busca da proposta mais
vantajosa para a Administração – havendo margem de redução dos valores
excedentes, o administrador deve postular a diminuição dessa quantia.
Repisa-se: não há ofensa à substância da proposta (não houve
desatendimento do edital), não há incidência de causa de desclassificação e
não há comprometimento da disputa (a proposta da empresa vencedora já
era a de menor preço).
Há, na verdade, ao contrário, mais vantajosidade à Administração. (grifo
nosso)
Com efeito, o caso telado trata de erro de cálculo, que resultou em valor
maior do que o devido para determinados itens das planilhas de custos e formação de
preços, o que, em diligências, foi sanado, ocasionando a diminuição de preço,
permanecendo, por conseguinte, a Proservi com orçamento mais vantajoso.
No que diz respeito à possibilidade de realização de diligências, Jorge
Ulisses Jacoby Fernandes comenta que “há ênfase no direito de saneamento pelo
pregoeiro dos vícios que perceber e até dos que são apontados na fase recursal, (...)”12.
Tanto é assim que, no próprio Edital de Licitação, há previsão nesse sentido: subitem
13.213, entre outros.
12
FERNANDES, Jorge Ulisses Jacoby. Sistema de registro de preços e pregão presencial e
eletrônico. 2. ed. Belo Horizonte: Fórum, 2007. p. 683.
13 “13.2. O Pregoeiro, no interesse público, poderá sanar, relevar omissões ou erros puramente formais
observados na documentação e na proposta, desde que não contrariem a legislação vigente e não
comprometam a lisura da licitação, sendo possível a promoção de diligência destinada a esclarecer ou a
complementar a instrução do processo.”
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Aqui, tal diligência, decorrente do recurso administrativo interposto pela
EPAVI, proporcionou apenas que a Proservi equacionasse sua oferta, objetivando
maior economicidade (uma das finalidades do procedimento licitatório14) e o interesse
público (escopo da atividade administrativa), o que não configura, em hipótese alguma,
alteração substancial da proposta15.
Com tal medida, a Proservi não obteve vantagem (já era detentora do
menor preço), nem as demais empresas sofreram desvantagem (não houve prejuízo no
tocante à disputa de preços, à competitividade, ao julgamento objetivo), respeitando-se
a isonomia (outra das finalidades da licitação).
Os demais princípios norteadores do certame licitatório também foram
observados.
A somar, conforme informou o Senhor Pregoeiro, não incide, na hipótese,
nenhuma das situações ensejadoras de desclassificação, definidas no subitem 7.3 do
Instrumento Convocatório16, na esteira do artigo 48 da Lei Federal n.º 8.666/9317.
14
Artigo 3º da Lei Federal n.º 8.666/93.
15 As planilhas de custos e formação de preços são meramente instrumentais.
16 “7.3. Nesta fase, será desclassificada a proposta da empresa classificada em primeiro lugar que: (a)
não atender aos requisitos e às especificações deste edital e de seus respectivos anexos; (b)
apresentar, para o Montante “A”, preço por pessoa superior a 2 (duas) vezes o valor da remuneração,
incluindo o salário básico estabelecido em dissídio ou acordo coletivo para a categoria profissional do
objeto da licitação e os adicionais legais devidos em função da atividade, local e/ou horário de trabalho;
(c) apresentar, para o Montante “B”, preço superior a 35% do total do Montante “A”; (d) contiver preço
manifestamente inexequível, na forma do que dispõe o artigo 48 da Lei n.º 8.666/93 e alterações; (e)
apresentar preços unitários ou globais simbólicos, irrisórios ou de valor zero; (f) deixar de indicar os
valores orçados para o Montante “C”, na forma do subitem 5.2.2 supra; (g) não comportar todos os
encargos trabalhistas, previdenciários, fiscais, comerciais, taxas, fretes, seguros e quaisquer outros que
incidam ou venham incidir sobre o mesmo; e (h) por ocasião de sua readequação aos descontos
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Corrobora com o dito, o Acórdão n.º 2.656/2009 do Plenário do Tribunal de
Contas da União, de relatoria do Ministro Raimundo Carreiro18:
3050 – Contratação pública – Planejamento – Edital – Previsão de correção
formal – Indevida taxa da extinta CPMF incluída no BDI – Desclassificação
sumária da proposta – Descabimento – Correção de ofício – Possibilidade –
TCU
“Considerando que: a) o Consórcio SIRGA-SINALMIG foi devidamente
habilitado no certame; b) a inclusão da taxa referente à CPMF na sua proposta
de preços não interferiu no julgamento objetivo da proposta, não lhe trouxe
nenhuma vantagem nem prejuízo para os demais concorrentes no julgamento;
c) a inclusão do tributo extinto na proposta de preços não está prevista no edital
como motivo motivo para desclassificação nem está em desacordo com as
normas e princípios da Lei n.º 8.666, de 1993; d) mesmo com sua inclusão no
BDI, a proposta já era mais vantajosa para a Administração; e) o edital prevê
hipóteses de correção de erros e discrepâncias, bem como incoerências ou
divergências de qualquer natureza nas composições dos preços unitários dos
serviços; julgamos que a desclassificação sumária da proposta em tela ofende
os princípios da razoabilidade e da economicidade. A Comissão de Licitação
do DNIT deveria ter corrigido, de ofício, o erro constatado na proposta e,
(...), promover diligência junto ao licitante para verificar se a correção seria
eventualmente concedidos na fase de lances, apresentar valor maior para o total global e o total dos
montantes registrados no Anexo I inicialmente apresentado”. 17
“Art. 48. Serão desclassificadas: I - as propostas que não atendam às exigências do ato convocatório
da licitação; e II - propostas com valor global superior ao limite estabelecido ou com preços
manifestamente inexeqüiveis, assim considerados aqueles que não venham a ter demonstrada sua
viabilidade através de documentação que comprove que os custos dos insumos são coerentes com os
de mercado e que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a execução do objeto do
contrato, condições estas necessariamente especificadas no ato convocatório da licitação”. (Redação
dada pela Lei nº 8.883, de 1994) 18
MENDES, Renato Geraldo. LeiAnotada.com. Lei nº 8.666/93. Disponível em
<http://www.leianotada.com>. Acesso em nov. 2012.
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aceita”. A aludida correção não altera toda a proposta e o TCU optou pelo
prosseguimento do certame, determinando que fossem feitas “as devidas
correções na composição de preços unitários dos serviços, bem como na
proposta de preços e convoque o Consórcio SIRGA-SINALMIG para
informar se aceita as correções procedidas no preço total ofertado para o
Lote 1 da Concorrência n.º 45/2009-DNIT”. (grifo nosso)
Desprovido, então, o recurso administrativo nesse ponto.
C) ISSQN – CRUZ ALTA
EPAVI argumentou que o percentual cotado para o ISSQN do posto de
vigilância em Cruz Alta pela Proservi (5,0%) é superior ao devido (3,0%), em
desatendimento aos subitens 5.4 e 7.3 do Ato Convocatório, que dispõem sobre a
necessidade de inclusão de todos os custos nos preços (fl. 476).
A área técnica, em diligência, constatou que o percentual correto é de
3,0% (fls. 480 e 484 a 500, Lei Complementar n.º 0029/03).
Em suas contrarrazões, Proservi asseverou que (fl. 503):
(...) ISSQN no município de Cruz Alta, que conforme consta no portal
www.cruzalta.com.br, município, consta alíquota de 5%. Posteriormente,
conforme informe em anexo da própria empresa, houve um decreto que reduziu
o valor da alíquota para 3% (três por cento).
Para apresentação de custos, a empresa cotou o valor previsto no site
eletrônico daquele município, que não informava o decreto que reduziu os
custos com ISSQN.
Mas tal situação não altera o contexto da apresentação da proposta, eis
que não majora, não aumenta o valor global, critério esse definido em edital,
para qualificação, adjudicação e homologação do procedimento licitatório, ato
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este regulado e disciplinado no art. 3º e art. 41 e 45 da Lei 8.666/93. (grifo
nosso)
A par disso, encaminhou orçamento e planilha de custos e formação de
preços readequados (fl. 542).
De acordo com o Senhor Pregoeiro (fls. 584 e 585),
Não se vislumbra caso de inaptidão da proposta em razão do equívoco quanto
à planilha.
(...)
Não há ofensa à substância da proposta (não houve desatendimento do
edital), houve erro de cálculo, admitido, inclusive, pela empresa recorrida,
sendo previsto valor a maior do que o devido (afastada a inexequibilidade,
portanto). Aliás, ao contrário, a proposta se tornará mais vantajosa à
Administração.
A recorrida enviou as planilhas de custos do posto de Cruz Alta corrigida
com a alíquota correta do ISSQN, bem como a planilha do Anexo I do
Edital, com o valor atualizado da proposta – R$ 179.320,42 (cento e setenta
e nove mil, trezentos e vinte reais e quarenta e dois centavos) mensais.
Também quanto à questão do ISSQN não ocorreu nenhuma das hipóteses
previstas pelo subitem 7.3 do Edital. (grifo nosso)
No caso em liça, que versa sobre erro na indicação do percentual do
ISSQN para o posto de vigilância em Cruz Alta, o que ocasionou valor maior do que o
devido para esse item da planilha de custos e formação de preços, pelas mesmas
noções expostas no item “B” do presente parecer, a sua correção se mostra possível, o
que já foi efetuado pela Proservi, resultando em novo valor global mensal, menor do
que o anteriormente apresentado.
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Desprovido, assim, o recurso administrativo nesse particular.
D) SAT/FAP
EPAVI arguiu que o percentual cotado para SAT/FAP pela Proservi
(2,20%) é inferior ao devido (3,0%, Decreto n.º 6.042/07), em descumprimento às
obrigações legais e ao Edital de Licitação (fl. 476 e 477).
Na mesma linha do recurso administrativo interposto pela EPAVI, a área
técnica já havia destacado a necessidade de “comprovação de que 2,20% é a alíquota
devida a título de “Seguro Acidente de Trabalho/SAT/INSS” (fl. 455).
Em suas contrarrazões, Proservi rebateu a falha de modo genérico (fls.
501 a 507), contudo, no esclarecimento prestado à área técnica, explicou que (fl. 531):
Quanto a comprovação da alíquota devida a título de “Seguro Acidente de
Trabalho/SAT/INSS” é de 2,20%, informamos que a mesma resulta da
aplicação do Fator Acidentário de Prevenção, no índice de 0,7335 sobre o
percentual de grau de risco de atividade que é de 3%.
(...)
Anexamos à presente relatório do Resultado da Consulta Empresa, obtido no
site da Previdência Social mediante utilização de senha, onde demonstra que o
FAP desta licitante com vigência para 2012 é 0,7335 (fl. 511) (...). (grifo
nosso)
Tal informação foi tida como satisfatória pela área técnica (fl. 533).
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De fato, com o acréscimo do artigo 202-A19 ao Decreto n.º 3.048/99, dado
pelo Decreto n.º 6.042/07, as alíquotas devidas pela licitante por conta da contribuição
ao Seguro Acidente do Trabalho - SAT, definidas no artigo 20220 do Decreto n.º
3.048/99, passaram a se sujeitar ao Fator Acidentário de Prevenção – FAP, índice
acelerador ou redutor aplicado sobre as alíquotas de SAT de cada empresa.
Por isso, acertado o percentual dado pela Proservi e desprovido o recurso
administrativo também nesse item.
Rechaçadas as teses recursais, sugere-se o conhecimento e o
desprovimento do recurso administrativo interposto pela EPAVI em sua integralidade.
Por fim, tendo em vista que a área técnica havia levantado duas outras
questões quando da apreciação das planilhas de custos e formação de preços da
Proservi, que não foram objeto de recurso administrativo, quais sejam: (a) inclusão do
item „gratificação de liderança‟ no conjunto de itens que servem como base para
aplicação das taxas referentes aos encargos relacionados no Grupos „B‟ e „C‟ do
19
“Art. 202-A. As alíquotas constantes nos incisos I a III do art. 202 serão reduzidas em até
cinqüenta por cento ou aumentadas em até cem por cento, em razão do desempenho da empresa
em relação à sua respectiva atividade, aferido pelo Fator Acidentário de Prevenção – FAP”. (Incluído
pelo Decreto nº 6.042, de 2007) (grifo nosso)
20 “Art. 202. A contribuição da empresa, destinada ao financiamento da aposentadoria especial, nos
termos dos arts. 64 a 70, e dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência de incapacidade
laborativa decorrente dos riscos ambientais do trabalho corresponde à aplicação dos seguintes
percentuais, incidentes sobre o total da remuneração paga, devida ou creditada a qualquer título, no
decorrer do mês, ao segurado empregado e trabalhador avulso: I - um por cento para a empresa em
cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado leve; II - dois por cento
para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do trabalho seja considerado
médio; ou III - três por cento para a empresa em cuja atividade preponderante o risco de acidente do
trabalho seja considerado grave”.
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Montante „A‟” na planilha de custos e formação de preços do posto de vigilância Porto
Alegre/CIACA – líder; e (b) valores obtidos para o item “folguista” nas planilhas de
custos e formação de preços dos postos de vigilância em Alvorada, Caxias do Sul e
Porto Alegre – 12h noturnas com 24h SDF (fls. 455; e 457 e 458), cumpre ressaltar que
os esclarecimentos da Proservi (fls. 529 a 531; 537) foram aceitos pela área técnica (fls.
532 a 534; e 538).
Mantida, com isso, a decisão recorrida. No tocante à habilitação da
Proservi, o Senhor Pregoeiro julgou que “os documentos atendem aos requisitos do
Edital para a habilitação” (fl. 578). Em consequência, entende-se pela adjudicação do
objeto do procedimento licitatório à Proservi, no valor global mensal de R$ 179.320,42.
e homologação da licitação.
Em face do exposto, com base nos princípios administrativos que norteiam
o certame licitatório, opina-se:
(a) pelo não conhecimento dos recursos administrativos interpostos pela
Rota Sul e pela Portalsul;
(b) pelo conhecimento parcial do recurso administrativo interposto pela
Job e, na parte conhecida, pelo seu desprovimento;
(c) pelo conhecimento e desprovimento do recurso administrativo
interposto pela EPAVI;
(d) pela manutenção da decisão recorrida e habilitação da Proservi; e
(e) pela adjudicação do objeto do procedimento licitatório à Proservi, no
valor global mensal de R$ 179.320,42, e homologação da licitação.
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É o parecer.
À consideração do Senhor Diretor-Geral.
Porto Alegre, 26 de novembro de 2012.
LAURA MENEZES BINS, Assessora Jurídica da Direção-Geral.
Visto.
ALICE FARINA FRAINER, Coordenadora da Assessoria Jurídica da Direção-Geral.
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PROCESSO N.º: 1618-09.00/12-5 – CO.25798 PREGÃO ELETRÔNICO N.º 34/2012 ASSUNTO: RECURSOS ADMINISTRATIVOS INTERESSADAS: EMPRESA PORTOALEGRENSE DE VIGILÂNCIA LTDA., ROTA SUL EMPRESA DE VIGILÂNCIA LTDA., JOB SEGURANÇA E VIGILÂNCIA PATRIMONIAL LTDA. E PORTALSUL EMPRESA DE VIGILÂNCIA S/S LTDA. ______________________________________________________________________
ACOLHO o parecer e, na medida em que adoto seus próprios e jurídicos
fundamentos, DECIDO:
(a) pelo não conhecimento dos recursos administrativos interpostos pela
Rota Sul e pela Portalsul; pelo conhecimento parcial do recurso administrativo
interposto pela Job e, na parte conhecida, pelo seu desprovimento; e pelo
conhecimento e desprovimento do recurso administrativo interposto pela EPAVI;
(b) pela manutenção da decisão recorrida e habilitação da Proservi; e
(c) pela adjudicação do objeto do certame licitatório à Proservi, no valor
global mensal de R$ 179.320,42, e homologação da licitação, em conformidade com os
artigos 27 da Lei Estadual n.º 13.191/09 e 4º, inciso XXII, da Lei Federal n.º 10.520/02.
Retornem os autos a Assessoria Jurídica desta Direção-Geral para
publicação. Após, encaminhe-se o expediente à Comissão Permanente de Licitações
para registro da homologação no Portal Eletrônico Banrisul e à Assessoria de
Planejamento e Orçamento para providenciar o empenhamento da despesa. Por fim,
remetam-se os autos à Assessoria Jurídica desta Direção-Geral para providenciar a
contratação nos exatos termos da minuta de contrato constante do Ato Convocatório.
Porto Alegre, 26 de novembro de 2012.
ROBERVAL DA SILVEIRA MARQUES, Diretor-Geral.