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  • RELATRIO

    O DESEMBARGADOR FEDERAL GERALDO APOLIANO (RELATOR): Agravo de Instrumentomanejado em face da deciso que deferiu o pedido de antecipao dos efeitos da tutela paradeterminar que o IFCE proceda incluso do Agravado no rol dos aprovados da categoria"portadores de necessidades especiais", na posio correspondente ao nvel de pontuao porela obtido, com a conseqente nomeao ao cargo objeto do certame. Alega o Agravante que no violou qualquer regra constante do Edital (vinculao ao Edital), muitomenos agrediu qualquer norma jurdica ou mesmo princpio constitucional (respeitou legalidade), restando, pois, neste caso concreto, afastado qualquer ato jurisdicional profligador daconduta administrativa, certo de que nenhuma leso ou ameaa a direito se deu no presente caso(art.5, XXXV, da CF), restando somente o juzo de valor (convenincia e oportunidade) acerca davalorao cientfica realizada pela equipe multiprofissional sobre a condio do candidato autorno poder concorrer como portador de deficincia fsica, o que no pode ser infirmado pelo PoderJudicirio. Sem Contraminuta. o relatrio. tvc

    VOTO

    O DESEMBARGADOR FEDERAL GERALDO APOLIANO (RELATOR): Compulsando os autos,verifico que no merece reparo o ato impugnado, pelos mesmos argumentos trilhados no juzomonocrtico, cuja fundamentao adoto como razo de decidir, verbis: "Na hiptese dos autos, pretende o Autor obter provimento judicial que anule o ato administrativoque o eliminou da lista dos aprovados nas vagas destinadas aos portadores de deficincia fsicado concurso pblico anteriormente mencionado, sob o argumento de ser portador paraparesia. A reserva de vagas para portadores de deficincia poltica de ao afirmativa prevista peloconstituinte originrio no art. 37, VIII, da Constituio Federal de 1988, que tambm prev apromoo de sua integrao vida social (art. 203, IV). O legislador infraconstitucional, por suavez, editou a Lei n. 7.853/89, que dispe acerca do apoio a pessoas portadoras de deficincia. O Decreto n. 3.298/99, que regulamenta a Lei n. 7.853/89, conceitua deficincia como "todaperda ou anormalidade de uma estrutura ou funo psicolgica, fisiolgica ou anatmica que gereincapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padro considerado normal para o serhumano" (art. 3, I). O referido decreto define, ainda, o portador de deficincia fsica nos seguintes termos: Art. 4. considerada pessoa portadora de deficincia a que se enquadra nas seguintes

    PROCESSO N: 0804295-80.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO

    PROCESSO N: 0804295-80.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO

  • categorias: I - deficincia fsica - alterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano,acarretando o comprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,hemiparesia, ostomia, amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral, nanismo, membroscom deformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que noproduzam dificuldades para o desempenho de funes; (Redao dada pelo Decreto n5.296, de 2004) (grifo nosso) Evidencia-se, assim, que, nos termos do dispositivo acima transcrito, que a norma regulamentar expressa ao reconhecer a paraparesia como hiptese de deficincia fsica hbil a ensejar aaplicao da Lei n. 7.853/89. No caso dos autos, o autor realizou sua inscrio no concurso na categoria "portadores denecessidades especiais", nos termos que determina o item 4 do edital que rege o certame (f. 11).Resta formalmente habilitado, pois, a concorrer nessa categoria. Extrai-se ainda da documentao acostada inicial no haver dvidas quanto ao fato do Autorser portadora de paraparesia. A molstia fartamente demonstrada por laudo mdico particular (f. 31 e 32), alm do quejustificou o seu afastamento para a reserva remunerada da PM/CE, ante a incapacidade para oservio militar. Nota-se que o IFCE no refuta a existncia da molstia, mas apenas que "sua seqela noproduz dificuldades para o desempenho da funo de pedagogo..." (f. 30). Todavia, esse entendimento administrativo no se mostra legtimo, uma vez que impe restriesindevidas ao acesso de portares de deficincia aos cargos pblicos, em clara afronta aos ditameslegais e constitucionais j referidos. De fato, o Parecer da Equipe Multiprofissional (identificador n. 4058105.474359) excluiu opromovente sob o argumento de que a sua deficincia no comprometeria ou dificultaria oexerccio da funo de pedagogo, ao que parece, interpretando, equivocadamente, o final doinciso I do art. 4 do Decreto n. 3298/1999. Na realidade, no pode ser considerado deficiente fsico algum cujo problema de sade notraga dificuldades para o desempenho de "funes", ou seja, que no possua incapacidade parao exerccio de qualquer atividade laboral, em outras palavras, o plenamente capaz. A norma constitucional visa resguardar um seguimento da sociedade que no disputa, emigualdade de condies, o mercado de trabalho, de forma que lhe reserva vagas tanto no serviopblico como no setor privado. Se o objetivo da norma fosse excluir da qualidade de deficiente fsico aqueles que no teriamdificuldade para desempenhar o cargo pblico almejado, a rigor, um amputado ou um cadeirantetambm poderiam ser excludos sob o argumento de que no teriam dificuldades de exercer afuno de pedagogo. Em casos semelhantes aos dos autos, vale destacar os seguintes precedentes: (...)

    http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm#art4iiihttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2004/Decreto/D5296.htm#art4iii

  • PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PBLICO. CARGO DE TCNICOJUDICIRIO DO TSE. DIREITO A PROSSEGUIR NO CERTAME. INSUFICINCIA RENALCRNICA. RECONHECIMENTO DA DEFICINCIA. I - De acordo com o art. 3, 4, III, doDecreto n 3.298, de 20 de dezembro de 1999, que dispe sobre a Poltica Nacional para aIntegrao da Pessoa Portadora de Deficincia e consolida as normas de proteo, "deficinciafsica alterao completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando ocomprometimento da funo fsica, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia,monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia,ostomia, amputao ou ausncia de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros comdeformidade congnita ou adquirida, exceto as deformidades estticas e as que no produzamdificuldades para o desempenho de funes". II - H que se estabelecer distino entre a pessoaplenamente capaz, o deficiente e o invlido. O deficiente a pessoa que, no sendo totalmentecapaz, no , todavia, invlida. (Precedente Colendo STJ, RMS 22.459/DF, TRF - 1 Regio AMSn. 1998.01.00.061913-2) III - Ao candidato, acometido de insuficincia renal em fase dehemodilise, enfermidade que enseja deficincia fsica, deve ser resguardado o direito reservade vaga na lista para pessoa portadora de deficincia, com fundamento no princpio da isonomiaque rege a Administrao Pblica (Precedente desta 6 Turma Apelao/REO 0016425-44.2008.4.01.3400). IV - A adaptao do candidato sua limitao fsica no idnea a afastar adeficincia, uma vez que, precisando fazer hemodilise trs vezes por semana, no lhe retira adificuldade de conviver em sociedade quando comparado com um cidado que no necessita decuidados dirios. V - Apelaes e remessa oficial tida por interposta no providas. Ressalvadaposterior avaliao de compatibilidade entre as atribuies do cargo e a deficincia fsica (Lei n.8.112/90 art. 20, Decreto n. 3.298/99 art. 43 2). (TRF 1 Regio. AC 200734000156772. 6Turma. DJ 25/2/2013, p. 87). Logo, resta desde j evidenciada a verossimilhana das alegaes que, aliada s provassuficientes da deficincia fsica do Autor, enseja a concesso da tutela de emergnciapretendida." Com essas consideraes, nego provimento ao Agravo de Instrumento. como voto. tvc

    EMENTA

    CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PBLICO. PORTADOR DEPARAPARESIA. VAGA PARA PORTADORES DE NECESSIDADS ESPECIAIS.POSSIBILIDADE. 1. Agravo de Instrumento manejado em face da deciso que deferiu pedido de antecipao dosefeitos da tutela, determinando que o IFCE proceda incluso do Agravado no rol dos aprovadosda categoria "portadores de necessidades especiais", na posio correspondente ao nvel depontuao por ela obtido, com a conseqente nomeao ao cargo objeto do certame. 2. O Parecer da Equipe Multiprofissional excluiu o agravado ao argumento de que a suadeficincia - portador paraparesia - no comprometeria ou dificultaria o exerccio da funo de

    PROCESSO N: 0804295-80.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTOAGRAVANTE: INSTITUTO FEDERAL DE EDUCACAO, CIENCIA E TECNOLOGIA DO CEARAAGRAVADO: DEIVIS CAVALCANTE AURADVOGADO: CARLOS FILIPE CORDEIRO DAVILA (e outros)RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL GERALDO APOLIANO - 3 TURMA

  • pedagogo, ao que parece, interpretando, equivocadamente, o final do inciso I do art. 4 doDecreto n. 3298/1999. 3. A norma constitucional visa resguardar um seguimento da sociedade que no disputa, emigualdade de condies, o mercado de trabalho, de forma que lhe reserva vagas tanto no serviopblico como no setor privado, o que afasta a plausibilidade do direito ora pleiteado. Agravo deInstrumento improvido. tvc

    ACRDO

    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, em que so partes as acima identificadas. Decide a Terceira Turma do Tribunal Regional Federal da 5 Regio, por unanimidade, negarprovimento ao Agravo de Instrumento, nos termos do relatrio, voto do DesembargadorRelator e notas taquigrficas constantes nos autos, que passam a integrar o presente julgado. Recife (PE), 12 de fevereiro de 2015.

    Desembargador Federal Geraldo Apoliano

    Relator

    tvc

    PROCESSO N: 0804295-80.2014.4.05.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO