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PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA Seção Judiciária de Pernambuco 13ª VARA DECISÃO 1. Relatório: O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL representa por BUSCA E APREENSÃO e PRISÃO PREVENTIVA no bojo da "Operação Casa de Papel", id. 4058300.15151680. Os alvos dos mandados de busca e apreensão são: Alvo Endereço Residência de Sebastião Figueiroa de Siqueira Rua Vigário Barreto, 127, apt. 1002, Graças, Recife/PE Residência de praia de Sebastião Figueiroa de Siqueira Condomínio Nui Supreme Beach Living, bangalô 21, Muro Alto, Ipojuca/PE Residência de campo de Sebastião Figueiroa de Siqueira Condomínio Asa Branca Residence, casa/flat 05, bloco D14, Gravatá/PE Residência de campo de Sebastião Figueiroa de Siqueira Condomínio Asa Branca Residence, flat 03, bloco D06, Gravatá/PE Residência de João Pedro Ferreira Belo Daumas Rua José Bonifácio, 32, apt. 203, Madalena, Recife/PE Residência de Maria do Socorro Christiane Vasconcelos Pontual Rua Luiz Guimarães, 411, apt. 303, Poço da Panela, Recife/PE Gabinete da Superintendente-Geral da Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (SUPERG) Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE Processo Judicial Eletrônico: https://pje.jfpe.jus.br/pje/Painel/painel_usuario/documentoHTML.sea... 1 de 13 30/07/2020 10:34

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PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA FEDERAL DE PRIMEIRA INSTÂNCIA

Seção Judiciária de Pernambuco

13ª VARA

DECISÃO

1. Relatório:

O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA FEDERAL representa por BUSCA E APREENSÃO ePRISÃO PREVENTIVA no bojo da "Operação Casa de Papel", id. 4058300.15151680.

Os alvos dos mandados de busca e apreensão são:

Alvo Endereço

Residência de Sebastião Figueiroa deSiqueira

Rua Vigário Barreto, 127, apt. 1002,Graças, Recife/PE

Residência de praia de Sebastião Figueiroade Siqueira

Condomínio Nui Supreme Beach Living,bangalô 21, Muro Alto, Ipojuca/PE

Residência de campo de SebastiãoFigueiroa de Siqueira

Condomínio Asa Branca Residence,casa/flat 05, bloco D14, Gravatá/PE

Residência de campo de SebastiãoFigueiroa de Siqueira

Condomínio Asa Branca Residence, flat 03,bloco D06, Gravatá/PE

Residência de João Pedro Ferreira BeloDaumas

Rua José Bonifácio, 32, apt. 203,Madalena, Recife/PE

Residência de Maria do Socorro ChristianeVasconcelos Pontual

Rua Luiz Guimarães, 411, apt. 303, Poço daPanela, Recife/PE

Gabinete da Superintendente-Geral daAssembleia Legislativa do Estado dePernambuco (SUPERG)

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

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Superintendência de Planejamento e Gestãoda Assembleia Legislativa do Estado dePernambuco (SUPLAG)

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

Setor de Licitações e contratos daAssembleia Legislativa do Estado dePernambuco, incluindo a sala de comissãode pregoeiros

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

Onde quer que se encontre na AssembleiaLegislativa do Estado de Pernambuco ocontrato nº 25/2016 e processo de despesa,bem assim o procedimento recente decontratação por meio de adesão à Ata deRegistro de Preço de papeis.

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

Simultaneamente, requer autorização para abertura/arrombamento de cofres com recusa deacesso e a quebra de sigilo de dados em equipamentos digitais (computadores, aparelhos detelefonia celular, mídias, etc.), para fins de perícia.

Quanto ao segundo pleito, almeja-se a prisão preventiva de SEBASTIÃO FIGUEIROA DESIQUEIRA, de CPF n. 102.115.194-72, e JOÃO PEDRO FERREIRA BELO DAUMAS, CPFn. 096.219.064-07.

Alfim, o DPF pede o compartilhamento de dados com a CGU, o Ministério Público do Estadode Pernambuco (GAECO), a Polícia Civil de Pernambuco (DRACCO) e o TCE/PE, bem assimo levantamento de sigilo após a deflagração da fase ostensiva.

O Ministério Público Federal manifestou favoravelmente, requerendo o compartilhamentocom eventual ação de improbidade administrativa, id. 4058300.15213780.

Intimado para complementar o parecer, o Parquet posicionou-se pela competência deste juízo,id. 4058300.15252379.

É o relatório.

Decido.

2. Fundamentação:

2.1. Contextualização da "Operação Casa de Papel":

Este incidente é conexo ao Inquérito Policial n. 2020.0051517, PJE n. 0809837.2020.4.05.8300,e ao Pedido de Busca e Apreensão Criminal n. 0809940-08.2020.4.05.8300.

O segundo feito deu ensejo à deflagração da "Operação Casa de Papel", com a expedição demandados contra 37 endereços, cumpridos no dia 16/06/2020.

Como elemento central das investigações temos SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA, aquem se atribui a liderança de um grupo econômico, com empresas "de fachada" em nome de

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"laranjas", arquitetado para firmar contratos sem real competição e superfaturados com asPrefeituras de Recife, Cabo de Santo Agostinho, Olinda e Paulista, todas do Estado dePernambuco, com a possibilidade de ter alcançado outras urbes.

Num primeiro momento, as suspeitas pairavam sobre o fornecimento de materiais médico-hospitalares destinados ao combate da pandemia da Covid-19, com verbas do SUS, por parte daAJS COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA.

Dentre os investigados, do lado da administração pública, sobressaiu JOSÉ ROBERTO DESANTOS MOURA ACCIOLY, ex-deputado estadual e ora Gerente Geral de Governo daSecretaria de Governo e Participação Social da Prefeitura do Recife/PE.

Enquanto exercia o mandato, ele nomeou FABIANA CRISTINA OLIVEIRA RABIN e FÁBIORICARDO DE OLIVEIRA RABIN para ocuparem cargos comissionados em seu gabinete.Lembrando, os irmãos são, respectivamente, companheira e cunhado de SEBASTIÃOFIGUEIROA DE SIQUEIRA.

Hoje, ambos permanecem na Assembleia Legislativa de Pernambuco, mas lotados em gabinetesde outros deputados.

2.2. Dos novos elementos probatórios:

Os alvos estão sublinhados.

As autoridades responsáveis pelo inquérito teriam se deparado com ilicitudes de mais amploespectro, extrapolando o combate ao novo coronavírus, especialmente no seio da AssembleiaLegislativa do Estado de Pernambuco, onde SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRAgozaria de considerável influência.

Chama atenção que, afora FABIANA CRISTINA OLIVEIRA RABIN e FÁBIO RICARDO DEOLIVEIRA RABIN, mencionados no item anterior, o DPF aponta mais 03 cidadãos familiaresdo reputado empresário de fato, dentro da Alepe.

Todos ocupam cargos comissionados de assessores especiais em gabinetes, a saber, YANARACRISTINA BATISTA FEITOSA, cunhada, e os sobrinhos CARLOS HENRIQUE SILVA DESIQUEIRA e RAYSSA SILVA DE SIQUEIRA.

Pois bem, as empresas suspeitas e já alvos do Pedido de Busca e Apreensão Criminal n.0809940-08.2020.4.05.8300 firmaram contratações milionárias com a Assembleia, desde 2010.Veja-se a tabela, com valores em real, feita a partir de dados extraídos do Portal Tome Contas,atualizados até março de 2020:

ANO GRÁFICA AÚNICA

GRÁFICACANAÃ

AJS RACS TOTAL

2010 --- 78.070,00 207.778,53 357.876,85 643.725,38

2011 177.850,00 653.650,00 41.130,00 233.443,41 1.106.073,41

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2012 189.302,48 592.200,00 75.000,00 --- 856.502,48

2013 576.953,12 --- 65.022,68 --- 641.975,80

2014 1.331.640,00 --- 179.446,36 --- 1.511.086,36

2015 1.490.957,52 2.243.162,01 1.886.123,02 --- 5.620.242,55

2016 1.406.354,79 506.801,98 3.150.246,30 1.692.618,98 6.756.022,05

2017 1.634.013,55 2.440.459,77 1.367.729,32 673.690,78 6.115.893,42

2018 2.180.462,70 1.681.528,63 2.377.907,56 703.109,80 6.943.008,69

2019 2.037.148,53 1.681.819,20 1.774.957,27 903.313,72 6.397.238,72

2020 11.219.493,57 11.419.871,65 11.125.341,04 5.282.069,16 39.046.775,08

A fase ostensiva da 1.ª fase da "Operação Casa de Papel" obviamente coletou váriosdocumentos, mídias digitais e aparelhos eletrônicos. Dentre eles, a representação destaca aanálise pericial do telefone celular de SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA.

Foram encontradas conversas trocadas via WhatsApp com um servidor importante da Alepe, sobo aspecto licitatório: o pregoeiro JOÃO PEDRO FERREIRA BELO DAUMAS, nomeado paraessa função em fevereiro de 2019. Ele está lotado na Superintendência de Planejamento eGestão - SUPLAG.

As mensagens demonstram que SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA é tratadocordialmente como "amigo" e há um estranho empenho pessoal de JOÃO PEDRO FERREIRABELO DAUMAS na agilização de contrato. Ademais, o empresário aparenta exercer certaautoridade sobre o servidor. Lê-se no item 28 da petição do DPF essa mensagem deSEBASTIÃO para PEDRO: "Se tu não achar motorista já vê se tu mesmo vai lá. Porque contigoele [o presidente] assina na hora e tu já traz aqui para pegar o doido à tarde amanhã, viu. Porqueaí já assinado os dois Cris vai mandar na mesma hora, viu".

Essa possível proeminência decorreria de uma relação em patamar mais elevado.

No item 31 da mesma peça, infere-se que a RACS COMÉRCIO DE INFORMÁTICA LTDA.,uma das empresas do grupo, já contaria por certa sua contratação numa ata de registro para acompra de papel. Transcreve-se novo diálogo, desta vez partindo de JOÃO para SEBASTIÃO:"Boa noite. Oh RACS foi para banco hoje tá. É... eu mandei Juliana, disse a ela que era paraaderir 100% toda a ata de papel, porque ela 'não estava querendo só aderir', não estava querendoaderir 100%. Aí eu nem falei com o deputado, eu disse que era para aderir 100% da ata. (eu)disse que ele tinha mandado".

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Segundo apurado pelo DPF, a mensagem "Racs R$ 54.511,93" (item 31) correspondeexatamente ao pagamento ocorrido no dia 10/06/2020 e vinculado ao 5.º termo aditivo aoContrato n. 25/2016, cujo valor total empenhado é de R$ 401.666,86 (item 32).

No tocante à pessoa nominada "Cris" e referida na primeira mensagem, a análise pericial doaparelho celular de SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA teria descortinado suaidentidade como sendo a de MARIA DO SOCORRO CHRISTIANE VASCONCELOSPONTUAL, ocupante do cargo comissionado de Superintendente Geral e que presidira acomissão de licitação da Alepe entre 2015 e 2018.

Anota-se que a SUPLAG - Superintendência de Planejamento e Gestão da Alepe e a SUPAD -Superintendência Administrativa são subordinadas a MARIA DO SOCORRO CHRISTIANEVASCONCELOS PONTUAL e tais unidades vinculam-se diretamente à etapas de definição dasnecessidades de bens e procedimentos de aquisição. Ver item 44.

No item 39, observa-se que SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA solicitou a MARIA DOSOCORRO CHRISTIANE VASCONCELOS PONTUAL uma determinada localização, cujascoordenadas geográficas correspondem ao mesmo endereço registrado da servidora na Alepe.Essa informação teria sido encaminhada por SEBASTIÃO a um despachante chamado "NENÊMOTOQUEIRO", conforme o item 46.

Conquanto não se saiba a motivação disso, o DPF considera estranha essa tratativa fora doregramento estritamente formal, sentimento este a que me filio.

2.3. Da Busca e Apreensão:

Apesar de constitucionalmente assegurados, o direito à inviolabilidade de domicílio não sereveste de caráter absoluto, mas sim relativo. Assim, em situações excepcionais, onde se mostrapatente a relevância e proeminência do interesse social em relação ao particular, tal direito nãoapenas pode, mas deve sofrer restrições.

Sobre a relativização dos direitos e garantias fundamentais, inclusive o atinente àinviolabilidade do domicílio, assim tem se posicionado a jurisprudência do Supremo TribunalFederal:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. MEDIDACAUTELAR DE BUSCA E APREENSÃO. ART. 240 DO CÓDIGO DE PROCESSOPENAL. DECISÃO JUDICIAL. FUNDADAS RAZÕES. NECESSIDADE DA MEDIDA.

1. Esta Corte já se posicionou acerca da legalidade da medida cautelar de busca eapreensão quando imprescindíveis às investigações e condicionadas à existência deelementos concretos que justifiquem sua necessidade e à autorização judicial. Precedentes.2. Decisão judicial devidamente fundamentada e em consonância com o art. 240 do CPP.3. Recurso ordinário a que se nega provimento.

(RHC 117039, Relator(a): Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 12/11/2013,PROCESSO ELETRÔNICO DJe-250 DIVULG 17-12-2013 PUBLIC 18-12-2013)

Aliás, o próprio inciso XI do art. 5º da Carta Magna expressamente autoriza a busca e apreensãodomiciliar quando houver autorização judicial. A expressão "domicílio", por sua vez, abrangequalquer compartimento habitado ou habitável, ainda que em caráter eventual, aposentoocupado de habitação coletiva, compartimento não aberto ao público, onde é exercidadeterminada profissão ou atividade, independentemente da sua destinação, bem como suas

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dependências.

A autorização judicial, de outro lado, somente deve ser concedida quando presentes as hipótesesprevistas no art. 240 do CPP, que assim dispõe:

Art. 240 - A busca será domiciliar ou pessoal.

§ 1º - Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem, para:

a) prender criminosos;

b) apreender coisas achadas ou obtidas por meios criminosos;

c) apreender instrumentos de falsificação ou de contrafação e objetos falsificados oucontrafeitos;

d) apreender armas e munições, instrumentos utilizados na prática de crime ou destinadosa fim delituoso;

e) descobrir objetos necessários à prova de infração ou à defesa do réu;

f) apreender cartas, abertas ou não, destinadas ao acusado ou em seu poder, quando hajasuspeita de que o conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato;

g) apreender pessoas vítimas de crimes;

h) colher qualquer elemento de convicção.

No caso, as buscas e apreensões me parecem justificadas.

Em relação a SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA, considerando que ele já fora oprincipal alvo da deflagração da 1.ª fase da operação, reputo como sendo, na prática, a merainclusão de 04 residências antes desconhecidas do DPF/MPF e onde poderão estar guardadosregistros importantes à investigação.

Quanto aos endereços atrelados aos servidores JOÃO PEDRO FERREIRA BELO DAUMAS eMARIA DO SOCORRO CHRISTIANE VASCONCELOS PONTUAL, sejam os pessoais,sejam os gabinetes/setores dentro da Alepe, cabe autorizar a medida para a perfeita análise dascontratações favorecendo o suposto empresário oculto.

No ponto, sugiro repetir aqui 02 providências implementadas no Pedido de Busca e ApreensãoCriminal n. 0809940-08.2020.4.05.8300.

A primeira é a de priorização de que os documentos e mídias sejam digitalizados/copiados omais rapidamente possível e devolvidos de modo a evitar uma solução de continuidade doscontratos em curso, em prejuízo da Alepe e da sociedade, bem assim inviabilizar a fiscalizaçãoe a prestação de contas junto aos órgãos competentes.

A segunda consiste em que, sendo possível operacionalmente, as buscas e apreensões a seremcumpridas na Alepe se deem da forma mais discreta possível, inclusive com o uso de viaturasem identificação e oficiais à paisana.

2.4. Da prisão preventiva e da possibilidade de cautelar alternativa, de ofício, pelojulgador:

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Almeja-se a prisão preventiva de SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA e de JOÃOPEDRO FERREIRA BELO DAUMAS.

Parece-me, no entanto, que a fase germinal do inquérito recomenda o aguardo de uma análisemais minuciosa dos elementos colhidos na deflagração da primeira fase da "Operação Casa dePapel", combinados com os que vierem a ser colhidos a partir desta representação.

Lembro, também, a orientação do CNJ de excepcionalidade da restrição de liberdade nestemomento de pandemia da Covid-19.

Realmente, a prisão preventiva somente deve ser imposta ultima ratio, quando não se pudergarantir a efetividade do Estado de Direito por outra via.

Com isso em mente, dentro do poder de ofício outorgado pelo Código de Ritos no art. 315(permissivo de substituição da prisão preventiva), art. 316 (possibilidade de revogação de prisãocautelar, sem provocação) e art. 319 (medidas cautelares diversas), julgo que a suspensãocautelar de JOÃO PEDRO FERREIRA BELO DAUMAS da função de pregoeiro e qualqueroutra vinculada à comissão de licitação ou execuções contratuais, direta ou indiretamente, deforma temporária e com prazo razoável, permitirá ao MPF/DPF aprofundar devidamente assuspeitas de fraudes/dispensas licitatórias ilícitas e de peculato, reforçando-as ou não.

Outrossim, essa medida, aliada às luzes colocadas sobre as contratações da Alepe junto aohipotético grupo empresarial, representa um forte alerta à observância da legalidade em relaçãoa todas as empresas ligadas a SEBASTIÃO FIGUEIROA DE SIQUEIRA, sob pena deresponsabilização criminal e administrativa.

2.5. Da flexibilização do direito ao sigilo de dados:

A Constituição Federal assegurou como direito fundamental e regra a inviolabilidade do sigilodas comunicações, inclusive de dados (bancários, fiscais, telemáticos, etc.) e telefônica, eestabeleceu como exceção maior, mas não em exclusividade, sua quebra para fins deinvestigação criminal ou instrução processual penal.

É o que se infere dos seguintes dispositivos:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-seaos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, àliberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de suaviolação;

(...)

XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados edas comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e naforma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processualpenal;

O legislador constituinte estabeleceu como preceito o sigilo e como exceção a quebra deste, aqual, entretanto, apenas se faz legal e legítima em situações singulares, onde se possa inferir a

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proeminência do interesse público em relação ao privado.

É que o direito à inviolabilidade das comunicações, à privacidade e à intimidade, apesar deostentar o caráter de fundamental, não é absoluto.

Com efeito, em casos peculiares, nos quais a relevância e proeminência do interesse social seimpõem sobre o direito individual, tais direitos podem ser restringidos, figurando exatamente asinterceptações telefônicas e quebras de sigilo bancário, fiscal, telefônico e telemático comoexemplos destas restrições e da relativização dos aludidos direitos.

Como exemplos bem significativos dessa relativização, poderíamos apontar o permissivocontido na Lei Complementar n.º 105/2001 a autorizar o acesso de informações relativas àsoperações financeiras pelo juiz, Comissão Parlamentar de Inquérito, Ministério Público Federale funcionários do Bacen no exercício da função de fiscalização, especialmente quando se antevêa possibilidade de crime ou improbidade administrativa com dano ao erário. Essa mesma leiigualmente obriga as instituições financeiras a informar à administração tributária da Uniãodeterminadas operações realizadas por seus usuários, segundo a periodicidade e os critériosfixados pelo Poder Executivo (art. 5.º da LC 105/2001).

Mas não é só.

Especificamente na seara penal, para que seja deferida a quebra de sigilo e/ou interceptaçãotelefônica, além de pesados os interesses (público e particular) e verificada a proeminênciaacima aduzida, deve ainda ser constatada, no caso em concreto, a presença da materialidadedelitiva e/ou os indícios de autoria, bem como a imprescindibilidade da medida para aelucidação dos elementos ainda obscuros.

Portanto, somente verificada a presença desses três requisitos - proeminência do interessepúblico em relação ao particular, a materialidade e/ou indícios de autoria delitiva eimprescindibilidade da quebra de sigilo e/ou interceptação pleiteada -, encontra a medidarespaldo jurídico.

Nessa linha de entendimento, colaciono os seguintes julgados:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.PENAL. TRÁFICO DE ENTORPECENTES. ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO.ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. TRÁFICO DE ARMAS E MUNIÇÕES. POSSE EDETENÇÃO DE EXPLOSIVOS E ARTEFATOS. CRIME DE LAVAGEM DE BENS,DIREITOS E VALORES. QUEBRA DE SIGILO TELEFÔNICO. DECISÕES DASINSTÂNCIAS ORDINÁRIAS FUNDAMENTADAS. IMPETRAÇÃOMANIFESTAMENTE CONTRÁRIA À JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE.PRECEDENTES. AGRAVO AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO.

1. É incabível o exame per saltum de fundamentos não apreciados pelo órgão judiciárioapontado como coator. 2. Pelo que se tem nas instâncias antecedentes, a quebra do sigilotelefônico não foi a primeira providência investigativa, estando devidamentefundamentadas as decisões de primeiro grau que a autorizaram sucessivamente. 3.Verificada na espécie a indispensabilidade da quebra do sigilo, sendo apresentadasrazões de relevante interesse público e exigências derivadas do princípio de convivênciadas liberdades, o sigilo não pode prevalecer, impondo-se a medida excepcional. 4. OAgravante e o Interessado foram condenados com base em elementos concretos eindependentes dos diálogos telefônicos, que demonstram e identificam, por outros meios deprovas, a atuação nos fatos criminosos a eles imputados. 5. A jurisprudência do Supremo

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Tribunal Federal no sentido de que o princípio do pas de nullité sans grief exige, em regra,a demonstração de prejuízo concreto à parte que suscita o vício, independentemente dasanção prevista para o ato, podendo ser ela tanto a de nulidade absoluta quanto a relativa,pois não se decreta nulidade processual por mera presunção 6. Agravo regimental ao qualse nega provimento.

(RHC 123890 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em05/05/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-091 DIVULG 15-05-2015 PUBLIC18-05-2015)

PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ORDINÁRIO EMMANDADO DE SEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. POSSÍVEIS CRIMESAUTÔNOMOS DE SONEGAÇÃO FISCAL, FALSIDADE IDEOLÓGICA E FORMAÇÃODE QUADRILHA. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FUNDAMENTOSDO DECISUM AGRAVADO. SÚMULA 182/STJ. RECURSO NÃO CONHECIDO.

1. A falta de impugnação específica dos fundamentos utilizados na decisão agravada atraia incidência do Enunciado Sumular 182 desta Corte Superior. 2. Ademais, "A proteção aossigilos de dados não é direito absoluto, podendo ser quebrados quando houver aprevalência do direito público sobre o privado, na apuração de fatos delituosos ou nainstrução dos processos criminais, desde que a decisão esteja adequadamentefundamentada na necessidade da medida. Precedentes do STJ." (HC 114.846/MG, Rel.Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, QUINTA TURMA, DJe 02/08/2010). 3. In casu,em que pese não haver nos autos informações acerca do lançamento definitivo do créditotributário, a quebra de sigilo restou fundamentada, também, na presença de indícios decrimes autônomos de falsidade ideológica e de formação de quadrilha. 4. Agravoregimental não conhecido.

(AROMS 200802280116, JORGE MUSSI, STJ - QUINTA TURMA, DJEDATA:23/03/2012 ..DTPB:.)

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. PROCESSO PENAL.CRIMES DE PREVARICAÇÃO E LAVAGEM DE DINHEIRO. QUEBRA DE SIGILOBANCÁRIO E FISCAL. MEDIDA SUFICIENTEMENTE FUNDAMENTADA. RECURSODESPROVIDO.

1. O direito ao sigilo das informações bancárias e fiscais, não tendo natureza absoluta,pode ser mitigado quando evidenciadas circunstâncias capazes de justificar, no interessecoletivo, ação do Estado voltada à preservação da legalidade. 2. No caso, a quebra desigilo fiscal e bancário foi medida subsidiária e imprescindível à continuidade dasinvestigações. A mitigação do sigilo dos Recorrentes, decretada de modo complementar aoutros meios de provas, foi balizada por depoimentos testemunhais, interceptaçõestelefônicas, e por relatório elaborado pelo COAF, tudo a apontar para indícios deincompatível movimentação bancária, inexplicável evolução patrimonial, entre outrasirregularidades. 3. Recurso desprovido.

(ROMS 201102189437, LAURITA VAZ, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:05/11/2013..DTPB:.)

No caso, a quebra de sigilo dos arquivos constantes em mídia digitais, computadores, etc. é umimperativo lógico de pleno acesso às informações para fins de extração e análise, sob pena deineficácia da liminar deferida.

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2.6. Do compartilhamento de informações entre as searas penal, inclusive em sede deinquérito, e a administrativa:

O DPF pede o compartilhamento de dados com a CGU, o Ministério Público do Estado dePernambuco (GAECO), a Polícia Civil de Pernambuco (DRACCO) e o TCE/PE, enquanto oMPF com eventuais ações de improbidade administrativa.

Ora, o amplo compartilhamento de provas entre a seara penal e a administrativa, inclusive nafase inquisitorial da primeira, está consagrada na jurisprudência, uma vez autorizadojudicialmente.

Por consequência, as decisões que vierem a ser proferidas em quaisquer das referidas instâncias,lastreadas em prova emprestada de outra, igualmente estão legitimadas no sistema pátrio, desdeque respeitado o princípio do devido processo legal em ambas as esferas.

Exemplifico com o seguinte aresto, grifei, mutatis mutandis:

PENAL. PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DESEGURANÇA. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. INQUÉRITO POLICIAL.COMPARTILHAMENTO DE DADOS COM A RECEITA FEDERAL. POSSIBILIDADE.

1. Havendo a válida quebra do sigilo, o compartilhamento dessa prova entre as instituiçõespúblicas, para a correta e completa apuração e apenamento, é medida lídima e necessária.

2. A prova validamente obtida com a quebra de sigilo bancário, em procedimento criminale por motivada decisão, pode ser compartilhada com a Receita Federal, nos termos do quedispõe a Lei nº 105/201.

3. Provido o recurso ordinário em mandado de segurança para o compartilhamento com aReceita Federal, para fins de lançamento tributário, dos dados obtidos em quebra de sigilobancário no inquérito policial de origem.

(RMS 17.915/PR, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em04/12/2014, DJe 18/12/2014)

Pois bem, o hipotético esquema do grupo econômico de fato insere-se no gênero de delitoscontra a administração pública, cuja cooperação integrada entre o DPF, o MPF, a CGU, a RFB eos tribunais de contas é fundamental para descortinar a magnitude e ramificação dos ilícitos.

Somente dessa forma é possível a convergência das ferramentas de controle e análise que cadaórgão detém, no âmbito de sua expertise, em defesa do Estado, estacando-se sangriasfinanceiras e se buscando a reparação dos danos e a punição dos responsáveis.

3. Dispositivo:

Posto isso, ACOLHO, parcialmente, as representações nestes termos:

a) DEFIRO a BUSCA E APREENSÃO nos endereços abaixo:

Alvo Endereço

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Residência de Sebastião Figueiroa deSiqueira

Rua Vigário Barreto, 127, apt. 1002,Graças, Recife/PE

Residência de praia de Sebastião Figueiroade Siqueira

Condomínio Nui Supreme Beach Living,bangalô 21, Muro Alto, Ipojuca/PE

Residência de campo de SebastiãoFigueiroa de Siqueira

Condomínio Asa Branca Residence,casa/flat 05, bloco D14, Gravatá/PE

Residência de campo de SebastiãoFigueiroa de Siqueira

Condomínio Asa Branca Residence, flat 03,bloco D06, Gravatá/PE

Residência de João Pedro Ferreira BeloDaumas

Rua José Bonifácio, 32, apt. 203,Madalena, Recife/PE

Residência de Maria do Socorro ChristianeVasconcelos Pontual

Rua Luiz Guimarães, 411, apt. 303, Poço daPanela, Recife/PE

Gabinete da Superintendente-Geral daAssembleia Legislativa do Estado dePernambuco (SUPERG)

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

Superintendência de Planejamento e Gestãoda Assembleia Legislativa do Estado dePernambuco (SUPLAG)

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

Setor de Licitações e contratos daAssembleia Legislativa do Estado dePernambuco, incluindo a sala de comissãode pregoeiros

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

Onde quer que se encontre na AssembleiaLegislativa do Estado de Pernambuco ocontrato nº 25/2016 e processo de despesa,bem assim o procedimento recente decontratação por meio de adesão à Ata deRegistro de Preço de papeis.

Rua da União, 397, Boa Vista, Recife/PE

b) RECOMENDO que a liminar seja cumprida da forma mais discreta possível em relaçãoà Alepe, com uso de carros não ostensivos e policiais à paisana, se possíveloperacionalmente;

c) AUTORIZO o acesso/arrombamento de cofres encontrados nesses locais, acaso os

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investigados se recusem a abri-los;

d) ORIENTO que os documentos e mídias digitais essenciais para tanto sejamdigitalizados/copiados o mais rapidamente possível e devolvidos de modo a evitar umasolução de continuidade dos contratos em curso e a fiscalização dos órgãos de controle eauditoria;

e) DECRETO a quebra de sigilo de dados digitais sobre todos os equipamentos eletrônicosúteis à investigação que venham a ser encontrados, para fins de perícia pelas autoridadescompetentes;

f) PERMITO o compartilhamento dos elementos colhidos com a CGU, o MinistérioPúblico do Estado de Pernambuco (GAECO), a Polícia Civil de Pernambuco (DRACCO),o TCE/PE e eventuais ações de improbidade administrativa;

g) DETERMINO o afastamento temporário de JOÃO PEDRO FERREIRA BELODAUMAS de seu função de pregoeiro, podendo exercer outras atribuições nãorelacionadas, direta ou indiretamente, à comissão de licitação e às execuções contratuais.Decorrido o prazo de 90 dias, a contar da deflagração, voltem-me os autos para apreciaçãoda manutenção da medida.

Os mandados de busca e apreensão deverão ser cumpridos durante o dia, resguardando-se todosos direitos constitucionais não restringidos por este decisum.

Outrossim, com o fito de garantir a eficácia da deflagração, prossiga sob sigilo a tramitação dopresente procedimento criminal, o qual deverá perdurar até o dia de cumprimento das medidas,levantando-se, em seguida, o segredo de justiça dos autos para pleno acesso dos investigados erespectivas representações jurídicas.

Dê-se ciência, com urgência, ao Departamento de Polícia Federal para os devidosencaminhamentos.

Comunique-se o teor desta decisão ao DPF e ao MPF.

Recife, data da validação.

CESAR ARTHUR CAVALCANTI DE CARVALHOJuiz Federal Titular da 13.ª Vara/PE

Processo: 0811413-29.2020.4.05.8300Assinado eletronicamente por:CESAR ARTHUR CAVALCANTI DECARVALHO - MagistradoData e hora da assinatura: 20/07/2020 14:17:16Identificador: 4058300.15270456

Para conferência da autenticidade dodocumento:

20072013100031200000015310489

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