processo executivo - impugnação ao cumprimento de sentença

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS CURSO DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL III PROCESSO EXECUTIVO – TRABALHO 1. Qual a finalidade da impugnação ao cumprimento de sentença? Quais as possibilidades de seu cabimento? Qual(is) efeito(s) que a impugnação apresentada produz? Impugnação ao Cumprimento de Sentença: A impugnação é a defesa típica do devedor no cumprimento de sentença e encontra-se regulada dos arts. 475-J a 475-M do CPC, sendo sua principal finalidade possibilitar o contraditório. É um ato processual, se faz por meio de uma petição de impugnação. Lavrado o auto de penhora e avaliação, o devedor é intimado para impugnar. A intimação pode ser feita na pessoa de seu advogado (em conformidade com os arts. 236 e 237 do CPC, ou seja, a intimação é feita via imprensa ou por mandado ou correio) ou, na falta deste, pessoalmente ou a seu representante legal, por mandado ou por carta/Correio. A decisão que indefere a impugnação do devedor é decisão interlocutória, por isso o recurso é o agravo de instrumento. A decisão que acolhe a impugnação e extingue a execução tem natureza de sentença. (art. 475-M do CPC). Destarte, enquanto pendente o 1

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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTAS CURSO DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL III PROCESSO EXECUTIVO – TRABALHO1. Qual a finalidade da impugnação ao cumprimento de sentença? Quais as possibilidades de seu cabimento? Qual(is) efeito(s) que a impugnação apresentada produz? Impugnação ao Cumprimento de Sentença: A impugnação é a defesa típica do devedor no cumprimento de sentença e encontra-se regulada dos arts. 475-J a 475-M do CPC, sendo sua principal finalidade possibilitar o contraditório. É um a

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Page 1: Processo Executivo - Impugnação ao Cumprimento de Sentença

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PELOTASCURSO DE DIREITO

DIREITO PROCESSUAL CIVIL III

PROCESSO EXECUTIVO – TRABALHO

1. Qual a finalidade da impugnação ao cumprimento de sentença? Quais as

possibilidades de seu cabimento? Qual(is) efeito(s) que a impugnação

apresentada produz?

Impugnação ao Cumprimento de Sentença:

A impugnação é a defesa típica do devedor no cumprimento de sentença

e encontra-se regulada dos arts. 475-J a 475-M do CPC, sendo sua principal

finalidade possibilitar o contraditório. É um ato processual, se faz por meio de

uma petição de impugnação. Lavrado o auto de penhora e avaliação, o devedor é

intimado para impugnar. A intimação pode ser feita na pessoa de seu advogado

(em conformidade com os arts. 236 e 237 do CPC, ou seja, a intimação é feita

via imprensa ou por mandado ou correio) ou, na falta deste, pessoalmente ou a

seu representante legal, por mandado ou por carta/Correio.

A decisão que indefere a impugnação do devedor é decisão

interlocutória, por isso o recurso é o agravo de instrumento. A decisão que

acolhe a impugnação e extingue a execução tem natureza de sentença. (art. 475-

M do CPC). Destarte, enquanto pendente o processamento do recurso – agravo

de instrumento, a fase de cumprimento de sentença prossegue normalmente.

Mas, se a decisão da impugnação extingue a execução, cabe apelação.

Araken de Assis (cumprimento...,10. Ed., p.313-314) afirma: “Deu-se o

nome de “impugnação” no art. 475-L à oposição incidental do executado contra

os atos executivos e a pretensão a executar. É o único remédio idôneo, conforme

a resolução tomada pelo juis acerca dos requisitos do art. 475-M, caput, a

suspender a execução. Talvez neste aspecto resida a sua mais expressiva e

segura característica. Nenhum outro remédio, além da impugnação, e, a fortiori,

dos embargos (art.741), a exemplo do mandado de segurança, ostentará ope legis

o efeito de travar a marcha da execução. Controverte-se, decerto, o cabimento de

o executado suspender a execução mediante emprego de medida cautelar.(...) a

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impugnação, analogamente aos embargos, e a despeito do último tramitar

sempre de modo autônomo, representa uma ação de oposição à execução. (...)

Todavia , a finalidade defensiva e reativa da impugnação não lhe retira o que é

essencial: o pedido de tutela jurídica do Estado, corrigindo os rumos da atividade

executiva ou extinguindo a pretensão a executar.”

Cabimento:

O devedor não pode alegar qualquer matéria em sua defesa, pois matéria de

defesa tem cognição parcial. O CPC em seu art. 475-L, traz um rol enumerativo

limitando o conteúdo objeto da impugnação. São:

Falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia – nos casos

em que a sentença tenha sido desfavorável ao executado;

Inexigibilidade do título – hipótese de rescisão da decisão judicial no

caso de título ser considerado inexigível por decisão do ST;

Penhora incorreta ou avaliação errônea – penhora e avaliação são

pressupostos básicos para o devedor oferecer a impugnação, se a penhora

for incorreta, este é o momento para o devedor argüir a sua validade;

Ilegitimidade das partes – a legitimidade das partes constitui pressuposto

para o cumprimento da sentença. Tem legitimidade ativa o credor e o MP

nos casos previstos em lei (art.566, I,II do CPC) e legitimidade passiva

em regra aquele vencido na sentença;

Excesso de execução – segundo as hipóteses do art. 743 do CPC, ou seja:

quando o credor pleiteia quantia superior à do título; quando recai sobre

coisa diversa daquela declarada no título; quando se processa de modo

diferente do que foi determinado na sentença; quando o credor, sem

cumprir a prestação que lhe corresponde, exige o adimplemento da do

devedor (art 582); e se o credor não provar que a condição se realizou.

No caso da primeira hipótese de o credor pleitear quantia superior à do

título, o executado deve declarar de imediato o valor que entende correto,

sob pena de rejeição liminar dessa impugnação (§2º, art. 475-L do CPC);

Qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,

como pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição,

desde que superveniente à sentença – este rol é bastante exemplificativo

porém há que se salientar que apesar do dispositivo mencionar causas

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supervenientes à sentença, deve ler-se transito em julgado, ligando ao art.

474 do CPC.

Efeitos:

Quanto aos efeitos do recebimento da impugnação, um dos pontos mais

importantes é que esta não tem o condão de suspender o andamento do

cumprimento da sentença, porém a requerimento do executado, o juiz pode

atribuir à impugnação efeito suspensivo desde que: “...relevantes seus

fundamentos e o prosseguimento da execução seja manifestadamente suscetível

de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação” (art 475-M,

CPC)., há que se observar que os pressupostos legais para a concessão do efeito

suspensivo ao cumprimento da sentença são semelhantes aos de medidas de

urgência.

Nos casos em que for atribuída à impugnação o efeito suspensivo,

valerão os limites objetivo (suspensão apenas em relação à parte da execução

impugnada), subjetivo (suspensão aproveitará a outros devedores, que não

impugnaram, quando o fundamento da impugnação lhes for aproveitável) e

temporal (se a decisão de primeiro grau rejeitar a impugnação, em regra desde

logo se retorna o andamento da execução, pois o recurso cabível, de agravo, não

tem automático efeito suspensivo).

Sobre o processamento determina o CPC, no seu art 475-M, §2º, que

“deferido o efeito suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos

próprios autos e, caso contrário, em autos apartados.”

A lei processual ainda garante ao exeqüente (credor) o direito subjetivo

de obter o prosseguimento da execução (cumprimento de sentença), ainda que o

juiz tenha atribuído efeito suspensivo à impugnação. Para que isto ocorra, deve o

exeqüente oferecer e prestar caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e

prestada nos próprios autos (art. 475-M, §1º do CPC). Ao deferimento de

suspensão determinada pelo juiz cabe agravo de instrumento.

2. Como deve proceder o executado quando penhorado bem classificado como

impenhorável? Há procedimento e prazo específico para manifestar-se? Indique

dispositivos legais, se houver.

O recurso cabível ao executado que tem seu bem penhorado

incorretamente, ou seja , tenha penhora sobre bem impenhorável, deve impugnar

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o cumprimento de sentença, com base no art. 475-L, III, CPC, alegando matéria

específica dos arts. 648 e 649 do CPC.

A impugnação deverá ser apresentada no prazo de 15 dias (art. 475-

J,§1º), a contar da intimação da penhora, sendo juntada nos próprios autos,

quando o juiz deferir “efeito suspensivo” (art. 475-M); se não atribuir este efeito,

processar-se-á em autos apartados (§2º). E será julgada por “decisão

interlocutória” contra a qual cabe agravo de instrumento no tribunal (art. 475-

M,§3º), salvo se extinguir o processo quando cabe apelação.

Neste sentido, Fredie Didier Jr., Rafael Oliveira e Paula Sarno Braga,

afirmam que;: “...a impugnação do executado é precedida da penhora e de

avaliação. Assim, cabe ao executado, se quiser discutir o valor da avaliação,

fazê-lo já na impugnação, sob pena de preclusão. Também é ônus do executado

discutir a validade da penhora em sua impugnação (p. ex., suscitar

impenhorabilidade ou desrespeito à ordem de preferência do art 655 do CPC)”.

3. Explique como deve ser computado o prazo de 15 dias previsto no art. 475-J,

CPC. Há controvérsias a este respeito? Qual o procedimento da jurisprudência?

Nos termos da primeira parte do art. 475-J, o condenado tem 15 dias para

cumprir a sentença líquida. Caso não o faça, responde por multa adicional de

10% do valor da condenação. Isto antecede o início da fase de cumprimento de

sentença, conforme o dispositivo mencionado: não havendo cumprimento no

prazo legalmente fixado, incide a multa “e, a requerimento do credor”, inicia-se

a fase de cumprimento.

A incidência da multa é condicionada a liquidez da condenação, ou seja,

se a sentença for líquida aplica-se imediatamente, caso contrário cabe a

liquidação de sentença para que se verifique o valor da multa.

O dispositivo é controverso pois não deixa claro se a multa aplica-se ao

descumprimento da condenação ainda provisória ou apenas da condenação já

definitiva. No entanto o artigo menciona o “pagamento” e não o simples

depósito em juízo, sob pena de multa, desta forma supõe-se que a multa incida

apenas no descumprimento de sentença já definitiva, pois seria incoerente incidir

penalidade sobre sentença ainda não definitiva. A questão é controvertida.

Controvertido também é o prazo para o cumprimento da sentença sob

pena de multa. Doutrina e jurisprudência dividem-se em 3 opiniões:

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O curso do prazo dependeria de uma intimação pessoal do

condenado, pois não seria razoável impor-lhe uma sanção, como é a

multa, sem que se fizesse uma prévia e direta comunicação acerca das

conseqüências do descumprimento;

O prazo fluiria automaticamente, sem a necessidade de qualquer

comunicação específica para o devedor, pois apenas assim estar-se-ia

respeitando a simplificação procedimental preconizada pelo

legislador e a multa, de resto, já seria uma decorrência estabelecida

na própria lei pelo descumprimento;

O curso do prazo ficaria subordinado a uma intimação não pessoal do

devedor, mas apenas de seu advogado (em regra, pelo órgão de

imprensa oficial), pois assim haveria um ato prévio de ciência, mas

sem um transtorno procedimental maior.

Decorrido o prazo sem cumprimento, além de incidir a multa, abre-se a

oportunidade para o credor pleitear o início da fase executiva.

A primeira tese sufragada pelo STJ no Resp nº 954859/RS, defendia:

“O termo inicial de quinze dias previstos no art. 475-J do CPC, deve ser

o trânsito em julgado da sentença. Passado o prazo da lei, independente de nova

intimação do advogado ou da parte para cumprir a obrigação, incide a multa de

10% sobre o valor da condenação. Se o credor precisar de pedir ao juízo o

cumprimento da sentença, já apresentará o cálculo acrescido da multa. Esse o

procedimento estabelecido na Lei, em coerência com o escopo de tornar as

decisões judiciais mais eficazes e confiáveis. Complicá-lo com filigramas é

reduzir à inutilidade a reforma processual (Resp, 954859, Ministro Humberto

Gomes de Barros).

Contudo esta tese não se manteve e um novo entendimento do STJ acerca

do tema no Resp 940.274/MS veio para pacificar a questão no sentido da

necessidade de intimação do devedor, na pessoa de seu advogado, após

requerimento do credor, acompanhado de memória de cálculo.

Importante precedente da 4ª Turma do STJ, AI 1.136.836/RS, julgado

monocraticamente em 01/06/09, e confirmado em 04/08/09, assim ementado:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL.

EXECUÇÃO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. ART.

475-J DO CPC. LEI N. 11.232 DE 2005. MULTA.

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PRAZO DO ART. 475-j DO CPC. TERMO INICIAL.

PRIMEIRO DIA ÚTIL POSTERIOR A PUBLICAÇÃO

DA INTIMAÇÃO DO DEVEDOR NA PESSOA DO

ADVOGADO.

1. A fase de cumprimento de sentença não se efetiva de

forma automática, ou seja, logo após o trânsito em

julgado da decisão. De acordo com o art. 475-J c/c os

arts. 475-B e 614,II, todos do CPC, cabe ao cabe ao

credor o exercício de atos para o regular cumprimento

de decisão condenatória, especialmente requerer ao

juízo que dê ciência ao devedor sobre o montante

apurado, consoante memória de cálculo discriminada e

atualizada.

2. Concedida a oportunidade para o adimplemento

voluntário do crédito exeqüendo, o não-pagamento no

prazo de quinze dias importará na incidência sobre o

montante da condenação de multa no percentual de dez

por cento (art. 475-J do CPC), compreendendo-se o

termo inicial do referido prazo o primeiro dia útil do

posterior à data da publicação de intimação do devedor

na pessoa de seu advogado.

3. Agravo de instrumento conhecido para conhecer em

parte do recurso especial e dar-lhe provimento.

4. Comente sobre os sujeitos legitimados para a propositura do processo executivo.

Ao tratar da legitimidade na execução, a doutrina frequentemente alude à

legitimidade (ativa ou passiva) originária e derivada (ou superveniente),

ordinária ou extraordinária. Porém estas categorias não são exclusivas do

processo de execução e sim de todas as áreas do processo civil.

O CPC dispõe sobre a legitimação na propositura da ação forçada nos

arts. 566 e 567. O primeiro dispositivo normatiza a legitimação originária, ou

seja, aquela que decorre do conteúdo do próprio título executivo e compreende:

a) “O credor a quem a lei confere título executivo” (art.566,I).

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É a hipótese mais comum de legitimação ativa. Aquele cuja condição de

credor é atribuída diretamente pelo título executivo. Assim, no título judicial,

credor ou exeqüente será o vencedor da causa, como tal apontado na sentença. E,

no título extrajudicial, será a pessoa em favor de quem se contraiu a obrigação.

Além de ser parte legítima o interessado deve: ser capaz, ou ser

representado de acordo com a lei civil pelo pai, tutor ou curador e outorgar

mandato a advogado.

b) “o Ministério Público nos casos prescritos em lei” (art. 566,II).

Esta é a legitimação ativa extraordinária, ele é considerado pelo Código

ora na função de órgão agente (art.81), ora de órgão interveniente (art.82).

Quando nos casos previstos em lei, exercer o direito de ação, caber-lhe-

ão “os mesmos poderes e ônus que tocam às partes da relação processual”. (art.

81).

Daí a sua legitimidade ad causam, também, para promover a execução de

sentença (art. 566, II), sempre que for colocado na posição de órgão agente.

Um exemplo de ação do Ministério Público é o que consta no art. 68 do

CPP, possibilitando a execução no juízo civil, de sentença penal condenatório

para vítima pobre.

c) “o espólio, os herdeiros ou os sucessores do credor, sempre que, por

morte deste, lhes for transmitido o direito resultante do título executivo”

(art.567,I).

Esta é denominada a legitimação ativa derivada ou superveniente, e

possibilita o espólio (patrimônio deixado pelo falecido, enquanto não ultimada a

partilha entre os sucessores – representado pelo inventariante - art. 12,V) de ser

parte legitima ativa ou passiva até a partilha, quando esta então passará a ser

exclusiva dos sucessores. Não o fazendo o inventariante (espólio) tem os

sucessores individualmente ou em litisconsórcio a legitimidade para pedir a

execução.

d) “o cessionário, quando o direito resultante do título executivo lhe foi

transferido por ato entre vivos” (art. 567, II).

Considera-se cessionário o beneficiário da transferência negocial de um

crédito por ato inter vivos, oneroso ou gratuito.

Neste caso a legitimação também é derivada ou superveniente. O crédito

tem de ser passível de cessão, que deve estar documentalmente comprovada.

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Diferentemente do processo de conhecimento, o cessionário já em processo de

execução não necessita da anuência do devedor para assumir a posição

processual do cedente, o que afasta a norma geral do art. 42, §1º e aplica a regra

específica constante no art. 567, caput.

e) “o sub-rogado, nos casos de sub-rogação legal ou convencional” (art.

567, III).

Sub-rogado é aquele que paga a dívida de outrem, assumindo todos os

direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo credor contra o devedor

principal e seus fiadores (CC art. 349).

Também é denominada legitimação derivada ou superveniente. As

hipóteses de sub-rogação estão nos arts. 346 e 347 do CC, e deve provar a sub-

rogação.

O fiador que paga a dívida pelo afiançado se sub-roga no crédito, isto

ocorrendo no decurso do processo, poderá executá-lo no mesmo processo (art.

595, § único), o que também se aplica ao sócio que paga a dívida da sociedade

(art. 596, §2º).

f) a massa falida, condomínio e herança jacente ou vacante.

São hipóteses não previstas na Lei, no entanto como massas que são e

equiparando-se ao espólio, também podem figurar no processo executivo. A sua

representação estão definidas no art. 12, III,IV,IX, e a massa do devedor civil

insolvente, representada pelo administrador conforme art. 766,II.

Esta legitimação é superveniente extraordinária.

5. Comente sobre a responsabilidade primária e secundária no processo executivo.

A responsabilidade da pessoa do devedor é exclusivamente patrimonial,

ou seja, incorre sobre seus bens. Assim o objeto da execução são os bens e

direitos que se encontram no patrimônio do executado, salvo em o devedor de

alimentos onde a sanção pode chegar a prisão, nenhuma outra condenação civil

abrangerá além do patrimônio do devedor.

Há que se distinguir a dívida como um direito material e a

responsabilidade como uma noção absolutamente processual. Daí a

possibilidade da dívida ser de um devedor e a responsabilidade recair sobre

patrimônio de outro.

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A responsabilidade patrimonial do devedor se estende ao patrimônio

presente e futuro (art. 591). A responsabilidade não se prende à situação do

devedor no momento da constituição da obrigação e sim da sua execução.

O sujeito passivo da execução e portanto, primário é normalmente aquele

vencido na ação de conhecimento ou o devedor que figure como tal no título

extrajudicial ( art. 568,I). São os bens desta pessoa que estão sujeitos à

execução forçada.

Contudo, a lei estendeu a responsabilidade patrimonial a pessoas que não

são parte da execução. Ou seja, a execução atinge bens de pessoas que não

fazem parte do processo: são terceiros na relação, a responsabilidade secundária,

conforme o art. 592 do CPC. “Ficam sujeitos à execução dos bens:

I- do sucessor a título singular, tratando-se

de execução fundada em direito real ou

obrigação reipersecutória;

II- do sócio, nos termos da lei;

III- do devedor, quando em poder de

terceiros;

IV- do cônjuge, nos casos em que os seus

bens próprios, reservados ou de sua

meação respondem pela dívida;

V- alienados ou gravados com ônus real em

fraude de execução.”

Assim, estes indivíduos respondem com seu patrimônio sem figurarem

no pólo passivo da execução. Como bem leciona Humberto Theodor Junior, em

sua obra Curso de Direito Processual Civil, V2.

“Para o direito formal, por conseguinte, a responsabilidade patrimonial

consiste apenas na possibilidade de algum ou de todos os bens de uma pessoa

serem submetidos à expropriação executiva, pouco importando seja ela

devedora, garante ou estranha ao negócio jurídico substancial.”

Há que se salientar, que apesar do princípio da responsabilidade do

devedor no direito recaia nos bens do seu patrimônio, este princípio sofre duas

exceções como ensina Cândido Rangel Dinamarco, (em sua obra Execução

Civil, 3ª Ed, p. 291) “... a) há bens do devedor que não respondem por suas

obrigações; b) há bens de terceiros que respondem por elas”.

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Page 10: Processo Executivo - Impugnação ao Cumprimento de Sentença

Referência Bibliográfica:

ASSIS, Araken de. Cumprimento de Sentença. Rio de Janeiro: Forense, 2006.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Execução Civil, 3ª Ed. , São Paulo, Malheiros,

1993.

JURISWAY – disponível em <htp://www.jurisway.org.br/v2/cursoentrar.asp?

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JURISWAY – disponível em HTTP://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?

id_dh=378 acesso em 03 mai 2011.

DIREITO INTEGRAL – disponível em

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acesso em 03 mai 2011.

THEODORO JUNIOR, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Processo de

Execução e Cumprimento de Sentença, Processo Cautelar e Tutela de Urgência. Rio

de Janeiro: Forense, 2009.

WAMBIER, Luiz Rodrigues. ALMEIDA, Flavio Renato Correia de. TALAMINI,

Eduardo. Curso Avançado de Processo Civil, volume 2: execução. 10ª edição ver.

Atualizada e ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008.

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