processo executivo

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I Jornadas de Estudos dos Agentes de Execu I Jornadas de Estudos dos Agentes de Execu ç ç ão ão Mesa 2 Mesa 2 Fase 2 do Processo Executivo Fase 2 do Processo Executivo Joel Timóteo Ramos Pereira Juiz de Direito de Círculo Espinho, 9 de Abril de 2010

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Joel Timóteo

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  • I Jornadas de Estudos dos Agentes de ExecuI Jornadas de Estudos dos Agentes de Execuoo

    Mesa 2 Mesa 2

    Fase 2 do Processo ExecutivoFase 2 do Processo Executivo

    Joel Timteo Ramos PereiraJuiz de Direito de Crculo

    Espinho, 9 de Abril de 2010

  • I. Introduo

    2

    FASES DO PROCESSO EXECUTIVO

    Fase Inicial1

    1) Agente de execuo requer ao exequente a dotao de proviso inicial;2) Agente de execuo analisa o processo3) Caso aplicvel, remete para despacho liminar.4) Citao prvia (incluindo do executado quando no sejam encontrados bens)5) Consultas para identificao de bens penhorveis6) Envio ao exequente de relatrio das diligncias para identificao dos bens7) Pedido de proviso para a fase seguinte

    Artigo 15. da Portaria n. 331-B/2009

    Fase da Penhora2

    1) Penhora de bens2) Citao dos credores3) Citao de terceiros (cnjuges, titulares inscritos no registo)4) Pedido de proviso para a fase seguinte

    Fase do Pagamento3

    1) Venda2) Adjudicao3) Pagamento4) Elaborao da conta5) Extino da execuo

  • II. Penhora de Bens

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    ORDEM PREFERENCIALArtigo 834., n. 1

    Depsitos Bancrios1

    Rendas, abonos, vencimentos, salrios2

    Ttulos e valores mobilirios3

    Mveis sujeitos a registo [valor 1 superior ao custo da venda]4

    Quaisquer bens valor pecunirio de fcil realizao5

    Bens Imveis ou Estabelecimento ComercialMesmo que no se adeqe, por excesso, ao montante do crdito exequendo, quando a penhora de outros bens presumivelmente no permita satisfao integral do credor no prazo de 6 meses (artigo 834., n. 2 do CPC).

    Ac. Relao Lisboa, 30.06.2009, proc. 31795/04:

    Sem prejuzo do controlo judicial e no respeito dos critrios legais, ao agente de execuo (e no ao exequente) que cabe a escolha dos bens a penhorar e a ordem de realizao da penhora.

  • II. Penhora de Bens

    4

    1. DEPSITOS BANCRIOSArtigo 861.-A CPC

    A penhora que incida sobre depsito existente em instituio bancria depende de despacho judicial, que pode integrar-se no despacho liminar (quando a este haja lugar)

    Depende de prvio despacho judicial

    O agente de execuo tem que requerer prolao de despacho nesse sentido

    O arrolamento dos bens de cnjuges, designadamente de depsitos bancrios, no inviabiliza a sua possvel movimentao pelo seu titular. Com este arrolamento especial no se pretendeu impedir a normal utilizao dos bens arrolados, mas apenas obviar o seu extravio ou dissipao, que se atinge com a descrio, avaliao e depsito dos bens.

    Distino com o arrolamento de depsitos bancrios (com possvel posterior penhora)

    Diferente a penhora, pois verifica-se uma autntica apreenso, ficando a instituio responsvel pelo valor penhorado (cfr. n. 11). O n. 9 do artigo 861.-A prescreve que a cativao da totalidade do saldo existente em cada instituio apenas se efectua por comunicao expressa do agente de execuo a confirmar a realizao da penhora (com salvaguarda do mnimo impenhorvel art. 824., n. 3)

  • II. Penhora de Bens

    5

    2. PENHORA DE DIREITOSArtigos 856. e ss.

    Crditos1

    Ttulos de crdito e valores mobilirios2

    Direitos ou expectativas de aquisio3

    Rendas, abonos, vencimentos ou salrios4

    [ Depsitos Bancrios ]5

    Direito a bens indivisos6

    Quotas em sociedades7

    Estabelecimento comercial8

  • II. Penhora de Bens

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Embora o crdito de IVA possa ser meramente contabilstico e relativamente impenhorvel, atento o disposto no artigo 8. do Decreto-Lei n. 122/88, de 20 de Abril, na redaco que lhe foi dada pelo Decreto-Lei n. 233/91, de 26 de Junho, tal alegao s pode produzir efeito jurdico se for produzida no prazo de dez dias a contar da notificao que seja efectuada pelo agente de execuo aos Servios de Reembolso do IVA, nos termos do artigo 856., n. 1 do CPC.

    Penhora de crditos de IVA

    Assento n. 2/94, STJ, de 25.11.1993, DR, I-A, 08.02.1994Quando o devedor de crdito penhorado no tiver prestado no acto da notificao da penhora declaraes sobre a existncia do crdito, as garantias que o acompanham, a data do vencimento e outras circunstncias que interessem execuo, deve faz-lo no prazo geral de [cinco] dias sob a cominao de se haver como reconhecida a existncia da obrigao nos termos em que o crdito foi nomeado penhora.

    O silncio do devedor produz um efeito cominatrio pleno, equivalente presuno juris et de jure, isto , inilidvel, da existncia da obrigao, nos termos da indicao do crdito penhora(Ac. Relao do Porto, 01.03.2010, proc. 672/07.5

  • II. Penhora de Bens

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Penhora de crditos de IVA

    Notas:

    No Acrdo do Tribunal da Relao do Porto citado, no teve vencimento a posio que era sufragada pelo recorrente (Ministrio Pblico), ou seja, que s poderia ser penhorado quando oferecido penhora pelo prprio credor do mesmo [o executado].

    A jurisprudncia anterior, que a da Relao do Porto vem contrariar e que foi sustentada pelo Ministrio Pblico, era precisamente no sentido de haver uma impenhorabilidade relativa, isto , de s poderem ser penhorados quando oferecidos penhora pelo prprio credor dos mesmos, tudo se passando para efeitos de responsabilizao subsidiria como se o patrimnio do devedor originrio no possusse bens ou bens suficientes para satisfao do crdito em cobrana. Cfr. Ac. TCAS 0720/2003, de 08.06.2004.

    Importa ainda questionar se o artigo 8. do DL. 122/88, de 20/4,que declara impenhorveis os crditos de IVA, a menos que sejam oferecidos penhora pelo prprio sujeito passivo, viola o princpio da proporcionalidade e constitui uma intolervel e injustificada limitao realizao do crdito em desconformidade com os artigos 2., 20. e 62. da Constituio da Repblica.

  • II. Penhora de Bens

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Um crdito titulado por uma aplice de plano poupana reforma, cujo vencimento s ocorre quando o titular atinge uma determinada idade (v.g., 60 ou 65 anos) pode ser penhorado e o vencimento da aplice ser antecipado para esse momento ?

    Penhora de valor investido em PPR

    Os PPRs so produtos de poupanas.

    Os Planos de Poupana so constitudos por certificados nominativos de um fundo de poupana que podem ter a forma de um fundo autnomo de uma modalidade de seguro do ramo vida, em que o ttulo representado pela respectiva aplice artigos 1, ns 4 e 6 do DL 158/2002 de 2 de Julho.

    Estes planos de poupana reforma do lugar a fundos de poupana reforma especialmente vocacionados para a longa durao e, que se caracterizam pela solidez do seu investimento e, foram institudos pelo DL 205/98 de 27 de Junho.

  • II. Penhora de Bens

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Um crdito titulado por uma aplice de plano poupana reforma, cujo vencimento s ocorre quando o titular atinge uma determinada idade (regra, 60 anos) pode ser penhorado e o vencimento da aplice ser antecipado para esse momento ?

    Penhora de valor investido em PPR

    O artigo 4. do Dec.-Lei n. 158/2002, de 02.07 estabelece quando pode ocorrer o reembolso:

    a) Reforma por velhice do participante;b)Desemprego de longa durao do participante ou de qualquer dos membros do agregado familiar;c)Incapacidade permanente para o trabalho do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado familiar, qualquer que seja a sua causa;d) Doena grave do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado familiar;e) A partir dos 60 anos de idade do participante;f) Frequncia ou ingresso do participante ou de qualquer dos membros do seu agregado familiar em curso do ensino profissional ou do ensino superior, quando geradores de despesas no ano respectivo.

  • II. Penhora de Bens

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Penhora de valor investido em PPR

    Cfr., no entanto, artigo 4., n. 5: fora das situaes previstas nos nmeros anteriores o reembolso do valor do PPR/E pode ser exigido a qualquer tempo, nos termos contratualmente estabelecidos e com as consequncias previstas nos nmeros 4 e 5 do artigo 21. do Estatuto dos Benefcios Fiscais.

    Ou seja, deve ser interpretado que o resgate pode ser antecipado [neste caso, de forma forada por imposio de penhora que sobrepe-se aos direitos contratuais] ainda que sob a penalizao para o respectivo titular da perda dos benefcios fiscais atribudos como contrapartida da sua constituio em prazo e condies determinados na lei.

    Um crdito titulado por uma aplice de plano poupana reforma, cujo vencimento s ocorre quando o titular atinge uma determinada idade (regra, 60 anos) pode ser penhorado e o vencimento da aplice ser antecipado para esse momento ?

  • II. Penhora de Bens

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    2.1. PENHORA DE CRDITOSArtigo 856., n. 1

    Penhora de valor investido em PPR

    , pois, possvel o resgate de tais aplicaes atravs da penhora para satisfao do crdito do exequente, de acordo com o princpio geral do artigo 601. do Cdigo Civil e 821. do CPC que o patrimnio do devedor responde pelas suas dvidas.

    Logo, as entidades gestoras de fundos de poupana, enquanto depositrias, dispem de valores que esto obrigadas a resgat-los nos termos da lei cf. arts 1 a 4 do DL 158/2002 de 2 de Julho e no se podem recusar a esse resgate.

    Na jurisprudncia, cfr. Ac. Relao do Porto, 06.05.2008, proc. 0723831; Ac. Relao de Guimares, 22.03.2006, CJ, II, p. 268

    Um crdito titulado por uma aplice de plano poupana reforma, cujo vencimento s ocorre quando o titular atinge uma determinada idade (regra, 60 anos) pode ser penhorado e o vencimento da aplice ser antecipado para esse momento ?

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    2.2. DIREITOS OU EXPECTATIVAS AQUISIOArtigo 860.-A

    Posio de promitente-comprador1

    Posio de preferente com eficcia real2

    Contrato-promessa de compra e venda, transmisso ou constituio de outros direitos reais sobre bens imveis ou mveis sujeitos a registo, com eficcia real (artigo 413. e 830., n. 1 do Cdigo Civil)

    Titular de direito de preferncia legal ou convencional, desde que com eficcia real

    Posio de locatrio em locao financeira3

    Expectativa do fideicomissrio4

    Artigo 9., n. 1, al. c) e 10., n. 2, al. f) do Dec.-Lei n. 149/95, de 24.07

    Artigos 2293. e 2294. do Cdigo Civil

    Expectativa na Reserva de propriedade5Expectativa de aquisio do bem vendido com reserva de propriedade artigo 409., n. 1 CC.

  • II. Penhora de Bens

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    2.2. DIREITOS OU EXPECTATIVAS AQUISIOArtigo 860.-A

    Regime geral previsto para penhora de crditos (860.-A, 1)

    Agente de execuo notifica o outro sujeito da relao jurdica (v.g., promitente-vendedor).

    Contedo: O direito ou a expectativa de aquisio ficam ordem do agente de execuo, devendo o notificando declarar se o direito / expectativa existe e, em caso afirmativo, as respectivas condies e termos ou se a obrigao respectiva j est em fase de incumprimento.

    Prazo: 10 dias para notificando responder.

    Como seprocessa

    a penhora ?

  • II. Penhora de Bens

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    2.2. DIREITOS OU EXPECTATIVAS AQUISIOArtigo 860.-A

    Como seprocessa

    a penhora ?

    Se o bem objecto do direito / expectativa estiver na posse do executado

    V.g., prdio em contrato-promessa que tenha sido objecto de tradio. Agente de execuo procede apreenso do bem (artigo 860.-A, n. 2)

    Se for um bem sujeito a registo, a apreenso deve ser registada provisoriamente, para permitir a sua posterior converso em penhora e produzir efeitos em relao a terceiros, nos termos do artigo 2., n. 1, alnea n) in fine do CRPredial.

    A apreenso s se transformar em penhora sobre o bem a que se refere o direito ou expectativa se ocorrer a consumao da aquisio pelo executado desse bem (art. 860.-A, n. 3 do CPC).

  • II. Penhora de Bens

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Previso

    O artigo 862. refere-se penhora de quinho em patrimnio autnomo e de direito a bem indiviso no sujeito a registo.

    A penhora consiste unicamente na notificao do facto ao cabea-de-casal(administrador dos bens) e aos contitulares, com a advertncia que o direito do executado fica ordem do agente de execuo, desde a data da primeira notificao efectuada (artigo 862., n. 2 CPC).

    Quid juris quando a penhora do direito aco e herana abranja bens (imveis ou mveis) sujeitos a registo ?

  • II. Penhora de Bens

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Direito aco e herana que abrange bens sujeitos a registo

    A herana, antes da partilha, constitui uma universitas juris, um patrimpatrimnio autnio autnomonomo, com contedo prprio, que, de algum modo, se confunde com a figura da compropriedade. No se trata, pois, da penhora de direito a bem imvel concreto indiviso.

    At partilha, os direitos dos herdeiros recaem sobre o conjunto da herana; cada herdeiro apenas tem direito a uma parte ideal da herana e no a bens certos e determinados desta. S depois da realizao da partilha que o herdeiro poder ficar a ser proprietrio ou comproprietrio de determinado bem da herana.

    Na penhora de bem concreto indiviso sujeito a registo, por aplicao do art. 862., n. 1 a contrario e dos artigos 838, n. 1, 851., n. 1 ex vi 863., a penhora realiza-se mediante comunicao electrnica Conservatria ou entidade competente para o registo, sem prejuzo de ulteriormente se proceder s notificaes previstas no art. 862., n. 1

  • II. Penhora de Bens

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Direito aco e herana que abrange bens sujeitos a registo

    Por isso, a penhora s pode incidir sobre o direito do executado herana, ou seja, sobre uma quota-ideal do patrimnio hereditrio e nunca sobre algum ou alguns dos bens certos e determinados que compem a herana.

    Ou seja, consiste apenas na notificao do facto ao cabea-de-casal, enquanto administrador dos bens (art. 2079. do CC), e aos co-herdeiros, com a expressa advertncia de que o direito do executado fica ordem do agente de execuo.

    A notificao aos co-herdeiros tem por finalidade possibilitar a estes o exerccio do direito de preferncia na venda do direito penhorado, que lhes assiste por fora do disposto no n. 1 do artigo 2130. do CC.

    Por isso, na venda judicial do direito herana ilquida e indivisa, devem os co-herdeiros ser notificados, na qualidade de titulares de um direito de preferncia, do dia, hora e local aprazados para a abertura das propostas, a fim de poderem exercer o seu direito no prprio acto, se alguma proposta for aceite (cfr. art. 892., n. 1 CPC).

  • II. Penhora de Bens

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Direito aco e herana que abrange bens sujeitos a registo

    certo que o artigo 863. enuncia que subsidiariamente aplicvel penhora de direitos o disposto nas subseces anteriores para a penhora das coisas imveis e das coisas mveis.

    Mas nem todas as normas relativas penhora de bens imveis e de bens mveis podem ser aplicadas penhora de direitos a bens indivisos ou a patrimnios autnomos.

    V.g., a penhora sobre o direito a bens indivisos s registvel quando a indiviso respeite a um nico bem sobre o qual sejam registveis direitos. o caso da penhora do direito a um bem imvel.

    Se compreender vrios bens, o registo no necessrio e nem sequer se pode fazer, por no se poder determinar seno depois da diviso, a qual ou quais bens respeita o direito. o caso da penhora do direito a uma herana ilquida e indivisa (quota ideal)

  • II. Penhora de Bens

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Abrange os frutos (rendimentos), por via do artigo 842. ?

    A penhora de bens imveis abrange o prdio com todas as suas partes integrantes e os seus frutos, naturais ou civis, desde que no sejam expressamente excludos e nenhum privilgio exista sobre eles (art.842., n.1 CPC).

    este regime tambm aplicvel aos bens imveis que faam parte de uma herana ilquida e indivisa ?

    -- Diz-se fruto de uma coisa tudo o que ela produz periodicamente, sem prejuzo da sua substncia (art 212, n 1 do CC).

    -- Os frutos so naturais ou civis; dizem-se naturais os que provm directamente da coisa, e civis as rendas ou interesses que a coisa produz em consequncia de uma relao jurdica (n 2 do mesmo preceito).

    -- apenas os frutos naturais (pendentes) podem ser penhorados separadamente, como coisas mveis (art. 842., n. 2 CPC.

  • II. Penhora de Bens

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    2.3. DIREITO ACO E HERANAArtigo 862.

    Abrange os frutos (rendimentos), por via do artigo 842. ?

    certo que o artigo 842. aplicvel, por fora do artigo 863., penhora de direitos.

    Tal possvel se a penhora incidir sobre o direito do executado a um bem bem determinadodeterminado, como no caso da compropriedadecompropriedade: tendo o comproprietrio direito a uma quota-parte daquele bem em concreto (artigo 1403. do CC), tem igualmente direito a idntica quota-parte dos frutos daquele bem, pelo que a penhora do direito abrange a penhora dos frutos

    Porm, a penhora do direito herana incide sobre a quota-ideal do executado num patrimnio composto por vrios bens e no sobre a quota-parte de um bem determinado daquele patrimnio.

    Ora, se o executado no tem direito a uma quota-parte de determinado bem da herana, no tem tambm direito aos frutos produzidos por aquele bem, pelo que a penhora do direito herana no os pode abranger nos termos do 842/1.

    Logo, tambm no possvel penhorar direito do executado aos rendimentos de um determinado bem de uma herana ilquida e indivisa.

  • II. Penhora de Bens

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    Comunicao ao servio de registo1

    Auto de penhora2

    A penhora de bem mvel sujeito a registo (v.g., automvel) efectiva-se por comunicao electrnica do agente de execuo ao servio de registo competente (v.g. Conservatria do Registo Automvel) art. 838., n. 1 e 2 ex vi 851.

    seguidamente, o agente de execuo lavra auto de penhora (838., n. 3)

    Imobilizao3Aps, o veculo imobilizado por selos ou imobilizadores de apreenso (851., n. 2)

    Remoo do veculo4S sucede se o agente de execuo entender necessrio para a salvaguarda do bem (851., n.3 CPC).

    possvel a apreenso antes antes de efectuado o registo da penhora ?

  • II. Penhora de Bens

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antes antes de efectuado o registo da penhora ?

    Ac. Relao de Guimares, 28.05.2009, proc. 940/07.6 [regime anterior ao DL 226/2008, de 20.11]

    I - A apreenso do veculo pode preceder o registo da penhora, no obstante o disposto nos arts851 e 838 n 1 do CPC.

    II- Deve proceder-se prvia apreenso do veculo e/ou recolha de informaes sobre a sua existncia e valor comercial que justifique a sua penhora, se existirem dvidas fundadas sobre essa existncia e valor .

    III - O art. 833. n. 1 do CPC permite interpretao extensiva no sentido da admissibilidade da prvia apreenso, que pode constituir diligncia til para a efectivao da penhora e, consequentemente, para a prossecuo do fim ltimo da prpria execuo.

    Actual 833.-A, n. 2 (que diverge apenas no segmento em que previa a aplicao dos termos gerais do registo, cuja referncia deixou de estar no texto legal).

  • II. Penhora de Bens

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antes antes de efectuado o registo da penhora ?

    O art. 851. n. 1 manda aplicar o art 838 penhora de bens mveis sujeitos a registo, com as necessrias adaptaes.

    1) A teleologia do artigo 851., n. 1

    Isto significa que a sequncia dos actos estabelecida no n. 2 do art. 851. n 2 pode no ser imperativamente obrigatria e tal ordem ser ajustada ao fim til da execuo (penhora que permita a posterior satisfao do crdito exequendo).

    Pode afigurar-se intil penhorar, atravs da comunicao electrnica, um veculo automvel sem previamente se apurar se o mesmo ainda existe e tem valor comercial que justifique a sua ulterior apreenso e venda.

    2) O princpio geral da inadmissibilidade da prtica de actos inteis (137 CPC)

    Estas diligncias so diligncias teis para a efectivao da penhora e, consequentemente, para a prossecuo do fim ltimo da prpria execuo.

  • II. Penhora de Bens

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antes antes de efectuado o registo da penhora ?

    Esta interpretao no susceptvel de causar qualquer prejuzo ao executado, nem obsta ao exerccio pelo mesmo de qualquer direito processual ou substantivo.

    3) O princpio da ponderao de direitos

    O legislador pretendeu agilizar os procedimentos processuais, para que seja satisfeito o crdito exequendo, no s com eficincia, como com a necessria celeridade.

    4) A teleologia das alteraes introduzidas pela reforma da aco executiva

    Entre essa medidas esto as atinentes penhora de bens imveis e de bens mveis sujeitas a registo, a realizar por comunicao electrnica respectiva Conservatria, as quais visam, no essencial, assegurar a precedncia do registo da penhora, perante o registo de qualquer outro direito sobre o mesmo.

    Ateno: Esta prtica no pode desvirtuar o carcter subsidirio da remoo, prevista no n.3 do artigo 851., que s pode ser efectuada para a salvaguarda do bem.

  • II. Penhora de Bens

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    3. PENHORA DE VECULO AUTOMVELArtigo 851., n. 2

    possvel a apreenso antes antes de efectuado o registo da penhora ?

    Ac. Relao de Coimbra, 14.10.2008, proc. 2547/06.6 (no mbito do regime anterior)

    I - Em face do estatudo nos artigos 832 e 833 do CPC, legalmente admissvel e atrecomendvel que, previamente comunicao conservatria, o agente de execuo colha informaes sobre a existncia do veculo, o seu estado e valor de mercado;

    II - Quando isso se mostre imprescindvel, para a proficincia da penhora, nada impede que, antes da comunicao ao registo, se proceda apreenso do veculo, a fim de aquilatar do seu estado e valor de mercado;

    III - As alteraes introduzidas pelo mencionado Dec.-Lei n 38/2003, no regime da penhora de veculos, no visou a proteco do devedor/executado, mas sim agilizar a execuo, no interesse do exequente; ;

    IV - O exequente no pode ser forado a pagar os encargos com o registo de penhoras improfcuas, registadas sem a necessria averiguao prvia.

  • II. Penhora de Bens

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?

    Questiona-se, nos casos em que inexista venda, da necessidade de prolao de despacho por juiz, ordenando o levantamento de uma penhora que tenha sido efectuada, mas cuja venda se tornou desnecessria ou supervenientemente intil.

    o artigo 919. do CPC que fixa os casos de extino de execuo, designadamente por pagamento, inutilidade superveniente ou outracausa de extino

    1) Com a extino da execuo, todos os actos de penhora ou apreenso caducam automaticamente, sem necessidade de qualquer despacho.

    2) Nos casos em que tenha havido comunicao a servios de registo para penhora, deve tambm remeter-se comunicao da extino da execuo, para o consequente cancelamento do registo.

  • II. Penhora de Bens

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?

    3) A penhora deixa de subsistir por decorrncia da prpria extino da execuo, sem necessidade de qualquer despacho judicial ou inclusivamente sem necessidade de qualquer deciso do agente de execuo.

    4) No est processualmente prevista a interveno do juiz na fase de extino da execuo (cfr., a contrario, para o AE, artigo 847. CPC)

    5) O nico caso em que o juiz determina o levantamento de penhora resulta da procedncia da oposio execuo ou da oposio penhora, por decorrncia do efeito til desse incidente processual.

    6) Finalmente, em bom rigor, o juiz s teria competncia para determinar o levantamento de penhora que tivesse ordenado, o que seria v.g., o caso da penhora de depsitos bancrios. Todas as penhoras de demais bens so actos prprios do agente de execuo.

  • II. Penhora de Bens

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?

    7) No que se refere a uma eventual exigncia dos Conservadores:

    Acrdo da Relao de Lisboa, de 13.01.2009, proc. 9613/2008-7:

    I - No compete ao Conservador do Registo Predial, em obedincia ao princpio da legalidade, aquilatar da verificao de eventuais violaes de lei processual civil na execuo em cujo mbito se procedeu penhora.

    II - Face s alteraes introduzidas pelo DL. 38/08 de 08.03, de acordo com as quais deixou de ser requisito da penhora um despacho determinativo da mesma, com excepo do que respeita penhora de depsitos bancrios, o ttulo que fundamenta o registo de uma penhora o requerimento executivo.

    III - Perante a apresentao de um pedido de registo, o conservador recusa o registo se severificar algum dos casos previstos no art. 69 do CRP, ou determina a sua feitura provisria por dvidas (art. 70 do CRP), prevendo a lei, expressamente, que tal dever ser feito em caso de registo de penhora quando exista sobre os bens registo de aquisio ou reconhecimento do direito de propriedade ou de mera posse a favor de pessoa diversa do executado ou requerido.

  • II. Penhora de Bens

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    4. LEVANTAMENTO DA PENHORAArtigo 919.

    necessria a prolao de despacho judicial de levantamento de penhora ?

    8) No caso do Conservador do Registo recusar o cancelamento da penhora, resta o recurso hierrquico ou o recurso do acto do Conservador para o Tribunal

    No entanto, questiona-se sobre a legitimidade para a interposio desse recurso. O interesse relevante pertence ao executado e no ao agente de execuo. No exigvel a este mais do que o cumprimento da comunicao da extino da execuo, a partir de cujo momento cessa a fonte que legitima a sua interveno processual.

    Por isso, considera-se que do acto de recusa deve ser notificado o executado para osfins que tiver por convenientes, uma vez que o seu bem que est onerado e, portanto, tem interesse directo na regularizao da instncia registral.

  • III. Citao dos Credores

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    Reclamao de Crditos e ExecuoArtigos 864. e ss.

    admissvel o prosseguimento da instncia pelo Agente de Execuo para a fase da venda sem que tenha conhecimento da existncia de credores admitidos ?

    1) Sim. Os casos de suspenso da instncia executiva so exclusivamente os previstos nos artigos 818. (oposio) 825. (separao bens comuns casal), 863.-B (oposio com prestao de cauo), 870. (insolvncia), 875. (caso em que os credores e agente de execuo acordam nessa suspenso), 882.(pagamento em prestaes).

    2) A reclamao e graduao de crditos um apenso declarativo, distinto da instncia executiva (art. 868. ss)

    3) A reclamao de crditos que pode ser suspensa (cfr. 868., n. 5)

  • III. Citao dos Credores

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    Reclamao de Crditos e ExecuoArtigos 864. e ss.

    admissvel o prosseguimento da instncia pelo Agente de Execuo para a fase da venda sem que tenha conhecimento da existncia de credores admitidos ?

    4) O prosseguimento do apenso de verificao e graduao de crditos no obsta venda ou adjudicao dos bens penhorados, incluindo os que garantam crditos dos reclamantes.

    5) A prova disso o disposto no artigo 865., n. 3 do CPC a execuo prossegue e at ao momento da transmisso dos bens penhorados os credores com garantia real que no tenham sido citados podem reclamar espontaneamente os seus crditos.

    6) O agente de execuo no deve, todavia, aps a venda ou adjudicao, proceder ao pagamento (ao exequente ou aos credores) enquanto no for proferida sentena de graduao no apenso de reclamao de crditos.

  • III. Citao dos Credores

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    Reclamao de Crditos e ExecuoArtigos 864. e ss.

    admissvel o prosseguimento da instncia pelo Agente de Execuo para a fase da venda sem que tenha conhecimento da existncia de credores admitidos ?

    Acrdo da Relao do Porto, de 11.05.2006, proc. 0632162

    I- O processo de reclamao e graduao de crditos um verdadeiro processo declarativo de estrutura autnoma, embora funcionalmente subordinado ao processo executivo, e no um mero incidente da aco executiva.

    II- Suspensa a instncia executiva por ocorrer acordo de pagamento em prestaes da dvida exequenda (ut art 882 CPC), o facto de data dessa suspenso ainda no estarem publicados os anncios para citao dos credores desconhecido no constitui, s por si, obstculo ao prosseguimento da reclamao de crditos, muito menos sendo fundamento para a extino da instncia de reclamao de crditos por impossibilidade legal superveniente desta lide.

    III- Face e para os efeitos do disposto no art 885 do CPC, na redaco emergente do DL n38/2003, de 08.03, no obstculo ao impulso da execuo pelo credor reclamante o facto de o seu crdito ainda no ter sido admitido, bastando que o crdito esteja vencido.

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    Obrigado pela atenObrigado pela ateno dispensada.o dispensada.

    Joel Timteo Ramos PereiraJuiz de Direito de Crculo

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