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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE DIREITO PROCESO PROCESSO CIVIL III SENTENÇA Perfil MARÇO DE 2014 DIREITO PROCESSO CIVIL III, um resumo do assunto que foi 1

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

DIREITO PROCESO PROCESSO CIVIL III

SENTENA

Perfil

MARO DE 2014

DIREITO PROCESSO CIVIL III, um resumo do assunto que foi desenvolvido durante o perodo de aulas do primeiro bimestre letivo no ano de dois mil e quatorze. Esse trabalho tem a finalidade de preencher a lacuna de contedo perdido devido, faltas durante perodo de 19/03 a 29/03 desse mesmo ano.

UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

RAQUEL TOLEDO DE ALMEIDA MENDES31292828

TRABALHO DE PESQUISA DIREITO PROCESSO CIVIL III

ORIENTADORA: Profa. Dra. Maurita Baldin Altino Teodoro

CAMPINAS2014DIREITO PROCESSUAL CIVILSENTENA E COISA JULGADA1- CONCEITOUma vez procurada pelas partes para compor litgios, deve sempre a tutela jurisdicional ser exercitada pelo instrumento estatal de garantia, que o processo. Retirada a inrcia da jurisdio pela iniciativa da parte, desenvolve-se esse instrumento pelo impulso oficial, pois de interesse pblico o fim do processo, no podendo ele perpetuar-se indefinidamente no tempo. Em observncia a tais regras estabelece o Cdigo de Processo Civil diversas formas de extino do processo. A primeira delas a extino sem resoluo de mrito, obtida pelo proferimento de sentena terminativa (CPC, art. 267), meramente declaratria da inexistncia do direito do autor a uma sentena de mrito, pela ausncia dos requisitos de admissibilidade da abordagem da relao jurdica de direito material existente entre as partes (condies da ao ou pressupostos processuais). ela forma anmala de extino do processo, pois no aplica o direito ao caso concreto e, portanto, no pacifica socialmente nem compe definitivamente o litgio entre as partes.Art. 267. Extinguese o processo, sem resoluo de mrito:c Caput com a redao dada pela Lei no 11.232, de 22-12-2005.I quando o juiz indeferir a petio inicial;c Art. 295 deste Cdigo.II quando ficar parado durante mais de um ano por negligncia das partes;III quando, por no promover os atos e diligncias que lhe competir, o autor abandonar a causa por mais de trinta dias;c Sm. no 240 do STJ.IV quando se verificar a ausncia de pressupostos de constituio e de desenvolvimento vlido e regular do processo;V quando o juiz acolher a alegao de perempo, litispendncia ou de coisa julgada;c Art. 268, pargrafo nico, deste Cdigo.VI quando no concorrer qualquer das condies da ao, como a possibilidade jurdica, a legitimidade das partes e o interesse processual;VII pela conveno de arbitragem;c Inciso VII com a redao dada pela Lei no 9.307, de 23-9-1996.VIII quando o autor desistir da ao;c Arts. 26, 158, pargrafo nico, 253, II, 298, pargrafo nico, 317, 485, VIII, e 569, pargrafo nico, deste Cdigo.IX quando a ao for considerada intransmissvel por disposio legal;X quando ocorrer confuso entre autor e ru;c Arts. 381 a 384 do CC.XI nos demais casos prescritos neste Cdigo. 1o O juiz ordenar, nos casos dos nos II e III, o arquivamento dos autos, declarando a extino do processo, se aparte, intimada pessoalmente, no suprir a falta em quarenta e oito horas. 2o No caso do pargrafo anterior, quanto ao no II , as partes pagaro proporcionalmente as custas e, quanto ao no III , o autor ser condenado ao pagamento das despesas e honorrios de advogado (artigo 28).c Arts. 26 e 28 deste Cdigo. 3o O juiz conhecer de ofcio, em qualquer tempo e grau de jurisdio, enquanto no proferida a sentena de mrito, da matria constante dos nos IV, V e VI; todavia, o ru que a no alegar, na primeira oportunidade em que lhe caiba falar nos autos, responder pelas custas de retardamento.c Art. 301, 4o, deste Cdigo. 4o Depois de decorrido o prazo para a resposta, o autor no poder, sem o consentimento do ru, desistir da ao.c Arts. 26 e 297 deste Cdigo.A segunda forma de extino aquela decorrente da autocomposio entre as partes, atravs da renncia, reconhecimento jurdico do pedido ou transao (CPC, art. 269, II, III e V). Esta extino tambm no obtida pela tutela jurisdicional plena, pois o acordo de vontades dispensa o rgo jurisdicional da abordagem do mrito da lide, funcionando ele como simples homologador. Difere da deciso terminativa pela definitividade decorrente da homologao judicial, caracterstica essa que levou o legislador a equipar-la sentena demrito propriamente dita, pois serve como forma final de composio de litgios, com fora plena de pacificao social.Art. 269. Haver resoluo de mrito:c Caput com a redao dada pela Lei no 11.232, de 22-12-2005.II quando o ru reconhecer a procedncia do pedido;c Art. 26 deste Cdigo.III quando as partes transigirem;c Arts. 840 a 850 do CC.V quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ao.c Incisos I a V com a redao pela Lei no 5.925, de 1o-10-1973.c Art. 26 deste Cdigo.

Outra forma de extino do processo o reconhecimento da prescrio e decadncia. Novamente o legislador outorgou a tais decises fora equivalente quela que analisa o mrito da lide, muito embora no exista por parte do juiz real aplicao do direito material ao caso concreto. Tal opo justifica-se pela fora definitiva das decises que reconhecem a decadncia (fenmeno extintivo do direito material alegado pela parte) ou a prescrio (fenmeno extintivo do direito de ao, o qual atinge indiretamente o direito material), tambm pacificadoras do conflito de interesses entre as partes (CPC, art. 269, IV). Art. 269. Haver resoluo de mrito:IV quando o juiz pronunciar a decadncia ou a prescrio;c Art. 219, 5o, deste Cdigo.c Smulas nos 149, 150, 151, 153, 154, 383, 443, 445 e 494 do STF.c Smulas nos 101 e 119 do STJ.Por fim, temos na sentena de mrito (CPC, art. 269, I) a forma normal de extino do processo, por ser o ato do juiz pelo qual ele aplica o direito material genrico ao caso concreto, com base nas alegaes de fato e de direito existentes no processo. Art. 269. Haver resoluo de mrito:c Caput com a redao dada pela Lei no 11.232, de 22-12-2005.I quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;

Tal providncia decorre do acolhimento ou no do pedido mediato formulado pelo autor, atravs do exerccio pleno da jurisdictio. Nosso Cdigo optou por assim definir sentena: ato do juiz que implica alguma das situaes previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei (CPC,art. 162, 1).Art. 162. Os atos do juiz consistiro em sentenas, decises interlocutrias e despachos. 1o Sentena o ato do juiz que implica alguma das situaes previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.c 1o com a redao dada pela Lei no 11.232, de 22-12-2005.

Proferida e publicada a sentena, esgota o juiz sua atividade jurisdicional no processo, s podendo modific-la para corrigir, de ofcio, erro de clculo e inexatido material, ou por meio de embargos de declarao.A primeira hiptese diz respeito ausncia de correspondncia entre a vontade do julgador e o texto reproduzido na deciso. A segunda ser objeto de estudo mais aprofundado no captulo dos recursos (Captulo XXIX). Entretanto, o mesmo diploma frisa a necessidade da distino acima feita, pelas evidentes consequncias em todo o estudo desse tpico.

2- REQUISITOS FORMAIS DA SENTENAVm eles previstos no art. 458, consistindo no relatrio, na fundamentao (motivao) e no dispositivo (deciso). Por esses requisitos depreende-se ser a sentena ato formal e lgico do juiz, baseada nas teses e antteses das partes, desenvolvida e fundada em premissas legais.Art. 458. So requisitos essenciais da sentena:I o relatrio, que conter os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do ru, bem como o registro das principais ocorrncias havidas no andamento do processo;II os fundamentos, em que o juiz analisar as questes de fato e de direito;III o dispositivo, em que o juiz resolver as questes, que as partes lhe submeterem.c Arts. 126, 131 e 165 deste Cdigo.c Lei no 6.899, de 8-4-1981, determina a aplicao da correo monetria nos dbitos oriundos e deciso judicial.220J a correta exegese do art. 459 aponta para a desnecessidade de as sentenas terminativas (CPC, art. 267) e definitivas, previstas no art. 269, II a V, serem proferidas contendo os trs elementos formais referidos, impostos estes apenas sentena definitiva que acolha ou rejeite o pedido do autor (CPC, art. 269, I).

Art. 459. O juiz proferir a sentena, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido formulado pelo autor.Nos casos de extino do processo sem julgamento do mrito, o juiz decidir em forma concisa.c Arts. 20, 128, 267, 269 e 513 deste Cdigo.Pargrafo nico. Quando o autor tiver formulado pedido certo, vedado ao juiz proferir sentena ilquida.c Sm. no 318 do STJ.

3- RELATRIO mera descrio ftica do sucedido no processo, consistindo no nome das partes, na suma do pedido, na resposta do ru e no registro das principais ocorrncias. A sua ausncia causa de nulidade da sentena, mas eventual imperfeio, omisso ou irregularidade no gera qualquer prejuzo parte, contanto que todos os pontos necessrios para a deciso sejam objeto da fundamentao.

4- FUNDAMENTAO a parte da sentena na qual o juiz analisar os motivos de fato e de direito que justificaro sua concluso, demonstrando seu raciocnio lgico, outorgando s partes o conhecimento do porqu da deciso e dando amparo interposio de recursos. Sem ser ordem obrigatria, geralmente a fundamentao aborda primeiro as preliminares de mrito, depois as questes prejudi ciais internas e, por fim, o mrito da demanda, sendo irrelevante a ordem de anlise das questes de fato ou de direito.A ausncia de fundamentao causa de nulidade absoluta da sentena, enquanto a omisso, obscuridade ou contradio podem ser sanadas pelos embargos de declarao.5- DISPOSITIVO a concluso do raciocnio lgico, a deciso propriamente dita. A ausncia de dispositivo motivo de inexistncia de sentena, ausncia de coisa julgada. a parte da sentena que declara o porqu da extino do processo, seja pelo reconhecimento de carncia, seja pelo acolhimento ou no da pretenso de direito material do autor.No mbito geral deve a sentena ser clara, de modo que no deixe margem para interpretaes dbias, proferida em lngua ptria e precisa, consubstanciando certeza ainda quando a relao jurdica for condicional (CPC, art. 460, pargrafo nico).Art. 460. defeso ao juiz proferir sentena, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, bem como condenar o ru em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.c Arts. 128 e 293 deste Cdigo.Pargrafo nico. A sentena deve ser certa, ainda quando decida relao jurdica condicional.c Pargrafo nico acrescido pela Lei no 8.952, de 13-12-1994.

6- VCIOS DA SENTENAOs vcios da sentena esto intimamente ligados inobservncia do pedido formulado pelo autor, limite legal abrangncia do julgado.No se justifica a jurisdio conceder mais do que foi pedido ou o que no foi pedido, sob pena de se proferir julgamento de ofcio (inrcia da jurisdio) e deixar de decidir sobre o que foi requerido (indeclinabilidade da jurisdio).Os vcios referidos so:a) Extra petita. O juiz decide sobre causa no proposta ou no deduzida sob forma de pedido. Neste vcio o pedido do autor permanece sem resposta jurisdicional, j que o provimento reconhece ou afasta pretenso jamais formulada nos autos. A nulidade nesses casos absoluta, atingindo todo o julgado.b) Ultra petita. O juiz decide alm do que foi formulado nos autos. Em tal julgamento o pedido do autor foi objeto de anlise, mas o sentenciante, extrapolando sua funo no processo, incluiu no julgamento algo no pedido. A nulidade s atinge o que de excessivo constar da sentena, permanecendo esta ntegra na parte referente anlise do pedido solicitado nos autos.c) Citra petita. O julgamento aqum do solicitado pelo autor, deixando o juiz de analisar parte do pedido ou algum dos diversos formulados. A superior instncia tem oscilado no que respeita ao reconhecimento da nulidade dessa deciso viciada. Para uns a sentena validada em relao aos pedidos abordados, remetendo-se o recorrente ao autnoma quanto s pretenses no analisadas.J para outros a deciso nula na integralidade, implicando devoluo dos autos ao primeiro grau, para julgamento completo dos pedidos.Questo relevante a constatao de ausncia de coisa julgada parte do pedido no objeto de deciso. Se, por exemplo, em ao de reintegrao de posse, cumulada com perdas e danos, o julgador deixa de apreciar este ltimo, sobrevindo o trnsito em julgado da sentena bom tal vcio, nada impede a propositura de nova ao com o pedido de perdas e danos no apreciado (ausncia de coisa julgada sobre o que no foi objeto de deciso).

7- CLASSIFICAO DAS SENTENAS PELA NATUREZA DO PROVIMENTO JURISDICIONALDiversas so as classificaes conhecidas das sentenas, sendo a mais relevante a estabelecida em relao natureza do provimento jurisdicional postulado nas aes de conhecimento, ou seja, qual o tipo de sentena de mrito esperada pelo interessado. Podem ser elas:a) Meramente declaratrias (art. 4). Nestas o autor limita-se a pedir ao Judicirio que estabelea a existncia ou no da relao jurdica alegada na inicial, sem qualquer outra consequncia prtica a ser suportada pelo ru. So exemplos tpicos de sentenas declaratrias as de nulidade de casamento, as de usucapio e investigao de paternidade. Uma vez declarado o estado jurdico da relao existente ou no entre as partes, esgota-se a atividade jurisdicional ante a plena satisfao do autor, com retroao de seus efeitos data em que a relao jurdica se formou (existncia) ou data em que jamais deveria ter sido considerada como formada (inexistncia). a produo do efeito ex tunc. Deve ser observado, ainda, serem todas as sentenas de improcedncia (no acolhimento da pretenso de direito material do autor) meramente declaratrias da inexistncia da relao jurdica afirmada pelo autor em sua inicial.b) Condenatrias. So aquelas nas quais o sentenciante, aps certificar- -se da existncia do direito da parte vencedora, profere deciso condenando o adverso a uma obrigao de fazer ou no fazer, pagar quantia certa em dinheiro ou dar coisa certa ou incerta. No se esgota a jurisdio com a simples declarao do direito, sendo necessrio o cumprimento espontneo da obrigao fixada na sentena pelo perdedor ou, caso haja recusa, o prosseguimento do processo, com adoo de medidas coercitivas visando o cumprimento da deciso e a satisfao do credor. Se antes do advento da Lei n. 11.232, de 22 de dezembro de 2005, era necessria a instaurao de uma ao autnoma de execuo, como formao de uma nova e independente relao jurdica processual, aps a sua entrada em vigor todo e qualquer ato visando a satisfao do credor praticado no prprio processo de conhecimento, na fase de cumprimento da sentena. Tm elas tambm efeito ex tunc, retroagindo a condenao data de constituio do devedor em mora.Como exemplos temos a cobrana de despesas de condomnio, a demolitria etc.c) Constitutivas. Visam modificao, criao ou extino de uma relao jurdica preexistente. Diversamente das decla ratrias, destinadas outorga de certeza jurdica, e das conde natrias, as quais fixam prestao parte perdedora, as sentenas constitutivas vo gerar novos efeitos sobre situaes jurdicas pretritas, atravs de sua alterao, desconstituio ou criao de uma nova. Tm tais decises fora executiva prpria e imediata, independente do processo de execuo, valendo como marco inicial do novo status jurdico,ou seja, com efeitos ex nunc. So exemplos as sentenas anulatrias de casamento, as de divrcio, as de separao e as que versem sobre direitos reais (direito de sequela).

8- EFEITOS DA SENTENAO principal efeito da sentena, sob a anlise meramente processual, o de extinguir o processo (efeito formal).As sentenas terminativas so aquelas que possuem apenas esse efeito formal, ou seja, por no abordar a questo de mrito da lide, tm como efeito principal e nico a extino do processo.J as sentenas definitivas (de mrito), alm de trazerem consigo o efeito formal de extino do processo, geram efeitos materiais, na medida em que abordam a lide submetida a julgamento. Esses efeitos materiais, projetados para fora do processo, so inmeros, conforme seja a natureza do provimento jurisdicional obtido pelo vencedor.Assim, a condenatria tem o condo de impor ao devedor uma prestao; a declaratria outorga certeza jurdica sobre a relao deduzida em juzo; a constitutiva determina a constituio ou desconstituio de situaes jurdicas.Como efeito secundrio da sentena condenatria que impe ao ru pagamento de prestao consistente em dinheiro ou em entrega de coisa, pela probabilidade de ela ser satisfeita apenas atravs de medidas estatais coercitivas, temos a hipoteca judi cial. Incide esta sobre bens imveis, com inscrio na forma prescrita pela Lei de Registros Pblicos, mesmo sendo a condenao genrica, pendente arresto de bens do devedor ou ainda quando o credor possa promover a execuo provisria da sentena (CPC, art. 466). Tem ela efeito de garantia real, com direito de sequela, mas sem a preferncia includa na hipoteca convencional, e pode ser determinada de ofcio pelo juiz.

9- CONCEITO DE COISA JULGADAMuito embora definida antigamente como efeito da sentena, a mais moderna doutrina a conceitua como sendo dela uma simples qualidade. Essa qualidade a imutabilidade dos seus efeitos. Logo, coisa julgada a imutabilidade da prpria sentena e de seus efeitos formais e materiais.Essa imutabilidade criada pela impossibilidade da deciso ser atingida por eventual recurso da parte, ou seja, ela gerada pelo trnsito em julgado da sentena.Todas as sentenas transitadas em julgado geram um efeito especfico, que a extino do processo, sendo elas definitivas ou terminativas. o fenmeno da coisa julgada formal, consistente na imutabilidade do efeito formal de extino dentro do prprio processo, pelo fato de a sentena no estar mais sujeita a nenhum recurso ordinrio ou extraordinrio.As sentenas terminativas fazem apenas coisa julgada formal, pois no analisada a questo de direito material, ante a ausncia de algum dos requisitos de admissibilidade do mrito. Uma vez sanado o vcio, nada impede a propositura de nova ao.J a sentena de mrito, alm do efeito formal de extino do processo e conforme j analisado no tpico anterior (efeitos das sentenas), uma vez transitada em julgado, tem fora de lei nos limites da lide e das questes decididas (CPC, art. 468), tornando imutveis seus efeitos materiais, projetveis para fora do processo. a coisa julgada material, portanto, a imutabilidade dos efeitos materiais exclusiva da sentena de mrito, a qual impede o reexame da lide em qualquer outro processo. O remdio correto para a retirada (desconstituio) da imutabilidade dos efeitos materiais da sentena a ao rescisria. Logo, descabida a ao rescisria de deciso meramente terminativa, geradora de simples efeito formal de extino do processo, por ser possvel parte ajuizar nova demanda. Frise-se apenas no ser a enunciao legal contida no dispositivo da sentena o que lhe outorga caractersticas de deciso de mrito ou no, mas sim o seu prprio contedo, no podendo a parte suportar prejuzos em decorrncia do emprego de termos equivocados pelo julgador.10- 109 LIMITES OBJETIVOS E SUBJETIVOS DA COISA JULGADA10.1- LIMITES OBJETIVOSA coisa julgada tem seus limites objetivos fixados conforme a anlise dos prprios elementos objetivos da ao (pedido e causa de pedir).S atingida pela imutabilidade a parte dispositiva da sentena, no fazendo coisa julgada os motivos do raciocnio lgico desenvolvido pelo juiz na sentena, por mais importantes que sejam. Da mesma maneira, a verdade dos fatos estabelecida como fundamento da sentena e as questes prejudiciais decididas incidentemente no processo tambm esto excludas da imutabilidade (CPC, art. 469).Uma mesma causa de pedir ftica ou jurdica pode servir de embasamento a vrias aes. No se conceberia um julgador permanecer vinculado anlise dos fatos ou do direito feita por outro juiz, em processo diverso, de modo a vedar o exerccio de sua jurisdio.Entretanto, por falta de tcnica processual, no raramente so encontradas na fundamentao matrias que deveriam fazer parte do dispositivo da sentena. Por no ser a colocao formal da deciso a razo de sua imutabilidade, foroso concluir serem tais decises, trazidas equivocadamente na fundamentao, atingidas pela coisa julgada material.Devemos lembrar aqui a importncia da declarao incidente. ela o instrumento do interessado para alterar a natureza da questo prejudicial interna, fazendo com que o julgador traga sua deciso para a parte dispositiva da sentena, de modo que seja atingida pela coisa julgada material.A exceo de coisa julgada s pode ser alegada quando entre as aes houver identidade dos seus trs elementos (igualdade de partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido).O art. 471 abre possibilidade de rediscusso sobre questes j objeto de sentena de mrito quando a relao jurdica for continuativa e sobreveio modificao no estado de fato ou de direito utilizado pelo julgador na anterior deciso. Em tais hipteses a parte poder pedir a reviso da sentena (ex.: ao de alimentos). So os casos de julgamento rebus sic stantibus, comportando a anterior sentena alterao por nova ao, ajuizada perante o juiz de primeiro grau. importante ter em mente no ser esta hiptese exceo ao limite material da coisa julgada, pois a nova ao versar sobre questes de fato ou de direito diversas da anterior, refugindo exigncia da identidade doselementos (nova causa de pedir), muito embora sirva como forma de revogao da sentena ante rior, proferida com base em situaes fticas no mais existentes.Outro limite objetivo o do duplo grau de jurisdio obrigatrio ou reexame necessrio. Por vezes o interesse pblico exige, obrigatoriamente, o reexame da sentena pela instncia superior, independentemente do recurso voluntrio das partes, no produzindo efeitos (coisa julgada) a sentena: a) proferida contra a Unio, o Estado, o Distrito Federal, o Municpio e as respectivas autarquias e fundaes de direito pblico; b) que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos execuo de dvida ativa da Fazenda Pblica, enquanto no observado o duplo grau de jurisdio obrigatrio.Tal exigncia fica dispensada sempre que a condenao ou o direito controvertido no exceder a sessenta salrios mnimos ou quando a sentena estiver fundada em smula ou jurisprudncia do plenrio do Supremo Tribunal Federal ou do tribunal superior competente.

10.2- LIMITES SUBJETIVOSO limite subjetivo da coisa julgada est ligado ao elemento subjetivo da ao, as partes. A coisa julgada no pode beneficiar nem prejudicar terceiros, fazendo lei apenas entre as partes, conforme disposio do art. 472.Nesse ponto torna-se necessria a diferenciao entre eficcia da sentena e autoridade da coisa julgada. A imutabilidade dos efeitos materiais da sentena de mrito s atinge as partes. Entretanto, impossvel se torna o no atingimento indireto de terceiros pela deciso, como ocorre no caso do credor de uma nota promissria que v seu devedor ser vencido em ao movida por terceiro, sobrevindo desfalque de seu patrimnio.Logo, a eficcia da sentena, por ser ato emanado do Poder Pblico, exige respeito de todos os cidados, mesmo que ela surta prejuzo ftico, e no jurdico (perda de um direito), na esfera pessoal de terceiros.J a autoridade da coisa julgada, como imutabilidade dos efeitos e impossibilidade de rediscusso, s oposta contra quem participou do processo (partes).Se um devedor solidrio acionado pelo credor e, aps condenado, paga em juzo a dvida, adquire direito regressivo proporcional com relao aos demais devedores solidrios excludos pelo credor da ao. Entretanto, no novo processo sujeitar-se- ele a todas as alegaes dos demais codevedores, como, por exemplo, a prescrio, no sendo atingidos pela imutabilidade do efeito material da condenao aqueles que no foram parte no feito originrio.Nas causas relativas ao estado das pessoas, se houverem sido citados no processo, em litisconsrcio necessrio, todos os interessados, a sentena produzir coisa julgada em relao a terceiros (erga omnes) (art. 472).Suponha-se uma ao de investigao de paternidade ajuizada por filho concebido fora da constncia do casamento. A legitimidade passiva exclusiva do pretenso pai, e nenhum herdeiro ou cnjuge poder participar do processo, por ausncia de vnculo jurdico com a questo proposta. Uma vez reconhecida a paternidade, ser ela oposta a qualquer pessoa, por ser a sentena declaratria outorgante de status jurdico inerente prpria pessoa. Logo, estas sentenas demandam no s respeito quanto sua eficcia (inerente a todas as sentenas e de todos exigido), como tambm obedincia sua autoridade (imutabilidade do status reconhecido em sentena oposta a todos).22811- EFICCIA PRECLUSIVA DA COISA JULGADAA coisa julgada restringe-se ao deduzido pelas partes em juzo e ao objeto da deciso de mrito.Entretanto, o art. 474 do Cdigo de Processo Civil estipula serem presumidas como deduzidas e repelidas todas as alegaes e defesas que a parte poderia opor assim ao acolhimento como rejeio do pedido, o que pode fazer crer ser a coisa julgada extensvel inclusive ao que no foi objeto de anlise nos autos. A prpria etimologia da expresso coisa julgada (objeto de julgamento) indica ser tal raciocnio equivocado.A regra mencionada precisa ser analisada em confronto com o princpio da eventualidade, a teoria da substanciao e o conceito de precluso.Pelo princpio da eventualidade, todas as teses de direito possveis e condizentes com a lide devem ser deduzidas pelas partes no momento oportuno (inicial e contestao), sob pena de precluso (perda da faculdade processual de trazer aos autos suas dedues anteriormente omitidas).Se a coisa julgada s faz lei entre as partes no que se refere s questes decididas e nos limites da lide, mister se faz resolver qual a natureza da proibio de rediscusso em outro processo das questes e defesas no levantadas nos autos em momento oportuno e que serviriam para o acolhimento ou rejeio do pedido. Coisa julgada inexiste, simplesmente pela ausncia de deciso sobre a alegao ou defesa omitida. Precluso, na acepo normal da palavra, tambm no explica o instituto, por ser esse fenmeno endoprocessual, ocorrente apenas dentro do prprio processo, sem projees externas que atinjam a rbita do direito material das partes.A soluo reside na conjugao dos dois conceitos, surgindo o que a doutrina nomina de eficcia preclusiva da coisa julgada. ela espcie de precluso, decorrente do trnsito em julgado da sentena, diversa das demais, pois se projeta para fora do processo, impedindo parte omissa que rediscuta em novo processo alegao ou defesa que deveria ter trazido aos autos no momento correto (princpio da eventualidade).Vejamos o seguinte exemplo: A ajuza ao visando o cumprimento de um contrato firmado com B. A ao julgada procedente, condenando-se B ao cumprimento de suas obrigaes contratuais.Aps o trnsito em julgado da sentena, B prope ao, com base no mesmo contrato, visando compelir A ao cumprimento de suas obrigaes contratuais. Estaria essa ao vedada em seu exerccio pela existncia de coisa julgada?O fato jurdico versado nos autos (os fatos constitutivos do direito do autor e sua interpretao jurdica) o mesmo do antigo processo, e competia ao ru alegar em sua defesa a exceo de contrato no cumprido, como forma de impedir sua condenao. Em sendo essa defesa passvel de alegao no processo por B para se opor ao acolhimento do pedido de A e no formulada no momento oportuno, com o trnsito em julgado da condenao tornou-se preclusa a faculdade dessa alegao, consubstanciada a eficcia preclusiva da coisa julgada. E esta eficcia de precluso decorrente do trnsito em julgado se projeta para fora do processo.Portanto, a ao deixar de ser admitida pela ausncia de interesse de agir na espcie, ante a desnecessidade de nova manifestao do Judicirio sobre o mesmo fato jurdico. A alegao deveria ter sido deduzida no processo original, e no mediante nova provocao da jurisdio. Muito embora no exista coisa julgada no caso em tela, pois a anlise dos elementos da ao indica para a divergncia de pedidos, o art. 474 torna clara a carncia de ao de B nessa nova demanda (CPC, art. 295, III), exigindo a inicial pronto indeferimento.

Bibliografia :

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