processo civil

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PROCESSO CIVIL – AULA 01 – 22/02/2011 – [email protected] I. Jurisdição 1. Conceito – atividade do Estado, cujo objetivo é a solução de conflitos ou a administração de interesses. 2. Princípios . a. Princípio da inércia – este princípio estabelece que o Estado só exercerá a atividade jurisdicional se for devidamente provocado. Esta provocação ocorre através de uma ação judicial (artigo 02 do CPC 1 ). Todavia, o juiz poderá, excepcionalmente, determinar de ofício (sem requerimento das partes) a abertura de um inventário. b. Princípio do acesso à justiça – este princípio estabelece que todas as pessoas físicas ou jurídicas tem amplo acesso ao poder judiciário. 3. Classificação a jurisdição pode ser contenciosa e voluntária. a. Contenciosa – caracteriza-se pela existência de um conflito. Nesse caso, o Estado atua na solução dos litígios (Exemplos: ação de indenização) a si apresentado pelas partes. Portanto, tem como fato gerador a pré-existência de uma lide. Nesta modalidade de jurisdição, os componentes da relação jurídica são denominados partes. Nesse caso, a atividade jurisdicional é chamada de substitutiva, isso porque a vontade do Estado substitui a vontade das partes. A sentença proferida no processo em sede de jurisdição contenciosa poderá ser de qualquer modalidade. Nesse caso, após a resolução do litígio por manifestação judicial de cunho decisório, essa decisão é 1 “Art. 2 o Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais”.

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Page 1: Processo Civil

PROCESSO CIVIL – AULA 01 – 22/02/2011 – [email protected]

I. Jurisdição

1. Conceito – atividade do Estado, cujo objetivo é a solução de conflitos ou a administração de

interesses.

2. Princípios .

a. Princípio da inércia – este princípio estabelece que o Estado só exercerá a atividade

jurisdicional se for devidamente provocado. Esta provocação ocorre através de uma ação judicial

(artigo 02 do CPC1). Todavia, o juiz poderá, excepcionalmente, determinar de ofício (sem

requerimento das partes) a abertura de um inventário.

b. Princípio do acesso à justiça – este princípio estabelece que todas as pessoas físicas ou

jurídicas tem amplo acesso ao poder judiciário.

3. Classificação – a jurisdição pode ser contenciosa e voluntária.

a. Contenciosa – caracteriza-se pela existência de um conflito. Nesse caso, o Estado atua na

solução dos litígios (Exemplos: ação de indenização) a si apresentado pelas partes. Portanto, tem

como fato gerador a pré-existência de uma lide. Nesta modalidade de jurisdição, os componentes

da relação jurídica são denominados partes. Nesse caso, a atividade jurisdicional é chamada de

substitutiva, isso porque a vontade do Estado substitui a vontade das partes. A sentença proferida

no processo em sede de jurisdição contenciosa poderá ser de qualquer modalidade. Nesse caso,

após a resolução do litígio por manifestação judicial de cunho decisório, essa decisão é apta a

formalizar coisa julgada. A ação rescisória é a competente para rescindir sentença proferida em

jurisdição voluntária.

b. Voluntária – nessa modalidade jurisdicional, não há conflito de interesses, não há litígio.

Com efeito, o Estado atuará apenas na administração dos interesses (Exemplo: ação de divórcio

consensual, pedido de alvará judicial). O elemento essencial da jurisdição voluntária é ajuste comum

entre as partes. Nesta modalidade de jurisdição, os componentes da relação jurídica são

denominados interessados. Nesse caso, a atividade jurisdicional é chamada de integrativa, isso

1 “Art. 2o  Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais”.

Page 2: Processo Civil

porque, nesse caso, não há substituição da vontade das partes pela decisão do Estado, uma vez que

não há conflito. O estado, nesse ínterim, apenas integraliza a vontade dos interessados, que não

surtirá efeitos senão por integralização do Estado. A sentença proferida em face de uma jurisdição

voluntária é denominada sentença homologatória. Nesse caso, não se vislumbra a existência de

coisa julgada. A ação para reincidir a sentença proferida em jurisdição voluntária é a anulatória.

OBS – o inventário é um procedimento de jurisdição contenciosa, mesmo havendo consenso entre os

herdeiros, haja vista que essa ação não depende apenas de mera composição entre os herdeiros.

Fazer relação dos procedimentos de jurisdição voluntária, a partir do artigo 1.103 do CPC.

4. Mecanismos alternativos à jurisdição – nesse caso, não há necessidade de recorrer-se ao

Estado para solução do conflito, havendo vias diversas para esse fim, as quais são:

a. Arbitragem – Lei 9.307/96 – nada mais é que a solução privada de um conflito, ou seja, não

há atuação do Estado na solução do litígio. Essa modalidade de solução de conflito é sempre opção

das partes (não é obrigatória).

Aqui, não existe a figura do juiz, mas sim, do arbitro, que pode ser qualquer pessoa, que atuará

como uma espécie de mediador.

O arbitro exerce as mesmas funções do juiz, salvo a determinação de medidas coercitivas.

Para que possa submeter o conflito à arbitragem, é necessária a presença de 02 (dois) requisitos

cumulativos, senão vejamos:

As partes do conflito têm que ser pessoas capazes;

O conflito só pode versar sobre direitos disponíveis;

Pode-se optar pela arbitragem as pessoas que: tentam fugir da burocracia do processo, buscam

celeridade. A arbitragem é considerada mais técnica que o processo judicial, pois é solucionada por

especialistas no conflito posto à composição.

A arbitragem não é acordo, mais sim método de solução de conflitos alheios à atividade

jurisdicional.

As partes podem expressar a sua opção pela arbitragem pelo mecanismo da convenção de

arbitragem. Existem duas modalidades de convenção de arbitragem, quais sejam, cláusula

compromissória e compromisso arbitral.

A cláusula compromissória é uma cláusula inserida no contrato, onde as partes optam pela

arbitragem antes mesmo da ocorrência de um conflito.

O compromisso arbitral é um termo pactuado pelas partes após a ocorrência do conflito.

Page 3: Processo Civil

O resultado da arbitragem é uma sentença, que é a sentença arbitral, a qual possui as seguintes

características: Autônoma, ou seja, não necessita da homologação do poder judiciário; é irrecorrível,

ou seja, não é passível de ser atacada por recurso judicial; faz coisa julgada, ou seja, é imutável após

sua prolação; constitui título executivo judicial , sendo passível de ser objeto de execução apenas no

poder judiciário.

b. Justiça desportiva – artigo 217, CF2 – a justiça desportiva é totalmente privada, não é estatal.

Essa justiça é competente para solucionar conflitos relativos ao desporto, tais como: regras e

doping.

c. Inventário extrajudicial e divórcio extrajudicial, ambos introduzidos pela lei 11.441/07. Esses

procedimentos são realizados em um cartório de notas, mediante a confecção de uma escritura

pública, que detém presunção de veracidade. Para tanto, é necessário a observância de alguns

requisitos:

Necessidade de agente capaz;

Não pode existir conflito;

II. Competência

Conceito – limite da atividade jurisdicional. O legislador criou critérios para a fixação da

competência.

Formula para identificação do juízo competente (competência material), devendo ser observados

obrigatoriamente os seguintes passos:

Verificar se é caso de competência internacional (artigo 88 e 89 do CPC). Busca-se averiguar

se a lide é de competência da jurisdição brasileira.

Se de competência brasileira, verificar, após, se é caso de competência originária, ou seja, se

são promovidas diretamente em um tribunal (exemplo: ação rescisória, que é promovida no tribunal

de justiça do respectivo estado).

Se não for caso de competência originária, identificar o tipo de justiça adequado ao caso

concreto, que podem ser:

1. Justiça especial, que se subdivide em:

2 “Art. 217, CF – É dever do Estado fomentar práticas desportivas formais e não-formais, como direito de cada um [...]”

Page 4: Processo Civil

a. Eleitoral;

b. Penal militar;

c. Trabalho;

2. Justiça comum, que se subdivide em:

a. Federal, que tem sua competência estabelecida pelo artigo 109 da CF; Com efeito, bem se

sabe que a justiça federal é competente para julgar causa de interesses da União Federal, das

Autarquias Federais e, das empresas Públicas Federais.

b. Estadual – se a causa não for de competência da justiça federal, ela será estadual, pelo que,

é a considerada como sendo de competência residual.

Competência Territorial

Artigo 94 do CPC3 – regra geral de competência – a ação deverá ser proposta no domicílio do

réu. Tendo o réu vários domicílios, cabe ao autor escolher o foro competente (§4, artigo 94, CPC4).

Artigo 95 do CPC5 – as ações fundadas em direitos reais sobre direito imóveis serão

promovidas no local do imóvel. Exemplo: ações possessórias.

Artigo 98 do CPC6 – a ação em que o réu for incapaz será promovida no domicílio do seu

representante. Se o autor for incapaz, é regra de domicílio geral.

QUADRO DISTINTIVO ENTRE COMPETÊNCIA ABSOLUTA E RELATIVA

Competência Absoluta Competência relativa

É de interesse público. É de interesse das partes.

Pode ser declarada de ofício (sem requerimento

das partes) pelo juiz.

O juiz não poderá decliná-la de ofício, pois se

trata de interesse privado, nos termos da

súmula 33 do STJ7.

As partes (autor e réu) poderão suscitá-la a Somente poderá ser suscitada pelo réu, no 3 “Art. 94, CPC - A ação fundada em direito pessoal e a ação fundada em direito real sobre bens móveis serão propostas, em regra, no foro do domicílio do réu.”4 “Art. 94, §4, CPC - Havendo dois ou mais réus, com diferentes domicílios, serão demandados no foro de qualquer deles, à escolha do autor.”5 “Art. 95, CPC - Nas ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa. Pode o autor, entretanto, optar pelo foro do domicílio ou de eleição, não recaindo o litígio sobre direito de propriedade, vizinhança, servidão, posse, divisão e demarcação de terras e nunciação de obra nova.”6 “Art. 98, CPC - A ação em que o incapaz for réu se processará no foro do domicílio de seu representante.”7 “se a parte não opuser exceção de incompetência ocorre a prorrogação da competência, nos termos do artigo 114 do CPC”. EXCEÇÃO – ART. 114, PARÁGRAFO ÚNICO DO CPC.

Page 5: Processo Civil

qualquer momento no processo (sem prazo

fixo), por meio de simples petição nos autos,

sem forma específica (por objeção). A objeção

pode ser alegada a qualquer momento, até em

ação rescisória. Também pode ser alegada em

preliminar de contestação.

prazo da contestação (artigo 297, CPC), ou seja,

no prazo de 15 dias, por meio de incidente

processual de exceção de incompetência.

Os atos decisórios proferidos por juiz

absolutamente incompetentes são nulos.

Os atos decisórios proferidos por juiz

relativamente competentes são válidos.

Nesse caso, as partes não podem derrogar (abrir

mão), ou seja, não pode haver alteração de

competência por vontade das partes.

Nesse caso, a competência relativa pode ser

alterada pelas partes, ou seja, admite

derrogação.

OBS: as características da competência absolutas são opostas às da competência reativa.

Competência relativa – é aquela fixada em razão do território ou do valor da causa.

Competência Absoluta – os demais critérios são todos de competência absoluta.

Reconhecida a incompetência, tanto absoluta como relativa, o juiz remeterá os autos imediatamente

ao juízo competente.

Conflito negativo de competência – quando dois ou mais juízes se dizem incompetentes para

julgamento de determinada ação.

Conflito positivo – quando dois ou mais juízes se dizem competente para julgar determinada ação.

Se o conflito se der entre justiças estaduais – tribunal de justiça solucionará esse conflito.

Se estabelecer-se entre justiças diferentes, cabe ao STJ decidir.

Revisão

Critérios de competência:

a. Material. Competência absoluta. Matéria.

b. Funcional. Competência absoluta. Hierarquia.

c. Territorial. Competência relativa. Território.

d. Valor da causa. Competência relativa.

Page 6: Processo Civil

III. Ação.

1. Conceito – instrumento que a sociedade tem a disposição para provocar a tutela jurisdicional

do Estado. É tida como uma garantia constitucional.

2. Condições para existência da ação – importante ressaltar, a prima vista, que se diz que são

condições para existência, porquanto o direito de ação é irrestrito à qualquer condição.

a. A ausência de umas das condições da ação induz à carência da ação, sendo o processo, por

conseqüência, extinto, sem resolução do mérito (artigo 267 do CPC).

b. Classificação das condições da ação;

Legitimidade – tem aspecto processual. A legitimidade pode ser ordinária (regra), ou seja,

quando a parte que pleiteia em juízo é efetivamente titular do direito; e extraordinária (exceção),

quando a parte não é titular do direito, estando apenas substituindo o titular do direito buscado.

Essa se assemelha ao conceito de substituição processual.

Exemplo: Ação de investigação de paternidade, que é proposta pelo menor, representado pela sua

genitora. O direito, nesse caso, é de titularidade do menor, pelo que, sua legitimidade é ordinária.

Quanto à sua genitora, não há legitimidade, porquanto esta não é parte, mas mera representante do

menor. Legitimidade só é inerente às partes.

Exemplos: Toda vez que o MP promove uma ação, a sua legitimidade é extraordinária. Quando o

sindicato promove uma ação, ele promove em defesa dos interesses de sua categoria, pelo que,

detém legitimidade extraordinária. Com relação ao condomínio, este quando promovente de ação

judicial, detém legitimidade ordinária, porquanto detém traços de personalidade jurídica.

O que caracteriza a legitimidade é a existência de relação jurídica (consubstanciada por um fato ou

contrato) entre a parte com o caso concreto. (exemplo do engavetamento de carros entre três

carros, em que o do meio, embora não seja o culpado pelo acidente, é legitimo como parte,

porquanto participou do mesmo fato).

Interesse de agir – está atrelado à idéia de necessidade, ou seja, mister se faz comprovar a

real utilidade do pleito judicial.

Exemplo – execução de uma nota promissória que ainda não venceu, caracteriza a ausência de

interesse de agir.

Pedido juridicamente impossível – é aquele que não tem respaldo legal (não é somente

aquele que a lei não permite). Exemplo: dívida de jogo.

3. Elementos da ação – partes, pedido e, causa de pedir. Os elementos da ação existem por

conta da identificação das ações.

Page 7: Processo Civil

Litispendência (artigo 301, §1, CPC8) – Se caracteriza pela existência de duas ou mais ações

idênticas em andamento. Uma ação é idêntica à outra quando entre elas existirem os mesmos

elementos da ação, ou seja, as mesmas partes, o mesmo pedido e, a mesma causa de pedir.

Verificada a litispendência, deverá prevalecer aquela ação onde ocorreu a primeira citação válida

(juízo prevento, artigo 219, CPC9).

Coisa julgada – ocorre a coisa julgada quando o autor repete uma ação idêntica que já

transitou em julgado, formando coisa julgada material.

Conexão (artigo 103, CPC10)- ocorre a conexão diante da existência de duas ou mais ações

em andamento, sendo que entre elas exista o mesmo pedido e/ou a mesma causa de pedir (ações

semelhantes). O objetivo da conexão é evitar decisões conflitantes, motivo pelo qual as ações

conexas deverão ser reunidas perante o mesmo juízo (juízo prevento). Nesse caso, se as ações

conexas estiverem na mesma comarca, o juiz prevento será aquele que proferiu o primeiro

despacho. Se as ações tramitarem por comarcas diferentes, o juízo prevento será aquele em que

primeiro ocorreu a citação.

A conexão pode ser verificada de ofício pelo juiz.

AULA 02 – 01/03/2011

I. Litisconsórcio

1. Conceito – pluralidade de partes em uma mesma ação, que detém interesses individuais

particulares.

O litisconsórcio não pode ser considerado como ação coletiva, porquanto aquele se dá em razão de

conflitos individuais.

Para a formação de litisconsórcio há necessidade de semelhança quanto ao fato gerador do direito

de ação de cada litisconsorte.

2. Classificação.

A. Quanto às partes, poderá subdividir-se em:

8 “Art. 301, §1, CPC – Verifica-se a litispendência ou a coisa julgada, quando se reproduz ação anteriormente ajuizada.”9 “Art. 219, CPC - A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a coisa; e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o devedor e interrompe a prescrição.”10 “Art. 103, CPC - Reputam-se conexas duas ou mais ações, quando Ihes for comum o objeto ou a causa de pedir.”

Page 8: Processo Civil

a. Ativo – quando se reúnem vários autores em uma mesma demanda.

b. Passivo – quando se reúnem vários réus em uma mesma ação.

c. Misto – quando se reúnem vários autores e vários réus dentro de um mesmo processo.

B. Quanto ao momento da sua formação, poderá ser:

a. Anterior ou inicial – é o litisconsórcio formado no momento da distribuição da ação.

b. Ulterior ou posterior – é o litisconsórcio formado após a distribuição da ação, no transcorrer

da ação judicial. (Ex: chamamento ao processo e denunciação à lide).

C. Quanto à sua formação (obrigatoriedade), poderá subdividir-se em:

a. Facultativo – está previsto no artigo 46 do CPC11; Esse litisconsórcio depende apenas da

vontade das partes, que decidirão pela sua formação ou não.

Particularidades – se o juiz entender que existe um grande número de litisconsortes, ele poderá

reduzir o número de partes para que o processo prossiga de forma mais efetiva (célere) (art. 46,

parágrafo único12). Trata-se de litisconsórcio facultativo multitudinário (essa expressão advém da

idéia de multidão). Essa limitação somente poderá ocorrer no litisconsórcio facultativo.

b. Necessário ou obrigatório – está previsto no artigo 4713 do CPC. É decorrente de

determinação legal. (Ex: direito dos cônjuges, nas ações que envolvam direitos reais imobiliários,

relativo à imóvel pertencente ao patrimônio comum do casal – art. 10, §1, CPC14).

Particularidades – no litisconsórcio necessário, a eficácia da sentença dependerá da citação de todos

os litisconsortes, sob pena de nulidade da sentença.

D. Quanto à uniformidade da decisão, pode se dividir em:

a. Simples – quando o juiz puder proferir decisões diferentes para cada litisconsorte.

b. Unitário ou uniforme – quando o juiz puder proferir a mesma decisão para todos os

litisconsortes.

11 “Art.   46, CPC - Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando [...]”12 “Art. 46, p arágrafo único - O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto ao número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa. O pedido de limitação interrompe o prazo para resposta, que recomeça da intimação da decisão.”13 “Art.   47, CPC -  Há litisconsórcio necessário, quando, por disposição de lei ou pela natureza da relação jurídica, o juiz tiver de decidir a lide de modo uniforme para todas as partes; caso em que a eficácia da sentença dependerá da citação de todos os litisconsortes no processo. Parágrafo único – O juiz ordenará ao autor que promova a citação de todos os litisconsortes necessários, dentro do prazo que assinar, sob pena de declarar extinto o processo.”14 “Art. 10, §1, CPC - Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para as ações: I - que versem sobre direitos reais imobiliários. [...]”

Page 9: Processo Civil

OBS - Em regra, o litisconsórcio facultativo é simples e, o necessário é unitário, mas comporta

exceções. Nos termos do artigo 47 do CPC, todo litisconsórcio necessário é unitário (posicionamento

da FGV).

3. Revelia

A contestação de um dos litisconsortes aproveitará àquele que for revel, desde que haja semelhança

quanto ao direito relativo à defesa.

IMPORTANTE - Se o litisconsórcio for simples, os atos praticados por um dos réus não comunicam

aos demais. Se o litisconsórcio for unitário, os atos praticados por um dos litisconsortes comunicam

aos demais.

4. Prazo

Artigo 191 do CPC15 - estabelece a contagem dos prazos em dobro no caso em que os litisconsortes

tiverem procuradores diferentes.

OBS – o dispositivo acima citado deverá ser aplicado mesmo que os advogados das partes pertençam

ao mesmo escritório.

5. Litisconsórcio multitudinário – poderá o juiz limitar o número de litigantes, no litisconsórcio

facultativo, quando entender que seja excessivo e, sua permanência possa comprometer a célere

resolução do litígio ou prejudicar a apresentação de defesa.

II. Intervenção de terceiros

Conceito – instrumento previsto em lei, o qual possibilita que um terceiro participe de um processo.

1. Classificação das intervenções de terceiro.

A. A intervenção poderá ser:

a. Espontânea – será espontânea quando exercida pelo terceiro. As modalidades de

intervenção espontânea são a assistência e a oposição.

15 “Art.   191, CPC – Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.”

Page 10: Processo Civil

b. Provocada – será dessa forma quando exercida pela parte da relação processual. As

modalidades de intervenção de terceiros provocada são a nomeação à autoria, chamamento ao

processo e, denunciação à lide.

2. Modalidades de intervenções de terceiro

A. Assistência (art. 50, CPC16) – nesse caso, o terceiro ingressa no intuito de auxiliar uma das

partes no processo. Existem duas modalidades de assistência, as quais são:

a. Assistência simples – aqui, o terceiro funciona como mero auxiliar. Nesse caso, o terceiro

sofre efeitos indiretos da sentença, porquanto não atua como parte. O terceiro, nesse caso,

ingressa para ajudar parte no processo, porém o direito não lhe pertence.

Particularidades - Na assistência simples, o terceiro atua como mero auxiliar de uma das partes. Isso

porque, ele mantém relação jurídica apenas com uma delas. Assim sendo, o assistente simples

sofrerá efeito indireto (reflexo) da sentença, bem como não poderá praticar atos incompatíveis

com o do assistido. (Ex: relação locador, locatário e sublocatário.)

b. Assistência litisconsorcial – nesta, o assistente funciona como se fosse parte. Aqui, o terceiro

sofre efeitos diretos da sentença, uma vez que atua como parte no processo. Nesse caso, o terceiro

ingressa na relação jurídica porquanto discute-se um direito que lhe pertence.

Particularidades – na assistência litisconsorcial, o terceiro funciona como parte, isso porque ele

mantém relação jurídica com ambas as partes. Quanto aos efeitos da sentença, ele sofre efeito

direto, motivo pelo qual ele poderá praticar atos incompatíveis com os do assistido. (Ex: relação

locador, locatário e fiador).

OBS – o assistente poderá ingressar nos autos até o trânsito em julgado da sentença. No entanto,

ele receberá o processo no estado em que ele se encontrar.

B. Oposição (art. 56, CPC17) – modalidade de intervenção de terceiro que detém natureza de

ação. Na oposição, o terceiro irá se opor a um direito que está sendo discutido numa outra ação.

OBS – a oposição poderá ser apresentada até a sentença.

16 “Art.   50, CPC – Pendendo uma causa entre duas ou mais pessoas, o terceiro, que tiver interesse jurídico em que a sentença seja favorável a uma delas, poderá intervir no processo para assisti-la.”17 “Art. 56, CPC – Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre que controvertem autor e réu, poderá, até ser proferida a sentença, oferecer oposição contra ambos.”

Page 11: Processo Civil

C. Nomeação à autoria

É intervenção de terceiros provocada.

A nomeação à autoria é um ato exclusivo do réu.

O objetivo da nomeação à autoria é a substituição (correção) do pólo passivo da ação.

Aqui, não há formação de litisconsórcio, porque não há agregação do terceiro, mas sim,

substituição do réu pelo terceiro nomeado.

Hipóteses da nomeação à autoria – artigo 62 do CPC18.

a. Cabe nomeação à autoria toda vez que o réu não for proprietário do bem objeto da

demanda.

Exemplos – caseiro, locatário, comodatário. Detentor (caseiro) e cumpridor de ordens (pessoa que

cumpre ordens de terceiros).

O réu deverá apresentar a nomeação à autoria no prazo da contestação – artigo 297 do CPC.

Será apresentada por meio de uma petição autônoma e, não na contestação.

Particularidades – se o réu, tendo ciência de quem é o terceiro, deixar de nomear a autoria,

ou nomear pessoa errada, ele será condenado a pagar perdas e danos a favor do autor. Portanto,

evidencia-se que a nomeação a autoria é obrigatória (artigo 69, CPC19).

OBS – A obrigação está sempre voltada ao outro, enquanto o ônus (incumbência) está voltado

apenas àquele que pratica o ato. Quando não há cumprimento de uma obrigação, impor-se-á ao

infrator uma sanção. Ao contrário, quanto ao ônus, o seu descumprimento não acarretará a

imposição de qualquer sanção.

D. Chamamento ao processo.

É uma modalidade de intervenção provocada.

É um ato exclusivo do réu.

Objetivo – proporcionar a formação de um litisconsórcio, com a inclusão dos demais

coobrigados que contraíram a obrigação mais não foram demandados.

18 “Art.   62, CPC – Aquele que detiver a coisa em nome alheio, sendo-lhe demandada em nome próprio, deverá nomear à autoria o proprietário ou o possuidor.”19 “Art.   69, CPC – Responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação: I - deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir; II - nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa demandada.”

Page 12: Processo Civil

Hipótese de responsabilidade solidária.

Exemplos – fiador, que pode chamar ao processo o devedor principal, por serem devedores

solidários da dívida afiançada; nesse caso, há condenação de ambos. Fiadores ou coobrigados.

Art. 77, CPC20;

Momento – deverá o requerimento ser formulado no prazo da contestação (art. 297, CPC);

O chamamento ao processo poderá ser apresentado na própria contestação, ou através de

simples petição. Enfim, não possui forma específica para requerimento estabelecida em lei.

E. Denunciação da lide

Intervenção de terceiros provocada.

A denunciação pode ser exercida tanto pelo autor quanto pelo réu.

O objetivo dessa modalidade de intervenção de terceiro é a formação de um litisconsórcio.

Nesse caso, o terceiro irá se agregar à relação processual, sem substituição de qualquer das partes.

É hipótese de responsabilidade subsidiária. O juiz só vai condenar a seguradora ao

pagamento de qualquer valor se o réu for condenado ao pagamento de qualquer valor.

Exemplos – seguros. Relação entre seguradora e segurado. Hipótese da evicção (alguém que

vende algo que não lhe pertence. Nesse caso, o adquirente poderá perder a coisa adquirida, por

decisão judicial ou por ato administrativo. “perda da coisa por decisão judicial) e hipótese da

seguradora.

Artigo 70 do CPC21.

Deverá ser apresentada essa modalidade de intervenção de terceiros nos seguintes prazos:

se apresentada pelo autor, deverá ser formulada junto à petição inicial; se pelo réu, no prazo da

contestação (artigo 297, CPC).

Particularidade – a denunciação da lide tem natureza de ação. A doutrina chama a

denunciação de lide secundária, porquanto a mais importante é a ação principal.

QUADRO DISTINTIVO

DENUNCIAÇÃO DA LIDE CHAMAMENTO AO PROCESSO

20 “Art.   77, CPC – É admissível o chamamento ao processo: I - do devedor, na ação em que o fiador for réu; II - dos outros fiadores, quando para a ação for citado apenas um deles; III - de todos os devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns deles, parcial ou totalmente, a dívida comum”. 21 “Art.   70, CPC – A denunciação da lide é obrigatória: I - ao alienante, na ação em que terceiro reivindica a coisa, cujo domínio foi transferido à parte, a fim de que esta possa exercer o direito que da evicção Ihe resulta; II - ao proprietário ou ao possuidor indireto quando, por força de obrigação ou direito, em casos como o do usufrutuário, do credor pignoratício, do locatário, o réu, citado em nome próprio, exerça a posse direta da coisa demandada; III - àquele que estiver obrigado, pela lei ou pelo contrato, a indenizar, em ação regressiva, o prejuízo do que perder a demanda.”

Page 13: Processo Civil

Modalidade de intervenção de terceiro

provocada.

Modalidade de intervenção de terceiro

provocada.

Há a formação de um litisconsórcio. Há a formação de um litisconsórcio.

Art. 70, CPC Art. 77, CPC.

Pode ser apresentada pelo autor e pelo réu. Pode apenas ser formulado pelo réu.

É hipótese de responsabilidade subsidiária É hipótese de responsabilidade solidária

Natureza de ação Natureza de incidente processual

Exemplo: relação de seguro. Exemplo: fiador

III. Capacidade

Tem capacidade de ser parte aquele que tem capacidade de direito. Tem capacidade de

direito todo aquele que tiver condições de exercer direito e de contrair obrigações.

Em paralelo, existe a capacidade de estar em juízo, também conhecida como capacidade

processual. Para que um indivíduo detenha essa capacidade, ele tem, primeiramente, que deter

capacidade de ser parte. Concomitantemente, deverá ter aptidão para exercício pessoal de suas

atividades civis.

Todo aquele que tiver capacidade de ser parte, mas não tiver a capacidade de estar em

juízo, deverá ser representado ou assistido pelo responsável.

Capacidade postulatória – postular significa pedir em nome de outrem. Detém capacidade

postulatória o advogado legalmente inscrito junto ao quadro da OAB. O estagiário não detém

capacidade postulatória.

Nulidade Relativa - diante de uma nulidade relativa, a parte tem a possibilidade de correição do vício

cometido.

Nulidade Absoluta - Quando se tratar de nulidade absoluta, o ato será nulo e, terá que ser praticado

novamente.

Page 14: Processo Civil

Ainda, detém capacidade postulatória qualquer pessoa em se tratando de ações em tramite aos

juizados especiais, com valor da causa inferior a vinte salários mínimos; em reclamações

trabalhistas; para impetração de habeas corpus;

IV. Atos processuais

1. Forma – o ato processual pode ser praticado na forma escrita, oral e, na forma eletrônica

(art. 154, CPC22). Todos os atos processuais podem ser realizados na forma eletrônica.

2. Os atos processuais deverão ser praticados com a utilização do vernáculo (língua pátria -

portuguesa); Os documentos redigidos em língua estrangeira, para que sejam considerados válidos,

há necessidade de tradução, realizada por tradutor público ou tradutor juramentado.

3. Quanto aos prazos – os prazos podem ser:

a. Dilatórios – são aqueles que podem ser prorrogado pela vontade das partes;

b. Peremptório – são aqueles que não podem ser prorrogados pela vontade das partes. O juiz,

todavia, pode prorrogar esses prazos. Os prazos peremptórios mais importantes são os para a

resposta do réu e, para recursos.

AULA 03 – 15/03/2011

I. Petição inicial – artigo 282 do CPC23.

1. Inciso I – juiz ou tribunal a quem é dirigida a petição inicial;

2. Inciso II – partes e suas qualificações;

22 “Art.   154, CPC – Os atos e termos processuais não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a exigir, reputando-se válidos os que, realizados de outro modo, Ihe preencham a finalidade essencial. Parágrafo único. Os tribunais, no âmbito da respectiva jurisdição, poderão disciplinar a prática e a comunicação oficial dos atos processuais por meios eletrônicos, atendidos os requisitos de autenticidade, integridade, validade jurídica e interoperabilidade da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP - Brasil.23

“Art.   282.   A petição inicial indicará: I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida; II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido, com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - o requerimento para a citação do réu.”

Page 15: Processo Civil

3. Inciso III – Fatos e fundamentos jurídicos do pedido (Causa de pedir) – Teoria da

substanciação. Essa teoria é a regra no Brasil. A partir dessa teoria, o suplicante, quando ingressar

em juízo, necessitará apenas de demonstrar, obrigatoriamente, os fatos, sendo dispensado o

fundamento jurídico.

4. Inciso IV – pedido com suas especificações; nos moldes do artigo 286 do CPC, “O pedido deve

ser certo ou determinado {...}.

Todavia, não obstante à redação do dispositivo legal acima, para a OAB, o pedido deverá ser certo E

determinado. O pedido certo é um pedido expresso24. O pedido determinado é aquele

individualizado pelo seu gênero e pela sua quantidade. Os requisitos do pedido, certeza e

determinação, deverão ser requeridos aditivamente.

Em regra, todo pedido deve ser determinado. Todavia, há casos em que não se tem como

quantificar, a priori, a pretensão econômica buscada a partir da violação do bem jurídico tutelado

pelo Estado, porquanto, deverá ser quantificada em âmbito do processo. Ex: indenização por danos

morais. Esse é o pedido certo e determinável, ou pedido genérico. São três os pedidos genéricos

existentes no Brasil, que são eles:

a. Ações universais – são os casos em que o autor não sabe a universalidade dos bens que

compõem o seu direito; Ex: inventário; cônjuge que não sabe os bens totais do marido morto (inciso

I, artigo 286, CPC).

b. Ações de reparação de dano – quando o autor não puder mensurar ou quantificar a

extensão do prejuízo decorrente em decorrência do ato ilícito praticado pelo réu (inciso II, artigo

286, CPC). É o caso mais comum em âmbito do judiciário.

O 286, II do CPC permite que a parte formule pedido genérico. Então, o dano moral,

especificamente, não deverá ser atribuído de valor pela parte. O valor, nesses casos, deverá ser

atribuído pelo juiz.

c. Ações em que o pedido dependa de ato a ser praticado pelo réu (inciso III, 286, CPC) – nas

ações de prestação de contas, a apuração do valor devido sempre dependerá das contas prestadas

pelo réu.

A. Modalidades de pedido.

24 EXCESSÃO – PEDIDO IMPLÍCITO: É AQUELE QUE NÃO PRECISA SER PEDIDO PARA SER ANALISADO PELO JUÍZO. EX: HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS SUCUMBENCIAIS, ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA E JUROS DE MORA.

Page 16: Processo Civil

a. Pedido alternativo – ocorre pedido alternativo quando o réu tem à sua disposição duas ou

mais maneiras de cumprir a obrigação. Esses pedidos detêm mesma hierarquia, ou seja, de qualquer

forma que o réu cumprir a obrigação ela será extinta. Nesses casos, compete ao réu a escolha da

prestação que mais lhe for satisfatória.

b. Pedido Sucessivo (art. 289, CPC) – no pedido sucessivo há uma escala de interesses. Desta

forma, somente será analisado o pedido subsidiário se indeferido o pedido principal.

Nestes casos, os pedidos são de hierarquia diferente e, quem escolhe o que será deferido é o juiz.

Ex: pedidos decorrentes do princípio da eventualidade (“caso vossa excelência não entenda dessa

forma, requer-se...). A parte formulara o pedido principal no afã de ele ser deferido, e se não

deferido, formulará pedido subsidiário.

c. Prestações periódicas (artigo 290, CPC) – nas relações de trato sucessivo, o autor

formulando pedido referente à primeira parcela, todas as outras serão devidas de pleno direito.

Constitui modalidade de pedido implícito.

d. Pedidos cumulados (artigo 292, CPC) – é a possibilidade de cumulação de dois ou mais

pedidos dentro do mesmo processo. Todavia, a lei estabelece requisitos para que possa haver essa

cumulação, que são eles:

i. Que os pedidos sejam compatíveis entre si – ou seja, que decorram do mesmo fato. Para

cumular pedidos, não é necessária a conexão entre os pedidos (artigo 292, CPC).

ii. Necessidade que haja um mesmo juízo competente para análise de todos pedidos

cumulados.

iii. A todos os pedidos deve ser adotado o mesmo procedimento. Todavia, se comportarem

procedimento diferente, poderão ser cumulados se houver possibilidade de conversão de todos ao

procedimento ordinário (§2, artigo 292, CPC – “Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de

procedimento, admitir-se-á a cumulação, se o autor empregar o procedimento ordinário”).

e. Pedido Cominatório (artigo 287, CPC) – poderá o autor requerer em juízo o cumprimento da

obrigação específica, sob pena de cominação ao réu de multa pecuniária por dia de não

cumprimento (Astreintes).

5. Inciso V – Valor da causa (arts. 259 e 260 do CPC).

Page 17: Processo Civil

6. Inciso VI – indicação das provas a serem produzidas pelo autor

7. Inciso VII – requerimento para citação do réu

A. Citação;

a. Modalidades:

I. Real - é aquela realizada por correio ou por oficial de justiça.

i. Correio – nos termos do artigo 222, a citação será feita pelo correio para qualquer comarca

do país.

ii. Oficial de justiça – será realizada quando tiver um incapaz como réu; em ações que versar

sobre o estado das pessoas (aquela que discute o estado da pessoa); quando as fazendas públicas

forem rés em ação judicial; em ações de execução; no local em que não chegar correio; e quando a

parte requerer.

II. Ficta25 – é aquela que se consuma por edital o por hora certa.

i. Edital - Ocorre citação por edital quando não se souber quem é o réu ou esse residir em local

incerto ou de difícil acesso. Ex: Invasão de terras, cita-se por edital; Usucapião;

ii. Hora certa (artigo 227, CPC) – ocorre citação por hora certa quando o oficial de justiça

comparece por três vezes, em dia e horários distintos, (elemento objetivo) na casa do réu, que tem

domicílio certo, e presume a suspeita de ocultação (elemento subjetivo). (Os requisitos para a

citação por hora certa estão grifados).

OBS - A diferença entre citação real e ficta é que aquela, realmente, se tem a certeza que se

consumou, ou seja, presume-se que o citando tomou pessoalmente conhecimento do conteúdo do

ato. A ficta, por sua vez, implica na presunção de que o réu não tomou conhecimento acerca da ação

que lhe é movida.

OBS – A carta precatória somente será utilizada para citação quando o réu residir em comarca

diversa da do juízo processante e, a citação deva ser realizada por oficial de justiça. Caso contrário,

será realizada por correio.

II. Artigo 285-A – “julgamento de processos repetitivos”.

25 “Ao réu citado de forma ficta, será nomeado curador especial (art. 9, inciso II do CPC).

Page 18: Processo Civil

Poderá o juiz, ao receber a petição inicial, deixar de citar o réu, extinguindo o processo, com

resolução do mérito, desde que:

a. A matéria seja exclusivamente de direito;

b. Haja, no juízo, sentenças de igual improcedência, com base na mesma matéria.

Desta decisão caberá recurso de apelação, podendo o juiz se retratar em 05 (cinco) dias.

III. Tutela Antecipada

Artigo 273, CPC – é a antecipação dos efeitos de uma sentença para o momento presente, desde

que preenchidos os requisitos legais. Existem três tipos de tutela antecipada, que são elas:

a. Tutela de urgência – tem como fato gerador o “periculum in mora” (receio de dano

irreparável ou de incerta reparação).

b. Tutela punitiva – é aquela que se deflagra por abuso do direito de defesa pelo réu, ou

manifesto propósito protelatório.

c. Tutela pelo incontroverso (artigo 273, §6, CPC) – poderá o juiz antecipar parte do pedido ou,

um dos pedidos cumulados, se estes se mostrarem incontroversos.

Livro “Coleção OAB nacional”

IV. Rito Sumário – artigo 275, CPC

Esse rito tem aplicabilidade em dois casos, que são nas causas pelo valor e, nas causas pela matéria.

Nas causas pelo valor, será utilizado quando o valor da causa não exceda a 60 (sessenta) salários

mínimos (inciso I do dispositivo acima). Nas causas pela matéria, esse rito será utilizado nos casos do

inciso II do 275 do CPC.

O rito sumário inicia-se com a petição inicial, que deve seguir todos os requisitos do 282 do CPC,

com duas diferenças:

a. A inicial deverá conter, desde já, o rol de testemunhas, se pretendida a oitiva destas, sob

pena de preclusão; se houver requerimento de prova pericial, terá que indicar na inicial os quesitos

e indicar assistentes técnicos (assistente da parte, o qual fiscalizará o trabalho do perito).

Citação

Nesse procedimento, o réu é citado para se defender em audiência inaugural a ser designada pelo

juízo. O réu deverá ser citado, no mínimo, 10 dias antes da audiência. Se for fazenda publica a ré,

sua citação deverá realizar-se no mínimo 20 dias antes da audiência.

Page 19: Processo Civil

Defesas

As modalidades de defesa previstas na legislação processual civil são contestação, exceções e

reconvenção. No rito sumário, cabe contestação e exceções, porém, não cabe reconvenção. No rito

sumário, todavia, pode ser formulado pedido contraposto (pedido condenatório formulado pelo réu

em sede de contestação).

Art. 280, CPC – “No procedimento sumário não são admissíveis a ação declaratória incidental e a

intervenção de terceiros, salvo a assistência, o recurso de terceiro prejudicado e a intervenção

fundada em contrato de seguro (denunciação da lide).”

AULA 04 – 14/04/2011

Defesas do réu - art. 297, CPC.

“Art. 297. O réu poderá oferecer, no prazo de 15 (quinze) dias, em petição escrita, dirigida ao juiz da causa,

contestação, exceção e reconvenção.”

1. Contestação – art. 300, CPC;

“Art. 300. Compete ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de

direito, com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.”

I. Princípios que regulamentam a contestação:

a. Regra da eventualidade ; art. 300, CPC – toda a matéria de defesa deve ser alegada

em contestação, sob pena de preclusão, por mais conflitante que sejam as matérias

deduzidas na defesa, porquanto se presume que, na eventualidade de o juiz não acolher

uma das matérias, poderá acatar às demais alegadas pelo réu. Alguns autores denominam

essa regra de eventualidade de regra da concentração, ou seja, todos os argumentos de

defesa serão aglomerados na contestação. Esse é considerado o plano vertical.

Eventualidade é se defender sobre tudo.

b. Ônus da impugnação específica ; art. 301, CPC; é a exigência que o réu se defenda

pormenorizadamente de todos os fatos trazidos pelo autor. Ou seja, deverá o réu

apresentar em juízo os fatos impeditivos, modificativos, ou extintivos do direito do autor.

Page 20: Processo Civil

EXCEÇÃO - Somente poderá fazer defesa por negativa geral o curador especial, o Ministério

Público, e o advogado dativo.

II. Preliminares;

O juiz, antes de analisar o mérito da demanda, deverá, preliminarmente, proceder a prévio

juízo de admissibilidade, no qual constatará se estão devidamente preenchidas as condições

da ação e pressupostos processuais. Após, estando em perfeitas condições, passará ao

julgamento do mérito.

As preliminares veiculam vícios da matéria processual. O mérito refere-se às questões do

direito material perseguido.

As preliminares deverão ser, obrigatoriamente, em contestação, sob pena de restar

precluso o direito a essa alegação.

As preliminares são divididas em dois grupos:

Preliminares peremptórias – se acolhidas, geram a extinção do processo. Ex:

ausência de uma das condições da ação; inépcia da inicial;

Preliminares dilatórias – se acolhidas, geram prazo para regularização.

III. Prazos – o prazo para apresentação de contestação é de 15 dias, artigo 297, CPC.

Todavia, para efeitos de contagem desse prazo, tem-se que levar em consideração as regras

dispostas nos arts. 188, 191, 241 do CPC.

“Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em dobro para recorrer quando a parte for a

Fazenda Pública ou o Ministério Público.”

“Art. 191. Quando os litisconsortes tiverem diferentes procuradores, ser-lhes-ão contados em dobro os prazos

para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar nos autos.” Havendo mais de um réu no

processo, com procuradores diferentes, o prazo, em consonância a esse dispositivo, se computa em

dobro.

Page 21: Processo Civil

“Art. 241, III, CPC – Quando houver vários réus, da data de juntada aos autos do último aviso de recebimento

ou mandado citatório cumprido”. Ou seja, havendo vários réus, somente iniciar-se-á o prazo para contestação

para os réus a partir da juntada do ultimo mandado/AR cumprido nos autos.

c. Exceções – 304 do CPC;

“Art. 304. É lícito a qualquer das partes argüir, por meio de exceção, a incompetência (art. 112), o

impedimento (art. 134) ou a suspeição (art. 135).”

As exceções podem ser de três ordens, que são:

REGRAS GERAIS

Legitimidade; se a exceção for de incompetência, o autor (excipiente) dessa exceção sempre

será o réu da causa principal. Com efeito, o réu (excepto) dessa exceção será sempre o autor da

demanda principal. SEM EXCEÇÃO.

Na exceção de impedimento ou suspeição, o autor (excipiente) poderá ser qualquer uma das partes

no processo principal, ou seja, autor ou réu. Por outro lado, nessas exceções, o réu (excepto) sempre

será o juiz, porquanto este será o impedido ou o suspeito.

O prazo para interpor as exceções (incompetência, impedimento ou suspeição) é de 15 dias,

contados da data e que se tomou ciência do fato.

O protocolo da exceção acarreta a suspensão do processo, nos moldes dos arts. 265, III e art.

306, ambos do CPC.

“Art. 306. Recebida a exceção, o processo ficará suspenso (art. 265, III), até que seja definitivamente julgada.”

Da exceção de incompetência caberá agravo de instrumento. Das demais exceções, não

cabem recurso.

i. Incompetência – art. 112, CPC; é o incidente processual destinado a argüir a incompetência

do juízo ou a parcialidade do juiz. Essa exceção objetiva corrigir a comarca eleita pelo autor para a

propositura da demanda.

Page 22: Processo Civil

Art. 112. Argúi-se, por meio de exceção, a incompetência relativa.

Parágrafo único. A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser declarada de

ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.

A exceção de incompetência deverá ser processada perante o juízo onde foi proposta a ação

principal. Todavia, nos termos do artigo 305, parágrafo único do CPC, poderá o réu ingressar com a

exceção no seu domicílio para imediata remessa ao domicílio do processo (protocolo integrado).

A incompetência relativa (territorial) não pode ser declarada de ofício pelo juiz (súmula 33, STJ). Se a

parte não opuser exceção de incompetência, ocorre a prorrogação da competência, nos termos do

artigo 114 do CPC.

EXCEÇÃO À REGRA – contrato de adesão em que se verificar a abusividade da cláusula de eleição de

foro. “Art. 112, parágrafo único - A nulidade da cláusula de eleição de foro, em contrato de adesão, pode ser

declarada de ofício pelo juiz, que declinará de competência para o juízo de domicílio do réu.” Nesse caso,

deverá ser declarada a nulidade da cláusula antes do recebimento da petição inicial, e declinada a

competência pelo juízo, sob pena de prorrogação da competência.

ii. Suspeição – art. 135, CPC; é considerada vício de parcialidade. Pauta-se por critérios

subjetivos.

TÉCNICA – se provar de plano que o juiz não pode julgar a causa, o caso é de impedimento. Se

demandar dilação probatória o caso é de suspeição.

Art. 135. Reputa-se fundada a suspeição de parcialidade do juiz, quando:

I - amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes;

II - alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou

na colateral até o terceiro grau;

III - herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes;

IV - receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da

causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio;

V - interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes.

Parágrafo único. Poderá ainda o juiz declarar-se suspeito por motivo íntimo.

Page 23: Processo Civil

iii. Impedimento – art. 134, CPC; é considerado vício de parcialidade. Pauta-se por critérios

objetivos.

Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo contencioso ou voluntário:

I - de que for parte;

II - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como órgão do Ministério

Público, ou prestou depoimento como testemunha;

III - que conheceu em primeiro grau de jurisdição, tendo-lhe proferido sentença ou decisão;

IV - quando nele estiver postulando, como advogado da parte, o seu cônjuge ou qualquer parente seu,

consangüíneo ou afim, em linha reta; ou na linha colateral até o segundo grau;

V - quando cônjuge, parente, consangüíneo ou afim, de alguma das partes, em linha reta ou, na colateral, até o

terceiro grau;

VI - quando for órgão de direção ou de administração de pessoa jurídica, parte na causa.

Parágrafo único. No caso do no IV, o impedimento só se verifica quando o advogado já estava exercendo o

patrocínio da causa; é, porém, vedado ao advogado pleitear no processo, a fim de criar o impedimento do juiz.

Parte Juiz

Incompetência Pode, em 15 dias; Não pode declarar;

Suspeição Pode, 15 dias; Pode declarar de ofício.

Impedimento

Pode, a qualquer momento,

mesmo após o transito em

julgado, mediante ação

rescisória, nos termos do art.

485, II do CPC.

Pode declarar de ofício.

d. Reconvenção – 315 do CPC; É o contra ataque do réu contra o autor dentro do processo. A

reconvenção tem natureza jurídica de ação, não obstante a ser uma modalidade de defesa.

Preclusão consumativa: nos termos do artigo 299 do CPC, contestação e reconvenção devem ser

apresentadas simultaneamente.

“Art. 315. O réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda vez que a reconvenção seja conexa com a

ação principal ou com o fundamento da defesa. Parágrafo único. Não pode o réu, em seu próprio nome,

reconvir ao autor, quando este demandar em nome de outrem.

Page 24: Processo Civil

“Art. 299. A contestação e a reconvenção serão oferecidas simultaneamente, em peças autônomas; a exceção

será processada em apenso aos autos principais.”

CASOS QUE NÃO CABEM RECONVENÇÃO

Procedimento sumário; nesse caso, é permitido ao réu formular um pedido contraposto na

própria contestação.

Juizado especial cível;

Despejo;

Possessórias;

Prestação de contas;

Esses procedimentos acima são considerados ações de natureza dúplice (ação que exerce dupla

função), da qual se formula pedido contraposto.

AUTONOMIA + RECURSOS

“Art. 317. A desistência da ação, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao

prosseguimento da reconvenção.”

“Art. 318. Julgar-se-ão na mesma sentença a ação e a reconvenção.”

Da sentença que julgar a ação reconvencional e a principal, caberá recurso de apelação. Todavia, se

a reconvenção terminar antes da ação principal (por exemplo, se for extinta, por inépcia da inicial),

caberá agravo de instrumento contra a decisão judicial que extinguir a reconvenção.

Sentença – é o ato do juiz que implica em algumas das hipóteses do artigo 267 ou 269 do CPC (art.

162, §1, CPC).

A sentença põe fim à etapa do processo de conhecimento.

Sentença com resolução do mérito Sentença sem resolução do mérito

Quando, de alguma forma, resolver o conflito. Todos os demais casos.

a. Requisitos da sentença – art. 458, CPC;

Art. 458. São requisitos essenciais da sentença:

I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem como o registro

das principais ocorrências havidas no andamento do processo;

II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;

Page 25: Processo Civil

III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem.

A sentença, necessariamente, deverá conter três elementos, quais sejam: o relatório, fundamento,

dispositivo.

O relatório é o resumo do processo.

Fundamentação são os motivos determinantes ao conhecimento do juiz. O juiz não pode sentenciar

sem fundamentar. A fundamentação tem por sinônimo as seguintes expressões: razões, motivos,

verdades dos fatos e questões prejudiciais.

Dispositivo – parte que conterá o quantitativo da pena eventualmente imposta. Onde fica a decisão

final do juiz acerca da causa.

Princípio da adstrição ou congruência (art. 128 e 460) – implica que a sentença do juiz deverá julgar

exatamente o que fora pedido pelo autor na inicial. Isso induz a idéia de que o juiz não poderá julgar

nem além (ultrapetita), nem aquém (infrapetita ou cifrapetita), tampouco fora (extrapetita) do que o

autor pediu na inicial.

Coisa julgada – objetiva tornar imutável fora do processo aquilo que foi decidido dentro dele.

a. Coisa julgada formal – quando a sentença extinguir o processo, sem resolução do mérito.

Ocorre quando somente o processo se torna imutável. Nesse caso, superado o vício processual que

deu azo à extinção, poderá ser novamente proposta a ação, nos termos do art. 268 do CPC.

EXCEÇÃO – nos casos em que a ação for extinta com base no artigo 267, V, (litispendência,

perempção, coisa julgada) ela não poderá novamente ser proposta, mesmo que superado o vício

processual que originou a extinção do processo.

“Art. 268. Salvo o disposto no art. 267, V, a extinção do processo não obsta a que o autor intente de novo a

ação. A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e

dos honorários de advogado.”

b. Coisa julgada material – quando a sentença extinguir o processo, com resolução do mérito.

Ocorre quando se torna imutável não só o processo, como o próprio direito que foi julgado. Nesse

caso, a parte não poderá propor nova ação com base no mesmo direito.

Page 26: Processo Civil

LIMITES DA COISA JULGADA

Esses limites podem ser objetivos ou subjetivos;

a. Objetivos, art. 469, CPC;

b. Subjetivos, art. 472, CPC; a coisa julgada, neste caso, só atinge as partes componentes do

processo;

Dentro de uma sentença, somente o dispositivo faz coisa julgada.

Exceção – art. 470, CPC

“Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer (arts. 5o e 325),

o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário para o julgamento da lide.”

AULA 05 – 26/04/2011

RECURSOS

Conceito – é um meio de impugnação de decisões judiciais. Importante ressaltar que não é o único

meio de impugnação, mas sim, um dos meios existentes. O recurso advém do inconformismo

humano com as decisões judiciais proferidas em contrariedade aos seus interesses.

Por oportuno, vale ressaltar que recurso é diferente de ação rescisória. Primeiro porque a rescisória

tem natureza de ação judicial. Em ambos, têm-se por objeto a impugnação de uma decisão judicial.

Todavia, em se tratando de recursos, busca-se a impugnação de uma decisão judicial ainda não

transitada em julgado, ou seja, no curso de um processo. Por seu turno, a ação rescisória tem por

escopo a impugnação judicial de uma decisão judicial transitada em julgado, ou seja, da qual não

caiba mais recurso.

1. Princípios.

a. Princípio da taxatividade – implica dizer que todos os recursos devem estar previstos em lei.

Existe na legislação processual civil um rol taxativo de recursos. Existem na lei os seguintes recursos:

Page 27: Processo Civil

apelação, agravo, embargos de declaração, recurso especial, recurso extraordinário, embargos de

divergência, embargos infringentes, recurso ordinário constitucional.

b. Princípio do duplo grau de jurisdição – introduz a idéia de que ao jurisdicionado é garantido

a reapreciação da decisão judicial por outro órgão diferente daquele prolator da decisão recorrida.

Nesse caso, há uma exceção, que é no caso dos embargos de declaração, o qual será apreciado pelo

mesmo juízo que proferiu a decisão.

c. Princípio da singularidade ou unicidade – estabelece que contra uma decisão judicial

somente será admitido um recurso por vez. Em outras palavras, para cada decisão existe um recurso

específico para impugná-la. Todavia, excepcionalmente, admite-se a interposição simultânea do

recurso especial e do recurso extraordinário.

d. Princípio da fungibilidade – este princípio estabelece que um recurso poderá ser recebido no

lugar de outro, desde que o recorrente não tenha cometido um erro grosseiro e, desde que não haja

dúvida objetiva acerca do recurso a ser interposto.

2. Todo recurso comporta juízo de admissibilidade e juízo de mérito. No juízo de

admissibilidade é realizada a análise dos pressupostos recursais. Presentes esses pressupostos

recursais, passar-se-á à análise do mérito recursal, ou seja, dos fundamentos do inconformismo do

recorrente.

Quando nega-se seguimento ao recurso, fala-se de uma análise de admissibilidade. Por outro lado,

no caso de negação de provimento, fala-se em mérito recursal.

3. Pressupostos de admissibilidade recursal.

a. Legitimidade; detém legitimidade recursal para recorrer as partes, o Ministério Público (nos

casos em que atua como parte e nos casos em que atua como fiscal da lei – art. 82, CPC) e o terceiro

juridicamente prejudicado.

OBS – caso o MP não seja intimado pelo juiz a intervir numa ação de interesses de incapazes, ele

(MP) poderá recorrer, alegando nulidade do processo por não atendimento ao artigo 82 do CPC. No

entanto, se o juiz proferiu sentença favorável ao incapaz, a mesma deverá ser mantida pelo tribunal.

OBS2 – o mero interesse moral ou econômico não legitima o terceiro a recorrer.

Artigo 499 do CPC.

Page 28: Processo Civil

Art. 499. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério

Público.

§ 1o Cumpre ao terceiro demonstrar o nexo de interdependência entre o seu interesse de intervir e a relação

jurídica submetida à apreciação judicial.

§ 2o O Ministério Público tem legitimidade para recorrer assim no processo em que é parte, como naqueles

em que oficiou como fiscal da lei.

b. Interesse recursal – detém interesse em recorrer a parte vencida ou sucumbente.

c. Tempestividade – refere-se ao prazo para a interposição do recurso. O recurso deverá ser

interposto estritamente no prazo previsto por lei. Se o recurso for interposto antes do prazo

(recurso extemporâneo), só será recebido se a parte o reiterar no prazo do recurso.

OBS - Prazos recursais.

05 (cinco) dias 10 (dez) dias 15 (Quinze) dias

Embargos de declaração Agravo Apelação

Agravo regimental Recurso especial

Recurso extraordinário

Embargos Infringentes

Recurso Ordinário

constitucional

Embargos de Divergência

No caso de existirem litisconsortes com procuradores diferentes, aplicar-se-á prazo em dobro para

recorrer, nos termos do artigo 191 do CPC. Se for parte o MP ou a fazenda pública, o prazo também

será em dobro para recorrer, nos termos ao artigo 188 do CPC.

d. Preparo – recolhimento de custas processuais para a interposição de um recurso. Essas

custas são destinadas ao Estado. Ficam isentos do recolhimento dessas custas os beneficiários da

gratuidade judiciária. O recolhimento dessas custas deve ser comprovado no ato da interposição do

recurso. Se a parte obrigada ao recolhimento das custas não fazê-la, o recurso não será recebido,

sendo declarado deserto (deserção).

Se o recorrente recolher um valor insuficiente, ser-lhe-ão concedidos (pelo juiz) 05 dias para que a

parte recolha a diferença.

Page 29: Processo Civil

Existem dois recursos no processo civil que dispensam o recolhimento do preparo recursal para

serem interpostos, que são os embargos de declaração e o agravo retido.

e. Cabimento;

f. Competência;

g. Regularidade formal;

h. Ao realizar o juízo de admissibilidade do recurso, deve verificar a inexistência de: (i) renúncia

– se verifica antes da interposição de um recurso; (ii) desistência – se dá após a interposição de um

recurso; (iii) concordância – com a decisão judicial proferida – acarreta o fenômeno da preclusão

lógica;

Preclusão é a perda do direito de exercer ou praticar um ato processual. Será lógica quando a parte

pratica atos incompatíveis.

RECURSOS EM ESPÉCIE

1. Recurso de apelação

a. Cabimento – é cabível sempre contra uma sentença, seja ela terminativa (extinção sem

resolução do mérito), ou definitiva (com resolução do mérito);

b. Prazo para interposição – 15 dias.

c. Exige o recolhimento do preparo recursal.

d. O recurso de apelação é interposto junto ao juízo singular, sendo este o responsável pelo

primeiro juízo de admissibilidade. Sendo admitido o recurso, serão os autos encaminhados ao

Tribunal de Justiça.

e. A admissibilidade é considerada uma regularidade formal. Arts. 518 e 520 (estabelece os

efeitos da apelação) do CPC. Primeiramente, o juiz analisará os pressupostos comuns dos recursos.

Ademais, analisará a existência de pressuposto específico, previsto no §1 do artigo 518 do CPC; esse

pressuposto específico é denominado súmula impeditiva. Com efeito, se a sentença estiver em

conformidade com súmula do STF ou do STJ, o recurso de apelação não será recebido.

Art. 518. Interposta a apelação, o juiz, declarando os efeitos em que a recebe, mandará dar vista ao apelado

para responder.

Page 30: Processo Civil

§ 1o O juiz não receberá o recurso de apelação quando a sentença estiver em conformidade com súmula do

Superior Tribunal de Justiça ou do Supremo Tribunal Federal.

§ 2o Apresentada a resposta, é facultado ao juiz, em cinco dias, o reexame dos pressupostos de admissibilidade

do recurso.

OBS - O juiz é obrigado a acatar a súmula que é vinculante, podendo adotar pensamento contrários

às sumulas comuns. O STF edita sumulas vinculantes e sumulas comuns. O STJ só edita sumulas

comuns.

A sumula vinculante deve ser declarada como tal pelo STF e, ela vincula o julgamento do juiz. O juiz

poderá contrariar o entendimento de súmula comum, no entanto, se ao proferir uma sentença o seu

entendimento coincidir com o da súmula comum, eventual apelação não será recebida.

A apelação será recebida em seus efeitos devolutivo e suspensivo. Efeito devolutivo significa que a

matéria impugnada será devolvida ao órgão julgador competente para ser reapreciada.

Efeito suspensivo importa na suspensão da eficácia da decisão judicial recorrida enquanto não for

julgado o recurso. Isso significa dizer que a parte vencedora ficará impossibilitada de executar a

sentença.

A REGRA – a apelação será recebida sempre no duplo efeito. Todavia, existem exceções, casos em

que a apelação será recebida apenas no efeito devolutivo, nas hipóteses previstas nos incisos do

artigo 520 do CPC. O recebimento apenas no efeito devolutivo autoriza a parte vencedora a

promover a execução provisória da sentença.

Interposto o recurso de apelação, o juiz determinará a intimação do recorrido para apresentação de

contrarrazões, no prazo de 15 dias. Apresentada as contrarrazões, o juiz determinará a remessa dos

autos ao Tribunal.

OBS – se o recorrido não apresentar contrarrazões, o juiz não poderá aplicar pena de confissão, ou

seja, que o recorrente tem razão, ou que o recorrido concorde com o recurso interposto.

f. Juízo de mérito. É realizado pelo Tribunal. O tribunal não poderá, ex officio, analisar uma

matéria que não foi objeto do recurso, salvo se se tratar de matéria de ordem pública (efeito

translativo).

O tribunal poderá anular a sentença quando o juiz cometer um erro de procedimento; e poderá

reformar a sentença, quando houver erro de julgamento. Se o tribunal determinar a anulação da

sentença, os autos serão remetidos de volta ao juiz de primeiro grau, para que seja proferida nova

sentença. A reforma da implica na modificação da sentença pelo próprio tribunal.

Page 31: Processo Civil

2. Embargos de declaração

a. Cabimento – é cabível contra decisão interlocutória, sentença e acórdão.

b. Objetivo – tem por escopo apenas o esclarecimento da decisão recorrida e não a sua

modificação ou reforma. Toda decisão judicial deve ser clara e lógica e, caso não seja, carece de

esclarecimentos. É considerado um recurso intermediário.

c. Hipóteses para interposição – cabem embargos de declaração sempre que a decisão

contiver vícios de omissão, obscuridade e contradição.

d. Prazo para interposição – 05 dias. A interposição do recurso de embargos de declaração

interrompe o prazo para interposição do recurso principal, o qual fluirá integralmente a partir da

publicação da decisão que julgar os embargos.

e. Multa protelatória – se o juiz entender que os embargos são protelatórios será aplicada

multa de 1%. No caso de reiteração desses embargos protelatórios, a multa poderá ser elevada a até

10%, sendo que neste caso, o recolhimento desta multa será condição para o recebimento dos

demais recursos.

f. Particularidade – os embargos de declaração interpostos no juizado especial cível apenas

suspendem o prazo para os demais recursos. Lei 9099/95

AULA 06 – 10/05/2011

Embargos infringentes

Art. 530, CPC, a saber: “Cabem embargos infringentes quando o acórdão não unânime houver reformado ,

em grau de apelação , a sentença de mérito , ou houver julgado procedente ação rescisória. Se o desacordo

for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto da divergência.”

De acordo com o dispositivo acima, cabem embargos infringentes contra decisões não unânimes

que:

a. Reformar em grau de apelação a sentença de mérito;

b. Ou que julgar procedente a ação rescisória.

DICA DE MEMORIZAÇÃO – “princípio do eu não posso tomar duas buXa”.

Procedimento dos embargos infringentes:

a. Os embargos serão dirigidos para o relator, no prazo de 15 dias;

b. Da decisão que não admitir os embargos caberá agravo interno no prazo de 05 dias.

Page 32: Processo Civil

c. Conforme dispuser o regimento interno do Tribunal será sorteado um novo relator.

Agravo

Arts. 522 e seguintes.

É o recurso cabível contra decisões interlocutórias. Uma decisão interlocutória é proferida em

decisão a alguma questão incidente no meio do processo.

A lei processual civil estabelece que a regra para a interposição do agravo seja na modalidade retida,

ou seja, todo agravo deve ser retido. Somente por exceção, o agravo será de instrumento, nas

hipóteses previstas no artigo 522 do CPC.

São hipóteses para cabimento de agravo de instrumento:

a. Contra as decisões de urgência, ou seja, que causem risco de dano grave ou de difícil

reparação.

b. Além das decisões de urgência, toda decisão interlocutória posterior à sentença é desafiada

por agravo de instrumento.

“Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando

se tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos de

inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação é recebida, quando será admitida a sua

interposição por instrumento.”

1. Agravo retido

O agravo retido é direcionado ao próprio juízo prolator da decisão. Esse agravo ficará retido no

processo até o julgamento da apelação interposta e, será julgado somente na ocasião do julgamento

do recurso de apelação. O recurso de agravo retido somente será conhecido na ocasião do

julgamento do recurso de apelação se for requerido, expressamente, em preliminar nas razões de

apelação, que o tribunal dele conheça.

A decisão suscetível de agravo retido não é capaz de causar à parte lesão grave e de difícil

reparação, pelo que, não necessita de julgamento imediato pelo Tribunal quando da sua

interposição.

Peculiaridades:

a. O agravo retido é dirigido ao próprio juízo da causa, no prazo de 10 dias.

b. Outrossim, o agravo retido comporta retratação pelo magistrado, na forma do artigo 523, §2

do CPC; (§ 2o Interposto o agravo, e ouvido o agravado no prazo de 10 (dez) dias, o juiz poderá reformar sua

decisão).

Page 33: Processo Civil

c. Acessoriedade – isso significa dizer que o agravo retido nos autos só subirá ao Tribunal com

a remessa da apelação ao juízo ad quem.

d. O agravo será analisado como preliminar em recurso de apelação.

e. Reiteração – o recorrente deverá nas razões ou contrarrazões de apelação informar a

existência do agravo, sob pena de desistência tácita.

f. Art. 523, §3, CPC, que disciplina a audiência – nas audiências de instrução e julgamento o

agravo será necessariamente retido e oral.

2. Agravo de instrumento

Agravo de instrumento é direcionado diretamente ao Tribunal. No agravo de instrumento, o tribunal

de justiça não terá à sua disposição o processo, o qual estará em trâmite pelo juízo singular. Por

conta disso, forma-se um instrumento, ou seja, o translado das peças pertinentes constantes no

processo principal, para possibilitar ao julgador a análise do mérito do recurso.

Essas peças pertinentes ao processamento do recurso de agravo são (art. 525, CPC):

a. Peças obrigatórias – a petição inicial, pela lei, não é considerada peça obrigatória. São

obrigatórias as seguintes peças: (i) decisão agravada; (ii) certidão de intimação acerca da decisão

agravada; (iii) procurações dos advogados do agravante e do agravado. Essas peças obrigatórias

serão declaradas autenticas pelo próprio advogado sob sua responsabilidade pessoal.

b. Peças facultativas – são quaisquer daquelas que não são as obrigatórias. Excetuando-se as

três peças obrigatórias acima, todas as demais peças são facultativas.

Nos termos do artigo 526 do CPC, compete ao agravante, no prazo de 03 dias, informar sobre a

existência do agravo para o juiz de primeiro grau; o não cumprimento do disposto nesse artigo,

desde que argüido e provado pelo agravado, importa no não conhecimento do recurso. Essa

comunicação permite ao juiz da causa a possibilidade da retratação.

Art. 526, CPC - O agravante, no prazo de 03 (três) dias, requererá juntada, aos autos do processo de cópia da petição do

agravo de instrumento e do comprovante de sua interposição, assim como a relação dos documentos que instruíram o

recurso.

Parágrafo único. O não cumprimento do disposto neste artigo, desde que argüido e provado pelo agravado, importa

inadmissibilidade do agravo.

O artigo 527 do CPC estabelece os poderes do relator no julgamento do recurso de apelação. Os

mais importantes desses poderes são:

Page 34: Processo Civil

a. Possibilidade de negar seguimento liminar ao agravo de instrumento; sempre que o relator

vir que o agravo não preencher os requisitos de admissibilidade, o relator negará seguimento liminar

ao recurso de agravo. Desta decisão denegatória, caberá agravo interno, no prazo de 05 dias.

b. Possibilidade de conversão do agravo de instrumento em agravo retido; nesse caso, a

decisão que determina essa conversão é irrecorrível; nesse caso, a lei pôs à disposição do agravante

formular pedido de reconsideração, que, todavia, não é uma modalidade recursal. Ademais, a

doutrina e a jurisprudência, face à ineficácia do pedido de reconsideração, colocaram à disposição

do agravante o mandado de segurança para atacar essas decisões que determinam a conversão.

Mandado de segurança não é recurso.

Recurso Especial e Recurso Extraordinário

Esses recursos não têm por objetivo reformar uma decisão, mais sim, uniformizar o entendimento

da lei, ou seja, estabelecer um parâmetro de interpretação acerca da determinada matéria.

O recurso extraordinário é dirigido ao Supremo Tribunal Federal, sempre que violar norma

constitucional. Sua disposição está estabelecida no artigo 102, III da CF.

O recurso especial é dirigido ao STJ, nos termos do artigo 105, III da CF, sempre que houver violação

a lei federal.

Esses recursos só podem veicular matérias de direito, sendo defeso aos tribunais à que são dirigidos

o reexame da matéria de fato constante nos autos, ou seja, Os Tribunais superiores não se prestam

a procederem a reanálise de provas, nos termos da súmula 07 do STJ (A pretensão de simples reexame de

prova não enseja recurso especial).

Ambas as modalidades recursais ora abordadas estão sujeitas ao requisito do pré-questionamento;

tal requisito consubstancia-se na exigência constitucional que a matéria objeto de recurso tenha

sido previamente decidida nas instâncias inferiores, ou seja, que o acórdão recorrido tenha

claramente enfrentado a questão objeto desses recursos. A súmula que regulamenta o pré-

questionamento é a 383 do STJ.

O prazo para interposição desses recursos é de 15 dias.

Page 35: Processo Civil

Esses recursos serão dirigidos ao próprio Tribunal Recorrido. Da decisão que denegar seguimento a

esses recursos caberá agravo (não é de instrumento, porquanto o processo sobe junto ao tribunal

superior), nos termos do artigo 544 do CPC, no prazo de 10 dias.

Execução

Execução por quantia certa contra devedor solvente (título executivo extrajudicial). Essa modalidade

executiva percorre as seguintes etapas:

1. Fase inicial; é iniciada por uma petição inicial. Nesse contexto, o devedor é citado para

pagamento no prazo de 03 dias (art. 652, CPC); nesse caso, o credor poderá nomear bens à penhora.

A citação, obrigatoriamente, far-se-á por oficial de justiça, nos termos do artigo 222, aliena “d” do

CPC. Ademais, o juiz, ao receber a inicial, fixa os honorários advocatícios de plano; nesse caso, os

honorários serão fixados por estimativa.

O executado, citado, dispõe de duas opções:

a. Poderá pagar, no prazo legal, oportunidade em que será extinta a execução e serão

reduzidos pela metade os honorários fixados inicialmente pelo juiz.

b. Poderá ainda deixar de promover o pagamento, ocorrendo, desta forma, a expedição de

mandado de penhora e avaliação de bens. Se o executado for encontrado, citado, porém, não forem

encontrados bens suscetíveis de penhora, o juiz suspenderá a execução, nos termos do artigo 791, III

do CPC;

Por outro lado, se o executado não for encontrado para regular citação, porém, encontrar bens

suscetíveis de penhora, poderá o oficial de justiça proceder ao arresto destes bens, até o limite da

satisfação da dívida. Nesse caso, efetivado o arresto, o oficial retornara à residência do executado

por três vezes, em dez dias, para tentar cientificá-lo acerca do arresto. Nesse caso, não encontrado o

devedor, o credor será intimado para requerer a citação do devedor por edital. Após, decorrido o

prazo do edital, o arresto converte-se em penhora, nos termos do artigo 654 do CPC.

2. Segunda fase – penhora.

a. Averbação da execução – art. 615-A do CPC. “O exeqüente poderá, no ato da distribuição, obter

certidão comprobatória do ajuizamento da execução, com identificação das partes e valor da causa, para fins de averbação

no registro de imóveis, registro de veículos ou registro de outros bens do devedor sujeitos à penhora ou arresto.”

b. Ordem dos bens – art. 655 do CPC; o primeiro na lista dos bens penhoráveis é o dinheiro; o

segundo são os veículos de transporte (carro, moto, etc.); o terceiro são os bens móveis em geral; o

quarto são os bens imóveis; o quinto são os navios e aeronaves.

Por certo, essa ordem de penhora não é obrigatória.

Page 36: Processo Civil

Por outro lado, existem dois grupos de bens impenhoráveis, nos termos do artigo 649 do CPC e lei

8009/90, que são:

Os bens inalienáveis;

Salários em geral;

Instrumentos de trabalho;

Nos termos da lei 8009/90, é o único bem da entidade familiar não sujeito a expropriação judicial.

Os bens de família podem ser móveis ou imóveis, independentemente do valor do bem. Os bens de

família voluntários é aquele declarado pelo devedor quando este possui mais de um bem. Essa

declaração dar-se-á por meio de registro na matrícula do imóvel.

Não havendo declaração sobre qual seja o bem de família e, tendo esta mais de um imóvel, o bem

de família será aquele em que a família estiver morando. Todavia, se não tiver sido estabelecida a

moradia em nenhum dos imóveis, será o de família aquele de menor valor.

Os bens móveis são igualmente impenhoráveis, salvo os veículos de transporte, as obras de arte e

adornos suntuosos (são os bens que ultrapassam os médios padrões de vida de uma pessoa),

quando o carro for instrumento de trabalho não poderá ser penhorado.

Penhora on line – é a possibilidade de constrição de ativos financeiros pertencentes ao executado

para a satisfação do crédito exeqüendo. Essa modalidade de constrição judicial depende de

provocação das partes, sendo defeso ao juiz, ex officio, promovê-la, nos termos do artigo 655-A do

CPC.

3. Terceira fase – moratória processual.

O devedor, citado, não promovendo o pagamento do valor da dívida, pode oferecer embargos, no

prazo de 15 dias. Ademais, no prazo dos embargos, poderá pedir a moratória processual, ou seja,

requerer o parcelamento do débito, após o reconhecimento da dívida (confissão da dívida), nos

termos do artigo 745-A do CPC. Nesse caso, mesmo que o credor não aceite a proposta, terá

obrigatoriamente de aceitá-la.

Poderá o executado, no prazo dos embargos e, confessando a existência da dívida, requerer o

depósito de 30%, para que o restante seja pago em até seis parcelas iguais e sucessivas, com juros

de 1% ao mês. O não pagamento de uma das parcelas implicará:

a. No vencimento antecipado das demais;

b. Multa de 10% sobre as vincendas;

c. Impossibilidade da parte opor embargos;

Page 37: Processo Civil

Art. 745-A. No prazo para embargos, reconhecendo o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de 30% (trinta por cento) do valor em execução, inclusive custas e honorários de advogado, poderá o executado requerer seja admitido a pagar o restante em até 6 (seis) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% (um por cento) ao mês.

§ 1o Sendo a proposta deferida pelo juiz, o exeqüente levantará a quantia depositada e serão suspensos os atos executivos; caso indeferida, seguir-se-ão os atos executivos, mantido o depósito.

§ 2o O não pagamento de qualquer das prestações implicará, de pleno direito, o vencimento das subseqüentes e o

prosseguimento do processo, com o imediato início dos atos executivos, imposta ao executado multa de 10% (dez por

cento) sobre o valor das prestações não pagas e vedada a oposição de embargos.

AULA 07 – 18/05/2011

Continuação da aula passada:

4. Quarta fase – fase dos embargos à execução ou embargos do devedor;

É a defesa do executado na execução de título extrajudicial. Não obstante, os embargos detêm

natureza jurídica de ação judicial, pelo que, a inicial deverá comportar todos os requisitos previstos

no artigo 282 do CPC.

O prazo para interposição dos embargos é de 15 dias, contados a partir da juntada aos autos da

pretensão executiva do mandado de citação devidamente cumprido. Isso porque, para oposição dos

embargos, é prescindível a garantia do juízo, ou seja, não há necessidade de ato de constrição

judicial ou caução que abranja a integralidade do valor do débito. (art. 736 do CPC);

Os embargos à execução não tem efeito suspensivo, ou seja, não suspendem a eficácia da pretensão

executiva quando interpostos. ENTRETANTO, os embargos poderão ser recebidos no efeito

suspensivo se (requisitos cumulativos):

a. Provar o dano;

b. Garantir o juízo;

O recurso cabível contra a decisão que julga os embargos é a apelação, porquanto essa decisão tem

natureza de sentença.

5. Fase da expropriação;

Nessa fase, existem as seguintes modalidade de expropriação de bens, que são:

Page 38: Processo Civil

a. Adjudicação; nesse caso, o credor fica com o bem penhorado em troca da dívida. As pessoas

legitimadas a requererem a adjudicação são o credor e as demais pessoas previstas no dispositivo a

seguir:

§ 2o Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam

penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do executado.

b. Alienação por iniciativa particular; nesse caso, poderá o credor indicar terceiro para

arrematar o bem ou requerer que o magistrado designe um corretor de sua confiança para que este

proceda à venda.

c. Alienação em hasta pública; nesta modalidade expropriatória, o magistrado expedirá edital

convocando terceiros para arrematação. Para tanto, serão designadas duas hastas públicas com

diferença de 10 a 20 dias entre elas. Na primeira hasta, o bem somente poderá ser alienado por

valor igual ou superior ao da avaliação. Na segunda hasta, poderá ser por qualquer valor, desde que

não seja vil (valor baixo).

d. Usufruto; poderá o magistrado deferir o pagamento ao credor pelos frutos e rendimentos

do bem, até a satisfação do crédito.

Para a alienação do bem penhorado, necessariamente, precisa seguir a ordem acima.

Execução de título judicial (cumprimento de sentença)

Artigo 475-J do CPC;

A fase de cumprimento de sentença inicia-se a partir do trânsito em julgado da sentença de mérito

proferida. Nos termos do dispositivo legal acima citado, em se tratando de sentença líquida, o

devedor/executado, após o trânsito em julgado da sentença, será intimado, na pessoa de seu

advogado, para pagamento voluntário do débito, no prazo de 15 dias, sob pena de aplicação de

multa de 10% sobre o valor da dívida.

Não havendo o pagamento voluntário da obrigação no prazo legal, surge o credor o direito subjetivo

de formular um requerimento (pedido) no sentido de que seja procedida a execução forçada. O

prazo para esse requerimento é de 06 meses, contados do 16º dia após o transito em julgado da

sentença. Com efeito, se não houver esse requerimento nesse prazo, o processo será arquivado.

Nesse contexto, em não sendo efetuado o pagamento pelo devedor, no prazo legal, terá o credor

direito ao recebimento da obrigação principal, acrescido da multa de 10% prevista no artigo 475-J do

CPC.

Page 39: Processo Civil

O requerimento a ser formulado pelo credor conterá pedido de expedição de mandado de penhora

e avaliação de bens do devedor, tantos quantos bastem para a satisfação da obrigação.

Realizada a penhora e avaliação de bens do executado e, garantido o juízo, poderá o executado

exercer o seu direito de defesa, por meio da interposição de impugnação ao cumprimento de

sentença.

A impugnação é considerada como um incidente processual no curso do cumprimento de sentença.

O prazo para interposição de impugnação ao cumprimento de sentença é de 15 dias, contados da

juntada aos autos do mandado de penhora cumprido.

A impugnação importa em garantia do juízo.

A impugnação, em regra, não dispõe de efeito suspensivo. Isso significa dizer que a sua interposição

não sobrestará o prosseguimento do procedimento de cumprimento de sentença. ENTRETANTO,

poderá ser atribuído efeito suspensivo à impugnação desde que fique demonstrado o risco de

ocorrência ao executado de grave dano de difícil ou incerta reparação, nos termos do artigo 475-M

do CPC.

Da decisão judicial que julga a impugnação ao cumprimento de sentença caberá a interposição de

recurso de agravo de instrumento. Contudo, se a impugnação for julgada procedente e esta

procedência gerar a extinção de toda a execução, caberá recurso de apelação. Artigo 475-M, §3º,

CPC: “A decisão que resolver a impugnação é recorrível mediante agravo de instrumento, salvo quando

importar extinção da execução, caso em que caberá apelação.”

Liquidação de sentença

É procedimento processual destinado a apuração do quantum debeatur decorrente da obrigação

imposta na sentença de mérito proferida pelo juízo, quando está, por ser ilíquida, não estabelece

quantia referente à condenação.

Essa fase de liquidação é precedente à fase de cumprimento de sentença. Em liquidação, não se

discute direitos, mais somente circunstâncias relativas ao quantum debeatur.

A liquidação poderá ser realizada pelas seguintes modalidades:

a. Por arbitramento; Quando a apuração do valor da condenação depender de prova pericial.

b. Por artigos; quando a apuração do valor devido depender de fatos novos posteriores à

sentença, nos termos do artigo 475-E do CPC.

Processamento da liquidação de sentença;

Page 40: Processo Civil

A liquidação de sentença depende de requerimento da parte interessada. Outrossim, por obvio,

haverá contraditório. A decisão que julga a liquidação de sentença é desafiada por agravo de

instrumento.

Nunciação de obra nova – art. 934, CPC;

É a denuncia de obra nova que está em desacordo com a regulamentação vigente. Existem três

situações em que existe a nunciação de obra nova, que são:

a. Quando violar direito de vizinhança;

b. Quando violar regras de condomínio;

c. Quando violar regras de construção;

Embargo extrajudicial (art. 935, CPC) – ao prejudicado é lícito, se o caso for urgente, fazer o embargo

extrajudicial, notificando verbalmente, perante duas testemunhas, o proprietário ou, em sua falta, o

construtor, para não continuar a obra. Nesse caso, Dentro de 03 (três) dias requererá o nunciante a ratificação

em juízo, sob pena de cessar o efeito do embargo.

Esse embargo somente será utilizado em caso de urgência.

Ação monitória – art. 1.102-a e seguintes do CPC;

Para ajuizamento da monitória, necessário se faz a presença de três requisitos, quais sejam:

a. Prova documental e, escrita de uma dívida;

b. Essa prova não deverá dispor de eficácia executiva; quando o documento dispõe de algum

defeito que impeça que ele seja executado. Ex: cheque prescrito.

c. Objetive o pagamento de soma em dinheiro, coisa fungível ou bem móvel.

Em monitória não existe dilação probatória. Não se pode instruir monitória com documento

produzido unilateralmente pelo credor, destituído de qualquer consentimento do devedor.

Procedimento:

A ação monitória começa, por óbvio, por uma petição inicial. Recebida essa inicial, ocorrerá a citação

do requerido, em 15 dias, mediante a expedição de mandado monitório.

O réu, citado, poderá cumprir o mandado, promovendo o pagamento da dívida ou entregando a

coisa; se cumprir o mandado espontaneamente, ficará isento quanto ao pagamento das custas

processuais, e honorários advocatícios.

Por outro lado, o réu poderá, ao invés de cumprir o mandado, oferecer defesa, por meio da

interposição dos embargos monitórios.

Page 41: Processo Civil

Outrossim, poderá o réu deixar de cumprir o mandado e, omitir-se quando à oposição de embargos,

oportunidade em que ocorrerá a conversão do mandado monitório em título executivo judicial.

Ações possessórias – arts. 920 e seguintes;

Existem no Brasil as seguintes ações possessórias:

a. Reintegração na posse; esbulho.

b. Manutenção na posse; turbação.

c. Interdito proibitório; ameaça ou moléstia grave. É simplesmente uma ameaça.

O esbulho é a perda total ou parcial da posse. Turbação é o embaraço ao livre uso da posse.

Regras pertinentes às possessórias.

Fungibilidade – isso significa dizer que o juiz poderá receber uma ação possessória pela outra. A

fungibilidade poderá ser aplicada quando:

a. Por erro (dúvida), é ajuizada ação distinta daquela que era a certa;

b. Por alteração fática; o quadro fático que existia quando do ajuizamento da ação não existe

mais, por questões supervenientes.

Exceção de domínio – na pendência de demanda possessória, está vedada a discussão da

propriedade. Art. 923, CPC

Posse nova e posse velha – o autor deve ingressar com a possessória no prazo de ano e dia contados

da ciência da agressão, ara a obtenção da liminar. Artigo 924, CPC; portanto, posse nova é quando a

ação é intentada com menos de ano e dia e, posse velha, quando intentada a ação com mais de ano

e dia.