processo cautelar

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PROCESSO CAUTELAR Não podemos falar de processo cautelar sem antes falar de Jurisdição, quem vem a ser o poder conferido ao Estado de dirimir os conflitos de interesses. O provimento jurisdicional (de conhecimento ou de cognição, e de execução), não é instantâneo. A demora é necessária, porque necessário o contraditório e a ampla defesa, sob pena de nulidade do processo. Outras definições são importantes de serem mencionados já que o processo cautelar, como os demais provimentos (de conhecimento ou de cognição, e de execução), são iniciados pela distribuição (ou registro por dependência), da petição inicial, valendo observar que no processo de execução também existe lide, a lide cautelar, embora não seja solucionado o mérito da ação principal. O importante será conseguir fazer a distinção do mérito da medida cautelar do mérito da ação principal. Assim: Lide: É o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida. Demanda: É o ato inicial do Autor. Petição inicial: É o instrumento da demanda. Mérito: É o mesmo que lide. Para o código são expressões sinônimas. Direito de ação: É o direito subjetivo público, autônomo, instrumentalmente conexo a uma pretensão, de exigir do Estado um provimento jurisdicional. Condições da ação: Legitimidade (das partes), interesse (existência de pretensão objetivamente razoável), e possibilidade jurídica do pedido (não ser a pretensão vedada por lei). Pressupostos processuais de existência: - Tem que haver um órgão investido da função jurisdicional; - Tem que haver pelo menos duas partes; - Tem que haver uma demanda. Pressupostos processuais de validade: - Competência do juízo;

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Page 1: PROCESSO CAUTELAR

PROCESSO CAUTELAR

Não podemos falar de processo cautelar sem antes falar de Jurisdição, quem vem a ser o poder conferido ao Estado de dirimir os conflitos de interesses. O provimento jurisdicional (de conhecimento ou de cognição, e de execução), não é instantâneo. A demora é necessária, porque necessário o contraditório e a ampla defesa, sob pena de nulidade do processo.

Outras definições são importantes de serem mencionados já que o processo cautelar, como os demais provimentos (de conhecimento ou de cognição, e de execução), são iniciados pela distribuição (ou registro por dependência), da petição inicial, valendo observar que no processo de execução também existe lide, a lide cautelar, embora não seja solucionado o mérito da ação principal. O importante será conseguir fazer a distinção do mérito da medida cautelar do mérito da ação principal.

Assim:

Lide: É o conflito de interesses qualificado por uma pretensão resistida.

Demanda: É o ato inicial do Autor.

Petição inicial: É o instrumento da demanda.

Mérito: É o mesmo que lide. Para o código são expressões sinônimas.

Direito de ação: É o direito subjetivo público, autônomo, instrumentalmente conexo a uma pretensão, de exigir do Estado um provimento jurisdicional.

Condições da ação: Legitimidade (das partes), interesse (existência de pretensão objetivamente razoável), e possibilidade jurídica do pedido (não ser a pretensão vedada por lei).

Pressupostos processuais de existência:

-          Tem que haver um órgão investido da função jurisdicional;

-          Tem que haver pelo menos duas partes;

-          Tem que haver uma demanda.

Pressupostos processuais de validade:

-          Competência do juízo;

-          Capacidade processual da partes;

-          Originalidade da demanda (ausência de litispendência e de coisa julgada).

Jurisdição: de cognição (torna concreta a lei), e de execução (torna efetiva essa vontade).

Há distinção entre medida cautelar, processo cautelar e ação cautelar?

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Medida cautelar é o nome atribuído ao instituto. Processo cautelar é o conjunto de atos ordenados para a obtenção de um provimento cautelar. Processo é um método ou sistema de atuação. É uma série de atos coordenados regulados pelo direito processual, através do qual se leva a cabo o exercício da jurisdição. Já a ação cautelar, é o direito de exigir do estado um provimento cautelar, estando ligado à idéia de direito de ação.

O ideal é que a lide seja composta no mesmo estado em que se achava ao ser posta em juízo, daí porque do efeito retroativo da sentença ao momento da propositura da ação.

No transcurso do tempo pode acarretar ou ensejar, e é o que acontece, variações irremediáveis não só nas coisas, como nas pessoas e relações jurídicas substanciais envolvidas no litígio. Ex.: deterioração, desvio, morte alienação.

O objetivo maior do processo é a paz social.

Para a consecução do objetivo maior do processo, que é a paz social, por intermédio da manutenção do império da lei, não se pode contentar com a simples outorga à parte do direito de ação. Urge assegurar-lhe, também, e principalmente, o atingimento do fim precípuo do processo, que é a solução justa, apta, útil e eficaz do processo, para a outorga prática a que tem direito.

É intuitivo, destarte, que a atividade jurisdicional tem de dispor de instrumentos e mecanismos adequados para contornar os efeitos deletérios do tempo sobre o processo.

  PROCESSO PRINCIPAL E PROCESSO CAUTELAR:

  Com o processo principal, o que se busca é a solução da lide instalada pelo conflito de interesses. Através do processo de conhecimento, o Estado, representado na pessoa do Juiz, aplicará o direito ao caso concreto, tornando obrigatória para ambas as partes o ato mandamental traduzido pela sentença.

Já com o processo de execução, o que se pretende é obter a intervenção do Poder Judiciário para tornar efetivo o título judicial traduzido pela sentença, ou extrajudicial dentre aqueles assim qualificados por lei.

Já o processo cautelar, visa a conservação do estado de pessoas, coisas e provas, relevantes para os demais processos. O processo cautelar tem com finalidade servir aos demais provimentos.

Por ser assim, o processo de conhecimento ou de execução são denominados de principal, enquanto o cautelar o acessório.

Não é demais observar, para bem ficar sedimentado, que o objetivo do processo cautelar é a conservação do estado de pessoas, coisas e provas.

  PROCESSO CAUTELAR:

  O processo cautelar contenta-se em outorgar uma situação provisória de segurança para os interesses dos litigantes.

Sua função é auxiliar e subsidiária, de segurança e garantia do eficaz desenvolvimento e do profícuo resultado das atividades de cognição e execução.

  AÇÃO CAUTELAR:

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  Processo e ação são idéias ligadas em forma circular em torno de um núcleo, que é a jurisdição.

Processo é o método de atuar a jurisdição e ação é o direito da parte de fazer atuar o processo.

Se existe um processo cautelar, como forma de exercício da jurisdição, existe, também, uma ação cautelar, no sentido processual da expressão, ou seja, no sentido de direito subjetivo à tutela jurisdicional latu senso; só que a tutela cautelar, diversamente da tutela de mérito, não é definitiva, mas provisória e subsidiária.

Seu objetivo é tutelar os elementos do processo: pessoas, provas e bens.

  MEDIDAS CAUTELARES:

  Elementos da relação processual: subjetivos e objetivos.

Subjetivos - pessoas: o juiz e as partes envolvidas na lide.

Objetivos: provas (processo de conhecimento) e bens (processo de execução).

O risco de dano por ocorrer:

-          por culpa de um dos litigantes;

-          por algum evento ocasional.

Solução: atuação da função cautelar.

O que se obtém? Apenas a prevenção contra o risco de dano imediato, que afeta o interesse litigioso da parte e que compromete a eventual eficácia da tutela definitiva a ser alcançada no processo de mérito.

Processo principal: natureza satisfativa;

Processo cautelar: de prevenção ou garantia.

Medida cautelar (conceito): É a providência concreta tomada pelo órgão judicial para eliminar uma situação de perigo do direito ou interesse de um litigante, mediante conservação do estado de fato ou de direito que envolve as partes, durante todo o tempo necessário para o desenvolvimento do processo principal.

  PECULIARIDADES DA ATIVIDADE CAUTELAR:

  INSTRUMENTALIDADE:

  As medidas cautelares não têm um fim em si mesmas, já que toda sua eficácia opera em relação a outras providências que hão de advir em outro processo.

Vide art. 796 do CPC.

Os objetivos do processo cautelar são diversos do processo principal (de mérito).

No processo principal se busca a composição da lide.

No processo cautelar o que se pretende é afastar a situação de perigo.

No processo principal o que se busca é a tutela do direito.

No processo cautelar o que se pretende é a tutela do processo (resultado eficaz, útil, operante).

Medidas preventivas não são isatisfativas, mas preservativas.

Page 4: PROCESSO CAUTELAR

É instrumental a função cautelar, porque não se liga à declaração de direito, nem promove a eventual realização dele, e só atende, provisoriamente e emergencialmente, a uma necessidade de segurança, perante uma situação que se impõe como relevante para a futura atuação jurisdicional definitiva.

  PROVISORIEDADE:

  A medida cautelar se destina a durar por um espaço de tempo delimitado, isto é, ela possui duração temporal limitada. Elas estão destinadas a serem absorvidas ou substituídas pela solução definitiva de mérito.

Nem toda medida provisória é medida cautelar. Exs.: liminares que se admitem em certos procedimentos especiais de mérito, como os interditos possessórios e os mandados de segurança. Constituem a entrega provisória e antecipada do pedido. São decisões satisfativas do direito, embora precárias.

As cautelares não perdem jamais a condição preventiva e a feição de provisoriedade, cuidando apenas de evitar que o processo corra em vão e seja inócuo na sua missão de composição efetiva da lide, já que, fatalmente, terão de extinguir-se com o advento da medida jurisdicional definitiva.

  REVOGABILIDADE

  A sentença no processo cautelar não faz coisa julgada material (vide Art. 467 do CPC – é aquela que torna imutável e indiscutível a sentença de mérito não mais sujeita a recurso), fazendo tão somente coisa julgada formal.

A característica do provimento cautelar é a substituição (Art. 805 do CPC) e a revogação (Art. 807 do CPC).

Na medida cautelar não há decisão de mérito, porque não versam sobre a lide.

A mutabilidade e a revogabilidade decorrem de sua natureza e objetivos.

Desaparecendo a situação fática, cessa a razão de ser da precaução.

A situação é passageira, e sendo modificada, pode ser revogada.

A revogação ou modificação, não são atos livres de forma nem decisões de mero arbítrio do juiz. Prescindem de procedimento cautelar comum. Cabe ao que sofreu a medida alegar e provar que as coisas e as circunstâncias mudaram. Esse processo é ainda contencioso. Será uma cautelar em sentido inverso.

  AUTONOMIA:

  Embora instrumental (porque serve a outro processo) e acessória (porque depende da existência ou da probabilidade do processo principal) - vide Art. 796 do CPC, é inegável a autonomia técnica.

A autonomia decorre dos fins próprios perseguidos pelo processo cautelar. Ele independe do resultado do processo principal.

O pressuposto da autonomia do processo cautelar encontra-se na diversidade de sua função diante das demais atividades jurisdicionais.

O processo cautelar é autônomo em relação ao de conhecimento, como o é o de execução em relação a este.

O direito da ação cautelar não é acessório do direito acautelado, porque existe como direito atual, quando ainda não se sabe se o direito acautelado existe.

Não se nega uma coordenação entre ambas.

O poder instrumental manipulado pela parte na ação cautelar assenta na necessidade de garantir a estabilidade ou preservação de uma situação de fato e de direito sobre a qual vai

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incidir a prestação jurisdicional no processo principal. O resultado de um não reflete sobre a substância do outro (vide Art. 810).

  CLASSIFICAÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES:

  Nosso código admite qualquer das usuais.

Podem ser classificadas em típicas ou nominadas, e atípicas ou inominadas. Típicas ou nominadas são aqueles procedimentos cautelares específicos elencados no Código de Processo Civil. Exs.: arresto, sequestro, caução, busca e apreensão, alimentos provisionais, posse em nome do nascituro. Atípicas ou inominadas, são aquelas em que o procedimento cautelar específico não esta previsto na Lei de Ritos (CPC), compreendendo o poder geral de cautela admitido pelo Art. 798 do CPC.

Conforme o momento em que são deferidas (vide Art. 796 do CPC), podem ser medidas preparatórias (Art. 800 do CPC), e medidas incidentes. As medidas preparatórias não são em verdade preparatórias do processo principal, e sim antecedentes ou procedentes. Já as incidentes, são assim classificadas por serem propostas no curso do processo principal.

Segundo Ramiro Podetti, as medias cautelares codificadas podem ser classificadas em:

I)               poder geral de cautela – medidas cautelares inominadas;

II)              medidas específicas – medidas nominadas, subdivididas em:

a)             medidas sobre bens;

b)             medidas sobre provas;

c)             medidas sobre pessoas;

d)             medidas conservativas e outras não cautelares, e apenas submetidas ao procedimento cautelar. (Vide anexo I).

  MEDIDAS CAUTELARES CONTECIOSAS

E NÃO CONTENCIOSAS:

  A tutela cautelar pode ocorrer em clima isento de qualquer litigionsidade entre as partes, no plano da tutela de prevenção.

Diz-se existirem medidas cautelares de cunho administrativo ou voluntário e medidas cautelares realmente contenciosas ou jurisdicionais.

Na medida preventiva, nem sempre há controversia ou disputa entre as partes, que, não raro, estão ambas interessadas na sua efetivação. Ex.: vistoria ad perpetuam rei memoriam e os depósitos instantâneos de bens litigiosos são medidas que normalmente se deferem como simples providências administrativas do juízo cautelar.

Se há resistência, mesmo assim não se confunde com o mérito da ação principal, pois se limita ao plano da prevenção ou segurança, como por exemplo, a disputa sobre o cabimento ou necessidade (ou não) in concreto da medida cautelar requerida. É a lide cautelar, com solução em procedimento contecioso com pleno resguardo do contraditório, segundo o rito dos Arts. 801 a 804 do CPC.

Assim, existe uma lide cautelar e uma lide principal. A litigiosidade pode não ser em torno da prevenção e segurança, e sim do cabimento e necessidade.

A importância da distinção se há ou não a litigiosidade esta na sucumbência. Se houver litígio, haverá sucumbência, representada pela subordinação, do vencido, ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios arbitrados pelo juiz ao proferir a sentença no processo cautelar (Art. 20 do CPC).

 

Page 6: PROCESSO CAUTELAR

MEDIDAS CAUTELARES E OUTRAS

MEDIDAS PROVISÓRIAS:

  TUTELA CAUTELAR E TUTELA ANTECIPATÓRIA

  Medias provisórias de natureza cautelar tem cunho apenas preventivo.

Medidas provisórias de natureza antecipatória tem cunho satisfativo.

Ex.: ação cautelar, ações locatícias, ação civil pública, ação declaratória direta de incostitucionalidade, etc.

A Lei 8.952, de 13/12/94, que alterou o Art. 273 do CPC, trata da tutela antecipada, cabendo em qualquer processo de congnição, em tese.

Requisitos da tutela antecipada:

1)        requerimento da parte;

2)        produção de prova inequívoca dos fatos arrolados na inicial;

3)        convencimento do juiz em torno da verossimilhança da alegação da parte;

4)        fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, ou caracterização de abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu;

5)        possibilidade de reverter a medida antecipada, caso o resultado da ação venha a ser contrário à pretensão da parte que requereu a antecipação satisfativa.

Tanto a medida cautelar como a medida antecipatória representam providências, de natureza emergencial, executiva e sumária, adotadas em caráter provisório.

O que as distingue, em substância, é que a tutela cautelar apenas assegura uma pretensão, enquanto a tutela antecipatória realiza de imediato a pretensão.

  REQUISITOS ESPECÍFIOS

DA TUELA JURISDICIONAL CAUTELAR:

 I)                                            UM DANO POTENCIAL, um risco que corre o processo principal de não ser útil ao interesse demonstrado pela parte, em razão do PERICULUM IN MORA, risco esse que deve ser objetivamente apurável;

II)                                          A PLAUSIBILIDADE DO DIREITO SUBSTANCIAL invocado por quem pretenda a segurança, ou seja, o FUMUS BONI IURIS;

FUMUS BONI IURIS

Não é necessário mostrar-se cabalmente a existência do direito material em risco.

O direito em risco há de revelar-se apenas como o interesse que justifica o “direito de ação”, ou seja, o direito ao processo de mérito.

É claro que deve ser revelado como um “interesse amparado pelo direito objetivo, na forma de um direito subjetivo, do qual o suplicante se considera titular, apresentando os elementos que prima facie possam formar no juiz uma opinião de credibilidade mediante um conhecimento sumário e superficial”, como ensina Ugo Rocco.

O interesse tem que ser aquele que, pela aparência, se mostra plausível de tutela no processo principal.

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Obs.: vide Art. 295, parágrafo único, inciso II, do CPC – inépcia da petição inicial, quando “da narração dos fatos não decorre, logicamente, a conclusão pretendida pelo autor”.

PERICULUM IN MORA

  Para obtenção da tutela cautelar, a parte deverá demonstrar fundado temor de que, enquanto aguarda a tutela definitiva, venham a faltar as circunstâncias de fato favoráveis à própria tutela. E isto pode ocorrer quando haja risco de perecimento, destruição, desvio, deterioração, ou de qualquer mutação das pessoas, bens ou provas necessárias para a perfeita e eficaz atuação do provimento final do processo principal.

O perigo de dano se refere ao interesse processual em obter uma justa composição do litígio, o que não poderá ser alcançado caso se concretize o dano temido.

O perigo pode ser:

a)       fundado;

b)       relacionado a um dano próximo; e

c)        que seja grave e de difícil reparação (art. 798).

Perigo fundado se liga a uma situação objetiva, demonstrável através de algum fato concreto.

Perigo de dano próximo ou iminente é o que se relaciona com uma lesão que provavelmente deva ocorrer ainda durante o curso do processo principal.

Grave e de difícil reparação: as duas idéias se interpenetram e se completam, posto que para se ter como realmente grave uma lesão jurídica é preciso que seja irreparável sua conseqüência, ou pelo menos de difícil reparação.

A irreparabilidade tanto pode ser do ponto de vista objetivo como subjetivo. Do ponto de vista objetivo, quando não for permitida a reparação específica nem o equivalente. Do ponto de vista subjetivo, quando o responsável não tenha condições econômicas para efetua-la.

Deve-se ter como grave todo dano que, uma vez ocorrido, irá importar supressão total, ou inutilização, se não total, pelo menos de grande monta, do interesse que se espera venha prevalecer na solução da lide pendente de julgamento ou composição no processo principal.

  OPORTUNIDADE DA PROVIDÊNCIA CAUTELAR:

(Art. 796 do CPC)

  Se antes de iniciado o processo principal:

- precedentes ou preparatórias.

Se no curso do processo principal:

-          incidentes.

  TUTELA CAUTELAR EX OFFÍCIO:

  O juiz tem que ser imparcial, neutro. Seu único compromisso deve ser com a ordem jurídica e com os municípios que a compõem.

Para se obter a tutela jurisdicional, é imprescindível a provação do juiz (vide Art. 2º do CPC).

A ação da parte é a condição e o limite da jurisdição. É condição porque tem que ser provocada. É o limite porque não pode ser maior ou diversa daquela requerida (Arts. 128 e 460).

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Esse princípio dogmático vigora também, como norma geral, no campo da tutela cautelar. Sofre, contudo, abrandamento em duas circunstâncias peculiares aos juízos de segurança ou prevenção, a saber:

a)        pela previsão de medidas cautelares ex officio (Art. 797 do CPC); e

b)        pelo poder reconhecido, implicitamente, ao juiz, de modificar a medida cautelar que lhe foi requerida pela parte, ou de eleger a medida que julgar adequada diante do caso concreto (Art. 798 e 807 do CPC).

As medidas cautelares ex officio têm limitações, só sendo permitidas em casos excepcionais e desde que expressamente autorizadas por lei.

Esse princípio dogmático vigora também, como norma geral, no campo da tutela cautelar. Sofre, contudo, abrandamento em duas circunstâncias peculiares aos juízes de segurança ou prevenção, a saber:

a)       Pela previsão de medidas cautelares ex officio (Art. 797 do CPC); e

b)       Pelo poder reconhecido, implicitamente, ao juiz de modificar a medida cautelar que lhe foi requerida pela parte, ou de eleger a medida que julgar adequada diante do caso concreto (Art. 798 e 807 do CPC).

Assim, a medida cautelar ex-officio possuí limitações. Só serão admitidas em casos excepcionais e desde que expressamente autorizadas por lei.

O juiz não pode abrir um processo cautelar, mas tomar medidas cautelares avulsas, dentro de outros processos já existentes, em situações reguladas pela lei.

Ora são facultadas ora são impostas. Exs.:

-          Art. 653 do CPC: arresto dos bens do devedor na execução;

-          Art. 588, inciso I, do CPC: caução do credor;

-          Art. 588, inciso II, do CPC: na execução provisória, exige-se o depósito para o levantamento de depósito em dinheiro;

-          Art. 804, do CPC: faculta ao juiz exigir caução na medida cautelar “inaudita altera parte”;

-          Art. 1.000, parágrafo único: inventário, 1001, 1.018, parágrafo único, do CPC, e 12, §4º, da Lei de Falência (Dec. 7.661/45).

CARÁTER INCIDENTAL

DA MEDIDA CAUTELAR EX-OFFICIO

É obrigatoriamente incidental.

PODER GERAL DE CAUTELA

MEDIDAS TÍPICAS E MEDIDAS ATÍPICAS

Típicas ou nominadas são aquelas que possuem objetivos e procedimentos especiais (Art. 813 a 889 do CPC).

O poder geral de cautela consiste de medidas criadas e deferidas pelo próprio juiz, diante de situações de perigo não previstas ou não reguladas expressamente pela lei.

Entre elas não há diferença de natureza ou substância.

No poder geral de cautela os poderes são indeterminados.

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Já nas medidas cautelares típicas, tudo que diga respeito ao exercício da função cautelar, quer quanto ao cabimento da providência, quer quanto ao seu objetivo, pressupostos e limites, tudo isto esta adredemente previsto e regulado na lei.

A diferença é apenas quanto a maior ou menor determinação de especificidade.

PODER DISCRICIONÁRIO NA TUTELA

CAUTELAR GENÉRICA

(Art. 798 do CPC)

Discricionário não se confunde com arbitrariedade.

Ao mesmo tempo em que o poder discricionário foi criado, recebeu também destinação e condicionamentos que o limitam estritamente dentro da função cautelar e de seus pressupostos tradicionais.

REQUISITOS DAS MEDIDAS CAUTELARES ATÍPICAS

(ART. 798 do CPC)

a)        FUMUS BONI IURIS (interesse em jogo no processo principal);

b)        PERICULUM IN MORA (receio de dano grave e de difícil reparação).

  FORMA E CONTEÚDO DAS MEDIAS ATÍPICAS

  O Art. 799 é o poder geral de cautela, sendo as hipóteses exemplificativas, e não exaustivas, tais como:

-          autorizar ou vedar a prática de atos;

-          ordenar a guarda de pessoas ou depósito de bens;

-          imposição de caução

O poder geral de cautela são medidas criadas e aperfeiçoadas dentro do poder geral de cautela.

Como se disse, ao serem usadas expressões elásticas, não são exaustivas.

A ordem pode ter conteúdo positivo ou negativo (fazer ou não fazer).

A DISCRICIONARIEDADE

DO PODER GERAL DE CAUTELA

E A ESCOLHA DA MEDIDA ATÍPICA

As medidas requeridas terão de ser valoradas pelo juiz no que diz respeito não só à sua necessidade, como também à sua adequação ou capacidade para eliminar o perigo evidenciado.

Conforme o disposto no Art. 2º e 801 do CPC, a medida tem que ser requerida.

O poder discricionário do juiz atua:

a)       quanto à verossimilhança;

b)       juízo de possibilidade e probabilidade do dano e a oportunidade de eliminação do perigo;

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c)       se a medida é a mais idônea.

  OPÇÃO ENTRE MEDIDA TÍPICA

E MEDIDA ATÍPICA

As medidas típicas referem-se apenas a certos interesses ou direito subjetivos bem determinados pela lei. Já o direito subjetivo que se procura tutelar através do poder geral de cautela é o mais indeterminado possível, isto é, pode consistir em qualquer direito subjetivo, suscetível de tutela por via de ação.

Isso não importa excluir da área de incidência das medidas específicas a admissibilidade também das medidas atípicas, desde que reclamem proteção preventiva não específica em lei, mas compreensível nos poderes outorgados ou juiz pelo art. 798 do CPC. Na verdade, não há incompatibilidade entre elas.

 APLICAÇÃO PRÁTICA DE MEDIDAS ATÍPICAS

  Muitas são as situações encontradas no cotidiano, que exigem a tutela cautelar para assegurar o resultado profícuo do processo principal. Podemos citar como exemplo a proibição de fabricar determinado produto quando em discussão o direito de invenção, o depósito, a proibição de dispor, a suspensão provisória de deliberação social, suspensão de mandato social e nomeação de administrador judicial, etc.

 LIMITES DO PODER GERAL DE CAUTELA

  O poder geral de cautela não é ilimitado nem arbitrário.

A primeira limitação é em relação ao requisito da “necessidade”, pois somente as medidas realmente necessárias devem ser deferidas.

A medida não deve transpor os limites que definem sua natureza provisória. A preocupação deve ser em torno da conservação do estado de fato e de direito a que se vinculam os interesses que serão discutidos no processo principal.

Não devem possuir feição satisfativa, mas sim conservativa.

Não se procede a uma antecipação do mérito, nem a uma execução provisória.

As providências cautelares e as de mérito têm conteúdo e funções totalmente diferentes. Por ser assim, a solução da ação cautelar não influencia na solução da ação de mérito (art. 810 CPC).

Sob o aspecto do alcance da meda cautela, é forçoso reconhecer que deve haver proporção entre a providência atípica e a prestação que se espera obter no processo de mérito. Ex.: se tem o direito de comum da coisa, não pode pretender com a medida o uso exclusivo.

Não se concebe medida preventiva que se possa aplicar em execução de sentença em ação satisfativa. Ex.: o restabelecimento da vida conjugal e prestação de serviços.

Não se admite, finalmente, a pretexto de medida cautelar, seja decretada a suspensão da eficácia de sentença ou outro provimento judicial de mérito.

Outras restrições ao poder geral de cautela,, partindo da exigência do fumus boni iuris:

a)          só o direito que, pelo menos aparentemente, se pode fazer valer em juízo é que merece a tutela das medias atípicas;

b)          não cabe a tutela quando a situação jurídica for pautada em direito natural, insuscetível de exigência ou realização coativa no processo principal;

c)          não cabe a proteção de simples expectativa de direito;

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d)          não protege um direito que depende do acolhimento de uma ação constitutiva (existe entendimento contrário);

e)          não impede a configuração do fumus boni iuris e, conseqüentemente, a tutela do poder geral de cautela, a circunstância de ser incerta ou controvertida a relação jurídica existente entre as partes. Basta que, em tese, o direito invocado pela parte seja tutelável nas vias ordinárias.

  RELAÇÃO PROCESSUAL CAUTELAR

  ELEMENTOS SUBJETIVOS

DO PROCESSO CAUTELAR

LEGITIMIDADE:

  Sujeitos principais: autor, réu e juiz.

Sujeitos secundários: escrivão, depositário e outros órgãos auxiliares da justiça.

Partes legítimas: são os mesmos da relação processual do juízo de mérito.

Devida a urgência, admite-se a propositura da cautelar sem a outorga uxória.

Podem ser sujeitos ativos: autor ou réu.

Não é errado chamar de autor e réu as partes da medida cautelar. Motivo: autonomia , conteciosidade, e manejo através do direito de ação.

COMPETÊNCIA (art. 800 do CPC):

Competente é o juiz da causa principal já em curso ou o competente para conhecer dela se preparatória (ver arts. 108 e 796 do CPC).

Entre a principal e a cautelar ocorre a prevenção.

Pode ser proposta ao juiz do local onde os bens se encontrem face a urgência da medida. Deferida e afastada a situação perigosa, os autos serão remetidos ao juiz da causa principal (art. 809 do CPC).

O art. 106 do CPC não se aplica se o juiz não for o declaradamente competente para a medida cautelar, sendo proposta no local dos bens ou do fato para a excepcional providência cautelar. A parte deverá fazer a menção na petição inicial da medida cautelar.

A competência é absoluta, improrrogável.

Se antecedente ou preparatória, vide arts. 91/111 e 575/579 do CPC.

Competência cautelar em grau de recurso (art. 800, parágrafo único, do CPC: como regra geral, é do tribunal enquanto tramitar o recurso.

INTERVENÇÃO DE TERCEIROS:

Possibilidade. Cabe assistência (art. 50/55). Não cabe oposição (seu objetivo é ter uma sentença de mérito a seu favor, não sendo o mérito da principal apreciado

Page 12: PROCESSO CAUTELAR

na medida cautelar). Quanto a nomeação à autoria (art. 62/63 do CPC: visa corrigir a pertinência subjetiva da relação processual), não há nada que impeça o seu manejo na ação cautelar. Já a denunciação da lide e o chamamento ao processo são modalidades interventivas ligadas ao mérito da ação principal. Na denunciação da lide busca-se direito regressivo; no chamamento ao processo objetiva-se a partilha de co-responsabilidade entre o demandado e seus co-devedores solidários não acionados, ou o direito de regresso contra o afiançado em caso de demanda direta contra o fiador.

 ELEMENTOS OBJETIVOS

DO PROCESSO CAUTELAR:

  Objetos da tutela cautelar: coisas, pessoas e provas, sendo qualquer dos elementos do processo principal.

Sobre coisas: para impedir a transferência, destruição, desvio ou imposição de gravame aos bens sobre os quais incidirá a futura execução; ou visa assegurar o status quo para evitar inovações da situação dos bens litigiosos. Ex.: arresto, seqüestro, etc.

Sobre pessoas, o perigo refere-se à própria pessoa, relativo à sua segurança e tranqüilidade (afastamento do cônjuge do lar conjugal, guarda provisória de menores ou incapazes, etc.). Pode referir-se a satisfação de necessidades urgentes e imperiosas, sendo o perigo que se pretende afastar a própria urgência da satisfação, como se dá nos alimentos provisionais.

Sobre provas, para garantir ao processo meios de convencimento em risco de desaparecimento, e sem os quais o ideal de busca da verdade para agilizar a justa composição da lide poderia ficar prejudicado (ex.: vistorias, prova testemunhal, etc.).

PROVAS:

Interessam ao processo cautelar em duas situações: como elemento do processo principal a ser tutelado; como elemento de convicção do juiz cautelar para apurar as condições de deferir a tutela preventiva.

Na primeira hipótese a prova é o objeto tutelado contra o risco de desaparecimento; é o instrumento de orientação do juiz, é o caminho através do qual o juiz descobrirá se existem ou não os fatos evidenciadores do fumus boni iuris e do periculum in mora.

INSTRUÇÃO PROCESSO CAUTELAR:

É dota-lo dos elementos necessários, evidenciadores da verdade dos fatos alegados.

É necessariamente sumário em razão da emergência de perigo Reduzem-se, por isso, as provas, a informações sumárias, fundadas em critérios de mera plausibilidade.

O processo principal busca a verdade, enquanto o cautelar busca a probabilidade.

A má fé do promovente pode ser refreada com a caução, ou reparada, se necessário, com a condenação em perdas e danos.

  AUTONOMIA DA INSTRUÇÃO

DO PROCESSO CAUTELAR:

Page 13: PROCESSO CAUTELAR

A Instrução da ação cautelar não se confunde com a da ação principal, por versar sobre fatos diversos e tender a justificar decisão diferente daquela a ser obtida na ação de mérito.

Não há inconveniente em que a audiência de instrução e julgamento e a sentença dos dois processos sejam unificadas (cautelar e principal, principalmente se a cautelar tiver sido deferida liminarmente). Neste caso, a decisão da cautelar será um item da sentença.

PROCEDIMENTO DA AÇÃO CAUTELAR:

Todo provimento cautelar é expressão do exercício de uma ação cautelar autônoma, entendida esta como o poder instrumental (direito subjetivo) de provocar um provimento jurisdicional, apto a criar uma situação de garantia, para assegurar uma hipotética situação jurídica contra o perigo de dano iminente.

Rito: é inacumulável. Motivo: celeridade. A notícia sumária e superficial dos fatos autorizadores da medida são suficientes. Já a principal exige a busca da verdade real, com pleno contraditório e ampla e irrestrita defesa.

Procedimento: inicia-se com a petição inicial, a qual deverá observar o art. 282 e 801 do CPC, como também os específicos das medidas cautelares típicas.

Uma vez distribuída a petição inicial, o juiz determina a citação do promovido (art. 802), da qual o requerente tomará ciência e será permitido se manifestar sobre a mesma em decorrência dos princípios do contraditório e ampla defesa, seguindo-se a instrução probatória (produção de provas), e encerramento por sentença (art. 803).

Como no processo de mérito, haverá a fase postulatória, de saneamento, de instrução e de decisão.

A legitimidade para a cautelar será a mesma do processo principal, e sendo um procedimento contencioso, não se admite o provimento sem determinação do sujeito passivo.

PROCEDIMENTOS CAUTELARES:

Comum: art. 801 a 803.

Específicos: art. 813 a 889.

O procedimento comum serve as cautelares inominadas ou atípicas, como também subsidiariamente as típicas (art. 812).

Três são as circunstâncias em que o procedimento específico são instituídos:

a) para fixar ritos especiais para certas pretensões cautelares (ex.: busca e apreensão, caução, etc.), sem cogitar de requisitos extraordinários ou individualizados para a medida;

b) apenas para regular requisitos especiais para algumas medidas (ex.: arresto, seqüestro, etc.), mantido, porém, o rito comum dos arts. 801/804;

c) para estipular, em alguns casos, ritos e requisitos especiais (ex.: exibição, antecipação de prova, arrolamento de bens, atentado, etc.).

AUTUAÇÃO PRÓPRIA:

A medida cautelar tem autuação própria, sendo apensados aos autos da ação principal (art. 809).

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS

PRINCIPAIS E ACESSÓRIOS:

Page 14: PROCESSO CAUTELAR

Impossibilidade. Motivo: cada processo tem campo, natureza, fundamentos, critérios e objetivos próprios, que não toleram a abordagem e solução simultâneas.

Exceção: Medidas cautelares ex-officio previstas no art. 797, que são simples incidentes do processo principal. Não passam de providencias administrativas incidentais.

Na hipótese, se o juiz pode decretá-las de ofício, pode a parte provoca-lo, seja na petição inicial no processo de mérito, seja em requerimento posterior. Não geram, assim, nova e distinta relação processual. Ex.: art. 653 – arresto de bens não sendo encontrado o devedor; como também em relação aos alimentos provisórios previstos na Lei 5.478/68, os quais podem ser requeridos na petição inicial ou até fixados sem postulação expressa do promovente nos termos do art. 4o da lei.

ESTABELECIMENTO DA RELAÇÃO PROCESSUAL:

Como qualquer processo contencioso, a medida cautelar é exercitada através de ação, estabelecendo uma relação triangular entre o autor, o juiz e o réu. Distribuída a petição inicial, para que esta relação processual se aperfeiçoe deve haver a citação do réu, só então estando o processo apto para a entrega da prestação jurisdicional.

Entretanto, o art. 804 prevê duas situações:

a) procedimento cautelar com citação prévia e cognição sumária antes do deferimento ou indeferimento da medida e;

b) procedimento cautelar com medida preventiva initio litis (inaudita autera parte), caso em que, antes da citação e da providência cautelar, pode haver ou não justificação unilateral.

PETIÇÃO INICIAL DA AÇÃO CAUTELAR:

Observar o art. 282, 801 e os requisitos específicos da medida cautelar típica, quando for o caso.

Obs.: o art. 801 não faz referência a necessidade de se pedir a citação do réu e atribuir o valor à causa, o que é encontrado no art. 282.

O valor da causa é o do pedido a ser formulado no processo principal, podendo ser estimativo por não Ter um conteúdo econômico imediato (vide art. 258 do CPC). Ele tem um significado tributário, pois é sobre ele que será calculado o valor da taxa judiciária necessariamente recolhida e comprovada quando da propositura de qualquer ação, salvo se à parte for deferida a justiça gratuita (vide Lei 1.060/50). Terá como referência também, no calculo dos honorários de sucumbência (são os devidos pela parte vencida – vide art. 20 do CPC).

Sobre o inciso II do art. 801, e relevante compreender que sem essa perfeita individualização das partes não se consegue realizar a citação e não se alcança a certeza subjetiva do vínculo processual.

Sobre o inciso III (lide e seu fundamento), há que se demonstrar a existência ou probabilidade da ação de mérito. Referem-se a ação e não propriamente à lide. Do ponto de vista prático, esse requisito legal é atendido mediante indicação da ação principal que a parte pretende propor, com explicitação de suas partes, pedido e causa de pedir. Nem sempre é obrigatória a designação da ação de mérito por um específico nome jurídico.

O importante é demonstrar que o fumus boni iuris assegura uma ação de mérito entre as partes.

Tal requisito não é exigido se a cautelar é incidental.

 EXPOSIÇÃO SUMÁRIA DO DIREITO AMEAÇADO

E O RECEIO DE LESÃO:

São os fundamentos específicos da tutela preventiva. Requer:

Page 15: PROCESSO CAUTELAR

I) um interesse processual na eficiente atuação de um processo principal (ou de mérito), vale dizer, o fumus boni iuris, ou seja, o mínimo de viabilidade jurídica;

II) o fundado receio de dano jurídico, vale dizer, o periculum in mora na entrega da prestação jurisdicional no processo cautelar principal, devendo este perigo corresponder a uma situação de fato.

PROVAS A PRODUZIR:

O mundo do julgador é o processo, de sorte que o que não esta nos autos não existe para o juiz.

Assim, as provas têm que se relacionar com os pressupostos da ação cautelar.

Sendo sumário o procedimento, na inicial todas as provas pretendidas deverão ser requeridas, porquanto de regra não terá outra oportunidade.

 PEDIDO:

  O pedido tem que ser certo, ao qual o juiz, se julgar adequado, admitirá oportunamente a alternatividade por caução (art. 805) ou por outra medida mais consentânea com o caso dos autos (art. 807).

 DESPACHO DA INICIAL E

CITAÇÃO DO REQUERIDO:

  No despacho preliminar é possível o indeferimento da inicial na hipótese dos art. 295, observada a forma do art. 284 e seu parágrafo único.

Sanadas as irregularidades, promovida a justificação unilateral, se se fizer necessária, e deferida a liminar, se cabível, o juiz determinará a citação do réu (art. 802), contando o prazo para resposta a partir da juntada aos autos do mandado de citação.

O prazo para resposta é de cinco dias.

RESPOSTA DO REQUERIDO E AUDIÊNCIA

DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO (AIJ):

  Modalidades: contestação e exceção. A reconvenção não é admitida.

Nos protestos, notificações e interpelações (art. 871), assim como no protesto e apreensão de títulos (art. 882), como também na justificação (art. 865), não há lugar para a contestação, porque em verdade esses procedimento conservativos não representam ações cautelares, sendo até mesmo indevida sua inclusão dentre as medidas do processo cautelar.

Sobre a contestação, vide arts. 300/303 do CPC. Já em relação às exceções, vide arts. 299, 304/314 do CPC.

As exceções são: de incompetência, impedimento e suspeição.

Não cabe reconvenção, em razão da fungibilidade das medidas e do poder de impor (o juiz) a contracautela (caução), até de ofício, podendo o réu requerer providências da espécie na própria contestação.

Além do mais, a reconvenção é incidente incompatível com a sumariedade do procedimento.

Também não induz litispendência nem faz coisa julgada.

  REVELIA:

 

Page 16: PROCESSO CAUTELAR

Possibilidade.

Efeitos processuais:

a)    art. 322: o processo prossegue sem a intimação do réu para os atos ulteriores;

b)    art. 803: julgamento antecipado da lide em 5 dias.

Efeitos substanciais:

       art. 803: os fatos alegados pelo requerente presumem-se aceitos e como verdadeiros.

  AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO:

1º) tentativa de conciliação (art. 477);

2º) coleta de provas orais e esclarecimentos do perito;

3º) sentença.

A audiência pode ser dispensada se as questões só forem de direito, ou se inexistirem provas orais.

MEDIDA LIMINAR E CONTRACAUTELA:

MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARTE

Vide art. 804. Pressupõe: presença do fumus boni iuris e do periculum in mora.

Motivo: a audiência da parte contrária levaria a frustrar a finalidade da própria tutela preventiva, pois daria ensejo ao litigante de má-fé justamente a acelerar a realização do ato temido em detrimento dos interesses em risco.

 

COMPROVAÇÃO DOS REQUISITOS DA MEDIDA:

 

Na inicial, através das provas idôneas apresentadas, ou através de justificação prévia.

A media liminar pode ser mantida ou cassada, conforme o que se apurar na instrução da causa.

 

CONTRACAUTELA:

 

Terá lugar quando o juiz, ao conceder a garantia pleiteada pelo requerente, sente que também o requerido pode correr alguns risco de dano, também merecedor de precaução processual.

É de imposição ex-officio. É facultativo. Pode ser provocada pelo requerido. Cabe no caso de dúvida e insuficiência de provas liminares. Favorece o deferimento da liminar initio litis. Não dispensa o ônus da prova no curso do processo.

 

SENTENÇA CAUTELAR

Page 17: PROCESSO CAUTELAR

 

JULGAMENTO DA PRETENSÃO CAUTELAR:

 

A medida cautelar pode ser obtida liminarmente. É decisão interlocutória que desafia recurso de agravo.

Ao final, encerra o processo e acolhe ou rejeita o pedido do requerente, através da sentença, que desafia recurso de apelação com efeito meramente devolutivo (art. 520, IV).

COISA JULGADA:

 

Só formal. Exceção: declaração de prescrição e decadência.

 

LIMITES DA SENTENÇA:

 

Não configura decisão extra petita, a sentença que defere providência cautelar diversa da postulada pela parte.

Motivo: prevalência do interesse público e a presença do princípio da fungibilidade.

 

FUNDAMENTAÇÃO:

 

Vide art. 458: relatório, fundamentação de fato e de direito, e dispositivo.

O juiz deve admitir a idéia da plausibilidade do perigo de dano, admitindo com provável a ocorrência de dano iminente.

 

SUCUMBÊNCIA E HONORÁRIOS:

 

A imposição da verba advocatícia fica na dependência de que tenha havido uma disputa contenciosa em torno de uma providência preventiva.

Em síntese:

a) se a cautelar limita-se ao plano de uma simples medida cautelar, de cunho administrativo, não há sucumbência; o requerente paga as custas e não há condenação pertinente a honorários;

b) mas se o pedido cautelar é objeto de contestação e o procedimento (seja preparatório, seja incidental) torna-se contencioso, então o vencido terá de responder por custas processuais e honorários de advogado, perante o vencedor, sem ter de aguardar o resultado do processo principal, em face da autonomia jurídica existente entre ambos.

Page 18: PROCESSO CAUTELAR

 

EXECUÇÃO DAS MEDIDAS CAUTELARES

 

EXECUÇÃO EM MATÉRIA CAUTELAR:

 

Há medidas cautelares restritivas de direitos, constritivas de bens e simplesmente conservativas de bens, provas ou direitos.

As medidas conservativas, como a antecipação de provas, exaurem em si mesma toda a sua finalidade, sendo a sentença mero provimento de extinção do processo, sem qualquer carga de imposição de ônus ou dever à parte.

Certas medidas restritivas de direitos são também de caráter constitutivo e realizam sua finalidade por si mesmas, como a que suspende a eficácia de uma deliberação social ou autoriza um cônjuge a deixar provisoriamente a companhia de outro.

Há, no entanto, sentenças ou decisões cautelares que participam da natureza das condenações, e, embora de eficácia provisória, reclamam execução.

 

FIGURA UNITÁRIA DO PROCESSO CAUTELAR:

 

Na maioria dos casos a estrutura do procedimento é tal que a atuação da medida é parte do procedimento e que a fase de cognição não se separa da fase de atuação ou execução. Ex.: na execução do arresto e do seqüestro, se a medida não tiver sido deferida liminarmente, ao julgar procedente a tutela, a execução será feita através de simples expedição de um mandado para cumprimento da sentença.

No processo cautelar, o conhecer e o realizar se apresentam numa única relação processual, diversamente do processo de conhecimento e do processo de execução, onde em torno de uma mesma pretensão de direito material se estabelecem sucessivamente duas relações jurídicas processuais.

O processo cautelar só se exaure quando a ordem de prevenção seja efetivamente cumprida.

 

IMPOSSIBILIDADE DE EMBARGOS À EXECUÇÃO:

 

A execução da medida cautelar é apenas movimento processual, ou situação processual.

Inexiste execução forçada em sentido técnico. Exceção: alimentos provisionais (art. 732/735 do CPC).

PRAZO PARA EXECUTAR A MEDIDA CAUTELAR:

 

Vide art. 808, nº II, do CPC: 30 dias, contados do decreto que determinou a medida.

Page 19: PROCESSO CAUTELAR

De regra, só tem aplicação nos casos de medidas restritivas de direito e conservativas de bens.

Vide fluxograma nº 38.

 

VICISSITUDES DAS MEDIDAS CAUTELARES

 

FUNGIBILIDADE (art. 805)

Pode ser modificada a qualquer tempo, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes, pela prestação de caução ou outra garantia menos gravosa para o requerido, sempre que adequada e suficiente para evitar a lesão ou repara-la integralmente.

As medias cautelares servem ao processo e não ao direito substancial dos litigantes.

Se a caução for suficiente para eliminar o perigo, a mesma deverá ser preferida à qualquer outra, devendo ser, no entanto, idônea.

 

CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE

DA CAUÇÃO SUBSTITUTIVA:

 

Adequação e suficiência. Há de ser idônea.

Por adequação, entende-se a aptidão genérica da caução para desempenhar garantia da mesma natureza da medida anterior, ou seja, com a mesma eficiência substancial.

Por suficiência da caução entende-se a sua expressão quantitativa.

 

PROCEDIMENTO:

 

A substituição reclama processo especial e será examinada e solucionada em autos apensados aos da media cautelar decretada.

Rito: arts. 826/838 do CPC.

A caução pode ser real ou fidejussória (art. 826).

A substituição não suspende nem interrompe o prazo em curso para ajuizamento da ação principal (art. 806).

 

EFICÁCIA DA MEDIDA CAUTELAR NO TEMPO

 

Prazo ordinário de duração da medida cautelar: é o da utilidade da medida cautelar para o processo de mérito.

Page 20: PROCESSO CAUTELAR

 

A medida cautelar e o prazo de ajuizamento da ação principal: 30 dias (art. 806); tem caráter fatal ou peremptório, logo sendo improrrogável. Nem por isso deixará de ser suspenso nas férias forenses, se a ação principal não for daquelas que correm durante o recesso do foro.

Não confundir a decadência, figura do direito material, com a preclusão ou peremptoriedade, figura do direito processual.

O prazo do art. 806 conta-se a partir da efetivação da medida, e não da data em que foi concedida.

Inobservância do prazo de ajuizamento da ação principal: 30 dias. Conseqüência: perda da eficácia, salvo se a medida não for restritiva de direitos ou constritiva de bens.

 

Conclusão: a) se a medida for deferida antes do ajuizamento da ação principal, inicialmente perdurará pelo prazo de 30 dias a que se refere o art. 807; b) qualquer que seja, contudo, o momento do deferimento, se não houver extinção, revogação ou substituição, sua eficácia perdurará enquanto pender o processo principal, conforme dispõe o art. 807.

Na verdade, a eficácia muitas vezes deve ultrapassar a pendência da ação para garantir a subseqüente execução. Ex.: seqüestro e ação reivindicatória. A media cautelar tem efeito enquanto for idônea até ser substituída pelo ato processual que ela visa garantir.

 

Suspensão do processo principal: não afeta a eficácia da media cautelar.

Motivos: vide art. 265 e 791.

Exceção: art. 807, parágrafo único.

Vide art. 266 e 793: a suspensão não impede a efetivação de medidas urgentes.

 

EXTINÇÃO DA MEDIDA CAUTELAR

 

Forma de extinção da medida cautelar: normal e anormal.

A forma normal se dá através da exaustão prática de todo o objetivo por ela visado.

De forma anormal, nos seguintes casos:

a)         por revogação (art. 807);

b)         por falta de ajuizamento da ação principal em trinta dias (art. 808, I);

c)         por falta de execução da medida deferida em trinta dias (art. 808, II);

d)         por declaração de extinção do processo principal, com ou sem julgamento de mérito (art. 808, III);

e)         por desistência da ação cautelar (art. 267, VIII).

Processamento da extinção: após o encerramento do processo em que foi deferida, depende de ação do interessado em face do beneficiário da mediada.

Page 21: PROCESSO CAUTELAR

A desistência é feita por simples petição, mas depende de sentença homologatória depois de ouvido o requerido (arts. 158, parágrafo único, e 267, VIII).

Os três casos do art. 808 são de extinção em razão da lei, não necessitando de sentença constitutiva. Reconhecendo sua presença, o juiz simplesmente declara a perda de eficácia e determina o levantamento da constrição ou restrição.

Ao juiz incumbe apenas ordenar os atos necessários para fazer cessar os efeitos práticos da medida extintiva, como ordenar a restituição do bem apreendido,levantar a interdição de direitos e etc.

 

Impossibilidade de renovar a medida que perdeu a eficácia: vide art. 808, parágrafo único: se por qualquer motivo cessar a medida, é defeso à parte repetir o pedido, salvo por novo fundamento.

 

MODIFICAÇÃO E REVOGAÇÃO

DA MEDIDA CAUTELAR

 

Modificabilidade e revogabilidade: Vide art. 807. A decisão do processo cautelar é sempre provisória por repousar sobre fatos mutáveis. A permanência de seus efeitos fica, por isso mesmo, subordinada à continuidade do estado de coisas no qual se assentou. Alterados os fatos, modifica-se a base da decisão cautelar, que ao se amoldar a eles pode exigir modificação ou mesmo revogação da medida cautelar deferida.

Modificar um provimento cautelar é substituir uma medida por outra, ou converte-la em outra. Ex.: art. 805.

A revogação consiste na subtração total da eficácia da medida deferida, retirando à parte toda a tutela cautelar, por não mais subsistirem as razões que, de início, a determinaram.

Procedimento: a modificação e a revogação devem ser pedidas em ação com obrigatória audiência da outra parte, em procedimento especial, distinto daquele em que se ordenou a medida. Há que se fazer a prova de que as circunstâncias mudaram. O procedimento para a revogação deve ser o mesmo utilizado para a decretação. Quando se tratar de simples substituição da medida originária por caução ou por outra garantia menos gravosa para o requerido, a providência dispensará procedimento autônomo, podendo ser decretada no bojo do processo já existente, até mesmo de ofício, ou a requerimento de qualquer das partes, com faculta o art. 805.

Revogação da medida cautelar liminar: se dará nos próprios em que se deu sua decretação. Julgando improcedente o pedido cautelar, o juiz estará revogando o provimento concedido ao tempo da abertura do processo. Se, porém, o processo cautelar já se encerrou e a medida foi confirmada pela sentença que lhe pôs fim, só em outro processo será possível pleitear-se a respectiva revogação.

 

RECURSOS NO PROCESSO CAUTELAR

 

Da sentença cabe apelação, e das decisões interlocutórias o recurso de agravo. Cabe ainda o recurso de embargos de declaração quando for o caso, como também o extraordinário e o especial se a hipótese o admitir.

 

RESPONSABILIDADE CIVIL

DECORRENTE DA MEDIDA

Page 22: PROCESSO CAUTELAR

 

Possibilidade. Vide art. 811. Hipóteses: incisos I a IV do art. 811.

Liquidação e execução da medida: requisitos: a) a ocorrência de prejuízo efetivo causado pela execução da medida cautelar; b) a determinação do valor desse prejuízo. O valor da indenização é obtido através de liquidação por artigos (art. 608).

 

MEDIDAS CAUTELARES TÍPICAS

 

ARRESTO

 

Conceito: É a medida cautelar de garantia da futura execução por quantia certa. Consiste na apreensão judicial de bens indeterminados do patrimônio do devedor.

Finalidade: Garantir a execução por quantia certa.

Pressupostos: Art. 814 do CPC.

I – Prova literal de dívida líquida e certa (vide Art. 586 do CPC) – fumus boni iuris;

II – Prova documental ou justificação de algum dos casos de perigo de dano jurídico mencionados no Art. 813 do CPC – periculum in mora.

Conclusão do Art. 813 do CPC: Os permissivos legais do arresto podem ser resumidos no fundado receio de fuga ou insolvência do devedor, de ocultação ou dilapidação de bens ou de outro artifício tendente a fraudar a execução e nos casos expressos em lei.

Prova literal = prova documental.

A situação de perigo é evidenciada ou suprida:

a)    pela prova documental (Art. 814, I);

b)    justificação prévia (Art. 814, II);

c)    caução (Art. 816, II).

Observações.:

 

-          documento: admite-se declaração de terceiros;

-          justificação em segredo de justiça;

-          momento da justificação: mediante ausência da prova documental ou quando insuficientes os documentos;

Page 23: PROCESSO CAUTELAR

-          deferimento de liminar mediante caução: cognição sumária e unilateral, que não dispensa dilação probatória.

-          Dispensa de justificação, bastando a alegação das causas do Art. 813 do CPC: quando a cautelar for requerida pela União, Estados, Distrito Federal, Municípios e suas autarquias, como também se o devedor prestar caução (Art. 816 do CPC, acrescentando ainda a medida cautelar ex offício (exemplo: Art. 653 do CPC);

-          Não cabe o arresto nas obrigações condicionais não cabe o arresto, justamente por lhes faltar o requisito da certeza;

-          Exige-se: liquidez e certeza, exigibilidade não (requisito este necessário para o processo de execução);

-          Bens: móveis e imóveis (penhoráveis);

Obs.: Existem bens penhoráveis, relativamente impenhoráveis (Art. 650 do CPC), e absolutamente impenhoráveis (Art. 649 do CPC);

Procedimento: É o comum do Art. 802 e 803 do CPC.

Competência: Art. 800 do CPC.

Legitimidade: Partes do processo principal.

Petição inicial: Art. 801 e 814, inciso I, do CPC, valendo observar a necessidade de requerer a citação do réu e indicar o valor da causa.

Valor da causa: é o valor do crédito.

Cabe medida liminar inaudita altera parte.

Cabe caução (real e fidejussória) - Art. 804 do CPC: o juiz deverá estabelecer o montante, a espécie e o modo.

Sentença: de procedência ou improcedência.

Natureza da sentença: mandamental.

Recurso: cabe apelação, agravo de instrumento, recurso extraordinário e especial, conforme o caso. Recurso recebido só no efeito devolutivo. Só faz coisa julgada formal, salvo quando reconhecida a prescrição e a decadência.

Execução: Art. 821 do CPC (vide Art. 664, 665 e 579 do CPC). É feita por mandado.

A forma é a da penhora:

-             Art. 664 é o auto de penhora (arresto);

-             Art. 665 são os requisitos do auto de penhora;

-             Art. 579 é a possibilidade do uso da força policial;

Não há citação nem intimação do réu na execução da sentença:

-             não é citado para pagar;

Page 24: PROCESSO CAUTELAR

-             não é intimado para adimplir a obrigação;

-             não há prazo para nomeação de bens;

-             enfim, não há preceito algum no mandado.

Depositário: Vide os critérios do Art. 666 do CPC.

Suspensão da execução: Art. 819 do CPC – mandado já expedido.

a)         paga com os consectários;

b)         dá fiador ou caução.

Extinção do processo, e até mesmo da medida: Art. 820 (específica) e Art. 808 (genérica). O Art. 820 é apenas exemplificativo.

Efeitos do arresto:

a)         restrição física à posse do dono;

b)         imposição de ineficácia de atos.

Forma especial de exaustão de seu objetivo: se o pedido for julgado procedente, resolve-se em penhora.

 

SEQÜESTRO

 

Conceito: É a medida cautelar que assegura futura execução para entrega de coisa e que consiste na apreensão de bem determinado, objeto do litígio, para lhe assegurar entrega, em bom estado, ao que vencer a causa.

Finalidade: conservar a integridade de uma coisa sobre que versa a disputa judicial, preservando-a de danos, de depreciação ou deterioração.

Exige-Se prova segura e convincente de que corre risco, insanável, a conservação da coisa.

Pode assumir a feição de medida protetiva da integridade física do litigante na forma do art. 822, inciso I, parte final, primeira figura (rixa: agressões e contendas pessoais). O receio de rixas e danificações deve ser fundado, sério, inspirados em dados objetivos que autorizem a admissão de sua probabilidade.

Pressupostos: a) só é admitido quando lei expressa o permite; b) haja risco, insanável, da conservação da coisa.

Pressupõe dúvida quanto ao direito material da parte e perigo de desaparecimento da coisa.

Objeto: móveis, imóveis e semoventes; tanto as coisas a título singular como coletivas (empresa e herança). Ex.: há possibilidade de títulos de crédito , públicos e particulares, e ações de S/A .

Page 25: PROCESSO CAUTELAR

Procedimento: É o comum dos arts. 802/803 do CPC.

É uma ação com autonomia por seu objeto específico, que é a tutela à pretensão de segurança.

É relação processual contenciosa.

Pode ser preparatória ou incidental.

Cabe liminar (Art. 804 do CPC).

Exige-se prova documental e se for o caso, justificação.

Cabe a substituição por caução e contracautela.

Aplica-se tudo quanto se aplica ao arresto. O arresto e o seqüestro se subordinam a uma única disciplina processual.

Legitimidade: as partes do processo principal.

Competência: a do processo principal.

Requisitos:

a)         Temor de dano jurídico iminente (Art. 822, I a IV) = periculum in mora;

b)         Interesse na preservação da situação de fato = fumus boni iuris.

Prova: é feita como no arresto: através de documentos ou se for o caso mediante justificação prévia em segredo de justiça, admitindo-se a caução em caso de urgência.

Cabimento: Art. 822 – a melhor exegese é de que seja exemplificativa.

A ação não precisa ser necessariamente de direito real. Pode ser de direito pessoal ou obrigacional . EX.: ação reivindicatória de coisa móvel e perecível.

Se a coisa estiver abandonada ou em risco de perecimento, é admitido o seqüestro diante das seguintes situações:

- ações sobre condomínio;

-             sobre venda com pacto comissório sobre pretensão recuperatória de bens em demandas de anulação de negócios jurídicos;

-             pretensões contratuais de restituição de coisas como nos casos de locações, comodatos, depósitos, etc.

-             ações hereditárias, como inventa’rio, partilha, petição de herança, colação, etc.

-             hipótese do herdeiro em relação ao inventariante.

Obs.: danificação = deterioração física, desaparecimento ou desvio.

Page 26: PROCESSO CAUTELAR

Art. 822, Inciso III: a) O imóvel pode ser urbano ou rural, residencial, comercial ou industrial; b) a sentença sujeita a recurso pode esta impedida de execução da condenação; c) risco de dissipação dos frutos: pode ser das rendas civis (foros, alugueis, etc.) e dos frutos ou produtos naturais (colheitas, crias, produtos, minerais, etc.); d) podem ocorrer a pratica de atos desleais, como dívidas fictícias ou o esbanjamento da fortuna comum.

Na hipótese do último inciso, pressupõe:

-             a ação já proposta ou não;

-             e atos que demonstrem a dilapidação.

Outros exemplos: art. 12, §4º da Lei de Falências, arts. 136, 137, 125 do CPP, 507 do CC/16, Dec. Lei 254/67 (proteção ao privilégio de invenção), e Lei 3502/58.

Execução e efeitos: São processos unitários, não se dissociando a cognição da execução.

O decreto de seqüestro é auto - exeqüível, sendo expedido um mandado executivo.

Não há citação nem embargos pela natureza do processo.

Cabe força policial (Art. 824, parágrafo único).

Há nomeação de um depositário judicial (Art. 824), que pode ser um terceiro de confiança do juiz, pessoa indicada pelas partes de comum acordo, ou até mesmo uma das partes, desde que preste caução (Art. 824, II), podendo ser real ou fidejussória (Art. 826).

O depositário presta compromisso (Art. 825).

Extinção: Art. 820 do CPC (pagamento, novação e transação) e 808, II, do CPC (extinção do processo principal).

Efeitos do seqüestro: O mesmo do arresto:

-             restrição física à posse do dono, já que o objeto arrestado passa a guarda de depositário judicial;

-             imposição de ineficácia dos atos de transferência dominial frente ao processo em que se deu a constrição. O bem não se torna inalienável.

Obs.: Diferenças entre o arresto e o seqüestro:

1) O arresto atua na tutela de execução por quantia certa.

2) O seqüestro na execução para a entrega de coisa certa.

3) O arresto não se preocupa com a especificação do bem. Sua finalidade é preservar um valor patrimonial.

4) O seqüestro visa um bem específico, o bem litigioso.

 

CAUÇÃO (Art. 826 a 838):

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CONCEITO: Corresponde à medida tomada para acautelar-se contra um dano provável.

Há caução quando o responsável por uma prestação coloca a disposição do credor um bem jurídico que, no caso de inadimplemento, possa cobrir o valor da obrigação.

Caução significa prevenção, precaução.

Não é figura específica no direito processual. É verificado nos mais variados ramos do direito, e até sob a forma de cláusulas contratuais em negócios públicos e privados. Ex.: A caução no contrato de locação da Lei do Inquilinato.

Embora a idéia de caução seja a de prevenção, nem toda ela tem conteúdo de ação cautelar. Na dogmática processual, a caução tem o objeto próprio do processo cautelar, que é servir instrumentalmente o outro processo, e não tutelar imediatamente o direito.

Quando ela se destina a resguardar diretamente o direito material da parte, assume características de satisfação da pretensão material, logo não se podendo falar em função cautelar.

O art. 826 a 838 do CPC cuidando do procedimento específico da ação de caução, cujo objetivo pode ser tanto o de prestar como o de exigir caução.

A especificidade da ação cautelar não diz respeito aos requisitos ou pressupostos da medida, os quais são os comuns do poder geral de cautela (arts. 798 e 799), ou os do direito material pertinente (cauções não cautelares); mas apenas se relaciona com o rito próprio do processamento da prestação de caução, qualquer que seja sua natureza.

Classificação:

a)         CAUÇÕES LEGAIS (não estão presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, requisitos da cautelar): são as decorrentes de imposição legal: CPC, Arts. 588, 690, 940, 1.051, 1.166 e 634, §§ 2º e 3º; CC/16, Arts. 6555, 729, 297, 419, 529, 580, 582, 1.734, parágrafo único;

b)         CAUÇÕES NEGOCIAIS: são as decorrentes de contrato ou negócio jurídico: caução no contrato de locação e no contrato administrativo.

c)         CAUÇÕES PROCESSUAIS, compreendendo: ações cautelares e medidas incidentais necessárias, de imposição ex officio, pelo juiz.

O procedimento será o do Art. 826 e 838 independentemente de ser a caução cautelar ou não.

Caução legal: O que caracteriza a caução legal é ser de “direito completo”, por não depender de outra motivação senão da regra de direito material ou processual que ordena sua prestação.

Só há tutela cautelar típica quando se trata de proteger o interesse processual (fumus boni iuris ou direito de ação) frente ao periculum in mora.

Cauções negociais: Caução negocial é a garantia que, por convenção, uma parte dá à outra do fiel cumprimento de um contrato ou um negócio jurídico. São exemplos típicos dessa caução o penhor, a hipoteca, e a fiança, nos contratos de mútuos, e os depósitos em dinheiro ou títulos, nos contratos administrativos.

Caução processual: com o cunho de garantia ao processo (traço específico da ação cautelar), existe a caução como figura integrante do poder geral de cautela (art. 799), como medida substitutiva de outro provimento cautelar específico (art. 805) e como contracautela nas medidas liminares (art. 804).

O código regulou tanto a ação de quem tem a obrigação de dar a caução (art. 829), como a do que tem o direito de exigir (art. 830).

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A redação dos dois artigos não deixa dúvida de que a parte não propõe ação cautelar, mas, apenas utiliza-s do rito procedimental da ação sumária do Livro III, para exercer pretensão relativa ao direito de exigir caução necessária, ou liberar-se de idêntica obrigação, prestando a que esteja obrigado.

O art. 830 admite que a base da ação de caução seja até mesmo um contrato. Na hipótese a caução pode ser preparatória ou preventiva, mas nunca cautelar.

As medias previstas nos arts. 799, 804 e 805 é que são as típicas medidas cautelares, porque exercem a função de tutelar outro processo, preservando-lhe a eficiência e utilidade, mediante o restabelecimento da igualdade de fato entre as partes.

Objeto da caução: pode ser real ou fidejussória (art. 826).

A caução é real quando feita através de uma das formas de garantia real, como a hipoteca e o penhor, e fidejussória a garantia pessoal dada mediante fiança de terceiro.

A escolha da garantia caberá ao obrigado a caucionar, que, observado o requisito da idoneidade da caução, poderá optar entre as formas de depósito previstas no art. 827.

Partes legítimas são as do processo principal, como competente é o juiz da causa principal.

Procedimento:

Admite-se medida preparatória e incidente.

Admite medida liminar inaudita altera parte, em casos de urgência.

Exige-se petição inicial com autuação e apensada ao processo principal.

Os requisitos da petição inicial são, além do art. 282 e 801 (requisitos ordinários), o art. 829:

I)           o valor a ser garantido, que na maioria das vezes é objeto de estimativa ;

II)          Ex.: depósito de dinheiro, hipoteca, fiança, etc.

III)        ...a caucionar: se fiança, demonstrar a idoneidade do fiador e se patrimônio livre.

Como a petição inicial, o obrigado pode depositar o bem ou apresentar carta de fiança (art. 832, II).

A sentença na hipótese do art. 831 assume forma cominatória.

Citado, o réu procederá da seguinte forma: art. 831

Julgamento antecipado da lide: art. 832:

I)           se não contesta;

II)          se a caução é aceita;

III)        sendo a matéria só de direito, ou se de direito ou de direito e de fato, não há provas a produzir em audiência.

Havendo audiência: haverá a produção de prova oral e esclarecimentos do perito.

Realizada a audiência, será proferida a sentença, em audiência ou no prazo de 10 dias (art. 456).

Cauções processuais (tipicamente cautelares – art. 799, 804 e 805):

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Obs.: Há que se distinguir ações cautelares de simples medidas ou providências cautelares.

Art. 804: contracautela = simples medida cautelar.

Art. 799: poder geral de cautela.

Art. 805: caução substitutiva.

Os arts. 799 e 805 são verdadeiras ações cautelares – rito dos arts. 829 a 834.

Execução:

Se improcedente: exaure por si só (declaratória negativa).

Se procedente: tem prazo para a caução.

Se necessário, determinará providências e diligências necessárias à efetivação.

O prestador da caução deve, voluntariamente, tomar as providências recomendadas pela sentença, como por exemplo: depósito em juízo de dinheiro, de pedras preciosas, etc.

A formalização também pode ser feita por termo nos autos e documento extrajudicial.

Se for hipoteca, deverá haver a inscrição no registro de imóveis (Lei 6.515/73, art. 167, I).

Se forem oferecidos bens móveis, deverá haver o depósito (art. 664 e 666).

Da sentença cabe recurso de apelação sem efeito suspensivo (Art. 520, IV).

Caução relativa às custas judiciais e honorários advocatícios prevista no Art. 835 do CPC: aplica-se tanto ao estrangeiro como ao brasileiro, não se aplicando ao réu. Pode real ou fidejussória, desde que idônea (suficiente para o pagamento das custas judiciais e honorários advocatícios).

Art. 836, incisos I e II: hipóteses em que não se exige a referida caução, ou seja, na execução fundada em título extrajudicial e na reconvenção.

Reforço da caução: art. 837 do CPC. Ocorrerá quando houver desfalque da caução prestada. Exige novo procedimento sendo o previsto nos arts. 826/838. A petição inicial deverá observar o disposto nos artigos 282, 801 e 837, segunda parte, do CPC. Quando citado o réu, aplica-se o art. 831 do CPC. A sentença será no sentido de acolher ou não o pedido de reforço. Os efeitos da sentença estão previstos no art. 838 do CPC.

 

BUSCA E APREENSÃO:

 

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CONCEITO: É a medida judicial que tem por fim procurar coisa ou pessoa que se deseja encontrar, para traze-la à presença da autoridade que a determinou ou para que lhe seja dado o destino determinado pela mesma.

 

Segundo Pontes de Miranda, há busca e apreensão sempre que o mandamento do juiz é no sentido de que se faça mais do que quando se manda exibir a coisa para se produzir ou exercer algum direito e se não preceita o devedor, ou possuidor da coisa, a que se apresente.

Classificação: quanto ao objeto, pode ser de coisas (documentos e nos casos de inst. do arresto, seqüestro e depósito), ou de pessoas (guarda de incapaz); quanto à natureza, pode ser cautelar (art. 839/843: procedimento só cautelar) e principal (de natureza satisfativa, como na hipótese do art. 625 do CPC, na ação correspondente a alienação fiduciária em garantia do Decreto Lei 911/69).

Pressupostos: fumus boni iuris e periculum in mora.

Objeto: pessoas (só incapazes) e coisas (só móveis).

Competência: regra geral do art. 800 do CPC. Ex.: é o foro da tutela ou da curatela, sendo o caso.

Procedimento:

Pode ser preparatório ou incidental de acordo com o Art. 796 do CPC.

Os autos serão apensados aos do processo principal (art. 809 do CPC).

A petição inicial deverá observar os artigos 282, 801 e ainda o 840 (expor as razões justificativas da medida e da ciência de estar a pessoa ou a coisa no lugar designado).

Cabe medida liminar inaudita altera parte.

Se necessário, haverá audiência de justificação em segredo de justiça conforme art. 841 do CPC.

A medida será cumprida por dois oficiais de justiça (art. 842), devendo o mandado observar o disposto no art. 841 do CPC. Quando do cumprimento do mandado, será lavrado auto circunstanciado pelos oficiais de justiça.

 

EXIBIÇÃO (Art. 844/845 do CPC)

 

Exibir é trazer a público, submeter à faculdade de ver e tocar. É tirar a coisa do segredo em que se encontra, em mãos do possuidor.

Não visa privar o possuidor da posse do bem, mas apenas a propiciar o contato físico direto, visual , sobre a coisa. Feito o exame, ocorre a restituição.

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A ação de exibição é de preceito cominatório. Assim, se é a parte que não o exibe, presumem-se verdadeiros os fatos; se for o terceiro, cabe a busca e apreensão.

Pode ser de natureza satisfativa, como por exemplo na hipótese das obrigações alternativas, em que o credor tem o direito de fazer a opção; como também o de orientar o autor sobre uma relação jurídica de que se considera parte; ou mesmo possibilitar o exame da coisa locada, comodada, depositada ou empenhada.

No direito brasileiro são admitidas três (3) espécies exibição:

 

1) exibição incidental (de documento ou coisa):

-             não é ação cautelar;

-             é medida de instrução no curso do processo.

 

2)         ação cautelar de exibição:

 

-             preparatória da ação principal, para se evitar, por exemplo, a surpresa da prova impossível ou inexistente.

 

3)         ação autônoma ou principal de exibição.

 

- Ocorre quando o autor deduzir em juízo sua pretensão de direito material à exibição, sem aludir a processo anterior, presente ou futuro, que a ação de exibição suponha, a que se contacte, ou que preveja.

 

Requisito da exibição em relação ao objeto:

 

Se a exibição for de coisa, exige-se:

 

-          que repute seja sua;

-          que tenha interesse em conhecê-la.

 

Se a exibição for de documento:

 

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-          que o documento seja próprio ou comum;

-          esta em poder de co-interessado, sócio, condômino, credor ou devedor; ou de terceiro que tenha em sua guarda, como inventariante, testamenteiro, depositário ou administrador.

 

Procedimento: Art. 845 > 355 a 363 e 381 a 382.

 

a) Se a parte a quem se pretende seja compelido a exibir o documento ou a coisa for também a do processo principal, o procedimento é o do art. 356 a 359 do CPC. A petição inicial deverá observar os Arts. 282, 801 e 356 do CPC.

A resposta deverá ser dada em 5 dais (art. 357), podendo ocorrer uma das três situações:

-             exibe;

-             silencia (ocorre a revelia – art. 803, implicando na sanção do art. 359, I, do CPC);

-             contesta: há recusa na exibição ou diz não possuir o objeto.

Se o réu alegar não ter a coisa ou o documento, o ônus da prova cabe ao autor; se alegar não ter a obrigação, cabe a ele a prova dos fatos impeditivos, modificativos ou extintivos, na forma do art. 333, II, do CPC. Pode ainda alegar as escusas do art. 363 do CPC.

 

b) Se a exibição tiver de ser feita por um terceiro, estranho ao processo principal, o rito é o do art. 360 a 362 do CPC.

O prazo para resposta será de 10 dias (art. 360), podendo ocorrer uma das três situações:

-          exibe o documento ou a coisa;

-          silencia (efeitos: art. 803 do CPC – revelia; art. 362 do CPC - condiciona-se a depósito em 5 dias;

-          contesta (prossegue-se com a instrução).

 

Sentença: É executiva ou mandamental, sendo expedido manado de busca e apreensão.

Conteúdo:

-          acolhe a escusa: declaratória negativa;

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-          declara injusto o motivo: condena a parte ao depósito em cartório ou outro lugar no prazo de 5 dias.

Efeitos:

-          para a parte: art. 359 do CPC;

-          para o terceiro: art. 362 do CPC, como também poderá responder pelo crime de desobediência.

Se a coisa ou o documento for destruído: cabe ação de indenização.

Eficácia: Não incide o art. 806.

Prevenção da competência: haverá em relação ao processo de mérito.

Medida Liminar: Não comporta (vide arts. 359 e 361). O procedimento produz eficácia após a centeia.

Risco de desaparecimento do objeto: cabe medida cautelar de busca e apreensão, se justificável.

PRODUÇÃO ANTECIPADA DE PROVA

(Art. 846 a 851 DO CPC):

É a medida que tem como finalidade a antecipação da produção da prova através da documentação do estado de fato sujeito a alteração, e que possa influir, no futuro, na instrução de alguma ação.

A produção da prova no processo tem momento oportuno, havendo no entanto, previsão de que ela seja antecipada face a pretensão de sua segurança. O interesse é relativo a obtenção, preventivamente, da documentação do estado de fato que possa vir a influir, no futuro, na instrução de alguma ação. É genuinamente cautelar, se preparatória. Sendo a finalidade do processo a justa composição da lide, a medida serve mais ao processo do que a própria parte.

Cabimento:

-             em qualquer demanda, seja de jurisdição contenciosa como cautelar;

-             pode ser requerida por qualquer das partes;

-             periculum in mora: probabilidade da parte não conseguir fazer a prova no momento oportuno, ou porque o fato é passageiro, ou porque a coisa ou a pessoa possam perecer ou desaparecer. Do contrário, a medida poderá ser contestada como desnecessária e onerosa.

  Requisitos de admissibilidade: Art. 847 e 849 do CPC.

O interrogatório da parte ou o depoimento da testemunha se fará:

-             se tiver de ausentar-se;

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-             se por motivo de idade ou de moléstia grave, houver justo receio de que ao tempo da prova já não exista, ou esteja impossibilitada de depor.

Já em relação à documentação do estado de fato sujeito à alteração e que necessite da prova pericial, ela terá lugar havendo receio de que venha a tornar-se impossível ou muito difícil à verificação de certos fatos na pendência da ação.

A impossibilidade ou dificuldade de produção da prova no processo principal tanto pode ser material como jurídica, neste caso sendo nas hipóteses em que houver necessidade de se observarem requisitos específicos de determinada ação na petição inicial, como por exemplo na ação reinvindicatória, em que há necessidade de descrição do imóvel rural, exigindo seja feita vistoria ad perpuam rei memoriam.

Oportunidade: antes ou no curso do processo. Obs.: Segundo Humberto Theodoro Junior, não há ação cautelar incidental na espécie. Entretanto, não vejo razão para que seja admissível, já que antes da fase instrutória poderá ocorrer uma das hipóteses acima.

Objeto: depoimento pessoal, prova testemunhal e prova pericial.

Competência: é o juízo da ação principal, salvo a hipótese de urgência.

Procedimento:

-                 A petição inicial deverá observar os Arts. 282, 801 e o 848 do CPC;

-                 Art. 848: justificar a necessidade da antecipação e mencionar os fatos sobre que há de recair a prova;

-                 A prova da necessidade é feita com prova documental idônea, caso inexista e a prova seja oral, é designada audiência de justificação, sendo o réu citado.

-                 Se a prova for pericial, adapta-se aos Arts. 420 a 439 do CPC, relativos a produção da prova pericial. Neste caso, na petição inicial deverão ser formulados os quesitos e apresentado o assistente técnico.

-                 A sentença é homologatória, isto é, reconhece a eficácia dos elementos coligidos, para produzir efeitos inerentes à condição de prova judicial.

-                 Não se aplica o prazo do Art. 806 do CPC. A produção antecipada da prova constitui documentação judicial de fatos. A prova produzida conserva sua natureza para o processo principal.

-                 Cabe medida liminar, no entanto o réu poderá requerer medidas complementares, nova inquirição, quesitos complementares e indicação de assistente técnico.