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PAINÉIS DE ATUALIZAÇÃO PARA ESTAGIÁRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO A PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO TRIBUNAL DO JÚRI (Sumário da Culpa) a) Previsão Legal do Júri Popular: artigo 5 o , inciso XXXVIII da Constituição Federal e artigo 394 e seguintes e 406 e seguintes Código de Processo Penal b) Princípios do Júri Popular: b.1) plenitude de defesa b.2) sigilo das votações; b.3) soberania dos veredictos b.4) competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. c) Quais são os crimes dolosos contra a vida: c.1) homicídio – artigo 121 do CP; c.2) induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio – artigo 122 do CP; c.3) infanticídio – artigo 123 do CP; c.4) aborto – artigo 124 à 127 do Código Penal d) Rito: O rito para os processos do Júri é escalonado: 1 a fase : judicium accusationis ou sumário da culpa – abrange da Denúncia à Pronúncia 2 a fase : judicium causae – abrange do libelo até o julgamento

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PAINÉIS DE ATUALIZAÇÃO PARA ESTAGIÁRIOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

A PROMOTORIA DE JUSTIÇA DO TRIBUNAL DO JÚRI(Sumário da Culpa)

a) Previsão Legal do Júri Popular: artigo 5o, inciso XXXVIII da Constituição Federal e artigo 394 e seguintes e 406 e seguintes Código de Processo Penal

b) Princípios do Júri Popular: b.1) plenitude de defesab.2) sigilo das votações;b.3) soberania dos veredictosb.4) competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

c) Quais são os crimes dolosos contra a vida:c.1) homicídio – artigo 121 do CP;c.2) induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio – artigo 122 do CP;c.3) infanticídio – artigo 123 do CP;c.4) aborto – artigo 124 à 127 do Código Penal

d) Rito:O rito para os processos do Júri é escalonado:

1 a fase : judicium accusationis ou sumário da culpa – abrange da Denúncia à Pronúncia

2 a fase : judicium causae – abrange do libelo até o julgamento

JUDICIUM ACCUSATIONIS OU SUMÁRIO DA CULPA

No procedimento do Júri o rito a ser seguido será sempre o mesmo, independente da pena ser de reclusão ou detenção (diferente nos demais crimes, onde os delitos punidos com reclusão seguem o rito ordinário e os delitos punidos com detenção seguem ou rito sumário).

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1o) Oferecimento da Denúncia:

2o) Recebimento da Denúncia (artigo 394 do Código de Processo Penal)

Uma vez oferecida a Denúncia, cabe ao Magistrado (a) o recebimento ou a rejeição da exordial acusatória.

A decisão que recebe a Denúncia é interlocutória simples e, na prática brasileira, dispensa fundamentação por não gerar preclusão quanto à regularidade da peça vestibular da ação.

Jurisprudência:

“O despacho que recebe a denúncia ou a queixa, embora tenha também conteúdo decisório, não se encarta no conceito de decisão, como previsto no art. 93, IX, da Constituição, não sendo exigida a sua fundamentação (art. 394 CPP); a fundamentação é exigida, apenas, quando o juiz rejeita a denúncia ou a queixa (art. 516 CPP). Precedentes.” (STF – HC 72286-5-PR-DJU de 16-2-96, p. 2.998)

“No despacho de recebimento da Denúncia ou queixa, embora se revista de conteúdo decisório, é desnecessária a observância do disposto no art. 93, IX, da CF.” (STJ – RT 753/554)

Em caso de rejeição da Denúncia o recurso cabível é o Recurso em Sentido Estrito, conforme o disposto no artigo 581, inciso I do Código Penal.

3o) Citação do acusado

O (A) Magistrado (a), ao receber a Denúncia, designa data para a audiência de interrogatório e determina a citação. Quando o acusado está custodiado ou reside em outra Comarca, o (a) Magistrado (a) determina a expedição de Carta Precatória para citação e interrogatório do réu.

4o) Interrogatório do acusado

Com o advento da Lei n.° 10.792/03, em boa hora, o interrogatório judicial deixou de ser um ato privativo do(a) Juiz (a). As partes (acusação e

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defesa), agora, podem solicitar esclarecimentos ao acusado (artigo 188 do Código de Processo Penal).

Na primeira parte do interrogatório o (a) Juiz (a) deverá indagar o (a) acusado (a) a respeito da residência, meios de vida ou profissão, oportunidades sociais, lugar onde exerce sua atividade, vida pregressa, dados familiares, etc. Na segunda fase do interrogatório o (a) acusado (a) será indagado a respeito da acusação em si, conforme artigo 187, parágrafo 2º do Código Penal.

Agora, a presença do Promotor de Justiça e do advogado na audiência de interrogatório é necessária.

Prazo para o interrogatório: “Embora não fixe a lei processual prazo para a realização do interrogatório, estabeleceu-se na jurisprudência o critério de dever o réu preso ser ouvido o quanto antes, considerando-se não ser possível deixar ao injustificável arbítrio do juiz a designação de data para tanto. Do contrário ficaria procrastinado a seu alvedrio, o início da instrução, com evidente constrangimento para o acusado e eventual prejuízo de sua defesa.” (TJSP – RT 458/311).

Observação: Tenho por hábito, em processos de competência do Júri Popular, na primeira fase do processo, de regra, não solicitar qualquer tipo de esclarecimento. Entendo que eventuais esclarecimentos devem ser pleiteados perante o Conselho de Sentença, oportunidade em que os Jurados poderão valorar as respostas e sentir a veracidade ou não das mesmas.

5o) Defesa prévia (artigo 395 do Código de Processo Penal)

A defesa prévia é a oportunidade que o acusado tem de arrolar testemunhas e solicitar diligências.

O prazo para oferecimento de defesa prévia é de 03 dias, à partir do interrogatório. “Realizado o interrogatório por precatória, o tríduo para a defesa prévia passa a fluir da juntada da carta aos autos. Esta a solução ditada pela exegese sistemática da lei, pelo bom senso e pelo Conselho Superior da Magistratura que disciplina a matéria.” (TJSP – RT 652/280) .

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É importante lembrar que a não abertura de prazo para o oferecimento de defesa prévia é causa de nulidade, porém, a apresentação pela defesa é faculdade.

Nesse sentido é a jurisprudência:

“A defesa prévia não é obrigatória, sendo obrigatória tão-só a concessão do respectivo prazo.” (TJMG – RT 582/387)

“A apresentação da defesa prévia não constitui atividade processual vinculada do defensor. A ausência dessa peça processual – que traduz faculdade decorrente do postulado constitucional da plenitude de defesa – não configura, por si só, causa de invalidação do processo penal condenatório. Precedentes.” (STF – RT 755/533)

“O não oferecimento de defesa prévia pelo defensor dativo não importa em nulidade, se foi regularmente intimado. Trata-se de técnica de livre escolha da defesa. A ampla defesa deve ser considerada no seu contexto não abrangendo atos isolados. No caso, o impetrante não demonstra qual o prejuízo que teria causado ao paciente a falta das alegações prévias, se em tudo o mais o defensor foi atuante e eficiente, conforme ressaltam as informações.” (STJ – RT 722/547)

6o) Audiência para oitiva das testemunhas de acusação (artigo 396 do Código de Processo Penal)

Na deliberação da audiência de interrogatório, o(a) Juiz (a) designa data para a audiência de início de instrução (oitiva das testemunhas de acusação).

Quando o acusado for interrogado por meio de Carta Precatória, com o retorno desta o(a) Juiz (a) designa a audiência de início de instrução (audiência para oitiva das testemunhas de acusação).

Nesta audiência, o(a) Juiz (a) inicia perguntando à testemunha. Depois, através do(a) Juiz (a), o Ministério Público faz suas reperguntas e é seguido pela defesa.

A acusação pode arrolar, para cada fato, no máximo, oito testemunhas (artigo 398 do Código de Processo Penal), isto é, “Se a denúncia descreve mais

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de um fato o Promotor de Justiça pode arrolar até oito testemunhas para cada um, devendo a defesa ter o mesmo tratamento.”(STF – JSTF 211/327).

É bom lembrar que a vítima não é considerada testemunha (oito testemunhas mais a vítima). Nesse número de oito testemunhas não se compreendem as que não prestaram compromisso e as referidas (artigo 395, parágrafo único do Código de Processo Penal).

Observação: Tenho por hábito, sempre que possível, ouvir nesta fase processual todas as testemunhas arroladas na Denúncia. É certo que ainda há o plenário para ouvir testemunhas, porém, o número fica reduzido para cinco.

7o) Audiência para oitiva das testemunhas de defesa

Encerrada a oitiva das testemunhas de acusação, cabe ao (a) Juiz (a) designar audiência para a oitiva das testemunhas de defesa, que poderão ser no máximo oito (artigo 398 do Código de Processo Penal).

Nesta audiência, a exemplo do que ocorre que audiência para a oitiva de testemunhas de acusação, o (a) Magistrado (a) inicia indagando a testemunha. Depois, a defesa pode fazer suas reperguntas, através do(a) Juiz (a), e é seguida pela acusação.

Encerrada a colheita de provas, o (a) Magistrado abre prazo para fins do artigo 406 do Código de Processo Penal - alegações finais.

8o) Alegações finais (artigo 406 do Código de Processo Penal)

O prazo para oferecimento de alegações finais é de cinco dias (diferente do processo ordinário, que é de três dias).

É conveniente lembrar que no procedimento dos crimes de competência do Tribunal do Júri não há a fase do artigo 499 do Código de Processo Penal (últimas diligências). Encerrada a instrução, as partes se manifestam em alegações finais. Eventuais diligências faltantes deverão ser requeridas por ocasião da apresentação do libelo-crime acusatório.

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Nenhum documento se juntará aos autos nesta fase do processo (artigo 406, parágrafo 2º do Código de Processo Penal).

Nessa fase processual há inversão da regra procedimental, o princípio do in dubio pro reu deixa espaço para o princípio do in dubio pro societate. A dúvida se resolve em favor da sociedade.

Pode o Promotor de Justiça, em alegações finais, requerer:

a) Pronúncia (artigo 408 do Código de Processo Penal)

A decisão de pronúncia é uma decisão processual de conteúdo declaratório em que o (a) Juiz (a) proclama admissível a imputação, encaminhando o acusado para julgamento popular. Juízo de admissibilidade, sem entrar no mérito.

Para requerer a pronúncia do acusado, entendo que o Ministério Público deve argumentar o menos possível. Faz-se necessário apontar onde se encontram os indícios de autoria (testemunhas ouvidas perante a autoridade policial, testemunhas ouvidas em Juízo, interrogatório extrajudicial ou judicial do acusado, etc.) e a prova da materialidade (laudo de exame necroscópico, laudo de exame de corpo de delito, et.).

Em havendo qualificadoras descritas na Denúncia, deve o Promotor de Justiça postular, de forma sucinta, pela manutenção ou afastamento das mesmas. Partilho do entendimento que as qualificadoras devem ser analisadas pelo Conselho de Sentença e não pelo (a) Juiz (a), nesta fase do processo.

Jurisprudência:

“Pronúncia. Qualificadora. Exclusão. Somente poderão ser excluídas a nível de pronúncia as qualificadoras que não estão descritas na denúncia ou quando suas existências não ficarem demonstradas na instrução criminal.” (TJRS – RJTJERGS 149/140)

“Nos crimes cujo julgamento é de competência do Tribunal do Júri, as qualificadoras apontadas na pronúncia somente poderão ser excluídas quando manifestamente improcedentes.” (TJSP – RT 753/608).

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Deve também o Ministério Público manifestar-se pela manutenção ou decretação da custódia do acusado, quando cabível.

Jurisprudência:

“A prisão decorrente da sentença de pronúncia, ainda que o réu seja primário e de bons antecedentes, constitui efeito natural desse ato judicial, com o objetivo de garantir a presença dos acusados no julgamento pelo Conselho de Sentença, sem a qual não é possível a realização do Júri. Portanto, inaplicável a regra prevista no artigo 594 do CPP, pois, em tal hipótese, a segregação é regra, enquanto a liberdade, exceção.” (TJSP – RT 761/600).

A defesa pode se limitar a requerer que o acusado seja pronunciado e se reservar o direito de discutir o mérito em Plenário. Tal tática defensiva não caracteriza cerceamento de defesa e não é causa de nulidade.

Jurisprudência:

“Inocorre nulidade, se o defensor constituído deixa de apresentar as alegações finais do art. 406 do CPP, mormente em se tratando de crime de competência do Tribunal do Júri, onde poderá oferecê-las em plenário.” (TJSP – RT 698/330)

“A não apresentação das alegações finais, nos processos de competência do Tribunal do Júri, embora regularmente intimados, não implica em cerceamento de defesa, de modo a ensejar a nulidade da pronúncia, de vez que a omissão pode configurar-se numa tática defensiva.” (STJ – RSTJ 50/398)

Em havendo crimes conexos (exemplo: homicídio e ocultação de cadáver, homicídio e porte de arma) deve o Promotor (a) de Justiça se manifestar, nesta fase, a respeito do crime contra a vida e requerer a pronúncia também dos crimes conexos, que serão analisados, no mérito, em Plenário (neste sentido, ADRIANO MARREY, ALBERTO SILVA FRANCO E RUI STOCO, in Teoria e Prática do Júri, 6a edição, Ed. Revista dos Tribunais, pág. 227).

Não pode o(a) Juiz (a) pronunciar o acusado pelo crime doloso contra a vida e impronunciar ou absolver do crime conexo. Há uma prorrogação de competência para o Júri Popular julgar os crimes conexos. “Do mesmo modo, se são dois réus, um processado por homicídio e outro por lesão corporal, em conexão, não pode o juiz

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pronunciar um réu (autor do homicídio) e condenar o outro (pela lesão corporal), devendo o Júri julgar os dois crimes (in, Curso de Processo Penal, Fernando Capez, pg. 513) .

O acusado deve ser intimado pessoalmente da sentença de pronúncia, se o crime for inafiançável, sob pena de nulidade absoluta (artigo 414 do Código de Processo Penal).

Despronúncia: é a decisão do Tribunal que julga procedente o recurso da defesa contra a decisão de pronúncia.

b) Impronúncia :

Não havendo indícios de autoria e prova da materialidade, deve o acusado ser impronunciado (artigo 409 do Código de Processo Penal).

A impronúncia não é decisão de mérito e uma vez impronunciado o acusado, se surgirem novas provas, o processo pode ser reaberto, até a extinção da punibilidade (artigo 409, parágrafo único do Código de Processo Penal).

Havendo crimes conexos, os mesmos só poderão ser analisados pelo (a) Juiz (a) depois do trânsito em julgado da decisão de impronúncia. Os autos deveram ser remetidos ao Juízo competente (onde há Vara do Júri o processo é redistribuído - ex. Santos e Cubatão) e o rito a ser seguido é o ordinário, abrindo-se novo prazo para manifestação das partes.

c) Absolvição Sumária (artigo 411 do Código de Processo Penal)A absolvição sumária ocorre nos casos em que restou cabalmente

comprovada alguma ou algumas das causas de exclusão de ilicitude (legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito – artigo 23 do Código Penal) ou excludente da culpabilidade (inimputabilidade, erro de proibição, coação irresistível e obediência hierárquica).

Neste caso, a sentença proferida é decisão de mérito, pois analisa a prova e declara a inocência do acusado, e deve ser submetida ao reexame necessário (artigo 575, inciso II do Código de Processo Penal).

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Ao absolver sumariamente dos crimes dolosos contra a vida, o (a) Juiz (a) não se manifesta a respeito dos crimes conexos, remetendo-os para o Juiz competente.

c) Desclassificação (artigo 410 do Código de Processo Penal)

Ocorre a desclassificação quando o(a) Juiz (a) se convencer da inexistência de crime doloso contra a vida. Não deve o(a) Magistrado (a) dizer para qual delito desclassificou, para não invadir a competência do Juízo competente. Deve apenas salientar que não se trata de crime doloso contra a vida.

O Juízo que receber os autos deverá aplicar o rito previsto no artigo 410 do Código de Processo Penal, independente da pena (reclusão ou detenção) aplicada ao delito, ou seja: 1) abertura de prazo (três dias) para a defesa apresentar novas provas (documental, pericial, testemunhal); 2) audiência para oitiva das testemunhas arroladas pela defesa (não podem ser arroladas testemunhas já ouvidas); 3) artigo 499 do Código de Processo Penal (diligências faltantes); 4) Prazo para alegações finais (artigo 500 do Código de Processo Penal) e 5) Sentença.

O Juiz que recebe não o processo cujo crime doloso foi desclassificado não pode suscitar conflito de competência. 11) Recurso cabível da decisão

Recurso em Sentido Estrito:

a) Artigo 581, inciso IV do Código de Processo Penal: decisão de pronúncia ou impronúnciab) Artigo 581, inciso VI do Código de Processo Penal: decisão que absolveu sumariamente o acusadoc) Artigo 581, inciso II do Código de Processo Penal: decisão que desclassificou o delito. Neste caso o Juízo reconheceu a incompetência do Juízo

JUDICIUM CAUSAE

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Transitada em julgado a decisão de pronúncia, nas Comarcas onde não há Vara Privativa (Especializada) do Júri, o Juiz deve remeter os autos para a Vara que acumula tal serviço (Anexo do Júri).

Libelo

Após, o escrivão dará vista dos autos ao Ministério Público para, em cinco dias, oferecer Libelo (artigo 416 do CPP), peça inaugural do “judicium causae”.

O libelo crime acusatório está dividido em três partes:

1ª) introdução: deve constar o número do processo, o nome do réu e a designação de quem o acusa, através do cargo;

2ª) articulado: descrição do fato criminoso e circunstâncias (qualificadoras e agravantes). Não pode articular circunstância atenuante;

3º) pedido: deve conter pedido de condenação (procedência da ação), deve mencionar os artigos de direito e, ainda, requerer o recebimento do libelo.

O libelo está adstrito à pronúncia, que fixa os limites da acusação quanto ao fato criminoso e as qualificadoras. O libelo deve ser dirigido ao Juiz Presidente e deve ser escrito de modo claro. É uma peça dirigida ao Júri e não deve conter regras de aplicação de pena (concurso formal, material, crime continuado,ex.), matéria afeta ao Juiz Presidente

Libelo bifronte: Segundo Fernando Capez, é “o libelo dividido em duas partes, uma endereçada aos jurados, com a matéria referente ao fato criminoso e suas circunstâncias; e uma outra dirigida ao juiz, com relação à matéria de individualização de pena. Não é aceito, pois o Júri é um único órgão, não podendo ser dividido no libelo.”.

No libelo o Promotor de Justiça arrola testemunhas, até o número de cinco (testemunhas da terra – aquelas que residem no local onde o acusado será julgado, na Comarca), e requer diligências (ex.: Folha de Antecedentes atualizada em nome do acusado e cópia das principais peças – Denúncia, Interrogatório e r. sentença – dos processos nela existentes; laudos faltantes; reconstituição do crime, etc.).

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Regras básicas para elaboração do libelo (artigo 417 do CPP): Deve-se sempre oferecer um libelo para cada réu e no caso de mais de um crime cometido pelo mesmo réu, uma série para cada crime, iniciando sempre pelo crime doloso contra a vida, para firmar competência. No libelo não se deve mencionar o nome do co-réu.

O libelo pode ser aditado pelo assistente de acusação (artigo 271 do CPP) no prazo de 02 dias (artigo 420 do CPP), para incluir agravantes, arrolar testemunhas – até o máximo legal e retificar dados incorretos.

Se ausentes os requisitos legais, o Juiz não deve receber o libelo, devolvendo ao Ministério Público para a apresentação de outro, no prazo de 48 horas (artigo 418 do CPP).

A falta de libelo acarreta nulidade absoluta (artigo 564, III, f do CPP).

Artigos 419 e 420 do CPP.

Recebido o libelo, cópia será remetida ao réu, mediante recibo. O defensor será notificado para oferecer contrariedade ao libelo (artigo 421 do CPP). A contrariedade ao libelo é uma faculdade da defesa.

Se o réu, ao receber o libelo, não possuir defensor, o Juiz lhe nomeará um (artigo 422 do CPP).

Desaforamento: é o deslocamento da competência (lugar da infração) - derrogação da competência territorial para a Comarca mais próxima. Só tem cabimento o pedido após o trânsito em julgado da pronúncia.

Hipóteses:

a) Interesse da ordem pública (normal e segura realização do julgamento - quando a paz social está em perigo), dúvida sobre a imparcialidade do Júri (amor ou ódio ao réu, pela população; corrupção dos jurados) e dúvida sobre a segurança pessoal do réu (risco de morte pela população ou familiares da vítima) - artigo 424, “caput” do CPP;

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b) quando o julgamento não se realizar no período de um ano após o recebimento do libelo, desde que o réu ou a defesa não concorram para demora (artigo 424, parágrafo 1º do CPP).

Nestas hipóteses, a pedido do Ministério Público ou da defesa (qualquer das hipóteses), ou em razão de representação do Juiz (hipótese “a”), o Tribunal de Justiça, ouvido o Procurador Geral de Justiça, poderá desaforar o julgamento para Comarca mais próxima, não necessariamente para a Comarca vizinha, onde não subsistam os motivos que ensejaram o pedido.

No pedido de desaforamento, quando requerido pelas partes, o Juiz presta informações e a parte contrária é ouvida, em nome dos princípios constitucionais do contraditório e ampla defesa.

Embora existam entendimento em contrário, o STF tem entendido que “O assistente de acusação não tem legitimidade para requer desaforamento.”

Deferido o pedido de desaforamento, não se pode realizar o reaforamento, o retorno ao foro original.

O pedido de desaforamento não tem efeito suspensivo, isto é, o Júri pode ser realizado durante a tramitação do pedido.

Realizações das sessões: na capital do Estado de São Paulo a reunião do Júri é permanente. Nas Comarcas de 1ª e 2ª entrância nos meses de março, junho, setembro e dezembro. Nas Comarcas de 3ª entrância nos meses de fevereiro, abril, junho, agosto outubro e dezembro. Hoje há o Provimento N.º 800/2003 do Conselho Superior da Magistratura que autoriza, em razão do alongamento das pautas em várias Comarcas, a realização de sessões do júri em todos os meses.

Uma vez preparados os autos, o Juiz marcará dia para o julgamento, determinando a intimação das partes e das testemunhas (artigo 425 do Código de Processo Penal).

Ordem de preferência para julgamento dos processos (artigo 431 CPP):

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I – réus presos;II – dentro os presos os mais antigos na prisão;III- em igualdade de posição os que tiverem sido pronunciados a mais tempo.

Tribunal do Júri

Composição: Juiz de Direito, seu presidente e 21 Jurados sorteados dentre os alistados.

Conselho de Sentença: são os sete Jurados escolhidos em cada sessão de julgamento.

Quem pode ser Jurado? Cidadãos (pessoa no gozo dos seus direitos políticos – admite

brasileiros naturalizados), de notória idoneidade, maiores de 21 anos (a emancipação não supre a exigência) e que tenham condições físicas de acompanharem integralmente os trabalhos do júri ou desempenhar a função de julgar. Ex. surdos, cegos não podem ser jurados. Há discussões. Partilho do entendimento de que a proibição é uma garantia para o réu.

Artigo 436 do CPP – pessoas isentas do serviço do Júri.

O exercício efetivo da função de Jurado (comparecimento na sessão, ainda que não seja sorteado para compor o Conselho de Sentença – artigo 433 do CPP – traz os seguintes privilégios: a) presunção de idoneidade; b) prisão especial por crime comum, até o julgamento definitivo; c) preferência, em igualdade de condições, em concorrências públicas (lembrar que concurso público não é concorrência).

Alistamento dos Jurados – artigo 439 do CPP – lista anual de jurados (300 a 500 Jurados nas comarcas de mais de cem mil habitantes e 80 a 300 Jurados nas comarcas de menor população). Compete ao Juiz Presidente, mediante escolha, por conhecimento pessoal ou informação fidedigna. A lista, que valerá para o ano seguinte, deverá ser publicada em duas oportunidades: 1o no mês de novembro e depois na segunda quinzena de dezembro, através da imprensa local.

Sorteio dos Jurados: na presença do Ministério Público, o nome dos 21 jurados serão sorteados por um menor de dezoito anos e serão recolhidos em outra urna.

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Depois, o Juiz mandará expedir o Edital de convocação do Júri (dias em que o Júri se reunirá, convite nominal dos jurados sorteados e diligências para intimação do réu, testemunhas e jurados). A publicação do Edital visa possibilitar a impugnação por incompatibilidade ou suspeição do Jurado, no momento oportuno. Se o Jurado não estiver fora do município, será intimado quando o oficial de justiça deixar cópia do mandado na residência do Jurado não encontrado.

Prazo para juntada de documento - Artigo 475 do CPP – prazo de três dias para juntada de documentos cujo conteúdo versar sobre matéria de fato constante no processo, que serão utilizados no plenário.

Do Julgamento

1 - No dia e hora designados para reunião do Júri, o Presidente mandará o escrivão proceder a chamada dos 21 Jurados, que deverão assinalar a presença (normalmente sinalizando com a mão).

É necessária a presença de 15 Jurados para instalar a sessão, a fim de evitar o “estouro de urna”, decorrente das recusas injustificadas e justificadas.

O Jurado que não comparecer poderá ser multado (a multa, em razão das mudanças de moeda, é inexistente).

Instalada a sessão e não havendo 21 Jurados, o Juiz sorteia os suplentes.

2 - Após, o Juiz colocará as cédulas com o nome dos Jurados na urna, anunciará o processo a ser julgado e ordenará que sejam apregoadas as partes e testemunhas.

Ausência justificada do Promotor de Justiça ou Defensor: adiamento.

Ausência injustificada do Promotor ou Defensor: adiamento e ofício ao PGJ para que designe outro Promotor de Justiça. Se o defensor faltar, adiamento e nomeação de defensor dativo para funcionar na próxima sessão, ressalvando o direito ao réu do comparecer com defensor constituído, que pode ser aquele que deu causa ao adiamento.

Presente o réu, o Juiz indagará seu nome, idade e se tem advogado. Se não possuir advogado, o Juiz lhe nomeará um. A falta de defensor autoriza o adiamento uma só vez.

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Para os crimes inafiançáveis (artigo 323, I CPP – punidos com reclusão em que a pena mínima cominada for superior a dois anos) o comparecimento (presença corporal) do réu é imprescindível.

Ausência de testemunha: não impede a realização do julgamento, salvo se arrolada com cláusula de imprescindibilidade e o paradeiro for conhecido e informado à tempo para intimação.

Ausência de testemunha intimada: suspensão dos trabalhos para condução por oficial de justiça ou adiamento do julgamento para o primeiro dia útil desimpedido, ordenando a condução ou requisitando a autoridade policial a apresentação. Não conseguida a apresentação, o julgamento será realizado (artigo 455 do CPP).

3 – Juiz indagará ao oficial de justiça se as testemunhas estão separadas e recolhidas em sala que não possam ouvir os debates.

4 – Sorteio dos JuradosO Juiz deverá advertir os jurados dos impedimentos (artigo 462 do CPP

– não podem compor o Conselho de Sentença: marido e mulher, ascendentes e descendentes, sogro e genro ou nora, irmãos, cunhado, durante o cunhadio, tio e sobrinha, padrasto ou madrasta e enteado) e informar que não podem ser jurados aqueles que tem parentesco com o juiz, o promotor, advogado, réu, vítima, (consangüíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o 3o grau) ou os que foram jurados em julgamento anterior (Súmula 206 do STF) ou, ainda, quem oficiou no inquérito policial (escrivão, perito, advogado do co-réu no mesmo processo, autoridade policial, etc). Deve também o Juiz advertir que os Jurados sorteados não poderão comunicar-se com outrem (incomunicabilidade – para garantir a livre manifestação, sem influência de estranhos) nem manifestar sua opinião sobre o processo (artigo 458, § 1o). O Jurado pode pedir informações sobre o processo (artigo 476, parágrafo único CPP), fazer perguntas às testemunhas (artigo 467 e 468 CPP), consultar os autos (artigo 482 CPP).

Havendo parentes entre os Jurados, servirá aquele sorteado primeiro (artigo 458, § 2o do CPP).

Jurados suspeitos ou impedidos serão computados para constituição do número legal.

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Recusas peremptórias ou formais – até o número de três por cada uma das partes. São as recusas injustificadas. A defesa se manifesta primeiro. Eventual inversão na ordem não gera nulidade se o direito das partes foi livremente exercitado. Havendo dois ou mais réus, um único defensor pode se encarregar das recusas, para não cindir o julgamento (artigo 461 do CPP).

No sorteio dos jurados pode ser argüido impedimento ou suspeição do Juiz Presidente, membro do Ministério Público ou funcionário.

5 - Formado o Conselho de Sentença, em pé, o Juiz Presidente tomará o compromisso dos Jurados dizendo: “Senhores Jurados, em nome da lei, concito-vos a examinar com imparcialidade esta causa e a proferir a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da justiça”.

Chamando nominalmente cada Jurado eles responderão: “Assim o prometo”.

Ausência de compromisso dos jurados gera nulidade.

6 – Interrogatório do réu (artigo 465 CPP) – lembrar que com as alterações do CPP as partes podem solicitar esclarecimentos. Havendo dos ou mais réus, aqueles que ainda não foram interrogados devem ser retirados do plenário.

7 – Relatório do processo, que o Juiz deverá fazer sem manifestar sua opinião sobre o mérito da acusação ou defesa (artigo 466, “caput” CPP);

8 – Leitura de peças (se assim desejarem as partes) – artigo 466, § 1o

CPP;

9 – Entrega de peças, quando possível – artigo 466, § 2o CPP;

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10 – Inquirição das testemunhas de acusação (Juiz, acusador, assistente, advogado e jurados) – artigo 467 do CPP; - lembrar que na sessão de julgamento as partes perguntam direto às testemunhas (exceção à regra do sistema presidencialista da audiência ou exame judicial das perguntas) – artigos 467 e 468 do CPP

11 – Inquirição das testemunhas de defesa (Juiz, defensor, Promotor e Jurados) – artigo 468 do CPP;

Obs. As partes poderão requerer ao Juiz a permanência da testemunha, para eventual acareação ou reinquirição.

12 – Eventual acareação;

13 – Debates: um réu- duas horas para acusação e duas horas para a defesa. Dois réus: três horas para cada parte. Divisão do tempo cabe às partes (Ministério Público e assistente ou defensores entre si) – artigo 474 do CPP.

O Ministério Público fala primeiro e inicia lendo o libelo crime acusatório (artigo 471 CP). A não leitura do libelo é mera irregularidade.

14 – Réplica: Ministério Público – um réu: 30 minutos. Dois réus: uma hora (artigo 473 do CPP). Se não desejar ir à réplica o Promotor de Justiça deve se limitar a responder “Não”

15 – Tréplica: Defesa – mesmo prazo da réplica (artigo 473 CPP). Não se pode inovar na tréplica, apresentando tese nova, sob pena de ferir o princípio do contraditório.

16 – Reinquirição de testemunhas

17 – Indagação aos Jurados se estão habilitados a julgar ou se precisam de esclarecimentos sobre questão de fato (em caso positivo o Juiz os dará)

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18 – Leitura dos quesitos, explicação do significado e indagação se as partes tem requerimento ou reclamação a fazer – hora de impugnar quesitos, se necessário.

Formulação dos quesitos:

a) autoria e materialidade;

b) letalidade;

c) tese da defesa relativa à desclassificação (quando o crime for consumado. Para o crime tentado não há necessidade de quesito próprio);

d) teses de defesa relativas às causas de exclusão de ilicitude;

e) teses de defesa relativas às causas de exclusão de culpabilidade;

f) tese referente ao homicídio privilegiado;

g) qualificadoras (um quesito para cada uma);

h) causas de aumento e diminuição de pena (exceto para a tentativa);

i) agravantes;

j) atenuantes (nominadas e inominadas).

19 – Sala secreta com a retirada do réu

29 – Votação dos quesitos (artigo 484 do CPP) – distribuição das cédulas (uma com a palavra “SIM” e outra com a palavra “NÃO”), recolhimento dos votos

30 – Decisão por maioria de votos

31 – Pode se repetir a votação em caso de contradição

32 – Alguns quesitos podem ficar prejudicados (qualificadora subjetiva ante o reconhecimento do privilégio, legítima defesa, etc.)

33 – Sentença (artigo 492 do CPP), que será lida em Plenário, na presença dos Jurados.

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Importância da Ata de Julgamento (artigos 494, 495 CPP), salientando que a ata é do escrivão e não do Juiz e será assinada por este e pelo Ministério Público. Em cada sessão de julgamento é lavrada uma ata onde são relatadas todas as ocorrências e incidentes

Momento para argüir nulidades: as nulidades relativas posteriores à pronúncia devem ser argüidas logo após o pregão (artigo 447 e artigo 571, V, ambos do CPP). Se não argüida neste momento a nulidade estará sanada.

As nulidades ocorridas em plenário devem ser argüidas logo após de ocorrerem, sob pena de preclusão (artigo 571,VIII CPP).

Recursos: artigo 593, inciso III do CPP

a) ocorrer nulidade posterior à pronúncia;b) for a sentença do juiz-presidente contrária à lei expressa ou à decisão dos jurados;c) houver erro ou injustiça no tocante à aplicação da pena ou medida de segurança;d) for a decisão dos jurados manifestamente contrária à prova dos autos – neste caso,

se provido o recurso, o réu será submetido a novo julgamento. Só se admite uma apelação por este motivo (artigo 593, § 3o do CPP)

Apartes: o Código de Processo Penal silencia, logo, não proíbe. Entendo que os apartes devem ser cautelosos, não devem ser excessivos, para evitar discurso paralelo, e nem impertinentes.

Dicas para Plenário:

A atuação do Promotor de Justiça em plenário é muito pessoal e, a meu ver, cada Promotor deve buscar o seu estilo. Durante minhas atuações no Plenário sempre me pautei no seguinte:

a) entrar em Plenário com segurança e tendo em mente o decálogo do Promotor de Justiça que diz: “Sê independente. Não te curves a nenhum poder nem aceites outra soberania, senão a da lei”.(J.A. César Salgado)

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b) lembrar aos Jurados a importância do Ministério Público, explicando que ser Promotor de Justiça não significa ser Promotor de Acusação;

c) estudar o processo na íntegra, para não ser surpreendida durante os debates ou na inquirição de testemunhas – a falta de experiência, principalmente para os iniciantes, só se combate com estudo;

d) fazer perguntas ao acusado no interrogatório, imaginando as respostas e ficando atenta para, com as perguntas, não o auxiliar em sua defesa;

e) lembrar que o réu pode mentir e que o Promotor precisa provar que está falando a verdade e que o réu está mentindo;

f) salientar ao Jurados que só afirmará o que poderá provar, logo, caso eles desejarem, por intermédio do Juiz Presidente, que solicitem que se mostre no processo o que se está afirmando;

g) não atacar o réu ou o defensor, porém, responder aos ataques com firmeza, segurança e sem exageros;

h) ser leal, verdadeira com os Jurados, muitas vezes deixando a emoção falar;i) em caso de participação, explicar aos Jurados a diferença entre autoria e

participação;j) explicar os quesitos, bem como a pena e as conseqüências de cada tese (acusação e

defesa);k) apartear somente quando necessário;l) não fazer requerimentos que poderão ser indeferidos pelo Juiz, para não começar o

Júri perdendo;m) comentar o silêncio do acusado na polícia frente à psicologia, lembrando ser um

direito constitucional;n) falar do medo das testemunhas, da tendência delas mudarem o depoimento com o

passar do tempo, para minimizar as conseqüências, afinal, elas sabem do que o acusado é capaz

São Paulo, 05 de maio de 2006.

MÔNICA MAGARINOS TORRALBO GIMENEZ1a Promotora de Justiça de Cubatão

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