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PROAB 2013 FILOSOFIA DO DIREITO PROFESSORA: CLARA BRUM Aula 3

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PROAB 2013FILOSOFIA DO DIREITO

PROFESSORA: CLARA BRUMAula 3

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FILOSOFIA DO DIREITO – AULA 3

FILOSOFIA DO DIREITO

Hobbes: o estado como garantia da segurança jurídico-política para ordem econômica;Locke: a garantia da propriedade como conceito substantivo para a prosperidade e liberdade;Rousseau: o Contrato Social como o sentido de conservação e prosperidade dos membros da associação política. 

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FILOSOFIA DO DIREITO Thomas Hobbes (1588-1679) Do cidadão (1642); Leviatã – ou matéria, forma e poder de um estado

eclesiástico e civil (1651); John Locke (1632-1704): Carta sobre tolerância (1689) Ensaio sobre o entendimento humano (1690) Dois tratados sobre o governo civil (1690)

Jean-Jacques Rousseau (1712- 1778): Discurso sobre a origem e os fundamentos da

desigualdade entre os homens (1755) O contrato social(1762)

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Gregos Antigos Modernos

A sociedade é o resultado da natureza humana. O homem é naturalmente político.

A sociedade é a união de indivíduos, uma ficção de que em princípio, havia seres humanos isolados e, depois, decidiram viver em sociedade. A natureza humana é individual. A sociedade surge do contrato

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Novo paradigma na filosofia: o indivíduo como origem da experiência jurídica (MASCARO, 2010, p.

138)

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Os teóricos do contratualismo defenderam a tese segundo a qual o início da vida social seria marcada pela presença de homens iguais por natureza. E em razão do indivíduo e seus interesses que se criou o Estado. Em particular, a propriedade privada.

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Sugere um pacto social em que o Soberano coloca-se acima do bem e do mal, acima de todas as instituições, com poder absoluto. Há a servidão no Estado: “todos os homens devem renunciar aos direitos do estado natural”.

Para Hobbes, a vida é o bem maior. A justiça e a injustiça resultam de convenções. O homem é por natureza egoísta: homo hominis lupus (violência generalizada) e bellum omnium contra omnes ( a guerra de todos contra todos). É o fato da violência que motiva o contrato social.

THOMAS HOBBES

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THOMAS HOBBESPOR QUE HOBBES FUNDA O SEU CONTRATO NO ABSOLUTISMO?

Segundo Mascaro, o Absolutismo representou uma solução político-jurídica interessante aos Reis. Resgatou-se a tese do poder temporal fundado no poder divino e que na Idade Média havia legitimado o poder do senhor feudal.

Como contradição no interior do cenário renascentista, o Absolutismo legitimou o seu poder real com argumentos teológicos (MASCARO, 2010, p. 130-1).

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Foi o Absolutismo que promoveu um grande elogio ao Estado, a unificação da sociedade.

Sociedade que se tornou um bom mercado que propiciou o advento da classe burguesa que,

mais adiante se uniu aos iluministas para uma crítica a esse Estado Absolutista. Para a

burguesia, o estado deveria estar subordinado aos interesses individuais.

ATENÇÃO!!!

THOMAS HOBBES

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THOMAS HOBBESPOR QUE HOBBES FUNDA O SEU CONTRATO NO ABSOLUTISMO?

Segundo Mascaro, o Absolutismo representou uma solução político-jurídica interessante aos Reis. Resgatou-se a tese do poder temporal fundado no poder divino e que na Idade Média havia legitimado o poder do senhor feudal.

Como contradição no interior do cenário renascentista, o Absolutismo legitimou o seu poder real com argumentos teológicos (MASCARO, 2010, p. 130-1).

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CONCLUINDO HOBBES...

O fato da violência no estado pré-jurídico;Contrato de submissão;A racionalidade instrumental = racionalidade prática

(imperativo hipotético);O uso da força legitimado para manter a ordem e a

segurança;Estado: fundamento está no contrato social, fruto da

racionalidade instrumental;

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JOHN LOCKE John Locke combateu o pensamento absolutista. Em sua teoria é o consenso através do contrato social que legitima o poder político e não um poder divino atribuído aos monarcas.

Como observa Mascaro (2010, p. 173), é “o contrato social que dá a base ao poder político. A sociedade civil se levanta a partir de um pacto entre os indivíduos, que, antes de tal acordo, viviam sob a situação de natureza. O fundamento da vida em sociedade civil é, portanto, o consentimento dos próprios cidadãos”.

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JOHN LOCKE COMO LOCKE COMPREENDEU O ESTADO DE NATUREZA?

O estado de natureza para este pensador é o lugar da liberdade natural em que os indivíduos são livres e iguais. Essa liberdade natural não é para Locke um óbice ao cumprimento das leis naturais. A situação de guerra decorre do descumprimento das leis naturais, uma possibilidade que pode ocorrer tanto no estado de natureza quanto na sociedade civil. Não é como em Hobbes uma situação constante. Escolher viver em sociedade decorre da necessidade de estabilidade (MASCARO, 2010).

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Nesta citação percebemos que o estado de natureza não é anarquia, mas ausência de um poder político

centralizado.

JOHN LOCKE Vamos ver uma citação do Locke:“Eis aí a clara diferença entre o estado de natureza e o estado de guerra, os quais, por mais que alguns homens os tenham confundido, tão distantes estão um do outro (...). Quando homens vivem juntos segundo a razão e sem um superior comum sobre a Terra com a autoridade para julgar entre eles, manifesta-se propriamente o estado de natureza” (LOCKE, 2005, p. 397).

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JOHN LOCKE COMO ASSIM?O que Locke pretende afirmar é que os indivíduos isoladamente não conseguem suportar um possível estado de conflito. Por isso acordam que a vida em sociedade é mais interessante para salvaguardar os direitos naturais de cada um e precisam de um poder político centralizado para resolver eventuais conflitos. Subjaz aqui um interesse em proteger a propriedade privada. Para este pensador, a ausência de governo compromete a proteção à vida, à liberdade e aos bens (MASCARO, 2010, p. 175).

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JOHN LOCKE

ENTÃO A FINALIDADE DO CONTRATO SOCIAL É A GARANTIA DA PROPRIEDADE?

Sim. Para Locke, o fim maior é a proteção da propriedade privada. O contrato permite o nascimento do corpo social que irá legislar e, assim, o Estado se afigura como garantidor dos direitos naturais (MASCARO, 2010, p. 175-6).

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JOHN LOCKE

E O QUE OS HOMENS RENUNCIAM NESSE CONTRATO?

Para Locke, os indivíduos renunciam o direito à preservação de si por conta própria, ou seja, fazer tudo quanto considerem necessário para preservar seus próprios interesses. Eles renunciam o direito de fazer justiça com as próprias mãos. Logo, não há submissão como em Hobbes, mas uma melhoria na organização num nível político e não mais individual (MASCARO, 2010, p. 176).

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Por que os indivíduos livres no estado de natureza decidem constituir o Estado e

submeter-se ao controle do poder político?

ATENÇÃO!!!

JOHN LOCKE

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JOHN LOCKE

Para Locke os homens desejam instituir a sociedade civil porque o usufruto da propriedade é inseguro e incerto no estado de natureza, submetem-se para preservá-la.

Segundo Macedo Jr. (2008, p. 334), “Locke afirma que é o trabalho que justifica a apropriação e fixa a propriedade (...). Locke está defendendo que se o trabalho é propriedade do trabalhador, o produto do trabalho também é”.

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JOHN LOCKE

COMO A PROPRIEDADE SE RELACIONA COM OS DIREITOS NATURAIS?

Mascaro observa com propriedade que o “eixo da filosofia do direito em Locke é a afirmação do direito natural como direito de garantia da propriedade individual”(2010, p.179). A propriedade se relaciona com o estado de natureza porque é anterior à criação da sociedade civil. Em seu modo de ver, a Terra foi dada por Deus a todos, mas a sua individualização decorre do trabalho e, assim, o que era coletivo passa a ser privado. Essa é a tese do pensamento burguês liberal (2010, p. 180).

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CONCLUINDO JOHN LOCKE Locke formulou a base do pensamento liberal.

Admitiu que o estado surge do pacto entre os homens. Estes no estado de natureza não são violentos, mas livres e buscam o bem-estar e a felicidade. Apenas não sabem em que consiste o bem estar.

No estado de natureza vivem uma inquietude e há a necessidade de um terceiro que seja capaz de julgar os conflitos. Os homens necessitam de leis que dirijam suas ações. Torna-se necessário o pacto. Renunciam o direito de fazer justiça com as próprias mãos.

Surgem as leis civis sob tutela do Estado para garantir os direitos fundamentais do homem: o direito à vida, à propriedade e à liberdade.

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ROUSSEAUSegundo Alysson L. Mascaro (2010, p.183), Rousseau foi o mais popular e crítico dos modernos. Revolucionários fizeram de suas ideias lemas para a revolução francesa. Pierre Burgelin(1996) observa que Rousseau realizou uma reflexão acerca dos princípios de uma sociedade justa, fundada no sentido de uma vontade geral, uma República.

Vamos conhecê-lo?

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ROUSSEAU

O século de Rousseau foi denominado de século das luzes, o séc. XVIII. Nesta fase, o movimento iluminista estava envolvido com o otimismo provocado pelo desenvolvimento da ciência experimental. Neste horizonte, os pensadores acreditavam poder estender a todas as dimensões da vida humana o modelo de racionalidade imposto pelo pensamento científico (SILVA, 2008, p. 351).

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ROUSSEAUEssa tese não foi compartilhada por Rousseau, cuja vida fora marcada por muitas privações materiais. Em seu olhar, a realidade social de sua época estava muito longe de uma vida emancipada. Apesar dos avanços provocados pela ciência e técnica, perdia-se na extrema desigualdade. Assim, considerou em suas críticas que a sociedade europeia era responsável pela perda progressiva da liberdade e da moralidade pertencentes à natureza humana (SILVA, 2008, p. 352).

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ROUSSEAU

Observa Felipe Gonçalves Silva (2008, p. 355) que, para este filósofo, na mesma proporção que a humanidade desenvolvia graus mais elevados de civilização, experimentava, a perda de sua independência e integridade originárias.

Neste ponto, a leitura da obra Discurso é a chave para o entendimento do contrato social de Rousseau, pois apresenta o homem original, o bom selvagem.

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ROUSSEAU

COMO ROUSSEAU COMPREENDEU O HOMEM ORIGINAL?

Para este pensador, o homem original é um ser tranquilo, com poucas necessidades. Ele experimenta uma existência feliz, porque garante a sua subsistência de maneira independente dos demais. Vive como nômade, não precisa da palavra, de invenções, sobrevive da natureza e não faz guerra porque não há motivos para tal. As paixões do homem natural estão ligadas, apenas, a sua vida na natureza (SILVA, 2008, p. 358). O bom selvagem!

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ROUSSEAU

E O ESTADO DE NATUREZA?

Rousseau não pensou o estado de natureza como fundamento de direitos inatos, mas para promover uma reflexão sobre a liberdade humana. Assim, esse lugar fictício seria um estado de paz, prazeres fáceis e inofensivos. Nele, o homem original experimentava uma liberdade natural, ou seja, uma independência em relação aos demais. Vivia a autossuficiência material que se caracterizava pela ausência de dominação (SILVA, 2008, p. 358).

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ROUSSEAU

Portanto, defendeu que o estado de natureza estaria aquém de todas as formas de socialização conhecidas naquele momento (SILVA, 2008, p. 358).“O que a tradição da filosofia política jusnaturalista encontrou no estado de natureza, Rousseau encontrou na sociedade civil, porque descobre uma condição anterior, já que para ele o verdadeiro homem natural não é mal, nem movido por fortes desejos. O estado de natureza para Rousseau é uma condição de ausência de relações permanentes; desta maneira o homem é um ser inocente” (SANTILLÁN, 1992, p. 60).

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ROUSSEAU

Rousseau não propõe um retorno ao estado de natureza, mas apresenta a sua crítica a um tipo de civilização que corrompe o homem ao invés de emancipá-lo (SANTILLÁN, 1992, p. 60).“Os filósofos (...) sentiram todos as necessidades de voltar até ao estado de natureza mas nenhum deles chegou até lá (...). Enfim, todos, falando incessantemente de necessidades, avidez, opressão, desejos e orgulho, transferiram para o estado de natureza ideias que tinham adquirido em sociedade; falavam do homem selvagem mas descreviam o homem civil “(Discurso , p.45)

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Busca-se um contrato legítimo!

ROUSSEAU

O seu contrato social não foi pensado no sentido de legitimar a submissão a uma autoridade, mas para assegurar a cada um a condição de criador e participante da autoridade política – uma cidadania ativa (SILVA, 2008, p. 355).

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ROUSSEAUSE A CONDIÇÃO CIVIL É INCOMPATÍVEL COM A INDEPENDÊNCIA NATURAL, POR QUE ABANDONAR O ESTADO DE NATUREZA?

Para Rousseau, novas condições de vida propiciaram o advento de redes interligadas de desigualdade e dependência entre os homens. Isto significa dizer que há um enfraquecimento progressivo do estado de natureza devido aos acasos naturais, tais como: inundações, tremores de terra, invernos rudes etc. que contribuíram para a formação de laços coletivos (SILVA, 2008, p. 362).

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Um corpo coletivo que contribui para a usurpação econômica.

ROUSSEAU

Tais laços coletivos configuraram, inicialmente, cooperações ocasionais, permitindo a fruição de uma relação de dependência. Nessas novas relações, surgem as condições para a superação do “amor de si” ligado à sobrevivência para o sentido do “amor próprio” que se configura em detrimento do outro e propicia o aparecimento da ganância, ambição e inveja (SILVA, 2008, p. 364).

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ROUSSEAU

Nesse processo, os homens passam de uma vida solitária e nômade para uma experiência de vida comunitária e sedentária.Em sua análise indica como etapas significativas do processo de civilização o nascimento da divisão do trabalho, da agricultura e da metalurgia. Todavia, o mais importante é o reconhecimento da propriedade. Neste ponto, sua observação se aproxima do pensamento de Locke ao derivar a propriedade do trabalho(SANTILLÁN, 1992, p.74-5).

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ROUSSEAU

COMO PENSAR NUM CONTRATO SEM VÍCIO, LEGÍTIMO?Rousseau compreendeu o pacto social como proteção da pessoa e seus bens a partir do sentido de associação. Neste contrato, o homem é um associado, ou seja parte integrante da comunidade e comprometido com ela. Não há submissão, mas associação que configura uma autoridade coletiva nas mãos de todos os contratantes (SILVA, 2008, p. 367).Para Rousseau, nenhum contrato é legítimo se não resolver o problema da corrupção e da desigualdade (SANTILLÁN, 1992, p. 78).

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Forma-se o corpo político!

ROUSSEAU

Surge, assim, a figura do cidadão, ou seja, aquele que participa e integra a autoridade, assumindo simultaneamente os papéis de autor e destinatário. Nesta figura, a liberdade natural se afigura como autogoverno em que cada um se submete às leis de sua própria autoria (SILVA, 2008, p. 367).

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ROUSSEAU

COMO ROUSSEAU COMPREENDEU O CORPO POLÍTICO?Trata-se de um corpo moral, coletivo, integrado por todos os participantes, cuja vontade denominou de vontade geral, ou seja, o conjunto da vontade de seu membros e que não se confunde com a soma de interesses pessoais, mas o bem comum (SILVA, 2008, p. 369).

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Essa vontade geral precisa de um instrumento para ter eficácia: a Lei.

ROUSSEAU

Felipe Gonçalves Silva (2008, p. 369), esclarece que:

“A vontade do corpo político, chamado por Rousseau de vontade geral, é de fato resultante do conjunto das vontades de seus membros; entretanto, ela não é constituída pela soma dos interesses pessoais de cada um deles, mas somente por aquela parcela das vontades dos associados imbuída do interesse coletivo”.

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ROUSSEAU

A vontade geral relaciona-se com a Lei!

A Lei se configura em Rousseau um instrumento específico para que a vontade geral seja fixada.

Por quê?

Porque expressa a declaração pública e solene da vontade geral (ato de todo o povo que estatui algo para todos). A lei expressa universalidade da vontade, ou seja, uma vontade soberana do povo(SILVA, 2008, p. 370).

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ROUSSEAUESTADO DE NATUREZA – SOCIEDADE CIVIL (CORRUPTA) – REPÚBLICA:

Na passagem em favor do coletivo, a justiça substitui a força, o compromisso o egoísmo. A liberdade natural é substituída pela liberdade civil e a igualdade é a base da convivência. Ser livre e igual significa participar ativamente das decisões em busca do bem comum, sem qualquer tipo de opressão. A sujeição é substituída pela associação(SANTILLÁN, 1992, p. 86-7).

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ROUSSEAU“O que o homem perde pelo contrato social é a liberdade natural e um direito ilimitado a tudo quanto deseja e pode alcançar; o que com ele ganha é a liberdade civil e a propriedade de tudo o que possui. Para que não haja engano a respeito dessas compensações, importa distinguir entre a liberdade natural, que tem por limites apenas as forças do indivíduo, e a liberdade civil, que é limitada pela vontade geral” (O contrato social, Livro, I, Cap. VIII, p. 26).

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ROUSSEAU

O núcleo do sistema republicano de Rousseau repousa sobre a relação entre o indivíduo e o coletivo, em que cada um é soberano enquanto membro do corpo político.

A vontade geral tem como objetivo o bem comum e os bens fundamentais que são a liberdade e igualdade de todos os associados (SANTILLÁN, 1992, p. 90).

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ROUSSEAU

Assim, a única forma válida de Estado é a República que corresponde a forma de Estado Democrático, já que o corpo político deve estar constituído por cidadãos que participam diretamente do poder (SANTILLÁN, 1992, p. 94).

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CONCLUINDO ROUSSEAU

O homem nasceu bom, mas o convívio social o fez decair. A tarefa é encontrar uma forma de associação que proteja e defenda com toda a força a pessoa e os bens.

O Estado é a expressão da vontade geral, espírito do povo orientado pelo bem comum que deve produzir leis que garantam o bem estar. O estado não deve favorecer as desigualdades.

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REFERÊNCIAS PARA HOBBESBOBBIO, N. Thomas Hobbes. Rio de Janeiro: Campus, 1991.

HOBBES, T. Do cidadão. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

_______. Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2008.

MARCONDES, D. Iniciação á história da Filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.

MASCARO, A. L. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2010.

SKINNER, Q. Razão e retórica na filosofia de Hobbes. São Paulo: UNESP, 1999.

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REFERÊNCIAS PARA JOHN LOCKE

LOCKE, John. Dois tratados sobre o governo. São Paulo: Martins Fontes, 2005.___________. Ensaios políticos. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

MACEDO JR., R. P. (Org.). Curso de Filosofia Política. Do nascimento da filosofia a Kant. São Paulo: Atlas, 2008.

MASCARO, A. L. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas, 2010.

MICHAUD, Ives. Locke. Rio de Janeiro: Zahar, 1991.

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REFERÊNCIAS MASCARO, A. L. Filosofia do direito. São Paulo: Atlas,

2010. ROUSSEAU, J-J. O contrato social. 3. ed. São Paulo:

Martins Fontes, 1996. ___________. Discurso sobre a origem e os

fundamentos da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993.

SANTILLÁN, José F. Fernández. Hobbes y Rousseau. Entre la autocracia y la democracia. México: Fondo de Cultura económica, 1992.

SILVA, F. G. Rousseau e a soberania da vontade popular. In: MACEDO JR., R. P. (Org.). Curso de Filosofia Política. Do nascimento da filosofia a Kant. São Paulo: Atlas, 2008. p. 351-384.