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PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTOS E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Educação Especial no Brasil – Despreparo, preconceito e discriminação.
Por
Geraldo Matos Pereira
Orientador
Prof. Marco Antonio Chaves
Rio de Janeiro, RJ, 18 de Junho de 2002.
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PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTOS E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Educação Especial no Brasil – Despreparo, preconceito e discriminação.
Por
Geraldo Matos Pereira
Trabalho Monográfico apresentado como requisito parcial para obtenção do Grau de Docência do Ensino Superior.
Rio de Janeiro, RJ, 18 de Junho de 2002.
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Sumário
Introdução
Educação Especial .................................................................................... 7
Capítulo I
1) Deficiência Auditiva, Visual e Física .................................................. 9
1.1.) Conceitos e Classificação............................................................ 10
1.2.) Causas ......................................................................................... 12
1.3.) Fatores de Risco .......................................................................... 14
1.4.) Identificação e Diagnóstico ......................................................... 15
Capítulo II
1) A Educação Especial na Lei 9394/96 ............................................... 17
1.1.) Conceitos e Classificação............................................................. 18
2) Estratégias para a educação de alunos especiais ............................... 35
3) Artigos sobre Educação Especial e Educação Inclusiva .................... 42
4) Dados estatístico da Educação Especial ............................................. 47
Conclusão .......................................................................................................... 50
Bibliografia ........................................................................................................ 51
Anexos................................................................................................................ 52
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Agradeço a todos pais e mestres que passando suas vivências com filhos e alunos especiais, puderam contribuir com a pesquisa de campo , tornando a pesquisa proposta consistente e de grande importância.
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Dedico este trabalho de pesquisa a Cristina minha esposa, e a Léo meu filho que fazem com que todos os esforços no sentido de melhorar os rumos de nossas vidas tenham um grande valor.
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As grandes conquistas da Humanidade têm começo no esforço pessoal de cada um. ( Chico Xavier ).
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Introdução:
Educação Especial
A "integração real" das pessoas com necessidades especiais sempre foram vistas, so-
bretudo pela sociedade e pelas políticas públicas, como algo assistencial e caritativo basta
lembrar um pouco de sua história no Brasil.
A institucionalização da Educação Especial no Brasil tem pouco mais de três déca-
das. A partir da década de 70 se inicia um processo de centralização administrativa e coor-
denação política a partir do governo federal. Em termos de legislação, a Educação Especial
aparece pela primeira vez na LDB 4024/61, apontando que a educação dos excepcionais
deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação.
Na lei 5692/71, foi previsto o tratamento especial para os alunos que apresentam
deficiências físicas ou mentais e os superdotados. Na década de 70 também é criado o
CENESP junto ao MEC, com o objetivo de centralizar e coordenar as ações de política
educacional. Este órgão existiu até 1986 e em toda a sua trajetória manteve uma política
centralizadora que priorizava o repasse de recursos financeiros para as instituições pri-
vadas.
Em 1986 é criada a CORDE (Coordenadoria para a integração da pessoa portadora
de deficiência), junto a Presidência da República para coordenar assuntos, atividades e
medidas referentes ao portador de deficiência. Extinto o CENESP, criou-se a Secretaria de
Educação Especial do MEC.
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Em 1989, a CORDE foi transferida para o Ministério da Ação Social, e a área de
Educação especial do MEC, tornou-se coordenação, configurando uma redução do poder
político da área, nos dois casos.
Em 1993, voltou a existir a Secretaria de Educação Especial (SEESP),no Ministério
da Educação. Isto demonstra o quanto a Educação Especial tem se apresentado um "status"
secundário das políticas públicas e que as descontinuidades marcam sua trajetória. Percebe-
se, todavia que a partir da década de 90, as discussões referentes à educação das pessoas
com necessidades especiais, tomam uma dimensão maior.
No Brasil mais recentemente podemos evidenciar a última LDB 9.394/96 que em
seu Capítulo V, aponta que a educação dos portadores de necessidades especiais deve-se
dar preferencialmente na rede regular de ensino, o que significa uma nova forma de
entender a educação de integração.
Entretanto é primordial que todas as ações que apontem para a inclusão da pessoa
com necessidades especiais, sejam bem planejadas e estruturadas, para que seus direitos
sejam respeitados.
É preciso proceder a uma avaliação responsável quando se levanta a bandeira da
inclusão de pessoas que historicamente foram e ainda são excluídas da sociedade, pratica-
mente em todos os segmentos.
Neste sentido fica claro a urgência dos educadores e pesquisadores ligados principal-
mente a educação, juntarem esforços para pesquisar e discutir esta temática, em todos os
níveis e modalidades de ensino.
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Capitulo I:
1 ) Deficiência Auditiva, Visual e Física
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1.1. ) Conceitos e Classificações:
1.1.1) Deficiência Auditiva
Perda total ou parcial, congênita ou adquirida, da capacidade de compreender a fala
por intermédio do ouvido.
Manifesta-se como:
* surdez leve / moderada: perda auditiva de até 70 decibéis, que dificulta, mas não impede o
indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana, com ou sem a
utilização de um aparelho auditivo;
* surdez severa / profunda : perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de
entender, com ou sem aparelho auditivo,a voz humana , bem como de adquirir, natural-
mente, o código de língua oral.
1.1.2) Deficiência Visual
É a redução ou perda total da capacidade de ver com o melhor olho e após a melhor
correção ótica. Manifesta-se como:
* cegueira: perda da visão em ambos os olhos, de menos de 0,1 no melhor após correção ou
no campo visual não excedente a 20 graus, no maior meridiano do melhor olho, mesmo com
o uso de lentes de correção.
Sob o enfoque educacional, a cegueira representa a perda total ou resídua mínimo da visão
que leva o indivíduo a necessitar do método braile como meio de leitura e escrita, além de
outros recursos didáticos e equipamentos especiais para a sua educação;
* visão reduzida : acuidade visual dentre 6/20 e 6/60, no melhor olho, após correção
máxima. Sob o enfoque educacional, trata-se de resíduo visual que permite ao educando ler
impressos à tinta , desde que se empreguem recursos didáticos e equipamentos especiais.
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1.1.3) Deficiência Física
Variedade de condições não sensoriais que afetam o indivíduo em termos de mobili-
dade, de coordenação motora geral ou da fala, como decorrência de lesões neurológicas,
neuromusculares e ortopédicas, ou, ainda, de malformações congênitas ou adquiridas.
1.1.4) Deficiências Múltipla e Mental
A deficiência múltipla é a associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais
deficiências primárias ( mental / visual / auditiva / física ), com comprometimentos que
acarretam atrasos no desenvolvimento global e na capacidade adaptativa.
As classificações costumam ser adotadas para dar dinamicidade aos procedimentos e
facilitar o trabalho educacional, conquanto isso não atenue os efeitos negativos do seu uso. É
importante enfatizar, primeiramente, as necessidades de aprendizagem e as respostas
educacionais requeridas pelos alunos na interação dinâmica do processo de ensino-
aprendizagem.
A deficiência mental caracteriza-se por registrar um funcionamento intelectual geral
significativamente abaixo da média, oriundo do período de desenvolvimento, concomitante
com limitações associadas a duas ou mais áreas da conduta adaptativa ou da capacidade do
indivíduo em responder adequadamente às demandas da sociedade, nos seguintes aspectos:
* comunicação,cuidados pessoais,habilidades sociais, desempenho na família e comunidade,
independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar, lazer e trabalho.
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1.2. ) Causas:
1.2.1) Deficiência Auditiva
Qualquer bebê recém-nascido pode apresentar um problema auditivo no
nascimento ou adquiri-lo nos primeiros anos de vida. Isto pode acontecer mesmo que não
haja casos de surdez na família ou nenhum fator de risco aparente.Por isto peça ao
pediatra para fazer oTeste da Orelhinha quando seu filho nascer.
A audição começa a partir do 5º mês de gestação e se desenvolve intensamente nos
primeiros meses de vida. Qualquer problema auditivo deve ser detectado ao nascer, pois
os bebês que têm perda auditiva diagnosticada cedo e iniciam o tratamento até os 6 meses
de idade apresentam desenvolvimento muito próximo ao de uma criança ouvinte.
O diagnóstico após os 6 meses traz prejuízos inaceitáveis para o desenvolvimento da
criança e sua relação com a família. Infelizmente, no Brasil, a idade média de diagnóstico
da perda auditiva neurosensorial severa a profunda é muito tardia, em torno de 4 anos de
idade.
Lembre-se de que ouvir é fundamental para o desenvolvimento da fala e da linguagem.
Se o exame não foi realizado no nascimento, faça-o agora. Procure o audiologista .
1.2.2) Deficiência Visual
De maneira genérica, podemos considerar que nos países em desenvolvimento as
principais causas são infecciosas, nutricionais, traumáticas e causadas por doenças como as
cataratas. Nos países desenvolvidos são mais importantes as causas genéticas e
degenerativas. As causas podem ser divididas também em: congênitas ou adquiridas.
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Causas congênitas: amaurose congênita de Leber, malformações oculares, glaucoma
congênito, catarata congênita.
Causas adquiridas: traumas oculares, catarata, degeneração senil de mácula, glaucoma,
alterações retinianas relacionadas à hipertensão arterial ou diabetes.
1.2.3) Deficiência Física
Paralisia Cerebral: por prematuridade; anóxia perinatal; desnutrição; materna; rubéola;
toxoplasmose; trauma de parto; subnutrição; outras.
Hemiplegias: por acidente vascular cerebral; aneurisma cerebral; tumor cerebral e outras.
Lesão medular: por ferimento por arma de fogo; ferimento por arma branca; acidentes de
trânsito; mergulho em águas rasas. Traumatismos diretos; quedas; processos infecciosos;
processos degenerativos e outros.
Amputações: causas vasculares; traumas; malformações congênitas; causas metabólicas e
outras.
Mal formações congênitas: por exposição à radiação; uso de drogas; causas desconhecidas.
Artropatias: por processos inflamatórios; processos degenerativos; alterações biomecânicas;
hemofilia; distúrbios metabólicos e outros.
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1.3. ) Fatores de Risco:
1.3.1) Deficiência Visual
Histórico familiar de deficiência visual por doenças de caráter hereditário: por exem-
plo glaucoma.
Histórico pessoal de diabetes, hipertensão arterial e outras doenças sistêmicas que po-
dem levar a comprometimento visual, por exemplo: esclerose múltipla. Senilidade, por
exemplo: catarata, degeneração senil de mácula
Não realização de cuidados pré-natais e prematuridade
Não utilização de óculos de proteção durante a realização de determinadas tarefas (por
exemplo durante o uso de solda elétrica).
Não imunização contra rubéola da população feminina em idade reprodutiva, o que
pode levar a uma maior chance de rubéola congênita e conseqüente acometimento visual.
1.3.2) Deficiência Física
Violência urbana, acidentes desportivos, acidentes do trabalho, tabagismo, maus hábi-
tos alimentares, uso de drogas, sedentarismo, epidemias/endemias, agente tóxico, falta de
saneamento básico.
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1.4. ) Identificação e diagnóstico:
1.4.1) Deficiência Visual
Alguns sinais característicos da presença da deficiência visual na criança são
desvio de um dos olhos, não seguimento visual de objetos, não reconhecimento visual de fa-
miliares, baixa aproveitamento escolar, atraso de desenvolvimento. No adulto, pode ser o
borramento súbito ou paulatino da visão. Em ambos os casos, são vermelhidão, mancha
branca nos olhos, dor, lacrimejamento, flashes, retração do campo de visão que pode
provocar esbarrões e tropeços em móveis.
Em todos os casos, deve ser realizada avaliação oftalmológica para diagnóstico do
processo e possível tratamentos, em caráter de urgência.
Obtido através do exame realizado pelo oftalmologista que pode lançar mão de exa-
mes subsidiários. Nos casos em que a deficiência visual está caracterizada, deve ser realiza-
da avaliação por oftalmologista especializado em baixa visão, que fará a indicação de auxí-
lios ópticos especiais e orientará a sua adaptação.
1.4.2) Deficiência Física
Observação quanto ao atraso no desenvolvimento neuropsicomotor do bebê (não
firmar a cabeça, não sentar, não falar, no tempo esperado).
Atenção para perda ou alterações dos movimentos, da força muscular ou da sensibilidade
para membros superiores ou membros inferiores.
Identificação de erros inatos do metabolismo, Identificação de doenças infecto-contagiosas e
crônico-degenerativas.
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Controle de gestação de alto-risco, A Identificação precoce pela família seguida de
exame clínico especializado favorecem a prevenção primária e secundária e o agravamento
do quadro de incapacidade.Barositometria (Lesados Medulares), avaliações Complementa-
res por especialidades Afins, avaliação Isocinética, eletroneuromiografia , potencial Evoca-
do, Urodi-nâmica, ergoespirometria , baropodometria , avaliação Clínica Fisiátrica, teste de
Propriocepção – Reactor, avaliações Complementares por Equipe Multiprofissional, labora-
tório de Análise Tridimensional do Movimento.
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Capitulo II:
1 ) A Educação Especial na Lei 9394/96
CAPÍTULO V
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de
educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos
portadores de necessidades especiais.
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para
atender às peculiaridades da clientela de educação especial.
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados,
sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua
integração nas classes comuns de ensino regular.
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa
etária de zero a seis anos, durante a educação infantil.
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para
atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a
conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para
concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
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III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para
atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a
integração desses educandos nas classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em
sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade de inserção
no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para
aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou
psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para
o respectivo nível do ensino regular.
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabelecerão critérios de
caracterização das instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação
exclusiva em educação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder Público.
Parágrafo único. O Poder Público adotará, como alternativa preferencial, a ampliação do
atendimento aos educandos com necessidades especiais na própria rede pública regular de
ensino, independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo
1.1. ) A institucionalização da Educação Especial no Brasil
LEI Nº 4.024 - DE 20 DE DEZEMBRO DE 1961
"Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional"
Artigos referentes à educação especial:
TÍTULO X
DA EDUCAÇÃO DE EXCEPCIONAIS
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Art. 88. A educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema
geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade.
Art. 89. Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de educa-
ção, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos tratamento espe-
cial mediante bolsas de estudo, empréstimos e subvenções.
LEI Nº 5.692 - DE 11 DE AGOSTO DE 1971
"Fixa Diretrizes e Bases para o ensino de 1º e 2º graus, e dá outras providências".
O Presidente da República.Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Artigos referentes à educação especial:
CAPÍTULO 1
DO ENSINO DE 1º E 2º GRAUS
Art. 9º. Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em
atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber
tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de
Educação.
Art. 11. O ano e o semestre letivos, independentemente do ano civil, terão, no mínimo, 180
e 90 dias de trabalho escolar efetivo, respectivamente, excluído o tempo reservado às pro-
vas finais, caso estas sejam adotadas.
§ 1º. Os estabelecimentos de ensino de 1º e 2º graus funcionarão entre os períodos letivos
regulares para, além de outras atividades, proporcionar estudos de recuperação aos alunos
de aproveitamento insuficiente e ministrar, em caráter intensivo, disciplinas, áreas de estudo
e atividades planejadas com duração semestral, bem como desenvolver programas de aper-
feiçoamento de professores e realizar cursos especiais de natureza supletiva.
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Art. 14. A verificação do rendimento escolar ficará, na forma regimental, a cargo dos esta-
belecimentos, compreendendo a avaliação do aproveitamento e a apuração da assiduidade.
§ 2º. O aluno de aproveitamento insuficiente poderá obter aprovação mediante estudos de
recuperação proporcionados obrigatoriamente pelo estabelecimento.
DECRETO Nº 914 - DE 6 DE SETEMBRO DE 1993.
Institui a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, e dá outras providências".
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso
IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989,
alterada pela Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990.
D E C R E T A :
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS
Art. 1º . A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência é o con-
junto de orientações normativas, que objetivam assegurar o pleno exercício dos direitos in-
dividuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência.
Art. 2º . A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, seus
princípios, diretrizes e objetivos obedecerão ao disposto na Lei nº 7.853, de 24 de outubro
de 1989, e ao que estabelece este Decreto.
Art. 3º . Considera-se pessoa portadora de deficiência aquela que apresenta, em caráter
permanente, perdas ou anormalidades de sua estrutura ou função psicológica, fisiológica ou
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anatômica, que gerem incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão
considerado normal para o ser humano.
CAPÍTULO 2
DOS PRINCÍPIOS
Art. 4º . A Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência nortear-
se-á pelos seguintes princípios:
I - desenvolvimento de ação conjunta do Estado e da sociedade civil, de modo a assegurar a
plena integração da pessoa portadora de deficiência no contexto sócio-econômico e cultural;
II - estabelecimento de mecanismos e instrumentos legais e operacionais, que assegurem às
pessoas portadoras de deficiência o pleno exercício de seus direitos básicos que, decorrentes
da Constituição e das leis, propiciam o seu bem-estar pessoal, social e econômico;
III - respeito às pessoas portadoras de deficiência, que devem receber igualdade de opor-
tunidades na sociedade por reconhecimento dos direitos que lhe são assegurados, sem pri-
vilégios ou paternalismos.
CAPÍTULO 3
DAS DIRETRIZES
Art. 5º . São diretrizes da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de De-
ficiência:
I - estabelecer mecanismos que acelerem e favoreçam o desenvolvimento das pessoas por-
tadoras de deficiência;
II - adotar estratégias de articulação com órgãos públicos e entidades privadas, bem como
com organismos internacionais e estrangeiros para a implantação desta Política;
III - incluir a pessoa portadora de deficiência, respeitadas as suas peculiaridades, em todas
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as iniciativas governamentais relacionadas a educação, saúde, trabalho, à edificação
pública, seguridade social, transporte, habitação, cultura, esporte e lazer;
IV - viabilizar a participação das pessoas portadoras de deficiência em todas as fases de
implementação desta Política, por intermédio de suas entidades representativas;
V - ampliar as alternativas de absorção econômica das pessoas portadoras de deficiência;
VI - garantir o efetivo atendimento à pessoa portadora de deficiência, sem o indesejável
cunho de assistência protecionista;
VII - promover medidas visando à criação de empregos que privilegiem atividades
econômicas de absorção de mão-de-obra de pessoas portadoras de deficiência;
VIII - proporcionar ao portador de deficiência qualificação profissional e incorporação no
mercado de trabalho.
CAPÍTULO IV
DOS OBJETIVOS
Art. 6º . São objetivos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência:
I - o acesso, o ingresso e a permanência da pessoa portadora de deficiência em todos os
serviços oferecidos à comunidade;
II - integração das ações dos órgãos públicos e entidades privadas nas áreas de saúde,
educação, trabalho, transporte e assistência social, visando à prevenção das deficiências e à
eliminação de suas múltiplas causas;
III - desenvolvimento de programas setoriais destinados ao atendimento das necessidades
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especiais das pessoas portadoras de deficiência;
IV - apoio à formação de recursos humanos para atendimento da pessoa portadora de
deficiência;
V - articulação de entidades governamentais e não-governamentais, em nível Federal,
Estadual, do Distrito Federal e Municipal, visando garantir efetividade aos programas de
prevenção, de atendimento especializado e de integração social.
CAPÍTULO V
DOS INSTRUMENTOS
Art. 7º . São instrumentos da Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência:
I - a articulação entre instituições governamentais e não-governamentais que tenham
responsabilidades quanto ao atendimento das pessoas com deficiência, em todos os níveis,
visando garantir a efetividade dos programas de prevenção, de atendimento especializado e
de integração social, bem como a qualidade do serviço ofertado, evitando ações paralelas e
dispersão de esforços e recursos;
II - o fomento à formação de recursos humanos para adequado e eficiente atendimento das
pessoas portadoras de deficiência;
III - a aplicação da legislação específica que disciplina a reserva de mercado de trabalho,
em favor das pessoas portadoras de deficiência, nas entidades da Administração Pública e
do setor privado, e que regulamenta a organização de oficinas e congêneres integradas ao
mercado de trabalho, e a situação, nelas, das pessoas portadoras de deficiência;
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IV - o fomento ao aperfeiçoamento da tecnologia dos equipamentos de auxílio utilizados
por pessoas portadoras de deficiência, bem como a criação de dispositivos que facilitem a
importação de equipamentos;
V - a fiscalização do cumprimento da legislação pertinente às pessoas portadoras de
deficiência.
CAPÍTULO VI
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 8º . O Ministério do Bem-Estar Social, por intermédio da Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE, providenciará a ampla divulgação
desta Política, objetivando a conscientização da sociedade brasileira.
Art. 9º . Os Ministros de Estado aprovarão os planos, programas e projetos de suas
respectivas áreas, em consonância com a Política Nacional para a Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência, estabelecida por este Decreto.
Art. 10 . Caberá à CORDE a coordenação superior de todos os assuntos, ações
governamentais e medidas referentes à política voltada para as pessoas portadoras de
deficiência, em articulação com os órgãos da Administração Pública Federal.
Art. 11 . Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
LEI Nº 7.853 - DE 24 DE OUTUBRO DE 1989.
"Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social,
sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
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(CORDE), institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas
pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras
providências".
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
NORMAS GERAIS
Art. 1º. Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno exercício dos direitos
individuais e sociais das pessoas portadoras de deficiência, e sua efetiva integração social,
nos termos desta Lei.
§ 1º. Na aplicação e interpretação desta Lei, serão considerados os valores básicos de
igualdade de tratamento e oportunidade, da justiça social, do respeito à dignidade da pessoa
humana, do bem-estar, e outros, indicados na Constituição ou justificados pelos princípios
gerais de direito.
§ 2º. As normas desta Lei visam garantir às pessoas portadoras de deficiência as ações
governamentais necessárias ao seu cumprimento e das demais disposições constitucionais e
legais que lhe concernem, afastadas as discriminações e os preconceitos de qualquer
espécie, e entendida a matéria como obrigação nacional a cargo do Poder Público e da
sociedade.
RESPONSABILIDADES DO PODER PÚBLICO
Art. 2º. Ao Poder Público e seus órgãos cabe assegurar às pessoas portadoras de deficiência
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o pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive dos direitos à educação, à saúde, ao
trabalho, ao lazer, à previdência social, ao amparo à infância e à maternidade, e de outros
que, decorrentes da Constituição e das leis, propiciem seu bem-estar pessoal, social e
econômico.
Parágrafo único. Para o fim estabelecido no caput deste artigo, os órgãos e entidades da
administração direta e indireta devem dispensar, no âmbito de sua competência e finalidade,
aos assuntos objetos desta Lei, tratamento prioritário e adequado, tendente a viabilizar, sem
prejuízo de outras as seguintes medidas:
I - NA ÁREA DA EDUCAÇÃO:
a) a inclusão, no sistema educacional, da Educação Especial como modalidade educativa
que abranja a educação precoce, a pré-escolar, as de 1º e 2º graus, a supletiva, a habilitação
e reabilitação profissionais, com currículos, etapas e exigências de diplomação próprios;
b) a inserção, no referido sistema educacional, das escolas especiais, privadas e públicas;
c) a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimentos públicos de
ensino;
d) o oferecimento obrigatório de programas de Educação Especial a nível pré-escolar e
escolar, em unidades hospitalares e congêneres nas quais estejam internados, por prazo
igual ou superior a 1 (um) ano, educandos portadores de deficiência;
e) o acesso de alunos portadores de deficiência aos benefícios conferidos aos demais
educandos, inclusive material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo;
f) a matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares
de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino.
RESPONSABILIDADES DO MINISTÉRIO PÚBLICO
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A DEFESA DOS INTERESSES COLETIVOS E DIFUSOS
Art. 3º. As ações civis públicas destinadas à proteção de interesses coletivos ou difusos das
pessoas portadoras de deficiência poderão ser propostas pelo Ministério Público, pela
União, Estados, Municípios e Distrito Federal; por associação constituída há mais de 1 (um)
ano, nos termos da lei civil, autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de
economia mista que inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas
portadoras de deficiência.
§ 1º. Para instruir a inicial, o interessado poderá requerer às autoridades competentes as
certidões e informações que julgar necessárias.
§ 2º. As certidões e informações a que se refere o parágrafo anterior deverão ser fornecidas
dentro de 15 (quinze) dias da entrega, sob recibo, dos respectivos requerimentos, e só
poderão ser utilizadas para a instrução da ação civil.
§ 3º. Somente nos casos em que o interesse público, devidamente justificado, impuser
sigilo, poderá ser negada certidão ou informação.
§ 4º. Ocorrendo a hipótese do parágrafo anterior, a ação poderá ser proposta
desacompanhada das certidões ou informações negadas, cabendo ao Juiz, após apreciar os
motivos do indeferimento, e, salvo quando se tratar de razão de segurança nacional,
requisitar umas e outras; feita a requisição, o processo correrá em segredo de justiça, que
cessará com o trânsito em julgado da sentença.
§ 5º. Fica facultado aos demais legitimados ativos habilitarem-se como litisconsortes nas
ações propostas por qualquer deles.
§ 6º. Em caso de desistência ou abandono da ação, qualquer dos co-legitimados pode
assumir a titularidade ativa.
Art. 4º. A sentença terá eficácia de coisa julgada oponível erga omnes, exceto no caso de
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haver sido a ação julgada improcedente por deficiência de prova, hipótese em que qualquer
legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento, valendo-se de nova prova.
§ 1º. A sentença que concluir pela carência ou pela improcedência da ação fica sujeita ao
duplo grau de jurisdição, não produzindo efeito senão depois de confirmada pelo tribunal.
§ 2º. Das sentenças e decisões proferidas contra o autor da ação e suscetíveis de recursos,
poderá recorrer qualquer legitimado ativo, inclusive o Ministério Público.
Art. 5º. O Ministério Público intervirá obrigatoriamente nas ações públicas, coletivas ou
individuais, em que se discutam interesses relacionados à deficiência das pessoas.
Art. 6º. O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidência, inquérito civil, ou
requisitar, de qualquer pessoa física ou jurídica, pública ou particular, certidões,
informações, exames ou perícias, no prazo que assinalar, não inferior a 10 (dez) dias úteis.
§ 1º. Esgotadas as diligências, caso se convença o órgão do Ministério Público da
inexistência de elementos para a propositura de ação civil, promoverá fundamentadamente
o arquivamento do inquérito civil, ou das peças informativas. Neste caso, deverá remeter a
reexame os autos ou as respectivas peças, em 3 (três) dias, ao Conselho Superior do
Ministério Público, que os examinará, deliberando a respeito, conforme dispuser seu
Regimento.
§ 2º. Se a promoção do arquivamento for reformada, o Conselho Superior do Ministério
Público designará desde logo outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação.
Art. 7º. Aplicam-se à ação civil pública prevista nesta Lei, no que couber, os dispositivos
da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985.
29
CRIMINALIZAÇÃO DO PRECONCEITO
Art. 8º. Constitui crime punível com reclusão de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa:
I - recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem justa causa, a inscrição de
aluno em estabelecimento de ensino de qualquer curso ou grau, público ou privado, por
motivos derivados da deficiência que porta;
II - obstar, sem justa causa, o acesso de alguém a qualquer cargo público, por motivos
derivados de sua deficiência;
III - negar, sem justa causa, a alguém, por motivos derivados de sua deficiência, emprego
ou trabalho;
IV - recusar, retardar ou dificultar internação ou deixar de prestar assistência médico-
hospitalar e ambulatorial, quando possível, a pessoa portadora de deficiência;
V - deixar de cumprir, retardar ou frustrar, sem justo motivo, a execução de ordem judicial
expedida na ação civil a que alude esta Lei;
VI - recusar, retardar ou omitir dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil
objeto desta Lei, quando requisitados pelo Ministério Público.
REESTRUTURAÇÃO DA CORDE
Art. 9º. A Administração Pública Federal conferirá aos assuntos relativos às pessoas porta-
doras de deficiência tratamento prioritário e apropriado, para que lhes seja efetivamente en-
sejado o pleno exercício de seus direitos individuais e sociais, bem como sua completa
30
integração social.
§ 1º. Os assuntos a que alude este artigo serão objeto de ação, coordenada e integrada, dos
órgãos da Administração Pública Federal, e incluir-se-ão em Política Nacional para Integra-
ção da Pessoa Portadora de Deficiência, na qual estejam compreendidos planos, programas
e projetos sujeitos a prazos e objetivos determinados.
§ 2º. Ter-se-ão como integrantes da Administração Pública Federal, para os fins desta Lei,
além dos órgãos públicos, das autarquias, das empresas públicas e sociedades de economia
mista, as respectivas subsidiárias e as fundações públicas.
Art. 10. A coordenação superior dos assuntos, ações governamentais e medidas, referentes
às pessoas portadoras de deficiência, incumbirá a órgão subordinado à Presidência da Repú-
blica, dotado de autonomia administrativa e financeira, ao qual serão destinados recursos
orçamentários específicos.
Parágrafo único. À autoridade encarregada da coordenação superior mencionada no caput
deste artigo caberá, principalmente, propor ao Presidente da República a Política Nacional
para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, seus planos, programas e projetos e
cumprir as instruções superiores que lhes digam respeito, com a cooperação dos demais
órgãos da Administração Pública Federal.
* Nova redação dada pelo artigo 38 da Lei nº 8.028/90.
Art. 11. Fica reestruturada, como órgão autônomo, nos termos do artigo anterior, a Coor-
denadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - CORDE.
§ 1º. (VETADO)
§ 2º. O Coordenador contará com 3 (três) Coordenadores-Adjuntos, 4 (quatro) Coorde-
31
nadores de Programas e 8 (oito) Assessores, nomeados em comissão, sob indicação do
titular da CORDE.
§ 3º. A CORDE terá, também, servidores titulares de Funções de Assessoramento Superior
(FAS) e outros requisitados a órgãos e entidades da Administração Federal.
§ 4º. A CORDE poderá contratar, por tempo ou tarefa determinados, especialistas para aten-
der necessidade temporária de excepcional interesse público.
* Revogado pela Lei nº 8.028/90
COMPETÊNCIAS DA CORDE
Art. 12. Compete à CORDE:
I - coordenar as ações governamentais e medidas que se refiram às pessoas portadoras de
deficiência;
II - elaborar os planos, programas e projetos subsumidos na Política Nacional para a Inte-
gração da Pessoa Portadora de Deficiência, bem como propor as providências necessárias a
sua completa implantação e a seu adequado desenvolvimento, inclusive as pertinentes a
recursos e as de caráter legislativo;
III - acompanhar e orientar a execução, pela Administração Pública Federal, dos planos,
programas e projetos mencionados no inciso anterior;
IV - manifestar-se sobre a adequação à Política Nacional para a Integração da Pessoa Por-
tadora de Deficiência dos projetos federais a ela conexos, antes da liberação dos recursos
respectivos;
V - manter, com os Estados, Municípios, Territórios, o Distrito Federal e o Ministério Pú-
blico, estreito relacionamento, objetivando a concorrência de ações destinadas à integração
social das pessoas portadoras de deficiência;
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VI - provocar a iniciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos
que constituam objetos da ação civil de que trata esta Lei, e indicando-lhe os elementos de
convicção;
VII - emitir opinião sobre os acordos, contratos ou convênios firmados pelos demais órgãos
da Administração Pública Federal, no âmbito da Política Nacional para a Integração da Pes-
soa Portadora de Deficiência;
VIII - promover e incentivar a divulgação e o debate das questões concernentes à pessoa
portadora de deficiência, visando à conscientização da sociedade;
Parágrafo único. Na elaboração dos planos, programas e projetos a seu cargo, deverá a
CORDE recolher, sempre que possível, a opinião das pessoas e entidades interessadas, bem
como considerar a necessidade de efetivo apoio aos entes particulares voltados para a
integração social das pessoas portadoras de deficiência.
CONSELHO CONSULTIVO
Art. 13. A CORDE contará com o assessoramento do órgão colegiado, o Conselho Consul-
tivo da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência.
§ 1º. A composição e o funcionamento do Conselho Consultivo da CORDE serão discipli-
nados em ato do Poder Executivo. Incluir-se-ão no Conselho representantes de órgãos e de
organizações ligados aos assuntos pertinentes a pessoa portadora de deficiência, bem como
representante do Ministério Público Federal.
§ 2º. Compete ao Conselho Consultivo:
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I - opinar sobre o desenvolvimento da Política Nacional para Integração da Pessoa Portado-
ra de Deficiência;
II - apresentar sugestões para o encaminhamento dessa política;
III - responder a consultas formuladas pela CORDE.
§ 3º. O Conselho Consultivo reunir-se-á ordinariamente 1 (uma) vez por trimestre e, extra-
ordinariamente, por iniciativa de 1/3 (um terço) de seus membros, mediante manifestação
escrita, com antecedência de 10 (dez) dias, e deliberará por maioria de votos dos Conselhei-
ros presentes.
§ 4º. Os integrantes do Conselho não perceberão qualquer vantagem pecuniária, salvo as de
seus cargos de origem, sendo considerados de relevância pública, os seus serviços.
§ 5º. As despesas de locomoção e hospedagem dos Conselheiros, quando necessárias, serão
asseguradas pela CORDE.
Art. 14. (VETADO)
REESTRUTURAÇÃO DA SESPE/MEC E CRIAÇÃO DE ÓRGÃOS SETORIAIS
Art. 15. Para atendimento e fiel cumprimento do que dispõe esta Lei, será reestruturada a
Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação, e serão instituídos, no Minis-
tério do Trabalho, no Ministério da Saúde e no Ministério da Previdência e Assistência So-
cial, órgãos encarregados da coordenação setorial dos assuntos concernentes às pessoas por-
tadoras de deficiência.
Art. 16. O Poder Executivo adotará, nos 60 (sessenta) dias posteriores à vigência desta Lei,
as providências necessárias à reestruturação e ao regular funcionamento da CORDE, como
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aquelas decorrentes do artigo anterior.
Art. 17. Serão incluídas no censo demográfico de 1990, e nos subsequentes, questões
concernentes à problemática da pessoa portadora de deficiência, objetivando o conhe-
cimento atualizado do número de pessoas portadoras de deficiência no País.
Art. 18. Os órgãos federais desenvolverão, no prazo de 12 (doze) meses contado da publi-
cação desta Lei, as ações necessárias à efetiva implantação das medidas indicadas no artigo
2º desta Lei.
Art. 19. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 20. Revogam-se as disposições em contrário.
LEI Nº 8.028 - DE 12 DE ABRIL DE 1990
Art. 38. O artigo 10 da Lei nº 7853, de 24 de outubro de 1989, passa a vigorar com a se-
guinte redação:
"Art. 10. A coordenação superior dos assuntos, ações governamentais e medidas, referentes
a pessoas portadoras de deficiência, incumbirá à Coordenadoria Nacional para a Pessoa
Portadora de Deficiência - CORDE, órgão autônomo do Ministério da Ação Social, ao qual
serão destinados recursos orçamentários específicos.
Parágrafo Único. Ao órgão a que se refere este artigo caberá formular a Política Nacional
para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, seus planos, programas e projetos e
cumprir as instruções superiores que lhes digam respeito, com a cooperação dos demais
órgãos públicos."
2 ) Estratégias para a educação de Alunos Especiais
QUANDO VOCÊ ENCONTRAR UMA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
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Muitas pessoas não deficientes ficam confusas quando encontram uma pessoa com
deficiência. Isso é natural. Todos nós podemos nos sentir desconfortáveis diante do
"diferente".
Esse desconforto diminui e pode até mesmo desaparecer quando existem muitas oportuni-
dades de convivência entre pessoas deficientes e não-deficientes.
Não faça de conta que a deficiência não existe. Se você se relacionar com uma pessoa defi-
ciente como se ela não tivesse uma deficiência, você vai estar ignorando uma característica
muito importante dela. Dessa forma, você não estará se relacionando com ela, mas com
outra pessoa, uma que você inventou, que não é real.
Aceite a deficiência. Ela existe e você precisa levá-la na sua devida consideração.Não su-
bestime as possibilidades, nem superestime as dificuldades e vice-versa.
As pessoas com deficiência têm o direito, podem e querem tomar suas próprias decisões e
assumir a responsabilidade por suas escolhas.
Ter uma deficiência não faz com que uma pessoa seja melhor ou pior do que uma pessoa
não deficiente.
Provavelmente, por causa da deficiência, essa pessoa pode ter dificuldade para realizar al-
gumas atividades e, por outro lado, poderá ter extrema habilidade para fazer outras coisas.
Exatamente como todo mudo.
A maioria das pessoas com deficiência não se importa de responder perguntas, princi-
palmente aquelas feitas por crianças, a respeito da sua deficiência e como ela transforma a
realização de algumas tarefas. Mas, se você não tem muita intimidade com a pessoa, evite
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fazer muitas perguntas muito íntimas.
Quando quiser alguma informação de uma pessoa deficiente, dirija-se diretamente a ela e
não a seus acompanhantes ou intérpretes.
Sempre que quiser ajudar, ofereça ajuda. Sempre espere sua oferta ser aceita, antes de
ajudar. Sempre pergunte a forma mais adequada para fazê-lo.
Mas não se ofenda se seu oferecimento for recusado. Pois nem sempre as pessoas com defi-
ciência precisam de auxílio. Às vezes, uma determinada atividade pode ser melhor desen-
volvida sem assistência.
Se você não se sentir confortável ou seguro para fazer alguma coisa solicitada por uma pes-
soa deficiente, sinta-se livre para recusar. Neste caso, seria conveniente procurar outra pes-
soa que possa ajudar.
As pessoas com deficiência são pessoas como você. Têm os mesmos direitos, os mesmos
sentimentos, os mesmos receios, os mesmos sonhos.
Você não deve ter receio de fazer ou dizer alguma coisa errada. Aja com naturalidade e tu-
do vai dar certo.
Se ocorrer alguma situação embaraçosa, uma boa dose de delicadeza, sinceridade e bom
humor nunca falha.
PESSOAS CEGAS OU COM DEFICIÊNCIA VISUAL
Nem sempre as pessoas cegas ou com deficiência visual precisam de ajuda, mas se
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encontrar alguma que pareça estar em dificuldades, identifique-se, faça-a perceber que você
está falando com ela e ofereça seu auxílio. Nunca ajude sem perguntar antes como deve
fazê-lo.
Caso sua ajuda como guia seja aceita, coloque a mão da pessoa no seu cotovelo dobrado.
Ela irá acompanhar o movimento do seu corpo enquanto você vai andando.
Sempre é bom você avisar antecipadamente a existência de degraus, pisos escorregadios,
buracos e obstáculos em geral durante o trajeto.
Num corredor estreito, por onde só possa passar uma pessoa, coloque o seu braço para trás,
de modo que a pessoa cega possa continuar a seguir você.
Para ajudar uma pessoa cega a sentar-se, você deve guiá-la até a cadeira e colocar a mão
dela sobre o encosto da cadeira, informando se esta tem braço ou não. Deixe que a pessoa
sente-se sozinha.
Ao explicar direções para uma pessoa cega, seja o mais claro e especifico possível, de
preferência indique as distancias em metros ("uns vinte metros a sua frente").
Algumas pessoas, sem perceber, falam em tom de voz mais alto quando conversam com
pessoas cegas. A menos que a pessoa tenha também uma deficiência auditiva que justifique
isso, não faz nenhum sentido gritar. Fale em tom de voz normal.
Por mais tentador que seja acariciar um cão-guia, lembre-se de que esses cães têm a
responsabilidade de guiar um dono que não enxerga. O cão nunca deve ser distraído do seu
dever de guia.
As pessoas cegas ou com visão subnormal são como você, só que não enxergam. Trate-as
com o mesmo respeito e consideração que você trata todas as pessoas.
No convívio social ou profissional, não exclua as pessoas com deficiência visual das
atividades normais. Deixe que elas decidam como podem ou querem participar.
Proporcione às pessoas cegas ou com deficiência visual a mesma chance que você tem de
ter sucesso ou de falhar.
Fique a vontade para usar palavras como "veja" e "olhe". As pessoas cegas as usam com
naturalidade.
Quando for embora, avise sempre o deficiente visual.
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PESSOAS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA
Se a pessoa usar uma cadeira de rodas, é importante saber que para uma pessoa sentada é
incômodo ficar olhando para cima por muito tempo, portanto, se a conversa for demorar
mais tempo do que alguns minutos, se for possível, lembre-se de sentar, para que você e ela
A cadeira de rodas (assim com as bengalas e muletas) é parte do espaço corporal da pessoa,
quase uma extensão do seu corpo. Agarrar ou apoiar-se na cadeira de rodas é como agarrar
ou apoiar-se numa pessoa sentada numa cadeira comum. Isso muitas vezes é simpático, se
Nunca movimente a cadeira de rodas sem antes pedir permissão para a pessoa.
Empurrar uma pessoa em cadeira de rodas não é como empurrar um carrinho de
supermercado. Quando estiver empurrando uma pessoa sentada numa cadeira de rodas, e
parar para conversar com alguém, lembre-se de virar a cadeira de frente, para que a pessoa
Ao empurrar uma pessoa em cadeira de rodas, faça-o com cuidado. Preste atenção para não
bater nas pessoas que caminham a frente. Para subir degraus, incline a cadeira para trás
para levantar as rodinhas da frente e apoiá-las sobre a elevação. Para descer um degrau, é
Se você estiver acompanhando uma pessoa deficiente que anda devagar, com auxílio ou
não de aparelhos ou bengalas, procure acompanhar o passo dela.
Mantenha as muletas ou bengalas sempre próximas à pessoa deficiente.
Se achar que ela está em dificuldades, ofereça ajuda e, caso seja aceita, pergunte como deve
fazê-lo. As pessoas têm suas técnicas pessoais para subir escadas, por exemplo e, às vezes,
uma tentativa de ajuda inadequada pode até mesmo atrapalhar. Outras vezes, a ajuda é
Se você presenciar um tombo de uma pessoa com deficiência, ofereça ajuda imediatamente.
Mas nunca ajude sem perguntar se e como deve fazê-lo.
Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa,
restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa com
deficiência física.
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Esteja atento para a existência de barreiras arquitetônicas quando for escolher uma casa,
restaurante, teatro ou qualquer outro local que queira visitar com uma pessoa com
deficiência física.
Pessoas com paralisia cerebral podem ter dificuldades para andar, podem fazer movimentos
involuntários com pernas e braços e podem apresentar expressões estranhas no rosto. Não
se intimide com isso. São pessoas comuns como você. Geralmente, têm inteligência normal
ou, às vezes, até acima da média.
Se a pessoa tiver dificuldade na fala e você não compreender imediatamente o que ela está
dizendo, peça para que repita. Pessoas com dificuldades desse tipo não se incomodam de
repetir quantas vezes seja necessário para que se façam entender.
Não se acanhe em usar palavras como "andar" e "correr". As pessoas com deficiência física
empregam naturalmente essas mesmas palavras.
Trate a pessoa com deficiência com a mesma consideração e respeito que você usa com as
demais pessoas.
PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
Não é correto dizer que alguém é surdo-mudo. Muitas pessoas surdas não falam porque não
aprenderam a falar. Muitas fazem a leitura labial, outras não.
Quando quiser falar com uma pessoa surda, se ela não estiver prestando atenção em você,
acene para ela ou toque em seu braço levemente.
Quando estiver conversando com uma pessoa surda, fale de maneira clara, pronunciando
bem as palavras, mas não exagere. Use a sua velocidade normal, a não ser que lhe peçam
para falar mais devagar.
Use um tom normal de voz, a não ser que lhe peçam para falar mais alto. Gritar nunca adi-
anta.
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Fale diretamente com a pessoa, não de lado ou atrás dela.
Faça com que a sua boca esteja bem visível. Gesticular ou segurar algo em frente à boca
torna impossível a leitura labial. Usar bigode também atrapalha.
Quando falar com uma pessoa surda, tente ficar num lugar iluminado. Evite ficar contra a
luz (de uma janela, por exemplo), pois isso dificulta ver o seu rosto.
Se você souber alguma linguagem de sinais, tente usá-la. Se a pessoa surda tiver
dificuldade em entender, avisará. De modo geral, suas tentativas serão apreciadas e
estimuladas.
Seja expressivo ao falar. Como as pessoas surdas não podem ouvir mudanças sutis de tom
de voz que indicam sentimentos de alegria, tristeza, sarcasmo ou seriedade, as expressões
faciais, os gestos e o movimento do seu corpo serão excelentes indicações do que você quer
dizer.
Enquanto estiver conversando, mantenha sempre contato visual, se você desviar o olhar, a
pessoa surda pode achar que a conversa terminou.
Nem sempre a pessoa surda tem uma boa dicção. Se tiver dificuldade para compreender o
que ela está dizendo, não se acanhe em pedir para que repita. Geralmente, as pessoas surdas
não se incomodam de repetir quantas for preciso para que sejam entendidas.
Se for necessário, comunique-se através de bilhetes. O importante é se comunicar. O
método não é tão importante.
Quando a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete, dirija-se à pessoa surda, não
ao intérprete.
PESSOAS COM DEFICIÊNCIA MENTAL
Você deve agir naturalmente ao dirigir-se a uma pessoas com deficiência mental.
Trate-as com respeito e consideração. Se for uma criança, trate como criança. Se for
adolescente, trate-a como adolescente. Se for uma pessoa adulta, trate-a como tal.
41
Não as ignore. Cumprimente e despeça-se delas normalmente, como faria com qualquer
pessoa.
Dê atenção a elas, converse e vai ver como será divertido.
Não superproteja. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo o que puder. Ajude apenas
quando for realmente necessário.
Não subestime sua inteligência. As pessoas com deficiência mental levam mais tempo para
aprender, mas podem adquirir muitas habilidades intelectuais e sociais.
As pessoas com deficiência mental, geralmente, são muito carinhosas. .
Deficiência mental não deve ser confundida com doença mental.
3 ) Artigos sobre Educação Especial e Educação Inclusiva
Falta de qualificação "emperra" lei que dá trabalho a deficientes
Gazeta do Povo - Sistema de Busca - Quarta-feira, 02 de fevereiro de 2000
42
Legislação garante de 2% a 5% dos postos de trabalho para deficientes
Embora já exista uma lei que garanta vagas de trabalho a pessoas portadoras de
deficiências em empresas com mais de 100 funcionários, a falta de capacitação profissional
é uma das maiores queixas dos contratadores para poder cumprir a legislação. A constatação
é de Jayme Iantas, procurador regional do trabalho no estado do Paraná, que ontem
participou em Curitiba do I Fórum de Inserção do Portador de Deficiência no Mercado de
Trabalho. O fórum foi uma promoção da Associação de Pais e Amigos de Portadores de
Deficiência dos Funcionários do Banco do Brasil (APABB), com o apoio da Gazeta do Povo
e outras entidades.
A Lei 8.213/91 determina que de 2% a 5% dos cargos, em empresas com mais de
100 funcionários, sejam ocupados por portadores de deficiências, física ou mental. O
Ministério Público, diz Iantas, vem sistematicamente convocando as empresas para que se
adaptem à lei. Segundo o procurador, a grande maioria das empresas concorda em assinar
um termo de compromisso comprometendo-se a se submeter à legislação. Em algumas
empresas, a resistência é um pouco maior, como, por exemplo, em transportadoras e em
empresas de vigilância.
Órgão públicos
Os órgãos e as empresas públicas também não costumam deixar de assinar o termo.
Segundo Iantas, em todo o Paraná, houve o ajuizamento de apenas duas prefeituras por não
cumprirem a lei. Embora a norma não estabeleça punição para o descumprimento, o
Ministério Público multa a empresa que não cumpre o termo em R$ 5 mil por funcionário
deficiente não contratado.Apesar das empresas de um modo geral estarem colaborando, o
maior problema, diz o procurador, é que entre os deficientes não há mão-de-obra qualificada
em quantidade suficiente. Quando a empresa não consegue achar um portador de deficiência
qualificado, durante 60 dias a vaga destinada ao deficiente não precisa ser ocupada.
Entidades
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De acordo com Iantas, é comum as entidades assistenciais dos deficientes
ensinarem atividades que não permitam sua inclusão no mercado de trabalho: crochê,
datilografia, bordado, serigrafia. Essas atividades, lembra ele, não garantem um emprego
atualmente. Maria de Lourdes Canziani, pedagoga e assessora técnica da Secretaria Estadual
do Emprego e Relações de Trabalho, que também participou do fórum, conta que em uma
entidade assistencial chegou a presenciar uma mulher deficiente que trabalhava cortando
caixas de papelão, sem ao menos saber o porquê de estar fazendo aquilo. Para Maria de
Lourdes, atividades como essa de modo algum garantem ao deficiente a sua inserção social,
que poderia ser feita através de uma profissão de fato.
AS ESCOLAS INCLUSIVAS NA OPINIÃO MUNDIAL
Romeu kazumi Sassaki
Escolas inclusivas, escolas integradas, escolas integradoras... são apenas nomes diferentes
significando a mesma coisa ou são realmente conceitos diferentes abrangendo práticas
diferentes?
À medida que aumenta o número de defensores e praticantes da filosofia da inclusão no
campo educacional - fato que vem repercutindo entre pessoas até então alheias a este tema -
cresce também a polêmica em torno da questão: "O que é melhor para pessoas deficientes -
estudar em escolas e classes especiais ou estudar em escolas comuns?"
Para responder a esta questão, torna-se necessário retomar um pouco da história da educa-
ção no que se refere às pessoas com deficiência. Já sabemos que esta história teve quatro
principais fases.
A primeira, que corresponde ao período anterior ao século 20, pode ser chamada de fase da
exclusão, na qual a maioria das pessoas com deficiência e outras condições era tida como
indigna de educação escolar.
44
A segunda fase, chamada de segregação, já no século 20, começou com o atendimento às
pessoas deficientes dentro de grandes instituições que, entre outras coisas, propiciavam
classes de alfabetização. A partir da década de 50 e mais fortemente nos anos 60, com a
eclosão do movimento dos pais de crianças a quem era negado ingresso em escolas comuns,
surgiram as escolas especiais e, mais tarde, as classes especiais dentro de escolas comuns. O
sistema educacional ficou com dois subsistemas funcionando paralelamente e sem ligação
uma com a outra: a educação comum e a educação especial.
A terceira fase, localizada na década de 70, constituiu a fase da integração, embora a
bandeira da integração já tivesse sido defendida a partir do final dos anos 60. Nesta nova
fase, houve uma mudança filosófica em direção à idéia de educação integrada, ou seja,
escolas comuns aceitando crianças ou adolescentes deficientes nas classes comuns ou, pelo
menos, em ambientes o menos restritivo possível. Só que se considerava integrados apenas
aqueles estudantes com deficiência que conseguissem adaptar-se à classe comum como esta
se apresentava, portanto sem modificações no sistema. A educação integrada ou integradora
exigia a adaptação dos alunos ao sistema escolar, excluindo aqueles que não conseguiam
adaptar-se ou acompanhar os demais alunos. As leis sempre tinham o cuidado de ressaltar a
condição "preferencialmente na rede regular de ensino", o que deixava em aberto a
possibilidade de manter crianças e adolescentes com deficiência nas escolas especiais.
Finalmente, a quarta fase, a de inclusão, surgiu na segunda metade da década de 80,
incrementou-se nos anos 90 e vai adentrar o século 21. A idéia fundamental desta fase é a de
adaptar o sistema escolar às necessidades dos alunos. A inclusão propõe um único sistema
educacional de qualidade para todos os alunos, com ou sem deficiência e com ou sem outros
tipos de condição atípica. A inclusão se baseia em princípios tais como: a aceitação das
diferenças individuais como um atributo e não como um obstáculo, a valorização da
diversidade humana pela sua importância para o enriquecimento de todas as pessoas, o
direito de pertencer e não de ficar de fora, o igual valor das minorias em comparação com a
maioria. A educação inclusiva depende não só da capacidade do sistema escolar (diretor,
professores, pais e outros) em buscar soluções para o desafio da presença de tão diferentes
alunos nas classes, como também do desejo de fazer de tudo para que nenhum aluno seja
novamente excluído com base em alguma necessidade educacional muito especial.
45
Agora podemos responder à questão inicial, dizendo que:
1. o que é melhor para pessoas deficientes depende de inúmeros fatores (desejo dos pais;
desejo das próprias pessoas deficientes; opinião das autoridades educacionais, a realidade
escolar da cidade ou região etc.):
2. escola integrada e escola integradora significam a mesma coisa, dentro da proposta
surgida na fase da integração.
3. dentro da proposta de inclusão, a escola especial, a sala de recursos e os professores de
educação especial terão novas e mais importantes funções, e as classes especiais não serão
mais necessárias.
4. uma escola inclusiva, diferentemente de uma escola integradora, acolhe todos os alunos
adaptando-se às suas diferentes necessidades;
5. uma escola comum tal qual como sempre existiu não se torna automaticamente uma
escola inclusiva só porque admitiu alguns alunos com deficiência nas classes comuns;
6. uma escola comum só se torna inclusiva depois que se reestruturou para atender à
diversidade do novo alunado em termos de necessidades especiais (não só as decorrentes de
deficiência física, mental, visual, auditiva ou múltipla, como também aquelas resultantes de
outras condições atípicas), em termos de estilos e habilidades de aprendizagem dos alunos e
em todos os outros requisitos do princípio da inclusão, conforme estabelecidos no
documento. "A Declaração de Salamanca e o PIano de Ação para a Educação de
Necessidades Especiais".
O referido documento foi adotado por mais de 300 participantes representando 92 países e
25 organizações internacionais, presentes na Conferência Mundial sobre Educação de
Necessidades Especiais: Acesso e Qualidade, realizada na cidade de Salamanca, Espanha,
em junho de 1994, com o patrocínio da UNESCO e do Governo Espanhol.
Trata-se do mais completo texto sobre inclusão na educação, em cujos parágrafos fica
evidenciado que a educação inclusiva não se refere apenas às pessoas com deficiência e sim
46
a todas as pessoas, deficientes ou não, que tenham necessidades educacionais especiais em
caráter temporário, intermitente ou permanente. Isto se coaduna com a filosofia da inclusão
na medida em que a inclusão não admite exceções - todas as pessoas devem ser incluídas.
A propósito, é oportuno que se faça aqui um esclarecimento sobre o termo "necessidades
educacionais especiais" em contraposição a um outro termo, "necessidades educativas
especiais", que consta em textos de educação especial (documentos oficiais, leis, livros,
artigos de revista etc.).
Ora, não existem necessidades educativas. O vocábulo "educativo", segundo os melhores
dicionários, quer dizer "que educa; que serve para educar". Então, o que seria uma
"necessidade que educa, que serve para educar", quando queremos nos referir a uma
necessidade especial de um determinado estudante? O adjetivo "educativo" é apropriado,
por exemplo, nos termos "filme educativo", "campanha educativa", "experiência educativa",
"ações educativas".
Já o vocábulo "educacional" significa "concernente à educação; no âmbito ou área da
educação". Assim, por exemplo, temos "política educacional", "direitos educacionais",
"progresso educacional", "autoridade educacional".
Conclui-se daí que a expressão correta é "necessidades educacionais especiais", ou seja,
"necessidades especiais no âmbito da educação (ou concernentes à educação)". Felizmente,
vários profissionais de educação utilizam a forma "necessidades educacionais especiais" em
seus artigos, livros e palestras.
4 ) Dados Estatísticos da Educação Especial no Brasil
Planilha - Matrícula por tipo de Necessidade Especial e Nível de Ensino
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL Coordenação-Geral de Planejamento da Educação Especial
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- MATRÍCULAS DA EDUCAÇÃO ESPECIAL POR TIPO DE NECESSIDADE ESPECIAL E NÍVEL DE ENSINO - CENSO 1999 (*)
DEFICIÊNCIAS
NÍVEL DE ENSINO
CONDUTASTÍPICAS
TOTAL
Creche 770 1.806 2.346 12.180 8.334 13 493 3.044 28.986
Pré-Escola 1.404 6.618 2.917 39.312 11.385 102 1.734 3.410 66.882
Funda-
mental 11.924 31.825 8.151 101.968 14.607 863 4.786 21.391 195.515
Médio 876 899 495 475 236 40 26 143 3.190
Jovens/ Adulstos 751 2.228 1.082 6.074 835 17 84 264 11.335
Outros 2.904 4.434 2.342 37.987 11.348 193 2.100 6.913 68.221
Total 18.629 47.810 17.333 197.996 46.745 1.228 9.223 9.223 374.129
MATRÍCULA POR NÍVEL DE ENSINO
-
MATRÍCULAS POR TIPO DE NECESSIDAE ESPECIAL
Planilha - Número de Municípios com Matrícula da Educação Especial
48
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL COORDENAÇÃO-GERAL DE PLANEJAMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL NÚMERO DE MUNICÍPIOS COM MATRÍCULA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
1997 1998 1999(*) UNIDADE DA FEDERAÇÃO TOTAL
QUANTID. % QUANTID. % QUANTID. % TOTAL BRASIL 5.507 2.375 43,1% 2.739 49,7% 3.255 59,1% NORTE 449 200 44,5% 215 47,9% 250 55,7% RONDONIA 52 22 42,3% 21 40,4% 27 51,9% ACRE 22 8 36,4% 9 40,9% 11 50,0% AMAZONAS 62 33 53,2% 34 54,8% 32 51,6% RORAIMA 15 6 40,0% 7 46,7% 6 40,0% PARÁ 143 91 63,6% 93 65,0% 99 69,2% AMAPÁ 16 8 50,0% 8 50,0% 10 62,5% TOCANTINS 139 32 23,0% 43 30,9% 65 46,8% NORDESTE 1.787 436 24,4% 544 30,4% 654 36,6% MARANHÃO 217 76 35,0% 76 35,0% 75 34,6% PIAUÍ 221 32 14,5% 37 16,7% 43 19,5% CEARÁ 184 39 21,2% 61 33,2% 81 44,0% RIO GDE. NORTE 166 44 26,5% 75 45,2% 87 52,4% PARAIBA 223 26 11,7% 40 17,9% 41 18,4% PERNAMBUCO 185 84 45,4% 91 49,2% 97 52,4% ALAGOAS 101 19 18,8% 19 18,8% 27 26,7% SERGIPE 75 9 12,0% 12 16,0% 21 28,0% BAHIA 415 107 25,8% 133 32,0% 182 43,9% SUDESTE 1.666 801 48,1% 983 59,0% 1.111 66,7% MINAS GERAIS 853 255 29,9% 418 49,0% 525 61,5% ESPÍRITO SANTO 77 71 92,2% 69 89,6% 55 71,4% RIO DE JANEIRO 91 71 78,0% 81 89,0% 83 91,2% SÃO PAULO 645 404 62,6% 415 64,3% 448 69,5% SUL 1.159 706 60,9% 734 63,3% 938 80,9% PARANÁ 399 339 85,0% 352 88,2% 364 91,2% SANTA CATARINA 293 187 63,8% 202 68,9% 204 69,6% RIO GDE. SUL 467 180 38,5% 180 38,5% 370 79,2% CENTRO OESTE 446 232 52,0% 263 59,0% 302 67,7% MATO GROSSO SUL 77 65 84,4% 65 84,4% 68 88,3% MATO GROSSO 126 68 54,0% 74 58,7% 81 64,3% GOIAS 242 98 40,5% 123 50,8% 152 62,8% DISTRITO FEDERAL 1 1 100,0% 1 100,0% 1 100,0%
(*)DADOS PRELIMINARES
FONTE:MEC/INEP/SEEC
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO ESPECIAL
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COORDENAÇÃO-GERAL DE PLANEJAMENTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
-
- 1997 1998 1999 BRASIL 43,1% 49,7% 59% NORTE 44,5% 47,9% 55,7% NORDESTE 24,4% 30,4% 36,6% SUDESTE 48,1% 59,0% 66,7% SUL 60,9% 63,3% 80,9% C.OESTE 52,0% 59,0% 67,7% FONTE: MEC/INEP/SEEC
50
Conclusão
Segundo estimativa da Organização Mundial de Saúde, 10% da população de
qualquer país, em tempos de paz, é portadora de algum tipo de deficiência, o que, no
Estado de São Paulo representa um número extremamente elevado de cidadãos com
deficiências físicas, mentais ou sensoriais. O contingente de pessoas envolvidas com a
problemática é ainda maior – cerca de 25% da população do Estado – se considerarmos
que, para cada portador de deficiência física há duas ou três pessoas de seu grupo familiar
envolvidas com a problemática econômica, emocional e social da deficiência. (Programa
Estadual de Atenção à Pessoa Portadora de Deficiência, 1994.p.1; citado por Bárbaro,
1997.)
Todas essas pessoas têm limitado o exercício de seus direitos de cidadania pela
existência de barreiras sociais. São barreiras de todas as condições e de todas as
dimensões (sócio-econômicas, culturais, orgânicas, médicas, legais, arquitetônicas, etc.).
Os mais afortunados têm quem os ajude a conhecê-las e ultrapassá-las; os menos felizes
têm que contar consigo mesmos e apenas conseguem vencê-las sob condições mais ou
menos favoráveis. Classes especiais são entregues a educadores, que se desdobram em
suas limitações e despreparo, para tentar fazer o máximo que podem. Em alguns casos
podendo remeter o aluno especial a uma situação de paralisia ou regressão do processo de
sua melhora tanto física quanto psicológica.
Possuímos leis e órgãos competentes que deveriam ser mais efetivos, tanto no
cumprimento quanto na exigência do mínimo de condição ergonometrica para o efetivo
uso do direito de saúde, ir e vir dos cidadãos e no tocante ao ensino em todos os níveis.
O desafio de buscar meios de poder dar uma guinada nos rumos da Educação
Especial no Brasil cabe aos educadores, já que as entidades não treinam ou dão qualquer
subsídios. Devem eles buscarem o aperfeiçoamento e/ou treinamento, ferramentas
primordiais para tratarmos com esses alunos especiais dando a qualidade básica de ensino
de forma digna ser parecer que são receptores de “esmola cultural “ do Estado e da
Sociedade Brasileira.
51
Bibliografia
BAUMEL, Roseli de C. & SEMEGHINI Idméa (orgs). Integrar/Incluir: desafio para a escola atual. São Paulo:FEUSP,1998.
BAUTISTA, Rafael. Necessidades educativas especiais. Lisboa:dinalivros, 1997,
BRASIL Lei nº 9394/96 de 20/12/96- Lei de Diretrizes e bases da educação nacional (LDB). Brasília (DF): Diário Oficial da União, nº 248 de 23/1271996.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo : Atlas, 1988.
BRASIL/MEC. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial.Brasília,MEC/SEESP,1994.
BUENO, José Geraldo . Educação especial brasileira: Integração/segregação do aluno deficiente. São paulo:Educ/PUC,1993.
CAMPOS, Luciana M. Lunardi. A rotulação de alunos como Portadores de “Distúrbios ou Dificuldades de Aprendizagem”: uma questão a ser refletida. In: Idéias: os desafios enfrentados no cotidiano escolar. São Paulo: Secretaria de Estado da Educação, 1997. P.125-39. SASSAKI, Romeu Kazumi. Construindo uma Sociedade para todos, WVA Editora, 1998. WERNECK, Claudia. Muito prazer eu existo, WVA Editora, 1999. SITES: www.entreamigos.com.br www.educacaoonline.pro.br www.prograd.ufpr.br
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ANEXOS:
1) Controle de Estágios
1.1) Universidade do Grande Rio
1.2) Colégio Estadual Guadalajara
2) Atividades Extra-Classe
2.1) Visita Biblioteca da Unigranrio
2.2) Visita a Biblioteca Nacional
2.3) Peça Lição de Anatomia ( Teatro Glória )
2.4) Peças Mamãe não pode saber ( Teatro Sesc – Copacabana )