privatizaÇÃo dos presÍdios brasileiros e impactos sociais
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Este artigo visa tornar público para a sociedade, e principalmente para os estudantes do curso de direito, as condições sub-humanas encontradas hoje em penitenciárias brasileiras, bem como apresentar modelos de privatização de cárceres, adotados nacional e internacionalmente. Para tanto, optou-se por um estudo qualitativo de base bibliográfica, com abrangência temporal do acervo consultado, entre os anos de 2006 e 2014. Em relação aos métodos científicos, deu-se ênfase ao monográfico associado ao de análise de conteúdo.TRANSCRIPT
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PRIVATIZAO DOS PRESDIOS BRASILEIROS E IMPACTOS SOCIAIS
Ana Carolina Barreto Bezerra Alves 1
Direito
cincias humanas e sociais
ISSN IMPRESSO 1980-1785
ISSN ELETRNICO 2316-3143
Cincias Humanas e Sociais Unit | Aracaju | v. 2 | n.3 | p. 237 -256 | Maro 2015 | periodicos.set.edu.br
RESUMO
Este artigo visa tornar pblico para a sociedade, e principalmente para os estudantes do curso de direito, as condies sub-humanas encontradas hoje em penitencirias brasi-leiras, bem como apresentar modelos de privatizao de crceres, adotados nacional e internacionalmente. Para tanto, optou-se por um estudo qualitativo de base bibliogrfica, com abrangncia temporal do acervo consultado, entre os anos de 2006 e 2014. Em re-lao aos mtodos cientficos, deu-se nfase ao monogrfico associado ao de anlise de contedo. Na reviso literria foi observado que as condies sub-humanas em presdios brasileiros, vo desde a superlotao at o desrespeito aos direitos humanos e aos direitos fundamentais dos detentos. A situao chegou a esse estado, devido ao sistema falido implementado pelo Pas, que no oferece as mnimas condies necessrias para a ree-ducao de presos, visando ao seu retorno social. Fazendo-se, assim, mister a implemen-tao de um sistema penitencirio privado, nos moldes adotados pelas grandes potncias mundiais. Mudana que consiste, no oferecimento aos detentos do que lhes de direito, como: trabalho interno, educao, alimentao de qualidade, entre outros, melhorando assim, o quadro das penitencirias brasileiras, trazendo consequentemente inmeros be-nefcios na reduo dos ndices de violncia e marginalizao do pas, da mesma forma como aconteceu na Europa e nos Estados Unidos, que adotaram tal sistema.
PALAVRAS-CHAVE
Sistema Privado. Sistema Penitencirio Brasileiro. Direitos Humanos. Direitos Fundamentais.
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ABSTRACT
This article aims to make public to society, and especially for students of law school, sub-human conditions found today in Brazilian prisons and jails present privatization models, adopted nationally and internationally. Therefore, we chose a qualitative stu-dy of bibliographic database with temporal scope of the collection consulted, betwe-en the years 2006 and 2014. In relation to scientific methods, emphasis was placed on monographic associated with content analysis. In the review has been observed that the sub-human conditions in Brazilian prisons, ranging from overcrowding to the abuse of human rights and fundamental rights of detainees. The situation has reached this state because of the broken system implemented by the country, which does not meet the minimum conditions necessary for the rehabilitation of prisoners, aimed at their social return. Making up thus mister the implementation of a private prison system, along the lines adopted by the major powers. Change consisting in offering to the inmates that is their right, as internal work, education, quality of food, among others, thus improving the situation of Brazilian prisons, bringing consequen-tly numerous benefits in reducing violence and marginalization indices the country, just as happened in Europe and the United States that have adopted such a system.
KEYWORDS
Private System. Brazilian Prison System. Human Rights. Fundamental Rights.
1 INTRODUO
O sistema carcerrio brasileiro est beira de um fracasso total, o que mostra os dados do Conselho Nacional de Justia (CNJ) de 2014, e do Ministrio da Justia de 2012. Este comparativo da populao carcerria foi constatado da seguinte manei-ra: em junho de 2012, o Brasil estava com o nmero de 549.577 detentos e, por meio do fracasso do sistema prisional, esse nmero cresceu para 711.463 presos, contando com os detentos do sistema prisional domiciliar, ou 563.526 pessoas.
Esses ndices mostram a falta da ressocializao de presos do Brasil. Por conta disso, so inmeras as fugas, rebelies e at mesmo mortes de detentos, ou ainda dos prprios agentes penitencirios, que em muitos casos, no possuem nenhum treinamento para a funo que exercem, piorando, assim, a situao nos presdios brasileiros. Igualmente, acar-retando inmeras dificuldades em lidar com os apenados em situaes como as mencio-nadas. E assim, por meio de situaes dessa natureza que o Brasil assume o terceiro lugar nos ndices de maior populao carcerria do mundo (BRASIL, 2014; BRASIL, 2012).
Nessa seara, pretende-se analisar as possibilidades de mudana do sistema pri-sional brasileiro, por meio da privatizao das penitencirias. Privatizao que reali-
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zada com a autorizao da Constituio Federal de 1988, desde que adote o sistema francs, ou misto de administrao, que divide as responsabilidades entre empresas privadas, que so escolhidas pelo Estado por meio de licitaes, em parceria. Essa privatizao foi realizada no Brasil pela primeira vez em 1999, considerada de uma maneira tardia, j que em outros pases como Estados Unidos e Inglaterra, esse mes-mo sistema foi implementado na dcada de 1980, devido tambm a situao catica de suas penitencirias (DUARTE, 2012).
Em se tratando nos presdios privatizados brasileiros, cabe ressaltar que esto es-palhados por todo o pas, ainda que em pequenos ou quase inexistentes nmeros. O Estado pioneiro na questo privatizao do setor prisional foi o Paran, com a Peniten-ciria Industrial de Guarapuava, que apresenta bons ndices de satisfao da populao, com a reduo do nmero da marginalizao do estado, e dos detentos, com o melhor tratamento e ressocializao dos mesmos. Outro presdio privatizado que vem se des-tacando por suas medidas, a Penitenciria Industrial de Joinville, localizada em Santa Catarina, que no apresentou fugas e mortes no ano de 2008. Esses resultados positivos trazidos por esses presdios brasileiros so acarretados, decorre do oferecimento eficaz dos direitos dos detentos, trazidos pela Constituio Federal (1988), tais como: direito a educao, sade, alimentao, alojamentos de qualidade, e outros.
Por fim, este artigo visa analisar a eficincia da implementao da privatizao do sistema prisional no Brasil e internacionalmente, fazendo um paralelo com as con-dies carcerrias sub-humanas e o fracasso do atual modelo adotado pelo Estado.
2 SISTEMA PENITENCIRIO BRASILEIRO
O sistema penitencirio brasileiro regido pela Lei de Execues Penais (LEP n 210 de 11/7/1984), a qual prev como deve ser executada e cumprida a pena de privao de liberdade e restrio de direitos. Regimento esse, que vem apresentando graves deficincias e ilegalidades que acabam resultando em um local que proporcio-na a formao de novos infratores, e no cumprindo com o dever de reabilitao dos presos, visando o melhor retorno a sociedade. Assim,
[...] [a] vida carcerria tem no seu cotidiano a destruio scia
do preso, num ambiente degenerativo, que estimula e reproduz
ato de violncia, sendo pedaggico no para a reeducao,
mas para a constituio do comportamento violento. (ZANIN;
OLIVEIRA, 2006, p. 3).
A priori, essas deficincias, so facilmente encontradas nos presdios brasileiros. Dificuldades que vm desde a superlotao, que um problema cada vez pior no Brasil, ocorrncia de crimes dentro dos presdios. Dilemas que causam o descaso com os direitos humanos e, ocasionam, por exemplo, rebelies que colocam em risco
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a vida dos carcereiros e da populao brasileira, alm de maior nmero de fugas dos presdios. A superlotao,
[...] dos estabelecimentos prisionais, a falta de projetos de
ressocializao dos detentos, a precariedade e insalubridade
dos presdios, que tornam o crcere um ambiente propicio
proliferao de doenas e epidemias, a revolta com a falta
de compromisso do poder pblico, dentre outros milhares de
problemas, demonstra o Alm, do fracasso do atual sistema
penitencirio brasileiro. (RESENDE; RABELO; VIEGAS, [s.d.], p.1).
A posteriori, as condies ruins a que esto submetidos os agentes peniten-cirios, acabam piorando as deficincias j aqui relatadas, pois aqueles que tm por funo a reeducao dos presos acabam transformando essa funo em torturas e castigos, que causam mais indignao e revolta nos detentos. Os agentes peniten-cirios, tambm, possuem a funo de conteno, adestramentos e vigilncia, esta ltima na maioria das vezes, a de especializao dos carcereiros. Ressalta-se ainda a precariedade das condies fsicas de boa parte das prises, em geral, essas institui-es so dirigidas por pessoal qualificado mais para tarefas de segurana do que para a preparao do retorno do preso sociedade (ZANIN; OLIVEIRA, 2006, p. 3).
2.1 SITUAES DOS DETENTOS BRASILEIROS A situao precria das penitencirias brasileiras, no somente se refletem em
problemas para a sociedade como um todo, como tambm para os detentos ali apri-sionados. As condies sub-humanas em que se encontram, resultam em muitas das vezes em doenas contagiosas, respiratrias e venreas que so adquiridas, devido s superlotaes, a pouca ventilao, a m-alimentao e ao contato com as drogas. So inmeras as doenas adquiridas:
Os presos adquirem as mais variadas doenas no interior
das prises. As mais comuns so as doenas do aparelho
respiratrio, como a tuberculose e a pneumonia. Tambm
alto ndice de hepatite e de doenas venreas em geral, a AIDS
por excelncia. (ASSIS, 2007, p. 1).
Esses problemas de sade sofridos pelos detentos brasileiros so ilegais, segun-do a Lei de Execuo Penal, que prev melhores condies de sade e de vida dentro das penitenciarias brasileiras. Porm, essa lei infelizmente s se encontra no papel, pois comum se observar em telejornais, notcias informando atraso na chegada da alimentao aos presdios, ou ainda as condies precrias do alimento que impossi-bilitam o seu consumo, pois est azedo e/ou estragado. Igualmente,
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[...] [a] superlotao das celas, sua precariedade e insalubridade
tornam as prises um ambiente propcio proliferao de
epidemias e ao contagio de doenas. Todos esses fatores
estruturais, como tambm a m-alimentao dos presos, seu
sedentarismo, o uso de drogas, a falta de higiene e toda a
lugubridade da priso fazem com que o preso que ali adentrou
numa condio sadia de l no saia sem ser acometido de
uma doena ou com sua resistncia fsica e sade fragilizadas.
(ASSIS, 2007, p. 1).
Outro problema relevante o dilema para dormir, pois a superlotao que obriga o revezamento entre os presos, devido quantidade insuficiente de espao e col-ches para realizarem essa atividade. Alm disso, ocorre a disputa pela dormida no cho, sem nenhum outro recurso.
2.2 REBELIES, FUGAS E REINCIDNCIA
A priori, as rebelies nos presdios so representadas pelas manifestaes dos detentos, devido s ms-condies em que se encontram. Movimentos que na maio-ria das vezes so violentos, pois os indivduos acabam envolvendo vidas de carcerei-ros, ou ainda de pessoas da prpria famlia, como ocorreu no presidio do municpio de Areia Branca no Estado de Sergipe para reivindicarem as autoridades, melhores condies de vida no crcere. As rebelies,
[...] embora organizados pelos presos de forma violenta e
destrutiva, nada mais so do que um clamor de reivindicao
pelos seus direitos, chamando ateno das autoridades e da
sociedade para situao subumana qual eles so submetidos
dentro das prises. (RESENDE; RABELO; VIEGAS, [s.d.], p. 1).
Outro movimento comum aos presos so as fugas, geralmente organizadas por um grupo de detentos insatisfeitos com a situao dentro dos presdios, e que acabam sendo facilitadas pela falta de segurana, e que acarretada, devido a pouca quanti-dade de carcereiros, relacionada quantidade de presos nas penitenciarias. Tambm, a famosa corrupo, em que os detentos oferecem dinheiro em troca da facilitao da fuga por parte dos agentes prisionais. A ocorrncia de fugas est associada falta de segurana dos estabelecimentos prisionais, bem como atuao das organizaes criminosas e, infelizmente, tambm corrupo praticada por policiais e agentes da administrao prisional (ASSIS, 2007, p. 3).
Entretanto, a ao mais comum nos presdios brasileiros a reincidncia, o que mostra o autor Rafael Damaceno (2007), quando afirma que: 90% dos detentos brasileiros retornam para as penitencias, aps a sua libertao, por consequncia do sistema prisio-
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nal catico existente no Brasil. Sistema esse, que ao invs de ressocializar e reeducar os seus detentos, acabam que por criar um modelo cada vez pior de marginais, pois esto submetidos a condies subumanas e revoltantes.
Alm desses fatores, ainda faltam no Brasil polticas que incentivem o no pre-conceito e a maior aceitao do retorno do detento para a vida em sociedade, pos-sibilitando assim, vaga no mercado de trabalho e a possibilidade de uma vida melhor e com liberdade. Isso pode ser comprovado, ante o elevado ndice de reincidncia. Calcula-se, no Brasil, em mdia, mais de 85% dos egressos aps retornar ao convvio social, voltam a delinquir, e, consequentemente, retornar ao sistema penitencirio (RESENDE; RABELO; VIEGAS, [s.d.], p. 3). Essa realidade :
[...] um reflexo diretos das condies a que os condenados foram
submetidos no ambiente prisional, durante o encarceramento,
sem falar do sentimento de rejeio e indiferena que recebem
da sociedade e do prprio Estado que, alm de n ressocializar,
no possibilita qualquer benefcio para incentivar ao egresso a
no infringir a lei. (RESENDE; RABELO; VIEGAS, [s.d.], p.3).
2.3 AUSNCIAS DE CONDIES DE TRABALHO INTERNO
Uma questo muito presente nos presdios brasileiros a falta de educao, lazer, prtica esportiva e principalmente do trabalho interno, que necessrio para ressocializar um indivduo antes de devolv-lo a sociedade. Essa questo no s um dever do estado como tambm um direito do preso brasileiro em obt-la, pelo que consta no art. 83 da Lei de Execuo Penal (LEP). Mas, quando se observa, a realidade totalmente oposta aos direitos dos presos, pois alm de no obedecer a nenhum desses requisitos contidos na lei, ainda existe outro problema, como o que mostra a concluso da Comisso Parlamentar de Inqurito (CPI) do Sistema Carcerrio, contida no relatrio do Deputado Domingos Dutra, [a qual] revela que 80% dos presos brasi-leiros no estudam ou trabalham (SANTANNA, 2008, [n.p.]).
Ento se observa que um dos maiores problemas dos presdios brasileiros, a falta de condies para a ressocializao, principalmente por meio da educao e da imple-mentao do trabalho interno que so direitos dos detentos, no respeitados pelo siste-ma penitencirio brasileiro.
2.4 ABUSO SEXUAL
Falar em abuso sexual ocorrido nas penitenciarias brasileiras um assunto mui-to delicado, pois acontece bastante, porm no se tem acesso a nenhuma estatstica ou pesquisa, sobre esse assunto. Alm disso, a vergonha de ter sofrido este atentado
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ou ainda a ameaa advinda de detentos, principalmente em relao a presos que cometeram crimes de estupro, contra crianas, adolescentes e mulheres, ou ainda, devido falta de permisso de visitas intimas de presos com parceiras (os) respectivas (os). Nesse sentido,
[...] [a] resoluo do Conselho Nacional de Poltica criminal e
Penitenciria de recomenda a permisso de, pelo menos, uma
visita intima por ms do detento com seu parceiro, como forma
de diminuio da violncia sexual e tenso no interior de presdio.
(CARVALHO FILHO, 2002, p. 52).
Vale ressaltar, que a maior quantidade relatada de crimes de abusos sexuais entre detentos, ocorrem nos presdios masculinos e em menores quantidades ou quase nula nos femininos.
2.5 DIREITOS HUMANOS DOS DETENTOS NO BRASIL
Direitos humanos so aqueles direitos que todos os cidados adquirem apenas por serem seres humanos, e que esto previstos em diversos estatutos legais. Direito este, que possui como objetivo garantir a vida de todos os seres humanos com digni-dade e o mnimo de respeito possvel. A Declarao Universal dos Direitos Humanos, proclamada pela Resoluo 217 da Assembleia Geral das Naes Unidas em 10 de dezembro de 1948, assim especifica em seu art. 1: Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos. So dotadas de razo e conscincia e devem agir em relao umas s outras com esprito de fraternidade. Complementado pelos art. 2, 5 e 6 respectivamente, conforme segue:
[...]
Artigo I
Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as
liberdades estabelecidos nesta Declarao, sem distino
de qualquer espcie, seja de raa, cor, sexo, lngua, religio,
opinio poltica ou de outra natureza, origem nacional ou
social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condio.
[...]
Artigo V
Ningum ser submetido tortura, nem a tratamento ou
castigo cruel, desumano ou degradante.
Artigo VI
Toda pessoa tem o direito de ser, em todos os lugares,
reconhecida como pessoa perante a lei. (DECLARAO...,
1948, [n.p.]).
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Por ser to importante, a legislao brasileira reservou 32 incisos do art. 5, que falam sobre os direitos dos detentos, que se encontram em sistema privativo de li-berdade e tambm das garantias fundamentais do cidado, alm de ser bastante dis-cutido em importantes convenes nacionais ou internacionais, como a Declarao Universal dos Direitos Humanos, a Declarao Americana de Direitos e Deveres do Homem, ou ainda na Resoluo da ONU.
Mundialmente falando, existem vrias convenes, como a Declarao Universal dos Direitos Humanos, a Declarao Americana de Direitos e Deveres do Homem, ou ainda na Resoluo da ONU que prev as Regras Mnimas para o Tratamento do Preso que abordam o mesmo tema. J nacionalmente, a Carta Magna reservou 32 incisos do art. 5, que trata das garantias fundamentais do cidado, proteo das garantias do homem preso (ASSIS, 2007, p. 2).
No entanto, esse direito fundamental dos seres humanos, no respeitado quando se fala em presdios brasileiros, pois nesses locais que ocorrem prticas, como torturas e agresses fsicas. Aes essas, que so intensificadas aps rebelies e fugas dos detentos, devido percepo errnea de carcereiros e agentes policiais, que acreditavam obter o direito e o dever de praticarem abusos e agresses, na maio-ria das vezes, de maneira exagerada e intensa, resultando assim, por exemplo, no caso inesquecvel do Massacre do Carandiru (1992) no Estado de So Paulo, em que oficialmente 111 presos foram massacrados, levando-os ao bito, ocasionada com o intuito de castigo para conter a rebelio e as confuses dentro das celas (ASSIS, 2007).
Cabe destacar que na priso, o preso sofre principalmente com a prtica de tor-turas e agresses fsicas. Essas agresses geralmente partem tanto dos outros presos como dos prprios agentes da administrao prisional (ASSIS, 2007, p. 2). Os Abusos e as agresses,
[...] cometidas por agentes penitencirios e por policiais ocorrem
de forma acentuada, principalmente depois das rebelies ou
tentativas de fuga. Aps serem dominados, os amotinados sofrem
a chamada correo, que nada mais que o espancamento que
se segue conteno dessas insurreies, que tem a natureza de
castigo. Muitas vezes h excessos, e o espancamento termina em
execuo. (ASSIS, 2007, p. 3).
Outra violao cometida dentro dos presdios brasileiros a lei do silncio e a lei do mais forte que praticada pelos prprios detentos. Violao, realizada de maneira ilegal, pois so cometidas aes, como abuso sexual, homicdios, espanca-mentos, devido, por exemplo, ao desrespeito com o lder dos detentos, ou ainda, por cometer a ao de caboetar, que a maneira nomeada por eles para a prtica de entregar a ao de uma pessoa.
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Outro direito violado dos detentos o de cumprir exatamente a pena a eles determinada, pois uma prtica comum, detentos j livres, continuarem em pres-dios brasileiros, devido a negligncia e ineficcia dos rgos pblicos responsveis. Tambm, [...] [entre] os prprios presos a prtica de atos violentos e a impunidade ocorrem de forma ainda mais exacerbada (ASSIS, 2007, p. 3). Alm disso,
[...] homicdios, abusos sexuais, espancamentos, e extorses
uma prtica comum por parte dos presos que j esto mais
criminalizados dentro do ambiente da priso, os quais, em
razo disso, exercem um domnio sobre os demais, que acabam
subordinados a essa hierarquia paralela. (ASSIS, 2007, p. 3).
Muitos desses crimes no so denunciados, mantendo-se a impunidade:
Os presos que detm esses poderes paralelos dentro da
priso no so denunciados e, na maioria das vezes, tambm
permanecem impunes em relao a suas atitudes. Isso pelo
fato de que, na priso, alm da lei do mais forte, tambm
impera a lei do silncio.
[...]
Outra violao cometida a demora em se conceder os
benefcios queles que j fazem jus progresso de regime, ou
em soltar os presos que j saldaram o cmputo de sua pena.
(ASSIS, 2007, p. 3).
3 COMPARAO ENTRE SISTEMAS PENITENCIRIOS MUNDIAIS
Os problemas carcerrios existentes no Brasil, no so uma problemtica nica e exclusiva dos pases subdesenvolvidos e emergentes, pois foi por esse motivo que os Estados Unidos e a Europa, adotaram o sistema penitencirio privatizado, tornando-se assim, o modelo carcerrio exemplar do mundo. Problemas esses, que partem desde as superlotaes j comentadas anteriormente a outros, como as ms condies dos presdios espalhados pelo mundo.
A priori, esse modelo penitencirio dos pases do velho mundo, possui 90% dos seus alojamentos individuais e o restante das celas, dividindo entre duas pessoas no mximo. No geral, o tratamento dos presidirios digno e com respeito, sendo-lhes informados de todos os seus direitos, como, atividades fsicas, consultas, dentre ou-tros, no momento que adentram nos sistemas carcerrios desses pases. A posteriori, o modelo Europeu adotou outros pontos positivos como, por exemplo, o trabalho que incentivado, fazendo assim, retornar para o governo todo o dinheiro investido nos sistemas penitencirios desses pases (DUARTE, 2012).
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Por outro lado, este mesmo ponto positivo, possui conflitos, pois apesar de ser impulsionado nas prises, quando os detentos retornam sociedade, encontram di-ficuldade em arranjar novos e dignos empregos, pois ainda se deparam com o pro-blema chamado preconceito e discriminao. Outro aspecto positivo do modelo Europeu o melhor sistema de ensino penitencirio, pois cada preso recebe o ensi-namento, que lhe cabe, e que baseado em suas condies fsicas e mentais, com profissionais altamente capacitados e orientados corretamente para o que vo desig-nar, fazendo assim, uma melhor ressocializao dos presos.
Alm desses pontos j aqui retratados, vale tambm ressaltar que os presos eu-ropeus possuem o direito de ser remunerado economicamente por meio do salrio que lhes dado em troca da sua fora de trabalho, possibilitando, ento, a oportuni-dade de ajudar suas famlias, mesmo no estando presentes. Igualmente que:
O conceito formal de parceria pblico-privada depende de cada
pas em que est inserida, podendo significar private finance
initiative (iniciativa financeira privada) na Inglaterra, purchase-
of-services contracts (contratos de aquisio de servios) nos
Estados Unidos, ou contrato administrativo de concesso, na
modalidade patrocinada ou administrativa, no Brasil. (SANTOS,
2009, [n.p.].
3.1 INGLATERRA
O sistema penitencirio ingls, chegou em seu pice de desorganizao e superlotao na dcada de 1980. Com isso, o governo ingls resolveu privatizar nove dos seus cento e trinta oito presdios, que funcionam, por meio de empre-sas que tomam conta de quase todos os servios das penitencirias inglesas, excluindo apenas, o servio de transporte de presos para as audincias. So rea-lizados todos os trabalhos dentro das penitencirias que so feitos sem guaritas e cercas eltricas e agentes armados para sua prpria proteo, pois o monito-ramento feito por meio, de cmeras e alarmes de segurana, com qualidade. Outro ponto que acontece que os presos so separados pela reincidncia, ou seja, presidirios reincidentes no ficam numa mesma cela junto com presos de crimes primrios.
por meio da eficcia deste sistema, que em 1999 e 2000 veio o resultado sa-tisfatrio, de que no teria havido fugas ou resgates dos sistemas fechados ingleses. Alm de todas as caractersticas das penitenciarias inglesas, j aqui citadas, elas ainda possuem aparelhos de segurana, que de uso obrigatrio, e que todas as pessoas so obrigadas a passarem por eles, sejam elas, advogados, familiares ou autoridades inglesas. Esses aparelhos de segurana so desde as revistas manuais a os detectores de metais (AMOR JUNIOR, 2008).
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Alm disso, alto o investimento ingls em um rigoroso programa de reabili-tao, feito para os jovens e menores infratores, que so aqueles que esto na faixa etria entre 0 (zero) e 8 (oito) anos, e que cometem delitos, ou principalmente para aqueles que esto envolvidos com as drogas (AMOR JUNIOR, 2008). E ento, por meio, de todo esse investimento e respeito com a populao prisional, que a Ingla-terra tem mantido um timo quadro prisional e de ressocializao dos seus detentos.
3.2 ESTADOS UNIDOS
As primeiras prises privadas surgiram na dcada de 1980, quando o presidente dos Estados Unidos Ronald Regan, queria livrar-se das responsabilidades com as despesas exis-tentes com as construes das penitenciarias americanas, transferindo assim, esse fundo monetrio, antes liberado para as penitencirias, agora para as empresas que se responsa-bilizassem por esse ramo americano.
O Plano deu certo e hoje so 150 prises privatizadas, possuindo inclusive uma smula onde diz que no tem nada que proba essa ao de privatizao, e deixa que cada estado analise se h a viabilizao com a implementao desse sistema. Essa smula 1981 da Suprema Corte dos Estados Unidos determina que [...] no h obst-culo constitucional para impedir a implantao de prises privadas, cabendo a cada Estado avaliarem as vantagens advindas dessas experincias, em termos de qualidade e segurana, nos domnios da execuo penal (AMOR JUNIOR, 2008, [n.p.]).
3.3 FRANA
A ideia do sistema carcerrio privatizado francs surgiu em 2004, por meio das licitaes realizadas pelo ministro da justia Dominique Perbem, que teve essa atitu-de inspirado no modelo prisional americano, j aqui citado. Atitude essa, em que o Estado e a empresa responsvel dividem as responsabilidades existentes dentro dos seus presdios, onde o Estado responsvel pela execuo penal e segurana interna e externa do sistema prisional, enquanto a empresa fica responsvel pela educao, incentivo ao trabalho, pelo transporte, lazer, e dentre outras responsabilidades exis-tentes, fazendo assim, modificar o quadro de baguna, anteriormente existente no territrio francs (AMOR JUNIOR, 2008).
3.4 SUA
O modelo prisional privatizado suo, um dos melhores de toda a Europa. Mo-delo este que formado por fazendas, onde os detentos cultivam e criam sua prpria alimentao, que consiste e formada a base de milho, trigo, carnes sunas e frangos, que so de tima qualidade, e que inclusive, tambm, so cultivados e criados para a comercializao de restaurantes localizados fora do sistema prisional Suo. um sis-
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tema que possui a disposio em suas penitencirias enfermeiros, assistentes sociais, mdicos, dentistas e psiclogos (AMOR JUNIOR, 2008).
4 PRIVATIZAO DAS PENITENCIRIAS NO BRASIL
A privatizao no Brasil a maneira legal em que o Estado possui para transferir o seu dever de gerenciamento das penitencirias brasileiras, para as entidades parti-culares. Maneira legal que se sustenta na Constituio Federal de 1988, que traz em seu art. 144, o seguinte: A segurana pblica, dever do Estado, direito e responsabi-lidade de todos, exercida para a preservao da ordem pblica e da incolumidade das pessoas e do patrimnio (BRASIL, 1988, p. 88), ou seja, no apresenta prescrio impeditiva de processo de terceirizao da administrao dos presdios, uma vez que o dispositivo constitucional trata especificamente da poltica ostensiva e da manuten-o da ordem pblica (BOLLER, 2012, [n.p.]).
Primeiramente, vele ressaltar que o modelo de privatizao adotado pelo Brasil o misto, em que o Estado e a empresa privada, dividem suas responsabilidades pre-sente nos presdios brasileiros. Com esse modelo de gesto, o Brasil tem por objetivo proporcionar maior eficincia as atividades prisionais, minimizar os gastos estatais e possibilitar a reabilitao dos detentos, atravs de um sistema eficaz e livre de corrup-o (REZENDE; RABELO; VIEGAS, [s.d.], p. 7).
Posteriormente, observa-se tambm, que o Brasil j possui penitencirias com o modelo privatizado, que atende e oferece muito bem aos detentos brasileiros o que lhe de direito. Penitencirias estas que vm trazendo resultados positivos para a so-ciedade desses locais em especifico. Alguns desses sistemas prisionais privatizados se encontram em Guarapuava PR, Joinville SC, Juazeiro do Norte CE, Valena BA, Santa Maria SE, e dentre outras espalhadas pelo Brasil, porm em nmeros pequenos e insuficientes para a resoluo do problema brasileiro.
Por fim, lembra-se que a privatizao chegou ao Brasil na dcada de 1990, com o governo de Fernando Henrique Cardoso, que possua como objetivo, diminuir os gastos pblicos e aumentar a competitividade entre as empresas de iniciativa privada no Brasil.
4.1 MODELOS DE GESTO DOS PRESDIOS PRIVATIZADOS
Em todo o mundo existem dois principais modelos de gesto de penitencirias privatizadas. O primeiro o modelo francs, que utilizado nos poucos presdios pri-vados do Brasil, e o segundo principal o modelo privatizado americano.
O modelo francs, o pioneiro e o mais eficiente a ser implementado no Brasil, devido ao seu modo de gerenciamento. Modelo este, que denominado misto, pois ele
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divide as responsabilidades dos presdios, entre instituio particular e o Estado. A ins-tituio privada, fica responsvel pela parte de fornecimento das necessidades bsicas dos detentos como, por exemplo, a alimentao, o vesturio, os remdios, a educao, e dentre outros. J o Estado, fica apenas com a parte de administrao da pena de cada preso. Com isso, se fornece uma ressocializao de qualidade para a camada margina-lizada da populao, do determinado pais em questo.
O segundo modelo o americano, que apesar de eficiente no serve para ser implementado no Brasil, devido ao seu modo de gerenciamento. Esse padro executado, por meio do comando total da instituio privada, que ficaria respon-svel tanto pelas necessidades dos detentos, como tambm pela administrao do presidio e inclusive pela sano penal dos mesmos. Punio esta, que no Brasil, de acordo com a Lei Magna no pode acontecer, devido tutela jurisdicional no pas ser indelegvel (BRAGA; ARARUNA FILHO, 2013, p. 7), ou seja, intransfervel, que nenhuma outra instituio que no seja o Estado possa realizar, pois de pura res-ponsabilidade deste ltimo.
Ento, aps a melhor explicao dos modelos de gesto existentes no mundo, vale aqui ressaltar o modelo adotado pelo Brasil, que o modo de gerenciamento francs. A ideia de privatizao chegou ao pas como j aqui comentado, no mandato de Fernando Henrique Cardoso com o objetivo de aumentar a competitividade entre empresas privadas brasileiras.
A escolha das empresas para comandar as privatizaes no Brasil, foi realizada, por meio de licitao que so documentos que autorizam legalmente esta prtica em questo. Os setores primeiramente privatizados foram os de rodovias e o eltrico, apenas surgindo recentemente o do sistema penitencirio. O primeiro presdio privatizado bra-sileiro foi o de Guarapuava, no Paran, que o Estado decidiu adotar, devido s condies sub-humanas dos detentos. Situaes essas, que fugiram do controle estatal, forando-o assim, a tomar a deciso da iniciativa privada deste setor.
Sendo assim, vale aqui ento, enfatizar e mostrar os setores de responsabilida-des do Estado e em seguida os da iniciativa privada nos presdios privatizados brasi-leiros. So atividades inerentes administrao pblica:
1. Que a superviso das atividades de reinsero moral e social
do interno, sejam observados os preceitos estabelecidos na Lei
de execuo Penal e as determinaes da autoridade judicial.
2. A destinao do pessoal necessrio segurana, vigilncia,
ao controle e ao registro de ocorrncias.
3. Que haja assistncia jurdica aos presos carentes.
4-A exigncia ao cumprimento das obrigaes assumidas pelo
grupo ou empresa privada, aplicando, quando for o caso, as
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sanes previstas no contrato do funcionamento do programa
de gesto mista. (DUARTE, 2012, p.36).
So de iniciativa privada as atividades de:
1. Implementar o fim pedaggico de reinsero moral e social
do encarcerado, sempre de acordo com a Lei de Execuo
Penal.
2. Constituir e manter o funcionamento do estabelecimento
prisional em prazos pr- fixados.
3. Fornecer o mobilirio e equipamentos, mantendo-os em
bom estado de funcionamento, e renovando-os, quando
necessrios.
4. Aplicar tcnicas de auxlio segurana e vigilncia,
exercidas pela administrao pblica, no estabelecimento.
5. Responsabilizar-se pela hotelaria, envolvendo higiene
pessoal, vesturio, alimentao (caf da manh, almoo e
jantar), lavanderia e cantina.
6. Assumir a comercializao da cantina, bem como a venda de
mercadorias de uso pessoal e consumo, vendidas aos internos,
manter o servio de transportes.
7. Propiciar escolaridade e cursos de formao profissional aos
internos.
8. Oferecer assistncia social e psicolgica aos internos, cuidar
da sade, oferecendo tratamento mdico ambulatorial dentro
do estabelecimento, encaminhando os casos de doenas
graves sujeitos a internao, para estabelecimentos hospitalares
pblicos.
9. Oferecer condies de trabalho, cuja remunerao estar
por conta do Estado, que poder agenci-lo, mas sempre com
o objetivo de formao profissional do preso.
10. Proporcionar atividades de lazer e entretenimento aos
mesmos.
11. Exigir o cumprimento das obrigaes assumidas pblicas,
conforme as regras estabelecidas no contrato de funcionamento
do programa de gesto mista. (DUARTE, 2012, p. 39).
4.2 PENITENCIRIA DE JOINVILLE EM SANTA CATARINA
A cidade de Joinville, localizada no estado de Santa Catarina uma das pri-meiras cidades sedes a receber presdios privatizados no Brasil. Penitencirias, que possuem o modelo francs de privatizao, j aqui citado anteriormente, ou seja, o modelo misto que possui como gestores o Estado e as empresas privadas que
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foram escolhidas, por meio de licitaes, enviadas para o Estado. Situao peni-tenciria essa, que tem capacidade para 366 detentos, sendo estes divididos em celas com 6 (seis) presos cada. Organizao, que custa aos cofres pblicos, cerca de 77.000,00 mensais, ou seja, 2.100,00, por cada preso brasileiro (MELLO, 2009).
A priori, esse investimento realizado pelos cofres pblicos, obtm retorno pos-teriormente pelo trabalho assalariado dos detentos, que possui como destino, 25% para essas prises e 75% para os familiares de primeiro grau, ou ainda depositado na prpria conta do detento, que somente usufruir quando cumprir por completo sua pena (MELLO, 2009, [n.p.]).
Cada detento recebe ao menos um salrio mnimo pelo seu
trabalho, exceto alguns que trabalham para empresas que
pagam um pouco mais. Desse valor, 25% ficam retidos num
fundo de manuteno da penitenciria e 75% so repassados
ao preso. Esse valor pode ser acumulado quando a pena
terminar ou ser mandado todo ms, at o dia 10, para parentes
de primeiro grau, sem possibilidade de negociao, evitar que
o dinheiro do trabalho seja enviado para questes ilcitas fora
da penitenciria. (MELLO, 2009, p.28).
A posteriori, a implementao do sistema francs, trouxe melhores condies para os presidirios brasileiros. Circunstncia que parte desde a presena do trabalho, que na Penitenciria Industrial de Joinville realizada de maneira legal e organizada, pois ele feito por meio da fora de trabalho dos trabalhadores/detentos, que atuam no pr-prio presdio nos ramos de limpeza de celas, cozinha, quartos que so reservados para as visitas intimas, destinadas para os presos que so casados ou que possuam relaes estveis com uma determinada parceira, mas tambm em ramos que so oferecidos, por determinadas empresas, que possuem como recompensa a iseno de pagamentos como, gua, luz, aluguel do espao e principalmente, dos impostos que outras empresas possuem. Vale ressaltar que, alm do salrio recebido pela fora de trabalho, eles tambm usufruem da diminuio de pena, que realizada da seguinte forma, a cada 3 (trs) dias de trabalho, diminui 1 (um) dia da pena dos presos brasileiros (MELLO, 2009).
Outra questo bem cuidada neste presdio o da sade (Figura 4), que realizada por meio do acesso a vrios profissionais capacitados da rea, como enfermeiros, psi-clogos, farmacuticos, dentre outros, que garantem um dos direitos fundamentais dos presos. Nessas circunstancias ento, observou-se de acordo com Fernando Brigidi de Mello (2009), que foram realizadas, aproximadamente, mil e novecentas (1900) consultas clinicas, e cem casos de urgncias, no ano de 2008.
J a questo da educao na Penitenciria Industrial de Joinville, fornecida, por meio das aulas de educao infantil, fundamental e mdio, com o acompanha-
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mento de uma excelente biblioteca, que bastante estruturada com livros, compu-tadores e salas de estudos, que capacitam os detentos, por exemplo, a passarem no vestibular dos cursos de Direito, Engenharia Eltrica, dentre outros, como j ocorrido nessa penitenciria.
Esse sistema fornece melhores condies aos seus detentos, respeitando assim, os Direitos Humanos, com as condies mnimas da ressocializao, presentes na Consti-tuio Federal (1988).
4.3 PENITENCIRIA INDUSTRIAL DE GUARAPUAVA NO PARAN
A penitenciria de Guarapuava, localizada no estado do Paran, foi a pionei-ra, quando se trata de privatizao de penitencirias brasileiras. A referida priva-tizao foi realizada no ano de 1999, quando o estado de precariedade da priso chegou a seu pice.
Primeiramente, o modelo adotado por esse presdio foi o modelo francs ou misto, cabendo ento a diviso de tarefas entre empresa privada e Estado. O primeiro responsvel pela alimentao, vesturio, vigilncia, assistncia mdica, dentre outros. J o segundo responsvel pela parte administrativa, pela direo, vice-direo, pela educao, segurana, e pela escolha dos agentes penitenci-rios. Por meio deste modelo de gesto administrativa interna os presos passaram a possuir uma melhor condio naquela penitenciria brasileira. Situao que realizada de uma maneira rgida e que os agentes penitencirios possuam, por exemplo, a liberdade e o dever de tratar bem e com respeito os presos, alm de andarem desarmados (AMOR JUNIOR, 2008).
O trabalho dos detentos realizado no barraco da fbrica em 3 turnos de 6 horas, em que trabalham cerca de 70% dos detentos daquela penitenciria, segundo Amor Jnior (2008). J a questo da alimentao realizada por meio de uma refei-o balanceada, que feita pelo acompanhamento de um nutricionista, que modifica essa comida a cada trs meses, para que no haja rejeio dos presos com o passar do tempo, e assim, causar antigos problemas, como rebelies. Vale ressaltar que para no ocorrerem diferenas entre presos e agentes penitencirios, eles se alimentam exatamente da mesma refeio, transmitindo assim, um respeito maior para esses detentos.
Outro ponto importante presente na Penitenciria Industrial de Guarapuava que todos os funcionrios, inclusive os agentes penitencirios, passam por um treinamento especfico de sua rea. No caso dos carcereiros, o treinamento tem uma maior nfase no setor de vigilncia, onde eles aprendem assim, uma das principais regras regente neste presidio, que respeitar os detentos e andar desarmado pela penitenciria. Vale enfocar que a Penitenciaria de Guarapuava, possui capacidade mxima de duzentos e quarenta
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presos, seguindo regras como, ser do sexo masculino e que estejam sentenciados pelo setor judicirio brasileiro no regime fechado (AMOR JUNIOR, 2008).
Ento, assim que se observa que o sistema prisional de Guarapuava eficien-te, e cumpre com todos os direitos dos detentos ali aprisionados, evitando, portanto, problemas comuns em presdios que no so privatizados.
5 REFLEXO DA PRIVATIZAO NA SOCIEDADE
A privatizao das penitenciarias brasileiras objetiva a unio entre uma empresa privada e o Estado com um interesse administrativo em comum. Essa privatizao realizada por meio de licitaes impostas pelo Estado e enviadas pelas empresas concorrentes. Essas atitudes aqui relatadas, juntamente com a colaborao da popu-lao, traro resultados positivos para a sociedade, como tambm para o prprio pas.
Essa parceria facilitar e acalmar de alguma forma a populao brasileira, pois por meio dessa privatizao que se podem alcanar os sonhos to esperados da populao, como: reduo de furtos, roubos e assassinatos no Brasil. Essa reduo ocorre devido ao tipo ressocializao proposto por essas iniciativas aos detentos brasi-leiros, dando-lhes o que lhes de direito, como educao, alimentao e alojamentos de qualidades. Com isso, podem ser evitados sentimentos de vingana que em geral, acontece nos presdios pblicos e que, em muitos casos, so descontados na socieda-de, por acharem que esta possui uma porcentagem de culpa.
Posteriormente, para que isso acontea, tambm, necessrio que haja uma melhor ajuda e compreenso da sociedade. Essa necessidade abrange a questo das oportunidades, pois sem a ajuda de empresrios, quanto ao oferecimento de empre-gos, por exemplo, no ser possvel essa chance, pois so por meio dessas oportuni-dades que detentos dispostos a continuar com essa ressocializao definitivamente, no cairo novamente no mundo das drogas ou da marginalizao. Tais oportunida-des so o modo mais fcil de viver e sustentar sua famlia, promovendo oportunida-des de uma vida cidad.
J para o pas uma questo de melhoria mundial, pois passaria uma imagem po-sitiva aos estrangeiros, que no vm visitar o Brasil pelo receio de serem furtados ou at assassinados no Pas. Esse medo passado para o exterior via dados ou ainda de casos j acontecidos, especialmente por meio da mdia, como foi o caso da estrangeira Martina Conde, uruguaia de vinte e seis anos, que foi encontrada morta na Foz do Iguau.
Ento, por meio dessa medida do Estado de privatizao das penitencirias bra-sileiras que se podem melhorar tanto os ndices de marginalizao, dentro e fora do Brasil, como aumentar a qualidade de vida da populao, que poder acabar com o lema popular de que: A populao de bem est presa em casa, enquanto os margi-
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nalizados esto soltos. Vale ressaltar, tambm, que esta medida trar uma melhoria considervel tanto nos ndices da educao brasileira, quanto no da segurana, po-dendo assim elevar o pas a novos ndices mundiais.
6 CONCLUSO
O atual sistema prisional, adotado pelo Estado para a maioria das penitencirias brasileiras, no oferece o mnimo de condies legais para se alcanar uma ressocia-lizao de verdade para os detentos do Brasil. Isso acontece devido ao pssimo trata-mento a eles proporcionado, com condies sub-humanas como as superlotaes, as alimentaes inconsumveis, agresses fsicas, e outros problemas existentes.
A soluo de todos esses problemas o respeito aos direitos humanos e aos direitos fundamentais dos detentos. Essa obrigao do Estado est presente na Lei Magna, mas que dado o atual cenrio em que se encontra o sistema, o Estado est passando por cima desses direitos. por meio de solues como a educao, a sade de qualidade e o lazer, por exemplo, que esses problemas podem ser sanados.
Por fim, observa-se que para haver a ressocializao com qualidade para os de-tentos brasileiros, necessria a implementao do sistema penitencirio privatizado, que oferece aos presos todos os direitos necessrios para a sua reeducao, possibi-litando assim, a sua volta capacitada para a convivncia em sociedade, sem infringir nenhum artigo do Cdigo Penal (CP), no voltando apenas como mais um ex-detento para o mundo marginalizado, ainda existente em exorbitantes nmeros no Brasil e sim, como um cidado apto a conviver em sociedade.
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1 Acadmica do Curso de Bacharelado em Direito da Universidade Tiradentes UNIT. E-mail: ana-bijou@
hotmail.com
Data do recebimento: 10 de Janeiro de 2015Data da avaliao: 10 de Janeiro de 2015Data de aceite: 12 de Janeiro de 2015