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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS PRISCILA DE ROSSI DE AVILA ANÁLISE DO MERCADO DE PRODUTOS ORGÂNICOS COM ÊNFASE NA PECUÁRIA ORGÂNICA DE 2012 A 2019 CAXIAS DO SUL 2020

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

ÁREA DO CONHECIMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

PRISCILA DE ROSSI DE AVILA

ANÁLISE DO MERCADO DE PRODUTOS ORGÂNICOS COM ÊNFASE NA

PECUÁRIA ORGÂNICA DE 2012 A 2019

CAXIAS DO SUL

2020

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PRISCILA DE ROSSI DE AVILA

ANÁLISE DO MERCADO DE PRODUTOS ORGÂNICOS COM ÊNFASE NA

PECUÁRIA ORGÂNICA DE 2012 A 2019

Projeto acadêmico apresentado como requisito à obtenção de grau de Bacharel em Ciências Econômicas da Universidade de Caxias do Sul. Sob orientação da Professora Dra. Maria Carolina Rosa Gullo. Aprovado em __/__/____

Banca Examinadora

_____________________________________

Dra. Maria Carolina Rosa Gullo – Orientadora Universidade de Caxias do Sul – UCS

_______________________________

Prof. Me. Mosar Leandro Ness

Universidade de Caxias do Sul – UCS

_______________________________

Prof. Gilberto Luiz Brandalise

Universidade de Caxias do Sul – UCS

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Dedico este trabalho à Deus e a minha avó

materna que infelizmente neste momento

não está presente fisicamente, mas que fez

parte desta minha trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer a todos, que me auxiliaram na realização deste trabalho.

Em primeiro lugar, agradeço a Deus, por estar sempre ao meu lado, com sua proteção,

abençoando-me, amparando-me, nos momentos difíceis.

Ao meu pai, Carlos, minha mãe, Maria e meu esposo Rafael, pelo incentivo

durante esta caminhada, sempre me auxiliando nos momentos difíceis, vocês são

minha inspiração, hoje e sempre.

A minha avó Dolvina (in memoriam) pelo incentivo, carinho e amor, que recebi,

durante grande parte desta caminhada.

À Universidade de Caxias do sul pela oportunidade de obter um ensino de

qualidade, pelo aprendizado, participação em eventos, dentre outras atividades,

proporcionadas por esta, que acrescentaram no meu desenvolvimento acadêmico e

como pessoa.

Ao Observatório do trabalho (OBSTRAB), pelo apoio e oportunidades

proporcionadas para o desenvolvimento de pesquisas, pela amizade de toda a equipe,

integrante do OBSTRAB.

À prof.ª Carol pelo apoio, ao longo da minha trajetória acadêmica, como minha

orientadora, pelas oportunidades valiosas de conhecimento e aprendizagem, que me

proporcionou, com o desenvolvimento desta monografia, a primeira de várias, foram

experiências inesquecíveis, importantes para meu desenvolvimento como acadêmica.

A todos os professores do curso, que contribuíram com seus conhecimentos

para minha formação acadêmica. E agradecer minhas amigas Andressa, Maria

Eduarda, meu amigo Denian e todos os colegas, que me apoiaram e me incentivaram e

assim, de alguma forma, contribuíram para a minha formação e para o desenvolvimento

dessa pesquisa.

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"O que vai gerar a riqueza das nações é o fato de cada indivíduo procurar o

seu desenvolvimento e crescimento econômico pessoal".

Adam Smith

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RESUMO

A presente monografia foi elaborada em estudos e pesquisas com base na

Microeconomia. O objetivo do trabalho em pauta é demonstra três aspectos diversos da

divisão do trabalho: primeiramente as teorias do consumidor e da empresa, em seguida

o agronegócio brasileiro, e por fim a análise de mercado com a pesquisa. Em uma

busca pela reflexão, chega-se ao que a divisão do trabalho proporciona um

aprimoramento das trocas de informações do consumidor, para assim analisar o

mercado de produtos derivados da pecuária orgânica.

Palavras-chave: Mercado. Orgânicos. Pecuária orgânica.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Evolução do efetivo de bovinos (Brasil, 1985-2016) ...................................... 31

Figura 2 - Faixa etária da pesquisa ................................................................................ 43

Figura 3 - Renda familiar mensal da pesquisa ............................................................... 43

Figura 4 - Produto orgânico que os entrevistados mais consomem ............................... 44

Figura 5 - Frequência com que os entrevistados consomem produtos orgânicos .......... 45

Figura 6 - Principal fator que leva os entrevistados a consumir produtos orgânicos ...... 45

Figura 7 - Como os entrevistados identificam produtos orgânicos ................................. 46

Figura 8 - Critérios que os entrevistados utilizam para escolher produtos orgânicos ..... 47

Figura 9 - Vantagens em consumir produtos orgânicos, conforme os entrevistados ..... 48

Figura 10 - Quanto o consumidor pagaria a mais por um produto orgânico em comparação a um produto não orgânico ........................................................................ 49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade média de proteína bruta e digestibilidade in vitro da matéria orgânica de cultivares utilizadas em pastagens brasileiras ............................................ 33

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LISTA DE SIGLAS E SÍMBOLOS

ABPO Associação Brasileira dos Produtores Orgânicos

ABIEC Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes

APEX-Brasil Agência de Promoção de Exportações do Brasil

ASPRANOR Associação Brasileira de Produtores de Animais Orgânicos

CNA Confederação Nacional da Agricultura

CPCB Cadeia Produtiva da Carne Bovina Brasileira

CT Custo Total

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ESALQ/MT Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Mato Grosso

EUA Estados Unidos da América

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IBD Associação de Certificação Instituto Biodinâmico

IN Instituição Normativa

LT Lucro Total

MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil

MDIC Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços

PIB Produto Interno Bruto

PLANAPO Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

PSI Processo de Substituição de Importações

RT Receita Total

US$ dólares

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 11

1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA ............................................. 12

1.2 DEFINIÇÃO DAS HIPÓTESES ......................................................................... 12

1.2.1 Hipótese principal ............................................................................................ 12

1.2.2 Hipóteses secundárias .................................................................................... 13

1.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA ........................................................ 13

1.4 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS ......................................................................... 14

1.4.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 14

1.4.2 Objetivos Específicos ..................................................................................... 14

1.5 METODOLOGIA ................................................................................................ 14

2 TEORIA DO CONSUMIDOR E TEORIA DA FIRMA ......................................... 16

2.1 TEORIA DO CONSUMIDOR ............................................................................. 16

2.2 TEORIA DA FIRMA ............................................................................................ 18

2.3 ESTRUTURAS DE MERCADO ......................................................................... 21

3 AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ........................................................................ 25

3.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL ......................... 25

3.2 PECUÁRIA BRASILEIRA .................................................................................. 29

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA ORGÂNICA NO BRASIL ......................... 33

4 ANÁLISE DO MERCADO DOS PRODUTOS DA PECUÁRIA ORGÂNICA NO

BRASIL DE 2012 a 2019 .............................................................................................. 38

4.1 PRINCIPAIS MERCADOS DA PECUÁRIA ORGÂNICA NO BRASIL ................ 38

4.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISÃO DO CONSUMIDOR PELO

PRODUTO DE PECUÁRIA ORGÂNICA ........................................................................ 41

4.3 RESULTADO DA PESQUISA ............................................................................ 42

5 CONCLUSÃO.................................................................................................... 50

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REFERÊNCIAS ................................................................................................. 52

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11

1 INTRODUÇÃO

O produto orgânico vai além de um produto natural sem agrotóxicos,

transgênicos e fertilizantes sintéticos. O produto é resultado de uma produção baseada

em sustentabilidade, cultivo ou manejo de forma natural, visando o equilíbrio ecológico

do ecossistema e respeito ao homem.

O sistema orgânico procura produzir plantas resistentes a pragas e doenças, e

este processo visa a melhoria no ecossistema, ao utilizar-se outras plantas

consideradas daninhas para muitas lavouras. Com o intuito de impedir a disseminação

de doenças na agricultura orgânica, utiliza da forma de indução das pragas para si

próprio e assim, enriquecer o solo.

Assim o produtor orgânico se preocupa com a preservação do meio ambiente e

tem compromisso com a qualidade de vida de seus consumidores e claro, com a sua

mão de obra. E uma produção acrescida da responsabilidade com o meio ambiente,

talvez seja a consequência de que se torne um produto de custo um pouco elevado.

A produção de carne orgânica é pouco difundida no Brasil, em relação aos

demais produtos orgânicos, como exemplo o plantio. Não deixa de ser uma forma

primitiva de produção, mas utilizando-se da tecnologia, sua aliada, para os processos e

tomadas de decisões neste mercado da agroecologia1.

Nas propriedades orgânicas, todas as etapas de produção utilizam técnicas que

respeitam o meio ambiente, ao diversificar e integrar a produção de espécies vegetais e

animais. Essas práticas mantêm a biodiversidade e torna a agricultura sustentável. E,

também, a produção orgânica promove a integração dos produtores rurais com a

sustentabilidade econômica.

Diante disso, o presente trabalho busca analisar as variáveis que são

importantes para tomada de decisão para o conjunto de consumidores da pecuária

orgânica.

1 Agroecologia: práticas de agricultura que englobam as questões sociais, políticas, culturais, energéticas,

ambientais e éticas.

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1.1 FORMULAÇÃO DO PROBLEMA DE PESQUISA

Pecuária orgânica é um termo técnico que surgiu a partir de 2000, ao começar

a questionar-se os modelos de produção animal, que se referem ao manejo dos

rebanhos, que respeitam as regras estabelecidas por entidades internacionais sobre

produção orgânica de alimentos e outros produtos também de origem agrícola, que

basicamente se utilizam de técnicas dos primórdios da humanidade.

As regras de produção orgânica devem respeitar o bem-estar do animal e da

mesma maneira os insumos da alimentação, que precisam ser produzidos

organicamente, ao lembrar que a maior parte dos solos brasileiros são desfavorecidos

de nutrientes.

Com utilização de novas tecnologias, que modificaram, em especial no Sul do

Brasil, onde já existem iniciativas importantes desde os anos 2006.

Diante disso, o presente projeto visa responder às seguintes questões.

a) Qual o motivo que leva o consumidor a preferir produtos orgânicos?

b) A produção de produtos decorrentes da pecuária orgânica é rentável?

c) Quais os procedimentos necessários para a criação dos animais para obtenção

de certificação de originalmente orgânico?

d) Como diferenciar um produto de consumo padrão de um produto de consumo

orgânico?

e) Quais as políticas públicas de incentivo à produção orgânica?

f) Quais as diferenças nos custos de produção da pecuária orgânica em relação à

tradicional?

1.2 DEFINIÇÃO DAS HIPÓTESES

1.2.1 Hipótese principal

A pecuária orgânica tem pouca relevância no mercado de produtos orgânicos

no Brasil.

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1.2.2 Hipóteses secundárias

a) O consumidor dá preferência aos produtos orgânicos em razão de que há um

respeito ao meio ambiente.

b) A produção de produtos decorrentes da pecuária orgânica não possui uma

rentabilidade elevada.

c) Na produção de produtos orgânicos derivados da pecuária, os procedimentos

são rigorosos e assegurados por um selo de certificação.

d) Na visão do consumidor as diferenças entre o produto orgânico e o de processo

padrão são inexistentes.

e) As políticas públicas de incentivo à produção orgânica são insuficientes em

relação à demanda.

f) Os custos de produção da pecuária orgânica são, indiscutivelmente, elevados.

1.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO TEMA

Observa-se a rápida expansão do mercado de alimentos orgânicos no Brasil,

visto que pouco tem se estudado sobre o comportamento do consumidor deste tipo de

alimentos derivados da pecuária orgânica.

Como reflexo dos produtos orgânicos brasileiros em geral, tornou-se necessária

as pesquisas qualitativas sobre os fatores envolvidos na decisão de compra por

produtos de pecuária orgânica. Para complementar os estudos exploratórios e contribuir

com o desenvolvimento deste mercado de produção orgânica na pecuária.

Ao analisar-se a situação econômica do país, laddering2 verifica o que contribui

na decisão de consumo e pode servir para auxiliar com fornecimento de informações

para aplicação de valores e estratégias de marketing, desta forma influência no que se

refere ao mercado de produtos derivados da pecuária, e se justifica por analisar como

as políticas de incentivos aos produtos da pecuária orgânica afetam o mercado de

consumo no Brasil.

2 Laddering é uma técnica de pesquisa bastante apropriada quando o foco está relacionado ao

entendimento do valor para o cliente e valores pessoais.

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Diante disso, o presente trabalho se justifica por realizar uma análise do

mercado de produtos orgânicos com ênfase na pecuária orgânica a partir dos anos

2000.

1.4 DEFINIÇÃO DOS OBJETIVOS

1.4.1 Objetivo Geral

Analisar os fatores importantes para a tomada de decisão dos consumidores da

pecuária orgânica.

1.4.2 Objetivos Específicos

a) Estudar o consumo de produtos de pecuária orgânica brasileira.

b) Analisar como este mercado se comporta e a rentabilidade deste tipo de

produção.

c) Estudar os procedimentos necessários para a produção da pecuária orgânica no

Brasil obter a certificação.

d) Investigar como funcionam as políticas de incentivo na produção da pecuária

orgânica.

e) Evidenciar as formas de diferenciação existentes na produção de produtos

derivados da pecuária orgânica brasileira para o de produção padrão.

f) Estudar quais são os benefícios para o consumidor de produtos derivados da

pecuária orgânica.

g) Investigar o que levou a escolha do produtor a este tipo de produção no Brasil.

h) Identificar e analisar os fatores que levam os consumidores a preferirem produtos

oriundos da pecuária orgânica.

1.5 METODOLOGIA

A metodologia oferece diversos caminhos para chegar-se a determinado lugar,

em que o estudioso deve escolher a melhor alternativa para o seu trabalho. A mesma é

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15

essencial para delimitar a criatividade e a potencialidade no espaço do trabalho.

Também promove o espírito crítico, já que, consegue realizar a autoconsciência do

trajeto feito e por fazer (FONSECA, 2007).

O capítulo dois será desenvolvido através de uma pesquisa teórica descritiva,

no qual, serão analisadas as teorias econômicas da microeconomia voltadas a teoria do

consumidor e teoria de firma, juntamente com o conceito e a metodologia de seus

respectivos abordados.

Procurar por meio de obras publicadas, ajuda a explicar as anomalias a serem

debatidas. Pode ser utilizada de forma independente ou como parte de outros tipos de

pesquisa científica (RAMPAZZO, 2005).

O capítulo três será desenvolvido através de uma pesquisa teórica descritiva,

no qual, serão analisados os conceitos do agronegócio e suas evoluções, ao

compreender o conceito e a metodologia de seus respectivos indicadores.

A pesquisa descritiva expõe uma realidade tal como esta se apresenta, ao

conhecer e interpretar por meio de observações, do registro e da análise de fatos e

variáveis (FONSECA, 2007).

O capítulo quatro será elaborado por meio de um estudo de campo sobre o

mercado produtos de pecuária orgânica brasileira, ao analisar-se e interpretar-se os

dados coletados através de questionário, no decorrer de um modelo estatístico. Por

natureza de sondagem, não comporta a hipótese que, todavia, poderão surgir durante

ou ao final da pesquisa.

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2 TEORIA DO CONSUMIDOR E TEORIA DA FIRMA

Neste primeiro capítulo serão discutidas as teorias do consumidor, a

fundamentação e a maximização da utilidade ou o bem-estar, da mesma maneira que a

teoria da firma, através da teoria dos custos, da maximização dos lucros e sua parcela

no mercado e assim proceder com embasamento teórico para desenvolver a pesquisa

sobre produção, consumo e divulgação de produtos orgânicos.

2.1 TEORIA DO CONSUMIDOR

No dicionário, o significado de consumidor é, aquele que compra, adquire ou

paga por serviços, mercadorias, bens de utilização própria ou de sua família; cliente,

freguês. Em economia: pessoa física ou jurídica que utiliza ou adquire esses serviços,

produtos, mercadoria. Qualquer indivíduo com poder de compra, ou seja, capacitado

economicamente para comprar algo, pode ser considerado um consumidor

(DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUÊS, 2019). Então, consumidor é o objetivo final

dos produtos extraídos da agricultura e processados pela indústria e que são

distribuídos pelo comércio.

A teoria da demanda baseia-se na teoria do valor utilidade. Supõe-se que, dada

a renda e dados os preços de mercado, o consumidor, ao demandar um bem ou

serviço, está maximizando a utilidade ou satisfação que ele atribui ao bem ou serviço. É

também chamada de teoria do consumidor (VASCONCELLOS; MARCO, 2015).

Com a existência de diferentes tipos de consumidores, os indivíduos desejam

coisas materiais ou não, e maximizam a sua utilidade, ou seja, seu prazer ou

satisfação, ao considerar que a utilidade positiva corresponde ao prazer e a utilidade

negativa é vinculada a dor ou desprazer. Nessa situação as empresas são

responsáveis por identificar os perfis que são compatíveis com o produto ou serviço que

oferecem, ao criar estratégias de marketing para atrair o maior número possível de

potenciais consumidores, e deste modo gerar lucro e desenvolver a economia.

Os consumidores são maximizadores de valor, limitados pelos custos,

conhecimentos, mobilidade e renda. Formam uma expectativa de valor e agem sobre

ela. Sua satisfação e probabilidade de recompra dependem dessa expectativa de valor

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ser ou não superada. Adquirem o produto para satisfazer suas diversas necessidades

em todos os aspectos (KOTLER; KELLER, 2012).

A teoria neoclássica do consumidor, na construção dos modelos de escolha

racional, parte de várias “preferências” que caracterizam o comportamento “racional” do

indivíduo. As combinações que aumentam o nível de bem-estar do consumidor.

Na verdade, o consumidor sofre grande pressão e influência por parte dos

produtores, frente aos comerciantes, aos publicitários e seus poderosos meios de

comunicação. Dessa forma, nem sempre o consumidor faz uma reflexão crítica antes

de iniciar a atividade de compra. Por outro lado, este consumidor pode ser orientado,

educado para escolher e julgar melhor e, consequentemente, comprar melhor, o que

seria uma forma de fazer com que o consumo se tornasse racional e satisfatório

(LEITE; SANTOS, 2007).

Dentro da teoria do consumidor tem-se a figura das curvas de indiferenças, que

são uma representação geométrica das combinações de bens que revelam as

preferências dos consumidores.

Uma curva de indiferença representa todas as combinações de cestas de mercado que fornecem o mesmo nível de satisfação para um consumidor. Para ele, portanto, são indiferentes as cestas de mercado representadas pelos pontos ao longo da curva (PINDYCK, 2013, p. 69).

As pessoas com suas preferências buscam sempre ter mais de cada bem, ou

seja, a curva de indiferença que possua maior utilidade será sempre melhor. Desta

maneira escolherá a cesta de bens que estiver na curva de indiferença com maior

utilidade e que esteja dentro de seu orçamento. Ou terá que ver o quanto está disposto

a abrir mão de um bem para ter mais de outro, nesse caso, chamado de custo de

oportunidade ou de custo alternativo. Segundo o Prêmio Nobel norte-americano Milton

Friedman3, da Universidade de Chicago, “não existe almoço grátis”.

O custo de oportunidade mede o valor das oportunidades perdidas em decorrência de uma alternativa de produção em lugar de outra, também possível... só se escolheria uma alternativa se o ganho adicional com a produção for maior que o custo de oportunidade da alternativa de não produzi-la (CARVALHO, 1975, p. 134-135).

3 Milton Friedman (1912-2006) foi um economista, estatístico e escritor norte-americano, que lecionou na

Universidade de Chicago por mais de três décadas.

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Em outras palavras é o sacrifício que o consumidor faz, e para as empresas é a

escolha de deixar de produzir. Ou seja, os custos de oportunidade se envolvem nas

decisões técnicas da empresa e assim possibilitam avaliar o futuro da mesma a médio

e longo prazo, e inclusive maximizar a rentabilidade. Ato de escolha ou ato econômico

(pelo homo economicus, quer dizer, que o homem se ampara em um critério de

racionalidade econômica como medida das decisões desde o início dos tempos), com o

critério de racionalidade. A escolha, até então, fundamentada pelo princípio da

maximização da realização e o princípio da economia de meios é a realização com o

mínimo de dispêndio disponível.

2.2 TEORIA DA FIRMA

A teoria da firma é um conceito criado pelo economista britânico Ronald Coase,

em seu artigo The Nature of the Firm, de 1937. A teoria da firma ou empresa, como

também é conhecida, trata das questões que envolvem a maximização dos lucros, a

participação no mercado da empresa e a margem de rentabilidade sobre os custos.

Para que a descentralização da tomada de decisão venha a gerar melhores resultados é imprescindível a observância de duas questões basilares. Primeiro, deve haver uma estrutura de incentivos que alinhem o interesse individual àquele da empresa. Em segundo lugar, sabendo-se do consumo das receitas da empresa pelos incentivos de alinhamento, deve-se frisar aos recebedores de incentivos que suas decisões em relação à firma têm um custo, suportado pela empresa (CROWLEY; SOBELl, 2010 apud SANTOS; CALÍOPE; COELHO, 2014, p. 3)

4.

No aspecto econômico, os Lucros são divididos em Lucro Total (LT) que é a

diferença entre a Receita Total (RT) e o Custo Total (CT). Igualmente chamada de

modelo neoclássico ou marginalista, o objetivo da firma é sempre maximizar o lucro

total.

A teoria econômica neoclássica geralmente se distingue da teoria econômica clássica pela substituição do valor da utilidade marginal ou de seu caráter “marginalista” pela teoria do valor-trabalho. Esse critério de classificação é

4 SANTOS, José Glauber Cavalcante dos; CALÍOPE, Thalita Silva; COELHO, Antônio Carlos Dias.

Teorias da Firma como Fundamento para a formulação das Teorias Contábeis. XXXVIII Encontro da

ANPAD: Rio de Janeiro, set. 2014. Disponível em:

http://www.anpad.org.br/diversos/down_zips/73/2014_EnANPAD_EPQ1310.pdf. Acesso em: 18 out. 2020.

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válido, mas segundo a abordagem deste estudo, a distinção essencial é metodológica. A escola clássica utilizou principalmente o método histórico dedutivo, enquanto a neoclássica, o método hipotético-dedutivo (BRESSER PEREIRA, 2009, p. 182).

Portanto, a teoria da firma divide-se em teoria da produção, que expõe as

evoluções tecnológicas utilizadas na produção, assim como a quantidade de insumos,

enquanto a teoria dos custos de produção inclui os preços dos insumos

(VASCONCELLOS; MARCO, 2015).

A produção é o processo de transformação de insumos em produtos ou

serviços para a venda, e este processo torna a empresa uma intermediária. Esta teoria

é inconsistente quando transposta ao mundo real, pois confunde dois momentos

econômicos distintos, produção e consumo, além de considerar uma disponibilidade de

fatores em quantidades ilimitadas, ao possibilitar uma produção infinita, e os desejos

humanos pudessem ser plenamente satisfeitos. Assim, o princípio de otimização da

alocação de recursos com vistas à maximização dos lucros.

No entanto, Schumpeter (1961) compreende que o capitalismo é, em essência,

forma ou método de transformar a economia, ao não se revestir unicamente de caráter

estacionário, pois isso seria impossível. Dentro dessa lógica, há de se convergir com o

seguinte: “o impulso fundamental que põe e mantém em funcionamento a máquina

capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou

transporte, dos novos mercados e das novas formas de organização criadas pela

empresa capitalista” (SCHUMPETER, 1961, p. 105).

Segundo Vasconcellos (2015), a produtividade média é a relação entre o nível

do produto e a quantidade do fator de produção, em determinado período de tempo,

que representa a contribuição média de cada fator de produção. Do mesmo modo, a

produtividade marginal é definida como a variação do produto, dada uma variação de

uma unidade na quantidade do fator de produção, em determinado período de tempo,

que representa a contribuição marginal ou adicional de cada fator de produção.

Produtividade é a redução do tempo gasto para executar um serviço ou o

aumento da qualidade de produtos elaborados, com a manutenção dos níveis de

qualidade. Sem o acréscimo de mão-de-obra ou aumento dos recursos. Não é somente

maior quantidade, é a qualidade do serviço. O desperdício é um ponto que deve ser

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controlado, pois ele aumenta os custos e diminui a competitividade.

A produção considera que todos os fatores de produção (mão de obra, capital,

instalações, matérias-primas) variam. Ou seja, não existem fatores fixos de produção. O

conceito de custo de oportunidade, mencionado na teoria do consumidor e na teoria da

firma pode ser dividido de algumas formas, como em custo de oportunidade da mão de

obra referente aos salários. Ou custo de oportunidade do capital relativo aos ganhos

dos proprietários ou acionistas se aplicam em outra atividade.

A receita se define pelo preço de venda de um produto, em que a receita total

dependerá da quantidade produzida e vendida de um bem ou serviço, o que a levará a

maximizar o lucro da empresa, para isso precisará buscar a combinação de fatores de

produção de menor custo total possível. Isso, por sua vez, determina o nível de

utilidade, produtividade, lucratividade viabilidade das várias formas de organização.

Além disso, escala de produção é o quanto de produto obter-se-ia ao utilizar uma

unidade de cada insumo. Ao utilizar o dobro de cada insumo, que quantidade de

produção se obtém o resultado provável é que obter o dobro de produção. Isso é

chamado de rendimento constante de escala.

Os rendimentos constantes de escala são o caso mais “natural” em virtude do argumento da reprodução, mas isso não quer dizer que outros resultados não possam ocorrer. Significado de Economia de Escala, é a possibilidade de reduzir o custo médio de um determinado produto pela diluição dos custos fixos em um número maior de unidades produzidas. Por exemplo, poderá acontecer que, ao multiplicarmos ambos os insumos por um fator t, obtenhamos uma produção de mais de t vezes (VARIAN, 2015, p. 500).

Isso é conhecido como o caso de rendimentos crescentes de escala. Mas só

pode ser utilizada quando existe demanda no mercado por um determinado produto,

pois de nada adianta aumentar o volume de produção se o produto não for absorvido

pelo mercado.

Uma empresa que utiliza uma área de compras para várias unidades produtivas

pode obter economia de escala, ao diluir os custos fixos, em função do volume

comprado, diferente de a empresa utilizar um setor de compras para cada unidade.

Ladeia (2017)5 exemplifica economia e deseconomia de escala, em que utiliza

5 LADEIA, Renato. Economia de Escala: afinal que bicho é esse? Disponível em:

<https://administradores.com.br/artigos/economia-de-escala-afinal-que-bicho-e-esse. Acesso em: 16 jun.

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uma escola de música. Um professor de guitarra pode começar a atender apenas um

aluno, mas é possível ensinar alunos numa classe. Deste modo os custos de aluguel,

salários dos funcionários e outras despesas serão divididas por um número maior de

alunos e aumentar os resultados do negócio. A parte negativa, a sala tem um limite de

alunos e poderá afetar a qualidade do ensino e com isso ocorrer a perda de alunos.

A escassez é um dos fatores de produção que limita a capacidade de se

atender totalmente os desejos dos consumidores, que a teoria econômica classifica

como infinitos, aumenta a importância da tomada de decisões pela sociedade sobre

como e o que deve e o que não deve ser produzido. A análise marginal é considerada

uma ferramenta de grande importância dentro do processo de tomada de decisão,

permite comparar os custos de aplicação de várias medidas com os seus respectivos

resultados, com o objetivo de aumentar a lucratividade.

Segundo Mankiw (2009, n.p.), “as pessoas racionais sistemática e

propositadamente fazem o melhor que podem para alcançar seus objetivos, dadas as

oportunidades disponíveis”. O economista considera que “um tomador de decisões

racional toma uma ação se e somente se o benefício marginal da ação exceder o custo

marginal”. Desses princípios surgiu o marginalismo, uma teoria econômica em que o

indivíduo avalia as decisões na margem. Por exemplo, ao comprar ou investir em um

produto, considera sua importância e utilidade e os benefícios adquiridos precisam ser

superior aos custos.

2.3 ESTRUTURAS DE MERCADO

Conforme Françoise (2011), o mercado é o local onde produtores e

consumidores se encontram para realizar a compra e venda das mercadorias. O

mercado existe desde os primórdios da humanidade. Os mercados evoluem de acordo

com o desenvolvimento da sociedade, mas mantêm as mesmas características

comuns: é o local onde se realizam as transações entre compradores e vendedores.

Os mercados de bens e serviços estão estruturados de formas diferentes. As

várias estruturas são resultado da influência de alguns fatores combinados que as

2020.

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22

definem. Dentre os fatores que determinam as estruturas de mercado, destacam-se:

a) Número de empresas;

b) Tamanho ou dimensão das empresas;

c) Espaço da interdependência entre as empresas;

d) Homogeneidade (produtos com características semelhantes) ou o grau de

heterogeneidade (diferenciação) do produto das diferentes empresas;

e) Natureza e o número dos compradores;

f) Extensão das informações que compradores e vendedores dispõem dos preços

das transações de outros produtos;

g) Habilidade das empresas individuais para influenciar a procura por meio da

promoção do produto, melhoria na qualidade ou facilidades de comercialização;

h) Facilidade com que empresas entram e saem do mercado.

Para analisar como as estruturas se comportam, estas são classificadas em

modelos que podem ser assim apresentados: por concorrência perfeita, monopólio,

oligopólio e concorrência monopolística.

Numa situação de monopólio, existe uma única empresa onde o produto não

possui substitutos próximos, e existem barreiras à entrada de novas firmas e assim

atingem os consumidores, pois limita a empresa a controlar os preços do produto e

talvez poderá ocorrer a diminuição da qualidade do produto ou da prestação de serviço.

Essa estrutura se situa no extremo oposto ao da concorrência perfeita. As condições

que caracterizam são, que há apenas um vendedor para dominar a oferta.

A indústria monopolista é constituída por uma única empresa. O produto da

empresa monopolista não tem substituto, isso quer dizer que não tem como substituir o

produto por um similar, como o caso de manteiga e margarina.

As barreiras de entrada neste tipo de mercado são rigorosas. Podem decorrer

de disposições legais, de direitos de exploração outorgado pelo poder público a uma

única empresa, do domínio de tecnologias de produção e de condições operacionais

exigidas pela própria atividade. As principais barreiras são, alta capacidade tecnológica,

alto capital de giro, concessões dos Governos Federal, Estadual ou Municipal,

concessão de patentes ou domínio do know how (BARBOSA; FRANÇOISE, 2011).

Devido ao pleno domínio sobre o mercado, os monopólios dificilmente utilizam

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formas convencionais de precificação, os que visam estimular a venda. Visto que essas

empresas geralmente são únicas no mercado, não precisam competir via preços com

outras. A empresa monopolista caracteriza-se por ser impenetrável, em outras palavras,

as informações sobre fontes supridoras, processos de produção, níveis de oferta e

resultados alcançados raramente são transparentes.

Como exemplos desta forma de mercado no Brasil tem-se empresas como a

Copasa, Cemig, Correios ou medicamentos patenteados. É importante ressaltar que

exemplos de monopólios puros são difíceis de ser observar na realidade.

Para Nunes (2019), um truste pode ocorrer a partir da união ou fusão de

empresas. Tem como objetivo a adoção de práticas que visam aumentar os lucros

através do aumento de preços de seus serviços e produtos. No Brasil as fusões de

empresas são analisadas e devem ocorrer somente com a aprovação de órgãos

públicos especializados, a fim de evitar a formação de monopólio.

Em uma situação de oligopólio observa-se o número de concorrentes,

geralmente pequeno neste tipo de mercado, os produtos podem ser homogêneos ou

diferenciados, com barreiras à entrada de novas empresas.

Conforme Nunes (2019), num cartel, tem-se empresas de um mesmo setor que

se unem para adotar práticas comerciais de comum acordo, ao estabelecer preços,

dividir mercado ou controlar matérias-primas. O que se pode confundir com monopólio,

pois tem quase as mesmas diretrizes, mas pela Constituição Brasileira é considerado

crime pela Lei 8137/90.6

O setor brasileiro é fortemente oligopolizado, tem-se exemplos de vários

setores, como a indústria automobilística e indústrias de aço.

A concorrência monopolística, diferentemente do monopólio, possui inúmeras

empresas, o produto é diferenciado e o consumidor encontra facilmente produtos

substitutos, o que não ocorre na característica principal do monopólio, ao atribuir à

empresa o poder de controlar os preços dos produtos ou serviços.

Trata-se assim, de uma estrutura próxima da realidade que a concorrência

perfeita, onde se supõe um produto homogêneo, produzido por todas as empresas

6 Constitui crime contra a ordem econômica. Disponível em:

ttp://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8137.htm. Acesso em: 12 maio 2020.

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(NOGAMI, 2003). As características principais desta estrutura de mercado são, o

elevado o número de concorrentes, devido a facilidade para ingresso de novas

empresas no mercado e com alta capacidade de competição. E desta forma produz um

produto que apresenta suas particularidades capazes de distingui-lo dos demais e de

criar um mercado próprio para ele. Embora cada concorrente tenha um produto

diferenciado, os produtos de todos os concorrentes substituem-se entre si. No entanto,

a substituição não é perfeita, mas é possível, conhecida e de fácil acesso.

A capacidade de cada concorrente controlar o preço depende do grau de

diferenciação percebido pelo consumidor, quando percebida e aceita, pode dar origem

a um preço-prêmio com resultados favoráveis ou estimuladores.

Para Pinho e Vasconcellos (1998), embora se apresente como a concorrência

perfeita (existe um número elevado de empresas), a concorrência monopolística

(também chamada concorrência imperfeita) caracteriza-se pelo fato de que as

empresas produzem produtos diferenciados, embora substitutos próximos. Pode-se

demonstrar com as diferentes marcas de perfumes, ou a variedade de marcas de

refrigerantes.

Varian (2015) ainda destaca que similarmente, no mercado de fatores de

produção, também se define as formas de mercado em concorrência perfeita,

concorrência imperfeita, monopsônio e oligopsônio no fornecimento de insumos.

Por fim, o mercado é absolutamente transparente. Não há qualquer agente que

tenha informações privilegiadas ou diferentes daquelas que todos detêm. Por

consequência, as informações que possam influenciar o mercado são perfeitamente

acessíveis a todos. O setor de hortifrutigranjeiros costuma ser apontado como o

exemplo próximo desse modelo, a tendência é de que, no longo prazo, as receitas das

empresas correspondam a seu custo total. Seria por exemplo, uma grande oferta de

mão de obra e de matéria prima, com os preços constantes desses fatores para as

empresas.

O que será abordado no próximo capítulo e exemplificado no agronegócio

brasileiro e os setores aqui relatados.

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25

3 AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

A história econômica brasileira tem forte dependência do agronegócio para sua

evolução mesmo com todas as complicações sociais, políticas e culturais. Como

primeira atividade econômica teve-se a exploração de uma madeira, o pau Brasil, que

deu nome ao país. Este capítulo tem o propósito de descrever os aspectos e evolução

do agronegócio brasileiro, e na segunda parte do capítulo será abordada a pecuária

brasileira e finalizado com o destaque para o aspecto orgânico.

3.1 CONCEITO E EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO NO BRASIL

A base de uma economia está no setor primário, ou seja, no setor agrícola,

onde ocorre a geração das matérias primas e insumos para os demais setores da

economia. Com a economia brasileira, não foi diferente.

Dada a origem da colonização, em que Portugal transformou o Brasil em uma

colônia agropecuária, com o plantio de sementes nativas e/ou trazidas de outras

colônias portuguesas, a relação com o setor primário sempre foi próxima e próspera.

Os ciclos agrícolas como a cana-de-açúcar com a ocupação do território

brasileiro, a partir do século XVI, e a doação de terras por intermédio de sesmarias7,

possibilitaram o desenvolvimento da região Nordeste do país e foram os precursores do

período de colonização e crescimento econômico do país. Em Minas Gerais, registrou-

se o extrativismo, com o ciclo do ouro, no Rio Grande do Sul o fumo e as charqueadas,

além do gado para o transporte em Minas, e na Amazônia a borracha foi importante

para desenvolvimento da capital, a cidade de Manaus. Mas certamente, o duradouro

ciclo foi o do café, produto que dominou a economia no período da República Velha,

considerado a fonte de poupança interna do país e financiador da industrialização

brasileira (LOURENÇO8, 2019).

O processo de industrialização no Brasil ganhou fôlego a partir dos anos de

7 Lote de terra inculta ou abandonada. Ou terreno abandonado ou inculto que os reis de Portugal cediam

aos novos povoadores. Dicionário Online de Português. Porto: 7Graus, 2020. Disponível em: <https://www.dicio.com.br/sesmaria/>. Acesso em: 10 maio 2020. 8 LOURENÇO, Joaquim Carlos. Histórico e evolução do agronegócio brasileiro. Sucesso no Campo,

2019. Disponível em: https://www.sucessonocampo.com.br/artigos/historico-e-evolucao-do-agronegocio-brasileiro/. Acesso em: 10 ago. 2020.

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1930, com o Processo de Substituição de Importações (PSI) promovido pelo governo

de Getúlio Vargas e isso significava que havia um movimento incentivado por ele para

produzir dentro do país produtos que eram importados.

Neste sentido, o capital proveniente do setor primário somado ao capital de

alguns imigrantes que chegavam ao país em busca de oportunidades, oportunizou a

implantação de pequenas fábricas que, entre outras coisas, processavam produtos

primários, ao transformar os mesmos em alimentos, tecidos, instrumentos, etc

(LACERDA et al., 2001).

Até o advento da I Revolução Industrial, por volta de 1750, a atividade manufatureira tinha características artesanais, sendo realizada no próprio lugar de moradia dos artesãos, seja no campo seja na cidade. No caso daquelas atividades que necessitavam de alguma fonte de energia natural, a sua execução ficava subordinada à existência de fontes como rios e quedas d'água. A divisão social do trabalho era ainda relativamente pouco desenvolvida, pois que o grosso da riqueza nacional estava concentrado na agricultura. Mas, já então, a ideia de uma maior eficiência produtiva pela divisão do trabalho começa a se manifestar (SMITH, 1776, p. 32).

Adam Smith (1723-1790) demonstrou os benefícios da divisão do trabalho fabril

para o crescimento da produtividade e da riqueza de um país. E que a empresa que

contrata os operários é a organização de controle para realizar a produção de

mercadorias com maior lucro possível. Em seguida, uma mudança na produção facilita

a implantação de tecnologias nas matérias-primas. Resumidamente, a partir de 1930, o

produtor rural passou, gradativamente, a ser um especialista, envolvido quase

exclusivamente com as operações de cultivo e criação de animais; por sua vez, as

funções de armazenar, processar e distribuir produtos agropecuários, bem como as de

suprir insumos e fatores de produção, foram transferidas para organizações produtivas

e de serviços nacionais e/ou internacionais fora da fazenda, com a finalidade de

impulsionar a indústria de base agrícola (VILARINHO, 2006).

O conceito de agronegócio surgiu a partir da integração da agricultura aos setores industriais de fornecimento de insumos, de um lado, e de processamento e distribuição da produção, de outro. Ele abrange todas as transformações associadas aos produtos agrícolas, desde a produção de insumos, passando pela unidade agrícola, processamento e distribuição até o consumidor final. Este encadeamento de ações interdependentes transforma o agronegócio em unidade de análise trazendo com isto novas potencialidades e

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27

desafios para o desenvolvimento econômico harmônico e sustentado (RUFINO, 1999, p. 17-19)

9.

Conforme mencionado por Lourenço (2019), o agronegócio brasileiro passou

por um impulso entre as décadas de 1970 e 1990, com o desenvolvimento da Ciência e

Tecnologia, ao proporcionar o domínio de regiões impróprias para a agropecuária. Isso

fez surgir a oferta de um grande número de produtos. O país passou então a ser

considerado como aquele que dominou a “agricultura tropical”, com o intuito de chamar

a atenção de todos os seus parceiros e competidores em nível mundial.

Agricultura tropical, produtos oriundos do complexo de soja, carnes e derivados de animais, açúcar e álcool, madeira (papel, celulose e outros), café, chá, fumo, tabaco, algodão e fibras têxteis vegetais, frutas e derivados, hortaliças, cereais e derivados e a borracha natural são itens importantes da pauta de exportação brasileira (VILARINHO, 2006 apud LOURENÇO, 2019, n.p.)

10.

A interligação entre a agricultura e a indústria está cada vez mais forte, ao gerar

um estoque de conhecimentos e tecnologias agropecuárias, com a maior a participação

do produto nacional no mercado internacional. No Brasil, em torno de R$ 350 bilhões,

ou 26% do PIB (29% segundo a Confederação Nacional da Agricultura) e isso apenas

fortalece a importância do agronegócio no país (LOURENÇO, 2019).

O setor primário ocupou e ocupa espaço importante no desempenho econômico

do país. E, várias foram as intervenções e incentivos governamentais para estimular

melhores resultados. Na segunda metade dos anos de 1960, já no governo militar, dois

eventos marcaram o incentivo ao agronegócio.

O primeiro deles foi a criação do Sistema Nacional de Crédito Rural, que

viabilizou crédito de custeio e investimento para os produtores rurais, aqueles

responsáveis pelo plantio de culturas de exportação como soja, trigo, algodão, etc. Tal

feito se justificava para aumentar a produtividade brasileira e com isso melhorar o saldo

da balança comercial.

O outro fator importante foi a criação da Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária, a EMBRAPA. Responsável por fazer pesquisas que levassem a técnicas

9 RUFINO, J. L. dos S. Origem e conceito de agronegócio. Belo Horizonte, v. 20, n. 199, 1999.

10 LOURENÇO, Joaquim Carlos. Histórico e evolução do agronegócio brasileiro. Sucesso no campo,

2019. Disponível em: https://www.sucessonocampo.com.br/artigos/historico-e-evolucao-do-agronegocio-

brasileiro/. Acesso em: 18 out. 2020.

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e sementes produtivas, teve toda a influência da Revolução Verde que ocorria na época

nos EUA (GULLO, 2001).

Dado que o desempenho econômico do país era dependente das exportações

e, por sequência, dos preços internacionais, o setor ficava frágil perante o resto do

mundo. Um exemplo dessa vulnerabilidade ocorria com a exportação de café, que em

períodos prósperos sofria aumento na demanda, mas na crise se reduzia. Portanto, o

maior problema da economia agroexportadora é a volatilidade dos preços dos produtos

primário exportador.

Segundo Barros (2007), umas das principais características da agricultura em

países menos desenvolvidos é a extrema variabilidade de sua produção e de seus

preços, ao fazer-se com que a renda agrícola apresente um comportamento instável.

Tal instabilidade gera insegurança ao produtor quanto às suas condições de vida e,

portanto, desestímulo à sua própria atividade. Essa instabilidade nos preços agrícolas

faz com que o produtor rural adote uma série de precauções para reduzir riscos. Essas

incertezas refletem no não aproveitamento efetivo das vantagens comparativas das

atividades agrícolas. Pequenos produtores, por exemplo, muitas vezes diante de

incerteza, planejam suas atividades para atender primeiramente o próprio consumo.

Para Abrasem (2005), no setor de sementes, o Brasil é o quinto maior produtor

mundial de sementes, atrás dos EUA, China, França e Alemanha, e não é maior pela

falta de demanda por variedades tropicais. A agregação do agronegócio brasileiro

voltado para a produção de insumos e outros bens de produção agrícola tem uma

importância econômica ligada à indústria de sementes, fertilizantes, defensivos

agrícolas, máquinas agrícolas, defensivos animais e rações.

Sobre a agricultura familiar, quando se soma toda a produção, o Brasil é o

oitavo maior produtor de alimentos do mundo, atrás da China, Índia, Indonésia e

Nigéria, com faturamento de US$ 84,6 bilhões por ano, afirma o secretário da

Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, Jefferson

Coriteac (2019). E que 84% dos estabelecimentos rurais são de agricultores familiares.

“O crescimento do Brasil passa pela agricultura familiar. O agricultor familiar tem

importância para o crescimento do Brasil” (CORITEAC, 2019).

E pelo novo censo agropecuário de 2017, que está tornando-se finalizado, a

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29

tendência é esse número crescer cada vez mais, com a procura por produtos

agroecológicos. A agricultura familiar é a base da economia de 90% dos municípios

brasileiros com até 20 mil habitantes. Além disso, é responsável pela renda de 40% da

população economicamente ativa do País e por mais de 70% dos brasileiros ocupados

no campo. A agricultura familiar ainda produz 70% do feijão nacional, 34% do arroz,

87% da mandioca, 46% do milho, 38% do café e 21% do trigo. O setor também é

responsável por 60% da produção de leite e por 59% do rebanho suíno, 50% das aves

e 30% dos bovinos.

A soja em grão ou farelo, carne de frango e boi, café e minério de ferro alguns

dos itens mais vendidos pelo país no mercado internacional. Entre janeiro e junho de

2020, as exportações brasileiras somam US$ 101,7 bilhões, com destaque nas vendas

de itens do agronegócio, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio

Exterior e Serviços (MDIC, 2020). A soja, que lidera a lista, com 12% de participação no

total de exportações brasileiras em 2019. O país é o maior produtor de soja do mundo,

ao lado dos Estados Unidos. O grão é cultivado em todo o país e, no período analisado,

foi responsável por uma receita de US$ 26,1 bilhões. Assim como a carne bovina com

participação de 2,9%.

3.2 PECUÁRIA BRASILEIRA

A pecuária bovina exerceu importante papel no desenvolvimento econômico do

Brasil desde a sua colonização, e continua relevante, ao destacar-se nas exportações.

Esta atividade compõe-se em três fases distintas, pelas quais passa o animal que se

destina ao abate, correspondente a produção de bezerros que só serão vendidos após

o desmame, normalmente a matriz produz um bezerro por ano. A partir do bezerro tem-

se a produção e a venda do novilho magro para engorda. Após esta fase, segue-se

para a produção e a venda do novilho gordo (BARBOSA; FRANÇOISE, 2011).

A atividade pecuária é praticada, na maior parte, no sistema tradicional de

criação, ou seja, o gado é criado solto em pastagens naturais ou plantadas no sistema

extensivo, ainda que a intensificação do processo de modernização agropecuária no

país tenha se iniciado, a partir de 1960. “Num futuro próximo, a suinocultura será tão

importante para a balança comercial do país quanto são hoje o frango e a carne bovina”

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(NETO, 2007, apud SEIBEL, 2007, apud LOURENÇO, 2019, n.p.)11.

Estes pontos reforçam a importância do agronegócio no Brasil, além de sua

competitividade, utilização de alta tecnologia e geração de empregos e riquezas para o

país. No sul do Brasil, a criação de bovinos foi desenvolvida inicialmente pelos padres

jesuítas, nas missões próximas ao rio Uruguai, na pecuária como base econômica,

favorecida pelos vastos campos naturais. Com o tempo, a criação se multiplicou por

toda a região sul, o que originou várias estâncias. No princípio do século XVII o rebanho

brasileiro já alcançava 1.500.000 cabeças (MEDEIROS NETO, 1970).

No Rio Grande do Sul, foram introduzidas raças europeias com a finalidade de melhorar as espécies bovinas, como: Hereford, Devon, Polled Angus, Holandês, Charolês, Santa Gertrudes e Shorthorn. No Triângulo Mineiro foi introduzido o gado indiano (zebu), que se adaptou muito bem às condições regionais e aí conseguiu-se uma raça brasileira, a Indu-Brasil. Nessa área destacam-se como raças mais criadas: Gir, Nelore, Gurezá e Indo Brasil. Na ilha de Marajó foi introduzido o gado bufalino, vindo da Índia, que se adaptou muito bem às condições regionais, apresentando resistência às doenças, além de grande rendimento (ADAS, 1983, p. 241).

Outro fator consequente da criação de gado bovino se deslocar foi o aumento

da mineração em áreas de interiores, em que houve o deslocamento da população e a

formação de um mercado consumidor de carne, leite e couro.

De fato, o vaqueiro, o peão, enfim o pecuarista, com o tropeiro, substituíram o bandeirante como fator de expansão e unidade nacional, abrindo caminhos, ligando centros produtores aos consumidores, aproximando o sertão do litoral, transportando mercadorias, levando notícias e correspondências, numa obra gloriosa de fixação do colono ao solo e de progresso rural iniludível (MEDEIROS NETO, 1970, p. 52).

Cabe ressaltar que a atividade pecuária, a destinada ao corte, concentra-se nas

grandes propriedades. A quantidade de carne bovina produzida por animal na média do

Brasil foi de 251,22 kg de janeiro a setembro de 2019, um recorde ao considerar-se

períodos de anos anteriores, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE, 2020).

A pecuária leiteira apresentou aumento a partir dos últimos anos do século XX,

11 LOURENÇO, Joaquim Carlos. Histórico e evolução do agronegócio brasileiro. Sucesso no campo,

2019. Disponível em: https://www.sucessonocampo.com.br/artigos/historico-e-evolucao-do-agronegocio-

brasileiro/. Acesso em: 18 out. 2020.

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porém não se distribui regularmente, com maior concentração na região Sudeste,

apesar de ter ocorrido uma significativa expansão para o Centro-Oeste. Outro fator a

ser considerado é a variação sazonal, diante da redução de cerca de 50% no período

do ano com menores índices de precipitação (entre março e setembro), segundo dados

do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A produção leiteira é realizada

em pequenos e médios estabelecimentos rurais.

A carne bovina com participação de 2,9%, no qual o país é um dos maiores

consumidores e exportadores, vai para países da Europa e da América Latina. A receita

gerada em 2019 foi de US$ 6,5 bilhões.

Em 2016, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), efetivo de bovinos atingiu a marca recorde de 218,23 milhões de cabeças,

porém houve nova redução no abate da espécie e queda nas exportações. A oferta de

animais prontos para o abate e para reposição continuou restrita em função do abate de

matrizes nos anos anteriores, ao elevar-se o preço da arroba e do bezerro.

Na Figura 1, pode-se observar a variação anual do efetivo de bovinos no

período de 1985 a 2016. A última queda ocorreu em 2012 (-0,7%), ano em que a

agropecuária passou por cenário desfavorável, em função das variações climáticas.

Figura 1 - Evolução do efetivo de bovinos (Brasil, 1985-2016)

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Pesquisa da Pecuária Municipal

(1985-2016).

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O Centro-Oeste continuou a liderar o plantel de bovinos entre as regiões, com

34,4% do total nacional e crescimento de 3,3% em relação ao ano anterior. A presença

de áreas favoráveis à criação extensiva, aliada à proximidade de centros de produção

de grãos e agroindústrias favorece tanto a criação de animais a pasto, como a

instalação de confinamentos orientados para o período de engorda dos animais. A

instalação de frigoríficos na região facilita o escoamento da produção de carne para

outros estados e para a exportação.

A Região Norte registrou 47,98 milhões de cabeças de gado, o segundo maior

efetivo do país, com variação positiva de 1,7% em relação a 2015. O Sudeste e o Sul

apresentaram crescimentos no efetivo de, respectivamente, 0,8% e 0,5%, enquanto a

Região Nordeste foi a única que sofreu redução (2,1%). Mato Grosso foi o estado com

o maior plantel bovino, em que abrange 13,9% do total brasileiro. O estado registrou um

somatório de 30,30 milhões de cabeças de gado, aumento de 3,2% em comparação

com o ano anterior. Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul contribuíram, nesta

ordem, com 10,8%, 10,5% e 10,0% do efetivo nacional.

De acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (2017)12,

em 2016 as exportações de carne bovina brasileira in natura somaram 1,08 milhão de

toneladas com um valor de R$ 4,35 bilhões, ao representar queda de 0,1% em volume

e 6,7% em faturamento.

O fator responsável pelo deslocamento da criação de gado bovino para o

interior do país foi, sem dúvida, a expansão da atividade mineradora em áreas

pertencentes aos atuais estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. Com o

deslocamento de populações, formou-se um mercado consumidor de carne, leite e

couro. Conforme Euclides (1998, p. 100):

No mercado internacional a pecuária de corte brasileira apresenta a vantagem competitiva do baixo custo de produção. Isso resulta do fato de ela ser baseada em pastagens, que vêm ainda sendo manejadas como mananciais inesgotáveis de nutrientes passíveis de serem transformados em baixos custos em proteína animal. No entanto, o aumento da competitividade não só por preço, mas também por qualidade, impõe mudanças no setor.

12 MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO EXTERIOR E SERVIÇOS (MDIC). Balança bate recorde

em 2016 com superávit de US$ 47,4 bilhões. 2017. Disponível em: http://www.mdic.gov.br/component/content/article?id=2194. Acesso em: 18 out. 2020.

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Para esse autor, o baixo valor nutritivo das forrageiras tropicais está associado

ao reduzido conteúdo de proteína e minerais, bem como ao alto conteúdo de fibra e a

baixa digestibilidade.

Verifica-se, na Tabela 1, o baixo valor nutritivo apresentado por algumas

espécies de gramíneas normalmente utilizadas para a alimentação de gado bovino no

Brasil, em que inclui duas espécies de brachiária que tiveram seu emprego intensificado

a partir da década de 1970.

Tabela 1 - Quantidade média de proteína bruta e digestibilidade in vitro da matéria

orgânica de cultivares utilizadas em pastagens brasileiras

Fonte: Euclides (1998, p.102).

A pesquisa e a produção tecnológica estão relacionadas ao controle do material

genético, ao manejo e a organização da produção estiveram a cargo, quase que

totalmente, do capital internacional.

Segundo Mazzali e Costa (1998), o primeiro surto modernizador do segmento

de carne bovina ocorreu no período de 1968-1973, com modificações na estrutura

técnico organizacional da produção.

Essa prática é valorizada pelos países importadores desse produto, pois a

carne apresenta melhor qualidade, porém a atividade praticada nestes moldes é pouco

rentável, já que o tempo de engorda dos animais é bastante superior ao dos animais

alimentados com ração, a exemplo do que ocorre na Europa.

3.3 CARACTERIZAÇÃO DA PECUÁRIA ORGÂNICA NO BRASIL

Percebe-se a rápida expansão do mercado de alimentos orgânicos no Brasil e

no exterior, e por efeito provoca um maior interesses na sociedade para esta nova

forma de produção. Por resultado, surgem demandas por pesquisas sobre o

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34

comportamento desse novo consumidor e suas preferências, analisar o seu

comportamento, o motivo das suas escolhas, as restrições quanto a sua renda e a

demanda de mercado, segundo a Associação Brasileira dos Produtores Orgânicos, a

ABPO (2019)13.

Os principais produtos orgânicos de origem animal produzidos no Brasil são a

carne de frango, ovos e leite. Estes dados foram obtidos por levantamentos realizados

pelo projeto componente de sistemas orgânicos de produção animal da Embrapa, com

tímidas produções, as quais refletem o baixo acesso às tecnologias nesta área pelos

produtores, técnicos e extensionistas, a falta de canais de comercialização e

organização de produtores, além de dificuldades de logística para obtenção de insumos

e comercialização dos produtos orgânicos, ao constituir os principais desafios para o

setor (FIGUEIREDO; SOARES, 2012).

Em 2004, três anos após a criação da primeira associação do setor, uma nova

entidade de produtores foi criada, a Associação Brasileira de Produtores de Animais

Orgânicos (ASPRANOR), ao buscar-se abranger, além da pecuária bovina de corte, a

pecuária de leite, ovinos, suínos e aves.

Na produção de produtos decorrentes da pecuária orgânica não se tem uma

rentabilidade elevada a curto prazo, em comparação com a produção tradicional, visto

que os cultivos orgânicos necessitam de mão de obra e, por consequência, elevam-se

os custos da produção. Porém, há um lado positivo desta demanda, que é a geração de

novas vagas de empregos para suprir esta necessidade e como resultado a renda se

eleva, ao melhorar as condições de vida dos que vivem fora ou longe das cidades.

Os procedimentos iniciais são os cuidados com a alimentação dos animais,

como suplementação alimentar, conforme as normas da certificação. Também, em vista

do bem-estar dos animais, no caso de confinamento será utilizado o método de que as

pastagens e currais em formato circular para que o gado não se machuque. Em caso

de alguma enfermidade, o gado orgânico é tratado com produtos fitoterápicos e

homeopáticos e apenas produtos naturais (MEDEIROS; GOMES; BUNGENSTAB,

13 VIEIRA, Renata. Carne vermelha, produção verde. Revista Exame, 2019. Disponível em:

<https://exame.com/revista-exame/carne-vermelha-producao-verde/>. Acesso em: junho 2020.

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35

2015)14.

Os casos de crise sanitária e de “vaca louca” na Europa, nos anos 2000 e 2001,

ajudaram o Brasil a triplicar as exportações de carne, todavia, a pressão externa induz

os pecuaristas a criarem gado de forma “ecologicamente correta”, o boi verde e

orgânico, e assim isentar de qualquer risco no futuro e oferecer uma certa segurança à

saúde dos consumidores (DOMINGOS, 2009)15.

Em 2001, surgiram os primeiros sinais de organização do setor produtivo, com

a criação da Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO). Ela foi criada com a

missão de unir os produtores e os elos da cadeia produtiva da carne orgânica para

atender um mercado com 11 altas taxas de crescimento. Também neste período,

empresas de renome começaram a investir na ideia, dentre elas o Grupo Carrefour, por

meio da Fazenda São Marcelo, unidade produtiva localizada em Tangará da Serra/MT.

A qualidade do produto orgânico é assegurada por um selo de certificação e este selo é

fornecido pela Associação Brasileira de Pecuária Orgânica (ABPO), que verifica e

fiscaliza a produção destes alimentos, desde a produção até à comercialização. Dessa

forma, fica garantido ao consumidor que o produto é isento de qualquer resíduo tóxico

ou de procedência duvidosa, conforme preconizado pela Instrução Normativa (IN) nº 46

do MAPA (MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO DO

BRASIL, 2019).

Outra conquista do setor orgânico foi alguns novos projetos de certificações, o

que não ocorria anteriormente devido à inexistência de uma legislação específica para

o setor, a possível implantação da IN 16/04. E, segundo o IBD16, já foi aprovada pelo

MAPA a rotulagem oficial de quatro projetos, em que são dois de pecuária de leite, um

de pecuária de corte e um de mel. Este fato representa o início do reconhecimento

14 MEDEIROS, Sérgio Raposo de; GOMES, Rodrigo da Costa; BUNGENSTAB, Davi José. Nutrição de

bovinos de corte: fundamentos e aplicações. Brasília: Embrapa, 2015. 178 p. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/120040/1/Nutricao-Animal-livro-em-baixa.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2020. 15

DOMINGOS, Ivens Teixeira. Cenário Atual da Pecuária Bovina de Corte Orgânica Certificada na Bacia do Alto Paraguai (BAP) Brasil. 2005. Disponível em: <http://www.newsprime.com.br/abccriadores/images/upload/cenrio%20atual%20da%20pecuria%20bovina.pdf>. Acesso em: agosto 2020. 16

IBD – Associação de Certificação Instituto Biodinâmico é uma organização que desenvolve atividades de certificação de produtos orgânicos e biodinâmicos. Foi instituída em 1991, desmembrando-se do então Instituto Biodinâmico de Desenvolvimento Rural.

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oficial de produtos orgânicos no Brasil.

As políticas públicas de incentivo à produção orgânica existem desde 2003,

com ações de projetos de pesquisa e desenvolvimento em produção orgânica de carne

bovina, suína, caprina, ovina e de frangos, de leite bovino e caprino e de ovos,

desenvolvido por um período de oito anos na Empresa Brasileira de Pesquisa

Agropecuária (Embrapa), que se trata de uma empresa pública de pesquisa vinculada

ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil (MAPA).

E, por sequência, o Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica

(PLANAPO) assume as diretrizes definidas na Política Nacional de Agroecologia e

Produção Orgânica por meio da Portaria Interministerial nº 1, de 3 de maio de 2016.

Para se diferenciar as formas de produção, as diferenças entre os distintos

sistemas de produção pecuária, um produto orgânico para um tradicional se faz com a

certificação. Os produtos derivados da pecuária orgânica não possuem diferenças na

aparência em relação aos demais produtos, não há como identificar, já que são

semelhantes aos produtos convencionais encontrados nos supermercados.

O desafio para este processo de produção organicamente é a alimentação dos

animais, além da pastagem, o tipo de capim e os suplementos, como silagem de milho

e outros ingredientes que compõem o cardápio do gado orgânico, como a

suplementação alimentar com grãos e rações isentas de organismos transgênicos e

agrotóxicos ou adubos químicos solúveis, o que apresentados nas normas são

proibidos. E a falta de insumos dificulta a expansão da pecuária orgânica no Brasil

(DIAS-FILHO, 2012)17.

Da mesma forma não podem ser aplicados produtos químicos para controle de

parasitas e em caso de doença, como já mencionado, o gado orgânico é tratado com

produtos fitoterápicos e homeopáticos. Mas o processo de transição do sistema de

produção tradicional para o sistema orgânico leva tempo, pelo menos, um ano e meio,

visto que a conversão da pastagem e dos restantes dos cereais que formam a base da

alimentação do animal, pela legislação, avalia o tempo de um ano para cultura.

Portanto, o investimento inicial é alto, e caso o produtor opte por fornecer grãos ao

17 DIAS-FILHO, Moacyr Bernardino. Desafios da produção animal em pastagens na fronteira agrícola

brasileira. Belém: Embrapa, 2012. 36 p. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/925646/1/Doc382.pdf. Acesso em: 10 ago. 2020.

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rebanho, eles precisam ser certificados (MEDEIROS; GOMES; BUNGENSTAB, 2015)18.

Faz-se necessário ressalta também que as fazendas devem trabalham com

abundância de pastagem, quase dois hectares por animal, em vista que os solos

brasileiros se originaram numa condição de elevadas precipitações, por vezes são

desfavorecidos de nutrientes.

Com as mudanças no nível de produtividade e na genética dos animais utilizados na Revolução Verde

19, que permanecem e foram enormes,

contribuindo para o aparecimento de muitas doenças que implicam no uso intenso de medicamentos e condições artificiais de criação. Os problemas relacionados com a segurança dos alimentos, como exemplo a “vaca louca”, invocam a importância do uso da rastreabilidade como forma de garantir ao consumidor a qualidade superior (FONSECA, 2000, p. 32)

20.

O sistema orgânico busca produzir da forma natural possível, economicamente

viável e socialmente participativa na região que se encontra. Resulta então, em nicho

de mercado para atender a um consumidor preocupado com a segurança alimentar,

com a sustentabilidade ambiental e social.

No próximo capítulo buscar-se-á conhecer o mercado em que atua os produtos

derivados da pecuária orgânica, seus concorrentes, as necessidades e comportamento

do seu consumidor, e assim poder gerar e analisar informações estratégicas e saber da

importância de conhecê-lo, dimensionar, segmentar e identificar demandas e novas

oportunidades deste tipo de produto.

18 MEDEIROS, Sérgio Raposo de; GOMES, Rodrigo da Costa; BUNGENSTAB, Davi José. Nutrição de

bovinos de corte: fundamentos e aplicações. Brasília: Embrapa, 2015. 178 p. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/120040/1/Nutricao-Animal-livro-em-baixa.pdf>. Acesso em: 10 ago. 2020. 19

Revolução Verde é o nome dado ao conjunto de iniciativas tecnológicas que transformou as práticas agrícolas e aumentou drasticamente a produção de alimentos no mundo. 20

FONSECA, M. F. de A. C. Cenário da produção e da comercialização dos alimentos orgânicos. Workshop sobre produção orgânica de leite, Juiz de Fora, Embrapa Gado de Leite, Juiz de Fora, 2000.

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4 ANÁLISE DO MERCADO DOS PRODUTOS DA PECUÁRIA ORGÂNICA DE 2012 A 2019

A pecuária é mais antiga do que a agricultura. Apesar do significado do nome

estar relacionado à cabeça de gado, para o IBGE a pecuária também possui um sentido

amplo, que inclui desde a criação animal até abelhas a búfalos, por exemplo. Desse

modo, este capítulo apresentará uma pesquisa do consumo e o mercado da fonte de

proteína.

4.1 PRINCIPAIS MERCADOS DA PECUÁRIA ORGÂNICA NO BRASIL

O Brasil é um dos maiores produtores e exportadores mundiais de carnes, ao

garantir saldos significativos na nossa balança comercial. Dados do Censo

Agropecuário do IBGE mostram que, de 2006 a 2017, o número de estabelecimentos

agropecuários com a certificação de produção orgânica cresceu 1.000% no Brasil, de

5.106 para 68.716 (TALLMANN; ZASSO, 2019).

Atualmente o país aposta, com forte apelo para o mercado externo, em um

projeto denominado “Brazilian Beef”21. Ele é uma ação conjunta do Governo Federal,

através do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), da Agência de

Promoção de Exportações do Brasil (APEX-Brasil) e das entidades representativas da

cadeia produtiva da pecuária de corte brasileira, tais como a Confederação Nacional da

Agricultura (CNA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes

(ABIEC). Ele objetiva apresentar a qualidade e segurança do consumo da carne

brasileira, ao evidenciar o sistema natural de criação em pasto, a eficácia dos

programas de controle sanitário do rebanho e a excelência dos frigoríficos de abate22.

No Brasil, algumas empresas têm investido na comercialização de carne

orgânica, em que a maioria delas, com exceção do Grupo Carrefour, iniciaram a

revenda impulsionadas pelo lançamento da linha de produtos do Grupo Friboi/Boi

21 Tradução: carne brasileira.

22 Site da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (www.abiec.com.br).

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D`Terra. Foi o pioneiro na revenda de carne orgânica certificada dentro de seu

programa “Garantia de Origem”23.

a) Walmart, iniciou a revenda de carne orgânica em suas lojas de São Paulo, Rio

de Janeiro, Minas Gerais e Paraná;

b) Rede Super Muffato, que é distribuída nos estados de São Paulo e Paraná.

Revendedora de carne orgânica no estado do Paraná;

c) Grupo Angeloni, um grupo com 18 lojas distribuídas nos estados de Santa

Catarina e Paraná, vende carne orgânica em estado de Santa Catarina;

d) Hipermercados BIG, que pertencentes ao Grupo Sonae de Portugal,

estruturados para incluir carne orgânica entre seus produtos de revenda para os

estados do Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná;

e) O grupo Zona Sul Supermercados, possui uma rede de lojas na cidade do Rio de

Janeiro. Revende produtos orgânicos desde 1997, os hortifrutigranjeiros

pretendem iniciar a revenda também de carne orgânica;

f) SAM`S CLUB, clube de compras focado em empresas e lares. Estão negociando

a inclusão de carne orgânica entre seus produtos de revenda para os estados de

São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais;

g) A Companhia Zaffari, que possui uma rede de supermercados e hipermercados

no Rio Grande do Sul. Está em negociações finais para a revenda de carne

orgânica em algumas de suas lojas;

h) A Casa Santa Luzia, empresa familiar tradicional da cidade de São Paulo. Está

em negociações finais para revenda de carne orgânica;

i) Empório Santa Maria, loja especializada em vinhos e gastronomia na cidade de

São Paulo;

j) Assim como o Emporium São Paulo, rede de quatro lojas, localizadas em regiões

nobres de São Paulo;

Programas de Qualidade Assegurada, que vêm crescendo no mundo todo não apenas na produção de gado, mas também na produção de alimentos em geral,

23 Site do Grupo Carrefour (www.carrefour.com.br/garantiadeorigem/site/content/meio_ambiente).

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serão grandes diferenciais para produtores brasileiros. Esses programas permitem a criação de marcas de carne, com real diferenciação e valor agregado por garantir que o produto final é originado de fazendas que se preocupam com o bem estar animal, responsabilidade social e respeito ao ambiente. Exemplo deste fato é a procura cada vez maior por programas como o EurepGap e a Orgainvent, desenvolvidos por grandes redes varejistas da Europa. A certificação orgânica dentro deste contexto aparece como mais uma opção para o estabelecimento de padronização e agregação de valor ao produto cárneo (CAVALCANTI, 2004, p. 149).

A pecuária orgânica encontra-se na CPCB24, uma segmentação de mercado, ou

uma possibilidade na busca de um produto com qualidade e que obedeça aos

requisitos deste mercado.

O mercado, originado da demanda que se estabelecem e mantêm-se

fundamentada no tripé “qualidade, quantidade e constância do produto”. E parte do

problema mercadológico nacional da pecuária orgânica está focada neste processo, a

demanda externa existe, mas o setor pecuário orgânico ainda não dispõe de produção

suficiente para supri-la.

Outro fator é em relação ao pagamento da premiação do orgânico sobre o valor

da carne convencional, que para países da União Europeia fica em torno de 21%,

segundo relatórios internacionais. Porém, ao implantar a ideia, os produtores não

sabiam que são comercializados somente de três a cinco cortes nobres de traseiro

(hindquarter) como orgânicos na União Europeia, dentre eles o filé mignon (tenderloin

chain), o contra-filé (striploin back) e o alcatra (full rumb), e o prêmio no restante da

carcaça, chega ao máximo 7%. De acordo com informações do Independência

Alimentos Ltda (2012) estes 7% são a diferença encontrada nos varejos da Europa nos

preços entre a carne orgânica e a convencional. No momento, o Grupo Independência

possui um cronograma de exportações de carne orgânica, ao abater em torno de 400

animais/ mês, que ao final do ano representam cerca de 0,1% do total da carne

exportada.

Segundo a ASPRANOR (2012), no contrato efetuado com o Grupo Friboi, são

abatidos em torno de 2.000 animais por mês. Há a intenção de se dobrar a produção,

ao destinar 50% da produção para a exportação para o Reino Unido e França e 50%

24 CPCB (Cadeia Produtiva da Carne Bovina Brasileira).

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para o mercado interno. O Grupo Friboi pagou pelos animais orgânicos da associação

uma premiação de 7% sobre o índice ESALQ/MT25 para a arroba do boi gordo.

O mercado interno mantém-se na incerteza. Apenas as regiões sul e sudeste do

País aparentam mostrar reconhecimento do produto orgânico como diferenciado, mas

carecem de dados sobre a demanda, ou os cortes que poderiam ser comercializados

êxito.

A febre aftosa, que é um empecilho para exportação de produtos cárneos para

a União Europeia. Segundo a DFA/MS (2005), os 14 municípios pantaneiros e peri-

pantaneiros são considerados pela UE como “Área 2”, Zona Não Autorizada para

Exportação desde 1985, o que também acontece com municípios de Mato Grosso e de

Minas Gerais. Mesmo sem a ocorrência de focos de febre aftosa desde 1992 e com os

quatro últimos levantamentos sorológicos negativos, não se consegue liberação para o

mercado europeu.

Logo, veremos o que influencia a decisão de compra ou até mesmo qual o perfil

dos consumidores deste mercado.

4.2 FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISÃO DO CONSUMIDOR PELO PRODUTO DE PECUÁRIA ORGÂNICA

Uma pesquisa sobre o perfil do consumidor de carne bovina orgânica foi

realizada tanto com varejistas ou supermercados e comerciante institucionais ou

restaurantes, quanto com consumidores finais. Os principais pontos para aquisição do

produto foram: a quantidade e regularidade no abastecimento, necessidade de atender

a demanda; a qualidade, está associada à certificação de origem e os meios de

produção; e o preço, que é uma variável importante, porém não determinante no

processo de aquisição (CALEMAN, 2005).

O BeefPoint26, site especializado em CPCB, recentemente dirigiu uma pesquisa

com seus usuários para apontar os pontos determinantes para o resultado positivo para

25 ESALQ/MT (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/Mato Grosso).

26 OLIVEIRA NETO, Odilon José de. Clusters: o novo ambiente competitivo da carne bovina. 2004.

Disponível em: <https://www.beefpoint.com.br/clusters-o-novo-ambiente-competitivo-da-carne-bovina-19384/>. Acesso em: 20 ago. 2020.

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a cadeia da carne. E identificou como desafios a produção, o marketing e a

comercialização de seus produtos. Entre outros foram:

a) Melhoria da sanidade do rebanho brasileiro;

b) Implantação efetiva da rastreabilidade;

c) Aumento da disponibilidade de financiamento;

d) Urgente necessidade de avanço nas negociações internacionais.

Dessa forma, entende-se que um produto com qualidade na produção e nas

propriedades, será um instrumento necessário para a conquista da confiança dos

consumidores.

Segundo o gerente de vendas do Grupo Friboi, Flavio Saldanha, a perspectiva

é boa, pois pesquisas demonstraram que a procura por produtos orgânicos é 35%

superior à oferta. E assim o grupo lançou em setembro de 2004 uma linha de produtos

denominada “Organic Beef”. Desde então, os mesmos são comercializados em 15 tipos

de cortes especiais resfriados, dentre eles alguns cortes de dianteiro, seis tipos de

embalagens especiais de miúdos congelados, e também o primeiro hambúrguer bovino

orgânico super gelado do Brasil (DOMINGOS, 2005).

Seguidamente, será demonstrado uma pesquisa pertinente a uma análise de

perfil do consumidor de produtos orgânicos com ênfase na pecuária orgânica, com o

objetivo de compreender a inclinação desde escopo.

4.3 RESULTADO DA PESQUISA

Neste capítulo será demonstrado como foi efetuado a pesquisa, que consistiu

em uma amostra de 82 pessoas que contribuíram com respostas na pesquisa de perfil e

comportamento do consumidor de produtos orgânicos, com ênfase na pecuária

orgânica, que é parte integrante deste trabalho de monografia.

Em relação ao gênero, as respostas foram de 48,8% mulheres e 51,2%

homens. Quanto a faixa etária, conforme a Figura 2, 52,4% estão abaixo dos 30 anos,

24,4% estão entre 31 e 40 anos, 14,6% são acima de 41 até 50 anos, 7,3% estão entre

51 e 60 anos e 1,2% acima dos 61 anos.

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Figura 2 - Faixa etária da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

Ainda, 64,6% dos entrevistados têm filhos. Já referente a renda familiar mensal,

com base no salário mínimo, o valor atual de R$ 1.045,00, o maior percentual fica entre

4 e 5 salários mínimos, com 36,6%, conforme a Figura 3.

Figura 3 - Renda familiar mensal da pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

De todos os entrevistados, 82,9% consome produtos orgânicos. Dentre as 68

pessoas que responderam sim para o consumo de produtos orgânicos, apenas 17

pessoas consomem carnes orgânicas. Ainda, dos 68 entrevistados, apenas 25 conhece

e/ou já consome produtos derivados da pecuária orgânica.

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A Figura 4 apresenta os produtos orgânicos pesquisados e seus percentuais de

consumo, em que o maior número de produtos consumidos são as verduras com 63

pessoas ou 76,8%, seguido de frutas com 62 pessoas ou 75,8% e legumes com 53

pessoas ou 63,4%. Grãos representa 24,4% ou 20 entrevistados e carnes apresenta 17

pessoas ou 20,7%. Estas respostas são sobre 68 pessoas ou os 82? Se for pelo 68, os

percentuais estão errados.

Figura 4 - Produto orgânico que os entrevistados mais consomem

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

A categoria outros representa 9,8% ou 8 pessoas, que corresponde ao número

de pessoas que responderam. A partir deste momento somente os 25 entrevistados que

responderam que conhece e/ou já consome produtos derivados da pecuária orgânica

seguiram com o restante da pesquisa.

Percebe-se que 30,5% do total dos entrevistados correspondem aos 25 que

conhecem e/ou já consomem produtos derivados da pecuária orgânica e a estes foi

questionado sobre a frequência com que consomem estes produtos derivados da

pecuária orgânica. Conforme a Figura 5, o percentual maior é de 32% que equivale a 8

pessoas e que consome pelo menos 1 vez por semana.

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Figura 5 - Frequência com que os entrevistados consomem produtos orgânicos

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

Igualmente indagado sobre qual é o principal fator que leva ao consumo destes

produtos, e de acordo com a Figura 6, o principal motivo é a saúde, com 92%, seguido

do estilo de vida/hábito com 44% e consciência ambiental com 32%. Ainda, 16%

consomem produtos orgânicos pelas características do produto e 4% porque é

tendência.

Figura 6 - Principal fator que leva os entrevistados a consumir produtos orgânicos

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

Sobre qual o lugar onde costuma ser adquirido os produtos orgânicos, a

resposta mais informada foi em supermercados, com 64%. Feiras de produtos

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orgânicos restringiu-se a 56%, lojas especializadas contribuiu com 36% e e-commerce

se limitou a 4%.

Outra indagação foi referente a como o entrevistado identifica um produto

orgânico e, segundo a Figura 7, 40% dos consumidores entrevistados identificam por

indicação, 32% pela aparência/cor/aroma e 24% pelo selo.

Figura 7 - Como os entrevistados identificam produtos orgânicos

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

Ainda, pode-se verificar que ninguém optou pela alternativa marca ou

propaganda, o que foi um fato curioso. Após conversar com alguns sobre esta resposta,

recebeu-se a informação de que os entrevistados desconheciam propagandas

direcionadas a estes produtos, bem como em relação as marcas. Os mesmos disseram

que acreditam que os nutricionistas têm um peso maior em suas decisões.

Desse modo, foi perguntado também o critério que os consumidores

entrevistados utilizam para escolher o produto orgânico. E, de acordo com a Figura 8, a

aparência obteve a maior votação com 52%, que corresponde a 13 pessoas, seguido

pelo selo, com 28%, equivalente a 7 pessoas e pela embalagem com 20%,

correspondente a 5 pessoas.

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Figura 8 - Critérios que os entrevistados utilizam para escolher produtos orgânicos

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

As 25 pessoas entrevistados ainda receberam outra questão: Se você encontrar

um produto orgânico com o preço até 10% abaixo de um produto não orgânico, você? E

60% responderam que compram, mas ficam desconfiados, 28% responderam que

compram sem receio algum e 12% não compram, pois acreditam que não seja

orgânico.

E, da mesma forma, foi perguntado quando desenvolveram o hábito de

consumir produtos orgânicos. A conclusão foi que 68% apenas na fase adulta, pois

constataram a necessidade de consumo destes tipos de produtos, mas em

contrapartida 28% desenvolveram este hábito na infância ou adolescência, pois tiveram

acesso a uma alimentação baseada em produtos orgânicos.

Por conseguinte, conforme pode-se constatar pela Figura 9, a vantagem

apontada pelos consumidores entrevistados para consumir os produtos orgânicos é que

os mesmos não possuem substâncias tóxicas, com 88% das respostas, seguido de

52% porque são mais saudáveis que os produtos convencionais.

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Figura 9 - Vantagens em consumir produtos orgânicos, conforme os entrevistados

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

Também pode-se constatar que 44% dos consumidores entrevistados

afirmaram que os produtos orgânicos são saborosos e incentivam os pequenos

produtores, e apenas 28% consomem produtos orgânicos ao invés dos convencionais

pois preocupam-se com o meio ambiente.

Outro fato curioso nas respostas é que 20% dos entrevistados se dizem

indiferentes a confiança gerada pelo selo do governo ou órgãos de segurança

alimentar. Entretanto, 60% acreditam que o selo gera confiança perante o comprador,

em sua tomada de decisão.

Os 76% acreditam em pequenos produtores, sem a necessidade de selo para

definir a forma ideal de compra ou consumo destes produtos. Contudo, 24% acreditam

que seja lojas de varejo e especializadas, e produtos certificados com selos. Por fim, o

último tópico foi quanto os entrevistados estariam dispostos e aceitariam pagar a mais

por um produto orgânico, em comparação a um produto não orgânico.

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Figura 10 – Quanto o consumidor pagaria a mais por um produto orgânico em comparação a um produto não orgânico

Fonte: Elaborado pela autora conforme Pesquisa do Comportamento do Consumidor.

De acordo com a Figura 10, 64% dos consumidores aceitariam pagar de 1 a

10% a mais do valor de mercado de um produto não orgânico, seguido de 20% que

aceitariam pagar entre 11 e 30% 8% não aceitariam pagar nenhum valor maior por um

produto orgânico em relação a um produto normal.

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5 CONCLUSÃO

O presente trabalho foi elaborado com o intuito de verificar os fatores

importantes para a tomada de decisão dos consumidores ao comprar produtos

orgânicos, ao invés de produtos normais. Para atingir esse objetivo, foi necessário

analisar diversos aspectos, desde as teorias do consumidor e da empresa, bem como o

agronegócio brasileiro, e, por fim, a análise de mercado com a pesquisa.

O crescimento da produtividade é a maior riqueza de um país, e a empresa

deve realizar a produção de mercadorias com maior lucro possível. Os mercados de

bens e serviços estão estruturados de formas diferentes. As várias estruturas são

resultado da influência de alguns fatores combinados que as definem e que se refletem

na evolução do agronegócio brasileiro.

Os principais produtos orgânicos de origem animal produzidos no Brasil são a

carne de frango, ovos e leite. Com tímidas produções, as quais refletem o baixo acesso

às tecnologias nesta área pelos produtores, técnicos e extensionistas, a falta de canais

de comercialização e organização de produtores, além de dificuldades de logística para

obtenção de insumos e comercialização dos produtos orgânicos.

Na produção de produtos decorrentes da pecuária orgânica não se tem uma

rentabilidade elevada a curto prazo, em comparação com a produção tradicional, visto

que os cultivos orgânicos necessitam de mais mão de obra e, por consequência,

elevam-se os custos da produção. Porém, há um lado positivo desta demanda, que é a

geração de novas vagas de empregos para suprir esta necessidade e como resultado a

renda se eleva, com o intuito de melhora as condições de vida dos que vivem fora ou

longe das cidades.

No Brasil, algumas empresas têm investido na comercialização de carne

orgânica, mas ainda é insuficiente. Em pesquisa realizada constatou-se que os

entrevistados desconheciam propagandas direcionadas a estes produtos, assim como

marcas.

Constatou que os consumidores entrevistados optaram que os produtos

orgânicos são mais saborosos e incentivam os pequenos, pois preocupam-se com o

meio ambiente e que os mesmos não possuem substâncias tóxicas. Este tipo de

produto deve ser mais difundido, visto que o maior número de produtos consumidos são

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as verduras e as carnes ficam em penúltimo na pesquisa.

Por fim, o presente trabalho não pretende esgotar o tema e entende que novas

pesquisas precisam ser realizadas com uma amostra maior para confirmar os

resultados encontrados aqui.

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REFERÊNCIAS

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