principios implicitos da administracao publica

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FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLI INGRID SARAIVA DE ALENCAR PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

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Trabalho de conclusão do curso de pós graduação em Direito Administrativo com o tema de Principios Implicitos Da Administracao Publica

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Monografia

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FACULDADE INTERNACIONAL SIGNORELLIINGRID SARAIVA DE ALENCARPRINCPIOS IMPLCITOS DA ADMINISTRAO PBLICA

Belo Horizonte

2013INGRID SARAIVA DE ALENCARPRINCPIOS IMPLCITOS DA ADMINISTRAO PBLICA: Importncia para o ordenamento jurdico do sculo XXI

Trabalho apresentado Faculdade Internacional Signorelli como parte dos requisitos exigidos para a concluso do Curso de Direito Administrativo

Orientadora: Profa. Fabricia Monteiro Rangel BacellarBelo Horizonte2013INGRID SARAIVA DE ALENCAR

PRINCPIOS IMPLCITOS DA ADMINISTRAO PBLICA: Importncia para o ordenamento jurdico do sculo XXI

Trabalho apresentado Faculdade Internacional Signorelli como parte dos requisitos exigidos para a concluso do Curso de Direito Administrativo

Trabalho aprovado em 23 de fevereiro de 2013.

Orientadora Profa. Fabricia Monteiro Rangel Bacellar

Faculdade Internacional Signorelli

1 Examinador(a)

2 Examinador(a)

Belo Horizonte

2013

RESUMOO Direito Administrativo um ramo do Direito Pblico Interno e tem como objetivo a busca pelo bem da coletividade e pelo bem do interesse pblico. O presente trabalho trata dos Princpios bsicos e da forma com que o Estado brasileiro lida como os Princpios implcitos e explcitos da Administrao Pblica na busca de um Estado Democrtico de Direito mais eficiente e eficaz a partir do sculo XXI. Os Princpios da Administrao podem ser expressos ou implcitos. Os Princpios explcitos vem claramente expostos no caput do art. 37 da Constituio Federal do Brasil e nos remete aos Princpios da Legalidade, Moralidade, Impessoalidade (ou Finalidade), Publicidade, Eficincia, Razoabilidade. Os Princpios implcitos da Administrao Pblica so informadores do nosso ordenamento jurdico como um todo: princpio da finalidade, princpio da proporcionalidade, princpio do devido processo legal, princpio da supremacia do interesse pblico, princpio da indisponibilidade, princpio da continuidade, princpio da autotutela, princpio da especialidade, princpio da razoabilidade, princpio do controle jurisdicional da administrao pblica, princpio da motivao, princpio da segurana jurdica e princpio da isonomia.

Palavras-chaves: Administrao Pblica; Princpios da Administrao Pblica; Direito Administrativo; Princpios Explcitos; Princpios Implcitos; LIMPE;

ABSTRACTThe Administrative Law is a branch of the Internal Public Law and aims to archieve the collective wellness of people and of the public interest. This paper treats the basic principles and the way the brazilian State deals with both the expressed and implied principles in the search of a democratic State of Law more efficiently and effectively from the twenty-first century. The Principles of Administration may be expressed or implied. The explicit Principles are clearly stated in the heading of art. 37 of the Federal Constitution of Brazil and takes us to the Principles of Legality, Morality, Impersonality (or Purpose), Advertising Efficiency, Reasonableness. The implied Principles are: the finality principle, the principle of proportionality, the principle of due process, principle of supremacy of public interest, principle of availability, continuity principle, principle of autotutela, principle specialty, rule of reason, principle of judicial review of public administration.Key-words: Public Administration, Principles of Public Administration, Administrative Law, Explicit Principles, Implicit Principles; LIMPE;SUMRIO71. INTRODUO

1.1. JUSTIFICATIVA91.2. OBJETIVOS111.2.1. Objetivos gerais111.2.2. Objetivos especficos111.3. METODOLOGIA122. DOS PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS DA ADMINISTRAO PBLICA142.1. NOES GERAIS DE DIREITO ADMINISTRATIVO142.1.1. Conceito de Direito Administrativo142.1.1.1. Conceito de Direito Administrativo Hely Lopes Meirelles142.1.1.2. Conceito de Direito Administrativo Celso Antnio Bandeira De Mello142.1.1.3. Conceito De Direito Administrativo Maria Sylvia Di Pietro152.1.1.4. Desenvolvimento do conceito de Direito Administrativo152.2. FONTES DO DIREITO ADMINISTRATIVO172.3. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO182.3.1. Princpio da Legalidade Administrativa182.3.2. Princpio da Moralidade Administrativa192.3.3. Princpio da Impessoalidade Administrativa212.3.4. Princpio da Publicidade Administrativa232.3.5. Princpio da Eficincia Administrativa243. DOS PRINCPIOS IMPLCITOS DA ADMINISTRAO PBLICA263.1. SUPREMACIA DO INTERESSE PBLICO263.2. PRESUNO DE LEGITIMIDADE OU PRESUNO DE LEGALIDADE273.3. PRINCPIO DA CONTINUIDADE DO SERVIO PBLICO293.4. PRINCPIO DA ISONOMIA OU DA IGUALDADE303.6. PRINCPIO DA MOTIVAO323.7. PRINCPIO DA AMPLA DEFESA E CONTRADITRIO333.9. PRINCPIO DA AUTOTUTELA343.10. PRINCPIO DA SEGURANA JURDICA354. CONSIDERAES FINAIS37 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS40

1. INTRODUOA necessidade do Direito surgiu no momento em que o homem passou a viver em sociedade e abdicou parte de sua liberdade, buscando, em contrapartida, normas e regras que garantissem sua liberdade.

Em sentido amplo, o Direito Administrativo pode ser definido como um ramo do Direito Pblico Interno que tem como objetivo a busca pelo bem da coletividade e pelo bem do interesse pblico. A coletividade pode ser compreendida como uma entidade dotada de interesses, direitos, deveres, pretenses e obrigaes.

Os Princpios de direito representam a base fundamental e filosfica de todo ordenamento jurdico em vigor no nosso pas. Sendo um alicerce, os Princpios funcionam como um modelo direcionador de todas as normas jurdicas. O autor Celso Antnio Bandeira de Mello ressaltou a importncia dos Princpios:

Princpio , por definio mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposio que se irradia sobre diferentes normas, compondo-lhes o esprito e servindo de critrio para sua exata compreenso e inteligncia exatamente por definir a lgica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tnica e lhe d sentido harmnico. do conhecimento dos Princpios que preside a inteleco das diferentes partes componentes do todo unitrio que h por nome sistema jurdico positivo. (MELLO, 2012, p.26)Como conceito de Estado podemos apreender ser a pessoa jurdica soberana que realiza seus objetivos por meio da administrao pblica. Os rgos e as pessoas que integram a administrao pblica so responsveis pela realizaodos objetivos elaborados pelo Poder Executivo, que devem estar voltadas para as necessidades da populao, entre elas: segurana, justia, sade, habitao e educao, as quais so essenciais para o desenvolvimento de uma nao livre e soberana.

Nesse sentido, lembra-se o art. 37, caput, da Constituio de 1988, que estabelece que: A administrao pblica direta e indireta e as empresas parestatais da Unio, dos Estados e dos Municpios, encontram-se sujeitos aos Princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficcia.

Antes da Constituio de 1988, os Princpios enumerados no artigo 37 no tinham previso constitucional, mas eram defendidos pela doutrina que entendia que o administrador pblico deve pautar seus atos pelo princpio da legalidade e da moralidade em busca do interesse pblico e do bem comum.

Os Princpios constitucionais referidos acima possuem eficcia plena e aplicao imediata e devem ser observados no apenas pelos administradores, mas tambm pelos integrantes da administrao pblica que exercem atividades operacionais. As condutas que desrespeitam os preceitos norteadores sujeitam seus infratores s responsabilidades previstas em leis prprias e especiais.

Vale ressaltar, entretanto, a existncia de outros Princpios de Direito Administrativo no abordados pelo artigo 37 da Constituio vigente e que so de essencial importncia para uma administrao pblica legal, impessoal, moral, pblica e eficiente. Esses Princpios no constitucionalmente expressos so chamados dePrincpios constitucionais implcitos. Eles possuem a mesma importncia relevante para o estudo em questo apresentado, e sobre esse tema a presente monografia apresentar um estudo, sobre os Princpios implcitos da Administrao Pblica. Na precisa lio do professor Wallace

Os Princpios de direito so positivos, e tanto faz serem explcitos ou implcitos, pois em verdade, eles so enunciados basilares de um ordenamento jurdico que age, reage e interage, inclusive com suas normas, pela perfeita compreenso de seus alicerces fundamentais (os Princpios jurdicos). (MARTINS JNIOR, 2009, p.23)So os principais Princpios implcitos da Administrao Pblica informadores do nosso ordenamento jurdico como um todo: princpio da finalidade, princpio da proporcionalidade, princpio do devido processo legal, princpio da supremacia do interesse pblico, princpio da indisponibilidade, princpio da continuidade, princpio da autotutela, princpio da especialidade, princpio da razoabilidade, princpio do controle jurisdicional da administrao pblica, princpio da motivao, princpio da segurana jurdica e princpio da isonomia.

A monografia apresentar os Princpios bsicos e a forma com que o Estado brasileiro lida com os Princpios implcitos de Administrao Pblica na busca de um Estado Democrtico de Direito mais eficiente e eficaz a partir do sculo XXI.

1.1. JUSTIFICATIVA

Atravs do Direito Administrativo, busca-se melhor compreender os Princpios que regem a Administrao Pblica, bem como as relaes entre Administrao e administrados. O Direito Administrativo tem como propsito final conferir a todos os seus direitos fundamentais.O Estado brasileiro se encontra em constante processo de transformaes internacionais, as quais vm repercutindo na conformao da ordem constitucional e administrativa. Novos conceitos, novas organizaes e relaes vem surgindo, ao mesmo tempo em que os modelos antigos vo sendo reformulados. As frequentes e intensas mudanas so justificadas pela velocidade das relaes globalizadas com suas dinmicas demandas econmicas e mutaes polticas, estas imprimiram intensas alteraes no Direito Administrativo tradicional.

O Direito Administrativo apresenta desafiadora complexidade, sendo terreno de constantes discusses. Este estudo importante para uma formao responsvel e competente, constituindo-se em uma necessidade.

Segundo Maria Sylvia:

Estudando-se o Direito Administrativo desde o seu nascimento, com o Estado de Direito, at os dias atuais, constata-se a ampliao do seu contedo e as frequentes mutaes que vem sofrendo, intensificadas, no direito brasileiro, com a entrada em vigor da Constituio de 1988 e, mais recentemente, das Constituies estaduais. (...) O Direito Administrativo assume, pois, feio nova. No fcil discorrer sobre ele, porque a fase de aprendizado, de interpretao, de assimilao de novos conceitos e Princpios; o momento de elaborao legislativa, doutrinria e jurisprudencial; muita coisa h por fazer. (DI PIETRO, 2012, p. 17)Celso Antnio nos ensina que os Princpios so, na verdade, o verdadeiro farol do ordenamento jurdico:Prprio do ps-positivismo, os Princpios so recepcionados como um verdadeiro farol no ordenamento jurdico, em face da preponderncia axiolgica deles. So convertidos em pedestal normativo sobre o qual assenta toda a construo jurdica dos novos sistemas constitucionais. (...) Dentro desse parmetro, podemos afirmar que a violao a um princpio muito mais grave que a transgresso de uma norma. Ainda de acordo com esse renomado administrativista, vislumbramos que, A desateno ao princpio implica ofensa no a um especfico mandamento obrigatrio, mas a todo sistema de comandos. a mais grave forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalo do princpio violado, porque representa insurgncia contra todo o sistema, subverso de seus valores fundamentais, contumlia irremissvel a seu arcabouo lgico e corroso de sua estrutura mestra. (MELLO, 2012, p. 883)Segundo a professora Carmen Lcia

Os Princpios possibilitam que o valor da Justia assim legitimamente considerado e demonstrado por determinada sociedade poltica se cumpra segundo normas asseguradoras do modelo de vida escolhido, sem impor a petrificao de um determinado paradigma normativo, antes, permitindo que o sistema normativo constitucional amolde-se aos reclamos da sociedade em cada momento histrico, segundo o seu pensar sobre o que seja para ela o modo justo de viver e conviver. (...) Os Princpios constitucionais so, assim, o cerne da Constituio, onde reside a sua identidade, a sua alma. A ordem constitucional forma-se, informa-se e conforma-se pelos Princpios adotados. So eles que a mantm em sua dimenso sistmica, dando-lhe fecundidade e permitindo a sua atualizao permanente. na recriao de seu texto que se permite Constituio renascer, adequando-se ao sentido do Justo que o povo acolhe em cada momento histrico, legitimando-se pelo movimento incessante, mas sem conduzir perda da natureza harmoniosa que preside o sistema e que fica assegurada pela integratividade que a observncia dos Princpios possibilita. (ROCHA, 2011, p. 21-22)O tema PRINCPIOS IMPLCITOS DA ADMINISTRAO PBLICA NO ORDENAMENTO JURDICO DO SCULO XXI tem grande importncia para um novo Estado Democrtico de Direito que se apresenta, a partir do final dos anos 2.000: trata-se de um Estado em que a sociedade mais atuante em busca da tica e eficcia da Administrao Pblica.

Essa nova sociedade democrtica participativa exige o cumprimento dos deveres da Administrao Pblica de uma forma mais ampla e mais objetiva no que diz respeito sua moralidade. Nesse sentido, muitos dos Princpios traados expressamente pela Constituio vigente, na dcada de 80, no se mostram mais adequados para essa atuao global e eficiente do Poder Pblico.

Os Princpios implcitos da Administrao Pblica marcam esse novo tempo de novas expectativas de nossa sociedade, buscando-se ampliar a gama dos Princpios informadores da atuao estatal tica e eficaz.

1.2. Objetivos1.2.1. Objetivos gerais

O principal objetivo desta monografia discorrer acerca dos Princpios administrativos.1.2.2. Objetivos especficos

Os objetivos especficos so: identificar e definir cada um dos os Princpios administrativos explcitos na Constituio Federal identificar e definir cada um dos os Princpios administrativos implcitos mostrar a importncia de se combinar ambos os Princpios para o bem da Administrao Pblica e da sociedade como um todo. 1.3. Metodologia

O mtodo conjunto de processos empregados para a investigao e a demonstrao da verdade, o caminho que deve ser seguido para chegar verdade.Segundo a classificao de Vergara (1997), uma pesquisa pode ser classificada em relao a dois aspectos bsicos: quanto aos fins (objetivos) e quanto aos meios (procedimentos tcnicos).

A pesquisa realizada, quanto aos fins, apresenta carter descritivo porque procura descrever quais so os Princpios da Administrao Pblica.

Quanto aos meios, trata-se de uma investigao cientfica, que a o mesmo tempo uma pesquisa bibliogrfica e documental.

A pesquisa bibliogrfica tem como objetivo o conhecimento das diferentes contribuies cientficas sobre um determinado tema, abrangendo a leitura, anlise e interpretao dos mais diversos meios, como textos, livros, peridicos, documentos mimeografados ou copiados, fotos, manuscritos, etc.Para a pesquisa documental, utilizam-se materiais que nunca receberam tratamento analtico, ou que podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa, diferena essencial entre esta e a pesquisa bibliogrfica, que utiliza contribuies de autores.Neste trabalho foi feita uma pesquisa terica, trabalhando com um arsenal bibliogrfico suficiente e de excelente qualidade, com o objetivo de se aproximar dos problemas. A investigao contemplou uma reviso bibliogrfica rigorosa para sustentar a abordagem do objeto dos Princpios do Direito Administrativo. A bibliografia compreendeu uma gama de materiais disponveis, tais como: livros, doutrinas, artigos em revistas especializadas, dissertaes com informaes pertinentes ao assunto em acervo pessoal e material bibliogrfico encontrado nos meios eletrnicos como a internet e CDROM.De acordo com Srgio, os elementos bsicos da pesquisa so: a formulao de um problema (aquelas perguntas s quais desejamos fornecer respostas consistentes);

a determinao do que necessrio em termos de informao para alcanarmos as respostas almejadas;

a seleo das fontes mais apropriadas;

a definio de um programa de aes que logre viabilizar aquelas informaes

a seleo de um conjunto de critrios para o tratamento das informaes adquiridas

o emprego de um referencial terico para interpretar as informaes

a formulao de respostas para aquelas perguntas lanadas no problema central da pesquisa

a verificao das respostas de acordo com seu ndice de segurana em correo;

o exame do alcance da extenso dos resultados obtidos. (LUNA, 2000, p. 21-33)Quadro 1 Etapas do processo de pesquisaETAPAS DO PROCESSO DE PESQUISA

ETAPA 1

- Problematizao e fundamentaoETAPA 2

- Desenvolvimento dos procedimentos metodolgicosETAPA 3

- Esquema de aplicao dos procedimentos metodolgicos

- Formulao do problema;

- Justificativa;

- Definio do objetivo geral e especficos;

- Desenvolvimento da fundamentao terica.- Definio do universo e amostra;

- Seleo dos sujeitos;

- Instrumentos de pesquisa;

- Definio das etapas para execuo;

- Elaborao de cronograma das atividades.- Coleta dos dados;

- Anlise dos dados;

- Concluses.

2. DOS PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS EXPRESSOS DA ADMINISTRAO PBLICA2.1. NOES GERAIS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

2.1.1. Conceito de Direito Administrativo

O conceito de Direito Administrativo pode ser elaborado de vrias maneiras distintas, dependendo da conotao do autor da obra a ser enfocada, ou seja, de acordo com as informaes e o mecanismo didtico escolhido pelo doutrinador.

2.1.1.1. Conceito de Direito Administrativo Hely Lopes MeirellesSegundo Hely Lopes Meirelles Direito Administrativo o conjunto harmnico de Princpios jurdicos que regem os rgos, os agentes, as atividades pblicas tendentes a realizar, concreta, direta e imediatamente os fins desejados do Estado. Para o autor, a principal caracterstica do Direito Administrativo est justamente no conjunto harmnico de Princpios, aqui estudados de forma mais ampla na presente monografia.

2.1.1.2. Conceito de Direito Administrativo Celso Antnio Bandeira De MelloNa lio de Celso Antnio Bandeira de Mello Direito Administrativo o ramo do Direito Pblico que disciplina o exerccio da funo administrativa. Para o autor, a principal caracterstica apontada de Direito Administrativo est na sua funo disciplinar o exerccio da funo administrativa.

2.1.1.3. Conceito De Direito Administrativo Maria Sylvia Di PietroPara Maria Sylvia Di Pietro Direito Administrativo o ramo do direito pblico que tem por objeto rgos, agentes e pessoas jurdicas administrativas que integram a Administrao Pblica, a atividade jurdica no contenciosa que exerce e os bens de que utiliza para a consecuo de seus fins, de natureza pblica. Para a autora em questo, a principal caracterstica est no seu objeto normativo rgos, agentes e pessoas jurdicas administrativas.

Conforme estudamos os conceitos de Direito Administrativo dos principais autores de nossa poca, podemos traar um esquema bsico e prtico sobre as palavras-chave da essncia de cada conceito, assim sendo:

HELY LOPES MEIRELLES conjunto de PrincpiosCELSO ANTNIO BANDEIRA DE MELLO funo disciplinar [da atividade administrativa]

MARIA SYLVIA DI PIETRO objeto normativo [rgos + agentes + pessoas jurdicas]

2.1.1.4. Desenvolvimento do conceito de Direito AdministrativoO Direito Administrativo o ramo do direito que regula a administrao pblica. Trata-se, portanto, do ordenamento jurdico relativamente sua organizao, aos seus servios e s suas relaes com os cidados. O Direito Administrativo pode enquadrar-se no mbito do direito pblico interno e caracteriza-se por ser um direito comum (aplicvel a todas as atividades), autnomo (tem os seus prprios Princpios gerais), local (est vinculado organizao poltica de uma regio) e exorbitante (excede o mbito do direito privado e no considera um plano de igualdade entre as partes, uma vez que o Estado tem mais poder do que a sociedade civil). Dessa forma, podemos concluir que so as principais caractersticas da denominao de Direito Administrativo:

Direito comum a todos os ramos do direito.

Direito autnomo Princpios gerais prprios, autnomos.

Direito local vinculado organizao poltica de determinada regio.

Direito exorbitante excede o mbito do direito privado, no considera um plano de igualdade entre as partes a ele vinculadas.

As origens do Direito Administrativo remontam ao sculo XVIII, com as revolues liberais que acabaram por derrubar o Antigo Regime. Os novos sistemas polticos contemplaram a existncia de normas jurdicas abstratas, gerais e permanentes para regular as relaes entre o Estado e os cidados. Por outro lado, a nova ordem veio promover o desenvolvimento de instituies para o controlo do Estado, que j no estava nas mos de um monarca absolutista.

O Direito Administrativo na atualidade aplica-se a todos os rgos e instituies atravs dos quais atua a administrao pblica. Estes rgos tm poderes superiores queles de que dispem os particulares poder de imprio. O Direito Administrativo trata de intervir sobre os rgos administrativo sempre que estes atuam fazendo uso dos seus poderes pblicos, aproveitando-se do prprio poder de imprio que rompe o princpio da igualdade.

Pertence ao ramo do Direito Pblico, ou seja, est submetido, principalmente, a regras de carter pblico e considera-se como direito no codificado, pois, no pode ser reunido em uma nica lei e sim em vrias leis especficas, chamadas de legislaes esparsas (ex. Lei de Licitaes, Lei de Improbidade Administrativa, Lei de Processo Administrativo Federal).

O Direito Administrativo ptrio considerado no contencioso, ou seja, no existe a previso legal de Tribunais e Juzes Administrativos ligados ao Poder Judicirio, em face do Princpio da Jurisdio nica, onde a Constituio Federal/88 concede a este Poder a atribuio tpica de julgar os litgios. O Direito Administrativo possui regras que se traduzem em Princpios Constitucionais (que levam este nome por estarem previstos na prpria CF/88. no art. 37, caput) e Princpios Infraconstitucionais (previstos nas legislaes especficas do tema Direito Administrativo). Tem como objeto o Direito Administrativo o estudo da organizao e estrutura da Administrao Pblica. Sendo assim, tomamos por base as principais caractersticas do Direito Administrativo, a saber:Origem Europa [Frana]

Perodo Sc. XVIII Revolues Liberais

Poder de Imprio rompimento do princpio da igualdade

Ramo de Direito Direito Pblico

Estrutura Positivada Direito no codificado [como os demais]

Princpio da Jurisdio nica Direito Administrativo no contencioso

Princpios de Direito Administrativo constitucionais + infraconstitucionais

Objeto do Direito Administrativo organizao e estrutura da Administrao Pblica

2.2. Fontes do Direito Administrativo

O Direito Administrativo, que teve sua origem na Frana na poca do Iluminismo, possui quatro fontes a serem estudadas, so seguintes fontes, que o auxiliam em sua formulao: a Lei, que em sentido amplo, a fonte primria do Direito Administrativo, podendo ser considerada como fonte, as vrias espcies de ato normativo; a Doutrina, formada pelo sistema terico de Princpios aplicveis ao Direito Administrativo; a Jurisprudncia, representada pela reiterao dos julgados sobre um mesmo tema em um mesmo sentido; o Costume, que no Direito Administrativo brasileiro, exerce ainda influncia, em razo da deficincia da legislao, podendo ser representado pela praxe administrativa (atos rotineiros e repetitivos). Dessa forma, podemos esquematizar as fontes de Direito Administrativo da seguinte forma:

Lei fonte primria [lei em sentido amplo]

Doutrina sistema terico de PrincpiosJurisprudncia reiterao dos julgados sobre um mesmo tema + no mesmo sentido

Costumes deficincia da legislao

2.3. Princpios Constitucionais expressos de Direito Administrativo

So considerados Princpios Constitucionais, por estarem localizados no bojo do texto constitucional, e devem ser observados por toda a Administrao Pblica (Direta e Indireta), todas as Esferas de Governo (Federal, Estadual, Distrital e Municipal) e todos os Poderes (Executivo, Legislativo e Judicirio), segundo o caput do art. 37, da CF/88: a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia.

CF/Art. 37. A administrao pblica direta e indireta de qualquer dos Poderes da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios obedecer aos Princpios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficincia. (grifo nosso)2.3.1. Princpio da Legalidade Administrativa

Para uma melhor compreenso do princpio da legalidade, vejamos alguns entendimentos de importncia para o Direito Administrativo prolatados pelo STF Supremo Tribunal Federa sobre o tema:

RE N 597366 DF 2011 REL. MIN. AYRES BRITTO

Trata-se de AGRAVO REGIMENTAL em RECURSO EXTRAORDINRIO sobre concursos pblicos e o controle jurisdicional. No presente julgamento, o STF entendeu que no est imune ao controle jurisdicional a anlise da compatibilidade entre o contedo descrito no edital e as questes apresentadas na prova objeto do certame, conforme o princpio da legalidade. Sendo assim, cabe o controle do Poder Judicirio entre a compatibilidade do que cobrado num concurso pblico, se est constando no edital as determinadas questes.

...................................................................................................

AI N 802357 BA 2011 REL. MIN. LUIZ FUX

Trata-se de AGRAVO REGIMENTAL por violao do PRINCPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL na demisso de servidor pblico, bem como infrao ao PRINCPIO DA AMPLA DEFESA e PRINCPIO DO CONTRADITRIO. Assim determina o entendimento: o PRINCPIO DA LEGALIDADE, O PRINCPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, o PRINCPIO DA AMPLA DEFESA e o PRINCPIO DO CONTRADITRIO, bem como a verificao dos limites da coisa julgada e da motivao das decises judiciais quando a verificao da violao dos mesmos depende de reexame prvio de normas infraconstitucionais, revela OFENSA INDIRETA ou OFENSA REFLEXA Constituio Federal.

..................................................................................................

ARE N 691805 RS 2011 REL. MIN. DIAS TOFFOLI

Trata-se de AO DE REPERCUSSO GERAL por se tratar de restituio aos cofres pblicos de valores pagos indevidamente a beneficirio de boa f, considerando-se os Princpios: PRINCPIO DA LEGALIDADE, PRINCPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, PRINCPIO DO CONTRADITRIO E PRINCPIO DA AMPLA DEFESA E PRINCPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA.

O princpio da legalidade administrativa considerado pela doutrina como um princpio genrico, pois, todos os outros Princpios (constitucionais e infraconstitucionais) derivam deste, sendo, portanto, o princpio norteador mais importante a ser observado pela Administrao Pblica. Por este princpio podemos afirmar que o Estado s faz aquilo que a lei determinar, ou seja, um ato legal, legtimo aquele praticado de acordo com os ditames legais.

O cidado pode fazer tudo o que a lei no proibir, segundo o art. 5, II, da CF/88, mas, o agir da Administrao Pblica necessita estar previsto em lei, esta deve agir quando, como e da forma que a lei determinar. O ato administrativo praticado pelo Agente Pblico sem a observncia da legalidade torna o ato nulo de pleno direito, tendo em vista, a presena de um vcio insanvel em sua estrutura, chamado de ilegalidade.

2.3.2. Princpio da Moralidade Administrativa

Para uma melhor compreenso do princpio da moralidade administrativa, vejamos alguns entendimentos de importncia para o Direito Administrativo prolatados pelo STF Supremo Tribunal Federa sobre o tema:

AI N 842925 SP 2011 REL. MIN. LUIZ FUX

Trata-se de AGRAVO REGIMENTAL em AGRAVO DE INSTRUMENTO em AO CIVIL PBLICA. Atos de improbidade administrativa por nomeao de apadrinhados em cargos de confiana. Violao ao PRINCPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA. Observncia da SMULA N 279 STF...................................................................................................................

ARE N 653077 MG 2012 REL. MIN. JOAQUIM BARBOSA

Trata-se de RECURSO EXTRAORDINRIO interposto de acrdo do TJMG sobre a demisso de servidor com a no aplicao das penas mais leves. Violao do PRINCPIO DA MORALIDADE ADMINISTRATIVA [BOA F], PRINCPIO DA RAZOABILIDADE e PRINCPIO DA PROPORCIONALIDADE. Se a Administrao Pblica deixa de aplicar ao servidor as penas de advertncia e suspenso, mais leves, e que antecedem pena mxima de demisso, e aguarda a configurao, pela reincidncia, da hiptese prevista para a aplicao da pena mxima, surpreende indevidamente o servidor, violando os Princpios acima expostos e ensejando a nulidade do ato demissional.

..................................................................................................................

AI N 7955559 MT 2012 REL. MIN. CARMEN LCIA

Trata-se de AGRAFO DE INSTRUMENTO sobre improbidade administrativa contra deciso que no admitiu RECURSO EXTRAORDINRIO. Publicidade da Administrao Pblica. Promoo pessoal do agente pblico. Ofensa aos PRINCPIOS DA IMPESSOALIDADE E DA MORALIDADE. Veiculao de imagem do administrador.

A Administrao Pblica impem ao Agente Pblico que pratica o ato administrativo um comportamento tico, jurdico, adequado. No basta a simples previso legal que autorize o agir da administrao pblica, necessrio que alm de legal, o ato administrativo tambm seja aceitvel do ponto de vista tico-moral, segundo o que est expresso no artigo 37, 4 da CF/88.

O conceito jurdico de moralidade de difcil elaborao, pois, considera elementos subjetivos para a sua formao. Elementos estes que podem se modificar de acordo com a sociedade, a base territorial e a poca em que formulado. Razo pela qual a lei pertinente ao assunto, Lei de Improbidade Administrativa, Lei n 8.429/92, no faz meno a um conceito de moralidade, mas, sim a sanes a serem aplicadas aos que praticarem atos considerados como sendo de improbidade administrativa, ou seja, atos imorais do ponto de vista administrativo. 2.3.3. Princpio da Impessoalidade Administrativa

Vejamos alguns entendimentos do STF Supremo Tribunal Federal sobre o tema:

CF/Art. 37, 6. As pessoas jurdicas de direito pblico e as de direito privado prestadoras de direito pblico respondero pelos danos que seus agentes, nesta qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsvel nos casos de dolo ou culpa.

AI N 7955559 MT 2012 REL. MIN. CARMEN LCIA

Trata-se de AGRAFO DE INSTRUMENTO sobre improbidade administrativa contra deciso que no admitiu RECURSO EXTRAORDINRIO. Publicidade da Administrao Pblica. Promoo pessoal do agente pblico. Ofensa aos PRINCPIOS DA IMPESSOALIDADE e MORALIDADE. Veiculao de imagem do administrador.

..................................................................................................................

AI N 824460 SP 2010 REL. MIN. CARMEN LCIA

Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO sobre matria trabalhista [cesta bsica]. PRINCPIO DA ISONOMIA. No se considera plausvel que uma situao que nasceu sob o manto da ilegalidade possa gerar efeitos a terceiros sob o argumento de ofensa ao PRINCPIO DA ISNOMIA. A jurisprudncia do Supremo Tribunal assentou que a equiparao salarial por isonomia no pode ser concedida por deciso judicial, sendo necessria a edio de lei especfica para tanto. SMULA N 339 STF.

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MS N 31187 DF 2010 REL. MIN. JOAQUIM BARBOSA

Trata-se de MANDADO DE SEGURANA sobre matria relativa ao preenchimento de vaga, por merecimento, de desembargador do TJ Amap. O impetrante afirma que aps regular procedimento administrativo foi promovido, por merecimento, ao cargo de desembargador do TJAP. Tanto pela incidncia do PRINCPIO DA IMPESSOALIDADE como pela incidncia do PRINCPIO DA MORALIDADE, faz-se mister reconhecer o impedimento de juiz que ostenta parentesco com uma das partes.

O agir da Administrao Pblica no se confunde com a pessoa fsica de seu agente, at porque este age com base na lei, tendo esta a caracterstica de ser genrica (erga ommes contra todos). Significa que o agir da administrao pblica no pode prejudicar ou beneficiar o cidado individualmente considerado. Impe ao Administrador Pblico que s pratique o ato para o seu fim legal; e o fim legal unicamente aquele que atinge o bem da coletividade.

Podemos conceituar o Princpio da Impessoalidade de trs maneiras distintas (todos estes conceitos so aceitos pelos examinadores das bancas de concurso pblico):

Segundo Hely Lopes Meirelles o Princpio da Impessoalidade pode ser considerado como sinnimo do Princpio da Finalidade, em que impe ao administrador pblico que s pratique o ato para o seu fim legal; e o fim legal unicamente aquele que a norma de Direito indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato, de forma impessoal. Ainda, como o princpio da finalidade exige que o ato seja praticado sempre com finalidade pblica, o administrador fica impedido de buscar outro objetivo ou de pratic-lo no interesse prprio ou de terceiros.

Segundo Celso Antnio Bandeira de Mello, a impessoalidade se confunde com o conceito do Princpio da Isonomia, no qual fica vedada a prtica de ato administrativo sem interesse pblico ou convenincia para a Administrao, visando unicamente a satisfazer interesses privados, por favoritismo ou perseguio dos agentes governamentais, sob forma de desvio de finalidade, configurando seno o prprio princpio da isonomia. Segundo ainda, outros doutrinadores, a impessoalidade o fundamento para a Responsabilidade Objetiva do Estado, ou seja, o agir da Administrao Pblica no se confunde com a pessoa fsica de seu agente, at porque este age com base na lei. Dessa forma, o conceito de princpio da impessoalidade depende do foco dado pelo autor matria, sendo assim definido: IMPESSOALIDADE = FINALIDADE [Hely Lopes Meirelles]

IMPESSOALIDADE = ISONOMIA [Celso Antnio Bandeira de Mello]Significa que o Agente Pblico um mero instrumento do Estado na consecuo de seus fins, ou seja, ao praticar o ato administrativo, na verdade, o Agente Pblico executa a vontade do Estado e no sua vontade pessoal.

2.3.4. Princpio da Publicidade Administrativa

Vejamos alguns entendimentos do STF Supremo Tribunal Federal sobre o tema:

HC N 102819 DF 2011 REL. MIN. MARCO AURLIO

Trata-se de AO CONTROLADA sobre ambivalncia da Administrao Pblica. A denominada ao controlada surge ambivalente, no devendo ser glosada em se tratando do dia a dia da Administrao Pblica, em que os desvios de conduta so escamoteados. Inqurito PUBLICIDADE que norteia a Administrao Pblica, desgua na busca pela EFICINCIA, ante o acompanhamento pela sociedade.

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AI N 805366 MT 2012 REL. RICARDO LEWANDOWSKI

Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO sobre deciso que negou seguimento a RECURSO EXTRAORDINRIO. EXIBIO DE DOCUMENTOS. PRINCPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS DA ADMINISTRAO PBLICA. A exibio de todos os documentos requeridos na inicial deve ser deferida, por se tratarem de documentos revestidos do PRINCPIO DA PUBLICIDADE DO ATO ADMINISTRATIVO.

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SS N 3902 SP 2011 REL. MIN. AYRES BRITTO

Trata-se de processo sobre SUSPENSO DE SEGURANA e divulgao em stio eletrnico de informaes funcionais de servidores pblicos, inclusive a respectiva remunerao. A prevalncia do PRINCPIO DA PUBLICIDADE administrativa outra coisa no seno um dos mais altaneiros modos de concretizar a Repblica enquanto forma de governo. Se, por um lado, h um necessrio modo republicano de administrar o Estado brasileiro, de outra parte a cidadania mesma que tem o direito de ver o seu Estado republicanamente administrado.

O princpio da publicidade administrativa diz respeito imposio legal da divulgao no rgo Oficial (Dirio Oficial da Unio, Dirio do Minas Gerais, Dirio Oficial do Municpio) do ato administrativo, como regra geral, no intuito do conhecimento do contedo deste pelo Administrado e incio de seus efeitos externos. A publicidade do ato administrativo o torna exequvel, ou seja, passvel de ser exigido pela Administrao Pblica, a sua observncia. Vejamos a seguir alguns entendimentos do STF Supremo Tribunal Federal sobre o tema.Nem todos os atos administrativos necessitam de divulgao oficial para serem vlidos. Existem excees onde esta publicidade ser dispensada, conforme previsto no art. 5, inciso LX, da C.F./88, como nos casos de:

assuntos de segurana nacional;

investigaes policiais;

interesse superior da Administrao Pblica.

2.3.5. Princpio da Eficincia Administrativa

Veja alguns exemplos do princpio da eficincia administrativa no entendimento do STF Supremo Tribunal Federal.

AI N 703704 SP 2012 REL. MIN. JOAQUIM BARBOSA

Trata-se de processo sobre AGRAVO DE INSTRUMENTO contra RECURSO EXTRAORDINRIO interposto de acrdo do TJSP. Trata de licenciamento eletrnico do DETRAN que atende ao PRINCPIO DA EFICINCIA. A fundamentao do RECURSO EXTRAORDINRIO impede a exata compreenso da controvrsia, impondo-se a aplicao da SMULA N 284.

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HC N 102819 DF 2011 REL. MIN. MARCO AURLIO

Trata-se de AO CONTROLADA sobre ambivalncia da Administrao Pblica. A denominada ao controlada surge ambivalente, no devendo ser glosada em se tratando do dia a dia da Administrao Pblica, em que os desvios de conduta so escamoteados. Inqurito PUBLICIDADE que norteia a Administrao Pblica, desgua na busca pelo PRINCPIO DA EFICINCIA, ante o acompanhamento pela sociedade.

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AI N 730490 RJ 2009 REL. MIN. CEZAR PELUSO

Trata-se de AGRAVO DE INSTRUMENTO contra deciso que negou processamento a RECURSO EXTRAORDINRIO interposto de acrdo do TJRJ. CERTIDO DE BITO. Alegao da autoridade da impossibilidade tcnica na identificao das substncias txicas que provocaram a morte do filho da impetrante que se afasta ante o PRINCPIO DA EFICINCIA que rege a Administrao Pblica. Existncia dos requisitos da responsabilidade estatal, em razo da demora injustificada na elaborao de laudo conclusivo acerca da substncia que ensejou a morte do cidado.

O princpio da eficincia no estava previsto no texto constitucional original da C.F./88, tal princpio foi o nico acrescentado C.F. atravs da Emenda Constitucional n. 19/98, que trata da Reforma Administrativa do Estado. Ao ser inserido no caput do art. 37, da C.F./88, o Princpio da Eficincia, implantou-se no Brasil a Administrao Pblica Gerencial. As Avaliaes Peridicas de Desempenho, que geram a estabilidade flexvel do servidor, e o Contrato de Gesto, so exemplos desta nova cultura que passa a ser instalada no mbito interno da Administrao Pblica.

3. DOS PRINCPIOS IMPLCITOS DA ADMINISTRAO PBLICA

A partir deste captulo trataremos dos principais Princpios implcitos da Administrao Pblica informadores do nosso ordenamento jurdico como um todo, apresentando de forma pormenorizada a forma com que o Estado brasileiro lida como os Princpios implcitos de Administrao Pblica na busca de um Estado Democrtico de Direito mais eficiente e eficaz a partir do sculo XXI.

So os principais Princpios Implcitos de Administrao Pblica: Princpio da Supremacia do Interesse Pblico, Presuno de Legitimidade ou Presuno de Legalidade, Princpio da Continuidade do Servio Pblico, Princpio da Isonomia ou Princpio da Igualdade, Princpio da Igualdade ou Princpio da Razoabilidade, Princpio da Motivao, Princpio da Ampla Defesa e Contraditrio, Princpio da Indisponibilidade ou Poder-Dever, Princpio da Autotutela e Princpio da Segurana Jurdica.

3.1. Supremacia do Interesse Pblico

Conforme o estudo da jurisprudncia, vejamos alguns exemplos da Supremacia do Interesse Pblico sobre o interesse particular, em diferentes reas do Direito Administrativo:TJSP - APELAO APL 992060337310 SP (TJSP)

licitao mandado de segurana transporte coletivo alegao de irregularidades no processo licitatrio inexistncia trajeto situado dentro do mesmo municpio hipteses de caducidade da concesso que obedecem ao princpio da razoabilidade e do princpio da supremacia do interesse pblico sobre o particular recurso improvido.

[...]

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TJPR - ACAO CAUTELAR AC 8841474 PR 884147-4

plano de expanso telefnica contrato de mtuo ao improcedente ausncia de infringncia da da supremaciado interesse pblico devoluo dos emprstimos devida valor da condenao deve ser apurado em liquidao apelao provida.

TJPR - ACAO CAUTELAR AC 8841474 PR 884147-4 (Acrdo) (TJPR)

O interesse pblico deve prevalecer sobre o interesse privado, conforme o Princpio da Supremacia do Interesse Pblico porque o Estado no defende apenas direitos individuais, mas tambm os interesses coletivos, e os interesses coletivos sero sempre imperativos em relao aos interesses individuais. Mas isso no significa que os direitos individuais no so respeitados pelo Estado, ao contrrio, sero sempre defendidos por meio dos Direitos Fundamentais. Um exemplo da Supremacia do Interesse Pblico a poder institucional do Estado em praticar atos administrativos, colocando o particular em desigualdade em relao ao Poder Pblico.

Uma forma de se visualizar a Supremacia do Interesse Pblico sobre o interesse particular a situao da Desapropriao por Utilidade Pblica. Havendo interesse pblico em que determinado imvel particular seja disponibilizado para a construo de uma creche, o Estado se depara com o problema da propriedade particular que no est disponvel para a construo da creche. Por isso, permite-se que, mediante uma indenizao (art. 5, XXIV, CR/88), o Estado possa tomar essa propriedade particular para a construo da creche, a construo seria o chamado interesse pblico.

Outra forma de percebermos a Supremacia do Interesse Pblico sobre o interesse particular a questo da Requisio Administrativa; trata-se da solicitao do Estado de determinado bem particular, previsto no art. 5, XXV da CR/88. No existe uma forma jurdica do particular questionar a deciso administrativa, tendo-se em vista a Supremacia do Interesse Pblico sobre o particular, porque o interesse pblico indisponvel.

3.2. Presuno de Legitimidade ou Presuno de Legalidade

A respeito do Princpio da Legalidade, com presuno de legitimidade, percebemos um julgado do STF sobre o tema:

STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINRIO RE 449192 MS

Ementa: ementa agravo regimental no recurso extraordinrio. ipva. majorao da base de clculo por decreto. impossibilidade. alegada infringncia ao princpio da legalidade. ofensa constitucional meramente reflexa no caso concreto. precedentes. 1. o tribunal de origem concluiu que a majorao da base de clculo do ipva, por decreto, violaria o princpio da reserva legal. 2. pacfica jurisprudncia deste tribunal no sentido de ser inadmissvel, em recurso extraordinrio, a anlise de violao do princpio.

encontrado em, por decreto, violaria o princpio da reserva legal. 2. pacfica jurisprudncia... de violao do princpio da legalidade, quando, para tanto, mostra-se necessria... de clculo por decreto.

[...]

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TJDF - APELAO CVEL APL 416036920098070001 DF 0041603-69.2009.

Ementa: administrativo. conduo de veculo sob a influncia de lcool. teste de alcoolemia. sinais de embriaguez. ato administrativo. presuno de legalidade e legitimidade. nulidade do auto de infrao e multa no configurada. i o ato administrativo goza de presuno de legalidade e legitimidade, a qual somente pode ser ilidida por intermdio de prova contundente em sentido contrrio. ii no h se falar em nulidade do auto de infrao se comprovado o cometimento da infrao que o ensejou e observad...

ENCONTRADO EM: DE ALCOOLEMIA. SINAIS DE EMBRIAGUEZ. ATOADMINISTRATIVO. PRESUNO DE LEGALIDADE E LEGITIMIDADE. NULIDADE DO AUTO DE INFRAO E MULTA NO CONFIGURADA

Tambm chamado por alguns autores de Presuno de Legalidade, parte-se do pressuposto que os atos administrativos praticados pelo Estado devem estar sempre de acordo com a lei. Sabe-se, contudo, que nem sempre essa a realidade da vida prtica, muitas vezes percebe-se que os atos administrativos so praticados em desacordo com os seus requisitos.

Por isso chamamos que o Princpio da Presuno de Legitimidade, ou chamado de Princpio de Legalidade, de uma presuno relativa. A presuno relativa, tambm conhecida como juris tantum, nos ensina que possvel uma realizao de prova em contrrio. Essa prova em contrrio ocorre por meio de lei apenas; sendo possvel que o particular consiga provar, por meio da lei, que um ato administrativo seja realizado em desacordo com a legislao, possvel a correo desse ato administrativo, a ilegalidade pode levar anulao do ato administrativo.

3.3. Princpio da Continuidade do Servio Pblico

Apesar de no haver regulamentao sobre a continuidade do servio pblico, importante perceber que a jurisprudncia trata do tema, traando determinados limites nesse sentido:

TJPR - 7569313 PR 756931-3 (ACRDO) (TJPR)

Ementa: Agravo de instrumento. Ao civil pblica. Concesso de antecipao de tutela suspenso parcial de concurso. Inadmissibilidade normas constantes do edital. Preservao e continuidade dos servios pblicos essenciais. Deciso reformada. Recurso provido. Acordam os desembargadores integrantes da 5 cmara cvel do tribunal de justia do Paran, unanimidade de votos, em dar provimento ao recurso, nos termos do voto do relator. [...]

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TJRS - APELAO CVEL AC 70046448759 RS (TJRS)

Ementa: Apelao cvel. Fornecimento de energia eltrica. Irregularidade no medidor. Liminar concedida para manuteno do fornecimento do servio tornada definitiva. Princpio da continuidade do servio pblico. Culpa do usurio no comprovada. Apelo desprovido. (APELAO CVEL N 70046448759, SEGUNDA CMARA CVEL, TRIBUNAL DE JUSTIA DO RS, RELATOR: SANDRA BRISOLARA MEDEIROS, JULGADO EM 28/03/2012).

O Princpio da Continuidade do Servio Pblico ensina que os servios pblicos oferecidos pela Administrao Pblica coletividade devem ser prestados de maneira contnua, sem interrupes, no podendo ser suspensos sem a comunicao prvia das autoridades pertinentes aos administrados.

O princpio sendo analisado percebido na prtica em relao ao direito de greve, por exemplo. O princpio previsto no art. 37, VII, CR/88 ainda no possui regulamentao legal. Portanto, o direito de greve permitido no Brasil, desde que os servios essenciais de sade e segurana estejam garantidos. Mas essa regulamentao ainda no est prevista no regulamento brasileiro, com exceo para o militar; ao militar no permitido o direito de greve.

3.4. Princpio da Isonomia ou da Igualdade

O Princpio da Isonomia ou da Igualdade no deve ser compreendido como um princpio isolado em Direito, possuindo vrias implicaes desse princpio nos institutos do Direito Administrativo que traduzem a importncia desse princpio: licitao (art. 37, XXI, da CF/88), provimento de cargos mediante concurso pblico (art. 37, II, da CF/88).

STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINRIO RE 392439 RS (STF)

Penso vivo condio para percepo do benefcio Ofensa ao princpio da isonomia. Inconstitucionalidade. Precedente do plenrio ao julgar o recurso extraordinrio n 385.397-0/mg, o plenrio assentou ofender o princpio da isonomia legislao local que prev exigncia. A invalidez para o vivo de servidora pblica ter direito a penso. Aguardando indexao deciso: a turma negou provimento ao agravo regimental no recurso extraordinrio, nos termos do voto do relator. Unnime.

[...]

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STF - AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 825545 PE (STF)

Agravo regimental no agravo de instrumento. Administrativo. Concurso pblico. Prova fsica. Remarcao. Possibilidade. Ofensa ao princpio da isonomia. Inocorrncia. Precedentes. Agravo improvido. I - A jurisprudncia desta corte firmou-se no sentido de que no implica em ofensa ao princpio da isonomia a possibilidade de remarcao da data de teste fsico, tendo em vista motivo de fora maior. II - Agravo regimental improvido.

Segundo o jurista Celso Antnio Bandeira de Mello, o princpio da igualdade impe Administrao Pblica a vedao de qualquer espcie de favoritismo ou desvalia em proveito ou detrimento de algum. Segundo o autor, no sendo o interesse pblico algo sobre que a Administrao dispe a seu talante, mas, pelo contrrio, bem de todos e de cada um, j assim consagrado pelos mandamentos legais que o erigiram categoria de interesse desta classe, impe-se, como consequncia, o tratamento impessoal, igualitrio ou isonmico que deve o Poder Pblico dispensar a todos os administrados.

3.5. Princpio da Razoabilidade e ProporcionalidadeVejamos dois julgados, o primeiro a respeito do Princpio da Razoabilidade e o segundo acerca do Princpio da Proporcionalidade:

TJSP - APELAO APL 9232257972007826 SP 9232257-97.2007.8.26.0000

Responsabilidade civil. Acidente de trnsito. Atropelamento. Indenizao a ttulo de danos morais. Aplicao dos Princpios da Razoabilidade e Proporcionalidade. Majorao do quantum indenizatrio. Cabimento. O quantum indenizatrio a ttulo de danos morais deve ser arbitrado moderadamente pelo juiz, dentro dos ditames dos Princpios da Razoabilidade e Proporcionalidade, atendendo dor da vtima com a anlise econmica dos envolvidos. Recurso parcialmente procedente.

[...]

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TJRS - AGRAVO AGV 70049146640 RS (TJRS)

Ementa: agravo em execuo. Posse de aparelho celular. Princpio da proporcionalidade. A circunstncia de estar na posse de aparelho celular, embora possa caracterizar a falta como sendo grave, os seus efeitos podem ser modulados pelo julgador. Aplicao do princpio da proporcionalidade. Agravo desprovido. (AGRAVO N 70049146640, TERCEIRA CMARA CRIMINAL, TRIBUNAL DE JUSTIA DO RS, RELATOR: NEREU JOS GIACOMOLLI, JULGADO EM 28/06/2012).

Segundo Hely Lopes Meirelles, o Princpio da Razoabilidade visa a proibir o excesso, no sentido de aferir a compatibilidade entre meios e fins de modo a evitar restries desnecessrias ou abusivas por parte da Administrao Pblica, com leso aos direitos fundamentais. Dessa forma, veda a imposio pelo Poder Pblico, de obrigaes e sanes em grau superior quelas estritamente necessrias ao atendimento do interesse pblico. Assim, se o administrador adotar medida manifestamente inadequada para alcanar a finalidade da norma, estar agindo em detrimento do princpio da razoabilidade. Embora a Lei n 9.784/99 refira-se separadamente ao princpio da razoabilidade e ao da proporcionalidade, a ideia deste envolve a daquele e vice-versa.

Isso porque, como adverte Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o Princpio da Razoabilidade exige proporcionalidade entre os meios utilizados pela Administrao e os fins que ela deve alcanar. A emisso de um ato administrativo que contenha razoabilidade e proporcionalidade est ligada aos atos de natureza discricionria (poder de escolha, opo, margem de oportunidade e convenincia oferecida pelo Estado ao Agente Pblico na prtica de determinados atos administrativos).

3.6. Princpio da Motivao

O Princpio da Motivao importante para os julgados brasileiros, conforme se demonstra no seguinte julgamento:

TJRS - Apelao Cvel AC 70049044704 RS (TJRS)

Ementa: apelao cvel. Negcios jurdicos bancrios. Ao revisional. Contrato de emprstimo. Afronta ao artigo 514 , II , CPC . Princpio da motivao: recurso da autora conhecido somente em relao aos temas em que apresentada insurgncia especificada e fundamentada da sentena, em respeito regra do art. 514 , II , do CPC e ao princpio da motivao. Cerceamento de defesa. Inocorrncia: encontrado em: apelao cvel. negcios jurdicos bancrios. ao revisional. Contrato de emprstimo. Afronta ao artigo 514 , II , do CPC. Princpio da motivao: recurso... , do CPC e ao princpio da motivao. Cerceamento de defesa. Inocorrncia.

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TJDF - Apelao Cvel APL 71577920108070009 DF 0007157-79.2010.8..

Ementa: sentena. Apelao cvel. impugnao especfica. ausncia. Razes de recurso. Reproduo da petio Inicial. Princpio da motivao recursal. Ofensa. No conhecimento. No merece conhecimento a apelao interposta em ofensa ao princpio da motivao recursal, quando o recorrente deixa de combater especificamente os argumentos contidos no decisum recorrido e de indicar expressamente a existncia de vcio na deciso, restringindo-se a reproduzir as alegaes contidas na petio inicial.

Com base nesse princpio, exige-se do administrador pblico a indicao dos fundamentos de fato e de direito que motivaram suas aes. A Administrao Pblica est obrigada a agir na conformidade da lei, todos os seus atos devem trazer consigo a demonstrao de sua base legal bem como das razes de fato que ensejaram a conduta administrativa.

Trata-se, portanto, de formalidade essencial para permitir o controle da legalidade dos atos administrativos. Nesse sentido, forma de salvaguardar os administrados do capricho dos governantes. O que existe na Administrao Pblica atualmente, uma orientao, um norte, repassado aos Administradores Pblicos na qual os atos administrativos ao serem emitidos, independente da sua natureza, ou seja, vinculados ou discricionrios, devam ser fundamentados, motivados, a fim de se garantir futuros direitos dos administrados e facilitar a prestao de contas inerentes aos Administradores Pblicos.

3.7. Princpio da Ampla Defesa e Contraditrio

O Princpio da Ampla Defesa e o Princpio do Contraditrio so alguns dos exemplos em que o Poder Judicirio se debrua nos julgados em 2012, vejamos:

STF - AG.REG. NO AGRAVO DE INSTRUMENTO AI 738304 SP (STF)

Ementa: Processo civil. Alegao de violao do princpio da ampla defesa e do contraditrio. Matria infraconstitucional. Reexame incabvel no mbito do recurso extraordinrio. Negativa de prestao jurisdicional no configurada. Agravo regimental a que se nega provimento. Aguardando indexao deciso: a turma negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto da relatora. unnime. PRESIDNCIA DO SENHOR MINISTRO DIAS TOFFOLI. 1 TURMA, 13.3.2012.

ENCONTRADO EM: PROCESSO CIVIL. ALEGAO DE VIOLAO DO PRINCPIO DA AMPLA DEFESAE DO CONTRADITRIO. MATRIA INFRACONSTITUCIONAL. REEXAME INCABVEL NO MBITO DO RECURSO EXTRAORDINRIO. NEGATIVA DE PRESTAO JURISDICIONAL NO CONFIGURADA.

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STF - AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINRIO RE 592836 SC (STF)

Ementa: Agravo regimental no recurso extraordinrio. Servidor pblico. Alterao de composio das verbas que integram seus vencimentos, implicando reduo de seu montante. Respeito aos Princpios do Contraditrio e da Ampla Defesa. Necessidade. precedentes. 1. A jurisprudncia desta corte assentou que a alterao de qualquer ato administrativo cuja edio reflita em interesses individuais deve ser precedida de oitiva do interessado, em respeito aos Princpios do Contraditrio e da Ampla Defesa.

O sentido desse princpio, no mbito da Administrao Pblica, o de oferecer aos administrados a garantia de que no sero surpreendidos com restries sua liberdade, sem as cautelas preestabelecidas para sua defesa. Tal princpio encontra guarita no art. 5, inciso LV, da C.F./88, que diz: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ele inerentes.

3.8. Princpio da Autotutela

O Princpio da Autotutela uma questo abordada pelos nossos tribunais, em todos os tipos de recursos cabveis pela legislao brasileira como vemos a seguir:

TJDF - APELAO CVEL APL 133183720078070001 DF 0013318-37.2007.

Ementa: Administrativo. Licena-prmio gozada indevidamente. Restituio de valores. Boa-f. 1. A administrao pblica, em razo do princpio da autotutela, pode e deve anular seus prprios atos, quando ilegais (smula 473 do stf). 2. No entanto a anulao do ato no a autoriza descontar, na folha de pagamento do servidor, o que, em razo de concesso de licena-prmio, a administrao pagou por erro, mxime se o servidor recebeu de boa-f verba de natureza alimentar. 3. Apelao provida.

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TJSP - APELAO APL 5359820098260458 SP 0000535-98.2009.8.26.0458...

Ementa: administrativo. estrada municipal. 1. bem de uso comum do povo, porquanto insuscetvel de apossamento, no pode ser objeto de ao possessria, movida por particular sob o fundamento de defesa de servido aparente de passagem. 2. pode o poder pblico com amparo no princpio da autotutela e com base em recomendao de rgo tcnico alterar traado de estrada municipal, ainda que seja centenrio o anterior ou que resulte aumento da distncia por percorrer. mera comodidade no merece albergue.

O Estado tem o dever de fiscalizar a emisso dos seus atos administrativos, para isto, conta com um mecanismo que possui trs espcies de controle: a anulao, a revogao e a convalidao dos atos administrativos. Na anulao do ato administrativo, este se faz em virtude da existncia de uma ilegalidade, uma ilicitude, ou seja, de um vcio insanvel, que no pode ser suprido, tendo em vista, a ausncia de um requisito fundamental para a formao deste ato (competncia, finalidade ou forma); quando a Administrao Pblica detectar a existncia de um ato administrativo passvel de ser anulado, este se far de forma vinculada, obrigatria, por imposio legal.

Caso a Administrao Pblica no anule o seu prprio ato ilcito, caber ao Poder Judicirio faz-lo, mediante ao judicial (Mandado de Segurana, Ao Popular, Ao Civil Pblica), por provocao do interessado.

Na revogao, a Administrao Pblica revoga um ato perfeito, mas, no mais conveniente e nem oportuno para esta; trata-se de um ato discricionrio, com uma certa margem de poder de opo, escolha, faculdade; somente a prpria Administrao Pblica poder revogar os seus atos, no recaindo esta possibilidade sobre o Pode Judicirio.

Na convalidao (convalidar consertar, suprir uma ausncia), a Administrao Pblica pratica um ato Administrativo que contm um vcio sanvel em um dos seus requisitos de formao do ato (motivo ou objeto), ou seja, comete uma ilicitude passvel de ser suprida; a convalidao se faz de forma discricionria; somente a prpria Administrao Pblica poder convalidar os seus atos, no recaindo esta possibilidade sobre o Pode Judicirio.

3.9. Princpio da Segurana Jurdica

O Princpio da Segurana Jurdica um dos mais importantes Princpios de nosso ordenamento jurdico, razo pela qual se orienta por diversos julgados como percebemos a seguir, ambas do ano de 2012:

TJSP - APELAO APL 9212748202006826 SP 9212748-20.2006.8.26.0000...

ementa: complementao de aposentadoria leis estaduais ns. 1.386 /51, 4.819 /58 e 200 /74 suspenso por fora de ato administrativo impossibilidade princpio da segurana jurdica recursos improvidos. "em observncia aos Princpios da Segurana Jurdica e da boa-f, descabida a suspenso da complementao de aposentadoria, por fora de ato administrativo, pois h muito o benefcio vinha sendo pago aos ex-ferrovirios.

[...]

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TJRS - APELAO CVEL AC 70046965349 RS (TJRS)

ementa: administrativo. certificado de registro e licenciamento de veculo. incluso de caracterstica. princpio da seguranajurdica. caso concreto. possibilidade. ilegitimidade passiva do titular do crva. responsabilidade do detran. compete ao detran proceder a alterao de certificado de registro e licenciamento de veculo crlv, com a incluso de caracterstica especfica (turbo), que j constava de anteriores crlv expedidos pela autarquia, em ateno ao princpio da segurana jurdica, impondo-...

ENCONTRADO EM: DE CARACTERSTICA. PRINCPIO DA SEGURANA JURDICA. CASO CONCRETO. POSSIBILIDADE... DE ANTERIORES CRLV EXPEDIDOS PELA AUTARQUIA, EM ATENO AO PRINCPIO DA SEGURANA JURDICA, IMPONDO-SE, NO CASO, O RECONHECIMENTO DA ILEGITIMIDADE PASSIVA.

Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro, o princpio da segurana jurdica foi expressamente previsto como de observncia obrigatria pelo Administrador Pblico com o objetivo de vedar a aplicao retroativa de nova interpretao de lei no mbito da Administrao, conforme disposto no inciso XIII do pargrafo nico do art. 2 da Lei n 9.784/99:

Pargrafo nico. Nos processos administrativos sero observados, entre outros, os critrios de:

[...]

XIII interpretao da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim pblico a que se dirige, vedada a aplicao retroativa de nova interpretao.

Como lembra a autora, o princpio se justifica pelo fato de ser comum, na esfera administrativa, a mudana de interpretao de determinadas normas legais, afetando situaes j reconhecidas e consolidadas na vigncia de orientao anterior. E isso gera insegurana jurdica, pois os interessados nunca sabem quando sua situao ser passvel de ser contestada pela prpria Administrao. Este princpio se destaca no respeito que a Administrao Pblica deva ter quanto ao direito adquirido, coisa julgada e ao ato jurdico perfeito praticados em defesa do Administrado.

4. Consideraes Finais

Pelo estudo apresentado em forma de monografia, foi realizado um estudo sobre o tratamento doutrinrio e jurisprudencial dos principais Princpios Implcitos da Administrao Pblica informadores do nosso ordenamento jurdico como um todo.

Apresentou-se de modo pormenorizado a forma com que o Estado brasileiro lida como os Princpios Implcitos de Administrao Pblica na busca de um Estado Democrtico de Direito mais eficiente e eficaz a partir do sculo XXI.

O Direito Administrativo ptrio considerado um Direito Pblico no positivado, ou seja, no existe um cdigo fechado de normas que definem o mbito da atuao do direito que regulamenta as atividades do Estado. Por se tratar de um direito pblico, trata-se de um conjunto de normas que regulam relaes entre particulares e o Estado, da sua importncia essencial para o estudo das bases estruturantes desse Direito, ou seja, seus Princpios.

O Direito Administrativo ser de natureza no contenciosa, ou seja, no existe a previso legal de Tribunais e Juzes Administrativos ligados ao Poder Judicirio, em face do Princpio da Jurisdio nica, onde a Constituio Federal/88 concede a este Poder a atribuio tpica de julgar os litgios. O Direito Administrativo possui regras que se traduzem em Princpios Constitucionais (que levam este nome por estarem previstos na prpria CF/88. no art. 37, caput) e Princpios Infraconstitucionais (previstos nas legislaes especficas do tema Direito Administrativo). Tem como objeto o Direito Administrativo o estudo da organizao e estrutura da Administrao Pblica e cabe ao Poder Judicirio observar e estudar tanto os Princpios Expressos como os Princpios Implcitos da Administrao Pblica.

Os Princpios Expressos da Administrao Pblica j esto claramente definidos e estudados pelo ordenamento jurdico, restando ainda a necessidade de um estudo mais adequado sobre os Princpios que no esto claramente definidos na Constituio Federal de 1988 sobre os Princpios que se aplicam Administrao Pblica. Uma vez que os Princpios implcitos de Administrao Pblica no se encontram taxativamente expressos na nossa legislao, a doutrina e a jurisprudncia realizaram, e ainda realizam, um estudo aprofundado sobre os Princpios que regem a Administrao Pblica e que se encontram fora da lista determinada pela Constituio Federal de 1988, ou seja: Princpio da Legalidade, Princpio da Impessoalidade, Princpio da Moralidade, Princpio da Publicidade e Princpio da Eficincia.

O Poder Judicirio brasileiro, inspirado nas bases filosficas do sistema jurdico europeu a partir do sculo XVIII, sustenta-se como alicerce normativo da coletividade participativa contempornea, amparado pelos Princpios da Igualdade e Liberdade, trata-se do formato jurdico contemporneo. Mas o modelo de processualismo dos Estados Democrticos, a partir do sculo XX, cobre-se de peculiaridades entre fundamentos principiolgicos, direito material e direito processual que necessitam do adequado sopesamento para a aplicao do direito contemporneo garantidor das liberdades individuais e coletivas. Os pressupostos tico-jurdico basilares nunca foram to determinantes do tipo de sociedade democrtica e participativa a partir do final do sculo XX.

O movimento tico marcou a entrada no sculo XX, a partir do final da era militar brasileira, inaugurou-se o desenvolvimento jurdico no sentido de um modelo processual mais completo, tanto em termos normativos como em termos de eficcia prtica o direito ganharia novos contornos ticos. O desenvolvimento cientfico de um direito processual autnomo abrangeria a desconstruo deontolgica do direito ento vigente em seus pontos deficientes, insuficiente sob o ponto de vista normativo e excessivamente agregado ao contedo de direito material.

Dessa forma, entende-se que a tica apresenta uma funcionalidade essencial na vida humana e no direito: promove equilbrio e bom funcionamento sociais. Obviamente, no se confunde com direito, apesar da ntima ligao com os direitos humanos, uma vez que est relacionada com o sentimento de justia social to necessrio para o direito contemporneo. A tica existe em todas as culturas mundiais, mas se reflete de forma diferenciada em cada Estado contemporneo: reflete os Princpios e valores sociais de cada sociedade. A tica tem desdobramentos em todas as reas humanas e cada uma delas apresenta claras barreiras ao comportamento tico adequado por meio dos Princpios em Direito em geral, e em Direito Administrativo.

So os principais Princpios Implcitos de Administrao Pblica: Princpio da Supremacia do Interesse Pblico, Presuno de Legitimidade ou Presuno de Legalidade, Princpio da Continuidade do Servio Pblico, Princpio da Isonomia ou Princpio da Igualdade, Princpio da Igualdade ou Princpio da Razoabilidade, Princpio da Motivao, Princpio da Ampla Defesa e Contraditrio, Princpio da Indisponibilidade ou Poder-Dever, Princpio da Autotutela e Princpio da Segurana Jurdica.

O principal fundamento do estudo dos Princpios de Administrao Pblica esto principalmente elencadas na Supremacia do Interesse Pblico, uma posio de supremacia do Estado frente ao particular que faz frente ao Princpio da Indisponibilidade do Interesse Pbico, o princpio que traz justamente as limitaes a essa atuao de forma hierarquicamente superior frente ao particular.

Essa posio privilegiada da Administrao Pblica nas relaes entre Estado e particulares a base do estudo desses Princpios escondidos nas normas de direito, nem sempre se apresentando de maneira explcita, mas apresentando-se, muitas vezes, de maneira implcita no nosso ordenamento jurdico contemporneo. Este novo tempo estudo jurdico cientfico intimamente relacionado questo dos Direitos do Estado frente aos particulares, formando-se o instrumento de justia em garantia das liberdades individuais e coletivas.

Os Princpios Implcitos da Administrao Pblica visam, portanto, proteger a anlise do estudo cientfico da praxis a partir de Princpios e garantias que sobre ela se projeta a lei maior. Sendo assim, o direito contemporneo traduz a ideal universalizao da tutela jurisdicional e do modelo do Estado Constitucional Democrtico no sculo XXI.

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SMULA279 STF. Para simples reexame de prova no cabe recurso extraordinrio.

SMULA N 339. No cabe ao poder judicirio, que no tem funo legislativa, aumentar vencimentos de servidores pblicos sob fundamento de isonomia.

SMULA N 284. inadmissvel o recurso extraordinrio, quando a deficincia na sua fundamentao no permitir a exata compreenso da controvrsia.

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