princípios gerais do preparo cavitário

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Dentística – Rodolfo F. Dantas Princípios Gerais do Preparo Cavitário Introdução Esses princípios foram criados por Black em 1908. Os princípios seriam uma ordem de procedimentos para realização de um preparo cavitário de acordo com os princípios mecânicos e biológicos, esses princípios foram criados em 1908 e alguns são utilizados ate hoje outros foram apenas modificados para a atualidade que é hoje. Preparo cavitário È um tratamento biomecânico da cárie, biomecânico porque remove mecanicamente a cárie com o cuidado de preservar a forma do dente. È um tratamento biomecânico para remover a carie e removendo essa cárie as estruturas convalescentes, ou seja, as estruturas que ficaram após a remoção da carie, possa receber uma restauração tanto que proteja a restauração como o próprio dente para não fraturar e que seja resistente. Princípios Gerais do Preparo Cavitário Objetivo: servir como guia geral para realizar o preparo cavitário, porque antes de Black desenvolver esses princípios as restaurações naquela época eram feitas de qualquer jeito não tinha uma forma de preparar a estrutura dentaria para receber o material restaurador, cada um fazia do jeito que achava melhor. Vai servir como um guia para dar resistência a restauração do dente, promover a retenção e estabilidade da restauração, e devolver a forma, a função e se possível a estética. Ordem de procedimento do Preparo Cavitário 1

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Page 1: Princípios Gerais do Preparo Cavitário

Dentística – Rodolfo F. Dantas

Princípios Gerais do Preparo Cavitário

Introdução

Esses princípios foram criados por Black em 1908.

Os princípios seriam uma ordem de procedimentos para realização de um preparo cavitário de acordo com os princípios mecânicos e biológicos, esses princípios foram criados em 1908 e alguns são utilizados ate hoje outros foram apenas modificados para a atualidade que é hoje.

Preparo cavitário

È um tratamento biomecânico da cárie, biomecânico porque remove mecanicamente a cárie com o cuidado de preservar a forma do dente. È um tratamento biomecânico para remover a carie e removendo essa cárie as estruturas convalescentes, ou seja, as estruturas que ficaram após a remoção da carie, possa receber uma restauração tanto que proteja a restauração como o próprio dente para não fraturar e que seja resistente.

Princípios Gerais do Preparo Cavitário

Objetivo: servir como guia geral para realizar o preparo cavitário, porque antes de Black desenvolver esses princípios as restaurações naquela época eram feitas de qualquer jeito não tinha uma forma de preparar a estrutura dentaria para receber o material restaurador, cada um fazia do jeito que achava melhor. Vai servir como um guia para dar resistência a restauração do dente, promover a retenção e estabilidade da restauração, e devolver a forma, a função e se possível a estética.

Ordem de procedimento do Preparo Cavitário

1. Forma de contorno

2. Forma de resistência

3. Forma de retenção

4. Forma de conveniência

5. Remoção de dentina cariada

6. Acabamento das paredes de esmalte

7. Limpeza da cavidade

Existe essa ordem mais não necessariamente devemos seguir a risca para fazer o preparo, ou seja, ela esta sujeita a alteração.

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Forma de contorno

È a área da superfície do dente incluída no preparo cavitário. Ela deve englobar todos os tecidos cariados e todo esmalte sem suporte.

O que mudou de 1908 para os dias atuais foi que Black preconizava remover a cárie e estendia o preparo para as áreas de cicatrículas e fissuras (considerado por ele mais susceptível a carie) acreditavam que se essas áreas não fossem incluídas no preparo elas poderiam vim a desenvolver cárie, hoje em dia não é mais assim devemos ficar restritos apenas a lesão de cárie.

A forma de contorno depende também da extensão dessa lesão de carie e dos limites do desenho da cavidade.

Fatores determinantes para realizar a forma de contorno:

• Localização da lesão cariosa: como por exemplo superfície oclusal dos dentes posteriores; se ela envolve áreas de cicatrículas e fissuras ou não; ou se ela esta presente em superfícies lisas tanto em dentes posteriores como em dentes anteriores. Devemos englobar no preparo todo o tecido cariado independente de que superfície ela esteja.

• Remoção de tecido sem suporte: geralmente quando removemos a carie pode ficar estruturas convalescentes sem suporte dentinário, quando a restauração for ser feita em amalgama devemos incluir no preparo esses tecidos sem suporte, com a finalidade de evitar fratura das margens desse esmalte sem suporte e para reter o material na cavidade, pois o amalgama não consegui se aderir a estrutura dentaria.

• Extensão preventiva? Seria estender o preparo cavitário para áreas que seriam suscetíveis a cárie que seriam as áreas de cicatrículas e fissuras. Black preconizou também que o ângulo cavo-superficial (paredes da cavidade com a superfície externa do dente) deve localiza-se na área de relativa resistência a cárie e que possibilite o acabamento correto das bordas da restauração, então o ângulo cavo superficial deveria se localizar em toda a área de cicatrículas e fissuras. Em superfícies lisas ele preconizava que essa margens do preparo cavitário elas deveriam estar em tecidos sadios e esmalte remanescentes suportados por dentina hígida.

Outro principio com relação a extensão preventiva seria a parede gengival, Black preconizava que deveríamos olhar a idade do paciente, em paciente jovens a parede gengival para o preparo cavitário ela deveria esta localizada subgengivamente porque em paciente jovens a papila gengival ela ocupa toda região interproximal ele achava que jogando a parede gengival abaixo da gengiva as papilas gengivais se acomodariam melhor depois da restauração, em paciente adultos ele preconizava que a parede gengival ficasse na altura da gengiva porque em pacientes adultos ocorria um pouco de resseção gengival e por isso não precisaria estender subgengivalmente para acomodar

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essa papila gengival, em pacientes idosos como essa resseção ocorre bem mais, o preparo ficaria supragengivalmente, ou seja, acima da gengiva. (HOJE NÃO UTILIZAMOS ISSO)

Hoje o que é importante saber sobre a parede gengival é que se poder deixar-la acima da gengiva melhor, porque facilita a inserção do material restaurador, e a adaptação desse material restaurador na cervical é melhor quando ela esta supragengival do que subgengival, lembrando que devemos ficar restrito apenas a remoção da cárie.

Com relação também a abertura da parede cervical ou gengival, quando se for fazer um preparo cavitário Classe II(que envolve as proximais tanto mesial como distal) durante o preparo cavitário já se deve fazer a extensão tanto para vestibular como para lingual de acordo com a forma do preparo cavitário, e deve ocorre uma separação da superfície proximal com o dente vizinho que seria uma separação na parede cervical essa separação deve ser em torno de 0.2 a 0.5mm essa separação deve ser feita para facilitar a visualização e acomodação do material restaurador na cavidade e facilitar também a higienização naquele local.

Extensão na região de cicatrículas e fissuras: Hoje nessas regiões devemos ficar restritos a lesão da carie não devemos estender o preparo para as regiões q não tem carie.

• Forma e posição do dente

Devemos prestar atenção na posição do dente no arco porque tem que ter o contato com o dente vizinho, devemos fazer o preparo de acordo com essa posição que vai exigir extensão das paredes proximais.

• Manutenção das estruturas de reforço

As estruturas de reforço são as pontes de esmalte, cristas marginais e as vertentes triturantes das cúspides todas as vezes que possível devemos manter essas estruturas pois, elas dão resistência e retenção a restauração e ao dente.

Por exemplo, em uma restauração de Classe I onde a lesão se apresenta apenas nas fissuras, então devemos fazer o preparo aonde tem a carie e devemos prestar atenção se a ponte de esmalte ficou com espessura maior que 1mm, se essa espessura for maior ela deve ficar presente caso seja menor devemos incluí-la no preparo cavitário porque ela dará resistência.

Formas de Contornos que podemos encontrar: restritas só do terço oclusal, MOD, pontual, na região anterior.

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Forma de resistência

É a forma dada ao preparo cavitário para dar resistência as forças mastigatória tanto a estrutura dentaria quanto ao material.

Preparo Clássico preconizados por Black para dar a forma de resistência:

- remoção de todo esmalte sem suporte dentinário;

-paredes circundantes paralelas entre si e com ângulo reto com as superfícies externas;

-ângulos diedros e triedros vivos; (Modificado)

-parede gengival ou cervical perpendicular ao longo eixo do dente e paralela a parede pulpar;

-ângulo axio-pulpar deveria ser arredondado;

-istmo da cavidade deve ser 1/3 da distancia intercuspidica e parede vestibular e lingual paralelas; (Modificado)

-em Classe II realizar a curva reversa de Hollenback;

Preparo Moderno:

- parede pulpar e a gengival deve ser plana e paralelas entre si e ao mesmo tempo perpendiculares ao longo eixo do dente;

- istmo da cavidade deve ser ¼ da distância intercuspídica(para remover menos estrutura dental e para dar a forma das paredes vestibular e lingual que devem ser convergentes para oclusal);

- ângulos internos arredondados(dissipa melhor as tensões criadas auxiliando contra a concentração de tensão e a não fraturar a estrutura dentária, ele distribui as tensões criadas);

- realizar a curva reversa de Hollenback(essa curva tem o objetivo de deixar a parede vestibular 90° com a superfície externa com isso ela vai acompanhar a orientação dos primas e vai eliminar o esmalte sem suporte nas proximais favorecendo a resistência e retenção do esmalte da estrutura dental.

Forma de retenção

Esta muito ligada a forma de resistência porque envolve os mesmos princípios parede vestibular e lingual convergentes para oclusal, parede pulpar e parede cervical plana ela é a forma que vai ser dada ao preparo para promover a retenção do material fazendo com que ele não se desloque quando submetida as cargas mastigatórias, e a tração diante de alimentos pegajosos.

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Tipos de retenção:

- Retenção mecânica (friccional) que seria o ato de friccionar para inserir o material na cavidade, pode se fazer uso pinos, canaletas(retenção adicional).

- Retenção micromêcanica observada quando fazemos uso de materiais adesivos, quando utilizamos o condicionamento ácido ele cria microporosidades no esmalte fazendo com que o material penetre fique ali retido e na dentina ele promove desmineralização da dentina intertubular e um pouco na peritubular isso faz com que os monômeros penetrem causando retenção do material formando a camada hibrida e bla bla bla.

Forma da cavidade para promover retenção

Se a profundidade da cavidade for maior que a largura ela vai ser auto retentiva, se a largura for maior que a profundidade fica mais difícil do material ficar retido e conseqüentemente ele pode acabar saindo. Por exemplo o amalgama precisa de uma cavidade com profundidade maior que 2mm para ele poder ficar retido na cavidade.

Outra forma pra promover retenção seria as parede convergentes para oclusal.

Outra foram de retenção seria fazer uso de retenção adicionais que seriam as canaletas bem nos ângulos, o próprio formato da broca já promove essa retenção adicional, e pode ser feita também a realização de sulcos proximais dependendo da extensão da cárie caso essa seja muito grande podemos optar por isso.

Em um dente que ouve perca de cúspide e a restauração tiver que ser feita em amálgama usa-se a técnica que é chamada de amalgama pin que consiste em fazer três furos em cada cúspide perdida para promover retenção, esse furos tem que ficar com uma distância da junção amelodentinaria de no mínimo 0.5mm entre eles e ter profundidade que pode variar de 1 a 3mm isso pode ser feito com broca esférica. Outra forma seria fazer uma canaleta em cada cúspide que esta faltando e condensar o amalgama em cima. Outra forma bastante utilizada para promover retenção seria o amalgama adesivo, que seria fazer o sistema adesivo e colocar o amalgama para condensar em cima a ativação deve ser química, pode também utilizar o ionômero de vidro e condensar o amalgama em cima essas utilizações são bastante discutida já que não há união entre o adesivo e o amalgama nem entre o ionômero de vidro e o amalgama porém podemos utilizar para promover retenção.

Forma de conveniência

É uma manobra que é utilizada para facilitar o acesso a cavidade, a visualização, a forma que vai ser dada ao preparo, e a instrumentação para se fazer o preparo e a restauração.

Exemplo: isolamento absoluto, utilização de matriz e cunha, afastamento do dente com borracha ortodôntica.

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Existe também a forma de conveniência biológica que vai ser a forma que vamos dar a cavidade para proteger por exemplo de ter uma exposição pulpar, por exemplo uma cavidade Classe V em dentes posteriores a parede axial deve acompanhar a conformação da superfície externa ela deve ser convexa se ela for plana muitas vezes pode ocasionar uma exposição pulpar ou exemplo seria em pré molares inferiores que apresentam uma inclinação cúspides então a parede pulpar deve acompanhar essa inclinação de vestibular para lingual se não acompanhar talvez podemos ocasionar uma exposição pulpar.

Remoção de dentina cariada

Pode ser feita tanto com instrumento normal como a cureta ou com brocas esféricas.

Acabamento das paredes de esmalte

Deve ser feito para remover irregularidades e primas de esmalte sem suporte promovendo assim uma maior adaptação marginal desse material utilizamos geralmente instrumentos manuais para promover esse acabamento.

Exemplo: uso de inchada para deixar a parede pulpar mais planificada, na parede cervical podemos utilizar o recortador de margem gengival para planificar essa estrutura e remover o esmalte sem suporte; e também o uso de machado nas paredes proximais.

As vezes as brocas utilizadas já dão esse acabamento não precisando assim fazer uso desses instrumentos manuais.

Limpeza da cavidade

Remoção de todos detritos e restos de tecidos dentinários que se formou que é chamado de smear layer não podemos inserir o material na cavidade com ela “suja”.

Para essa limpeza podemos utilizar os produtos não desmineralizantes e os desmineralizantes.

Agentes não-desmineralizante: clorexidina que é germicida com potencial de eliminar o microorganismo; detergentes; água de hidróxido de cálcio.

Agentes desmineralizantes: (remove o tecido mineralizado) ácido fosfórico, ácido poliacrilico(?)..

OBS: A escolha do agente para limpeza da cavidade depende do material restaurador a ser empregado.

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