princípios gerais da toxicologia aula

36
1 Princípios gerais da Toxicologia IFRJ – campus Rio de Janeiro Especialização em Segurança Alimentar e Qualidade Nutricional Disciplina: Toxicologia de Alimentos Prof.: Marcia Cristina da Silva Tópicos Tópicos 2. Conceitos gerais 2. Conceitos gerais 3. Classificação 3. Classificação 4. Áreas de atuação 4. Áreas de atuação 5. Toxicologia de alimentos 5. Toxicologia de alimentos 1. Importância / Histórico 1. Importância / Histórico

Upload: karolign

Post on 02-Jul-2015

507 views

Category:

Documents


6 download

TRANSCRIPT

Page 1: Princípios gerais da toxicologia aula

1

Princípios gerais da

Toxicologia

IFRJ – campus Rio de Janeiro

Especialização em Segurança Alimentar e Qualidade Nutricional

Disciplina: Toxicologia de Alimentos

Prof.: Marcia Cristina da Silva

TópicosTópicos

2. Conceitos gerais2. Conceitos gerais

3. Classificação3. Classificação

4. Áreas de atuação4. Áreas de atuação

5. Toxicologia de alimentos5. Toxicologia de alimentos

1. Importância / Histórico1. Importância / Histórico

Page 2: Princípios gerais da toxicologia aula

2

Alimentos podem conferir características de segurança ou de risco para a ingestão humana.

1. Importância / Histórico

� Importante:� conhecer as substâncias tóxicas presentes nos alimentos e

� evitar que essas sejam ingeridas em níveis que imponham risco à saúde.

� Alimentos são constituídos de substâncias nutritivas e não-nutritivas, podendo ser consumidos in natura ou processados.

1. Importância / Histórico

Page 3: Princípios gerais da toxicologia aula

3

� A Toxicologia é uma ciência muito antiga.

� 1º documento sobre agentes tóxicos ⇒⇒⇒⇒ 1500 a.C.

(≅≅≅≅ 800 ingredientes)

� No século XX (2ª G.M.) ⇒⇒⇒⇒ avanços área de síntese química ⇒⇒⇒⇒ surgimento de diversos novos compostos para fins farmacêuticos, alimentares e agrícolas.

⇓⇓⇓⇓

Inúmeros novos casos de intoxicação⇓⇓⇓⇓

Desenvolvimento da Toxicologia (avaliação da segurança e do risco)

1. Histórico

� Toxicologia ⇒⇒⇒⇒ é a ciência que estuda os efeitos

nocivos decorrentes das interações de substâncias

químicas com o organismo.

� Agente tóxico ou toxicante ⇒⇒⇒⇒ a substância química

capaz de causar dano a um sistema biológico,

alterando seriamente uma função ou levando-o à

morte, sob certas condições de exposição.

2. Conceitos gerais

Page 4: Princípios gerais da toxicologia aula

4

� Droga ⇒⇒⇒⇒ é toda substância capaz de modificar ou

explorar o sistema fisiológico ou estado patológico,

utilizada com ou sem intenção de benefício do

organismo receptor.

� Fármaco ⇒⇒⇒⇒ toda substância de estrutura química

definida, capaz de modificar ou explorar o sistema

fisiológico ou estado patológico, em benefício do

organismo receptor.

2. Conceitos gerais

� Veneno ⇒⇒⇒⇒ é um termo popular utilizado para

designar a substância química (ou mistura), que

provoca a intoxicação ou a morte c/ baixas doses.

� Xenobiótico ⇒⇒⇒⇒ é o termo empregado para designar

substâncias químicas estranhas ao organismo.

2. Conceitos gerais

Page 5: Princípios gerais da toxicologia aula

5

� Intoxicação ⇒⇒⇒⇒ é um processo patológico causado

por substâncias químicas endógenas ou exógenas e

caracterizado por um desequilíbrio fisiológico, em

consequência das alterações bioquímicas no

organismo.

� Toxicidade ⇒⇒⇒⇒ a propriedade de agentes tóxicos

promoverem injúrias às estruturas biológicas, por

meio de interações físico-químicas.

2. Conceitos gerais

� Toxicidade X Risco: Risco é o termo que traduz a

probabilidade estatística de uma substância química

provocar efeitos nocivos em condições definidas de

exposição.

� Obs.: Tds os medicamentos possuem, em menor ou

maior grau, propriedades tóxicas, provocando efeitos

adversos, sendo a dose um dos fatores

preponderantes que determinam a intoxicação. À

medida que aumenta a dose, os efeitos adversos dos

medicamentos se acentuam.

2. Conceitos gerais

Page 6: Princípios gerais da toxicologia aula

6

A Comunidade Européia classifica as substâncias químicas em 3 categorias:

� muito tóxica: substâncias com DL50 < 25 mg/kg p/ ratos

� tóxicas: substâncias com 25 < DL50 < 200 mg/kg p/ ratos

�nociva: substâncias com 200 < DL50 < 2000 mg/kg p/ ratos

Obs. Pouca utilidade na prática.

2. Conceitos gerais

Toxicidade

2. Conceitos gerais

Fatores que influem na toxicidade� Relacionados� 1. ao agente químico

� propriedades físico-química;� impurezas e contaminantes;� formulação (veículo, adjuvantes).

� 2. ao organismo� espécie, linhagem, fatores genéticos;� fatores imunológicos, estado nutricional, dieta;� sexo, estado hormonal, idade, peso corpóreo;� estado emocional, estado patológico.

� 3. à exposição� via de introdução;� dose ou concentração.

� 4. ao ambiente� temperatura, pressão, radiações, luz, umidade, etc.

Page 7: Princípios gerais da toxicologia aula

7

� Toxicologia Analítica: métodos exatos, precisos, de

sensibilidade adequada p/ a identificação do

toxicante

� Toxicologia Clínica: atendimento do paciente

exposto ao toxicante

� Toxicologia experimental: estudos para a elucidação

dos mecanismos de ação dos agentes tóxicos sobre

o sistema biológico e avaliação dos efeitos

decorrentes dessa ação.

3. Classificação da Toxicologia

� Toxicologia ambiental

� Toxicologia ocupacional

� Toxicologia de medicamentos e cosméticos

� Toxicologia social

� Toxicologia de alimentos

4. Áreas de atuação da Toxicologia

Page 8: Princípios gerais da toxicologia aula

8

� Toxicologia de alimentos: define os limites e

condições de exposição seguras na ingestão de

alimentos que apresentam um certo grau de

contaminação.

� Qualquer efeito que não seja nutricional e/ ou

terapêutico, c/ exceção dos efeitos imunológicos,

podem ser generalizados como tóxicos.

5. Toxicologia de alimentos

5.1. Efeitos tóxicos

- Gravidade dos sinais/sintomas ⇒⇒⇒⇒ leve, moderado,

severo

- Velocidade de surgimento dos sinais e sintomas ⇒⇒⇒⇒

agudo, subagudo, subcrônico ou crônico

- Ação dos agentes tóxicos ⇒⇒⇒⇒ Sistêmico ou Local (TGI)

- Interação entre agentes tóxicos ⇒⇒⇒⇒ adição,

potencialização, sinergismo, carcinogênico

(mutagênico), fetotóxico

5. Toxicologia de alimentos

Page 9: Princípios gerais da toxicologia aula

9

5.1. Efeitos tóxicos

- Efeito Agudo ⇒⇒⇒⇒ ↑↑↑↑ qdade/ [C] X ↓↓↓↓ frequência

⇓⇓⇓⇓

Severos e Letais

- Efeito Crônico ⇒⇒⇒⇒ ↓↓↓↓ qdade/ [C] X ↑↑↑↑ frequência

⇓⇓⇓⇓

Leves e Moderados

Reversíveis

5. Toxicologia de alimentos

5.2. Exposição humana a agentes tóxicos (AT)

presentes em alimentos

- Natureza (natural ou artificial) e concentração do

AT presente no alimento

- Frequência com que o alimento é ingerido pela

população

- Via de introdução no organismo

- Suscetibilidade do organismo

5. Toxicologia de alimentos

Page 10: Princípios gerais da toxicologia aula

10

5.3. Casos de intoxicação

- Grande parte dos acidentes tóxicos ocorrem quando há

a ingestão de alimentos contaminados

intencionalmente ou incidentalmente⇓⇓⇓⇓

Única refeição ou porção do alimento com alta

concentração do AT: Agudo/Curto prazo

ou

Várias refeições ou porções do alimento com baixa

concentração do AT: Crônico/Longo prazo →→→→ efeito

tóxico desapercebido

5. Toxicologia de alimentos

5.4. Efeito crônico

* Ocorre em populações onde:

- A qualidade dos alimentos deixam a desejar

- Dietas monótonas/repetitivas

5. Toxicologia de alimentos

* Cinética dos efeitos do AT

- Velocidade de eliminação do AT ingerido com o

alimento <<<< velocidade de absorção ⇒⇒⇒⇒ AT acumula-se

no organismo

- Se essa velocidade de eliminação for muito baixa ⇒⇒⇒⇒

Efeito do AT pode tornar-se agudo

Page 11: Princípios gerais da toxicologia aula

11

5.5. Índices de Toxicidade

* As Boas Práticas de Fabricação controlam a

contaminação de alimentos

* Tipos de não nutrientes:

- Naturalmente presentes

- Adicionados diretamente c/ propósitos definidos

- Contaminantes controláveis

- Contaminantes inevitáveis

5. Toxicologia de alimentos

1. naturalmente presentes nos alimentos

Ex.: antinutrientes (inibidores de tripsina da soja e de feijões); substâncias tóxicas (glicosinolatos, glicosídios cianogênicos, glicoalcalóides etc.)

Classificação dos não-nutrientes

5. Toxicologia de alimentos

Page 12: Princípios gerais da toxicologia aula

12

Classificação dos não-nutrientes

5. Toxicologia de alimentos

2. adicionados aos alimentosA possibilidade de contaminação durante o processamento, conservação e armazenamento pode ocorrer por:

� contaminação direta

� incontrolável

- produção de toxina por microrganismos

- geração de compostos tóxicos nos alimentos

- incorporação de metais tóxicos

� dosagem excessiva de aditivos

Classificação dos não-nutrientes

5. Toxicologia de alimentos

2. adicionados aos alimentos� Contaminação indireta

- Promotores de crescimento

- Medicamentos de uso veterinário

- Praguicidas

- Migrantes de embalagens

Page 13: Princípios gerais da toxicologia aula

13

Exemplos dos não-nutrientes

5. Toxicologia de alimentos

Contaminação direta

� Produção de micotoxinas: aflatoxina, ocratoxina, tricoteceno, zearalenona...

� Geração de compostos tóxicos: N-nitrosos (nitrosaminas e nitrosamidas)...

� Incorporação de metais tóxicos: arsênio, cádmio, mercúrio, chumbo...

� Dosagem excessiva de aditivos, principalmente dos não-GRAS(GENERALLY RECOGNIZED AS SAFE).

Exemplos dos não-nutrientes

5. Toxicologia de alimentos

Contaminação indireta

� Fármacos e hormônios promotores de crescimentos

� Antibióticos de uso profilático

� Resíduos de herbicidas, fungicidas, raticidas, inseticidas

� Ésteres ftálicos migrantes de embalagens plásticas

Page 14: Princípios gerais da toxicologia aula

14

5.5. Índices de Toxicidade

* Tolerância ou Limite Máximo Permitido (LMP): qde

que não causa efeito nocivo

* Ingestão diária aceitável (IDA): aditivos e

contaminantes ⇒⇒⇒⇒ qde de um agente químico

presente no alimento que pode ser ingerido através

da dieta, diariamente, durante toda a vida do

indivíduo, sem provocar risco de intoxicação (mg/kg

peso/ dia)

5. Toxicologia de alimentos

LegislaçãoResolução nº 17, de 30 de abril de 1999. Regulamento técnico que estabelece as diretrizes básicas para avaliação de risco e segurança dos alimentos. MS/Anvisa.

Para efeito deste regulamento, considera-se:

� Perigo: agente biológico, químico ou físico, ou propriedade de um

alimento, capaz de provocar um efeito nocivo à saúde.

� Risco: função da probabilidade de ocorrência de um efeito adverso à

saúde e da gravidade de tal efeito, como conseqüência de um perigo ou

perigos nos alimentos.

� Análise de risco: processo que consta de três componentes: avaliação

de Risco, gerenciamento de risco e comunicação de risco.

� Avaliação de risco: processo fundamentado em conhecimentos

científicos, envolvendo as seguintes fases: identificação do perigo,

caracterização do perigo, avaliação da exposição e caracterização do

risco.

5. Toxicologia de alimentos

Page 15: Princípios gerais da toxicologia aula

15

Como avaliar a exposição humana à contaminantes e os riscos à saúde?

� Análise de Risco -> processo para identificar e controlar o risco de uma população exposta a um dano causado por um organismo, sistema ou substância.

5. Toxicologia de alimentos

Avaliação de risco

� Processo no qual dados relativos a toxicidade e exposição são combinados para produzir uma estimativa quantitativa ou qualitativa do efeito adverso resultante de um determinado agente

1. Identificação do dano

2. Avaliação da relação dose/resposta

3. Avaliação da exposição

4. Caracterização do risco

5. Toxicologia de alimentos

Page 16: Princípios gerais da toxicologia aula

16

Identificação do dano

� Animais de laboratórios – ratos, coelhos, cachorros, macacos� agudo, sub agudo, sub crônico e crônico

� Experimento totalmente controlado

� Expõe os animais a diferentes doses da substância (via oral) e observa os efeitos adversos ocorridos

� Homem� Experimento controlado (efeitos reversíveis)

� Acidentes, intoxicações agudas

� Estudos epidemiológicos

5. Toxicologia de alimentos

Avaliação da relação dose/resposta

Parâmetros toxicológicos de segurança

� Toxidade crônica (não carcinogênicos)� IDA – ingestão diária aceitável (aditivos, pesticidas, drogas

veterinárias)� PTWI – ingestão semanal provisória tolerável (metais)� PMDTI – ingestão diária provisória máxima tolerável

Quantidade que pode ser ingerida através da dieta durante um longo período ou por toda a vida sem que nenhum efeito adverso ocorra.

� Toxidade aguda� Dose de referência aguda – ARfD

Quantidade que poder ser ingerida através do consumo de uma porção do alimento, ou no período de 24 horas sem que nenhum efeito adverso ocorra.

5. Toxicologia de alimentos

Page 17: Princípios gerais da toxicologia aula

17

Relação dose-resposta

�NOAEL: nível onde não se observa efeito adverso.

Maior dose administrada num estudo de toxicidade naqual não se observa nenhum efeito adverso.

�LOAEL: menor nível onde se observa efeitoadverso.Menor dose administrada num estudo de toxicidade naqual se observa um efeito adverso.

5. Toxicologia de alimentos

Curva de dose x resposta

5. Toxicologia de alimentos

Page 18: Princípios gerais da toxicologia aula

18

Parâmetros de segurança

� IDA representa a quantidade máxima de resíduo de produto quepode ser ingerida diariamente por um indivíduo de umapopulação, com um risco assumido.

� A IDA é, portanto, a quantidade máxima que se for ingerida todosos dias durante toda a vida, parece não oferecer risco apreciável àsaúde, à luz dos conhecimentos atuais. Ela é expressa em mg dasubstância/kg de massa corpórea.

IDA= NOAELFS

NOAEL: maior dose onde não se observa efeito tóxico nos animaisde experimentação.

FS: fator de segurança.

5. Toxicologia de alimentos

PROGRAMAS DE INTERESSE DE SAÚDE PÚBLICA

PARA (ANVISA. Resolução - RDC nº 119, de 19 de maio de 2003)Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos

PAMVet (ANVISA. Resolução RDC nº 253, de 16 de setembro de 2003)

Programa de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos de Origem Animal

5. Toxicologia de alimentos

Page 19: Princípios gerais da toxicologia aula

19

PARA - Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos

Objetivo geral� avaliar continuamente os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos in natura que chegam à mesa do consumidor, fortalecendo a capacidade do Governo em atender a segurança alimentar, evitando, assim, possíveis agravos à saúde da população.

5. Toxicologia de alimentos

PAMVet - Programa Nacional de Análise de Resíduos de Medicamentos Veterinários em Alimentos Expostos ao Consumo

� ObjetivoAvaliar o potencial de exposição do consumidor a

resíduos de medicamentos veterinários pela ingestão de alimentos de origem animal adquiridos no comércio.

� Âmbito de aplicaçãoO Programa aplica-se aos resíduos de medicamentos

veterinários em alimentos de origem animal disponíveis no comércio.

5. Toxicologia de alimentos

Page 20: Princípios gerais da toxicologia aula

20

Ingestão de alimento com Agente Tóxico (AT)

⇓⇓⇓⇓

Digestão - Trato gastrointestinal (TGI)

⇓⇓⇓⇓

Absorção do AT

Efeitos tóxicos Excreção do AT

5. Toxicologia de alimentos

A noção de Segurança absoluta é

ilusória, o termo segurança pode ser

definido com uma certeza razoável, desde

que a substância seja utilizada na

quantidade e maneira corretas

5. Toxicologia de alimentos

Conclusão

Page 21: Princípios gerais da toxicologia aula

21

Bibliografia

- CALDAS, E. D. & SOUZA, L. C. K. R. Avaliação de risco crônico da ingestão de

resíduos de pesticidas na dieta brasileira Rev. Saúde Pública, 34 (5): 529-37, 2000

. Disponível em www.fsp.usp.br/rsp

- MIDIO, A. F. & MARTINS, D. I. Toxicologia de Alimentos. São Paulo: Livraria

Varela, 2000.

- OGA, S. Fundamentos de Toxicologia. 2ed. São Paulo. Atheneu Editora, 2003.

- CASTRO, V.L. Aspectos relativos a resíduos de pesticidas em alimentos na saúde

pública. Embrapa Meio Ambiente Matéria do Informativo Meio Ambiente e

Agricultura - ano XII nº 46 mai/jun 2004.

- NASCIMENTO, E.S. Avaliação da Segurança de Resíduos de Drogas

Veterinárias. III Simpósio Internacional de Inocuidade de Alimentos e VIII Simpósio

Brasileiro de Microbiologia de Alimentos. FCF/USP. SãoPaulo, 25/10/2004.

- REIS, F. Análise de Risco em Alimentos - Exemplos da Aplicação dos Princípios

da Análise de Risco. XII CONGRESSO BRASILEIRO DE TOXICOLOGIA- PUCRS

Porto Alegre – RS. 11 a 15/11/2004.

Absorção, distribuição e excreção de compostos tóxicos

pelo organismo humano

IFRJ – campus Rio de Janeiro

Especialização em Segurança Alimentar e Qualidade Nutricional

Disciplina: Toxicologia de Alimentos

Prof.: Marcia Cristina da Silva

Page 22: Princípios gerais da toxicologia aula

22

TópicosTópicos

2. Absorção do Agente tóxico2. Absorção do Agente tóxico

3. Distribuição do Agente tóxico3. Distribuição do Agente tóxico

4. Remoção do Agente tóxico4. Remoção do Agente tóxico

5. 5. BiotransformaçãoBiotransformação do Agente tóxicodo Agente tóxico

1. Digestão e absorção do alimento1. Digestão e absorção do alimento

1. Digestão e Absorção do Alimento1. Digestão e Absorção do Alimento

Boca: Ingestão de alimentos

Maior parte da digestão e absorção dos nutrientes

Page 23: Princípios gerais da toxicologia aula

23

* Sucos digestivos:

� Suco salivar

� Suco gástrico

� Suco biliar

� Suco pancreático

� Suco entérico

1.1. Digestão do alimento1.1. Digestão do alimento

a) Substâncias polares (açúcares, aminoácidos, vitaminas hidrossolúveis, minerais, AG cadeia curta, glicerol)

1.2. Absorção do alimento1.2. Absorção do alimento

Luz intestinal

Célula intestinal

Sistema Porta

Substâncias

hidrofílicas

difusão ou transporte ativo

Fígado

Page 24: Princípios gerais da toxicologia aula

24

b) Substâncias apolares (triglicerídeos, ácidos graxos, colesterol, vitaminas lipossolúveis)

Luz intestinal

Célula intestinal

Sistema Linfático

Substâncias hidrofóbicas

Diferentes órgãos e tecidos

Associação c/

ptnas sintetizadas

na cel. intestinais

Quilomícrons

Pinocitosereversa

1.2. Absorção do alimento1.2. Absorção do alimento

Sítios de absorção

Page 25: Princípios gerais da toxicologia aula

25

2. Absorção do Agente tóxico (AT)2. Absorção do Agente tóxico (AT)

Ingestão do alimento c/ o AT

Absorção no TGIPassagem do meio externo p/ o meio

interno

Substância tóxica

Fração gordurosa do alimento

Ligada a ptnas, aas ou CHOs

Substâncias lipossolúveis

Substâncias hidrossolúveis

Eletrólitos

Maioria dos ATs

Passagem direta p/o sangue e Fígado

Passagem direta p/o sangue

Metabolismo dos lipídeos

Biotransformação nos hepatócitos

Substâncias de maior ou menor

toxicidade

2. Absorção do Agente tóxico (AT)2. Absorção do Agente tóxico (AT)

Page 26: Princípios gerais da toxicologia aula

26

3. Distribuição do Agente tóxico (AT)3. Distribuição do Agente tóxico (AT)

Necessita atravessar diversas barreiras p/ alcançar seu sítio de ação

� Deslocamento para os diferentes órgãos e tecidos:

Este deslocamento depende:

- Da habilidade do AT em atravessar essas barreiras

- Da afinidade que o AT tenha pelos diferentes tecidos

- Da vascularização desses tecidos

AT na corrente sanguínea

3. Distribuição do Agente tóxico (AT)3. Distribuição do Agente tóxico (AT)

� De um modo geral, o organismo pode ser dividido em três

grandes territórios:

- Vísceras e órgãos (73% irrigação sanguínea)

- Pele, músculos, tec. conjuntivo e tec. ósseo ( 24%)

- Tecido adiposo (3%)

- Recebem um número importante de AT

- Atingem o estado de saturação rapidamente

- Estão envolvidos na eliminação do AT e de seus

subprodutos

Vísceras e órgãos

Page 27: Princípios gerais da toxicologia aula

27

� O acúmulo de AT é maior onde houver maior afinidade

entre AT- tecido

Sangue

deposito de AT nos tecidos

liberação a longo prazo

se liga a ptnas

Rins Fígado

(transporte ativo)

Biotransformação:

3. Distribuição do Agente tóxico (AT)3. Distribuição do Agente tóxico (AT)

� Fígado e Rins ⇒⇒⇒⇒ Alta capacidade de seqüestrar

Xenobióticos (processo não muito bem elucidado)

� Tecido Adiposo ⇒⇒⇒⇒ Baixa irrigação sangüínea

AT inativo

� Tecido ósseo ⇒⇒⇒⇒ Maior acúmulo de metais (chumbo)

� Pele, unhas (tecidos inertes) ⇒⇒⇒⇒ AT inativo; não retorna a

corrente sangüínea

� SNC ⇒⇒⇒⇒ passagem de AT é dificultada pela barreira

hematencefálica

� Placenta ⇒⇒⇒⇒ possui alguma capacidade de

biotransformação

3. Distribuição do Agente tóxico (AT)3. Distribuição do Agente tóxico (AT)

Page 28: Princípios gerais da toxicologia aula

28

4. Redistribuição do Agente tóxico (AT)4. Redistribuição do Agente tóxico (AT)

Sangue

Forma livre do AT no sangue AT depositado nos tecidosX

AT depositado nos tecidosOcorre até que todo o AT seja eliminado

Processo lento nos tecidos

pouco irrigados

5. Remoção do Agente tóxico (AT)5. Remoção do Agente tóxico (AT)

� Excreção (fezes, urina)

� Secreção (biliar, láctica, sudorípara, salivar, lacrimal)

5.1. Excreção urinária

� Rins ⇒⇒⇒⇒ órgãos mais eficientes na remoção de

agentes tóxicos (forma inalterada ou produtos da

Biotransformação)

� Substâncias hidrossolúveis

Page 29: Princípios gerais da toxicologia aula

29

5.2. Excreção fecal / secreção biliar

� Quando a substância não for absorvida ao longo do

TGI ⇒⇒⇒⇒ fezes

� Substâncias biotransformadas ou absorvidas (fração

secretada via bile ou por meio do epitélio TGI)

5.3. Secreção sudorípara, salivar e lacrimal

� Difusão simples ⇒⇒⇒⇒ substâncias ou produtos da

biotransformação ionizáveis

5. Remoção do Agente tóxico (AT)5. Remoção do Agente tóxico (AT)

6. Biotransformação do Agente tóxico (AT)6. Biotransformação do Agente tóxico (AT)

� Tem como objetivo aumentar a solubilidade de tudo

que é estranho ao organismo e necessita ser

excretado

� Reações de Fase I e de Fase II

6. 1. Reações de Fase I

� Inserção ou exposição de um grupamento funcional,

aumentando a intrasolubilidade da molécula

� reações de hidrólise, oxidação e redução (enzima P-

450)

Page 30: Princípios gerais da toxicologia aula

30

6.2. Reações de Fase II

� Conjugação (junção de uma molécula com outra)

Xenobiótico

Fase I Fase II

Excreção Excreção

Excreção

6. Biotransformação do Agente tóxico (AT)6. Biotransformação do Agente tóxico (AT)

Bibliografia

- MIDIO, A. F. & MARTINS, D. I. Toxicologia de Alimentos. SP:

Livraria Varela, 2000

- LINDNER, E. Toxicologia de los Alimentos. Ed. Acribia, 138p.,

1982

- REYES, F.G.R AND TOLEDO, M.C.F. Toxicologia de Alimentos.

Campinas.SP: Fundação Tropical de pesquisas e tecnologia André

Tosello. 1988. 163p.

- Artigos de periódicos

Page 31: Princípios gerais da toxicologia aula

31

Toxicocinética, toxicodinâmica e alterações

clínicas

IFRJ – campus Rio de Janeiro

Especialização em Segurança Alimentar e Qualidade Nutricional

Disciplina: Toxicologia de Alimentos

Prof.: Marcia Cristina da Silva

TópicosTópicos

2. 2. ToxicocinéticaToxicocinética

3. 3. ToxicodinâmicaToxicodinâmica

4. Fase clínica4. Fase clínica

1. Fases de intoxicação1. Fases de intoxicação

Page 32: Princípios gerais da toxicologia aula

32

� Fase de Exposição: contato c/ agente tóxico – via de

introdução, freqüência, duração da exposição,

propriedades físico-químicas, dose, concentração,

susceptibilidade individual

� Fase Toxicocinética: tds os processos envolvidos na

relação entre a disponibilidade química e a concentração

do fármaco nos diferentes tecidos do organismo -

absorção, distribuição, armazenamento,

biotransformação e excreção (depende propriedades

físico-químicas)

1. Fases de Intoxicação

� Fase Toxicodinâmica: Interação entre as moléculas do

agente tóxico e os sítios de ação, específicos ou não, dos

órgãos e, o aparecimento do desequilíbrio homeostático

� Fase Clínica: Evidências de sinais e sintomas, ou ainda

alterações patológicas detectáveis mediante provas

diagnósticas.

1. Fases de Intoxicação

Page 33: Princípios gerais da toxicologia aula

33

� Resumo: alimento + AT ⇒⇒⇒⇒ Absorção, Transporte,

Distribuição, Metabolismo/Biotransformação, Excreção

� Fatores que modificam a biotransformação ⇒⇒⇒⇒ Internos:

espécie, idade, peso, sexo, genético, estado nutricional,

temperatura corporal, estado patológico; Externos: vias

de introdução, meio ambiente

2. Toxicocinética

� É o estudo da natureza da ação tóxica exercida por

substâncias químicas sobre o sistema biológico, sob os

pontos de vista bioquímico e molecular.

3. Toxicodinâmica

Page 34: Princípios gerais da toxicologia aula

34

� Interações de agentes tóxicos com receptores ⇒⇒⇒⇒ podem

atura bloqueando sítios ativos de receptores e impedindo

a ligação de moléculas- alvo.

� Interferências nas funções de membrana ⇒⇒⇒⇒ podem

perturbar a função de membranas, por exemplo,

bloqueando o fluxo de íons (canal de íons).

� Inibição da fosforilação oxidativa ⇒⇒⇒⇒ interfere a oxidação

de carbohidratos, reduzindo a síntese de ATP (ex.:

metemoglobina: oxidação de ferro pelos nitritos)

3. Toxicodinâmica

� Complexação com biomoléculas ⇒⇒⇒⇒ Inibição de enzimas

(cianeto, inseticidas organofosforados); Proteínas

(interação covalente com ptnas, polipetídeos, DNA e RNA

– provável início da mutagenicidade, carcinogenicidade e

necrose). Ex.: aflotoxina; Lipídeos: indução da

peroxidação lipídica

� Pertubação da Homeostase de Cálcio ⇒⇒⇒⇒ Elevado influxo

de cálcio intracelular (Ex.: íons metálicos) – anormalidade

funcional de membranas, morte celular

3. Toxicodinâmica

Page 35: Princípios gerais da toxicologia aula

35

� Mutação ⇒⇒⇒⇒ é uma alteração súbita do material genético que

é transmitida à descendência. Dependendo do tipo celular

em que ocorra, germinativa ou somática, a mutação passará,

respectivamente, à novas gerações ou ás células filhas.

� Carcinogênese ⇒⇒⇒⇒ o processo envolve interações complexas

entre vários fatores, tanto exógenos (ambientais) quanto

endógenos (genéticos, hormanais).

� Teratogênese ⇒⇒⇒⇒ São malformações congênitas que podem

ser causadas por agentes tóxicos, sobretudo quando

administrados no período da organogênese (entre a 2ª e 10ª

semana de gestação).

4. Fase Clínica

� Mutagênese ⇒⇒⇒⇒ refere-se à propriedade que as

substâncias químicas apresentam de provocar

modificações no material genético das células, de modo

que estas sejam transmitidas às novas células durante a

divisão. Dependendo da célula afetada, as mutações

podem acarretar desde a inviabilidade de

desenvolvimento da célula ovo, passsando por morte do

embrião ou feto até o desenvolviemto de anormalidades

congênitas que podem ser transmitidas hereditariamente.

4. Fase Clínica

Page 36: Princípios gerais da toxicologia aula

36

Bibliografia

- LINDNER, E. Toxicologia de los Alimentos. Ed. Acribia, 138p.,

1982

- REYES, F.G.R AND TOLEDO, M.C.F. Toxicologia de Alimentos.

Campinas.SP: Fundação Tropical de pesquisas e tecnologia André

Tosello. 1988. 163p.

- Artigos de periódicos