princÍpios estruturantes do processo civil

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  • 5/14/2018 PRINCPIOS ESTRUTURANTES DO PROCESSO CIVIL

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civil

    PRINClplOS ESTRUTURANTES DO PROCESSO CIVIL

    ACESSO A JUSTICAGARANTIAS DO PROCESSO JUSTONOVO MODELO PROCESSUAL

    ACESSO A JUSTICA1. Direito a jurisdic;ioo art. 100 Declaracao Universal dos Direitos do Homem estabelece que "toda a pessoatem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e publicamente julgada porum Tribunal independente e imparcial que decida dos seus direitos e obriqacoes ou dasrazoes de qualquer acusacao em materia penal que contra ela seja deduzida".

    Este direito a justlca sem qualquer dlscrlrnlnacao por motivos economlcos e umaconsequencla do Estado social de direito que se encontra consagrado no art. 2 CRP. 0acesso a justica nao e, alias, 0 unico direito fundamental assegurado ao cidadao na area daproteccao dos direitos: adequadamente, 0 art. 20/1 CRP atribui, a par da garantia de acessoaos Tribunais, uma garantia de acesso ao proprio direito. 8em este "direito ao direito", agarantia do acesso aos Tribunais poderia tomar-se vazia e llusoria, dado que nao importacriar as condlcoes para aceder aos Tribunais se, simultaneamente, nao se possibilitar 0conhecimento dos direitos que se podem defender atraves desses orgaos. Nesta perspectiva,percebe-se que, nos termos do art. 20/2 CRP, a garantia do acesso ao direito envolva 0direito a lrformacao e consultas juridicas e, em caso de necessidade, ao patrocinio judiclario eque 0 art. 6 DL 387-8/87, de 29/12, englobe 0 direito a consulta juridica e ao patrociniojudlclario nummais vasto direito a proteccao juridica.2. Garantias do acesso a justic;a

    Quando considerada na perspectiva do acesso a justica, qualquer reforma do processocivil deve orientar-se para a ellrninacao dos obstaculos que impedem, ou, pelo menos,dificultam, esse acesso. Cappellitti considera os seguintes obstaculos ao acesso a justi;a:0obstaculo economlco, se os interessados nao estiverem em condicoes de aceder aosTribunais por causa da sua pobreza; 0 obstaculo organizatorio, porque a tutela de certosinteresses colectivos ou difusos lrnpoe uma profunda transformacao nas regras e institutostradicionais do direito processual; finalmente, 0 obstaculo propriamente processual,porque os tipos tradicionais de processo sao inadequados para algumas tarefas de tutela.

    a) Obstaculo econernlco:A garantia do acesso a justica, para ser efectiva, pressupoe a nao discrtrnlnacao porlnsutlciencia de meios economlcos (art. 20/1 CRP). 0 art. 6 DL 387-8/87 garante, no ambito

    da proteccao juridica 0 chamado apoio judlclario 0 qual compreende a dispensa total ou

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilprocesso seja utilizados pela parte economicamente mais poderosa como um meio depressao sobre a parte mais fraca.

    b) Obstaculo organizatorio:o art. 26-A regula a legitimidade para as accoes e procedimentos cautelares destinadosa tutela de interesses difusos, como os que se referem a saude publica, ao ambiente equalidade de vida, ao patrim6nio cultural, ao dominic publico e ao consumo de bens eservicos.

    o art. 26-A contern apenas uma norma remissiva para a lei regulamentadora da accaopopular, mas, ainda assim, apresenta a vantagem de integrar no ambito do processo civil alegitimidade popular, isto e , a legitimidade para a defesa dos interesses difusos atraves daaccao popular prevista no art. 52/3 CRP. Esclareya-se, a prop6sito, que, nos termos do art.12/2 Lei 83/95, a accao popular civil pode revestir qualquer das formas previstas no C6digode Processo Civil, pelo que essa legitimidade abrange qualquer accao ou procedimentoadmissivel na area processual civil.

    c) Obstaculo processual:o processo declarativo segue uma tramitacao, comum ou especial, fixada pela lei (art.460/1 CPC). Abandonada qualquer correspondencla entre 0 direito subjective e a respectivaactio, sao fundamentalmente motivos ligados a necessidade pratlca de adaptar a trarnltacaoprocessual a certas sltuacoes especificas que conduzem a previsao de certos processosespeciais. Mas, os processos especiais previstos na lei s6 abrangem certas sltuacoesparticulares, 0 que significa que a grande maioria das accoes propostas em Tribunal eregulada para a trarnltacao comum (art. 460/2 CPC).

    Segundo 0 art. 265-A CPC, quando a trarnitacao processual prevista na lei nao seadequar as especificidades da causa, 0 juiz deve, mesmo oficiosamente, determinar, depoisde ouvidas as partes, a pratlca dos actos que melhor se ajustem ao fim do processo e definiras necessarias adaptacoes no seu procedimento. Deve entender-se que a iniciativa daadaptacao pode pertencer quer ao juiz, quer a qualquer das partes. A adaptacao podeconsistir tanto na realizacao de actos que nao sejam previstos na tramttacao legal e que semostrem lndlspensaveis ao apuramento da verdade e ao acerto da declsao, como nadispensa de actos que se revelem manifestamente inid6neos para 0 fim do processo.o art. 265-A CPC, nao 0 diz, mas e claro que a tramltacao sucedanea tem de respeitarestritamente a igualdade das partes (art. 3-A CPC) e, em particular, 0 principio docontradit6rio (art. 3/2/3 1a parte CPC). Mesmo que, como 0art. 265-A CPC, 0 exige, a partetenha side previamente ouvida, ela nao fica impedida de invocar 0 desrespeito daquelesprincipios na tramltacao sucedanea. A prafica ou a ornlssao de um acto que implica a ofensadaqueles principios traduz-se numa nulidade processual (art. 201/1 CPC), pois que saodirectamente violados os preceitos que os consagram (arts. 3/2/3 1a parte e 3-A CPC) eessa volacao influi certamente no exame ou declsao da causa.

    Nas hip6teses de cumulacao de varies objectos processuais numa mesma accao, 0problema da inadequacao formal surge numa outra vertente: sempre que uma certa situacaoda vida juridica comporte aspectos a que, quando considerados parcelarmente, correspondamprocessos comuns e especiais ou diferentes processos especiais, coloca-se 0 problema desaber se essa diferenya formal deve impedir 0 seu tratamento unitario num mesmo processo.E evidente que e desejavel que motivos formais nao impliquem um desmembramento de umamesma sltuacao juridica por varies processos.

    GARANTIAS DO PROCESSO JUSTO

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo CivilNao basta assegurar a qualquer interessado 0acesso a jusfica: tao importante como esse

    acesso e garantir que 0 processo a que se acede apresenta, quanta a sua propria estrutura,garantias de justic;a. Este direito ao processo justo encontra-se expressamente consagrado noart. 10 Declaracao Universal dos Direitos do Homem, no art. 14/1 Pacto Internacional sobreos Direitos Civis e Politicos e no art. 6/1 Convencao Europeia dos Direitos do Homem. Todosestes preceitos atribuem 0 direito a um julgamento equitativo, que, alias, eles propriosconcretizam nas garantias de imparcialidade e de lndependencla do Tribunal, de igualdadedas partes, de publicidade das audlenclas, do juiz legal ou natural e de proferimento dadeclsao num prazo razoavel,Estes principios sao, todos eles, susceptiveis, de moldar 0 regime processual. Assim, elndlspensavel garantir aquele que recorre aos Tribunais um julgamento por um orgaoimparcial, uma plena igualdade das partes, 0 direito ao cornraditorio, uma duracao razoavel daaccao, a publicidade do processo e a efectivacao do direito a prova.4. Imparcialidade do Tribunal

    A adrninistracao da justica nao e possivel sem um Tribunal independente e imparcial: aimparcialidade do Tribunal constitui um requisito fundamental do processo justo. As garantiasde imparcialidade do Tribunal podem ser vistas, quer como garantias do Tribunal peranteterceiros, quer como garantias das partes perante 0Tribunal. Naquela primeira perspectiva, asgarantias de imparcialidade costumam classificar-se em materiais e pessoais: as garantiasmateriais respeitam a liberdade do Tribunal perante lnstrueoes ou quaisquer lmromlssoes deoutro orgao do estado (art. 206 CRP, art. 4/1 EMJ - Estatuto dos Magistrados Judiciais, Lein.o21/85, de 30/7, alterada pelo DL n.o342/88, de 28/9, e pelas Leis n.o2/90, de 20/1, e 10/94,de 5/5); as garantias pessoais protegem 0 juiz em concreto: sao elas a irresponsabilidade(art. 5 EMJ) e a inamovibilidade (art. 6 EMJ).Na perspectiva das partes, as garantias de imparcialidade referem-se a lndeperdencla dojuiz e a sua neutralidade perante 0objecto em causa.

    Constitui ainda uma garantia das partes a chamada lndependencla interna do juiz. Refere-se esta as influencias a que 0 juiz esta sujeito pela sua origem, educacao ou processo desoclallzacao. E este aspecto da lndependenela interna que justifica a proiblcao da pratlca deactividade polltlco-partidarias de caracter publico e de ocupacao de cargos politicos pelosmagistrados judiciais em exercicio de funcoes (art. 11 EMJ), bem como a prolblcao dodesempenho pelos mesmos de qualquer outra func;ao publica ou privada, salvo as func;oesdocentes ou de lnvestlqacao juridica, desde que nao remuneradas (art. 218/3 CRP, art. 13EMJ).

    5. Igualdade das partesAmbas as partes devem possuir os mesmos poderes, direitos, onus e deveres, isto e ,cada uma delas deve situar-se numa poslcao de plena igualdade perante a outra e ambasdevem ser iguais perante 0 Tribunal. Esta igualdade das partes, que deve ser assumida comouma concrefizacao do principio da igualdade consagrado no art. 13 CRP, e agora umprincipio processual com exoressao legal no art. 3-A CPC, este preceito estabelece que 0Tribunal deve assegurar, durante todo 0 processo, um estatuto de igualdade substancial daspartes, designadamente no exercicio de faculdades, no uso dos meios de defesa e naaplicacao de comlnacoes ou de saneoes processuais.

    Um primeiro problema suscitado pelo art. 3-A e pela referida igualdade substancial entreas partes e 0 de nem sempre e viavel assegurar essa igualdade. Em certos casos, nao epossivel ultrapassar certas diferenc;as substanciais na poslcao processual das partes; noutrashipoteses nao e possivel afastar certas igualdades formais impostas pela lei

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civiligualdade formal entre as partes (arts. 42/2 e 512-A/1 CPC). Portanto, tarnbern neste camponao existe qualquer possibilidade de assegurar uma igualdade substancial entre as partes.o art. 3-A tem como destlnatario 0Tribunal, pois que e a este orgao que 0 preceito atribuia funyao de garantir a igualdade substancial das partes. Mas esta funyao pode ser entendidade duas formas bastantes distintas: se essa funyao for concebida com um conteudo poslflvo,aquele preceito lrnpoe ao Tribunal 0 dever de promover a igualdade entre as partes e de,eventualmente, auxiliar a parte necessitada; se, pelo contrario, essa funyao for entendida comum conteudo neqafivo, so se proibe que 0Tribunal promova a desigualdade entre as partes.o direito portugues concede ao Tribunal certos poderes lnstrutorios (arts. 535/1, 612/1 e653/1 CPC) e lnquisltorlos: quanta estes ultimos, resulta do disposto nos arts. 264/2 e 265/3CPC, que 0 Tribunal pode investigar e considerar os factos instrumentais relevantes para adeclsao da causa. Mas 0 uso destes poderes lnstrutorios e lnqulsltorios e orientado, nao pelanecessidade de obter a igualdade entre as partes, mas pela de procurar proferir uma declsaode acordo com a realidade das coisas.

    A expressao do principio da igualdade deve ser procurada fora daqueles podereslnstrutorios ou lnqusltorios, 0que de modo algum exclui um amplo campo de apllcacao desseprincipio. Esta aplicacao verifica-se tanto no referido conteudo poslflvo, que lmpoe ao Tribunalum dever de constituir a igualdade entre as partes, como no conteudo neqativo, que 0 proibede originar, pela sua conduta, uma desigualdade entre as partes.

    A referencia a igualdade substancial que consta no art. 3-A nao pode postergar os variesregimes imperativos definidos na lei, que originam desigualdades substanciais ou que sebastam com igualdades formais. Quer suoressao dos factores de igualdade formal, masatraves de um auxnio suplementar a favor da parte carenciada do auxnio. Essa igualdadesubstancial nao e obtida atraves de um minus imposto a uma das partes, mas de um maiusconcedido a parte necessitada.o principio da igualdade substancial nao choca com 0 principio da imparcialidade doTribunal. Esta imparcialidade traduz-se numa lndependercla perante as partes, mas, nocontexte do principio da igualdade, imparcialidade nao e slnonimo de neutralidade: aimparcialidade lrnpoe que 0 juiz auxilie do mesmo modo qualquer das partes necessitadas ou,dito de outra forma, implica, verificadas as mesmas condicoes, 0 mesmo auxlio a qualquerdelas; a neutralidade determina a passividade do juiz perante a desigualdade das partes.Portanto, 0juiz tem de ser neutro perante as situacoes de desigualdade que existam ou que sepossam criar entre as partes, mas deve ser imparcial perante elas, dado que, quando tal sejustifique, deve auxiliar qualquer delas.o conteudo negativo do principio da igualdade substancial destina-se a impedir que 0 juizcrie sltuacoes de desigualdade substancial entre as partes. Assim, por exemplo, esseprincipio obsta a que 0 Tribunal fixe, para cada uma das partes, prazos diferentes para 0exercicio da mesma faculdade ou 0 cumprimento do mesmo onus.Quanto as declsoes sobre 0 merito da causa, elas sao determinadas pelos criteriosresultantes da lei ou que por ela seja permitidos, como a equidade (art. 4 CC) e adiscricionariedade propria dos processos de jurisdiyao voluntaria (art. 1410 CPC). Assim, 0Tribunal so pode introduzir na sua decisao as correccoes que a lei permita ou que resultem dequalquer daqueles criterios formais de declsao.6. Garantia do contradltorloo direito do cootradltorio - que e, em si mesmo, uma decorrencla do principio da igualdadedas partes estabelecido no art. 3-A - possui um conteudo multifacetado: ele atribui a partenao so 0 direito ao conhecimento de que contra ele foi proposta uma accao ou requerida umaprovidencia e portanto um direito a audlcao antes de ser tomada qualquer declsao mas

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civila) Direito a audlcao previa:o direito a audlcao previa encontra-se consagrado no art. 3/1 (0 Tribunal n80 pode

    resolver 0 conflito de interesses que a aCy80 pressupoe sem que a resolueao Ihe seja pedidapor uma das partes e a outra seja devidamente chamada para deduzir OpOSi(80) CPC in fine,embora possa sofrer as excepcoes genericamente previstas no art. 3/2 (s6 nos casosexcepcionais previstos na lei se podem tomar providenclas contra determinada pessoa semque esta seja previamente ouvida) CPC: assim, num procedimento cautelar comum, 0 Tribunals6 ouvira 0 requerido se a audlencla n80 puser em risco serio 0 fim ou a eficacla daprovidencla (art. 385/1 CPC); a restituiy80 provis6ria da posse e 0 arresto S80 decretadossem a audlencla da parte requerida (arts. 394 e 408/1 CPC). E ainda 0 direito a audlcaoprevia que justifica todos os cuidados de que ha que revestir a cltacao do reu e a tiplflcacaodos casos em que se considera que ela falta (art. 195 CPC) ou e nula (art. 198/1 CPC) e queesta subjacente a possibilidade de lnterposlcao do recurso extraordlnario de revisao contrauma sentence proferida num processo em que tenha faltado a cltacao ou esta seja nula (art.771-fCPC) e de OpOSiy80e anelacao da execucao com base nos mesmos vfcios (arts. 813-de 921 CPC).b) Direito de resposta:

    o contradit6rio n80 pode ser exercido e 0 direito de resposta n80 pode ser efectivado sea parte n80 tiver conhecimento da conduta processual da contraparte. Quanto a este aspecto,vale a regra de que cumpre a secretaria notificar oficiosamente as partes quando, por virtudede dlsposlcao legal, elas possam responder a requerimentos, oferecer provas ou, de ummodo geral, exercer algum direito processual que n80 dependa de prazo a fixar pelo juiz, nemde previa citacao (art. 229/2 CPC). Concretizacoes desta regra constam dos arts. 146/5,174/1,234/1, 542e 670/1 CPC.

    o direito de resposta consiste na faculdade, concedida a qualquer das partes, deresponder a um acto processual (articulado, requerimento, aleqacao ou acto probat6rio) dacontraparte. Este direito tem expressao legal, por exemplo, no princfpio da audlenclacontradit6ria das provas constante do art. 517 CPC.o art. 3/3 1a parte CPC, lrnpoe ao juiz, de modo proqrarnatlco, 0 dever de observar efazer cumprir, ao longo de todo 0 processo, 0 princfpio do contradit6rio. Significativa etarnbern, quanta a este aspecto, a supressao dos processos sumarios e sumarfssimos comoprocessos cominat6rios plenos (arts. 784 e 794/1 CPC): neste caso, n80 e 0 contradit6rioque se garante, mas as consequencias do seu exercfcio que se atenuam.

    A violacao do contradit6rio inclui-se na clausula geral sobre as nulidades processuaisconstante do art. 201 /1 (fora dos casos previstos nos artigos anteriores, a pratlca de um actoque a lei n80 admita, bem como a ornlssao de um acto ou de uma formalidade que a leiprescreva, s6 produzem nulidade quando a lei 0 declare ou quando a irregularidade cometidapossa influir no exame ou na decisao da causa) CPC: dada a lrnportancla do contradit6rio, eindiscutivel que a sua lnobservancia pelo Tribunal e susceptive I de influir no exame ou declsaoda causa. Uma concrefizacao desta regra encontra-se no art. 277/3 (S80 nulos os actospraticados no processo posteriormente a data em que ocorreu 0 falecimento ou extiny80 que,nos termos do n.o1, devia determinar a suspensao da lnstancla, em relacao aos quais fosseadmissivelo exercfcio do contradit6rio pela parte que faleceu ou se extinguiu) CPC.7. Durac;io razoavel do processo

    A lentldao processual encontra causa end6genas e ex6genas. Como causas end6genaspodem ser referidas as seguintes: a excessiva passividade - se n80 legal, pelo menos real-do juiz da aCy80; a orientacao da actividade das partes, n80 pelos fins da tutela processual,mas por razoes frequentemente dilat6rias; alguns obstaculos tecnicos como os cr6nicos

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilmorosidade processual sao exteriores ao proprio processo: falta de resposta dos Tribunais aocrescimento exponencial da litigiosidade, dada a exiguidade dos meios disponiveis; maiorcomplexidade do direito material e crescente uso nele de conceitos indeterminados e declausulas gerais, cuja concrenzacao, deflciencia na preparacao tecnlca dos profissionaisforenses.

    Uma consequencla da morosidade da justica e 0 recurso cada vez mais frequente asprovidenclas cautelares como forma de solucionar os litigios, especialmente quando elaspodem antecipar a tutela definitiva ou mesmo vir a dispensa-la.Sao varias as solucoes habitualmente seguidas (ou tentadas) para obviar a morosidadeprocessual. Salientam-se, entre ela, as seguintes solueoes: 0 estabelecimento entre as fasesdo processo, ou mesmo no seu interior, de regras de preclusao, que obstam a que um actoomitido possa vir a ser realizado fora do seu momenta legalmente fixado; 0 reforco do controlodo juiz sobre 0 processo; a concentracao do processo numa audlencla na qual a causa possaser discutida e, eventualmente, decidida.o art. 2/1 CPC, atribui a parte 0direito de obter, num prazo razoavel, a declsao da causa,o que significa que 0 Estado tem do dever de disponibilizar os meios necessaries paraassegurar a celeridade na adrninistracao da justlca, Assim, a concessao deste direito aceleridade processual possui, para alern de qualquer ambito proqrarnatlco, um sentidopreceptive bem determinado, pelo que a parte prejudicada com a falta de declsao da causanum prazo razoavel por motivos relacionados com os servicos da admlnistracao da justiya temdireito a ser indemnizada pelo Estado de todos os prejuizos sofridos. Esta responsabilidadedo Estado e objectiva, ou seja, e independente de qualquer negligencia ou dolo do juiz dacausa ou dos funcionarios judiciais.

    Para obter a lndernnizacao dos prejuizos causados pelo atraso no proferimento dadeclsao tem side utilizada, com alguma frequsncia, a petlcao dirigida a Convencao Europeiados Direitos do Homem (art. 25/1), para que esta solicite a apreciacao da violacao peloEstado portugues da garantia da declsao do processo num prazo razoave I pelo TribunalEuropeu dos Direitos do Homem (arts. 44 e 48/1 Convencao Europeia dos Direitos doHomem) e, se for caso, a atribuicao ao lesado de uma reparacao adequada (art. 50corwencao Europeia dos Direitos do Homem).8. Publicidade do processoo Processo Civil e - diz enfaticamente 0 art. 167/1 CPC - publico. A publicidade doprocesso tornou-se possivel com a lrnroducao da oralidade e continua a possuir a justiflcacaotradicional: ela e um meio para combater 0 arbftrio e assegurar a verdade e a justiya dasdeclsoes judiciais. A essa publicidade estao subjacentes os principios fundamentais doEstado de direito, nomeadamente a possibilidade de um controlo popular dos orgaos que -como sucede com os Tribunais - exercem poderes de soberania (art. 110/1 CRP). E nestaperspectiva que se deve entender a garantia da publicidade das audlenclas dos Tribunais,que se encontra consagrada no art. 206 CRP e no art. 656/1 CPC, bem como a garantia doacesso aos autos por todos os interessados estabelecida no art. 167/2 CPC.

    A publicidade das audlenclas dos Tribunais co nstitui uma importante garantia numa dupladlrnensao: em relacao as partes, ela assegura a possibilidade de um controlo popular sobreas decisoes que as afectam directamente; relativamente a oplnlao publica, essa publicidadepermite combater a desconfianya na admlnistracao da justica.

    A publicidade das audlencias e , no entanto, excluida quando circunstanclas ponderosas 0aconselham. Esses motivos encontram-se constitucionalmente tipificados (art. 206 CRP) esao repetidos no respecuvo preceito da lei ordinaria (art. 656/1 CPC): sao eles a salvaguardada dignidade das pessoas e da moral publica e a garantia do normal funcionamento da

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilexercer 0mandato judicial ou a quem nisso revele um interesse atendivel, de exame e consultados autos na secretaria do Tribunal e de obtencao de capias ou certldoes de quaisquer pecasnele incorporadas pelas partes (art. 167/2 CPC). Este acesso aos autos e , porern, limitadonos casas em que a divulgayao do seu conteudo possa causar dana a dignidade daspessoas, a intimidade da vida privada ou familiar ou a moral publica ou par em causa aeficacla da declsao a proferir (art. 168/1 CPC).

    9. Direito i t provaA prova e a actividade destinada a formacao da corwiccao do Tribunal sobre a realidadedos factos controvertidos (art. 341 CC), isto e , dos factos que constituem a chamada baselnstrutorla (art. 508-A/1-e, 508-8/2, e 511 / 1 CPC). Essa actividade incumbe a parte onerada(art. 342 CC), que nao obstara uma decisao favoraveI se nao satisfazer esse onus (art. 516;art. 346 CC).

    Para cumprir 0 onus da prova, a parte tem de utilizar um dos meios de prova legal oucontratualmente admitidos ou nao excluidos por corwencao das partes (art. 345 CC). Dada aimpori8ncia do cumprimento do onus para a contraparte e para terceiros, costuma falar-se deum direito a prova. Este direito e habitualmente deduzido, para a generalidade dos processosjurisdicionais, do disposto no art. 6/3-d Convencao Europeia dos Direitos do Homem, quegarante ao acusado 0 direito de interrogar ou fazer interrogar as testemunhas de acusacao eobter a convocacao e 0 lnterroqatorlo das testemunhas de defesa nas mesmas condlcoesdaquelas.o direito a prova contern limites impostos pela proteccao de direitos de terceiros: aqueledireito cede perante direitos de terceiros que merecarn do ordenamento juridico uma tutelamais forte. Em geral, os limites do direito a prova consubstanciam-se nas chamadas provasproibidas, que podem ser tanto provas que sao materialmente llcitas mas processualmenteproibidas, como provas que sao materialmente e processualmente proibidas.Algumas provas sao materialmente Hcitas, mas, apesar disso, nao sao processualmenteadmissiveis. Estas provas podem conduzir a uma prolblcao de producao ou de valoracao,Noutros casos, a prova pode ser produzida num processo, mas nao pode ser valorada numaoutra accao,

    Outras provas sao materialmente proibidas e, portanto, ilicitas. Sao exemplo de provasilicitas todas aquelas que sao obtidas atraves dos rnetodos previstos no art. 32/8 CRP ou noart. 519/3 CPC.As provas ilicitas sao, em regra, insusceptiveis de ser valoradas pelo Tribunal, isto e , naopodem servir de fundamento a qualquer declsao judicial. Mas, quanta ao real ambito destasprovas insusceptiveis de valoracao, parece haver que distinguir entre aqueles meios de provacuja producao e , ela propria, um acto ilicito ( e 0 caso das provas previstas no art. 32/8 CRP eno art. 519/3 CPC) e aquelas provas cuja producao nao representa, em si mesma, qualquerilicitude.

    NOVO MODELO PROCESSUAL10. Premissas gerais

    As caracteristicas do processo liberal, dominado pela passividade judicial, saoessencialmente as seguintes; as partes e concedido 0 controlo sobre 0 processo e os factosrelevantes para resolucao do litigio e e minimizado 0 contributo do juiz e de terceiros paraessa resolucao; a declsao requer apenas uma leqitirnacao dependente da cbservancla dasregras e dos pressupostos processuais Em contrapartida sao as seguintes as linhas

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilrelevantes para a decisao da causa; as partes e terceiros estao obrigados a um dever decooperacao com 0 Tribunal; a legitimay80 da declsao depende da sua adequacao substanciale n80 apenas da sua correccao formal; as regras processuais podem ser afastadas ouadaptadas quando n80 se mostrem ldoneas para a justa composlcao do litigio.o processo e poder. Nas sociedades modernas, submetidas ao poder politico do Estadoe organizadas em torno deste, 0 poder jurisdicional dos juizes e exoressao de pOSiy80 que 0sistema juridico Ihes concede para a reSOlUy80dos conflitos de interesses puollcos e privados(art. 202/2 CRP). Isto reconduz a analise para 0 problema da legitimay80 do processojurisdicional, ou seja, para a adequacao da instituicao processual para realizar os fins que 0Estado e a sociedade Ihe atribuem.

    Os processos jurisdicionais de natureza declarativa destinam-se a obter 0 proferimento deuma declsao pelo Tribunal. A correccao desta declsao depende da sua coerencia com aspremissas de facto e de direito que foram adquiridas durante 0 processo e da propria n80contradlcao entre essas premissas: se essa declsao for correcta, sera possivel encontrar nasua fundarnentacao naquelas premissas ou, pelo menos, reconstitui-Ias a partir dela. A estacoerencia da declsao com as sua premissas pode chamar-se leqltimacao interna.

    Esta legitimay80 assegura a coerencla da declsao com as suas premissas, mas nadagarante quanta a verdade ou aceitabilidade dessas premissas e, portanto, daquela decisao:do facto de esta ser coerente com as suas premissas n80 se segue que ela corresponda arealidade das coisas, pois que, para tal, e necessarto que estas premissas estejam, elasproprlas, de acordo com tal realidade. A esta corresponoencia da declsao com a realidadeextra-processual pode chamar-se leqltlrnacao externa.o Estado social de direito que se encontra plasmado no art. 2 CRP pressupoe umademocracia econornlca, social e cultural.0 processo jurisdicional n80 pode deixar de reflectiressas preocupacees sociais e de ser impregnado por uma concepcao social: a SOlUy80dosconflitos n80 e uma materia de mero interesse dos litigantes e estes n80 devem ser tratadoscomo titulares abstractos da sttuacao litigiosa, mas antes como individuos concretos comnecessidades a que 0 direito e 0 processo devem dar resposta.o Estado social de direito representa um compromisso entre a esfera do Estado e a dasociedade, dos grupos e dos individuos. Tarnbern este compromisso se reflecte em variesaspectos dos modernos processos jurisdicionais.11. Coopera~io inter-subjectivao art. 266/1 CPC, dlspoe que, na conducao e lntervencao no processo, os magistrados,os mandatarios judiciais e as proprias partes devem cooperar entre si, concorrendo para seobter, com brevidade e eficacla, a justa composlcao do litigio. Este importante principio dacooperacao destina-se a transformar 0 processo civil numa "comunidade de trabalho" e aresponsabilizar as partes e 0 Tribunal pelos seus resultados. Este dever de cooperacao dirige-se quer as partes, quer ao Tribunal, pelo que importa algumas consequenclas quanta apOSiy80 processual das partes perante 0 Tribunal, deste org80 perante aquelas e entre todosos sujeitos processuais em comum.

    a) Posi~io das partes:Dever de cooperacao assenta, quanta as partes, no dever de litigancia da boa fe (art.

    266-A - As partes devem agir de boa fe e observar os deveres de cooperacao resultantes dopreceituado no artigo anterior - CPC). A lrfraccao do dever do honeste procedere poderesultar de rna fe subjectiva, se ela e aferida pelo conhecimento ou n80 ignorancia da parte, ouobjectiva, se resulta da violacao dos padroes de comportamento exigiveis. Segundo 0 art.456/2 CPC proernlo, essa rna fe pressupoe quer 0 dolo, quer tao-so a negligencia grave.

    Qualquer das referidas modalidades da rna fe processual pode ser substancial ou

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilomitir factos relevantes para a declsao da causa (art. 456/2-b CPC), isto e, violar 0 dever deverdade; e instrumental, se a parte tiver omitido, com gravidade, 0 dever de cooperacao (art.456/2-c CPC) ou tiver feito do processo ou dos meios processuais um usc manifestamentereprovaveI, com 0 fim de conseguir um objecfivo ilegal, impedir a descoberta da verdade,entorpecer a aCy80 da justlca ou protelar, sem fundamento serio, 0 franstto em julgado dadeclsao (art. 456/2-d e art. 720 CPC).

    A rna fe processual obriga a parte ao pagamento de uma multa e, se a parte contraria 0pedir, de uma indemnizacao (art. 456/1 CPC). Esta lndemnlzacao pode consistir, segundo aOpy80 do juiz (art. 457/1-b 2a parte CPC), no reembolso das despesas a que a rna fe dolitigante tenha obrigado a parte contraria, incluindo os honorarios dos mandataries ou tecnlcos(art. 457/1-a CPC), ou no reembolso dessas despesas e na satisfacao dos restantesprejufzos sofridos pela parte comrarla como consequencia directa ou indirecta da rna fe (art.457/1-b CPC).o dever de cooperacao das partes estende-se igualmente a importante area da prova. 0art. 519/1 CPC, estabelece, na sequencia do direito do Tribunal a coadjuvacao de outrasentidades (art. 206/3 CRP), que todas as pessoas, sejam ou n80 partes na causa, tem 0dever de prestar a sua colaboracao para a descoberta da verdade, respondendo ao que Ihesfor perguntado, submetendo-se as inspeccoes necessarlas, facultando 0 que for requisitado epraticando os actos que forem determinados. Este dever de colaboracao e independente darepartlcao do onus da prova (arts. 342 a 345 CC), isto e, vincula mesmo a parte que n80 estaonerada com a prova.

    A recusa da colaboracao devida pela parte implica uma de duas consequsnclas: se aparte recusar a sua propria colaboracao, 0 Tribunal aprecia livremente, para efeitosprobatorios, 0 valor desse comportamento (art. 519/2 1a parte CPC); se a violacao de deverde colaboracao resultar da clreunstancla de a parte ter culposamente tornado impossfvel aprova a contraparte onerada, 0 onus da prova (art. 519/2 in fine CPC; art. 344/2 CC). Como 0dever de colaboracao pode recair sobre a parte que n80 esta onerada com a prova do facto,esta lnversao do onus da prova pode implicar, com base na regra do non liquet (art. 516 CPC;art. 346 CC), 0 proferimento de uma declsao de merito contra a parte a qual n80 cabiainicialmente a demonstracao do facto.o dever de cooperacao da parte tambern encontra expressao na aCy80 executiva: se 0exequente tiver dificuldade em identificar ou localizar os bens peoboravels do executado, 0Tribunal pode determinar que este preste todas as intormacoes lndlspensavels a realizacaoda penhora, sob a cornunicacao de ser considerado litigante de rna fe (art. 837-A/2 CPC).

    b) Posi~ao das partesExiste um dever de cooperacao das partes com 0 Tribunal, mas tarnbern ha um ldentlco

    dever de colaboracao deste org80 com aquelas. Este dever desdobra-se, para esse org80,em quatro deveres essenciais:1) Um e 0dever de esclarecimento, isto e, 0 dever de 0 Tribunal se esclarecer junto daspartes quanta as duvldas que tenha sobre as suas aleqacoes, pedidos ou posicoes emjufzo (art. 266/2 CPC), de molde a evitar que a sua declsao tenha por base a falta deinformay80 e n80 a verdade apurada;

    2) Um outro eo dever de prevencao, ou seja, 0 dever de 0 Tribunal prevenir as partessobre eventuais deflciencias ou lnsutlcienclas das suas aleqacoes ou pedidos (art.508/1-b, 508-A/1-c, 690/4 e 701/1 CPC);3) 0 Tribunal tem tarnbern 0 dever de consultar as partes, sempre que pretendaconhecer de materia de facto ou de direito sobre a qual aquelas n80 tenham tido apossibilidade de se pronunciarem (art. 3/3 CPC), porque, por exemplo, 0 Tribunalenquadra juridicamente a sttuacao de forma diferente daquela que e a perspectiva das

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civil4) Finalmente, 0Tribunal tem 0dever de auxiliar as partes na remocao das dificuldades

    ao exercfcio dos seus direitos ou faculdades ou no cumprimento de onus ou deveresprocessuais (art. 266/4 CPC).

    o dever de esclarecimento implica um dever recfproco do Tribunal perante as partes edestas perante aquele orgao: 0Tribunal tem 0dever de se esclarecer junto das partes e estastem 0 dever de 0 esclarecer (art. 266-A CPC). Encontra-se consagrado, quanta ao primeiroaspecto, no art. 266/2 CPC: 0 juiz pode, em qualquer altura do processo, ouvir qualquer daspartes, seus representantes ou rnandatarios judiciais, convidando-os a fornecer osesclarecimentos sobre a materia de facto ou de direito que se afigurem pertinentes e dando-se conhecimento a outra parte dos resultados da diligencia. 0segundo dos referidos aspectos(dever de esclarecimento do Tribunal pelas partes) esta previsto no art. 266/3 CPC: aspessoas as quais 0juiz solicita 0 esclarecimento sao obrigadas a comparecer e a prestar osesclarecimentos que Ihe forem pedidos, salvo se tiverem uma causa legftima para recusar acolaboracao requerida. Deve considerar-se legitima a recusa baseada em qualquer dascircunstanclas referidas no art. 519/3 CPC.

    o dever de prevencao, a um dever do Tribunal perante as partes com uma finalidadeassistencial, pelo que nao implica qualquer dever recfproco das partes perante 0 Tribunal. 0dever de prevencao tem uma consaqracao no convite ao aperfeic;oamento pelas partes dosseus articulados (arts. 508/1-b, e 508-A/1-c CPC) ou das conclusoes das suas aleqacoes derecurso (arts. 690/4, e 701/1 CPC). Aquele primeiro convite deve ser promovido pelo Tribunalsempre que 0articulado enferme de irregularidades (art. 508/2 CPC) ou mostre insutlcienciasou impreclsoes na materia de facto alegada (art. 508/3 CPC).

    Mas 0dever de prevencao tem um ambito mais amplo: ele vale genericamente para todasas sltuacoes em que 0 exito da accao a favor de qualquer das partes possa ser frustrado pelousa inadequado do processo. Sao quatro as areas fundamentais em que a chamada deatencao decorrente do dever de prevencao se justifica: a explicitac;ao de pedidos poucoclaros, 0 caracter lacunar da exposlcao dos factos relevantes, a necessidade de adequar 0pedido formulado a sltuacao concreta e a suqestao de uma certa actuacao,

    o dever de consulta, a um dever de caracter assistencial do Tribunal perante as partes.Este dever encontra-se estabelecido no art. 3/3 CPC: salvo no caso de manifestadesnecessidade, 0Tribunal nao pode decidir uma questao de direito ou de facto, mesmo queseja de conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sepronunciarem sobre ela. 0escopo deste preceito a evitar as chamadas "declsoes surpresa",isto a , as decisoes proferidas sobre materia de conhecimento oficioso sem a sua previadlscussao pelas partes.

    o dever de auxilio, 0 Tribunal tem 0 dever de auxiliar as partes na supressao daseventuais dificuldades que impec;am 0 exercfcio de direitos ou faculdades ou 0 cumprimentode onus ou deveres processuais.o princfpio da cooperacao determina, a lrnposlcao ao Tribunal, alern de um dever deauxilio, dos deveres de esclarecimento, de prevencao e de consulta. Coloca-se entao aquestao de saber quais as consequenclas que resultam da ornlssao pelo Tribunal de qualquerdestes deveres. 0 problema a particularmente complexo, porque a previsao destes deveresnem sempre a uma sltuacao completamente definida por lei, antes faz apelo, em muitoscasos, a uma ponderacao do Tribunal.

    Alguns desses deveres de cooperacao assentam numa previsao "fechada", que nao deixaao Tribunal qualquer margem de apreciacao quanta a sua veriflcacao: outros, pelo contrario,decorrem de uma prsvisao "aberta", que necessita de ser preenchida pelo Tribunal de acordocom a sua ponderacao, Esta dlstlncao a importante quanta aos efeitos do nao cumprimentodos referidos deveres Se 0 dever for estabelecido por uma revisao "fechada" isto a se a

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilessa irregularidade puder influir ou exame ou declsao da causa (art. 201/1 CPC).

    A violacao do dever de cooperacao pela parte constitui, quando seja grave, uma dassltuacoes que a lei tipifica com rna fe processual (art. 456/2-c CPC). Aquela gravidade daornlssao do dever de cooperacao pressupoe 0 dolo ou a negligemcia grave da parte (art.456/2 proernlo CPC).

    12. Objecto do processoo processo civil e regido, quanta a relevancla da vontade das partes, pelo pnncpio

    dlsposltlvo e da disponibilidade privada: aquele primeiro assegura a autonomia das partes nadefiniy80 dos fins que elas procuram obter atraves da aCy80 pendente; este ultimo determinao dominic das partes sobre os factos a alegar e os meios de prova a utilizar para conseguiraqueles objectives. Pode dizer-se que 0 principio dispositivo representa a autonomia nadefiniy80 dos fins prosseguidos no processo e que 0 principio da disponibilidade objectivaassegura 0 dominic das partes sobre os meios de os alcancar,o ambito dos poderes do Tribunal e das partes relativamente a materia de facto relevantepara a apreclacao da causa constitui um dos aspectos essenciais de qualquer regimeprocessual.

    a) Factos relevantes:Como resulta do estabelecido no art. 264 CPC, a SOlUy80 legal baseia-se numadlsuncao, talvez demasiado esquematica, entre factos essenciais, instrumentais e

    complementares ou concretizadores:Os factos essenciais: S80 aqueles que integram a causa de pedir ou 0 fundamento

    da excepcao e cuja falta determina a inviabilidade da aCy80 ou da excepcao:Os factos instrumentais, probatortos ou acesserlos: S80 aqueles que indicam osfactos essenciais e que podem ser utilizados para a prova lndlclaria destes ultimos;

    Os factos complementares ou concretizadores: S80 aqueles cuja falta n80constitui motivo de inviabilidade da aCy80 ou da excepcao complexa e que, por isso,S80 indispensaveis a procedencla dessa aCy80 ou excepcao,A cada um destes factos corresponde uma funy80 distinta:Os factos essenciais realizam uma funy80 constitutiva do direito invocado pelo autorou da excepcao deduzida pelo reu: sem eles n80 se encontra individualizado essedireito ou excepcao, pelo qual a falta da sua aleqacao pelo autor determina a lneptldaoinicial por lnexistencla de causa a pedir (art. 193/2-a CPC);Os factos complementares possibilitam, em conjugay80 com os factos essenciais deque S80 complemento, a procedencla da aCy80 ou da excepcao: sem eles a aCy80 erajulgada improcedente;

    Os factos instrumentais destinam-se a ser utilizados numa funy80 probatoria dosfactos essenciais ou complementares.

    Importa acentuar que esta classiflcacao n80 assenta num criterio absoluto, mas relativo:um mesmo facto pode ser essencial em relacao a um certo objecto e complementar ouinstrumental perante outro objecto; por seu turno, um facto e sempre complementar ouinstrumental em relacao a um certo facto essencial.Factos principais:

    A procedencla da aCy80 ou da execucao pressupoe certos factos: os factos necessaries aessa procedencla podem ser designados por factos principais. Estes factos englobam, naterminologia do art. 264 CPC, os factos essenciais e os factos complementares, cujadlstlncao se traca do seguinte modo: os factos essenciais S80 aqueles que permitem

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilexcepcao, mas nao integram 0 nocleo essencial da situacao jurfdica alegada pela parte.

    Os factos essenciais sao necessaries a ldentiflcacao da sltuacao jurfdica invocada pelaparte e, por isso, relevam, desde logo, na viabilidade da accao ou da excepcao,

    Factos instrumentais:Sao utilizados para realizar a prova lndiclaria dos factos principiais, isto e , esses factos

    sao aqueles de cuja a prova se pode inferir a dernonstracao dos correspondentes factosprincipais. Portanto, 0 ambito de aplicacao dos factos instrumentais coincide com a provalndiciaria, pelo que esses factos nao possuem qualquer relevancia na prova hist6rica ourepresentativa.As presuncoes judiciais sao aquelas em que a inferencia do facto presumido assenta emregras de experiencla, isto e , sao aquelas em que 0Tribunal deduz, com base nessas regras,o facto presumido. Podem ser qualificados como factos instrumentais aqueles que constituema base das presuncoes judiciais, ou seja, aqueles que permitem inferir, atraves de regras deexperiencla, 0 facto principal constante da base instrut6ria (arts. 508-A/1-e, e 508-8/2 CPC).

    b) Disponibilidade e oficiosidade:Factos principais:

    Assente a dlstincao entre factos essenciais, complementares e instrumentais, 0 regimelegal e oseguinte:Incumbe as partes alegar os factos essenciais que integram a causa de pedir ou que

    fundamentam a excepcao (art. 264/1 CPC);o Tribunal pode considerar os factos complementares que resultem da lnstrucao ediscussao da causa, desde que a parte interessada manifeste vontade de deles seaproveitar e a parte corrraria tenha side facultado, quanta a eles, 0 exercfcio docontradit6rio (art. 264/3 CPC);o Tribunal pode considerar, mesmo oficiosamente, os factos instrumentais queresultem da instrucao e julgamento da causa (art. 264/2 CPC).

    Deste enunciado resulta claramente que a disponibilidade objectiva vale quanta aos factosessenciais e aos factos complementares, pois que 0 Tribunal nao os pode considerar, quantaaqueles primeiros, se eles nao forem alegados pelas partes e, quanta a estes ultimos, se aparte interessada nao manifestar vontade de se aproveitar deles. Portanto, os factos principaisestao sujeitos a disponibilidade das partes.Factos instrumentais:

    Ha que reconhecer que nao e totalmente claro 0 ambito dos poderes que sao conhecidosao Tribunal pelo art. 264/2 CPC. E certo que este preceito estipula que 0 Tribunal podeconsiderar oficiosamente os factos instrumentais; mas isto pode significar que, se os factossurgirem na instrucao e discussao da causa, 0 Tribunal pode consldera-los na sua declsaoainda que nenhuma das partes 0 requeira, como querer dizer que 0 Tribunal pode promover,por iniciativa pr6pria, a investlqacao desses factos durante a instrucao e discussao da causa.

    A favor do reconhecimento de poderes inquisit6rios do Tribunal sobre os factosinstrumentais pode invocar-se, antes de mais, a cornparacao entre os ns.?2 e 3 do art. 264CPC: neste ultimo concede-se ao Tribunal 0 poder de considerar os factos complementares,mas sujeita-se esse poder a condlcao de a parte interessada desejar 0 seu aproveitamento naaccao pendente; naquele primeiro, atribui-se ao Tribunal 0 poder de considerar os factosinstrumentais e nao se submete 0 usa desse poder a qualquer condlcao, E , no entanto, naconjugac;ao entre os arts. 264/2 e 265/3 CPC, que se encontra 0 apoio mais firme paraentender que 0Tribunal possui poderes inquisit6rios sobre os factos instrumentais.

    Os factos sobre os quais 0 Tribunal pode exercer estes poderes inquisit6rios com afinalidade de apurar a verdade ou de obter a justa composicao do litfgio sao precisamente osfactos instrumentais

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civiltodas as diligencias necessarias ao apuramento da verdade e a justa cornposicao do litfgio,quanta aos factos de que Ihe e Hcito conhecer. Os factos sobre os quais 0 Tribunal possuipoderes lnstrutorlos sao nao so os factos instrumentais alegados pelas partes ou investigadospelo Tribunal, como os factos principais alegados pelas partes.Da conjugayao entre os poderes inquisitorios atribuldos pelo art. 264/2 CPC, e ospoderes lnstrutorlos estabelecidos no art. 265/3 CPC, resulta 0 seguinte regime legal: ospoderes lnqusltorios respeitam exclusivamente aos factos instrumentais (art. 264/2 CPC); ospoderes de instruyao referem-se tanto aos factos principais, como aos factos instrumentais, 0Tribunal pode nao so lnvestiqa-los, com ordenar quanta a eles as actividades lnsfrutorias quesejam da sua iniciativa; pelo contrario, quanta aos factos principais, 0 Tribunal nao possuipoderes lnqulsltorios, pelo que, relativamente a eles, so pode ordenar as actividades oficiosasde lnstrucao legalmente permitidas.

    c) Onus de alega~ao:Segundo 0estabelecido no art. 264/1 CPC, cabe as partes alegar os factos que integram

    a causa de pedir e aqueles em que se baseiam as excepcoes: estes factos devem seralegados nos articulados das partes (arts. 467/1-c, 489/1, 502/1, 503/1, 785, 793 e 794/1CPC). Todavia, 0 art. 264/1 CPC, nao abarca a totalidade do onus de aleqacoes que deveser cumprido nos articulados. Este onus nao se restringe a indlcacao da causa de pedir ou dofundamento da excepcao, ou seja, aos factos essenciais: ele recai sobre todos os factosnecessaries a procedercia da accao ou da excepcao, ou seja, sobre os factos principais.Portanto, 0 art. 264/1 CPC, refere-se apenas a uma fraccao do onus de aleqacao que aspartes devem cumprir nos seus articulados.

    Ao contrario dos factos principais - que sao submetidos ao onus de aleqacao nosarticulados -, os factos instrumentais destinam-se a ser utilizados numa funyao probatoria e,por essa razao, nao estao sujeitos a esse onus.

    Os factos instrumentais nao estao submetidos a qualquer onus de aleqacao nosarticulados. Alias, como a aleqacao dos factos instrumentais e uma actividade lnstrutoria,esses factos, mesmo que sejam invocados nos articulados, podem sempre ser alteradosenquanto for possivel requerer os meios de prova (arts. 508-A/2-a, 512/1 e 787 CPC) oualterar ou aditar 0 rol de testemunhas (arts. 512-A/1 e 787 CPC). Portanto, mesmo que aparte invoque um facto instrumental no seu articulado, ela nao esta impedida de usar qualqueroutre facto na dernonstracao do respective facto principal.

    Preclusao:A dlstlncao entre factos essenciais, complementares e instrumentais e relevante quanta a

    varios aspectos do tratamento da materia de facto em processo. E 0 que sucede quanta aoregime da sua preclusao: 0 art. 264/2 CPC, mostra que podem ser considerados factosinstrumentais nao alegados e, quanta aos factos complementares, e nitido que nao existe emrelacao a eles qualquer preclusao quando nao sejam alegados nos articulados, precisamenteporque 0 art. 264/3 CPC, permite a sua conslderacao quando eles so sejam adquiridosdurante a instrucao e discussao da causa.

    Os factos essenciais devem ser invocados nos articulados (art. 264/1 CPC), mas importareferir que a sua ornlssao nao implica necessariamente a preclusao da sua aleqacaoposterior.

    Mais discutivel e saber se a aleqacao de um facto essencial depois dos articulados eposslvel mesmo que a parte tenha agido de rna fe, ou seja, ainda que a ornlssao da invocacaodesse facto tenha resultado de negligencia grave ou dolo da parte (art. 456/2-b CPC). Pareceimpor-se uma resposta negativa da questao, dado 0 disposto no lugar paralelo da alsqacaodos factos supervenientes. Com efeito, se esses factos podem ser considerados se a suaaleqacao nao atempada nao for culposa (art 506/4 CPC) isto e se quanta a esses factos

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilfora dos articulados s6 deve ser aceite quando a parte nao tenha agido com negligencia graveou dolo.

    Portanto, a rna fe da parte na omlssao do facto essencial nos seus articulados tern comoconsequencia, alern da sua condenacao no pagamento de uma multa e de uma lndernnizacaoa contraparte (art. 456/1 CPC), a inadmissibilidade da sua aleqacao posterior do facto. Nestecaso, verifica-se uma preclusao decorrente da rna fe processual.

    a art. 264/3 CPC, demonstra que os factos complementares podem ser adquiridosdurante a instrucao e discussao da causa, pelo que a omlssao da alsqacao desses factos nosarticulados nao implica qualquer preclusao, Importa acentuar, no entanto, que 0 art. 264/3CPC, nao concede qualquer opcao quanta ao momento da aleqacao desses factos, masapenas a oportunidade de sanar uma insutlciencia na aleqacao da materia de facto que s6 foidetectada na lnstrucao e dlscussao da causa.

    Relativamente aos factos instrumentais, 0 problema da preclusao equaciona-se de mododiverso. Estes factos nao sao nem constitutivos da sltuacao juridica alegada pela parte, nemlndlspensaveis a procedencia da accao ou da excepcao. A sua func;aoe apenas a de servirde prova indiciaria dos factos principais, pelo que 0 momenta da sua relevancla processualnao eo da aleqacao da materia de facto, mas 0 da apresentacao ou requerimento dos meiosde prova: e neste momenta que devem ser invocados os factos instrumentais que se pretendedemonstrar com esses meios de prova (arts. 552/2, 577/1, 612, 633 e 789 CPC). Portanto,a preclusao da sua aleqacao s6 ocorre quando nao for possivel indicar ou requerer os meiosde prova (quanto ao processo ordlnario e sumario, arts. 508-A/2-a, 512/1 e 787 CPC) oualterar os que anteriormente foram apresentados ou requeridos (quanto aos mesmosprocessos, arts. 512-A/1 e 787 CPC).

    13. Prevalencia da decisio de merltoa art. 265/2 CPC, estabelece que 0 juiz providenclara, mesmo oficiosamente, pelosuprimento da falta de pressupostos processuais susceptiveis de sanacao, determinando a

    realizacao dos actos necessaries a reqularizacao da lnstancla ou, quando estiver em causaalguma modiflcacao subjectiva da lnstancla, convidando as partes a pratlca-los, Esta sanacaooficiosa das excepcoes dilat6rias visa diminuir, tanto quanta possivel, os casos de absolvicaoda lnstancla e favorecer, sempre que isso seja viavel, a apreciacao do merito. Segundo adoutrina tradicional, os pressupostos processuais devem ser apreciados antes do julgamentodo rnerlto da causa. au seja, segundo esta orientacao nunca e possivel 0 proferimento de umadeclsao de rnerito antes da averiquacao do preenchimento de todos os pressupostosprocessuais. Essa posicao redunda, assim, num dogma da prioridade da apreciacao dospressupostos processuais. Na valoracao crftica deste dogma devem ser consideradas duassltuacoes. Uma primeira refere-se aos casos em que 0 Tribunal, no momenta em que concluipelo nao preenchimento de urn pressuposto processual, ainda nao pode proferir qualquerdeclsao sobre 0 rnerito da causa por falta de elementos suficientes. Uma segunda situacaoengloba aquelas hip6teses em que 0 Tribunal, no pr6prio momenta em que aprecia a falta deurn pressuposto processual, esta em condicoes de julgar a accao procedente ouimprocedente. Em geral, os pressupostos processuais podem realizar uma de duas func;oes:esses pressupostos podem destinar-se quer a assegurar 0 interesse publico da boaadrnlnistracao da justica, quer a garantir 0 interesse publico na boa admlnistracao de umatutela adequada e utll, A generalidade dos pressupostos processuais visa acautelar osinteresses das partes, ou seja, assegurar que a parte possa defender convenientemente osseus interesses em juizo e nao seja indevidamente incomodada com a propositura de accoes

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    11/03/12 Principios Estruturantes do Processo Civilda instancla quando, destinando-se 0 pressuposto em falta a tutelar 0 interesse de uma daspartes, nenhum outro motivo obste, no momenta da sua apreclacao, a que se corneca domerito da causa e a declsao possa ser integralmente favo rave I a essa parte. Segundo 0disposto no art. 288/3 (as excepcoes dilat6rias 56 subsistem enquanto a respectiva falta ouirregularidade nao for sanada, nos termos do n.O2 do artigo 265.; ainda que subsistam, naotera lugar a absolvicao da instancia quando, destinando-se a tutelar 0 interesse de uma daspartes, nenhum outro motivo obste, no momenta da apreciacao da exeepcao, a que seconheca do merito da causa e a declsao deva ser integralmente favoravel a essa parte) CPC,o Tribunal pode pronunciar-se sobre 0merito da causa, ainda que se verifique uma excepcaodilat6ria sanavel ou nao sanavel, A aplicacao do art. 288/3, 2a parte CPC, pressupoe umadistlncao entre pressupostos processuais dlspensaveis e nao dlspensavels, 0 art. 288/3CPC, refere-se aos pressupostos processuais e as excepcoes dilat6rias, pelo que se podeperguntar se urn ldentlco regime deve valer quanta aos pressupostos de actos processuais. Aresposta deve ser negativa, porque a consequercia da falta do pressuposto do actoprocessual e a ineflcacia do acto e 0 Tribunal nunca pode decidir como se 0 acto nao fosseineficaz.