princípios básicos para prescrição de psicofármacos na...
TRANSCRIPT
Princípios básicos para prescrição de psicofármacos na Atenção Primária à Saúde
A decisão de prescrever determinado medicamento deve levar em
consideração os potenciais riscos e benefícios para cada paciente, os quais
devem ser discutidos entre os profissionais de saúde, os pacientes e os
membros da família/ rede de apoio.
Os profissionais de saúde devem levar em consideração que os
medicamentos desempenham um importante papel na relação médico-
paciente e deve realizar um esforço no sentido de implicar o paciente no seu
tratamento, levando em consideração os efeitos psicológicos do uso de
medicamentos.
É importante ressaltar tanto para os profissionais de saúde como para
os pacientes que a maioria dos pacientes com Transtornos Mentais Comuns
podem ser tratados efetivamente com intervenções farmacológicas e
intervenções psicossociais. A decisão de utilizar uma estratégia
farmacológica não implica que uma estratégia psicossocial não seja utilizada,
muito pelo contrário, já que as evidências científicas sugerem que a
associação de ambas é mais efetiva do que a utilização destas de forma
isolada. Nesse sentido, as estratégias medicamentosas não devem ser o único
recurso terapêutico dentro do plano terapêutico dos pacientes.
De uma forma geral, as prescrições não devem ser fornecidas antes de
uma avaliação adequada tanto do quadro clínico quanto dos aspectos
psicossociais.
Deve ficar claro para o paciente que o tratamento tem um período de
duração, que vai depender do quadro clínico apresentado e das propriedades
da substância em uso.
As dosagens dos medicamentos devem ser ajustadas com cautela em
pacientes idosos e com comorbidades, sempre baseado na dose mínima
terapêutica.
Os profissionais de saúde devem estar cientes das interações
medicamentosas com outras substâncias que o paciente esteja em uso.
O paciente deve ser informado dos possíveis efeitos colaterais dos
medicamentos e como manejá-los.
Os profissionais de saúde devem sempre avaliar a adesão ao tratamento
proposto, uma vez que esta é sabidamente variável.
Ao optar por determinada classe de medicamento, avalie a sua
disponibilidade. Caso seja variável, esta deve ser evitada.
Em pacientes com história de pensamentos ou tentativas de suicídio, a
quantidade de medicamento liberada deve ser monitorada, tal como o uso
pode ter que ser monitorado por familiares/ rede de apoio quando diante de
algum risco (atenção especial aos antidepressivos tricíclicos).
Avaliar a história de abuso de substâncias e, se presente, dar
preferência a uma medicação sem potencial de causar dependência.
A descontinuação dos medicamentos deve ser gradual (25% por semana).
Fonte: Adaptado de: OMS. MI-GAP Manual de intervenções para transtornos mentais,
neurológicos e por uso de álcool e outras drogas na rede de atenção básica à saúde: versão 1.0. Genebra: WHO, 2010. 83p. Disponível em: <http://www.who.int/mental_health/publications/IG_portuguese.pdf>.