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RADIOLOGIA-FOA-UNESP-ARAÇATUBA 2013

PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA INTERPRETAÇÃO RADIOGRÁFICA

Três grandes fontes de informações são utilizadas pela Odontologia para elaboração de um

diagnóstico conclusivo sobre as patologias da cavidade bucal: o exame clínico, o exame radiográfico

e os exames complementares (laboratoriais, histopatológico, etc.). O exame radiográfico, no

entanto, deve ser usado como um meio semiotécnico auxiliar cujos resultados devem ser sempre

somados aos obtidos através dos exames clínicos e de laboratório. Não se pode perder de vista suas

limitações e os riscos de sua utilização, uma vez que há por parte de muitos profissionais uma

exagerada confiança na radiografia, pelo fato dela se constituir, por vezes, no elemento suficiente

para o diagnóstico.

Para que uma radiografia possa ser interpretada adequadamente, três princípios básicos

devem ser observados: 1º - A qualidade da radiografia; 2º - O conhecimento do aspecto radiográfico

das estruturas anatômicas e suas variações nas várias técnicas de tomadas radiográficas ; 3º - A

finalidade da radiografia deve ser como meio complementar de diagnóstico.

1O PRINCÍPIO: relaciona-se com a qualidade da radiografia. Pelo fato da maior parte dos

processos patológicos com os quais nos deparamos localizar-se nos dentes e ossos, tecidos

estruturalmente duros, o registro radiográfico constitui-se, muitas vezes, no único meio de

inspecioná-los. Assim, na obtenção de imagens adequadas para o auxílio diagnóstico correto, deve -

se dominar as várias técnicas de tomadas radiográficas intra ou extrabucais, bem como seu

processamento químico ou digital, além de se conhecer como se formam as imagens. Uma

radiografia de boa qualidade deve apresentar: bom detalhe, contraste adequado, densidade média,

distorção mínima e enquadramento de toda a região a ser observada.

O detalhe ou definição de uma radiografia é representado pelo grau de nitidez com que se

apresentam as imagens, podendo uma radiografia apresentar riqueza ou não de detalhes. Quanto

mais nítida estiver a imagem, melhor a sua qualidade. As linhas de contorno da imagem representada

tem que aparecer com traços precisos, buscando o máximo de fidelidade. Alongamentos e

encurtamentos de imagens e alterações de forma provocados, por exemplo, por dobra s excessivas ou

colocação errônea dos filmes, também provocam distorções. A manipulação correta dos vários

fatores que influem na formação da imagem deve reduzir as distorções a um nível satisfatório.

O contraste radiográfico consiste na diferença de tonalidade entre claros e escuros,

determinado pela densidade dos depósitos de prata sensibilizada pelos raios X . A definição ou

identificação dos estados patológicos e pontos anatômicos está baseada na diferença de tonalidades

de cinza que constituem as chamadas “sombras”, bem como nas formas, contornos e conteúdo de

como se apresentam.

A densidade radiográfica relaciona-se com o grau de escurecimento da radiografia ou com a

maior ou menor concentração de prata na película ou ao tratamento que se faz na imagem digi tal.

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Enquadramento: uma radiografia deve abranger toda a área a ser examinada, o que nem

sempre se consegue com uma única tomada. Nestes casos deve-se lançar mão de tomadas

radiográficas com técnicas e ângulos diferentes ou ainda de técnicas onde se usam filmes maiores,

para se obter o maior número de informações possível. É impossível interpretar uma radiografia com

uma imagem parcial ou incompleta de uma área, região, lesão ou de pontos de reparo anatômico. O

exame radiográfico feito com incidências diferentes permite, sobretudo, a visão da região

interessada em ângulos perpendiculares entre si, auxiliando a visualização de estruturas superpostas,

tanto anatômicas quanto patológicas. Isto é importante na elaboração de diagnósticos diferenciais

de uma lesão.

2O PRINCÍPIO: diz respeito ao conhecimento do aspecto radiográfico das imagens de

estruturas anatômicas e suas variações nas várias técnicas de tomadas radiográficas. Antes de

identificar-se um estado patológico presente em uma radiografia, deve-se, necessariamente,

observar as imagens das estruturas anatômicas que nela aparecem. É necessário compreender que

para a interpretação radiográfica deve-se ter um conhecimento claro e completo dos aspectos

normais; até que isso seja adquirido é obviamente impossível reconhecer aspect os anormais ou

interpretá-los. É extremamente útil definir os limites da anatomia radiográfica e da patologia.

O conhecimento da anatomia como mostrado em livros textos é insuficiente porque é

impossível ilustrar ou descrever cada estrutura como ela se apresentará em um osso e como será

reproduzida em radiografias. Deve-se ter em mente as variações anatômicas possíveis, tendo em

vista que é comum a mesma estrutura aparecer modificada de indivíduo para indivíduo, ou em um

mesmo indivíduo, podendo haver variações em regiões homólogas. O reexame radiográfico após

determinado tempo, é justificável, sendo que a realização de tomadas com ângulos perpendiculares

entre si é excelente expediente para a avaliação de determinadas situações; em alguns casos de

natureza duvidosa a ausência de qualquer alteração neste reexame é fato importante na elaboração

de diagnóstico diferencial.

3O PRINCÍPIO: lembrar que o exame radiográfico é meio complementar de diagnóstico.

Através dele podemos fazer uma interpretação do possível significado das imagens radiográficas,

dentro de suas limitações e de acordo com a experiência do profissional. Um problema muito

importante a ser considerado na interpretação das imagens é que elas são a representação

bidimensional de estruturas, muitas vezes com forma complexa; a superposição de imagens é

inevitável, pois diferentes planos, com profundidades diferentes, são vistos em um único plano na

imagem radiográfica; além disso, devemos ter em mente que somente podemos observar imagens

com tons de cinza, tanto as obtidas por processamento químico quanto pelo uso de imagem digital.

Tal como acontece na maioria dos métodos de diagnóstico, a interpretação radiográfica não é uma

ciência exata mas sim um processo dedutivo que requer o reconhecimento e a exclusão de imagens.

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A interpretação radiográfica requer muito estudo e experiência, obtidos com o

desenvolvimento da habilidade de observação. A radiografia poderá, portanto, fornecer informações

sobre alterações patológicas desde seu estágio inicial, permitindo detectá -las antes mesmo do

aparecimento dos sinais clínicos. O diagnóstico definitivo, no entanto, na maioria dos casos, somente

poderá ser estabelecido através do conjunto dos exames clínico, radiográfico e complementares.

Tudo isso exige treinamento criterioso, induzindo a um apurado senso de observação, formul ando

hipóteses diagnósticas a partir de dados, algumas vezes, incomuns.

Literatura consultada e sugerida para obtenção de informações adicionais a estes Roteiros:

FREITAS, A., ROSA, J.E., SOUZA, J.F. Radiologia Odontológica. 6 ed. São Paulo: Artes Médicas, 2004.

LASCALA, N.T., MOUSSALLI, N.H. Compêndio terapêutico periodontal, São Paulo: Artes Médicas,

1995.

MADEIRA, M.C. Anatomia da face. São Paulo: Sarvier, 1995.

MADEIRA, M.C. Anatomia do dente. São Paulo: Sarvier, 1996.

NEVILLE, B.D., DAMM, D.D., ALLEN, C.M., BOUQUOT, J.E. Patologia oral & maxilofacial. Rio de

Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

STAFNE, E.C., GIBILISCO, J.A Diagnóstico radiográfico bucal. Rio de Janeiro: Interamericana, 1982.

WUEHRMANN, A.H., MANSON-HING, L.R. Radiologia dentária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,

1977.