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    O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE COMO INTRUMENTO DE SOLUÇÃO

    DE CONFLITOS ENTRE OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E EFETIVAÇÃO

    DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

    Leila Eliana Hoffmann Ritt1

    INTRODUÇÃO

    Com o advento da Constituição Federal de 1988, novas

    diretrizes e perspectivas foram impostas à vida social em nosso país, servindo, alémdisso, como parâmetro para interpretação e aplicação do Direito !la é a norma

    m"#ima do !stado, com uma forte tend$ncia social, criando, novas re%ras e

    parâmetros &ue vinculam o ordenamento 'urídico infraconstitucional na sua

    totalidade e de forma unânime

    (odiernamente, a inspiração do C)di%o Civil vem da

    Constituição, &ue traz modelos 'urídicos a*ertos à interpretação, conforme oso*'etivos e princípios constitucionais +ratase de um C)di%o nãototalit"rio, &ue tem

    a*ertura para a mo*ilidade da vida social, pois dotado de cl"usulas %erais e

    conceitos a*ertos ou indeterminados, &ue, pela sua va%ueza semântica, possi*ilitam

    a incorporação de princípios e valores constitucionais

    -este conte#to é &ue se insere o princípio da

    proporcionalidade, &ue é um princípio atual, &ue rece*eu força com o advento da

    1  .dvo%ada !specialista em Direito /rocessual Civil, pela 0niversidade de anta Cruz do ul 20-3C4 5estranda em Direito, pela mesma 0niversidade4 pes&uisadoramem*ro do 6rupo depes&uisa7 . constitucionalização do Direito privado

    1

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    Constituição Federal, sendo, pois, condizente com as diretrizes de um !stado

    ocial, &ue visa, notadamente, a di%nidade da pessoa :umana

    Desta forma, o presente estudo prop;ese a esta*elecer no

    primeiro capítulo, as diferenças conceituais entre princípios, re%ras, normas e

    valores, a fim de esclarecer os aspectos mais relevantes acerca das peculiaridades

    de cada conceito .lém disso, nesta seara, analisarse" o princípio da supremacia

    da Constituição Federal e sua força vinculante4 no se%undo, estudarse" os

    conflitos entre re%ras e colisão entre princípios constitucionais, e neste conte#to, a

    concorr$ncia de direitos e a colisão de direitos4 por derradeiro, no terceiro capítulo,

    ser" a*ordado so*re o moderno instrumento de solução de conflitos entre princípiosconstitucionais7 o princípio da proporcionalidade

    1 O CONCEITO DE PRINCÍPIOS VALORES RE!RAS E NORMAS

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    os princípios, de um lado, servido de critério de inspiração às leis ou normas

    concretas desse Direito positivo e, de outro, de normas o*tidas mediante um

    processo de %eneralização e decantação dessas leis@

    e%undo a metodolo%ia tradicional, :avia distinção entre

    princípios e normas, cada &ual com si%nificados distintos .ssim, a idéia de norma

    era so*reposta, do%m"tica e normativamente à idéia de princípio e%undo os

    espan:)is >uAo, anc:is e 6arcía de !nterria 2 c:e%ase a divisar, no %$nero

    norma, mais uma espécie normativa7 os valores Desta forma, norma é %$nero do

    &ual os princípios, as re%ras e os valores são espéciesB

    /artindo de outra an"lise, é de lem*rar &ue os princípios '"

    estavam previstos como forma de inte%ração da norma no direito romano, de acordo

    com as re%ras criadas pelo imperador7 as leges entre @8 a E8 d C =s princípios

     'urídicos '" foram consa%rados pelo Direito .,

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    =s princípiosE  %erais são normas fundamentais ou

    %eneralíssimas do sistema, as normas mais %erais = nome de princípios induz em

    en%ano, tanto &ue é vel:a &uestão entre 'uristas se os princípios são ou não são

    normas =s princípios são normas como todas as demais para sustentar a idéia de

    &ue os princípios são normas, os ar%umentos v$m a ser dois e am*os v"lidos7 se

    são normas a&uelas das &uais os princípios %erais são e#traídos, através de um

    procedimento de %eneralização sucessiva, não se v$ por &ue não devam ser normas

    tam*ém eles7 se a*straio de espécies animais, o*ten:o sempre animais, e não

    flores ou estrelas !m se%undo lu%ar, a função para a &ual são a*straídos e

    adotados é a&uela mesma &ue é cumprida por todas as normas, isto é, a função de

    re%ular um caso /ara re%ular um comportamento não re%ulado, é claro7 mas a%oraservem ao mesmo fim para &ue servem as normas e#pressas ! por &ue não

    deveriam ser normasKJ

     . mesmo idéia é corro*orada pela teoria de >orenzetti, para

    &uem tanto os princípios como as re%ras se referem ao âm*ito do deverser e,

    portanto, são normas +ratase de distin%uir entre dois tipos de norma =s critérios

    distintivos são, pois, &uanto à %eneralidade, em &ue os princípios t$m uma%eneralidade maior &ue as re%ras, em relação aos suportes f"ticos, pois não se

    pode referi a um s) caso De outra forma, os princípios são %erais tam*ém com

    relação às re%ras = se%undo critério é de ori%em7 as re%ras são criadas, os

    princípios desenvolvidos, eis &ue não se *aseiam na decisão de &ual&uer le%islador

    ou tri*unal, mas de uma &uestão de conveni$ncia ou oportunidade &ue se

    desenvolve :istoricamente = terceiro critério é a refer$ncia à idéia de Direito7

    presente e e#plícita nos princípios, pois ordena al%o a ser feito na maior medidapossível, dentro das possi*ilidades 'urídicas e#istentes4 são comandos de

    otimização4 ao passo &ue nas re%ras, a idéia de direito est" presente e implícita,

    podendo ser cumpridas ou não, e, se v"lidas, devem ser o*servadas8

    6  L de se verificar &ue, pela metodolo%ia tradicional, o princípio constituise numa fonte indireta

    aplic"vel &uando a lei for omissa, de acordo com o disposto no art M da >ei de 3ntrodução aoc)di%o Civil7  ?=??3=, -or*erto Teoria do ordenamento urídico J ed 0-?7 ?rasília, 199E, p 198  >=uis !undamentos do Direito privado ão /aulo7

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    -a verdade, as re%ras e os princípios são tidos, pela teoria

    cl"ssica, como espécies de norma, de modo &ue a distinção entre eles constitui uma

    distinção entre duas espécies de normas . re%ra é editada para ser aplicada a uma

    situação 'urídica determinada O" os princípios, ao contr"rio, são %enéricos, por&ue

    comportam uma série indefinida de aplicaç;es

    Com efeito, os princípios são considerados o elemento central

    da ordem 'urídica, por representarem a&ueles valores supremos eleitos pela

    comunidade &ue a adota, sendo, :o'e, a sua característica mais marcante a

    normatividade, pois são vistos pela teoria constitucional contemporânea, como uma

    espécie do %$nero norma 'urídica, ao lado das re%ras 'urídicas

    /ela sua ori%em os princípios não t$m o status  'urídico, sendo

    considerados meras normas pro%ram"ticas, de car"ter eminentemente político e, por

    isso, não vinculat)rio, representando uma dimensão éticovalorativa de postulado de

     'ustiça &ue derivam de uma fonte superior, de ordem metafísica, e &ue t$m, num

    primeiro momento, fundamento na vontade divina e, posteriormente na pr)pria

    natureza :umana9

    !sta é a concepção dos princípios pela fase 'usnatutalista

    Conforme a se%unda fase 2 'uspositivista 2 os princípios passam a ser incorporados

    aos C)di%os, servindo como fonte normativa su*sidi"ria, :a'a vista &ue

    desempen:am uma função supletiva dentro do ordenamento 'urídico, de modo a

    impedir a ocorr$ncia de um vazio normativo, servindo como recursoPsolução para

    eventuais lacunas1G

    , pois são o resultado de uma %eneralização das pr)prias leis deDireito positivo11

    =s princípios não são, pois, tidos como al%o &ue se so*rep;e à lei, nemcomo al%o anterior a ela, mas sim al%o dela decorrente . sua função 'urídica é, conse%uintemente, su*sidi"ria e o seu car"ter, *asicamentedescritivo1@

    9   >!.>, 5Qnia (enni%  A constituição como princípio " os limites da urisdição constitucionalbrasileira ão /aulo7 5anole, @GGB, p J@

    10  /rova disso pode ser verificado no art M, da >ei de 3ntrodução ao C)di%o Civil, o &ual prev$ a

    utilização dos princípios para suprir as eventuais lacunas7 Ruando a lei for omissa, o 'uiz decidir"o caso de acordo com a analo%ia, os costumes e os princípios %erais do direito

    11  >!.>, =p Cit p J@JB12  3*id p J

    5

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    = fundamento de positivação dos princípios reside na

    necessidade de não precisar recorrer a uma fonte de direito, e#terior ao sistema

    para resolver &uest;es não previstas no tipo le%al /osteriormente, os princípios

    foram incorporados tam*ém pelas constituiç;es, como meras normas

    pro%ram"ticas, desprovidas de &ual&uer força normativa -otase, pois, &ue os

    princípios não contavam com a prerro%ativa de serem resultado de uma

    %eneralização do conteSdo das leis, mas são pro%ramas de conotação política e,

    portanto, desprovidos de 'uridicidade1B

    -ão se pode ne%ar &ue os princípios são espaços de

    manifestação política /orém, a teoria constitucional atri*uiul:es uma força

    vinculante, e não meramente pro%ram"tica, pois se a Constituição vale como lei, e

    se o Direito constitucional é positivo, então as re%ras e os princípios constitucionais

    devem o*ter normatividade, re%ulando as relaç;es da vida, diri%indo condutas e

    dando se%urança e e#pectativas de comportamento1

    /ara

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    Com efeito, re%ra e princípio1E  t$m em comum o car"ter de

    normatividade, sendo &ue a %eneralidade da primeira é esta*elecida para um

    nSmero indeterminado de atos ou fatos, ao passo &ue o se%undo é %eral por&ue

    comporta uma série indefinida de aplicaç;es !m síntese, a re%ra é aplicada a uma

    situação 'urídica determinada4 os princípios, por sua vez, podem a*ran%er uma série

    de situaç;es 'urídicas1J

    +otalmente distinto es el caso de las re%las Como las re%las e#i%en se:a%a e#actamente lo &ue em ellas se ordena, contienen umadeterminaci)ns em el âm*ito de las posi*ilidades 'urídicas I f"cticas !stadeterminaci)n puede fracasar por imposi*ilidades 'urídicas I f"cticas, lo &uepuede conducir a sua invalidez4 pero, si tal no es el caso, vale entoces

    definitivamente lo &ue la re%la dice18

    !ntão, apesar da %eneralidade dos princípios, estes não

    perdem a sua normatividade .s re%ras são forma de consecução de determinantes

    16  eitão !.>, 5Qnia (enni% p JJ18  .>!TU, =p Cit p 99

    7

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    princípiol)%icas, ao passo &ue os princípios são as normas das &uais emanam as

    normas particulares19

    Desta forma, os princípios constitucionais não representam

    uma simples %eneralização das leis, como &uerem os positivistas, sendo eles

    elementos informativo de todo sistema 'urídico, em &ue podemos distin%uir entre

    princípios %erais do direito 2 &ue são proposiç;es descritivas &ue revelam %randes

    tend$ncias do direito positivo 2 e os princípios constitucionais =s princípios

    constitucionais foram conce*idos como produto da ordem 'urídica, e não como seu

    fundamento@G

    /or tais raz;es, as re%ras são aplicadas por completo ou não

    são, de modo a*soluto aplic"veis +ratase de tudo ou nada O" os princípios,

    mesmo os &ue se assemel:am às re%ras não se aplicam autom"tica e

    necessariamente &uando as condiç;es previstas como suficientes para sua

    aplicação se manifestam@1

     .s normas, no entanto, são preceitos &ue tutelam situaç;essu*'etivas de vanta%em ou vínculo, ou se'a, recon:ecem por um lado, a pessoas ou

    entidades a faculdade de realizar certos interesses por ato pr)prio ou e#i%indo ação

    ou a*stenção de outrem, e, por outro lado, vinculam as pessoas ou entidades à

    o*ri%ação de su*meterse às e#i%$ncias de realizar uma prestação, ação ou

    a*stenção em favor de outrem@@

    /ara

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    na&ueles &ue e#pressam normas de direito fundamental e a&ueles &ue não =

    se%undo pro*lema é7 se as normas de direito fundamental da lei fundamental

    realmente pertencem somente a&uelas &ue são e#pressadas diretamente por

    enunciados da lei fundametal@B

     . menudo, no se contrapem re%la I principio, sino norma I principio onorma I m"#ima .&ui lãs re%las I los princípios ser"n resumidos *a'o elconcepto de norma +anto las re%las como los princípios son normaspor&ue am*os dicen lo &ue de*e ser .m*os pueden ser formulados com laaIuda de las e#presiones de)nticas *"sicas del mandato, la permisi)n I lapro:i*ici)n >os princípios, al i%ual &ue lãs re%las, son razones para 'uiciosconcretos de de*er ser, aun cuando sean razones es pues uma disticncionsentre los tipos de normas@

    Cumpre ratificar &ue os princípios são normas com um alto

    %rau de %eneralidade, como por e#emplo, a norma &ue confere li*erdade reli%iosa

    !m contrapartida, as re%ras t$m um %rau de relatividade *ai#o e%undo ?onavides,

    a 'uridicidade ou normatividade dos princípios passou por tr$s fases distintas7@

    a] a fase 'usnaturalista 2 em &ue os princípios são inspiradores

    de um ideal de 'ustiça, são normas universais, são princípios de 'ustiça, constitutivos

    de um direito ideal ão um con'unto de verdades o*'etivas derivadas da lei divina e

    :umana

    *] fase 'uspositivista 2 em &ue os princípios entram nos

    c)di%os como fonte normativa su*sidi"ria da inteireza dos te#tos le%ais ão vistos

    como v"lvulas de se%urança &ue %arantem o reinado a*soluto da lei, conforme

    CaAas -ão são superiores às leis, mas delas deduzidos, para suprirem os vazios

    &ue elas não puderam prever Zlacunas] Derivam da lei, e não de um ide"rio de

     'ustiça, promovendo a inte%ração4

    c] fase p)spositivista 2 nesta fase os princípios passam a ser

    o vértice do ordenamento 'urídico ão padr;es, &ue vinculam toda a ordem 'urídica

    ua função vai muito além da promoção da inte%ração do direito

    23  .>!TU, =p Cit p E@EB24  3*id p 8B25  ?=-.3D! Curso de Direito Constitucional  1@ ed ão /aulo7 5al:eiros, @GG@, p @B@@B

    9

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    Compreendese &ue não é nada f"cil distin%uir re%ras e

    princípios, pois v"rios são os critérios &ue devem ser relevados7 a] o %rau de

    a*stração 2 os princípios são normas com %rau de a*stração relativamente elevado4

     '" as re%ras possuem um %rau de a*stração reduzido4 *] 6rau de determina*ilidade

     2 os princípios, por serem va%os e indeterminados, carecem de mediaç;es

    concretizadoras, en&uanto as re%ras são suscetíveis de aplicação direta 2 são ou

    não são aplicadas4 c] car"ter de fundamentalidade no sistema de fontes de direito 2

    os princípios são normas de natureza ou com um papel fundamental no

    ordenamento 'urídico devido à sua posição :ier"r&uica no sistema de fontes, como é

    o caso dos princípios constitucionais, ou à sua importância dentro do sistema

     'urídico, como por e#emplo, o princípio do estado democr"tico de Direito4 d]pro#imidade da idéia de direito 2 os princípios são standards  'uridicamente

    vinculantes radicados na e#i%$ncia de 'ustiça ou na idéia de direito Z>arenz]4 as

    re%ras podem ser normas vinculantes com conteSdo meramente formal4 e] natureza

    normo%enética 2 os princípios são fundamentos de re%ras, ou se'a, são normas &ue

    estão na *ase ou constituem a ratio de re%ras 'urídicas, desempen:ando, portanto, a

    função normo%enética fundante@E

    !m síntese, as diferenças são as se%uintes, se%undo

    !spíndola7 a] os princípios são normas 'urídicas impositivas de uma optimização,

    compatíveis com v"rios %raus de concretização4 as re%ras são normas &ue

    prescrevem imperativamente uma e#i%$ncia Zimp;em, permitem ou proí*em]4 a

    conviv$ncias dos princípios é conflitual4 '" entre os princípios é antinQmica4 os

    princípios coe#istem4 as re%ras antinQmicas e#cluemse4 *] Conse&Xentemente, os

    princípios, ao constituírem e#i%$ncias de optimização, permitem o *alanceamento devalores e interesses, consoante seu peso e ponderação de outros princípios

    eventualmente conflitantes4 as re%ras não dei#am espaço para &ual&uer outra

    solução, pois se uma re%ra vale Ztem validade] deve cumprirse na e#ata medida das

    suas prescriç;es, nem mais nem menos4 c] !m caso de conflito entre princípios,

    estes podem ser o*'eto de ponderação, de :armonização, pois eles cont$m apenas

    e#i%$ncias standards devem ser realizados4 as re%ras cont$m fi#aç;es normativas

    definitivas, sendo insustent"vel a validade simultânea de re%ras contradit)rias4 d] =s

    26  !/H-D=>.,

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    princípios suscitam pro*lemas de validade e peso4 as re%ras colocam apenas

    &uest;es de validade@J

    /ara o autor alemão ., =p Cit p JGJ@28  .>!TU, =p Cit p 88E29  3*id p 8E8J30  .>!TU, =p Cit p 1G

    11

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    !.>, =p Cit p 8832  5!>>=, Celso ?andeira de &lementos de Direito Administrativo @ ed ão /aulo7

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    :ermen$uticos disponíveis Zcomo por e#emplo, a interpretação conforme a

    Constituição, a nulidade parcial sem redução do te#to, os princípios da

    proporcionalidade e da razoa*ilidade e a proi*ição do retrocesso social, etc], como

    tam*ém tem a função de conferirl:es a m"#ima efic"cia en&uanto espécie da

    norma 'urídicaBB

    -esta esteira, os princípios não desempen:am tãosomente

    uma função informadora dentro do ordenamento, pois eles são, tam*ém, normas

    capazes de tutelar pretens;es 'udiciais por parte dos cidadãos, de modo &ue não

    podem prosperar, por parte dos +ri*unais, decis;es conservadores, &ue ne%uem

    aos princípios constitucionais o seu verdadeiro papel dentro da ordem 'urídicaB

    /or fim, ainda :" &ue se esta*elecer as diferenças entre

    princípios e valores Desta forma, os valores são conceitos a#iol)%icos, não cont$m

    uma ordem ou uma proi*ição e sim uma valoração . valoração pode ser de tipo

    comparativo de dois o*'etos se diz &ue um tem maior valor &ue outro, e#pressando

    se 'uízos de prefer$ncia ou e&uival$ncia -este caso, o modo de interpretar o valor

    é, então, mediante 'uízo comparativo 'uízo de ponderação 2 '" &ue se trata deesta*elecer uma medida, e&uilí*rio !m outros casos, podem ser classificat)rios

    =s princípios 'urídicos esta*elecem comandos, proi*iç;es e permiss;es, o &ue não

    ocorre com os valores, sendo &ue estes tam*ém enfrentam um 'uízo de ponderação,

    destinado a esta*elecer o seu peso no caso concretoB

    1(1 O )'in*+)io %a $,)'ema*ia %a Con$tit,i"-o Fe%e'al

    = sentido da norma Civil *rasileira deve ser *uscado 'unto à

    Carta política de 1988, &ue é a norma m"#ima do !stado, a &ual vincula todas as

    demais normas infraconstitucionais L o c:amado princípio da supremacia da

    Constituição Federal

    33  >!.>, =p Cit p 9B34  3*id p 9@B35  >=

    13

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     . superioridade :ier"r&uiconormativa do Direito Constitucional impede &ueo Direito Civil se'a tido como um ramo 'urídico autQnomo .ssim, a todainterpretação constitucional, *em como a interpretação da le%islaçãoordin"ria conforme a Constituição, leva à concretização dos direitosfundamentais, admitindose sua efic"cia nas relaç;es interprivadas ^_ BE

     . Carta 5a%na representa, pois, um marco de con&uista dos

    direitos social, como a democracia, a solidariedade social i%nificou o recomeço de

    uma esperança renovada, principalmente ap)s o fim da ditadura militar no ?rasil

    !sses o*'etivos sociais aca*aram por invadir o C)di%o Civil *rasileiro, passando,

    am*os os institutos, a terem o*'etivos comuns

    /or natureza, a constituiçãoBJ é a primeira lei positiva !la é

    &ue faz o elo entre o direito 2 'ustiça e especificamente o direito natural 2 e o direito

    positivo Como fenQmeno 'urídico, a constituição pode ser vista no plano do ser L a

    constatação das normas &ue institucionalizam e re%em o /oder Como o direito é

    deverser, a constituição como fenQmeno 'urídico é encarada como a normação do

    /oder /assa ela tam*ém para o campo do deverserB8

     . Constituição Federal de 1988 pode ser definida como uma

    constituição do !stado ocial /ortanto, os pro*lemas constitucionais referentes a

    relaç;es de poderes e e#ercício de direitos su*'etivos t$m &ue ser e#aminados e

    resolvidos à luz dos conceitos derivados da&uela modalidade de ordenamento 0ma

    coisa é a constituição do estado li*eral, outra é a constituição do !stado social .

    primeira é uma constituição anti%overno e anti!stado4 a se%unda, uma constituição

    de valores refrat"rios ao individualismo no Direito e ao a*solutismo no /oderB9

    36  +0+3\3.-, Cristiano 'istema e codificação: o Código Civil e as cl(usulas gerais 3n7 .39  ?=-.3D!, =p Cit p BBE

    14

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    -esse sentido %eral, Constituição é a or%anização de al%uma

    coisa !m tal acepção, o termo não pertence apenas ao voca*ul"rio do Direito

    /S*lico .ssim conceituado, é evidente &ue o termo se aplica a todo %rupo, a toda

    sociedade, a todo !stado Desi%na a natureza peculiar de cada !stado, a&uilo &ue

    fez este ser o &ue é !videntemente, nesse sentido %eral, 'amais :ouve e nunca

    :aver" !stado sem ConstituiçãoG

     . concretização plena da força normativa constitui meta a ser alme'ada pelaci$ncia do direito constitucional ^_ o direito Constitucional deve e#plicitar ascondiç;es so* as &uais as normas constitucionais podem ad&uirir maiorefic"cia possível, propiciando, assim, o desenvolvimento da do%m"tica e dainterpretação constitucional /ortanto, compete ao Direito Constitucional

    realçar, despertar e preservar a vontade da constituição Z)ille *urverfassung ] &ue, indu*itavelmente, constitui a maior %arantia de sua forçanormativa1

     .ssim, os direitos fundamentais e#primem uma ordem de

    valores &ue se irradia por todos os campos do ordenamento, inclusive so*re o direito

    privado, cu'as normas t$m de se interpretadas ao seu lume

    -ão se deve esperar &ue as tens;es entre ordenação constitucional e

    realidade política e social ven:am a defla%rar sério conflito -ão se poderia,todavia, prever o desfec:o de tal em*ate, uma vez &ue os pressupostosasse%urados pela força normativa da Constituição não foram plenamentesatisfeitos . resposta à inda%ação so*re se o futuro do nosso !stado éuma &uestão de poder ou um pro*lema 'urídico dependente da preservaçãoe do fortalecimento da força normativa da Constituição, *em como de seuspressupostos fundamental, a vontade de Constituição !ssa tarefa foiconfiada a todos n)s@

     . supremacia da Constituição é formal Zfi#a a or%anização, a

    estrutura, a composição, as atri*uiç;es, o procedimento dos poderes, &ue são

    constituídos por ela4 e material Znão é lícito a &ual&uer poder por ela constituído

    e#i%ir al%uma coisa &ue não se coadune com o Direito fi#ado na Constituição, ou

    se'a, o conteSdo de uma lei esta*elecida pelo /oder le%islativo ou de &ual&uer poder

     2 não pode contrariar o conteSdo das normas constitucionaisB

    40  60!15

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    Conforme o disposto no .rt @M, `1M da >ei de 3ntrodução ao

    C)di%o Civil7 a lei posterior revo%a a anterior &uando e#pressamente o declare,

    &uando se'a com ela incompatível 3sto si%nifica &ue as normas infraconstitucionais

     2 como, por e#emplo, a le%islação civil 2 &ue for incompatível com o te#to

    constitucional são automaticamente revo%adas4 as compatíveis são recepcionadas,

    continuam em vi%or !sta o*servação se faz necess"ria, a fim de &ue se'am

    concretizados, de forma eficaz, os princípios constitucionais

    /or fim, relevante mencionar as o*servaç;es de +epedino,

    concernentes à interpretação constitucional !m primeiro lu%ar, não se pode

    conce*er a idéia de &ue os princípios constitucionais são apenas princípios políticos/or isso, :" &ue se eliminar do voca*ul"rio 'urídico a e#pressão carta política, &ue

    aca*a por rele%ar a um pro%rama lon%ín&uo de ação, destituindoa de seu papel

    unificador do direito privado !m se%undo lu%ar, não se pode concordar com os

    civilistas &ue se utilizam dos princípios constitucionais como princípios %erais de

    direito, &ue são preceitos e#traídos implicitamente, pelo método indutivo . lei de

    3ntrodução ao C)di%o Civil prev$ &ue se a lei for omissa, o 'uiz decidir" o caso de

    acordo com a analo%ia e os *ons costumes !sta é uma %rave crítica &ue se faz,pois s) em Sltimo caso é &ue decidir" com *ase nos princípios %erais do direito

    -este tocante, inclusive, a e#pressão princípios %erais leva a presti%iar as leis

    ordin"rias e até os costumes, em detrimento dos princípios constitucionais, &ue s)

    serão relevados, ap)s serem descartadas a analo%ia e a fonte consuetudin"ria

    !m terceiro lu%ar, no &ue tan%e à técnica interpretativa, não

    pode o operador manterse ape%ado à necessidade de re%ulamentação casuísta, ouse'a, prever todas as situaç;es pormenorizadas e detal:adas, correndo o risco de

    %erar a inefic"cia das cl"usulas %erais introduzidas pela Constituição Federal e pelas

    leis infraconstitucionais

    -a verdade, :" v"rios institutos 'urídicos previstos no novo

    C)di%o Civil, muitos deles a*ertos e %enérios, &ue e#i%em uma an"lise profunda de

    cada situação, caso em &ue o 'uiz aplicar" ao caso concreto a sua e#peri$ncia, de

    44  +!/!D3-=, @GG, =p Cit p 1845  3*id p 1819

    16

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    17/31

    acordo com os seus valores /ortanto, a tríplice fato, valor e norma serão

    imprescindíveis

    . CONFLITOS DE RE!RAS E A COLISÃO/0 DE PRINCÍPIOS/ 

    CONSTITUCIONAIS

    3nicialmente, é importante salientar &ue a constituição Ourídica

    não si%nifica simples pedaço de papel, e não é impotente para dominar

    efetivamente, a distri*uição do poder . constituição não est" desvinculada darealidade :ist)rica concreta de seu tempo +odavia, não est" condicionada,

    simplesmente, por essa realidade( !m caso de conflito, a Constituição não deve ser

    considerada a parte mais fraca .o contr"rio, e#istem pressupostos realiz"veis, &ue

    mesmo em caso de confronto, permitem asse%urar a força normativa da

    constituição8

    e%undo .ndrade7 :aver" colisão ou conflito sempre &ue sedeva entender &ue a constituição prote%e simultaneamente dois valores ou *ens em

    contradição concreta ^_9 De acordo com a doutrina de Canotil:o, as colis;es de

    direitos fundamentais podem ser divididas em dois tipos7 colisão de direitos entre

    v"rios titulares de direitos fundamentais4 e colisão entre direitos fundamentais e *ens

     'urídicos da comunidade e do !stadoG

    46   !#emplo cl"ssico de colisão de princípios é da livre concorr$ncia e o princípio da defesa doconsumidor, am*os do art 1JG da Constituição Federal =utra colisão é o do princípio daprivacidade 2 art M, inciso T 2 e a li*erdade de comunicação social 2 art @@G, am*os daConstituição Federal = passo é a tentativa de conciliação entre am*os os princípios em c:o&ue!m se%undo lu%ar, a pertin$ncia e o de peso maior 2 o &ue é discutível, '" &ue a Carta 5a%na nãoesta*eleceu uma escala de valores a#iol)%icos Cf7 F!

    47  e%undo .le#I apud  5anoel 6onçalves Ferreira Fil:o, os direitos fundamentais nem sempre sãoprincípios, mas podem ser enunciados de princípios, ou como re%ras, ou como princípios e re%ras .ssim, no direito constitucional *rasileiro é difícil de acatar a tese de &ue os dispositivos do art Mda Constituição Federal são meros princípios, pois se assim fosssem, seriam suscetíveis defle#i*ilização Z=p Cit p B9]

    48  (!!, \onrad A força normativa da Constituição ér%io .ntQnio Fa*ris !ditor7 /orto .le%re,1991, p @

    49

     .-D(=, Oosé Ooa&uim 6omes Direito Constitucional e teoria da constituição @ edCoim*ra7 .lmedina, 1998, p 11B8

    17

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    18/31

     .s colis;es são, conforme >arenz apud teinmetz, direitos

    cu'os limites não estão fi#ados de uma vez por todas, mas &ue em certa medida são

    a*ertosb, m)veisb, e, mais precisamente, esses princípios podem, por esse motivo,

    entrar facilmente em colisão entre si, por&ue sua amplitude não est" de antemão

    fi#ada1 /ortanto, :" colisão por&ue os princípios não estão dados uma vez por

    todas, mas são a*ertos, m)veis e fle#íveis &uando de sua realização ou

    concretização na vida social

    e%undo Canotil:o, :" colisão de direitos &uando o e#ercício

    de um direito fundamental por parte de seu titular colide com o e#ercício do direitofundamental por parte de outro titular -ão :", pois, cruzamento ou acumulação,

    mas um c:o&ue, um aut$ntico conflito de direitos . colisão ou conflito de direitos

    fundamentais encerra, por vezes, realidades diversas nem sempre diferenciadas

    com clareza@

    -o caso de não e#istir norma le%al &ue re%ule diretamente a

    situação, não fica o 'uiz desprovido de resposta Deve ele recorrer aos conceitosa*ertos do direito privado e preenc:$los com a a'uda de valores constitucionais,

    como por e#emplo, no caso de cl"usulas contr"rias à ordem pS*lica ou à lei,

    ofensivo aos *ons costumes, as cl"usulas referentes à *oafé e do a*uso de

    direito e isto ainda for insuficiente, dever" o 'uiz decidir o caso a partir dos

    princípios %erais, aplicando o princípio da :armonização, sempre &ue se possa

    afirmar &ue :" um valor ou interesse constitucionalmente relevanteB

    .(1 Con*o''2n*ia %e %i'eito$

    51  +!3-5!+N, [ilson .ntQnio Colisão de Direitos fundamentais e o princípio da proporcionalidade+/orto .le%re7 >ivraria do .dvo%ado, @GG1, p EB

    52   C.-=+3>(=, Oosé Ooa&uim 6omes Direito Constitucional e teoria da constituição @ ed

    Coim*ra7 .lmedina, 1998, p 11BJ53  .-Divraria do .dvo%ado, @GGB, p @91

    18

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    19/31

     . concorr$ncia de direitos fundamentais e#iste &uando um

    comportamento do mesmo titular preenc:e os pressupostos de fato ZTatbest0nde]

    de v"rios direitos fundamentais 0ma das formas de concorr$ncia de direitos é,

    precisamente, a&uela &ue resulta do cruzamento de direitos fundamentais7 o mesmo

    comportamento de um titular é incluído no âm*ito de proteção de v"rios direitos,

    li*erdades e %arantias = conteSdo destes direitos tem, em certa medida e em certos

    setores limitados, uma co*ertura normativa i%ual !m síntese, :" concorr$ncia

    entre direitos fundamentais &uando dois ou mais direitos são aplic"veis para a

    proteção de uma conduta, caso em &ue preenc:e os pressupostos f"ticos de

    am*os

    =utro modo de concorr$ncia de direitos verificase com a

    acumulação de direitos7 a&ui não é um comportamento &ue pode ser su*sumido no

    âm*ito de v"rios direitos &ue se entrecruzam entre si4 um determinado *em 'urídico

    leva à acumulação, na mesma pessoa, de v"rios direitos fundamentaisE 

    e%undo o mesmo autor, o pro*lema da concorr$ncia de

    direitos oferece dificuldades &uando os v"rios direitos concorrentes estão su'eitos alimites diver%entes Z%roblem der schran1endivergenten 2rundrechte], caso em &ue

    deve ser determinado &ual, dentre os v"rios direitos concorrentes, assume relevo

    decisivo -esses casos de concorr$ncia, a solução ocorre &uando uma norma é

    especial em relação às outras, caso em &ue e#iste uma concorr$ncia inaut$ntica ou

    parcialJ

    -os casos de concorr$ncia de direitos com limites diver%entes,mas sem e#istir entre eles uma relação de especialidade, os critérios mais

    sufra%ados são o da preval$ncia dos direitos fundamentais menos limitados e o da

    e#ist$ncia de mais elementos distintivos de um em relação ao outro -ão se trata de

    esta*elecer uma escala de valor entre dois ou mais direitos fundamentais

    concorrentes, mas de verificar7 a] se um dos direitos fundamentais est" su'eito a

    54  C.-=+3>(=, =p Cit p 11B55

     ?=D+,

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    reserva de lei restritiva e o outro é um direito sem reserva e#pressa de lei restritiva4

    *] através da comparação dos pressupostos de fato dos dois direitos, verificar &ual a

    pretensão &ue o indivíduo pretende realizar de forma mais direta e imediata8

    (aver" situaç;es &ue poderão aumentar ou diminuir seu

    âm*ito normativo, *em como permitir &ue princípios desfrutem apenas parcialmente

    de um status de direito fundamental ten:am sua incid$ncia ampliada

    .(. O *onflito %e 'e&'a$

    Ruando se esta*elecer um conflito entre re%ras, a solução est"

    na introdução de uma cl"usula de e#ceção em uma das duas re%ras, &ue elimina o

    conflito ou declara a invalidade de uma das re%ras, eliminandoa do ordenamento

     'urídico -este sentido, a validez 'urídica não é %radual 5as isso nem sempre é

    possível, pois pode ocorrer &ue duas re%ras preve'am duas conse&X$ncias 'urídicas

    inconcili"veis para o mesmo suporte f"tico -esses casos, não :" outra alternativa&ue não a verificação da invalidade de uma delas9 !sta tam*ém é a opinião de

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    conflito, tem a mesma validade Desta forma, a re%ra perde o car"ter de definitiva

    para a decisão do caso concreto

    = pro*lema pode ser resolvido com a introdução de uma

    cl"usula de e#ceção, do tipo a lei posterior revo%a a anterior e a lei especial

    derro%a a lei %eral, mas tam*ém é possível proceder de acordo com a importância

    das re%ras em conflito . decisão é, pois, acerca da validade da re%ra Za validade

    não é %radual, pois ou a norma é v"lida, ou não]E1 !m síntese, se duas re%ras

    prev$em conse&X$ncias 'urídicas diversas para o mesmo caso, não podem

    pertencer ao mesmo sistema 'urídico, pois uma delas, pelo menos para esse

    sistema, ser" inv"lida

     .o ocorrer uma antinomia, a conse&X$ncia é a eliminação de

    uma das re%ras, eis &ue o conflito ocorre no campo da validade . colisão de

    princípios, no entanto, se resolve de modo diverso, uma vez &ue entre eles não

    ocorre no campo da validade, como ocorre com as re%ras, mas sim na dimensão do

    pesoPvalor =s princípios t$m um valor, um peso diferente nos casos concretos, de

    modo &ue o princípio de maior peso prevalece e o outro recua, o &ue não si%nifica&ue o princípio do &ual se a*dica se'a declarado nulo, nem uma cl"usula de e#ceção

    nele se introduza, '" &ue a solução est" no campo dos valoresE@

    .(3 Coli$-o %e )'in*+)io$

    erificouse &ue os princípios t$m sido definidos como

    mandados de otimização e as re%ras como normas &ue são cumpridas ou não

    Desta diferença sur%iu o diferente comportamento entre conflito e colisão

     . solução para a colisão dos princípios é *em diferente da

    solução do conflito de re%ras Ruando os princípios entram em colisão, ou se'a,

    61  .>!TU, =p Cit p 8862  .>!TU, interpretação ão /aulo7

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    22/31

    &uando um princípio proí*e e o outro permite, um deles tem &ue ceder ao outro 3sto

    não si%nifica &ue um dos princípios passa a ser inv"lido, nem &ue se'a incluída uma

    cl"usula de e#ceção 0m dos princípios precede ao outro -a verdade, os princípios

    possuem diferentes pesos e &ue prevalece o de maior pesoEB /ortanto, no conflito

    de re%ras prevalece a validade, ao passo &ue no conflito entre princípios prevalece o

    de maior peso

     . colisão entre princípios é con:ecida como antinomias

     'urídicas impr)prias 2 não conduz à e#clusão a ordem 'urídica de uma das normas

    conflitantes (" incompati*ilidade, porém, não e#clusão -este caso, o operador do

    Direito opta entre um ou outro princípio, sem &ue o outro se'a rec:açado do sistema,ou dei#e de ser aplicado a outros casos &ue comporem sua aceitação, ou se'a,

    afastado um dos princípios colidentes diante de certa caso, não si%nifica &ue, em

    outras situaç;es, não ven:a o afastado a ser apro#imado e aplicado em outros

    casosE

     .s re%ras são concepç;es dos princípios, são especificaç;es

    re%ulat)rias desses4 são desdo*ramentos normativos dos mesmos .ssim, não :"antinomias entre re%ras e princípios 5as &uando em confronto dois princípios 2 em,

    &ue um prevalece so*re o outro as re%ras &ue dão concreção ao &ue foi

    desprezado são afastadas, e essas não se aplicarão a determinada :ip)tese, ainda

    &ue permaneçam inte%radas, validamente no ordenamento 'urídicoE

    /or fim, importante re%istrar o entendimento de ieira de

     .ndrade, para &uem a di%nidade da pessoa :umana, en&uanto conteSdo essenciala*soluto do direito, nunca pode ser afetada 2 pois est" é a %arantia mínima &ue se

    pode retirar da ConstituiçãoEE

    63

     .>!TU, =p Cit p 8964  !/H-D=>., =p Cit p JJ65  3*id p JJ66  .-D

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    23/31

    3 O PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE COMO MECANISMO DE SOLUÇÃO

    DE CONFLITOS ENTRE OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E EFETIVAÇÃO

    DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS

    !m primeiro lu%ar, podemos considerar &ue as e#press;esEJ 

    ade&uação, ponderação ou :armonização são todos sinQnimos do princípio da

    proporcionalidade !stes são os mecanismos necess"rios à solução de conflitos

    entre princípios e re%ras

    -este sentido, o princípio da proporcionalidadeZ5erh0ltnism0ssig1eitsgrundsat*6, si%nifica um a#ioma Z2rund*at*6, &ue possui como

    su*princípios a a%e4,a"-o Z2eeignetheit6, a ne*e$$i%a%e ou medida mais *eni%na

    Z&rforderlich1eit6  e a )'o)o'*ionali%a%e em $enti%o e$t'ito  Z5erh0ltnism0ssig1eit

    im engeren 'inne], &ue é a ponderação propriamente ditaE8

    e%undo ?orn:oldt, os seus su*princípios possuem car"ter de

    re%ras e não de verdadeiros princípios /rova disso é &ue não ense'am &ual&uerponderação com outros *ens . ponderação ocorre antes entre outros *ens

    anta%Qnicos, sendo &ue seu tra*al:o deve preenc:er as e#i%$ncias dos

    su*princípiosE9

    = princípio da ade&uação Z2rundsat* der  2eeignetheit6 por vezes tam*émdenominado princípio da idoneidade ou princípio da conformidade 2 ordena&ue se verifi&ue, no caso concreto, se a decisão normativa restritiva Zomeio, a medida] do direito fundamental oportuniza o alcance da finalidade

    perse%uida +ratase e#aminar se o meio é apto, Stil, idQneo ou apropriadopara atin%ir ou promover o fim pretendidoJG

    67  -ão se deve confundir, como faz %rande parte da doutrina, o princípio da proporcionalidade com asimples e#i%$ncia de razoa*ilidade, derivada do direito norteamericano . proporcionalidadeconfere um maior poder ao Oudici"rio, &uando da an"lise de uma colisão entre princípiosconstitucionais, de uma lei ou de um ato administrativo -ão *asta &ue a medida se'a razo"vel4ser" necess"rio &ue a proporção &ue se conferiu a cada interesse Zou direito] em 'o%o não se'aultrapassada Cf7 ?=D+,

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     = correto seria &ue os princípios prevaleçam :armonicamente,

    sem :ierar&uia entre eles, pois todos são importantes 5as como tal não se revela

    possível, resta *uscar uma resposta efetiva nos princípios da necessidade e o da

    proporcionalidade = primeiro deve ser utilizado &uando :ouver conflito entre os

    diversos princípios4 '" o princípio da proporcionalidadeJ1  serve para e&uili*rar e

    :armonizar os princípios, &uando :ouver conflito entre eles

    = princípio da necessidade Z2rundsat* der   &rforderlich1eit6  2 tam*émdenominado princípio da e#i%i*ilidade e de princípio da indispensa*ilidade 2ordena &ue se e#amine, entre os meios de restrição disponíveis, o escol:idoé o menos restritivo 2 isto é, menos pre'udicial ou %ravoso 2 aoZs] direitoZs]fundamentalZis] em &uestão .ssim, uma determinada restrição é

    necess"ria se não é possível escol:er outra restrição i%ualmente efetivos&ue limite menos oZs] direitoZs] fundamentalZis] em &uestãoJ@

    -esta perspectiva, o princípio da proporcionalidade est"

    vinculado aos direitos constitucionais por via dos direitos fundamentais /ortanto, é

    um princípio constitucional, &ue visa, so*retudo, a di%nidade da pessoa :umana

    -ão pode o intérprete anular um princípio em detrimento ao outro, mas deve ele

    preservar, na medida do possível, as %arantias esta*elecidas, sem privar &ual&uer

    delas de sua su*stância elementar

    = princípio da proporcionalidade em sentido estrito Z2rundsat*5erh0ltnism0ssig1eit im engeren 'inne6 ordena &ue os meios ele%idosdevam manterse em uma relação razo"vel com o resultado perse%uido!sse dever é cumprido mediante o e#ame do e&uilí*rio ou da 'usta medidaentre a restrição Zo meio] e a finalidade pretendidaJB

     . ponderação de *ens é o método &ue consiste em adotar uma

    decisão de prefer$ncia entre os direitos ou *ens em conflito4 o método &ue

    determinar" &ual o direito ou *em, e em &ue medida, prevalecer", solucionando a

    colisão /ara a aplicação da ponderação são necess"rios al%uns pressupostos7 a

    colisão de direitos fundamentais e *ens constitucionalmente prote%idos4 e a

    ine#ist$ncia de uma :ierar&uia entre os direitos em colisãoJ

    71  -esse sentido7 Cuidase do princípio da proporcionalidade, &ue imp;e o sacrifício de um *em 'urídico, suscetível de tutela su*se&Xente, em favor de outro *em 'urídico &ue, se não tutelado de

    pronto, ser" definitivamente sacrificado Z/.=, =p cit p 1J]72  +!3-5!+N, . vinculação=p Cit p @1B73  +!3-5!+N, [ilson . vinculaçãop @1B@174  3*id p 111@

    24

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     . an"lise do conteSdo dessa lei mostra &ue a ponderação consiste em tr$spassos /rimeiro7 determinação Zmensuração] do %rau de nãosatisfaçãoou de nãorealização de um princípio Zo princípio restrin%ido] +ratase de&uantificar o %rau da intensidade da intervenção ou da restrição e%undo7avaliação da importância Zpeso] da realização do outro princípio Zo

    princípio oposto] +erceiro7 demonstração de se a importância da realizaçãodo princípio oposto 'ustifica a nãorealização do princípio restrin%idoJ

     . partir dessas definiç;es, devese desde lo%o ressaltar a

    multifuncionalidade do princípio da proporcionalidade7 é por meio dele &ue o

    su*'etivismo de uma decisão deve se manifestar, através da preced$ncia de um dos

    direitos ou princípios Zprincípio da proporcionalidade em sentido estrito] !m

    decorr$ncia disso, serve ele de instrumento te)rico no momento da ponderação

    Como proi*ição do ar*ítrio, ao analisar a conveni$ncia dos meios propostos com osfins a serem atin%idos, para preenc:er lacunasJE

    -ão se pode olvidar &ue o princípio da ponderação enfrenta

    críticas, pelo fato de a interpretação su'eitarse ao ar*ítrio de &uem a realiza com

    a*ertura ao su*'etivismo e, conse&Xentemente, ao totalitarismo e à ditadura

    -otese &ue :" diferença entre direitos como princípios edireitos definitivos, ou se'a, os primeiros alicerçam a concretização a*erta à

    ponderação e *alanceamento, se%undo o peso das circunstancias concretas, às

    custas da relativização da força vinculativa dos pr)prios direitos . doutrina civilista

    não ne%a o pro*lema da colisão e a necessidade de ponderação, mas não cede à

    tentação de a*andonar as re%ras cl"ssicas de solução de conflitos previstas no

    C)di%o Civil . conse&X$ncia disso, é &ue os tri*unais superiores estão com

    e#cesso de pro*lemas &ue poderiam ter sido solucionado desde lo%o

    Ca*e, então, ao 'uiz a tarefa de :armonizar os princípios

    constitucionais, principalmente, diante da profunda transformação social, :erança da

    revolução industrial, e#i%ese a construção de uma do%m"tica menos analítica e

    mais :ermen$utica, voltada para as conse&X$ncias futuras das decis;es, evitando

    se, assim, possíveis conflitos e incompati*ilidades, ou, ao menos, neutralizandoas

    -este caso, :" o pro*lema de decidi*ilidade, diante de diversas possi*ilidades

    75  3*id p @176  ?=D+,

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    interpretativas da norma 6an:a espaço, portanto, a f)rmula valorativa da função

    social, não s) diante de uma Do%m"tica :ermen$utica, mas tam*ém diante do

    pr)prio conceito de lacuna, pois ele alar%a o campo de atuação do intérprete, '" &ue

    alar%a o campo da positividade a partir dele pr)prioJJ

     . fim de esclarecer so*re a aplica*ilidade do princípio da

    ponderação,

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    &ual se respeita mais, em determinada situação, um dos princípios em conflito,

    procurando desrespeitar o mínimo possível os outros princípios e seu nScleo

    essencial, onde se ac:a insculpida a di%nidade da pessoa :umana8G

    L de verificarse, pois, &ue o princípio da proporcionalidade

    preconiza a estruturação de uma relação meiofim, na &ual o fim é o o*'etivo ou

    finalidade perse%uida pela restrição e o meio é a pr)pria decisão normativa 2

    le%islativa, administrativa, 'udicial ou contratual 2 limitadora &ue pretende tornar

    possível o alcance ou a promoção do fim alme'ado !sse princípio ordena &ue a

    relação entre o fim &ue se pretende e o meio utilizado dever se ade&uado,

    necess"rio e proporcionado

    CONCLUSÃO

    -o presente estudo, constatouse &ue a principal distinção

    entre re%ras e princípios reside no fato de &ue estes Sltimos são mandatos deotimização, ao passo &ue as re%ras são normas &ue somente podem ser cumpridas

    ou não .ssim, &uando se esta*elecer um conflito entre re%ras, a solução est" na

    introdução de uma cl"usula de e#ceção em uma das duas re%ras, &ue elimina o

    conflito ou declara a invalidade de uma das re%ras, eliminandoa do ordenamento

     'urídico -este sentido, a validez 'urídica não é %radual

    !m relação aos princípios, nem todos os princípios prevalecem:armonicamente, sendo necess"rio *uscar uma resposta efetiva nos princípios da

    necessidade e o da proporcionalidade = primeiro deve ser utilizado &uando :ouver

    conflito entre os diversos princípios4 '" o princípio da proporcionalidade serve para

    e&uili*rar e :armonizar os princípios, &uando :ouver conflito entre eles

    O" a colisão de princípios ocorre &uando um proí*e e o outro

    permite, caso em &ue um deles tem &ue ceder ao outro 3sto não si%nifica &ue um

    80  60!

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    dos princípios passa a ser inv"lido, nem &ue se'a incluída uma cl"usula de e#ceção,

    mas um dos princípios precede ao outro -a verdade, os princípios possuem

    diferentes pesos e &ue prevalece o de maior peso -ão pode o intérprete anular um

    princípio em detrimento ao outro, mas deve ele preservar, na medida do possível, as

    %arantias esta*elecidas, sem privar &ual&uer delas de sua su*stância elementar

    erificouse, ainda, &ue o princípio da proporcionalidade prev$

    uma relação entre o fim &ue se pretende alcançar e o meio utilizado, &ue deve ser

    ade&uado, necess"rio e proporcional .lém disso, constatouse a importância da

    aplicação do princípio da proporcionalidade nos casos concretos, :a'a vista &ue est"

    diretamente vinculado aos direitos constitucionais, por via dos direitos fundamentais/ortanto, é um princípio constitucional, &ue visa, so*retudo, a di%nidade da pessoa

    :umana

    -ão se pode olvidar &ue o princípio da ponderação enfrenta

    críticas, pelo fato de a interpretação su'eitarse ao ar*ítrio de &uem a realiza com

    a*ertura ao su*'etivismo, mas, :odiernamente, o %rande desafio dos 'uristas e

    le%isladores é o de conce*er um ponto de e&uilí*rio entre os conceitos novos eemer%entes e o mínimo de se%urança &ue é esperada do ordenamento 'urídico

    REFER5NCIAS 6I6LIO!R7FICAS

     .>?0R0!

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    5..0D3. >35. Contratos no Código de defesa do Consumidor: o novoregime das relaç4es contratuais+  ed ver, atual e ampl ão /aulo7 !ditora >=, Celso ?andeira de &lementos de Direito Administrativo @ ed ão /aulo7.-+3.6=, 5ariana

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