primeiros socorros

123
Primeiros Socorros

Upload: qsegur

Post on 24-Nov-2015

93 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • Primeiros Socorros

  • S e n a c S o P a u l o S o P a u l o 2 0 1 3

    Nome do Aluno

    Primeiros Socorros

  • Senac-SP 2011

    AdministrAo regionAl do senAc no estAdo de so PAulo

    Gerncia de DesenvolvimentoRoland Anton Zottele

    Coordenao TcnicaRosangela Gonalves Ribeiro

    Apoio TcnicoFelipe Alves Pellegrini

    Elaborao do Recurso DidticoMarisa Amaro Malvestio

    Editorao e RevisoGlobaltec Editora Ltda.

    Verso 2013

  • 4Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    SUMRIO

    DICA DA AUTORA / 6

    INTRODUO / 7

    CONCEITO E IMPORTNCIA DOS PRIMEIROS SOCORROS / 8REGRAS BSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS / 9ASPECTOS PRTICOS DA AVALIAO DE SEGURANA DA CENA / 13

    CAPTULO 1 AVALIAO INICIAL DA VTIMA / 18

    IMPORTNCIA E OBJETIVOS / 18AVALIAO INICIAL DA VTIMA POR SOCORRISTA LEIGO TREINADO / 19AVALIAO INICIAL DA VTIMA POR PROFISSIONAL DA SADE / 25

    CAPTULO 2 RESSUSCITAO CARDIO PULMONAR (RCP)/33

    IMPORTNCIA E CONCEITUAO BSICA / 33RCP PARA SOCORRISTAS LEIGOS TREINADOS / 35RCP PARA PROFISSIONAIS DA SADE / 43RCP EM CRIANAS E BEBS / 52DVIDAS COMUNS / 54

    CAPTULO 3 OBSTRUO DAS VIAS AREAS POR CORPO ESTRANHO / 56

    IMPORTNCIA E CONCEITUAO BSICA / 56OVACE EM VTIMAS RESPONSIVAS / 56OVACE EM VTIMAS IRRESPONSIVAS / 58OVACE EM VTIMAS MENORES DE 1 ANO (BEBS) / 59

    CAPTULO 4 EMERGNCIAS CLNICAS / 64

    CONVULSO / 64DOR NO PEITO / 68DESMAIO / 70

    CAPTULO 5 FERIMENTOS DIVERSOS / 73

    CONCEITOS BSICOS / 73PRIMEIROS SOCORROS A VTIMAS COM FERIMENTOS / 74FERIMENTOS ESPECIAIS / 76ESTADO DE CHOQUE / 79DVIDAS MAIS COMUNS / 81

    CAPTULO 6 QUEIMADURAS / 85

    CONCEITUAO BSICA / 85ANLISE DA GRAVIDADE DAS QUEIMADURAS / 85PRIMEIROS SOCORROS A QUEIMADURAS / 87DVIDAS MAIS COMUNS / 91

  • 5Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    CAPTULO 7 INTOXICAES / 93

    IMPORTNCIA E CONCEITUAO BSICA / 93PRIMEIROS SOCORROS A VITIMAS NA SUSPEITA DE INTOXICAO / 95DVIDAS MAIS COMUNS / 98

    CAPTULO 8 ACIDENTES COM ANIMAIS PEONHENTOS / 100

    IMPORTNCIA E CONCEITUAO BSICA / 100OFIDISMO / 101ESCORPIONISMO / 102ARANESMO / 103ACIDENTES COM ABELHAS / 104REGRAS BSICAS DE PRIMEIROS SOCORROS A VTIMAS DE ACIDENTES COM ANIMAIS PEONHENTOS / 105CONSIDERAES ESPECIAIS / 106

    CAPTULO 9 LESES DE OSSOS E ARTICULAES / 109

    CONCEITOS BSICOS / 109PRIMEIROS SOCORROS A VTIMAS DE LESES OSTEO-ARTICULARES / 110TCNICAS BSICAS DE IMOBILIZAO / 113DVIDAS MAIS COMUNS / 116

    CAPTULO 10 MATERIAIS BSICOS DE PRIMEIROS SOCORROS / 118

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS / 120

  • 6Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    DICA DA AUTORA

    Para o instrutor

    O aprendizado dos procedimentos de primeiros socorros ser mais efetivo se forem utilizadas tcnicas de encenao em sala de aula. Incentive seus alunos a participar como vtimas, encenando os principais sinais e sintomas, e como so-corristas, na prestao dos cuidados preconizados.

    Estimule o trabalho em equipe na prestao dos cuidados.

    Avaliaes prticas tambm so muito teis e solidificam o aprendizado. Recorra ao Passo-a-passo e Reviso ao final de cada captulo para ratificar o apren-dizado das tcnicas e solidificar o conhecimento sobre as sequncias de abor-dagem.

    Muita ateno aos alunos com os quais estiver trabalhando. Lembre que h dife-renas na abordagem de primeiros socorros para profissionais de sade e para socorristas leigos treinados. Escolha os contedos apropriados a cada grupo. A definio desses grupos apresentada no captulo 1.

    Estimule os alunos a divulgar as informaes mais simples sobre primeiros socor-ros aos membros de suas famlias. A informao mais vital sobre o acionamento de servios de emergncia. Lembre que os familiares devero ser considerados leigos (no treinados).

    Para o aluno

    Participe ativamente das encenaes e ensine os procedimentos mais simples aos membros de sua famlia.

    Bom trabalho a todos!

  • 7Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    INTRODUO

    Ao longo das ltimas dcadas, os problemas cardiovasculares, as neoplasias e os trau-mas transformaram-se nas principais causas de doena e morte em todo o mundo. O estresse da vida agitada, o sedentarismo, a alimentao desregrada e a violncia dos grandes centros urbanos so alguns dos fatores predisponentes para esses problemas. Mesmo assim, o conhecimento sobre essas doenas e sobre como enfrent-las est permitindo uma sobrevida cada vez maior para aqueles que so afetados por elas.

    As pessoas esto expostas a doenas ou acidentes ainda que de forma pouco per-cebida. No ambiente de trabalho ou de lazer, na escola ou mesmo em casa, adultos e crianas esto sempre sob o risco de sofrer uma queda, um engasgamento, um ferimento ou queimadura. Todas essas circunstncias tm potencial para colocar a vida da vtima em risco, fazendo com que ela fique na imediata dependncia de ajuda prestada por terceiros.

    Sempre haver algum disposto a ajudar, mesmo que no tenha a menor ideia do que deve ser feito. Nessa disponibilidade pessoal para ajudar, encontramos uma demonstrao de cidadania e de solidariedade, que so al-guns dos princpios fundamentais para a vida em sociedade. No entanto, preciso mais que isso para salvar ou manter uma vida at a che-gada de socorro especializado; preciso co-nhecimento sobre primeiros socorros.

    Inmeros estudos demonstram a importncia dos primeiros socorros realizados de forma correta pela pessoa mais prxima vtima. Pode ser a secretria de um diretor de empresas, o colega que trabalha na mquina ao lado, uma vizinha ou a equipe de brigadistas e a equipe mdica de uma grande indstria.

  • 8Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Olhe ao seu redor. Quem voc v? E se voc precisasse de socorro agora? Essa pessoa

    que est prxima de voc saberia lhe ajudar?

    Tenha certeza de que esse colega ou familiar que est ao seu lado poder lhe ajudar

    muito se dominar algumas informaes relativamente simples e se tiver um mnimo

    treinamento prtico.

    A proposta da apostila apresentar os procedimentos de primeiros socorros em um

    formato e linguagem acessveis ao pblico leigo ou a profissionais de nvel mdio ou

    tcnico, como forma de apoio ao aprendizado prtico dos procedimentos durante

    aulas ministradas por professores treinados.

    Seja voc tambm uma pessoa preparada. Sorte de quem estiver ao seu lado!

    Conceito e importncia dos primeiros socorros

    Primeiros socorros o conjunto de avaliaes e procedimentos voltados ao aten-dimento imediato de um agravo sade ocorrido fora do ambiente hospitalar. So

    medidas simples, que no exigem muitos conhecimentos ou materiais e que podem

    ser realizadas por qualquer cidado treinado, at que o socorro especializado esteja

    disponvel. Com essas medidas, espera-se aumentar as chances de sobrevivncia de

    uma pessoa, dando a ela a oportunidade de chegar viva a um hospital e se beneficiar

    do cuidado especializado.

    Os princpios fundamentais dos primeiros socorros so:

    atender no local da ocorrncia;

    avaliar e detectar situaes de risco para a vida da vtima;

    atendimento s prioridades com o objetivo de manter a vtima com vida e/ou im-

    pedir o agravamento da situao;

    acionar o servio de emergncia e/ou transportar com segurana at uma unida-

    de hospitalar prxima.

    Alguns autores preferem denominar as tcnicas de primeiros socorros de tcnicas de

    suporte bsico vida (SBV), j enfatizando na nomenclatura sua caracterstica prin-cipal, que a busca pela manuteno da vida. No entanto, essa denominao mais

    apropriada quando os procedimentos so realizados por profissionais da sade trei-

    nados, uma vez que o SBV engloba intervenes mais elaboradas e exige um grupo

    maior de habilidades e organizao tcnico-operacional. O Corpo de Bombeiros e o

    Servio de Atendimento Mvel de Urgncia (SAMU) executam, entre outras, ativida-

    des de SBV.

  • 9Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Nas ltimas dcadas, as tcnicas de primeiros socorros tm sido amplamente divul-gadas para os trabalhadores da rea da sade, para militares e principalmente para leigos. Os leigos so profissionais do turismo, de segurana do trabalho, professores, trabalhadores da indstria e comrcio e tantas outras reas que, em comum, pos-suem interesse no assunto por motivos legais, profissionais ou pessoais.

    Os profissionais da sade ou de outras reas e tambm os leigos, quando treinados em primeiros socorros, tornam-se um importante elo na cadeia de sobrevivncia da vtima, e sua correta atitude pode significar a diferena entre a vida e a morte.

    Regras bsicas de primeiros socorros

    As regras bsicas dos primeiros socorros so:

    pea ajuda;

    avalie a segurana da cena;

    acione o servio de emergncia de sua cidade;

    utilize medidas de preveno contra infeces;

    impea aglomeraes;

    avalie a vtima sob o princpio da priorizao;

    no oferea medicamentos ou lquidos sem prescrio mdica;

    zele pelo conforto e privacidade da vtima.

    Pea ajuda

    Em qualquer circunstncia, solicite sempre a presena de outra pessoa para lhe aju-dar, seja para acionar o servio de emergncia ou para abrir uma janela, afrouxar rou-pas ou realizar outro procedimento qualquer. Se necessrio, afaste-se brevemente da cena e v buscar ajuda retornando em seguida.

    Avalie a segurana da cena

    Muito cuidado ao se aproximar da vtima. A avaliao da segurana da cena deve ser a prioridade de quem socorre, principalmente em um evento de natureza traumtica. Trata-se de uma ao que antecede a avaliao da vtima e os procedimentos de ajuda.

    Na prtica, deve-se observar se a cena em que a vtima est segura para o socorrista e para todos em volta. Observe riscos potenciais como:

  • 10

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Riscos ambientais e climticos Riscos diversos

    Tempestades e inundaes

    Fogo, fumaa

    Produtos qumicos

    rvores em risco de queda

    Baixa iluminao

    Nevoeiros

    Vento

    Relevo acidentado (encostas, etc.)

    Instabilidade de estruturas

    Fio e rede eltrica em risco

    Explosivos

    Materiais perigosos (leo, agentes intoxicantes, etc.)

    Trfego intenso

    Animais perigosos

    Vtima agressiva

    Se houver riscos, solicite auxlio da polcia ou dos bombeiros informando sobre a si-tuao. Se a vtima puder ser alcanada e movimentada, mova-a para uma rea segura para o incio dos procedimentos de socorro.

    Lembre que manobras heroicas s aumentam os riscos e no devem ser incentivadas. importante que o socorrista execute apenas os procedimentos para os quais foi prepara-do e est apto a executar. Se a situao de risco, afaste-se e aguarde a ajuda solicitada.

    Se a vtima est agressiva ou hostil (portando armas, por exemplo) ou foi agredida (e o agressor ainda se encontra na cena), acione imediatamente o socorro e informe a situao da mesma maneira.

    preciso ressaltar que a cena deve ser monitorada constantemente, pois algo que pa-recia seguro pode se transformar em uma cena hostil ou de risco aps alguns minutos.

    Diante da importncia da avaliao da cena para o sucesso do atendimento, ao final deste captulo h algumas consideraes prticas que serviro muito aos profissio-nais da sade que atuam em empresas e aos profissionais de segurana.

    Acione o servio de emergncia de sua cidade

    O acesso rpido ao atendimento especializado crucial para o sucesso do atendi-mento. a ao mais importante que um socorrista pode realizar. tambm o mnimo que se espera.

    Atualmente, o Brasil conta com um sistema organizado de ateno a urgncias e emergncias ocorridas fora do ambiente hospitalar, chamado Servio de Atendimen-to Mvel de Urgncia (SAMU). O sistema encontrado em cerca de 50% das cidades do pas, e as equipes que compem esse sistema atendem vtimas de todo o tipo de agravos, incluindo os clnicos, traumticos, cirrgicos ou mesmo psiquitricos. Verifi-que se sua cidade conta com este recurso.

  • 11

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Outro servio de ateno a urgncias presente em nosso pas o promovido pelo Corpo de Bombeiros de cada estado. Prioritariamente, os bombeiros atendem vti-mas de traumas e/ou que necessitem de aes de salvamento (aqutico, em altura, em incndio, etc.).

    O mais importante saber que estes servios geralmente atendem em nmeros tele-fnicos padronizados para todo o Brasil: para o SAMU, disque 192, e para os Bombei-ros, 193. A ligao gratuita e no necessita carto. Ao ligar, passe informaes sobre:

    endereo exato do local onde est a vtima;

    o que ocorreu e o que j foi feito;

    seu nome e telefone para contato.

    Se sua cidade no possui servios do tipo, busque saber a alternativa que a prefeitura local tem para esses casos. Geralmente, h um servio de ambulncias acionado di-retamente pelo telefone do hospital mais prximo ou at mesmo por um dgito tele-fnico prprio. Se for o caso de sua cidade, aproveite para anotar o nmero ao lado.

    Utilize medidas de preveno contra infeces

    A exposio e/ou o contato com fluidos corporais, como sangue e outras secrees, aumenta o risco do socorrista contrair infeces. Por essa razo, se possvel, durante os procedimentos, utilize algumas medidas de precauo contra infeces:

    Lave as mos antes e aps os procedimentos;

    Use luvas de borracha fina (luvas hospitalares);

    No manuseie objetos que tenham entrado em contato com sangue ou fludos.

    Na impossibilidade do uso de luvas, evite contato direto com sangue e outras secre-es. Lembre-se de descartar as luvas no lixo ao final do atendimento.

    Impea aglomeraes

    Muitos curiosos podem se aproximar de voc e da vtima, dificultando as aes de socorro e, at mesmo, a circulao de ar. Oriente-os para que se afastem, informando da importncia de espao para o sucesso do atendimento.

    Procure no se exaltar, pois haver sempre muitos palpites e observaes sobre a v-tima e o modo de agir. Pea a algum para organizar o ambiente, para que isso no o distraia. Aos mais exaltados, uma boa atitude pedir algum favor, como: Se voc quer ajudar, arrume um cobertor para aquecer a vtima, ou ento Arrume panos limpos e secos. Ele se afastar para cumprir a tarefa, deixando o ambiente mais calmo.

  • 12

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Pea a algum para controlar o ambiente e d tarefa aos mais exaltados.

    Avalie a vtima sob o princpio da priorizao

    Se a cena segura para voc, a prioridade passa a ser a vida da vtima. Procure no se apavorar com as leses, por mais que sejam muito severas. O princpio de aten-dimento identificar rapidamente situaes que coloquem a vida em risco, como agravos ao sistema respiratrio e circulatrio, problemas com a respirao, corao e presena de sangramentos.

    Se a cena segura, a prioridade identificar situaes que coloquem em risco a vida.

    No oferea medicamentos ou lquidos sem prescrio mdica

    Sempre haver algum sugerindo o uso de medicamentos ou a conhecida gua com acar. Jamais oferea e/ou administre quaisquer medicamentos ou gua para a pes-soa que estiver sendo socorrida.

    Devido a alimento, gua ou medicamento administrado, a cirurgia que a vtima pre-cisar para ser salva pode ter de ser adiada ou, ento, o medicamento pode ter um efeito adverso e piorar a condio inicial, causando at mesmo engasgamento. No captulo 4, apresentaremos uma exceo.

    Caso a vtima tenha sede, se houver demora no atendimento especializado, apenas molhe sua boca com um pano limpo umedecido com gua potvel. O alvio trar mais calma, confiana e cooperao.

    Indicar medicamentos atribuio exclusiva do mdico.

  • 13

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Zele pelo conforto e privacidade da vtima

    Atitudes simples podem trazer conforto e privacidade para a vtima:

    afaste curiosos;

    promova o aquecimento corporal;

    proteja-a da chuva e do sol;

    mantenha-a informada sobre tudo o que est sendo feito;

    oua as queixas e observaes da vtima;

    preserve os pertences pessoais (ou pea a algum para faz-lo);

    mantenha o ambiente claro e arejado;

    afrouxe cintos, sapatos e roupas.

    O socorrista pode solicitar a outra pessoa que lhe ajude a fazer tudo isso.

    Saiba que, at o socorro especializado chegar, a vtima de trauma no deve ser movi-mentada, mesmo que seja para coloc-la em posio mais confortvel ou para fugir de condies adversas, (sol, chuva, terra, trnsito, etc.).

    Informe o que est sendo feito e oua as queixas. Isso tranquiliza a vtima.

    Aspectos prticos da avaliao de segurana da cena

    J indicamos a importncia da avaliao da segurana da cena. A seguir, apresentare-mos algumas dicas sobre como efetivar esta avaliao.

    Colha informaes sobre riscos potenciais

    Enquanto caminha at a vtima, aproveite para observar a cena e colher informaes.

    Observe Oua Perceba odores

    nmero de vtimas

    riscos potenciais

    A vtima se movimenta?

    A vtima fala?

    H sangue? Fluidos?

    O que aconteceu

    a vtima

    as pessoas ao redor

    medicamentos

    gases

    fumaa

    combustvel

    hlito da vtima

  • 14

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Observe abaixo como esses aspectos podem lhe dizer muito sobre a segurana da cena e sobre os primeiros passos a serem tomados:

    a vtima movimentar-se ou falar um bom sinal. Ao falar, ela demonstra que est respirando e que h circulao sangunea. Ao se movimentar, demonstra algum grau de conscincia;

    o conhecimento sobre o que se passou fundamental. Um colega que sofreu uma queda de dois degraus pode ter uma perspectiva de gravidade diferente de outro cuja queda foi de um andar. Busque informaes;

    diante de fogo, produtos qumicos, fiao eltrica cada e outras circunstncias do tipo, o socorrista deve imediatamente solicitar auxlio especializado, afastar--se e aguardar a chegada do servio solicitado;

    algum pode dizer que a vtima rolou escada abaixo, ou ento que teve fortes dores no peito antes de ficar inconsciente e rolar pela escada. Possivelmente, ela teve um mal-estar antes de cair. Oua com ateno as pessoas que presenciaram os fatos;

    hlito com odor etlico pode significar intoxicao alcolica. Use os seus sentidos na busca de informaes.

    Esses so apenas exemplos de como uma boa comunicao, um olhar atento, saber ouvir e utilizar o olfato so ferramentas importantes para o socorrista.

    Cena de acidente de trnsito com vtimas

    Em um acidente de trnsito, a primeira ao a ser tomada sinali-zar o local. Em seguida, se houver vtimas, acione o servio espe-cializado de emergncias.

    Se o primeiro socorrista que chegar cena do evento tambm estiver em um veculo, ele deve estacionar em um local seguro, alguns metros antes do acidente, e sinalizar a rea com o trin-gulo e luzes de emergncia pelo menos 40 metros para trs de seu veculo no sentido contrrio do fluxo de carros. Isso permitir que os veculos tenham tempo para visualizar o acidente e dimi-nuir a velocidade sem frear bruscamente, o que poderia causar acidentes extras. Quanto maior a velocidade da via, maior deve ser a distncia da sinalizao. Isso tambm vlido para situaes de chuva ou neblina.

    Em caso de acidente em via pblica, o ideal seria interromper o fluxo de trnsito. No entanto, o engarrafamento provocado seria uma fonte de problemas para outras pes-soas, alm de dificultar a chegada do socorro especializado. A opo mais comume,

  • 15

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    , com a ajuda de outras pessoas, desviar o fluxo do local do acidente. Nessas situaes, mais seguro manter o menor n-mero de pessoas na via e sinalizar aos outros condutores com cones ou movimentos de brao e arbustos, alm dos sinalizado-res obrigatrios dos veculos (tringulo).

    Situaes que exijam salvamento e resgate

    O socorrista pode encontrar situaes em que a vtima neces-site de salvamento especializado, como desencarceramento de veculos aps acidentes de trnsito ou estruturas colapsadas aps desabamentos e deslizamentos. H ainda situaes em que necessrio o salvamento aqutico, em incndio, em altu-ra e outras, exigindo a atuao do Corpo de Bombeiros ou de outras equipes especializadas.

    Nessas condies, o socorrista deve acionar o servio, zelar pela segurana do ambiente e das pessoas ao redor e aguardar a chegada do servio em local seguro.

    Lembre que, ao acionar o melhor socorro e impedir a ocorrn-cia de novos acidentes e o surgimento de novas vtimas, sua atuao j ter concorrido para um desfecho de sucesso.

    Situaes hostis e de violncia

    Uma cena hostil envolve situaes de violncia interpessoal,

    presena de animais ou armas e pessoas muito ansiosas ou in-toxicadas por lcool e drogas. So situaes que podem colocar o socorrista em risco e, por esta razo, se perceber uma ameaa, retire-se calmamente da cena e acione o policiamento.

    Recusa de atendimento

    Diante de agravos percebidos como de pouca importncia, a vtima pode recusar ajuda. Nessas circunstncias, mesmo que ela no permita uma abordagem, enfatize a importncia da avaliao por um mdico e do consequente encaminhamento para um hospital para esclarecimento da situao.

  • 16

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Cena que envolva produtos perigosos

    O socorrista pode se ver em situaes que envolvam produtos perigosos, como pro-dutos qumicos com caractersticas txicas, radioativas, etc., utilizados na indstria e comrcio. Alm disso, vrios itens de mobilirio domstico e de escritrios, quando submetidos a fogo, resultam em uma fumaa altamente txica devida combusto dos produtos qumicos utilizados em sua confeco.

    Eventos envolvendo corrente eltrica

    Eventos em que a vtima tenha sofrido ao de corrente eltrica tambm exigem so-corro especializado. No entanto, pequenas aes, antes da equipe chegar, podem auxiliar para um desfecho positivo.

    Se a vtima ainda estiver em contato com corrente eltrica, no toque nela, nem se aproxime demais. A primeira ao desligar a chave de fora central (Figura 1).

    Se houver fios cados prximo vtima, no toque neles com as mos ou ps. Para isso, utilize um cabo de vassoura longo ou qualquer outro pedao comprido de ma-deira que no conduza a corrente at o socorrista (Figura 2).

    Cuidado com fios eltricos cados sobre veculos ou peas e maquinrios eltricos. Ao toc-los, voc pode ser atingido por descarga eltrica. Use uma madeira longa para afast-los.

    Objetos eltricos prximos a lugares midos ou com acmulo de gua tambm exi-gem ateno do socorrista. Lembre-se de desligar a corrente eltrica ou deslig-los da tomada antes de manusear.

    Figura 1. Desligando a energia Figura 2. Afastando os fios eltricos

  • 17

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Qual sua dvida?

  • 18

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    CAPTULO 1AVALIAO INICIAL DA VTIMA

    Importncia e objetivos

    Se a cena est segura, o prximo passo dos primeiros socorros a avaliao inicial da vtima. Sempre que for chamado a prestar socorro, inicie a abordagem da vtima na sequncia proposta, no importando a idade da vtima.

    O objetivo da avaliao inicial detectar e intervir em situaes que coloquem a vida da vtima em risco imediato. Durante a avaliao, se for detectada alguma alterao em qualquer fase, deve-se intervir imediatamente para a correo do problema antes de passar para o passo seguinte.

    Apresentaremos neste captulo todas as fases da avaliao, porm a abordagem das alteraes que podem surgir ser dada nos captulos pertinentes.

    Abaixo vemos a sequncia completa da avaliao inicial.

    1. Avaliao da responsividade e presena de respirao.

    2. Avaliao da circulao.

    3. Abertura das vias areas.

    4. Avaliao da respirao.

    Ainda que a sequncia seja a mesma para todas as vtimas, de todas as idades, h dife-renas quando os primeiros socorros so prestados por socorristas leigos treinados ou por profissionais da sade:

    Profissionais da sade: so mdicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacuticos e profissionais de nvel mdio e tcnico da enfermagem, da farmcia e da ra-diologia, entre outros, que recebem treinamento formal de primeiros socorros durante sua formao profissional.

  • 19

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Socorristas leigos treinados: so profissionais da rea de segurana, da indstria e comrcio e outros profissionais de reas e nveis diversos (exceto os da sade) que receberam treinamento formal em primeiros socorros por fora da legisla-o trabalhista, da rea de atuao ou por interesse prprio.

    H tambm algumas diferenas que aparecero ao longo da avaliao, caso a vtima tenha sido acometida de um agravo traumtico ou clnico:

    Agravos traumticos so eventos intencionais ou no intencionais resultantes da ao de uma fora externa ao corpo humano. Compreendem os agravos decor-rentes de quedas, acidentes de trnsito, queimaduras, violncia interpessoal, fe-rimentos de arma de fogo ou arma branca e objetos em geral.

    Agravos clnicos so decorrentes de alguma disfuno do corpo humano sem causa ligada ao trauma. Podemos citar, como exemplos, o infarto agudo do mio-crdio, a parada cardaca e as convulses.

    Detalharemos agora a avaliao primria para socorristas leigos treinados e, em se-guida, para os profissionais da sade. Ao final de cada abordagem, apresentamos um esquema passo-a-passo que facilitar muito a compreenso da sequncia de cada grupo.

    Recomenda-se ao instrutor que atente para a formao de seu grupo de alunos, apre-sentando a abordagem mais adequada.

    Avaliao inicial da vtima por socorrista leigo treinado

    A avaliao inicial, quando realizada por um socorrista leigo, no requer diferencia-o entre agravo clnico e traumtico, exceto no momento de se decidir pelo posicio-namento de recuperao. Portanto, esta abordagem serve aos dois grupos de vitimas.

    1o passo: avaliao da responsividade e presena de respirao

    Consiste em avaliar se a vtima capaz de responder quando chamada e rapidamente verificar se ela respira.

    A avaliao da responsividade comea quando o socorrista se aproxima da vtima. Se ela apresenta movimentos normais, est falando ou tossindo, deve-se considerar que a vtima est responsiva e respirando.

    No entanto, se no for possvel notar essas caractersticas durante a aproximao, ser necessrio realizar a avaliao de forma mais consistente. Nesse caso, conside-rando que o ambiente seguro para o socorrista, aproxime-se da cabea e tronco da vtima e chame-a at trs vezes, tocando-lhe os ombros (Figura 1). D preferncia a cham-la pelo nome e insista com a pergunta: Voc est bem?.

  • 20

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    AVALIAO DE RESPONSIVIDADE

    Aproxime-se da cabea e tronco da vtima.

    Chame a vtima at trs vezes, de preferncia

    pelo nome.

    Enquanto chama, toque-lhe os ombros com

    firmeza, porm sem agressividade.

    Pergunte Voc est bem?.

    Figura 1. Avaliao da responsividade.

    A vtima poder responder ou no ao seu chamado.

    Vtima responsiva

    Considera-se a vtima responsiva se ela atender ao chamado movimen-tando-se normalmente, abrindo os olhos, tossindo e/ou balbuciando palavras.

    Diante de situao positiva, a rpida realizao de trs perguntas adi-cionais pode dar uma ideia melhor sobre a situao da vtima. Pergun-te: Qual seu nome?, Voc sabe onde est?, O que aconteceu?.

    Respostas coerentes para essas perguntas caracterizam um bom grau

    de conscincia sobre si e o ambiente, sinais importantes do funcionamento correto das funes cerebrais. Variaes na quantidade de glicose e oxignio disponvel para o encfalo fariam a vtima apresentar dificuldades para responder as perguntas.

    Vtima irresponsiva

    Na ausncia de responsividade, dizemos que a vtima est inconsciente. Nesse caso, avalie rapidamente se h respirao e se est prxima do normal. Para isso, observe se o trax se movimenta a cada insuflao.

    Se a vtima est inconsciente e no respira ou apresenta respirao muito lenta e/ou com esforo (agnica), caracteriza-se a necessidade imediata de ressuscitao cardiopul-monar (ver detalhamento no Captulo 2). Chame imediatamente ajuda e oriente para que algum telefone para o servio de emergncia (192 ou 193 ou outro servio de sua cidade).

    Se a vtima est inconsciente, mas respira sem dificuldades, chame imediatamente aju-da e oriente para que algum telefone para o servio de emergncia (192 ou 193 ou outro servio de sua cidade). Se no houver suspeita de trauma, posicione a vtima em posio de recuperao (Figura 2), que favorecer a circulao, a respirao, o conforto e a drenagem de secrees pela boca.

  • 21

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Prossiga para o 2 passo da avaliao primria.

    POSIO DE RECUPERAO

    indicada para vtimas de agravos cl-

    nicos, irresponsivas e com respirao

    normal.

    Lateralize o corpo esquerda.

    Posicione braos e pernas flexiona-

    dos e apoiados na superfcie.

    Figura 2. Posio de recuperao.

    2o passo: avaliao da circulao

    Esta fase consiste em avaliar se a vtima apresenta sinais de circulao (capacidade para falar, movimentar-se normalmente e/ou respirar sem dificuldade) e de sangra-mento externo.

    Para a vtima responsiva ou inconsciente, mas com respirao normal, consideramos a circulao presente e prosseguimos para a avaliao de presena de sangramentos externos.

    Para a vtima inconsciente que no respira ou apresenta respirao muito lenta e/ou com esforo (agnica), conforme comentado no 1 passo, consideramos a circulao ausente e est indicada a necessidade de ressuscitao cardiopulmonar (Captulo 2).

    A avaliao da presena de sangramentos externos deve ser realizada nas vtimas

    responsivas ou no. Trata-se de um pro-cedimento simples, que realizado por meio da inspeo rpida de todo o corpo da vtima e a busca de sinais de extravasa-mento de sangue sob as vestes. Na presen-a de sangramento excessivo, ser neces-srio aplicar imediata compresso direta da leso (Figura 3) na tentativa de conter a perda sangunea (veja detalhamento no Captulo 5).

    Figura 3. Compresso direta da leso.

  • 22

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    3o passo: abertura das vias areas

    Esta fase especialmente importante com vtimas inconscientes. Consiste na reali-zao de manobras manuais para manter as vias areas abertas, permitindo a passa-gem de ar.

    A causa mais comum de dificuldade para respirar nas vtimas inconscientes o rela-xamento da musculatura da lngua devido perda do tnus muscular. Isso faz a lngua cair para trs e ocluir as vias areas, causando a morte por parada da respirao. um problema que pode ser temporariamente solucionado com a manobra manual de inclinao da cabea-elevao do queixo, que promove a elevao da lngua alivian-do essa obstruo (Figura 4).

    Figura 4. Manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo.

    MANOBRA MANUAL DE INCLINAO DA

    CABEA-ELEVAO DO QUEIXO

    Indicada para vtimas inconscientes com difi-

    culdade para respirar.

    Posicione uma de suas mos sobre a testa

    da vtima.

    Posicione dois dedos da outra mo sob o

    queixo da vtima.

    Realize um leve movimento de inclinao

    da cabea da vtima para trs, elevando-lhe

    o queixo.

    Se a vtima estiver inconsciente e respiran-

    do, a manobra deve ser mantida (a lngua

    pode causar nova obstruo).

    Com a abertura das vias areas, realize uma breve inspeo da boca para avaliar se h sangue, lquidos, alimentos e prteses soltas que podem comprometer a ventilao. As prteses podem ser retiradas manualmente. Se houver secrees em excesso e a vtima demonstrar dificuldades para respirar, coloque-a em posio de recuperao para favorecer a drenagem.

    4o passo: avaliao da respirao

    Esta fase especialmente importante para as vtimas em parada cardiorrespiratria (veja detalhamento no Captulo 2).

  • 23

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Consideraes especiais para socorristas leigos em casos de trauma

    Nas vtimas de trauma, alguns cuidados especiais so fundamentais para evitar leses na coluna ou o agravamento do trauma. Caso suspeite que a vtima tenha sofrido um trauma, execute a sequncia prevista para a avaliao inicial, mas observe as seguin-tes medidas adicionais que podem contribuir muito para um desfecho positivo:

    pea vtima que no se movimente, e no permita que outras pessoas a movi-mentem at a chegada do socorro especializado;

    se a vtima est responsiva ou inconsciente, porm respirando com facilidade, use as mos para segurar firmemente a cabea da vtima na posio em que esti-ver, impedindo-lhe os movimentos e promovendo a estabilizao manual da ca-bea (Figura 5). Mantenha a estabilizao at a chegada do socorro especializado ou at o hospital de destino;

    Figura 5. Estabilizao manual da cabea.

    ESTABILIZAO MANUAL DA CABEA

    Indicada para vtimas com suspeita de trauma.

    Coloque as mos abertas uma de cada lado

    da cabea da vtima.

    Aplique fora suficiente para impedir os

    movimentos.

    Caso a vtima esteja inconsciente e necessite de auxlio para respirar, execute a manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo e prossiga com a avaliao inicial. A necessidade de permeabilizao das vias areas prioritria, e no deve ser atrasada mesmo sob risco de mobilizao da coluna cervical.

    Veja a seguir o passo-a-passo da avaliao inicial para socorristas leigos.

  • 24

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Respirao ausente, lenta ou agnica:

    parada cardiorrespiratria!!!

    Vtima responsiva(fala, tosse, abre olhos

    ou se movimenta)

    Pergunte:

    Qual seu nome?

    Sabe onde est?

    O que aconteceu?

    Vtima irresponsiva

    Agravo clnico:Mobilize para a posio de recuperao.

    Agravo traumtico:Mantenha na posio encontrada e estabilize cabea e coluna.

    Acione servio de emergncia

    Respira sem

    Acione servio de emergncia

    Inicie RCP(captulo 2)

    Avalie a presena de sangramentos externos e realize compresso direta (captulo 5)

    Avaliar responsividade

    Avalie rapidamente a presena de respirao

    PASSO-A-PASSO AVALIAO INICIAL DA VTIMA POR SOCORRISTA LEIGO

  • 25

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Avaliao inicial da vtima por profissional da sade

    A avaliao inicial, quando realizada por profissional da sade, requer diferenciao na abordagem do agravo clnico e traumtico e inclui a verificao do pulso central. Essas alteraes de abordagem se devem ao maior conhecimento tcnico de tais pro-fissionais no campo da anatomia e fisiologia, permitindo uma abordagem mais deta-lhada e rica em procedimentos.

    1o passo: avaliao da responsividade e presena de respirao

    Consiste em avaliar se a vtima capaz de responder quando chamada e rapidamente verificar se ela respira.

    A avaliao da responsividade comea quando o socorrista se aproxima da vtima. Se ela apresenta movimentos normais, est falando ou tossindo, deve-se considerar que a vtima est responsiva e respirando.

    No entanto, se no for possvel notar essas caractersticas durante a aproximao, ser necessrio realizar a avaliao de forma mais consistente. Nesse caso, conside-rando que o ambiente seguro para o socorrista, aproxime-se da cabea e tronco da vtima e chame-a at trs vezes, tocando-lhe os ombros (Figura 6). D preferncia a cham-la pelo nome e insista com a pergunta: Voc est bem?.

    AVALIAO DE RESPONSIVIDADE

    Aproxime-se da cabea e tronco da vtima.

    Chame a vtima at trs vezes, de preferncia

    pelo nome.

    Enquanto chama, toque-lhe os ombros com

    firmeza, porm sem agressividade.

    Pergunte Voc est bem?.

    Figura 6. Avaliao da responsividade.

    A vtima poder responder ou no ao seu chamado.

    Vtima responsiva

    Considera-se a vtima responsiva se ela atender ao chamado movimentando-se nor-malmente, abrindo os olhos, tossindo e/ou balbuciando palavras.

  • 26

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Diante de situao positiva, a rpida realizao de trs perguntas adi-cionais pode dar uma ideia melhor sobre a situao da vtima. Pergun-te: Qual seu nome?, Voc sabe onde est?, O que aconteceu?.

    Respostas coerentes para essas perguntas caracterizam um bom grau de conscincia sobre si e o ambiente, sinais importantes do funciona-mento correto das funes cerebrais. Variaes na quantidade de gli-cose e oxignio disponvel para o encfalo fariam a vtima apresentar dificuldades para responder as perguntas.

    Diante de uma vtima responsiva, o profissional de sade pode prosseguir diretamente para o 2o passo.

    Vtima irresponsiva

    Na ausncia de responsividade, dizemos que a vtima est inconsciente. Nesse caso, avalie rapidamente se h respirao e se est prxima do normal. Para isso, observe se o trax se movimenta a cada insuflao. No indicado avaliar a frequncia ventilatria.

    Se a vtima est inconsciente e no respira ou apresenta respirao muito lenta e/ou com esforo (agnica), o profissional deve suspeitar de parada cardiorrespiratria. Chame imediatamente ajuda e oriente para que algum telefone para o servio de emergncia (192 ou 193 ou outro servio de sua cidade). Solicite um desfibrilador externo automtico (DEA) (veja detalhamento no Captulo 2). Passe imediatamente checagem do pulso central (2 passo).

    Se a vtima est inconsciente, mas respira sem dificuldades, chame imediatamente ajuda e oriente para que algum telefone para o servio de emergncia (192 ou 193 ou outro servio de sua cidade). Se no houver suspeita de trauma, posicione a vti-ma em posio de recuperao (Figura 7), que favorecer a circulao, a respirao, o conforto e a drenagem de secrees pela boca.

    Prossiga para o 2 passo da avaliao primria.

    POSIO DE RECUPERAO

    indicada para vtimas de agravos cl-

    nicos, irresponsivas e com respirao

    normal.

    Lateralize o corpo esquerda.

    Posicione braos e pernas flexiona-

    dos e apoiados na superfcie.

    Figura 7. Posio de recuperao.

  • 27

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    2 passo: avaliao da circulao

    Essa fase consiste em avaliar se a vtima possui pulso central e se h sinais de sangra-mento externo.

    Para a vtima responsiva ou inconsciente, mas com respirao normal, consideramos a circulao presente, porm o profissional da sade pode confirmar a existncia de pulso executando a checagem do pulso carotdeo (Figura 8) por at 10 segundos. Em seguida, verifique se h sangramentos externos.

    Para a vtima inconsciente que no respira ou apresenta respirao muito lenta e/ou com esforo (agnica), o profissional deve suspeitar de parada cardiorrespiratria e realizar a checagem do pulso carotdeo por at 10 segundos (Figura 8).

    CHECAGEM DO PULSO CAROTDEO

    Realizada apenas por profissionais da sade em

    vtimas irresponsivas e com respirao ausente

    ou agnica.

    Palpe a traqueia altura da linha mdia do cor-

    po com os dedos indicador e mdio.

    Deslize os dedos lateralmente por cerca de 2 cm.

    Analise se h presena de pulsao na artria

    cartida com firmeza, porm sem agressividade.Figura 8. Checagem do pulso carotdeo.

    Na ausncia de pulso carotdeo, caracteriza-se a necessidade de ressuscitao cardio-pulmonar (RCP). Inicie com compresses torcicas (veja detalhamento no Captulo 3).

    Na presena de pulso, se no houver suspeita de trauma, posicione a vtima em po-sio de recuperao.

    A avaliao da presena de sangramentos exter-nos deve ser realizada nas vtimas responsivas ou no. Trata-se de um procedimento simples, que realizado por meio da inspeo rpida de todo o corpo da vtima e a busca de sinais de extravasamento de sangue sob as vestes. Na pre-sena de sangramento excessivo, ser necess-rio aplicar imediata compresso direta da leso (Figura 9) na tentativa de conter a perda sangu-nea (veja detalhamento no Captulo 5).

    Figura 9. Compresso direta da leso.

  • 28

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    3 passo: avaliao e desobstruo das vias areas

    Esta fase especialmente importante com vtimas inconscientes. Consiste na reali-zao de manobras manuais para manter as vias areas abertas, permitindo a passa-gem de ar.

    A causa mais comum de dificuldade para respirar nas vtimas inconscientes o rela-xamento da musculatura da lngua devido perda do tnus muscular. Isso faz a ln-gua cair para trs e ocluir as vias areas, causando a morte por parada da respirao. um problema que pode ser temporariamente solucionado com a manobra manual de inclinao da cabea-elevao do queixo, que promove a elevao da lngua ali-viando essa obstruo (Figura 10).

    Figura 10. Manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo.

    MANOBRA MANUAL DE INCLINAO DA

    CABEA-ELEVAO DO QUEIXO

    Indicada para vtimas inconscientes com difi-

    culdade para respirar.

    Posicione uma de suas mos sobre a testa

    da vtima.

    Posicione dois dedos da outra mo sob o

    queixo da vtima.

    Realize um leve movimento de inclinao

    da cabea da vtima para trs, elevando-lhe

    o queixo.

    Se a vtima estiver inconsciente e respiran-

    do, a manobra deve ser mantida (a lngua

    pode causar nova obstruo).

    Se h suspeita de agravo traumtico, deve-se realizar a manobra da mandbula no trauma, que auxilia na abertura das vias areas, com pouca movimentao da coluna, e no alinhamento da coluna cervical para uma posio neutra. Ela pode ser realizada com o socorrista na cabeceira do paciente (Figura 11) ou ao lado do paciente.

  • 29

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Figura 11. Manobra da mandbula (socorrista na cabeceira).

    MANOBRA DA MANDBULA

    (Socorrista de cabeeira)

    Exclusiva para profissionais da sade em aten-

    dimento a agravos traumticos em vtimas

    inconscientes e com respirao ausente ou

    agnica.

    Posicione-se na cabeceira do paciente.

    Coloque as mos uma de cada lado da cabe-

    a, com os dedos apontando em direo aos

    ps, para estabilizar manualmente a cabea.

    Espalhe seus dedos pela face do paciente ao

    longo do ngulo da mandbula.

    Aplique fora simtrica apenas com os de-

    dos para mover a mandbula para frente e

    discretamente para baixo (em direo dos

    ps da vtima).

    Com a abertura das vias areas, realize uma breve inspeo da boca para avaliar se h sangue, lquidos, alimentos e prteses soltas que podem comprometer a ventilao. As prteses podem ser retiradas manualmente. Se houver secrees em excesso e a vtima demonstrar dificuldades para respirar, coloque-a em posio de recuperao para favorecer a drenagem.

    Nos agravos traumticos, execute a rolagem em bloco (Figura 12). A rolagem em blo-co associa a estabilizao da coluna cervical com o rolamento lateral da vtima sobre si mesma, permitindo o escoamento das secrees e impedindo a aspirao para as vias areas.

    ROLAGEM EM BLOCO

    Exclusiva para profissionais da sade. Indi-

    cada para vtimas de agravos traumticos, in-

    conscientes e com sinais de risco para as vias

    areas, como vmito e secrees acumulados

    na cavidade oral.

    Um socorrista executa a estabilizao da co-

    luna cervical.

    O segundo socorrista ajoelha-se altura do

    trax, e o terceiro, altura dos joelhos.

    Alinhe os braos da vtima ao longo do cor-

    po e mantenha as pernas alinhadas.

    Os socorristas posicionam os braos e rolam vtima de forma alinhada sobre um dos lados.

    Aps o escoamento das secrees, a vtima retornada posio inicial.

    Figura 12. Rolagem em bloco.

  • 30

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    4 passo: avaliao da respirao

    Esta fase especialmente importante para as vtimas em parada cardiorrespiratria (veja detalhamento no Captulo 2).

    Consideraes especiais para profissionais da sade em casos de trauma

    Nas vtimas de trauma, alguns cuidados especiais so fundamentais para evitar leses na coluna ou o agravamento do trauma. Caso suspeite que a vtima tenha sofrido um trauma, execute a sequncia prevista para a avaliao inicial, mas observe as seguin-tes medidas adicionais que podem contribuir muito para um desfecho positivo:

    pea vtima que no se movimente, e no permita que outras pessoas a movi-mentem at a chegada do socorro especializado;

    se a vtima est responsiva ou inconsciente, porm respirando com facilidade, use as mos para segurar firmemente a cabea da vtima na posio em que es-tiver, impedindo-lhe os movimentos e promovendo a estabilizao manual da cabea (Figura 13). Mantenha a estabilizao at a chegada do socorro especiali-zado ou at o hospital de destino.

    Figura 13. Estabilizao manual da cabea.

    ESTABILIZAO MANUAL DA CABEA

    Indicada para vtimas com suspeita de trauma.

    Coloque as mos abertas uma de cada lado

    da cabea da vtima.

    Aplique fora suficiente para impedir os

    movimentos.

    Veja a seguir o passo-a-passo da avaliao inicial por profissionais da sade.

  • 31

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    PASSO-A-PASSO AVALIAO INICIAL DA VTIMA POR PROFISSIONAL DE SADE

    Vtima responsiva(fala, tosse, abre olhos

    ou se movimenta)

    Vtima irresponsiva

    Avalie a presena de sangramentos externos e realize compresso direta (captulo 5)

    Pergunte:

    Qual seu nome?Sabe onde est?

    O que aconteceu?

    Agravo clnico:Mobilize para a posio de recuperao.

    Agravo traumtico:Mantenha na posio encontrada e estabilize cabea e coluna.

    Respirao ausente, lenta ou agnica

    Respira sem

    Acione servio de emergncia

    Acione servio de emergncia

    Pulso ausente, inicie RCP (captulo 2)

    Cheque a presena de pulso central

    Solicite DEA (captulo 2)

    Pulso presente

    Avalie rapidamente a presena de respirao

    Avalie responsividade

  • 32

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Nos agravos traumticos com vtimas inconscientes ou com dificuldade de respirar, considere a necessidade de rolagem em bloco para drenagem de secrees da cavi-dade oral.

    Consideraes para profissionais de sade sobre a avaliao inicial em crianas abaixo de 1 ano

    Existem duas diferenas fundamentais na execuo das tcnicas de avaliao prim-ria por profissionais da sade em crianas abaixo de 1 ano:

    para a tcnica de abertura das vias areas sem suspeita de trauma, a manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo no deve permitir a extenso excessiva do pescoo, mas apenas uma leve extenso, pois a coluna cervical do beb bastante frgil;

    a verificao do pulso deve ser realizada no pulso braquial (Figura 14), pois o pescoo do beb muito curto, dificultando e falseando a deteco da artria cartida.

    Figura 14. Pulso braquial em bebs.

    Qual sua dvida?

  • 33

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    CAPTULO 2RESSUSCITAO CARDIOPULMONAR (RCP)

    Importncia e conceituao bsica

    O corpo humano altamente dependente do oxignio obtido pela respirao. O oxignio levado a cada uma das clulas corpreas por meio da corrente sangunea. Por sua vez, o sangue propulsionado pela corrente circulatria para todo o corpo a partir do bombeamento promovido pela contrao do corao. As contraes carda-cas so mantidas por uma complexa atividade eltrica que funciona em uma faixa de ritmos muito organizados e suscetveis a alteraes.

    Se no houver respirao adequada para promover a oxigenao e no houver bom-beamento cardaco para garantir a circulao sangunea, caracteriza-se a parada car-diorrespiratria (PCR).

    A vasta maioria das PCR acontece em adultos e suas causas mais comuns esto liga-das a problemas cardacos propriamente ditos, principalmente alteraes eltricas conhecidas por arritmias. Nas crianas, as causas mais comuns so de origem respira-tria. Em uma situao de PCR, no importa a causa, a execuo de compresses to-rcicas associadas ou no a ventilao e uso de desfibrilao precoce pode aumentar muito as chances de sobrevivncia. O conjunto desses procedimentos chamado de ressuscitao cardiopulmonar (RCP).

    A RCP utilizada em vtimas de PCR com o objetivo de recuperar a boa circulao e a boa ventilao at que se possa restabelecer o retorno circulao espontnea ou at a chegada de uma equipe especializada.

    O atraso na efetivao de medidas de RCP pode resultar em leses cerebrais e morte em poucos minutos. As taxas mais elevadas de sobrevivncia em vtimas de PCR acon-tecem em situaes em que o evento foi presenciado por algum que iniciou proce-dimentos de RCP sem demoras. Esta pessoa pode ser um profissional da sade ou um leigo treinado, e at mesmo um leigo que receba orientaes mnimas pelo telefone.

  • 34

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    A American Heart Association (Associao Americana do Corao AHA) a institui-o responsvel pelo desenvolvimento de diretrizes internacionais de atendimento

    a PCR, que vo desde os primeiros socorros at o ambiente hospitalar. Tais diretrizes so baseadas em estudos cientfi-cos, sendo divulgadas mundialmente a cada cinco anos. De-pois de muitos anos, muitas diretrizes e inmeros estudos, em 2010 a AHA percebeu que o sucesso do atendimento es-tava na aplicao correta de compresses torcicas o mais breve possvel. A partir da, toda a comunidade cientfica foi convidada a rever seus mtodos de atendimento e a ensinar de maneira mais facilitada a realizao de RCP.

    Este captulo tem como objetivo apresentar os primeiros socorros s vtimas adultas em PCR, de acordo com as premissas apontadas pela AHA em 2010. Tambm sero apresentados aspectos gerais da RCP em crianas e bebs.

    A Figura 1 apresenta o esquema desenvolvido pela AHA para resumir o atendimento a PCR at a fase hospitalar. Trata-se da corrente de sobrevivncia, cujos cinco elos correspondem respectivamente a:

    1. Reconhecimento precoce da PCR e acionamento do servio de emergncia.

    2. RCP precoce com nfase nas compresses.

    3. Rpida desfibrilao.

    4. Suporte avanado de vida.

    5. Cuidados ps-PCR.

    Observe que as aes previstas nos trs primeiros elos podem ser providenciadas ainda na fase dos primeiros socorros.

    Figura 1. Corrente da sobrevivncia da AHA, Guidelines CPR 2010.

    Na RCP, tambm aparecem diferenas na avaliao inicial quando os primeiros so-corros so prestados por socorristas leigos treinados ou por profissionais da sade. Assim, ser inicialmente detalhada a RCP executada por socorristas leigos treinados e, em seguida, a abordagem resumir a sequncia de cada grupo. Ao final do captulo, so apresentadas ainda as principais caractersticas da RCP aplicada em crianas.

  • 35

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Recomenda-se ao instrutor que atente para a formao de seu grupo de alunos, apre-sentando a sequncia mais adequada.

    RCP para socorristas leigos treinados

    Abaixo: vemos a sequncia da RCP realizada por socorristas leigos treinados;

    reconhecimento imediato da PCR e acionamento do servio de emergncia;

    solicitao de desfibrilador externo automtico (DEA);

    RCP precoce com nfase nas compresses;

    rpida desfibrilao (utilizao de DEA, se disponvel).

    1o passo: reconhecimento imediato da PCR e acionamento do servio de emer-gncia

    Para os socorristas leigos treinados, o reconhecimento da necessidade de RCP ocorre no 1o passo da avaliao inicial (avaliao da responsividade e da presena de respira-o) (Figura 2). Se a vtima estiver irresponsiva e com respirao ausente ou agnica, caracteriza-se a necessidade de RCP.

    AVALIAO DE RESPONSIVIDADE

    Aproxime-se da cabea e tronco da vtima.

    Chame a vtima at trs vezes, de preferncia

    pelo nome.

    Enquanto chama, toque-lhe os ombros com

    firmeza, porm sem agressividade.

    Pergunte Voc est bem?.

    Na vtima irresponsiva, avalie rapidamente se h

    respirao observando se o trax se movimenta.

    Figura 2. Avaliao da responsividade e da presena de respirao.

    Na necessidade de RCP, chame imediatamente ajuda ou oriente para que algum te-lefone para o servio de emergncia de sua cidade ou regio (192, 193 ou outro). Se necessrio, afaste-se brevemente e v buscar ajuda, retornando em seguida.

  • 36

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Ao ligar para o servio de emergncia, esteja pronto para fornecer:

    endereo exato do local onde est a vtima;

    o que ocorreu e o que j foi feito;

    seu nome e telefone para contato.

    Se sua cidade no possui servios desse tipo, lembre-se de buscar informaes sobre as alternativas que a prefeitura local tem para esses casos.

    2o passo: solicitar um desfibrilador externo automtico (DEA)

    Como comentado antes, o corao mantm sua atividade normal de bombeamento do sangue graas a um complexo sistema eltrico que garante contraes rtmicas e ininterruptas. Qualquer anormalidade nesse sistema pode provocar uma arritmia cardaca e alteraes diversas no bombeamento de sangue.

    Entre as arritmias mais comuns est a fibrilao ventricular (FV), que provoca uma alterao sbita e completa do bombeamento de sangue, deixando os rgos e prin-cipalmente o crebro sem suprimento sanguneo. Simultaneamente FV, ocorre a parada da respirao ou uma respirao agnica, que, como j visto, caracterizam a PCR. A FV est presente em cerca de 63% dos casos de PCR.

    A RCP bem realizada garante o mnimo suprimento de oxignio necessrio ma-nuteno dos rgos vitais, mas no corrige a FV. A nica forma de fazer isso pela oferta de uma corrente eltrica externa, ou seja, um choque eltrico chamado des-fibrilao ventricular. A desfibrilao o terceiro elo da corrente de sobrevivncia (Figura 1).

    O desfibrilador externo automtico (DEA), visto na Figura 3, um equipamento ele-trnico simples e porttil que utiliza comandos de voz e luzes para guiar o socorrista durante a sequncia de RCP e para fornecer choque eltrico de forma automtica e sem comando, se houver FV.

    Atualmente, o DEA pode ser encontrado em clubes, academias, condomnios, sho-pings, em vrias empresas e indstrias, fazendo parte do rol de equipamentos de aeronaves e equipes de policiamento, bombeiros, etc.

    Considerando a disponibilidade cada vez maior do equipamento e a necessidade da desfibrilao rpida, solicitar precocemente um DEA um ato importante, que pode agilizar os primeiros socorros e aumentar as chances de sobrevivncia da vtima.

    Na prtica, os passos 1 (acionamento de servios de emergncia) e 2 so simultneos.

  • 37

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMTICO (DEA)

    H muitas marcas disponveis, porm sua utilizao

    bsica inclui:

    ligar;

    instalar os eletrodos que o acompanham; e

    seguir os comandos de voz ou luz emitidos.

    Os eletrodos so autoadesivos e autoexplicativos

    (contm informaes sobre seu posicionamento).

    O DEA pode ser utilizado em:

    adultos (eletrodos para adultos);

    bebs (menores de 1 ano) e crianas de 1 a 8 anos com

    eletrodos peditricos, se houver (caso contrrio, poder ser usado o eletrodo para adultos).

    Figura 3. Desfibrilador externo automtico.

    voc sabia que...A cada 1 minuto de atraso na realizao da desfibrilao,

    as chances de sobrevivncia diminuem em 10%?

    3o passo: RCP precoce com nfase nas compresses

    Diante de vtima irresponsiva, com ausncia de respirao ou respirao agnica, e providenciados o acionamento de socorro especializado e o DEA, o socorrista leigo treinado e capaz deve iniciar uma sequncia de 30 compresses torcicas fortes, r-pidas e sem parar (Figura 4), intercaladas com 2 ventilaes.

    COMPRESSES TORCICAS EXTERNAS

    Ajoelhe-se altura dos ombros da vtima.

    Posicione suas mos, uma sobre a outra e com os dedos entrelaados, no centro do trax, en-tre os mamilos da vtima.

    Mantenha os cotovelos estendidos e os ombros na direo das mos.

    Execute compresses fortes, rpidas e sem pa-rar, a uma velocidade de no mnimo 100 com-presses por minuto.

    Em adultos, as compresses devem rebaixar o trax em pelo menos 5 cm.

    Permita que o trax volte ao normal antes de cada compresso.

    Evite interrupes, exceto para ventilaes.

    Figura 4. Compresses torcicas externas.

  • 38

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Compresses torcicas externas corretamente realizadas fornecem fluxo sanguneo vi-tal ao corao e ao crebro, e por isso devem ser priorizadas na RCP. Um dos aspectos que mais interferem no sucesso das compresses a frequncia. Se 30 compresses forem realizadas a uma velocidade de, no mnimo, 100 compresses/minuto, a sobre-vivncia da vtima ser maximizada. Outro aspecto importante posicionar a vtima sobre uma superfcie plana e rgida (o cho a melhor opo) durante toda a RCP.

    Ao final das primeiras 30 compresses, a via area deve ser aberta com a manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo (Figura 5) e devem ser aplicadas 2 ventila-es sequenciais de 1 segundo, promovendo a elevao visvel do trax. Esta sequ-cia de 30 compresses fortes, rpidas e sem parar e 2 ventilaes deve ser repetida por 2 minutos, ininterruptamente.

    Figura 5. Manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo.

    MANOBRA MANUAL DE INCLINAO DA CABEA-ELEVAO DO QUEIXO

    Indicada para vtimas inconscientes com

    Posicione uma de suas mos sobre a testa da vtima.

    Posicione dois dedos da outra mo sob o queixo da vtima.

    Realize um leve movimento de inclinao da cabea da vtima para trs, elevando--lhe o queixo.

    As duas ventilaes devem ser realizadas preferencialmente com o auxlio de um mtodo de barreira que sirva de proteo ao contato com saliva, sangue e secrees da vtima. Entre os dispositivos disponveis esto:

    MSCARA DE BOLSO PARA O BOCA A BOCA

    Conhecida como Pocket mask.

    Pode ser reutilizvel (silicone) ou descartvel (plstico).

    Promove a cobertura simultnea da boca e do nariz, facili-

    -nao da cabea-elevao do queixo.

    Se reutilizveis, aps o uso, devem ser limpas com gua e sabo; e, aps secagem, deve passar-se uma gaze embebi-da em lcool, deixando-a secar naturalmente.

    Figura 6. Mscara de bolso para o boca a boca.

  • 39

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    BARREIRA PLSTICA DESCARTVEL PARA

    BOCA A BOCA

    Confeccionada base de po-lietileno.

    utilizada para treinamentos de RCP e em eventos reais.

    Alguns modelos possuem vl-vula unidirecional, que impe-

    vtima para o socorrista.

    BOLSA VALVA-MSCARA

    Conhecida como ambu.

    Encontrada em hospitais, clubes, shoppings e inds-trias onde h equipes de socorristas leigos treinados.

    Sua utilizao correta exige duas pessoas: uma para po-sicionar e manter a mscara sobre a face da vtima com as vias areas abertas, e outra para comprimir a bolsa.

    O socorrista hbil pode utiliz-la sozinho, mas pos-svel haver reduo de at 50% no volume ofertado devido a prejuzos vedao da mscara e na com-presso do balo.

    Se no houver cilindros de oxignio disponveis, no devem ser utilizados sacos reservatrios na bolsa.

    Figura 7. Barreira plstica descartvel para boca a boca. Figura 8. Bolsa valva-mscara.

    A ventilao boca a boca (Figura 9) por socorristas treinados deve ser incentivada, po-rm essas pessoas podem no se sentir seguras com a realizao do procedimento, pois preciso considerar os riscos de contrair infeces, embora no existam muitos estudos esclarecedores a respeito.

    VENTILAO BOCA A BOCA

    Execute a manobra de abertura das vias areas.

    Use os dedos de uma mo para fechar as na-rinas.

    Inspire normalmente.

    Cubra com sua boca aberta toda a boca da v-tima.

    Com um movimento expiratrio sem esforo,

    durante 1 segundo.

    Repita o passo, iniciando pela sua inspirao.Figura 9. Ventilao boca a boca.

  • 40

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Os segredos da utilizao de qualquer tipo de barreira para a ventilao ou mesmo da tcnica boca a boca so: a abertura correta das vias areas e o timo ajuste com a face da vtima.

    Durante a primeira insuflao, caso encontre dificuldades na elevao do trax, as primeiras medidas so refazer o movimento de abertura das vias areas e readequar a mscara face da vtima. Se ainda assim houver dificuldade, devemos considerar a existncia de obstruo das vias areas (ver captulo 3).

    Ao final de 2 minutos de RCP, mantenha a via area aberta e observe rapidamente se a vtima segue irresponsiva e com ausncia de respirao ou respirao agnica. Em caso positivo, prossiga com novo ciclo de RCP por mais 2 minutos. Repita essas aes at a chegada da equipe de socorro especializado, ou at que a vtima comece a dar sinais de presena de responsividade e respirao (sem dificuldade), ou at que profissionais da sade assumam o atendimento. fortemente recomendado que haja rodzio/troca de socorristas na execuo das compresses a cada 2 minutos, pois a qualidade da RCP tende a cair com o cansao.

    Assim que o DEA estiver disponvel, o socorrista leigo treinado deve utiliz-lo. No retarde ou interrompa as compresses enquanto abre o equipamento. Comprima at que ele esteja em condio imediata de utilizao. Deixe o equipamento fazer a leitura e siga suas instrues caso o choque seja indicado ou no. A cada 2 minutos de RCP, as manobras devem ser interrompidas e o DEA deve analisar o ritmo cardaco.

    Caso o choque tenha sido indicado, de extrema importncia que as compresses sejam retomadas logo em seguida. Este procedimento aumenta a possibilidade do choque ter sucesso. Portanto, prossiga com as compresses e ventilaes por 2 mi-nutos aps o choque.

    O algoritmo apresentado a seguir apresenta as fases da RCP quando executadas por socorrista leigo treinado (Figura 10):

  • 41

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Vtima no responsiva, sem respirao ou com respirao agnica

    Inicie a RCP com 30 compresses (fortes e rpidas) e 2 ventilaes por 2 minutos

    Acione o servio de emergncia

    Pea o DEA

    Assim que o DEA estiver disponvel, avalie o ritmo. Repita a cada 2 minutos

    Figura 10.

    O uso de mscaras para ventilao, ou a execuo de ventilao boca a boca, pode ser um procedimento difcil ou pouco confortvel para o socorrista leigo treinado. A cena de uma PCR tambm bastante tumultuada e, assim, o socorrista pode no se lembrar de todos os detalhes necessrios. Como as compresses torcicas so fundamentais para a sobrevivncia e mais fceis de serem realizadas, considere que:

    o socorrista leigo treinado que no se sentir capaz de realizar ventilaes deve realizar somente compresses fortes, rpidas e sem parar at a chegada do so-corro especializado;

    se no houver mtodo de barreira para ventilao e o socorrista leigo treinado decidir no optar pela ventilao boca a boca, ele deve realizar somente com-presses fortes, rpidas e sem parar at a chegada do socorro especializado;

    se for necessrio orientar um leigo no treinado a executar RCP, faa com que realize somente compresses fortes, rpidas e sem parar no centro do trax, com o mnimo de interrupes, at a chegada do socorro.

    Veja a seguir o passo-a-passo da RCP para socorristas leigos treinados.

  • 42

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Avalie responsividade

    Inicie 30 compresses torcicas fortes, rpidas e sem parar

    Acione servio de emergncia e solicite DEA

    Respirao ausente, lenta ou agnica: PCR

    Avalie rapidamente a presena de respirao

    Vtimairresponsiva

    Mantenha 30 compresses torcicas intercaladas com 2 ventilaes (30:2) por 2 minutos

    Abra vias areas (inclinao da cabea-elevao do queixo) e realize 2 ventilaes

    Aps 2 minutos, reavalie rapidamente a presena de responsividade e respirao. Se PCR, reinicie 30:2

    Mantenha procedimentos de RCP at a chegada do socorro especializado

    Vtimaresponsiva

    Respira sem

    Veja a p. 27 Vtima irresponsiva

    Utilize mtodo com barreira ou boca a boca. Caso o socorrista leigo

    treinado no se sinta capaz de executar 30:2, deve

    executar apenas compresses.

    Assim que o DEA estiver disponvel, use-o. Ligue e siga as instrues. A cada 2 minutos de RCP, o DEA deve analisar o ritmo cardaco.

    Aps o choque, retome compresses imediatamente.

    fortemente recomendado, a cada 2 minutos, trocar/alternar

    os socorristas que realizam as compresses.

    PASSO-A-PASSO RCP PARA SOCORRISTA LEIGO TREINADO

  • 43

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Mesmo considerando que a nfase deva ser dada s compresses torcicas e que os socorristas leigos treinados receberam treinamento para realizar compresses e venti-laes intercaladas, se por qualquer motivo o socorrista no puder aplicar ventilaes, ele dever acionar recursos especializados e aplicar apenas compresses torcicas.

    RCP para profissionais da sade

    O profissional da sade deve estar preparado para realizar RCP, seja em ambiente hospitalar ou extra-hospitalar. Na cena extra-hospitalar, fundamental que o servio especializado de socorro seja chamado no tempo certo.

    Vejamos abaixo a sequncia de RCP para profissionais da sade:

    reconhecimento da PCR e acionamento do servio de emergncia;

    solicitao de desfibrilador externo automtico (DEA);

    checagem de pulso central;

    RCP precoce com nfase nas compresses.

    1o passo: reconhecimento imediato da PCR e acionamento do servio de emer-gncia

    Para os profissionais da sade, a suspeita de PCR tambm se inicia durante a avalia-o inicial. O profissional deve avaliar a responsividade e a presena de respirao (Figura 11). Se a vtima estiver irresponsiva e com respirao ausente ou agnica, ca-racteriza-se a suspeita de PCR.

    .

    AVALIAO DE RESPONSIVIDADE

    Aproxime-se da cabea e tronco da vtima.

    Chame a vtima at trs vezes, de preferncia

    pelo nome.

    Enquanto chama, toque-lhe os ombros com

    firmeza, porm sem agressividade.

    Pergunte Voc est bem?.

    Na vtima irresponsiva, avalie rapidamente se h

    respirao observando se o trax se movimenta.

    Figura 11. Avaliao da responsividade e da presena de respirao.

  • 44

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Na necessidade de RCP, chame imediatamente ajuda ou oriente para que algum te-lefone para o servio de emergncia de sua cidade ou regio (192, 193 ou outro). Se necessrio, afaste-se brevemente e v buscar ajuda, retornando em seguida.

    Ao ligar para o servio de emergncia, esteja pronto para fornecer:

    endereo exato do local onde est a vtima;

    o que ocorreu e o que j foi feito;

    seu nome e telefone para contato.

    Se sua cidade no possui servios desse tipo, lembre-se de buscar informaes sobre as alternativas que a prefeitura local tem para esses casos.

    2o passo: solicitar um desfibrilador externo automtico (DEA)

    As arritmias compem o grupo de causas mais comuns da PCR. Entre elas, est a fi-brilao ventricular (FV), encontrada em cerca de 63% de todas as PCRs, provocando intensa desorganizao eltrica e uma alterao sbita e completa do bombeamento do sangue, deixando os rgos sem suprimento sanguneo. Simultaneamente FV, ocorre a parada da respirao ou a respirao agnica, que, como j visto, caracteri-zam a suspeio de ocorrncia da PCR.

    A RCP bem realizada garante o suprimento mnimo de oxignio necessrio ma-nuteno dos rgos vitais, mas no corrige a FV. A nica forma de corrigir a FV a oferta de uma corrente eltrica externa, ou seja, um choque eltrico que promova a reorganizao da atividade eltrica, a desfibrilao ventricular.

    O DEA (Figura 12) um equipamento eletrnico simples e porttil, que utiliza coman-dos de voz e luz para guiar o socorrista durante a sequncia de RCP e para fornecer choque eltrico de forma automtica e sem comando, se houver FV.

    DESFIBRILADOR EXTERNO AUTOMTICO (DEA)

    H muitas marcas disponveis, porm sua utilizao

    bsica inclui:

    ligar;

    instalar os eletrodos que o acompanham; e

    seguir os comandos de voz ou luz emitidos.

    Os eletrodos so autoadesivos e autoexplicativos

    (contm informaes sobre seu posicionamento).

    O DEA pode ser utilizado em:

    adultos (eletrodos para adultos);

    bebs (menores de 1 ano) e crianas de 1 a 8 anos com

    eletrodos peditricos, se houver (caso contrrio, poder ser usado o eletrodo para adultos).

    Figura 12. Desfibrilador externo automtico.

  • 45

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Atualmente, o DEA pode ser encontrado em clubes, academias, condomnios, shoppings em vrias empresas e indstrias, fazendo parte do rol de equipamentos de aeronaves e equipes de policiamento, bombeiros, etc.

    Considerando a disponibilidade cada vez maior do equipamento e a necessidade da desfibrilao rpida, solicitar precocemente um DEA um ato importante, que pode agilizar os primeiros socorros e aumentar as chances de sobrevivncia da vtima.

    Na prtica, os passos 1 (acionamento de servios de emergncia) e 2 so simultneos.

    VOC SABIA QUE... A cada 1 minuto de atraso na realizao da desfibrilao,

    as chances de sobrevivncia diminuem em 10%?

    3o passo: checagem de pulso central

    Se o profissional suspeita de PCR e j acionou o servio de emergncia e o DEA, a prxima fase consiste em avaliar se a vtima possui pulso central presente (Figura 13). Na ausncia de pulso carotdeo, caracteriza-se a necessidade de ressuscitao cardio-pulmonar (RCP).

    CHECAGEM DO PULSO CAROTDEO

    Realizada apenas por profissionais da sade em vtimas irresponsivas e com respirao ausente ou agnica.

    Palpe a traqueia altura da linha mdia do cor-po com os dedos indicador e mdio.

    Deslize os dedos lateralmente por cerca de 2 cm.

    Analise se h presena de pulsao na artria cartida com firmeza, porm sem agressividade.

    A checagem no deve levar mais de 10 segun-dos. Figura 13. Checagem do pulso carotdeo.

  • 46

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    4o passo: RCP precoce com nfase nas compresses

    Diante de vtima com ausncia de pulso central, inicie uma sequncia de 30 compres-ses torcicas fortes, rpidas e sem parar (Figura 14), intercaladas com 2 ventilaes.

    COMPRESSES TORCICAS EXTERNAS

    Ajoelhe-se altura dos ombros da vtima.

    Posicione suas mos, uma sobre a outra e com os dedos entrelaados, no centro do trax, en-tre os mamilos da vtima.

    Mantenha os cotovelos estendidos e os ombros na direo das mos.

    Execute compresses fortes, rpidas e sem pa-rar, a uma velocidade de no mnimo 100 com-presses por minuto.

    Em adultos, as compresses devem rebaixar o trax em pelo menos 5 cm.

    Permita que o trax volte ao normal antes de cada compresso.

    Evite interrupes, exceto para ventilaes.

    Figura 14. Compresses torcicas externas.

    Compresses torcicas externas corretamente realizadas fornecem fluxo sanguneo vi-tal ao corao e ao crebro, e por isso devem ser priorizadas na RCP. Um dos aspectos que mais interferem no sucesso das compresses a frequncia. Se 30 compresses forem realizadas a uma velocidade de, no mnimo, 100 compresses/minuto, a sobre-vivncia da vtima ser maximizada. Outro aspecto importante posicionar a vtima sobre uma superfcie plana e rgida (o cho a melhor opo) durante toda a RCP.

  • 47

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Ao final das primeiras 30 compresses, a via area deve ser aberta com a manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo nos agravos clnicos (Figura 15) ou a mano-bra da mandbula nos agravos traumticos (Figura 16). Aps a abertura das vias areas, devem ser aplicadas 2 ventilaes sequenciais de 1 segundo, promovendo a elevao visvel do trax. Esta sequncia de 30 compresses fortes, rpidas e sem parar e 2 ventilaes deve ser repetida por 2 minutos.

    Figura 15. Manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo.

    MANOBRA MANUAL DE INCLINAO DA CABEA-ELEVAO DO QUEIXO

    Posicione uma de suas mos sobre a testa da vtima.

    Posicione dois dedos da outra mo sob o queixo da vtima.

    Realize um leve movimento de inclinao da cabea da vtima para trs, elevando--lhe o queixo.

    Figura 16. Manobra da mandbula (socorrista na cabeceira).

    MANOBRA DA MANDBULA(Socorrista de cabeeira)

    atendimento a agravos traumticos em vti-mas inconscientes e com respirao ausen-te ou agnica.

    Posicione-se na cabeceira do paciente.

    Coloque as mos uma de cada lado da ca-bea, com os dedos apontando em dire-o aos ps, para estabilizar manualmen-te a cabea.

    Espalhe seus dedos pela face do paciente ao longo do ngulo da mandbula.

    Aplique fora simtrica apenas com os dedos para mover a mandbula para fren-te e discretamente para baixo (em direo dos ps da vtima).

  • 48

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    As duas ventilaes devem ser realizadas preferencialmente com o auxlio de um mtodo de barreira que sirva de proteo ao contato com saliva, sangue e secrees da vtima. Entre os dispositivos disponveis esto:

    MSCARA DE BOLSO PARA O BOCA A BOCA

    Conhecida como Pocket mask.

    Pode ser reutilizvel (silicone) ou descartvel (plstico).

    Promove a cobertura simultnea da boca e do nariz, facili-

    -nao da cabea-elevao do queixo.

    Se reutilizveis, aps o uso, devem ser limpas com gua e sabo; e, aps secagem, deve passar-se uma gaze embebi-da em lcool, deixando-a secar naturalmente.

    Figura 17. Mscara de bolso para o boca a boca.

    BARREIRA PLSTICA DESCARTVEL PARA

    BOCA A BOCA

    Confeccionada base de po-lietileno.

    utilizada para treinamentos de RCP e em eventos reais.

    Alguns modelos possuem vl-vula unidirecional, que impe-

    vtima para o socorrista.

    BOLSA VALVA-MSCARA

    Conhecida como ambu.

    Encontrada em hospitais, clubes, shoppings e inds-trias onde h equipes de socorristas leigos treinados.

    Sua utilizao correta exige duas pessoas: uma para po-sicionar e manter a mscara sobre a face da vtima com as vias areas abertas, e outra para comprimir a bolsa.

    O socorrista hbil pode utiliz-la sozinho, mas pos-svel haver reduo de at 50% no volume ofertado devido a prejuzos vedao da mscara e na com-presso do balo.

    Se no houver cilindros de oxignio disponveis, no devem ser utilizados sacos reservatrios na bolsa.

    Figura 18. Barreira plstica descartvel para boca a boca. Figura 19. Bolsa valva-mscara.

    de o retorno de ar e udos da

  • 49

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    A ventilao boca a boca (Figura 20) por socorristas treinados deve ser incentivada, porm essas pessoas podem no se sentir seguras com a realizao do procedimen-to, pois preciso considerar os riscos de contrair infeces, embora no existam muitos estudos esclarecedores a respeito.

    VENTILAO BOCA A BOCA

    Execute a manobra de abertura das vias areas.

    Use os dedos de uma mo para fechar as na-rinas.

    Inspire normalmente.

    Cubra com sua boca aberta toda a boca da v-tima.

    Com um movimento expiratrio sem esforo, insue o ar para a vitima de maneira uniformedurante 1 segundo.

    Repita o passo, iniciando pela sua inspirao.Figura 20. Ventilao boca a boca.

    Os segredos da utilizao de qualquer tipo de barreira para a ventilao ou mesmo da tcnica boca a boca so: a abertura correta das vias areas e o timo ajuste com a face da vtima.

    Durante a primeira insuflao, caso encontre dificuldades na elevao do trax, as primeiras medidas so refazer o movimento de abertura das vias areas e readequar a mscara face da vtima. Se ainda assim houver dificuldade, devemos considerar a existncia de obstruo das vias areas (ver Captulo 3).

    Ao final de 2 minutos de RCP, mantenha a via area aberta e observe rapidamente se a vtima segue irresponsiva e com ausncia de respirao ou respirao agnica. Em caso positivo, prossiga com novo ciclo de RCP por mais 2 minutos. Repita essas aes at a chegada da equipe de socorro especializado, ou at que a vtima comece a dar sinais de presena de responsividade e respirao (sem dificuldade).

    Durante a RCP com compresses e ventilaes, o DEA deve ser incorporado aos pro-cedimentos to logo esteja disponvel. O profissional da sade no deve se preocu-par em diferenciar a PCR presenciada da no presenciada.

    As compresses no devem ser retardadas ou interrompidas enquanto o DEA aber-to. Assim, excute RCP at que o DEA esteja em condio imediata de utilizao. To logo esteja disponvel, deixe o equipamento fazer a leitura e siga as instrues caso o choque seja sido indicado ou no. Lembre-se que, a cada 2 minutos de RCP, as ma-nobras devem ser interrompidas e o DEA deve analisar o ritmo cardaco.

  • 50

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Caso o choque tenha sido indicado, de extrema importncia que as compresses sejam retomadas logo em seguida. Esse procedimento aumenta a possibilidade do choque ter sucesso. Prossiga com as compresses e ventilaes por 2 minutos. Mes-mo considerando que, na RCP, a nfase deva ser dada a compresses torcicas e que os profissionais da sade precisam estar treinados para realizar compresses e ventilaes intercaladas, se por qualquer motivo o profissional no puder aplicar ventilaes, ele dever acionar recursos especializados e aplicar apenas compres-ses torcicas.

    Veja a seguir o passo-a-passo da RCP para profissionais.

  • 51

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Avalie responsividade

    de pulso central

    Verique a presena

    Acione servio de emergncia e solicite DEA

    Avalie rapidamente a presena de respirao

    Mantenha 30 compresses torcicas intercaladas com 2 ventilaes (30:2) por 2 minutos

    Vtimairresponsiva

    Vtimaresponsiva

    Respirao ausente, lenta ou agnica: suspeita de PCR

    Abra vias areas (manobra para clnicos ou trauma) e realize 2 ventilaes

    Nos agravos clnicos, utilize a manobra de inclinao da cabea-elevao do queixo.

    No trauma, utilize a manobra da mandbula.

    Aps 2 minutos, reavalie rapidamente a presena de responsividade, respirao e pulso.

    Se PCR, reinicie 30:2.

    fortemente recomendado, a cada 2 minutos, trocar/alternar

    os socorristas que realizam as compresses.

    Mantenha procedimentos de RCP at a chegada do socorro especializado

    Se DEA disponvel e PCR presenciada, use-o imediatamente.

    Se PCR no presenciada, aplique 1 a 3 min de RCP antes do uso

    do DEA. A cada 2 minutos de RCP, o DEA deve analisar o ritmo cardaco.

    Aps o choque, retome compresses imediatamente.

    Inicie 30 compresses torcicas fortes, rpidas e sem parar

    Pulso central ausentePulso presenteCaracteriza-se a

    parada respiratria. Execute 1 ventilao

    a cada 6 ou 8 segundos.

    PASSO-A-PASSO RCP PARA PROFISSIONAL DA SADE

    Respira sem

    Veja a p. 27 Vtima irresponsiva

  • 52

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    RCP em crianas e bebs

    A AHA pesquisa e divulga as recomendaes sobre RCP para diferentes faixas etrias, incluindo adultos, crianas (de 1 a 8 anos) e menores de 1 ano (bebs).

    Todo o processo de avaliao inicial, reconhecimento da PCR e de RCP muito seme-lhante para todas as faixas etrias. H, porm, algumas diferenas.

    Crianas de 1 a 8 anos:

    As compresses devem ser realizadas de forma a rebaixar o trax em at 5 cm.

    Exclusivamente para os profissionais da sade, h detalhamentos mais criteriosos:

    se atuarem auxiliados por um segundo socorrista, a relao compresso/ventila-o passa para 15 compresses e 2 ventilaes (15:2) devido alta dependncia de oxignio;

    alm do pulso carotdeo, h a opo de checagem do pulso femoral;

    para as crianas irresponsivas e com respirao agnica, adequado verificar a frequncia cardaca. Se > 60 bpm, necessrio iniciar ventilaes na velocida-de de 1 a cada 3 a 5 segundos, com reavaliao do pulso a cada 2 minutos. Se a frequncia cardaca for < 60 bpm e houver sinais de falncia cardiocirculatria, a PCR iminente. Deve ser aplicado RCP.

    Bebs (menores de 1 ano):

    Nas insuflaes para bebs e crianas pequenas, o boca a boca , na realidade, boca a boca/nariz, isto , com nossos lbios selamos, ao mesmo tempo, a boca e o nariz do beb (Figura 21).

    Para as compresses torcicas, devem ser utilizados dois dedos posicionados no centro do trax, 1 cm abaixo da linha dos mamilos (Figura 22).

    As compresses devem ser realizadas de forma a rebaixar o trax em at 4 cm.

    Exclusivamente para os profissionais da sade, h detalhamentos mais criteriosos:

    se o profissional atuar auxiliado por um segundo socorrista, a relao compres-so/ventilao passa para 15 compresses e 2 ventilaes (15:2) devido alta dependncia de oxignio;

    o pulso carotdeo deve ser substitudo pelo pulso braquial;

    para as crianas irresponsivas e com respirao agnica, adequado checar a frequncia cardaca. Se > 60 bpm, necessrio iniciar ventilaes na velocida-de de 1 a cada 3 a 5 segundos, com reavaliao do pulso a cada 2 minutos. Se a frequncia cardaca for < 60 bpm e houver sinais de falncia cardiocirculatria, a PCR iminente. Deve ser aplicado RCP.

  • 53

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Figura 21. Ventilaes em bebs. Figura 22. Compresses torcicas em bebs.

    RESUMO DA RCP PARA ADULTOS, CRIANAS E BEBS

    ADULTOCRIANA

    DE 1 A 8 ANOSBEB

    (MENOS DE 1 ANO)

    RECONHECIMENTO No responsivo (para todas as idades); Sem respirao ou com respirao agnica (com gasping);

    SEQUNCIA DA RCP Inicie 30 compresses; Abra vias areas; Realize ventilaes.

    COMPRESSES Fortes, rpidas e sem parar; Permita retorno total do trax entre as compresses; Alterne socorristas a cada 2 minutos; Minimize interrupes e limite a 10 segundos, no mximo.

    FREQUNCIA DAS COMPRESSES

    Mnimo de 100 compresses por minuto.

    PROFUNDIDADEDAS COMPRESSES

    No mnimo, 5 cm. Cerca de 5 cm. Cerca de 4 cm.

    LOCALIZAO DAS COMPRESSES

    No centro do trax, entre os mamilos. No centro do trax, 1 cm abaixo da linha dos mamilos.

    VIAS AREAS Inclinao da cabea-elevao do queixo; Manobra da mandbula no trauma (exclusiva para prossionais sa sade).

    RELAO COMPRESSO--VENTILAO

    30:2 (com qualquer nmero de socorristas).

    30:2 (socorrista leigo treinado); 15:2 (exclusivo para dois socorristas prossionais).

    DESFIBRILAO Posicione e use o DEA assim que estiver disponvel; Minimize as interrupes antes do uso; Reinicie compresses assim que o choque for efetivado.

    Adaptado de: American Heart Association, Guidelines CPR, 2010.

    Sem pulso plpavel em 10 segundos (somente para prossionais da sade).

    Adaptado de: American Heart Association, Guidelines CPR, 2010.

    sa

  • 54

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Dvidas comuns

    1. Quais so as complicaes mais comuns da RCP?

    A complicao mais comum a distenso gstrica, que acontece devido entrada de ar no estmago durante as ventilaes. Esta distenso pode levar a ocorrncia de vmito durante a RCP. Assim, posicione a vtima lateralizada esquerda para impedir que aspire o contedo expelido.

    Outras complicaes esperadas so: desarticulao das costelas com o osso esterno, fratura da clavcula, fraturas do esterno, apndice xifide e costelas, alm de lacera-es de rgos internos. Na ocorrncia desses agravos, no interrompa a RCP.

    2. Em quais situaes no se deve iniciar a RCP?

    No devemos iniciar as manobras de RCP nos casos em que a morte bvia, isto , quando no h dvidas de que a vtima esteja morta. So os casos de decapitao, segmentao de tronco, carbonizao, estado de putrefao e natimorto (criana que acaba de nascer) j em estado de putrefao.

    Em qualquer outra circunstncia, somente o mdico poder decidir sobre o tema.

    3. Quando interromper a RCP?

    Devemos interromper a RCP quando:

    a respirao e o batimento cardaco forem restabelecidos normalidade;

    um profissional da sade assumir as manobras de RCP;

    um mdico orientar a parar e constatar o bito;

    a situao no oferecer segurana para se continuar (incndio iminente, risco de exploso, aglomerao de pessoas com risco para a violncia, etc.);

    o socorrista ficar exausto e incapaz de continuar as manobras de RCP (nesse caso, uma alternativa interessante solicitar a um leigo que execute s compresses, sob a orientao de um socorrista treinado).

    4. Se a respirao for recuperada antes da chegada do socorro especializado, o que deve ser feito?

    Se a respirao e a circulao forem restabelecidas, fundamental manter vigilncia sobre a vtima nos momentos seguintes PCR:

    realize a avaliao inicial repetidamente;

    mantenha a vtima aquecida;

    procure manter um amigo ou familiar prximo;

    se no houver suspeita de trauma, coloque a vtima em posio de recuperao;

  • 55

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    aguarde o socorro especializado ou providencie o encaminhamento da vtima para uma unidade hospitalar (d preferncia ao transporte por unidade do servi-o de emergncia de sua cidade);

    se o socorro especializado j foi chamado durante a fase de deteco da PCR, te-lefone novamente para o servio solicitado informando da mudana do quadro. Isso poder agilizar o atendimento.

    5. Quais so os erros mais comuns durante a realizao da RCP?

    Os erros mais comuns que um socorrista pode cometer so:

    no abrir as vias areas de forma suficiente para afastar a lngua da passagem de ar;

    deixar escapar ar durante as ventilaes por qualquer um dos mtodos;

    dobrar os cotovelos durante a compresso torcica externa;

    no localizar o ponto correto de compresso;

    fazer compresses bruscas ou sem fora o suficiente para rebaixar o trax at o ponto desejado;

    manter ritmo incorreto (mais lento).

    Qual sua dvida?

  • 56

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    CAPTULO 3OBSTRUO DAS VIAS AREAS POR CORPO ESTRANHO

    Importncia e conceituao bsica

    Obstruo das vias areas por corpo estranho (OVACE) o termo tcnico para o que costumeiramente chamamos de engasgamento. Na maioria das vezes, a OVACE causada por alimentos, lquidos ou pequenos objetos, como prteses dentrias e tampinhas, que ficam presos nas vias areas e bloqueiam a passagem do ar. Este blo-queio extremamente grave, pois impede a vtima de respirar normalmente, poden-do levar morte por parada cardiorrespiratria em alguns minutos.

    O objetivo deste captulo apresentar as manobras que devem ser realizadas para reverter quadros de OVACE com a prestao de primeiros socorros para vtimas res-ponsivas e irresponsivas.

    OVACE em vtimas responsivas

    A vtima consciente pode ter uma obstruo leve ou grave.

    Obstruo leve

    Neste tipo de obstruo, a vtima (adulto, criana ou beb) ainda consegue respirar, tossir e falar (ou balbuciar), mas, mesmo assim, precisa de acompanhamento, uma vez que o quadro pode se agravar repen-tinamente.

    OBSTRUO LEVE (vtima consegue tossir e falar)

    Procedimentos de primeiros socorros:

    mantenha-se prximo vtima;

    tente acalm-la;

    incentive a inspirao pelo nariz e a tosse.

  • 57

    Primeiros Socorros

    Senac So Paulo

    Obstruo grave

    Nesta situao, a vtima apresenta um ou mais sinais:

    muita ansiedade;

    tosse muito fraca ou silenciosa (sem ar);

    chiado alto durante a inspirao;

    extrema dificuldade para respirar, tossir e falar;

    cianose labial (arroxeamento);

    sinal universal de asfixia (Figura 1);

    parada respiratria.

    OBSTRUO GRAVE

    Procedimentos de primeiros socorros:

    mantenha-se prximo vtima;

    tente acalm-la;

    realize a manobra de desengasgamento de Heimlich.

    Manobra de desengasgamento para vtimas responsivas

    Esta manobra, chamada de manobra de Heimlich, recomendada para adultos e crianas acima de 1 ano. A vtima pode estar sentada ou em p (mais favorvel).

    MANOBRA DE DESENGASGAMENTO DE HEIMLICH

    Para vtimas responsivas acima de 1 ano de idade

    Posicione-se atrs da vtima.

    Mantenha as pernas levemente afastadas para ampliar sua base de apoio, evitando a perda do equilbrio.

    Passe os braos por baixo das axilas da vtima ao lon-go da cintura.

    Feche uma das mos e encoste-a no centro do abdo-me da vtima, acima do umbigo.

    Posicione a outra mo sobre a primeira, junto ao abdome.

    Golpeie o abdome com movimentos de compresso para dentro e para cima (em direo cabea), at a sada do objeto ou at a vtima conseguir tossir efe-tivamente.

    Obs.: Para a vtima obesa ou em gravidez adiantada, no golpeie o ab-dome. Execute compresses torcicas semelhantes a RCP (mo fecha-da na altura entre