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Primeiro Reinado do Brasil Com a Independência em 1822, o Brasil não era mais colônia de Portugal. Iniciava-se então uma nova fase da história brasileira, denominada Brasil Império. O Primeiro Reinado (1822-1831) se constituiu como marco inicial dessa nova fase. D. Pedro I foi aclamado Imperador do Brasil no ano da Independência e permaneceu como maior chefe do país até 1831, ano de sua abdicação. A história do Primeiro Reinado foi marcada por fatos importantes para a política brasileira, como a Assembleia Constituinte (1823), a Constituição de 1824, a Confederação do Equador (1824), a Guerra da Cisplatina, em 1825, e a abdicação de D. Pedro I (1831). A proclamação da Independência, de François-René Moreaux, 1844 No ano de 1822, D. Pedro I já havia convocado a Assembleia Constituinte, mas esta somente se reuniu em 1823. O principal objetivo da convocação seria a elaboração de uma Constituição para o Brasil, ou seja, a criação de um conjunto de leis que asseguraria os direitos do governo e da população brasileira. Somente membros da elite (latifundiários, comerciantes, militares...) participaram da elaboração da Constituição de 1824. Essa constituição, ou seja, a primeira Constituição do Brasil, tinha um caráter elitista e excludente: deu total poder a D. Pedro I, enquanto o direito de votar e de se candidatar ficaria restrito a quem tivesse uma renda mínima por ano. Inconformados com o caráter elitista da Constituição de 1824 e com o uso de um poder centralizador por parte de D. Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste (mais precisamente em Pernambuco, onde eclodiu a Confederação do Equador, movimento contra a tirania do imperador) defendiam a federação de algumas províncias do nordeste e a separação destas do Brasil. O movimento foi sufocado com extrema violência pela tropa imperial. Durante o Primeiro Reinado, outro fato importantíssimo na história do Brasil foi a Guerra da Cisplatina (1825). O conflito teve início quando um grupo de dirigentes da província

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Page 1: Primeiro Reinado do Brasil - pjf.mg.gov.br · A história do Primeiro Reinado foi marcada por fatos importantes para a política brasileira, como a Assembleia Constituinte (1823),

Primeiro Reinado do Brasil

Com a Independência em 1822, o Brasil não era mais colônia de Portugal. Iniciava-se

então uma nova fase da história brasileira, denominada Brasil Império. O Primeiro

Reinado (1822-1831) se constituiu como marco inicial dessa nova fase. D. Pedro I foi

aclamado Imperador do Brasil no ano da Independência e permaneceu como maior chefe

do país até 1831, ano de sua abdicação.

A história do Primeiro Reinado foi marcada por fatos importantes para a política

brasileira, como a Assembleia Constituinte (1823), a Constituição de 1824, a

Confederação do Equador (1824), a Guerra da Cisplatina, em 1825, e a abdicação de D.

Pedro I (1831).

A proclamação da Independência, de François-René Moreaux, 1844

No ano de 1822, D. Pedro I já havia convocado a Assembleia Constituinte, mas esta

somente se reuniu em 1823. O principal objetivo da convocação seria a elaboração de

uma Constituição para o Brasil, ou seja, a criação de um conjunto de leis que asseguraria

os direitos do governo e da população brasileira. Somente membros da elite

(latifundiários, comerciantes, militares...) participaram da elaboração da Constituição de

1824.

Essa constituição, ou seja, a primeira Constituição do Brasil, tinha um caráter elitista e

excludente: deu total poder a D. Pedro I, enquanto o direito de votar e de se candidatar

ficaria restrito a quem tivesse uma renda mínima por ano. Inconformados com o caráter

elitista da Constituição de 1824 e com o uso de um poder centralizador por parte de D.

Pedro I, representantes de algumas províncias do nordeste (mais precisamente em

Pernambuco, onde eclodiu a Confederação do Equador, movimento contra a tirania do

imperador) defendiam a federação de algumas províncias do nordeste e a separação destas

do Brasil. O movimento foi sufocado com extrema violência pela tropa imperial.

Durante o Primeiro Reinado, outro fato importantíssimo na história do Brasil foi a Guerra

da Cisplatina (1825). O conflito teve início quando um grupo de dirigentes da província

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Cisplatina declarou a separação do Brasil e a sua incorporação à República Argentina. D.

Pedro declarou guerra à Argentina e o exército brasileiro foi derrotado causando grandes

prejuízos pelos enormes gastos e grande número de soldados mortos. A Inglaterra

interveio no conflito, pressionando o Brasil e a Argentina a assinar um acordo de paz.

Assim, a província Cisplatina declarou sua independência desses dois países, tornando-

se a República do Uruguai.

No decorrer do Primeiro Reinado, D. Pedro começou a desagradar a elite brasileira, pois

criou uma Constituição que iria atender a seus interesses autoritários. Além disso, a

Confederação do Equador e a Guerra da Cisplatina causaram grandes gastos para a

economia brasileira e muitas mortes. Muitos jornalistas, através de seus jornais, teciam

duras críticas ao imperador. Outro fato que manchou ainda mais a imagem do imperador

foi o assassinato do jornalista e médico Líbero Badaró, grande opositor de D. Pedro.

Libero Badaró

A abdicação de D. Pedro aconteceu no ano de

1831, tanto pela pressão política que o

imperador sofria da elite e populares

brasileiros, quanto pela tentativa de assegurar

os direitos de sua filha, Maria da Glória, pois,

com a morte de D. João VI, a Coroa

portuguesa iria, por direito, a D. Pedro I, que

preferiu abdicar o trono português em

benefício da filha e deixou o trono brasileiro

para seu filho Pedro de Alcântara, que se

encontrava então com cinco (5) anos de idade.

Assim terminava o Primeiro Reinado.

Período Regencial brasileiro

O chamado Período Regencial no Brasil estendeu-se do ano de 1831 ao ano de 1840,

quando houve o Golpe da Maioridade, que levou o ainda adolescente D. Pedro II ao poder.

Esse período foi caracterizado por acirradas disputas políticas e conflitos armados

(conhecidos como Revoltas Regenciais). A partir de 1831, o Brasil viu-se sem o

imperador, pois D. Pedro I abdicara do trono em favor de seu filho. O rei tinha assuntos

políticos a resolver em Portugal com seu irmão, D. Miguel, a respeito da herança do trono

português. Com a vacuidade do trono brasileiro, alguns políticos destacados

encarregaram-se de reger a instituição imperial com o objetivo de sustentar a unidade da

nação recém-independente até que D. Pedro II pudesse assumir. O Período da Regência

foi dividido em três partes principais:

1) Regências Trinas (1831-1835)

Primeiro governo que sucedeu a queda do imperador Dom Pedro I, o período regencial

iniciou-se com a formação de dois governos trinos. O primeiro deles ficou conhecido

como Regência Trina Provisória, onde o calor das transformações políticas deu margem

para a formação improvisada de um novo governo.

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Os moderados logo assumiram o poder com o intuito de frear as agitações políticas da

época. Inicialmente, o governo de Nicolau Pereira de Campos Vergueiro, José Joaquim

Carneiro de Campos e Francisco de Lima e Silva reintegraram o chamado “ministério dos

brasileiros” e anistiou os presos políticos. A Câmara dos Deputados tiveram seus poderes

ampliados, tendo o direito de interferir nas ações do governo regencial.

Atuando por breves dois meses, a Regência Trina Provisória deu condições para que um

novo governo fosse escolhido. Em 17 de junho de 1831, a assembléia promoveu um

processo de escolha da chamada Regência Trina Permanente, que governou entre os anos

de 1831 e 1835.

Regência Trina Permanente (1831 – 1835)

Nesse novo governo – agora formado por Francisco Lima e Silva, João Bráulio Muniz e

José da Costa Carvalho – organizou-se um gabinete ministerial conservador. Essa medida

visava conter os movimentos populares que pressionaram o governo de Dom Pedro I. O

Ministério da Justiça foi delegado ao padre Diogo Antônio Feijó, que se incumbiu da

tarefa de retaliar quaisquer revoltas que ameaçassem a ordem nacional ou não

reconhecessem os poderes da nova administração.

Para tal Feijó instituiu-se a Guarda Nacional, uma espécie de milícia que seria controlada

por representantes das elites locais. Muitos dos chefes de tais milícias eram fazendeiros

que compravam junto ao governo o título de coronel. È nesse momento em que

observamos a ascensão dos poderes

políticos regionais dos

latifundiários brasileiros. Essa

concessão de poder, ao mesmo

tempo em que fazia dos coronéis

representantes do Estado, também

se transformava em instrumento

para que as elites locais

assegurassem seus interesses

particulares.

Logo no primeiro ano, observaram-se revoltas incitadas por militares. O 26º Batalhão de

Infantaria e o Batalhão de Polícia, ambos localizados no Rio de Janeiro, foram palco de

revoltas contra a ação regencial. Dois meses depois, em julho de 1831, um motim ocorreu

no Teatro Municipal Fluminense. Em 7 de outubro de 1832, o Batalhão de Artilharia da

Ilha das Cobras também organizou uma agitação anti-regencial. Enxergando o Exército

como um reduto de manifestações antigoverninstas, Feijó resolveu tomar novas medidas.

Abdicação de D. Pedro I

Entre outras ações, a regência determinou a renovação dos quadros militares. A partir de

então, os novos integrantes das forças armadas deveriam dar provas de que eram fiéis ao

conservadorismo político e à centralização dos poderes. O efetivo de homens foi

diminuído com a dispensa do serviço e ofereceram maiores facilidades àqueles oficiais

que desejassem sair do Exército.

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Gradativamente, Feijó buscou ampliar seu raio de atuação política. Dessa maneira, ele

buscou criar condições pelas quais ele tramaria um golpe político e assim tornar-se-ia

único regente. Não tendo condições para assegurar tal manobra, Feijó e o governo trino

foram obrigados a conceder algumas exigências liberais. Em 1834, o Ato Adicional

promoveu algumas reformas que visavam atender algumas exigências liberais.

Segundo seu texto, a províncias agora poderiam criar suas próprias Assembléias

Legislativas, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se uma região politicamente autônoma, o

poder Moderador foi extinto e o próximo governo regencial deveria ser comandado por

um único regente. Nesse conjunto de ações as regências trinas tiveram fim e deram

abertura para o governo regencial de Diogo Antônio Feijó.

2) Regência una de Feijó (1835-1838)

Atendendo as medidas previstas no Ato Adicional de 1834, foram feitas eleições para que

um novo governo chegasse ao poder. Superando a concorrência liberal, Diogo Antônio

Feijó tornou-se regente com um total de 2.826 votos. O baixo número de eleitores refletia

a exclusão política e a falta de representatividade das instituições políticas da época.

Mesmo tendo alcançado a maioria dos votos, o governo de Feijó foi obrigado a resistir a

diversas manifestações oposicionistas. Até mesmo os liberais moderados, aliados naturais

de Feijó, acusavam o governo de tolerante e indeciso. Além disso, os problemas de saúde

de Feijó colocavam em xeque a estabilidade governamental. Nesse mesmo período, o

interesse em se desenvolver uma estrutura fundiária cafeeira, intensificou a participação

das elites nos quadros políticos.

As tendências políticas daquela época agora se agrupavam entre progressistas, de

tendência liberal, e os regressistas, partido de orientação conservadora formado pelos

grandes donos de terra, comerciantes e funcionários públicos. No governo de Feijó, o

dilema da representação política e da centralização de poderes abriu espaço para a

deflagração de diferentes revoltas.

No ano de 1835, a ocorrência da Cabanagem no Pará e da Farroupilha no Rio Grande do

Sul expressou a tensão entre os diferentes interesses políticos da época, Ao invés de dar

abertura às tendências liberais, as conturbações do período fortaleceram as alas

conservadoras que exigiam a estabilidade sócio-política necessária para satisfazer o

interesse das elites agrárias do país.

Fisicamente incapacitado e desprovido de consistente apoio político, Feijó decidiu

renunciar ao cargo de regente, em 1837. Antes de abandonar o cargo, ele nomeou o

senador pernambucano Pedro de Araújo Lima como titular na pasta do Império. Ao tomar

essa atitude, Feijó colocou Araújo Lima como substituto direto ao cargo de regente.

3) Regência una de Araújo Lima (1838-1840)

Após a abdicação do regente Feijó, uma nova eleição foi realizada em abril de 1838. Entre

os principais concorrentes ao cargo de regente estavam o liberal Antônio Francisco de

Paula Holanda Cavalcanti e o fazendeiro pernambucano Araújo Lima. Em um período

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em que as primeiras revoltas contra o governo explodiam a vitória do conservador Araújo

Lima consolidou-se sem maiores problemas.

Compondo um gabinete de formação estritamente conservadora, a regência de Araújo

Lima representou o retrocesso das conquistas liberais alcançado com a aprovação do Ato

Adicional de 1834. Em seu governo, as primeiras revoltas eram consideradas uma

conseqüência das liberdades oferecidas pelo Ato Adicional. Dessa forma, foi

homologado, em maio de 1840, a chamada Lei Interpretativa do Ato Adicional, que

revisou alguns pontos da reforma de 1834.

Com a reforma, as províncias perderam parte de suas atribuições político-administrativas.

De acordo com a nova lei, o governo central teria o direito de nomear funcionários

públicos e funcionários de polícia e justiça. Em meio às revoltas e grandes derrotas

políticas, os liberais se uniram em torno do projeto de antecipação do coroamento de Dom

Pedro II.

Reunidos no chamado Clube da Maioridade, os representantes liberais argumentavam que

a chegada de Dom Pedro II ao trono ofereceria condições para que os problemas políticos

e as revoltas fossem finalmente contornados. Na medida em que os conservadores não

tinham habilidade para resolver os problemas vigentes, a campanha em prol da

antecipação do Segundo Reinado ganhava cada vez mais força.

Em julho de 1840, não mais resistindo às pressões liberais, o governo regencial chegou

ao seu fim com a coroação do jovem Dom Pedro II. Tal episódio ficou conhecido como

o Golpe da Maioridade. Mesmo o golpe representando um avanço das alas liberais, o

início do Segundo Reinado não configurou uma reforma estrutural das práticas políticas

da época.

Vinculados à elite latifundiária, tanto liberais quanto conservadores, se uniram em torno

de um mesmo projeto político no Segundo Reinado. Dessa forma, o fim da regência em

nada remodelou os privilégios e direitos garantidos aos antigos grupos sociais que

controlavam o país.

Segundo Reinado do Brasil

Coroação de D. Pedro II

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O Segundo Reinado iniciou-se com a declaração de maioridade de Dom Pedro II,

realizada no dia 23 de julho de 1840. Na época, o jovem imperador tinha apenas quatorze

anos de idade e só conseguiu ocupar o posto máximo do poder executivo nacional graças

a um bem arquitetado golpe promovido pelos grupos políticos liberais. Até então, os

conservadores (favoráveis à centralização política) dominaram o cenário político

nacional.

Antes do novo regime monárquico, o período regencial foi caracterizado por uma política

conservadora e autoritária que fomentou diversas revoltas no Brasil. As disputas políticas

do período e o desfavor promovido em torno do autoritarismo vigente permitiram que a

manobra em favor de Dom Pedro de Alcântara tivesse sustentabilidade política. Nos

quarenta e nove anos subsequentes o Brasil esteve na mão de seu último e mais longevo

monarca.

Para contornar as rixas políticas, Dom Pedro II contou com a criação de dispositivos

capazes de agraciar os dois grupos políticos da época. Liberais e conservadores, tendo

origem em uma mesma classe socioeconômica, barganharam a partilha de um poder

repleto de mecanismos onde a figura do imperador aparecia como um “intermediário

imparcial” às disputas políticas. Ao mesmo tempo em que se distribuíam ministérios, o

rei era blindado pelos amplos direitos do irrevogável Poder Moderador.

A situação contraditória, talvez de maneira inesperada, configurou um período de relativa

estabilidade. Depois da Revolução Praieira, em 1847, nenhuma outra rebelião interna se

impôs contra a autoridade monárquica. Por quê? Alguns historiadores justificam tal

condição no bom desempenho de uma economia impulsionada pela ascensão das

plantações de café. No entanto, esse bom desempenho conviveu com situações delicadas

provindas de uma economia internacional em plena mudança.

O tráfico negreiro era sistematicamente combatido pelas grandes potências, tais como a

Inglaterra, que buscava ampliar seus mercados consumidores por aqui. A partir da

segunda metade do século XIX, movimentos abolicionistas e republicanos ensaiavam

discursos e textos favoráveis a uma economia mais dinâmica e um regime político

moderno e inspirado pela onda republicana liberal.

Após o fim da desgastante e polêmica Guerra do Paraguai (1864 – 1870), foi possível

observar as primeiras medidas que indicaram o fim do regime monárquico. O anseio por

mudanças parecia vir em passos tímidos ainda controlados por uma elite desconfiada com

transformações que pudessem ameaçar os seus antigos privilégios. A estranha mistura

entre o moderno e o conservador ditou o início de uma república nascida de uma

quartelada desprovida de qualquer apoio popular.

Sociedade Escravagista e 130 anos de Abolição – PISM II

Escravista - aquele que faz, que torna os outros Escravos. Escravagista – Pessoa que faz

parte do sistema que escraviza.

Por que estudar a África? Por que estudar a Escravidão? Por que estudar a história

do povo Negro? - A maioria das pessoas que chegaram aqui são africanos. É esse o dado

que os professores têm que dar em reunião de pais e mestres, esse o dado que alunos

devem usar para que seus professores deem a disciplina histórica, quando perguntam por

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que perder tempo com história da África. Ora, porque a África é mais importante para a

formação do povo brasileiro do que a Ásia e boa parte da Europa e das Américas.

“Em 13 de maio de 1888, há 130 anos, o Senado do Império do Brasil aprovava uma das

leis mais importantes da história brasileira, a Lei Áurea, que extinguiu a escravidão.” Diz

uma matéria publicada no portal da BBC Brasil, com uma entrevista com o historiador

Luiz Felipe de Alencastro.

A escravidão no Brasil surgiu a partir do início do século XVI, sendo a maneira

estabelecida enquanto força de produção no país, desde o período colonial até o final do

Império. Ela permaneceu cerca de 400 anos no país. Cerca de 4,9 milhões de africanos

vieram para o Brasil. O processo foi tão grande que 75% da população em certas regiões

era formada por escravos. Destaque nesse quesito para Juiz de Fora, que possuiu em

vários momentos históricos uma população escrava maior que a liberta. Esses dados

influenciam nos dados atuais da cidade que pontua 0,41 no coeficiente de Gini, que mede

a desigualdade social, sendo que 1,00 é o pior número e 0,00 é o melhor.

Entretanto, nas pesquisas do IBGE de auto declaração, a população juiz-forana era

composta por 273 787 brancos (64,91%); 92 179 pardos (21,86%); 51 808 pretos

(12,28%); 1 198 indígenas (0,28%); 695 amarelos (0,16%); além dos 2 103 sem

declaração (0,50%).

O Brasil foi o país que mais importou africanos - 46% de todos que foram trazidos

coercitivamente para as Américas. Isso mostra porque que também foi o último a abolir

esse sistema. Muita gente tinha escravos. Nas cidades havia gente remediada que tinha

um ou dois escravos. Os estudos mostram que a propriedade escrava no Brasil era muito

mais difundida que na Jamaica ou no Sul dos Estados Unidos. Assim, muita gente, e não

só os fazendeiros, achava que o país ia se arruinar se parasse de trazer africanos. Quase

tudo dependia do trabalho escravo e da chegada dos africanos.

Se você somar a proporção de escravos do Rio com a de Niterói, você tem uma

concentração urbana de escravos que não existiu em nenhum outro lugar no mundo, só

no Império Romano. No Brasil, a escravidão também tinha essa característica urbana, em

uma escala que não ocorreu nas Américas. A escravidão marcava as cidades. Em 1849, o

Rio tinha 260 mil habitantes, 110 mil dos quais eram escravos. Isso dá 42% da população.

Escravidão Feita Pelos Africanos - Os africanos desenvolviam comércio de escravos

localizado, limitado aos circuitos regionais das zonas econômicas africanas. A articulação

desse comércio interno ao comércio Atlântico - que era um dos setores mais dinâmicos

da economia mundial, com companhias formadas, com acionistas investindo pesado -

criou uma demanda de escravos que exacerbou o tráfico interno africano. Também houve

a importação de armas europeias, dando maior impacto aos conflitos internos, que eram

os mecanismos de criação mercantil de escravos. O comércio atlântico negreiro era um

comércio totalmente europeu e brasileiro. Nunca houve um navio africano vendendo

escravo nos portos das Américas.

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Tráfico de escravos pelo Atlântico

Sobreviver foi uma tarefa difícil. As mortes eram constantes e a taxa de natalidade muito

baixa, por conta disso e pela pouca importância dada à reprodução, houve necessidade

constante de importar mão-de-obra, sustentando o tráfico atlântico. Este figurou como

atividade lucrativa para um grupo bastante influente de traficantes.

Escravos em navio na Costa Oeste da África

É com a chegada dos portugueses na costa atlântica ao sul do Saara, no século XV que as

formas de comércio se modificam e o uso da violência passou a ser comum. Cerca de 4,9

milhões de africanos vieram para o Brasil. As plantations e os monopólios eram a base

da agricultura escravista e garantiram a escravidão como um negócio lucrativo.

O processo de escravização começava no continente africano. O primeiro movimento era

o apresamento pelos traficantes, seguido de uma longa viagem pelo interior da África até

a chegada na costa atlântica. Esta viagem obrigava os cativos a percorrerem um longo

caminho até a chegada nos portos. Muitos deles não resistiam às doenças ou mesmo ao

esforço físico. Os que chegavam aos portos chegavam a esperar um longo tempo até que

os navios negreiros tivessem “carga” suficientemente lucrativa para fazer a travessia do

atlântico.

A travessia nos navios negreiros era marcada pela violência e pelas condições insalubres.

Antes de embarcar os homens e mulheres cativos eram marcados com ferro – ou nas

costas ou no peito – como forma de identificação do traficante a quem pertenciam. Um

único navio carregava cativos de diversos traficantes e locais de origem. E assim os

senhores os preferiam: trabalhadores de etnias e culturas diferentes pois dificultava a

comunicação e prevenia a formação de rebeliões e motins.

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Entre os séculos XVI e XVIII as caravelas portuguesas tinham capacidade de transportar

aproximadamente 500 cativos por viagem. Já os navios a vapor faziam o transporte de

aproximadamente 350 escravos, já no século XIX, quando, aos poucos, a escravidão foi

sendo abolida em diversas nações do mundo, num processo iniciado pela Inglaterra.

A viagem nos navios tinha como dieta básica o azeite e o milho e, por conta desta

alimentação pobre em vitaminas, especialmente a vitamina C, muitos escravizados

chegavam com escorbuto, doença bastante comum neste contexto. O fim da travessia se

dava com a chegada aos portos brasileiros como os de Recife, Salvador, Rio de Janeiro,

Fortaleza, São Luís e Belém. Os principais portos à época eram os de Salvador e Recife,

mas, após a descoberta do ouro na região das Minas Gerais o porto do Rio de Janeiro

ganha destaque e passa a receber um número cada vez maior de cativos.

Chegada ao Brasil A chegada era marcada, inicialmente, pela burocracia. Classificados

por sexo e idade posteriormente eram enviados para o local onde se faziam os leilões de

escravos, que poderia ser já na alfândega ou nos armazéns próximos à região portuária.

Como chegavam bastante debilitados: doenças, feridas na pele, com vermes e escorbuto

e com pouco peso era preciso valorizar a “mercadoria” e para venda os cativos eram

limpos, tinham os cabelos e barbas cortados, e passavam óleo na sua pele. Neste momento

recebiam uma alimentação mais cuidadosa para melhorar o aspecto. Já para esconder a

aparência depressiva – chamada de banzo - causada pela exploração e imigração forçada

os cativos recebiam produtos estimulantes como tabaco.

Cais do Valongo – Dias Atuais. Local de grande chegada de Escravos no Rio de Janeiro

Além da venda in loco os homens e mulheres escravizados eram anunciados nos jornais.

Ao buscar os periódicos do período este tipo de anúncio é facilmente encontrado. Postos

à venda a partir do seu sexo, idade e etnia a preferência se dava por homens adultos – os

mais caros. A venda envolvia garantias: caso o cativo apresentasse alguma doença ou

debilidade física nos quinze dias sequentes à venda podia ser devolvido.

Locais de aplicação da mão de obra escrava Aqui os escravizados foram destinados ao

trabalho nos latifúndios de cana de açúcar, nas minas de ouro e diamantes, nas fazendas

de café ou mesmo no trabalho doméstico ao longo dos séculos XVI, XVII, XVIII e XIX.

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O comércio de homens e mulheres africanos ocasionou na morte e no sofrimento de

milhões de pessoas.

Havia distinção entre os cativos domésticos e os do campo. Os destinados às casas-

grandes viviam uma vida mais próxima dos senhores, e conheciam a fundo seu cotidiano.

Por isso mesmo houve uma delimitação bastante evidente nas casas entre as áreas sociais

e de serviço, presentes até hoje nos elevadores de edifícios separados entre social e de

serviço, que servem para demarcar os lugares sociais de patrões e empregados. Já os

escravizados destinados ao trabalho no campo levavam uma vida mais sacrificada embora

ambas as formas de trabalho fossem forçadas e de exploração.

A escravidão foi um processo de extrema violência. A monocultura necessitava um

grande número de trabalhadores que eram submetidos a uma rotina de trabalho difícil,

pesada, sem lucros para os cativos, força de trabalho da produção latifundiária. O trabalho

era intenso e o próprio cotidiano nos engenhos, nas fazendas ou nas minas, já representava

uma violência impactante.

Os escravizados eram assombrados pela presença dos castigos físicos e das punições

públicas. Várias foram as formas de humilhação. O tronco, o açoite, as humilhações, o

uso de ganchos no pescoço ou as correntes presas ao chão representavam a violência a

que eram submetidos os cativos. A escravidão é um sistema que só funciona com a

presença da violência.

Ainda assim é preciso destacar o papel importante das revoltas e das rebeliões, formas de

resistência à exploração imposta, como a experiência dos quilombos – como o de

Palmares - e as diversas táticas praticadas para fugir da violência injusta. Homens e

mulheres cativos não foram passivos ao sistema a que foram submetidos reagindo das

mais variadas formas.

Brasil - Transição do Império à República

Para compreendermos como se deu a transição do período Imperial paro o Republicano,

temos que analisar o que significa república. Etimologicamente falando, esta quer dizer

“coisa pública”, desencadeando em um governo que tenha a participação do coletivo. Ela

também possui uma conotação que contesta o poder de uma só pessoa, o qual não é

legitimado pelo povo, tecendo assim uma crítica à monarquia. O respeito às leis e a

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devoção do indivíduo à coletividade corresponde às principais bases dessa nova forma

governo. As pessoas não estariam mais subordinadas ao arbítrio do monarca, mas sim a

um corpo de leis, materializado na constituição. Essa nova forma de governo vem na

maioria das vezes acompanhada do federalismo. Essa ideia não surgiu repentinamente,

ela já estava presente no período Imperial.

A Proclamação da República Brasileira aconteceu no dia 15 de novembro de 1889.

Resultado de um levante político-militar que deu inicio à República Federativa

Presidencialista. Fica marcada a figura de Marechal Deodoro da Fonseca como

responsável pela efetiva proclamação e como primeiro Presidente da República brasileira

em um governo provisório (1889-1891).

Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do Paraguai (1864-1870), comandando

um dos Batalhões de Brigada Expedicionária. Sempre contrário ao movimento

republicano e defensor da Monarquia como deixa claro em cartas trocadas com seu

sobrinho Clodoaldo da Fonseca em 1888 afirmando que apesar de todos os seus

problemas a Monarquia continuava sendo o “único sustentáculo” do país, e a república

sendo proclamada constituiria uma “verdadeira desgraça” por não estarem, os brasileiros,

preparados para ela.

A crise no Império

O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete Ouro Preto”, sob a chefia do

Senador pelo Partido Liberal Visconde do Ouro Preto, assim que assume em junho de

1889 propõe um programa de governo com reformas profundas no centralismo do

governo imperial. Pretendia dar feição mais representativa aos moldes de uma monarquia

constitucional, contemplando aos republicanos com o fim da vitaliciedade do senado e

adoção da liberdade de culto. Ouro Preto é acusado pela Câmara de estar dando inicio à

República e se defende garantindo que seu programa inutilizaria a proposta da República.

Recebe críticas de seus companheiros do Partido Liberal por não discutir o problema do

Federalismo.

Os problemas no Império estavam em várias instâncias que davam base ao trono de Dom

Pedro II:

A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Católica frente ao Padroado exercido por

D. Pedro II que interferia em demasia nas decisões eclesiásticas.

O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo escalão do Exército Brasileiro pela

determinação de D. Pedro II que os impedia de manifestar publicamente nos periódicos

suas críticas à monarquia.

Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende entre os grandes fazendeiros um

clamor pela República, conhecidos como Republicanos de 14 de maio, insatisfeitos pela

decisão monárquica do fim da escravidão se voltam contra o regime. Os fazendeiros

paulistas que já importavam mão de obra imigrante, também estão contrários à

monarquia, pois buscam maior participação política e poder de decisão nas questões

nacionais.

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A classe média urbana: As classes urbanas em ascensão buscam maior participação

política e encontram no sistema imperial um empecilho para alcançar maior liberdade de

econômica e poder de decisão nas questões políticas.

A Proclamação da República

A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos militares que se veriam a partir

de então como os defensores da Pátria brasileira. A República foi proclamada por um

monarquista. Deodoro da Fonseca assim como parte dos militares que participaram da

movimentação pelas ruas do Rio de Janeiro no dia 15 de Novembro pretendiam derrubar

apenas o gabinete do Visconde de Ouro Preto. No entanto, levado ao ato da proclamação,

mesmo doente, Deodoro age por acreditar que haveria represália do governo monárquico

com sua prisão e de Benjamin Constant, devido à insurgência dos militares.

“O povo assistiu bestializado a Proclamação da República” – segundo Aristides Lobo.

A República não favorecia em nada aos mais pobres e também não contou com a

participação desses na ação efetiva. O Império, principalmente após a abolição da

escravidão tem entre essas camadas uma simpatia e mesmo uma gratidão pela libertação.

Há então um empenho das classes ativamente participativas da República recém-fundada

para apagar os vestígios da monarquia no Brasil, construir heróis republicanos e símbolos

que garantissem que a sociedade brasileira se identificasse com o novo modelo

Republicano Federalista.

A Maçonaria e o Positivismo

O Governo Republicano Provisório foi ocupado por Marechal Deodoro da Fonseca como

Presidente, Marechal Floriano Peixoto como vice-presidente e como ministros: Benjamin

Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Campos Sales, Aristides Lobo, Demétrio

Ribeiro e o Almirante Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na nata gestora da

República eram membros regulares da Maçonaria Brasileira. A Maçonaria e os maçons

permanecem presentes entre as lideranças brasileiras desde a Independência, aliados aos

ideais da filosofia Positivista, unem-se na formação do Estado Republicano,

principalmente no que tange o Direito.

A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente principalmente na construção

dos símbolos da República. Desde a produção da Bandeira Republicana com sua frase

que transborda a essência da filosofia Comteana “Ordem e Progresso”, ou no uso dos

símbolos como um aparato religioso à religião republicana. Positivistas Ortodoxos como

Miguel Lemos e Teixeira Mendes foram os principais ativistas, usando das alegorias

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femininas e o mito do herói para fortalecer entre toda a população a crença e o amor pela

República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam tão plenamente em sua missão

política de fortalecimento da República que apesar de ridicularizados por seus opositores

não esmorecem e seguem fortalecendo o imaginário republicano com seus símbolos,

mitos e alegorias.

A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas formas de controle social, nem

mesmo há mudanças na pirâmide econômica, onde se agrupam na base o motor da

economia, e onde estão presentes os extratos mais pobres da sociedade, constituída

principalmente por ex-escravizados e seus descendentes. Já nas camadas mais altas dessa

pirâmide econômica organizam-se oligarquias locais que assumem o poder da máquina

pública gerenciando os projetos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao

qual pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo grandes mudanças com a Proclamação

da República, o que há de imediato é a abertura da política aos homens enriquecidos,

principalmente pela agricultura. Enquanto o poder da máquina pública no Império estava

concentrado na figura do Imperador, que administrava de maneira centralizadora as

decisões políticas, na República abre-se espaço de decisão para a classe enriquecida que

carecia desse poder de decisão política.

O Século XIX na Europa

Primavera dos Povos é o nome que se dá a uma série de movimentos revolucionários de

cunho liberal que ocorreram por toda a Europa durante o ano de 1848. Com a Revolução

Francesa de 1789, os ideais libertários espalharam-se por toda a Europa, assustando as

monarquias absolutistas europeias. Nesse cenário é que se institui o Congresso de Viena,

em 1815, que buscava uma restauração da antiga ordem vigente (pré-1789). Monarquias

que haviam sido abolidas foram restauradas, e políticas repressoras voltaram a ser

aplicadas à população.

Podemos encontrar

na França, no ano de

1830 as sementes

dos movimentos

revolucionários de

1848. Com a subida

do rei Luís Filipe da

França, denominado

"rei burguês", havia

esperança entre a

classe burguesa que

seus interesses

seriam devidamente

representados,

sendo o próprio

monarca oriundo

daquela classe.

A Liberdade guiando o Povo de Eugène Delacroix - A mulher como Símbolo da Republica

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O arranjo proporcionado pelo governo de Luís Filipe era comum em todo continente,

onde governos autocráticos, que não abriam espaço para as classes subalternas

dominavam o cenário político-social. Além disso, uma colheita sofrível no campo, entre

os anos de 1845 e 1846 e uma consequente crise econômica, tanto no setor agrícola quanto

industrial, preparou o terreno para que, durante o ano de 1848, revoluções de cunho liberal

se espalhassem por toda Europa, sendo o primeiro foco na Sicília, e depois para a Hungria,

França, Alemanha e Áustria.

A ideologia predominante, e que de certo modo unia todos os movimentos era a de um

socialismo utópico (tanto que naquele mesmo ano temos a concepção do famoso

"Manifesto Comunista" de Karl Marx e Friedrich Engels). Até mesmo em terras

brasileiras os ecos das perturbações que assolavam a Europa se fazem sentir, com a

Revolução Praieira, ocorrida na província de Pernambuco, em 1848.

Nos diversos países europeus, a Primavera dos Povos desenvolveu-se da seguinte

maneira:

Itália

Na Itália havia o projeto central de unificação do país, que ocorreria somente em 1861 e

que eclipsou tais preocupações sócio-econômicas. A ordem acabou por ser reestabelecida

pelas diversas potências que dominavam as diversas regiões do território italiano à epoca,

nomeadamente França e Áustria.

Hungria

Na Hungria, como na Itália, as ideias de afirmação e independência nacional acabavam

por se igualar e até mesmo superar as preocupações de ordem mais prática. Ocorrem

rebeliões no início do ano, e o governo que surge das eleições faz do país um território

virtualmente livre do jugo austríaco. A Áustria invade o país, o governo eleito demite-se

e a repressão que se segue é duríssima, terminando com as revoltas.

Áustria

Na Áustria, setores da aristocracia rebelaram-se contra a monarquia. Várias revoltas

ocorrem, com destaque para a ocorrida em Praga. Em novembro de 1848, o imperador

abdica, porém, tal situação será revertida em 1852, com a restauração do regime.

Alemanha

Na Alemanha, havia como na Itália, a questão da reunificação. Área em plena fase de

industrialização, as revoltas operárias e camponesas proliferam-se. Chegou-se a elaborar

uma nova constituição, mas esta termina por ser rejeitada pelo rei, e a situação termina

com poucos progressos em relação à realidade anterior.

França

Na França, o rei Luís Filipe abdica em 1848. A república é proclamada, porém, a

instabilidade irá continuar até cerca de 1851, quando, através de um glope palaciano,

Carlos Luís Napoleão Bonaparte proclama o Segundo Império Francês, com o título de

Napoleão III.

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Na maior parte, as revoltas em toda Europa foram controladas, e as mudanças sociais que

os movimentos revolucionários tanto ansiavam acabaram sufocadas pela emergente

Segunda Revolução Industrial e por uma tênue calmaria econômica, que seria

acompanhada de uma calmaria política. Os regimes autocráticos teriam sobrevida até o

início da Primeira Guerra Mundial, onde a ordem estabelecida em Viena seria finalmente

implodida.

Movimento Operário

A vinda de uma série de trabalhadores do campo para as cidades em busca de trabalho

modificou o ritmo daquela sociedade. Agora esses operários lidavam com uma

concorrência e um novo modo de trabalhar baseado no relógio. Multas e ameaças eram

comuns para aqueles que não mantinham o padrão por algum motivo. Com o crescimento

das cidades cresciam também os problemas nas ruas, a falta de água, de esgotos, de

saneamento facilitava a ocorrência de doenças como a febre tifoide e a cólera, que

atingiam sobretudo as camadas mais pobres da sociedade.

Esse período é chamado por alguns historiadores de Segunda Revolução Industrial ou

a acentuação do Capitalismo empregado pelas novas potências. Ele se explica pelo

crescimento do mercado consumidor e nos capitais acumulados na Europa em torno do

século XVIII.

Com o crescimento do operariado e das fábricas, esse momento também seria marcado

por uma junção entre tecnologia e ciência.

Cidade Industrializada – Séc XIX

O Taylorismo, também conhecido por Administração Científica, foi desenvolvido pelo

estadunidense Frederick Winslow Taylor (1856-1915), no final do século XIX e início do

século XX.

A Administração Científica foi desenvolvida em meio a um processo de transformação

gerado pela segunda Revolução Industrial, com o aço substituindo o ferro, e a energia

elétrica e o petróleo sendo usados no lugar do vapor.

Engenheiro mecânico, Taylor, também conhecido como “Pai da Administração

Científica”, construiu sua carreira trabalhando em importantes empresas como: Midvale

Steel Company, Bethlehem Steel Company e Cramps Shipbuilding Company. Ele

escreveu cinco livros, dentre eles: Princípios da Administração Científica e Gerência de

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Fábrica que permitiram com que fizesse parte do rol de pessoas, em especial engenheiros,

que contribuíram com o pensamento administrativo.

A Administração Científica se baseia em quatro princípios básicos, desenvolvidos por

Taylor, que visam melhorar o desempenho da organização:

1º Princípio: O estudo, por parte da gerência, das tarefas (Estudo dos tempos e

movimentos). Este deve ser feito de forma a levantar o conhecimento que se encontra na

cabeça dos trabalhadores, registrá-los, medi-los, simplificá-lo e reduzi-lo ao mínimo,

observando assim, a melhor maneira de se executar a tarefa. Em seguida, criam-se regras

e leis que irão retornar aos trabalhadores que as colocam em prática.

2º Princípio: A gerência deve fazer uma seleção científica dos trabalhadores de forma a

escolher a melhor pessoa para a execução de uma tarefa e cuidar do seu contínuo

desenvolvimento.

3º Princípio: é o momento em que as leis e regras criadas no primeiro princípio voltam

para o trabalhador selecionado através de cartões de instrução. Assim, as “melhores

pessoas” são treinadas para a realização da tarefa da “melhor maneira”.

4º Princípio: divisão do trabalho. Aqui a gerência, representada pelos administradores e

engenheiros, estabelecem os padrões e os operários apenas obedecem.

Concentração de Capital

Com a adoção de novas tecnologias e a ampliação dos mercados consumidores europeus,

a industrialização ganhou um novo impulso e a partir de 1870 foi acompanhada por

intensa concentração de capitais. O Monopólio ou o Capitalismo Financeiro da

produção e distribuição de um ou mais produtos fazia com que se formassem grandes

capitalistas e pequenas empresas concorrentes fossem a falência.

Holding – nasce da associaçõ de várias empresas a uma grnde empresa, que centraliza e

controla suas associadas e detém maior parte de suas ações.

Truste – a fusão de várias empresas em uma única. Essa empresa gignte passa a controlar

desde a obternção de matéria prima até a comercialização final do produto. Com isdso

consegue regular e impor o preço final.

Cartel - são acordos entre empresas independentes do mesmo ramo que, para evitar o

desgaste da concorrência, dividem o mercado entre si e mantém preços iguais.

Foi também nesse período que os Bancos passaram a controlar muitas empresas

Imperialismo ou o “Novo” Colonialismo

Algumas vezes o imperialismo é associado somente com a expansão econômica dos

países capitalistas; outras vezes é usado para designar a expansão européia após 1870.

Embora Imperialismo signifique o mesmo que Colonialismo e os dois termos sejam

usados da mesma forma, devemos fazer a distinção entre um e outro.

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Colonialismo normalmente implica em controle político, envolvendo anexação de

território e perda da soberania, além de ser ligado diretamente com os processos de

colonização das Américas nos séculos XVI e XVII.

Imperialismo se refere,

em geral, ao controle e

influência que é exercido

tanto formal como

informalmente, direta ou

indiretamente, política

ou economicamente. É

algo ligado ao Século

XIX.

Partilha da África - Charge

Ações imperialistas na África e na Ásia

Na metade do século XIX a presença colonial européia na África estava limitada aos

colonos holandeses e britânicos na África do Sul e aos militares britânicos e franceses na

África do Norte.

A descoberta de diamantes na África do Sul e abertura do Canal de Suez, ambos em 1869,

despertaram a atenção da Europa sobre a importância econômica e estratégica do

continente. Os países europeus rapidamente começaram a disputar os territórios.

Em algumas áreas os europeus usaram forças militares para conquistar os territórios, em

outras, os líderes africanos e os europeus entraram em entendimento à respeito do controle

em conjunto sobre os territórios. Esses acordos foram decisivos para que os europeus

pudessem manter tudo sob controle.

Grã-Bretanha, França, Portugal e Bélgica controlavam a maior parte do território

africano, a Alemanha também possuía lá, muitas terras, mas, as perdeu depois da I Guerra

Mundial.

Os estilos variavam, mas, os poderosos colonizadores fizeram poucos esforços para

desenvolver suas colônias. Elas eram apenas locais de onde tiravam matérias-primas e

para onde vendiam os produtos manufaturados.

Talvez o pior legado do Colonialismo tenha sido a divisão da África em mais de 50

Estados cujas fronteiras foram demarcadas sem dar a menor importância aonde as pessoas

viviam e como organizavam sua própria divisão política.

As fronteiras atuais, em geral, dividem uma única comunidade étnica em duas ou mais

nações. Por exemplo: embora a maioria dos Somalis vivam na Somália, eles constituem

uma significativa minoria no Kênia e na Etiópia e muitos deles gostariam de ser cidadãos

da Somália.

Outro legado ruim do Colonialismo foi o seu efeito na vida econômica dos povos

africanos. O sistema colonial destruiu o padrão econômico que lá existia. O colonialismo

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também ligou a África economicamente às grandes potências e os benefícios desse

sistema sempre vão para os países poderosos e nunca de volta para África.

A história da exploração econômica teve um papel importante na forma como certos

governos africanos independentes, se preocuparam em desenvolver suas próprias

economias. Alguns países como a Costa do Marfim, criaram uma base econômica

orientada para a exportação dentro das regras coloniais. Outros, como a Tânzania,

procuraram redirecionar sua economia para a produção de grãos e de bens necessários

para o seu povo.

O terceiro mal causado pelo colonialismo foi a introdução das ideias europeias de

superioridade racial e cultural, dando pouco ou nenhum valor às manifestações culturais

dos povos africanos. Aos poucos os africanos estão recuperando o orgulho por sua cor,

raça e cultura.

Ásia

O período da conquista europeia na Ásia começa por volta de 1500 e continua até a

metade do século XX. Alguns historiadores acreditam que esse período ainda não

terminou.

O interesse europeu pela Ásia começou com a curiosidade e se tornou o desejo de explorar

as riquezas deste continente. Para isso, os europeus tiveram que conquistar e colonizar

essas terras, isso aconteceu nos séculos 19 e 20. Na época da I Guerra Mundial, a maior

parte da Ásia estava sob controle europeu.

Três ou quatro séculos de contato e controle europeu trouxeram boas e más consequências

para Ásia. As contribuições européias foram, novas idéias e técnicas para agricultura,

indústria e comércio, saúde e educação e administração política.

Poucas culturas asiáticas estavam aptas para se adaptar a essas novas regras e idéias, mas

aquelas que, como o Japão, conseguiram, tiraram muito proveito após sua independência.

Dentre os problemas do Colonialismo, a exploração das riquezas, que os europeus

levavam para as metrópoles, a divisão da Ásia sem levar em conta suas culturas, povos e

regiões físicas. Houve também os problemas políticos e sociais causados pelas minorias

estrangeiras, como a cultura francesa na Indochina, que se chocava com a cultura

existente nesse país.

Até hoje existem problemas desse tipo nas nações asiáticas.

É assim que podemos compreender as dificuldades que certos países têm até os dias

atuais. As marcas profundas deixadas pelo colonialismo se refletem em suas culturas,

políticas, economias e são vistas com clareza nas guerras e massacres causados por

diferenças étnicas. São países ainda, de certa forma, dominados pelas nações poderosas

É a esse domínio que chamamos Imperialismo.

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O Socialismo

O Socialismo é uma doutrina política e social que propõe a transformação da sociedade

visando a repartição da riqueza e a igualdade social. No século XIX duas correntes se

desenvolveram, o Socialismo Utópico e o Socialismo Cientifico.

Socialismo Utópico

Socialismo Utópico é a primeira corrente do moderno pensamento filosófico socialista,

surgida no primeiro quartel do século XIX e que desenvolvia conceitos e ideias definidas

como utópicas para os pensadores socialistas que surgiriam posteriormente. Estes

primeiros pensadores do moderno socialismo não reconheciam autoridade externa, além

de subordinar a religião, a ciência, sociedade e instituições políticas a uma drástica e

permanente crítica. Tudo o que era produzido pela humanidade deve justificar sua

existência, ou seja, demonstrar sua utilidade ou então ser combatida até que deixasse de

existir. A razão era a medida de todas as coisas. À toda forma de tradição, sociedade,

governo, costume ou similar existente, toda velha noção tradicional deveria ser

considerada irracional e combatida.

O cenário de nascimento do socialismo utópico, a França do início do século XIX,

abundavam as crises provocadas pelo avanço do sistema liberal, que produzia miséria em

série, proporcionando precárias condições de vida aos cidadãos que então chegavam

recentemente do meio rural. A jornada de trabalho absurda e o uso de mão de obra infantil

completavam o cenário de horror que a Revolução Industrial criou inadvertidamente.

Nesse ambiente onde as promessas da Revolução Francesa acabaram de certo modo por

não se concretizar, onde a única liberdade existente era a de mercado, com o capitalista

tendo passe livre para realizar a exploração do trabalhador comum. De tal decepção e

frente à uma realidade desesperadora, surgem os questionamentos por parte dos

intelectuais. De uma dessas correntes de questionamentos temos a origem do socialismo

utópico. O termo "utopia" é um resgate literário do título do livro de Thomas Morus, de

1516, e tal expressão passa assim a designar toda filosofia defensora da igualdade social,

onde era pregado um modelo idealizado, mas a "receita" para se atingir tal caminho não

era discutida.

Os principais nomes do Socialismo Cientifico são os franceses Saint Simon e Charles

Fourier e o inglês Robert Owen.

Para Simon a sociedade era dividida entre ociosos e produtores e só iria melhoras se fosse

governada por industriais e cientistas cristãos. Já para Charles, a sociedade ideal deveria

se organizar em comunidades com poucas pessoas, cerca de 1800, nas quais cada um

trabalhasse no que mais se identificasse e o fruto do trabalho seria repartido para todos.

Owen, que era administrador de uma grande fábrica, acreditava que eram possíveis

melhores condições para o operariado do período, por isso reduziu a jornada de trabalho

de seus funcionários, de 14h para 10h e ainda construiu creches para os filhos. Vendas

dentro da fábrica no armazém também eram mais baratas do que no exterior.

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Socialismo Científico

O Socialismo Científico ou Socialismo Marxista é uma ideologia baseada nos preceitos

propostos por Karl Marx.

Karl Marx e Friedrich Engels

O Socialismo é uma corrente ideológica oriunda no século XIX. O pensamento é fruto de

um momento no qual o Liberalismo era a ideologia predominante na sociedade ocidental,

marcando intensamente as conquistas capitalistas da Revolução Industrial. Este contexto

solidificou o poder da burguesia na sociedade contemporânea, caracterizando uma fase

da história da humanidade na qual a produção industrial ganhou grande incremento e

junto com ela veio uma forte exploração do trabalho em favor do lucro. A crítica à

ideologia liberal ganhou força com o advento das ideias socialistas. No entanto, os

primeiros formuladores do pensamento socialista acreditavam que a burguesia

reconheceria a exploração imposta aos operários e, a partir daí se daria uma mudança no

sistema vigente. Sendo que a burguesia compartilharia sua riqueza e seu poder e a

sociedade alcançaria um modo de vida comunista. Esse tipo de formulação é uma utopia,

ou seja, muito improvável, para não dizer impossível, que a classe burguesa abra mão de

suas posses em prol de uma sociedade comunista, como vimos anteriormente. Com base

nisso, a ideologia ficou conhecida como Socialismo Utópico. Em contrapartida à essa

primeira corrente ideológica do Socialismo, o alemão Karl Marx apresentou reflexões

mais plausíveis para a sociedade alcançar o modo de vida de uma sociedade comunista.

Apresentando métodos e condições mais adequadas, os pensamentos que apresentou se

tornaram uma corrente ideológica muito influente, sobretudo, no século XX.

O Socialismo Marxista é uma ideologia que também almeja alcançar o comunismo, só

que por caminhos diversos e mais plausíveis do que o Socialismo Utópico. Na formulação

de Karl Marx, a sociedade precisa passar por etapas até obter as condições necessárias

para o comunismo. Assim, a sociedade capitalista precisaria se desenvolver a tal ponto

que pudesse permitir ao proletariado o controle dos meios de produção em uma sociedade

socialista e, só depois de cumpridas as duas primeiras etapas, haveria condições

necessárias para o comunismo. O pensamento de Karl Marx foi desenvolvido baseando-

se nos estudos das obras de intelectuais franceses e do alemão Hegel, e, na verdade,

recebeu também grande auxílio de outro alemão, Friedrich Engels.

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O Socialismo Marxista, também chamado simplesmente de Marxismo, no entanto, vai

muito além. É um conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais que

conquistará vários seguidores. O Marxismo compreende o homem como um ser social e

histórico e se baseia em concepções materialista e dialética da História. A vida social é

interpretada segundo o modo de produção e a luta de classe que ela desencadeia. São

conceitos muito importantes para compreensão do chamado Socialismo Marxista que, em

contrapartida ao Socialismo Utópico, pode também ser chamado de Socialismo

Científico.

A sociedade, segundo o Socialismo Marxista, é descrita da seguinte forma. A história

humana é observada ressaltando os aspectos materiais, ou seja, dando importância

fundamental para as relações econômicas que a permeiam. Para Marx, essa base

econômica seria a determinante dos aspectos políticos, culturais e também religiosos.

Dado esse significativo valor atribuído às questões econômicas, a sociedade é marcada

por uma dialética que opõe dois grupos, a burguesia e o proletariado. Entendendo que o

primeiro refere-se aos detentores do meio de produção e o segundo, sem tais posses,

vendem seu trabalho, fazendo a engrenagem do sistema capitalista funcionar. No entanto,

a burguesia explora o máximo possível da mão-de-obra para obter seus lucros, é a

chamada mais-valia. O trabalhador gera produtos de alto valor agregado, porém o salário

é reduzido e muitas vezes ainda é consumidor do que produz. É dessa situação de

exploração capitalista promovida pela burguesia sobre o proletariado que nasce a

chamada luta de classes, segundo Karl Marx. Na Roma antiga a luta teria se dado entre

Patrícios e Plebeus; no Feudalismo entre servos e senhores e no Capitalismo dava-se entre

o Proletário e a burguesia. Para o Socialismo Marxista, a tensão existente na mais-valia

promoveria uma união da classe proletária que, em busca de uma sociedade mais

igualitária, tomaria posse dos meios de produção e os passaria ao controle do Estado,

encarregado de representar a coletividade. Seria o contexto de uma Revolução Socialista.

Com o tempo, o próprio Estado não seria mais necessário, levando-se em consideração

que não haveria mais dominação de uma classe sobre outra, resultando no que é, para

Karl Marx, a etapa mais desenvolvida das relações humanas, uma sociedade comunista.

As bases gerais do Marxismo estão contidas em duas

obras. O Capital, onde Marx faz uma análise crítica

do capitalismo, prevendo inclusive ocorrências de

crises periódicas no interior desse sistema, que foram

comprovadas posteriormente e no Manifesto

Comunista, no qual Marx e Engels expõem os

princípios do Socialismo para a classe operária.

Essas proposições do Socialismo Marxista

influenciaram diversas atividades humanas no século

XX, influenciando diversos movimentos. Dentre eles

estão a Revolução Russa, a Revolução Cubana e a

Revolução Chinesa. No entanto, os países que

adotaram posturas ditas socialistas desvirtuaram

significativamente os preceitos de Karl Marx. Ainda

assim, o Marxismo foi muito influente nas Ciências

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Humanas ao longo da segunda metade do século XX. Embora não tão admirada quanto

já fora, a ideologia Marxista permanece influente.

O Anarquismo

Anarquismo é uma filosofia política que, em favor da liberdade individual, repudia toda

forma de autoridade. A palavra anarquia deriva dos termos gregos “a” (não) mais “arché”

(governo) e significa, literalmente, ausência de governo. No senso comum, a palavra

anarquia é usada como sinônimo de bagunça, caos ou violência. Porém, os pensadores

anarquistas não negam o desenvolvimento e a ordem social, mas acreditam que são

possíveis de serem alcançadas sem um estado, sem um governo, sem monopólio do poder.

O anarquismo é uma teoria política que rejeita o autoritarismo e luta por uma sociedade

melhor com base na liberdade, cooperação e igualdade. O anarquismo acusa o poder

estatal de se legitimar a partir da opressão e dominação, impor a propriedade privada e

concentrar privilégios e riqueza para uma minoria da população. Os anarquistas não

rejeitam a política em si, mas sim a política institucional burguesa, que consideram um

espaço corrupto onde se perde a autonomia individual. Os anarquistas acreditam que o

ser humano, por natureza, é capaz de viver em liberdade e harmonia. Portanto, defendem

que organizações sociais e econômicas voluntárias devem substituir as instituições

autoritárias e coercitivas estatais existentes.

O anarquismo rejeita toda forma de autoridade na medida em que vê nela a fonte dos

males humanos, seja tal autoridade terrestre ou divina. Como consequência, os

anarquistas tendem a recusar também qualquer religião, enquanto ideologia. O Estado e

sua organização burocrática é o órgão repressivo por excelência, pois priva o indivíduo

de toda a liberdade, nega-lhe o direito de decidir sobre sua própria vida, impondo-lhe uma

série de obrigações e de comportamentos aos quais o indivíduo não pode fugir. Do mesmo

modo, o Estado é o principal inimigo dos anarquistas por ser considerado o criador e

mantenedor da ordem econômica capitalista.

Apesar de ser uma importante filosofia política

de crítica ao autoritarismo, o anarquismo não se

constituiu como uma doutrina única, sendo mais

correto falar em várias correntes, que divergem

entre si principalmente no que diz respeito aos

meios para alcançar a sociedade sem Estado. Por

exemplo, Pierre Joseph Proudhon e Max Stirner

acreditavam que o anarquismo deveria ser

alcançado através da mudança pacífica das

instituições coercivas, enquanto Mikhail

Bakunin defendia uma revolução violenta para

destruir a máquina estatal. Outros teóricos

anarquistas importantes são: William Godwin,

Henry David Thoureau, Leon Tolstoi, Piotr

Kropotkin, Errico Malatesta, Emma Goldman e

Buenaventura Durruti.

Mikhail Bakunin

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No século XIX e XX, os anarquistas tiveram grande importância em países como Rússia

(onde foram perseguidos pelos stalinistas), França, Itália e Espanha. O anarquismo

também exerceu bastante influência no movimento operário latino-americano, trazido por

imigrantes italianos e espanhóis, inclusive no Brasil, onde organizações anarco-

sindicalistas protagonizaram a greve geral do ano de 1917, uma das mobilizações

operárias mais abrangentes na história do país. A partir da década de 1960, o anarquismo

foi resgatado por jovens integrantes de movimentos de contracultura, como os hippies,

punks e grupos estudantis. Mais recentemente, os métodos de ação direta e o caráter

anticapitalista do anarquismo tem sido inspiração para novos movimentos sociais que se

organizam contra o neoliberalismo.