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introdução por onald R yrmse K oncurso poesias de C primeiro

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Page 1: primeiro Concurso depoesias · Por dentro, meu precioso chegou Se com sangue eu comprei Só com sangue há de sair Se a cobiça me pegou Com o precioso vou cair Criatura miserável

introdução por

onaldR yrmseK

oncursopoesiasdeC

primeiro

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prefácio

onaldR yrmsek

aos poemas do concurso

ou repetir aqui algo que costumo dizer: Uns quarenta anos atrás, quando comecei a me interessar pela vida e obra de Tolkien, tive a impressão de que era a única pessoa, num raio de muitos milhares de quilômetros, que já tinha ouvido falar d’O Professor. Jamais poderia imagi-nar que no ano de 2018 – então tão longínquo como um ambiente de ficção científica! – estaria avaliando poemas brasileiros, selecionados dentre muitos, que tratariam de temas tolkienianos.

E que surpresa agradável! Foi difícil a decisão entre as peças que tive a oportunidade de ler. Todas boas, algumas muito boas. As vencedoras se destacaram, como se isso fosse fácil, num conjun-to de obras redigidas com cuidado e principalmen-te muito amor pela matéria, e que temos a sorte de poder ler em seguida.

Os primeiros lugares foram excepcionais por aplicarem critérios técnicos de poesia. O vencedor, A Dádiva, usou versos decassílabos rigorosos e um esquema de rimas que lembra o estilo dos Lusíadas camonianos, um modo clássico – difícil de se encontrar na poesia contemporânea – que se ajustou como uma luva ao tema, a Queda de

Númenor. Isso sem mencionar o nome da desafor-tunada ilha, mas deixando muito claros os dois períodos da história numenoreana, cada um repre-sentado por uma estrofe. Parabéns ao João Romário Fernandes, e obrigado por ter ressuscitado esse gênero quase esquecido, a poesia heroica!

O Destino de Gondolin relata bem, com capricho em gramática, rima e métrica, essa outra Queda famosa no legendário tolkieniano. O terceiro e o quarto colocados são difíceis de classificar em termos de qualidade, por isso cito-os aqui em ordem alfabética: A Balada de Túrin Turambar e Bill, o Pônei.

Foi impressionante a variedade dos temas aborda-dos pelos autores. Se por um lado lemos sobre enre-dos bem conhecidos como a aventura de Bilbo e o romance de Thingol e Melian, por outro fomos lembrados de pontos bem mais originais, como o pônei da Companhia, a estrada onde os mais diver-sos povos passam diante de Tolkien, as estrelas acesas por Varda Elentári...

Em suma: Podemos nos considerar bem felizes por vivermos numa época em que as obras de Tolkien não só convidam à leitura, mas também inspiram tantos bons autores a darem sua própria contribui-ção. Isto está bem no espírito d’O Professor, cuja intenção expressa era “deixar espaço para outras mentes e mãos, lidando com a tinta, música e drama”.

V

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3

IDesfeita a Sombra Vil do extremo norte,

quiseram os Poderes concederaos homens que lutaram passaportepra um mundo de virtude e de saber.

Ali mais plena e pura foi sua sortedo que a qualquer mortal foi dado ter.

Distantes da doença e da morte,por séculos fulgiam até morrer...

Partiam muitas vezes rumo ao Leste,compartilhando entendimento e paz

com a gente simples de uma terra agreste.Mas diz-se que seu coração vivaz

voltado estava sempre mais pro Oestenum ímpeto consumidor, voraz...

II“Que importa se vivemos mais que o homem

comum de vã e miserável vida?Que importa, se, ao final, uns e outros somem

nos ermos de uma treva indefinida?”“Naveguem, pois, até o Oeste e tomem,de quem lhes nega, a Verdadeira Vida!

No embalo das vontades que os consomemImponham-lhes conquista merecida...”

E assim, tomando engodos por conselhos,quiseram por os Imortais de joelhosno próprio chão da terra consagrada.

Porém, negando-se Eles a lutar,foi Deus que agiu e, abrindo o enorme mar,

lançou guerreiro e barco e chão ao nada!

João Romário Filho

a Dádiva1º

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Ai de ti, formosa Gondolin,Fortaleza de Turgon amada,Mandos teu fim já previra,

Por ser obra de Noldor fadada.Quão altas são tuas torres,Brancas as tuas muralhas,Em Tirion inspirada foste,

Para ser de um rei elfo morada.Planície verde a circunda,

Olhos de águias te guardam,Por alta montanha és oculta,Por sete portões és fechada.

Monumento de grande beldade,Radiosa, de esplendor e pompa,

De Beleriand és tu a cidade,Para um povo, a de mais alta conta.

Do Leste o teu povo esperaAlvorada que às nuvens inflama,De escarlate o céu Norte pincela,

Hoste vil que o horizonte profana.Quão penoso foi ver em tuas ruas,

Em que andaram preciosas donzelas ,Dragões negros, tiranos, em fúria,

E heróis mortos, com os rostos em terra.Belas artes que um dia tiveste,Hoje jazem em cinzas eternas,

Só Idril, Pés de Prata, restou-lhe,Das belezas que outrora tivera.

odedestino

ondolinG

Felipe Lima

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5

Bill, o pônei da comitivapacato cargueiro da narrativa

décimo membro da sociedade do anelfoi de Sam parceiro fiel

Partiram juntos na grande empreitadanaquela que seria a mais famosa jornadamesmo não tendo chegado até seu fim

pastou nos prados de azevim.Nas muralhas de Moria se despediu

deixando mestre Sam Wise um tanto febrilpois pensava nos lobos em perseguição

mas Bill voltou a Bree sem nenhum arranhão!De grande alegria foi o reencontro

Após a demanda e findado o seu contoPor Carrapicho foi bem tratado

Acompanhou mestre Sam de volta ao CondadoAté no expurgo participou

Em Bill Samambaia um coice acertouTodos celebraram: que belo pinote!

Logo depois, foi-se o CharcoteO pônei que quase conseguia falar

Viu o fim na sociedade na beira do marNo fim de tudo, vendo a partida a AmanColocou seu focinho na orelha de Sam

Findou os seus dias – casado ou solteiro?Não sei dizer, pergunte ao Bolseiro

Com certeza que aproveitou para pastarNa sombra de um Mallorn e sob a luz do luar.

ill,pôneio

B

Octávio Uliana

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Oh Túrin, filho de Húrin!Por ERAS cantaremos tuas proezas

E teu destino de amargura e de tristezaOh Túrin, enfrentaste Glaurung!

Grande verme, poderoso seu escárnioE os capitães de Angband lado a lado

Oh Túrin, guerreiro do norte!Carregava o Elmo de Hador, tua casa

Cabelos negros e a pele alvaOh Túrin, tu foste tão forte!Mas TRISTE era teu destino

Por orgulho tornou-se um proscritoOh Túrin, amado entre os eldar!

Tiraste a vida de teu próprio amigoE o senhor do escuro em seu escuro trono rindo

Oh Túrin! Infortunado que eraCasaste com Níniel, a Niënor que jamais vira

E enfim cai sobre ti tua própria iraOh Túrin, filho de Húrin!

Por eras choraremos tua derrotaNos mistérios de Eru, descansa agora.

BALADA

tÚRINtURAMBARDE

A

6

André de Sena

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Era uma noite quente de verãoSob um pinheiro, Tolkien o seu cachimbo fumavaE ao fundo da estrada surgia um brilhante clarão

A comitiva de belos Elfos caminhavaAté ao seu navio nos Portos Cinzentos

Tolkien escutou o seu cantarDedicado a Elbereth e às suas estrelas no firmamento

Amanhecia mas antes de o Sol despertarCom pesadas passadas marchavam os Anões

Sempre preocupados com os seus próprios botões‘Partir pedras e gemas procurar! É esse o nosso trabalho!

Há que começá-lo cedo enquanto ainda há orvalho!’Em seu esplendor, o Sol brilhava e subia

Caminhantes dos Homens passavam escondidos entre a folhagemE cavaleiros galopavam carregando suas mensagens

O dia avançava e o sol desciaE como de surpresa, um grupo de cinco Hobbits surgia

Com os seus passos macios e discretos‘Olá senhor, que bela tarde para uma caminhada!’

‘Boa tarde amiguinhos, sempre tão felizes e despertos!’E seguiram trauteando cantigas despreocupadas

Passaram e o dia começou a findarMas havia quem não chegara a passar

Os Ents que já quase não existemSão poucos os que agora ao sono eterno resistem

Pastores das árvores que Tolkien amava com todo carinhoE Tolkien seguiu então também o seu caminho

estrada

povosDos A

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Inês Cardoso Anacleto

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Olá! Bom dia!Um dia bom poderia ser mais apropriado

Ou mesmo um dia para se estar bem viria a calharAté mesmo tudo isso junto

Mas o quero lhe falarÉ que além do bom dia gostaria de conversar

Talvez sobre Valfenda e elfos, ou até mesmo cantarUma canção sobre Beren e Lúthien viria a calhar

Talvez você possa não aceitarChateado não iria ficar

Afinal não sou um BolseiroTalvez como um Tûk eu até poderia disfarçar

Mas o mais importante que essas rimas querem expressarE mostrar que mesmo pequeno

Um hobbit tem um grande coração para mostrar

oraçãohobbitDE

um

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Rafael Terrô Fernandes

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Em um mundo diferenteDe tudo se pode encontrarCriaturas de todos os tipos

Em qualquer lugar.Hobbits saem em aventuras

Trolls vagam a sua frenteGoblins vivem em montanhas

E de Gollum, o Anel consome sua mente.Ao redor da Carrocha a companhia se encontra

Na casa do Troca-peles eles são abrigadosEntrando na floresta se deparam com aranhas

E pelos elfos são capturados.Pelas águas eles escampam

E vão direto à EsgarothCom a cidade a sua frente

E a montanha logo ao Norte.Em direção à montanha

Eles vãoO que há em suas entranhas...

Um enorme Dragão.

9

em

direçãoM à ontanha

Felipe Betim

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Deitadas em leito infinitoA escura noite é seu larDe cima nos observam

E historias podem contar.Presenciaram o despertar dos élfos,

E o mundo crescer e mudar.Sempre brilhando pelo caminho,

Guiando navios pelo mar.Filhas de Varda, do cabelo em véu,

Permanecem eternas entalhadas no céu.Rios, mares e lagos refletem sua beleza,

Como gotas de prata em vestuário divino,Tecido com delicadezaEstrelas são o que são,

Joias inalcançáveis,Seja por homem, élfo ou anão.

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strelasDEEvarda

Alexandre Marques

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Nem todo ouro fulguraMas aquele, em pleno dia, brilhou

De longe, apenas uma figuraPor dentro, meu precioso chegou

Se com sangue eu compreiSó com sangue há de sair

Se a cobiça me pegouCom o precioso vou cair

Criatura miserávelSob a escuridão habitaSobre a terra ele rasteja

Com uma forma inauditaPegajoso, pobre e nu

A cobiça satisfeitaApesar de toda treva

No precioso se deleitaDiante do anel

Minha vontade já não há mais“Vamos sim”, “Vamos não”Se queria, não quero mais

Se tudo der erradoDo anel eu vou cuidar

Gollum...Gollum...Alguém pode me ajudar?

Preço de sangue hei de pagarNão serei audacioso

Até o fim hei de clamarMeu precioso... Meu precioso...

ollumollumgg

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Gabriel Marques Oliveira

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Antes de a noite o dia degolar,ponho-me a labutar,

pois o fardo é pesadoe sem pressa não hei de chegar!

Caminhando na terra calcada,vejo uma sombra ante a espada.

Frio e frouxo, ponho-me à espreita,pois algum mal me fará com toda certeza!

Com um grito fulcro e agudo a relva preenche.Sem nada encontrar,

na sua besta torna a galopar.

Este caminho que entremeei,muito árduo se mostra,

mas não posso falhar, se não toda a Terra Média sucumbirá!

Se há um retorno eu o desconheço,pois ao fim desta jornada sei que pereço.

Sob as planícies de Rohan irei calvagar.Os hortos sombrios hei de atravessar.

As entranhas de Mordor cruzareie quando à Montanha da Perdição chegar,

colocar-me-ei a cantar,pois a última guerra desta era irá se findar!

eróinônimoAh

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Victor Samuel

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E nos meus sonhosVivo, ando e pereço.

Aprecio, me desprendo, sintoEm arda

Cercado pela músicaCom os mais altos Elfos

A criação das erasOnde nascem os altos NoldorOs de barba, Povo de Durin

Fracos homens, pequenos BolseirosJustas-correia, Grados

Ando do Condado, a LórienRompe-me o peito pela Rainha Galadriel

Jardins sem fim, em seu espelho sofriNo anduin parti, e nas correntezas fortes

Batalhas de espadasEntre o bem, o maligno

Caiu Boromir, regente dos HomensE com sua trombeta, ouvi

O inicio, O FinalA Sociedade e o Anel.

nícioinalfi&

Davi Almeida

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Melian, a Maia era da raça dos Valar, nos jardins de Lórien vivia a enfeitar.E por seus cantos, a Maia recebia, dos Valar a atenção por suas belas melodias.Os rouxinóis, ela seu canto ensinou, e a seguiram para as escuras Terras de Cá.

Trazendo assim seu canto para com o silencio terminar.Elwë Singolo, o grande senhor dos Teleri viajava, a seu amigo Finwë procurava.

Por grandes bosques passou e a Nan Elmoth chegou.E sob as estrelas a brilhar, o canto de rouxinóis veio a escutar.

De súbito, sobre si caiu então um encantamento,Que o deixou por um longo tempo sem seus movimentos.

Pois a canção de Melian o alcançou e seu coração se maravilhou.E aos rouxinóis acompanhou e por Nan Elmoth se embrenhou.

Numa clareira aberta para um céu de estrelas repleto,Contemplou na escuridão o que lhe seria mais belo.

Melian, a Maia cuja luz de Aman era no rosto eterno.E tal foi nele o encantamento, que viveu por longos anos aquele momento.

Acima no céu as estrelas girando,Em Nan Elmoth a escuridão se aprofundando.

Assim o grande Elwë caiu no esquecimento,Depois que seu povo o procurou por tanto tempo.

A Valinor então, nunca chegou a regressar,E com Olwë seu povo atravessou o Grande Mar.

Em Beleriand se tornou Elwë Rei Manto-CinzentoE Melian sua Rainha foi por muito, muito tempo.

E da Linhagem Real que deles descendia,Vieram os mais belos filhos que em Eä existiria.

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Priscila de Oliveira Caldas

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De dentro da cavernaHá algo a perambular.

Com seus grandes olhosBrilhantes como o luar.

Sua voz é medonha.Mas espere um pouco

Ele conversa consigo mesmoSó pode estar louco.Ele já fora humano

Mas agora está diferenteSeu presente de aniversário

Consumiu sua mente.Um pequeno ladrão o roubou.

Seu precioso sumiuPor uma grande busca

A criatura partiuSeu real nome poucos conhecem

Mas hoje, Gollum é chamado.Sua busca não acaba

Enquanto o precioso não for encontrado.

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meu

precioso

João Betim

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Num tempo em que o nada e o tudo não se distinguiaSomente Ele existia no silêncio que se quebraria

Os Ainur afloraram dos pensamentos do Único que existiaE no silêncio, começaram a iluminar uma grande harmonia

A primeira canção era bela, uma perfeita sinfoniaA segunda destoava, quando Melkor à Chama desejava

Mas a terceira nada podia superar, era a voz de Eru IlúvatarE com essa melodia Arda vai dar seu primeiro suspiro

Os Valar moldam sua terra, sua luz, seu vento e sua águaPorém, quando a luz é colocada, Melkor sempre as apaga

O mundo não é silencioso nem iluminado, mas escuroAo mundo os Filhos de Ilúvatar logo chegariam

Nas Terras do Oeste, sob a Luz das Árvores estariamOnde Melkor estivesse, somente haveria escuridão

E nas Terras do Leste, será mantida toda essa corrupçãoMas nas margens do Cuiviénen os Primogênitos nasceramEm meio à escuridão, as estrelas foram sua primeira visãoA partir deste momento a luz de Arda apagou e resurgiu

Viu a coragem de elfos, homens, hobbits e anõesViu o mal resurgir em Sauron, Orcs, Saruman e Dragões

Sofreu da tragédia de Túrin Turambar e NínielProvou do amor de Beren e Lúthien, Elwing e Ëarendil

rda A

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Silva N. Asato

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Verde era o gramadoSuave era a brisa

Na terra do CondadoOnde Bilbo vivia

Confortável sua toca estavaEm mais um pacato diaSeu cachimbo queimava

E o inesperado apareceriaNum traje velho e cinzaE Chapéu pontudo azul

Assim estava a visitaAlgo fora do comum

Era visto um velho chegandoCom seu cajado que reluzia

Bilbo que estava repousandoSorriu e disse “bom dia”.

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oencontro

inesperado

Tiago de oliveira Felix

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Um dia a esperança findou, no peito o calor se extinguiuNo trono de pedra o pai lamentou a sina que lhe perseguiu

À destra erguida jazeu dos filhos do pai o destinoÓ Rei Mais Velho, trouxeste agonia à vida do pobre menino

Banhada de sangue as mãos, sozinho vivendo proscritoDa mãe apartado, do pai sempre achado negando o nome maldito

Dos elfos conselhos ouviu, orgulhoso os rejeitouDesposou a irmã, matou o amigo, seu preço o orgulho cobrou

A Ferro da Morte nasceu, o Espada Negra a forjou,O desventurado e sujo do sangue daquele que lhe resgatou

O verme da terra o achou, a cidade da ponte ruiuCarregou nas costas o corpo do amigo que ele mesmo traiu.O verme de novo o encontrou, o encanto então se afastou

Mentiras expostas, verdades veladas, angústia por fim os tomouIrmã e amada ela era, do irmão um filho esperava

Tal revelação foi a perdição daquela a quem desposaraRasgou da serpente o ventre, vingou-se dos anos malditos

Lançou-se no fio da espada que outrora foi de seu fiel amigoNa Batalha Final voltará, trajado de redenção

Vencendo o Inimigo com a Ferro da Morte ferindo seu coraçãoUm dia a esperança voltou, no peito o calor ressurgiu...

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odofilhodesafortunado

Jardel de Araújo

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Mundo criado a partir da músicaDissonâncias e harmonia surgem delaA harmonia combate a dissonância.

Assim será até o fim de tudoDeuses lutam assim alterando o mundo

O senhor do escuro combate os povos da terraPor fim é vencido e a paz prospera.

Seu servo cria o um anelEle se separa do anelBilbo encontra o anelFrodo destrói o anel.

Após o expurgo parte para os portos cinzentos.

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odofimAnel

João Diana Peres

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Ó meu querido, não ouviu eu chamar?Agora os pássaros dormem

Todos sabem que ele está a guardarE em pé, apenas um homem.

Durante o crepúsculo e sob o luar;Ele, de fato, está a guardar.

Seu nome é antigo e poucos o conhecemPois esta pessoa é amiga das lebres

Alto, forte e um pouco animalEle é de certo o guardião afinal.

E quando todos adormecemSabemos que Beorn, o amigo dos animais

Corre pelas colinas e rios sem vestesDurante os incontáveis anos.

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ouardiãoG

Matheus Menarim Moers

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A lua prateada acinzenta a nascenteO sol em sombras põe meu coração a inflamarO desejo de partir é em mim como enchente

A cidade oculta, sob encantos, devo encontrar.O nebuloso céu semiesconde o alto monte

Na tempestade em fúria ouço Ulumúri a cantarSua voz carrega-me por visões inquietantes

Em Vinyamar sinto o cruel vento leste a soprar.Ai, Ulmo, Senhor das Águas, me responde:Que fonte rasa, sem ondas, há de me tirar,

Agora que os cisnes brancos em Nevrast voam longe,Esta saudade da imensidão do Grande Mar?

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o

de

amentoLuort

Pablo Mateus

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Príncipe de Hithlum, elfo corajosoluta com força e bravura

na defesa de seu povo valoroso,que sofrimentos atrozes atura.Para Angband viaja solitário,

à grande amizade ser solidáriorecebe a ajuda de Thorondor na missão,

sem alternativa, do seu amigo corta a mão.Vários foram os confrontos, sempre vitoriosos,

lidera contra inimigos arqueiros,Turgon e velozes cavaleiros.

Unidos lutam contra orcs e o Senhor do Escuro,ficando só no final de tudo,

um balrog vindo por trás obscuro,a traição sempre um golpe duro.

Sendo atingido pelo machado negro,foi assim que então caiu o Rei Supremo,

sendo sobre o chão esmagado,tendo seu coração parado.

Seu estandarte que antes fora azul e prateado,agora em seu sangue estava pisoteado.

Assim pereceu o Rei Fingon,um dos mais bravos

Que sempre será lembrado por,seus feitos extraordinários.

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odepríncipe

ithlumh

Vânia Bonin

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Esse foi o nosso fim...O último gigante sucumbiuRecuar não era alternativa

O receio dos fracos era a morteReceio de perder o poder

O mundo pediaE insistia com a conflagração

Hasteei a bandeira negraDeixei o vento do leste uivar...Da ardente chama de batalha

Que abrasava os coraçõesRestam apenas as cinzas

Preso a grilhõesSob o controle da lâmina inimiga

O fio repousa nas faucesO medo despiu os rostos, trajados de ódio...

Novos rumos?...

Com o sangue nas mãos, próprios ou nãoO que importa?

O vermelho da dorO vermelho do amor

São os mesmos...Banhavam as lanças e espadas

Que não resistem mais

Banidos seremos da existência como puniçãoEntregaremos a joia da mortalidade

O coração da montanha...Em meio às ruínas

Caímos...

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o

últimoguerreiro

Matheus Henrique Almeida

Page 24: primeiro Concurso depoesias · Por dentro, meu precioso chegou Se com sangue eu comprei Só com sangue há de sair Se a cobiça me pegou Com o precioso vou cair Criatura miserável

Era Bolseiro e sua jornadaHá muito inesperada

Houve dúvida e confusãoDiria eu na ocasião

Olhe Bilbo, Olhe BilboPara o fundo de seu coração

24

ilboolhe Bilboolhe

B

Enrique Carvalho

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Em tristes tempos nasceuAo seu povo deu esperança

Grande legado era o seuAragorn uma criança

Sem amparo ficou cedoE portanto vulnerável

Mas perto elfos e sem medoEstel cresceu inquebrável

Como voaram os anosSobre si a verdade ouviuAjudar eram seus planosThorongil lordes serviuPelos campos cirandou

Vivendo de forma erranteO portador encontrouPassolargo caminhante

Foi um membro da IrmandadeVenceu o anel e seu dono

Trouxe aos homens liberdadeElessar senhor do trono

25

muitosos

nomesdeumhomem

Inês Calmeiro

Page 26: primeiro Concurso depoesias · Por dentro, meu precioso chegou Se com sangue eu comprei Só com sangue há de sair Se a cobiça me pegou Com o precioso vou cair Criatura miserável

No início os quendi queriam contemplarTodas as terras a Leste do Mar

Pelos Valar, os Mais Velhos foram convocadosPara a luz das Árvores no Reino Abençoado

Os Valar teciam o Destino como tearBuscavam eles os eldar salvar

Das garras de Melko, Vala renegadoQue buscava ser um senhor de escravos

Quando muitos deles já estavam em AmanDesfrutavam um dia eterno, sem amanhã

Banhados pela Luz das Árvores BrilhantesOs eldar viviam em alegria constante

Um Espírito de Fogo gemas criouE a mescla das luzes nelas aprisionou

As Silmarilli criou, gemas que iriam mudarO Destino das Terras Além-Mar

Nelas começou uma triste históriaDe dor causada por Melkor e sua escória

Quando vastas terras afundaram no oceanoE o Reino de Arda deixou de ser plano

E após tantos anosUm Anel veio a surgir

Um artefato de poder tamanhoQue prometia faz o mundo ruir

Mais a menor das criaturasFez o maldito adereço queimar

E cansado de sua labutaEm Valinor o Pequeno foi descansar

E o mundo, por fim, estava limpoE em suas tocas os Pequenos fumam seus cachimbos

26

sagas deArda

João Pedro Zanganelli

Page 27: primeiro Concurso depoesias · Por dentro, meu precioso chegou Se com sangue eu comprei Só com sangue há de sair Se a cobiça me pegou Com o precioso vou cair Criatura miserável

Os anos significam algoFerro e lança, luta e forçaUma vez um sábio disseQue o tempo é escolha

De Tirith a MorgulO caminho se fez escuro

Os fracos se tornaram fortesEra a batalha contra o luto

Esquecidos se tornaram reisPequenos marcaram história

O ensinamento que encontreiConta sobre o bem e sua glória

27

sobre a

e seuoragem

fimc

Carolina Clemens

Page 28: primeiro Concurso depoesias · Por dentro, meu precioso chegou Se com sangue eu comprei Só com sangue há de sair Se a cobiça me pegou Com o precioso vou cair Criatura miserável

Sob o solo desta terra singularJazem restos de tão nobre guerreiro

Suportou uma dor imensurávelDe confrade ele tinha o desesperoHomem, herói, honrado e valenteSua espada era negra como a noite

O seu elmo reluzia bravamenteA sua beleza que nos cortava como foice

O Dragão obliterado na penumbraNão te trouxe o bálsamo de NiënorNem o carinho de seus amados pais

Teu galardão derivado de seu desatinoTúrin, Senhor do Destino

A perdição de Glaurung, e nada mais.

28

deum

tragédiaherói

Cleydson Medeiros

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nota finalaos poemas

elipef ruzC

de agradecimento

Mal poderia eu imaginar, que em brava missão de adquirir todos os 13 volumes da HistoryofMiddle--Earth, em meio à uma sequência de extravios e pedidos incorretos, eu acabaria com 2 volumes extras em minha estante.

O que nos vem sem custo deve ser usado de, e para o bom grado, em algo valoroso, e imaginei que a melhor forma de alcançar esse objetivo seria incen-tivando a cultura junto com essa espetacular comu-nidade que o Tolkien Talk criou. Percebo que fui feliz em minha decisão, fui surpreendido com a qualidade desse concurso, que desejo que seja o primeiro de muitos.

Deleite enorme é a oportunidade de ver surgir nesse tempo, canções e poemas inéditos como os que estão contidos neste documento. Pouco além do que o grande Ronald já expôs sobre eles é preciso dizer, pois os avaliamos, selecionamos e concluímos juntos, às cegas (e unanimemente) os vencedores queforam então revelados, de tão alto nível, que não poderíamos deixar de fora dois excelentes poemas, e decretamos, portanto, quatro vencedores para o concurso.

Tenho uma gratidão enorme pela oportunidade de ter posto em prática esse projeto, e agradeço ao Cesar “O Hobbit” Augusto e Sérgio “Dúnadan” Ramos pela calorosa recepção de um trabalho como esse; à parceria inestimável do Ronald Kyrmse, que forneceu sua vasta experiência para avaliação dos poemas aqui exibidos, além de invo-luntariamente ensinar muito sobre o assunto poesia; à equipe do Tolkien Talk com quem pude trabalhar dessa vez: Cristina “Bighouse” Casagran-de, Gustavo Fritzen o Alexandre “bigodON” Aze-vedo; e à todos vocês, comunidade iluminada do Tolkien Talk/Dragão Verde. Espero que tenham se divertido tanto quanto eu na realização desse evento. Que as estrelas de Varda sempre brilhem em vossas vidas. Grande abraço!