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1 Fato de maior relevância no último quartel do século XIX: trabalho assalariado Impacto monetário: maior demanda por moeda num ambiente de inelasticidade do meio circulante (reduzido multiplicador monetário) Lei monetária de 1888 – retorno ao padrão ouro – paridade de 1846 (27 pence/mil réis) 1889 – necessidade de novas emissões 1890- Rui Barbosa (papelista – Lei bancária de 1890) Emissões com lastro em títulos da dívida pública 3 regiões bancárias Emissões inconversíveis

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Page 1: Primeira Republica

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Fato de maior relevância no último quartel do século XIX: trabalho assalariado

Impacto monetário: maior demanda por moeda num ambiente de inelasticidade do meio circulante (reduzido multiplicador monetário)

Lei monetária de 1888 – retorno ao padrão ouro – paridade de 1846 (27 pence/mil réis)

1889 – necessidade de novas emissões 1890- Rui Barbosa (papelista – Lei bancária de

1890)– Emissões com lastro em títulos da dívida pública– 3 regiões bancárias– Emissões inconversíveis

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O papel moeda emitido aumentou 40% em 1890 Expansão do crédito e da oferta de moeda rápida

mais especulação bursátil resultou no ENCILHAMENTO

Rui Barbosa deixou o MF no início de 1891 mas continuou a especulação e emissões inconversíveis

Queda da taxa de câmbio (de 24 pence para 12 pence)

Desequilíbrio externo e desequilíbrio fiscal Redução das entrada de capital (moratória

Argentina) Empréstimos externos insuficientes para deter as

pressões no câmbio e desequilíbrio externo, agravado pela queda dos preços do café.

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Novas desvalorizações: 9 pence/mil réis Dificuldades p/ equilibrar orçamento, reduzir oferta

de moeda e conter o desequilíbrio externo Moratória em fevereiro de 1898 Campos Sales e Joaquim Murtinho (MF) firmam

acordo entre o governo e a Casa Rothschild, o I Funding Loan, rolagem de compromissos externos do governo em troca de severas medidas de saneamento fiscal e monetário.

– Redução de despesas (principalmente em moeda estrangeira)

– Aumento de impostos– Redução do papel moeda em circulação

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Políticas contracionistas levaram a recessão e falências bancárias

Contração monetária, aumento das exportações (aumento dos preços da borracha) e aumentos das entradas de capital levaram à apreciação cambial

1900-1913 – era de ouro– Melhora da posição externa

Exportações de borracha Boom de investimentos europeus Apreciação do câmbio Investimentos em transporte (ferroviários e portuários)

Situação complicada para os produtores de café– Preços deprimidos– Câmbio apreciado

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1906 – Convênio de Taubaté – valorização do café com estabilização do câmbio

– 1906 – créditos dos grandes importadores e garantia do Estado de São Paulo

– 1907 – Governo Federal avaliza junto a banqueiros em Londres

Como absorver crescente oferta de divisas sem apreciar a moeda?

1906 – 1914 – Caixa de Conversão – “padrão ouro”: emissões conversíveis a uma taxa de câmbio fixa

1913 – deterioração do BP e saída de capital levaram ao fechamento da caixa de conversão em 1914

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1912-1914 – deterioração do BP– saída de capital: dificuldades de empréstimos externos para

financiar déficit orçamentário do governo– Queda das exportações de borracha (volume e preços)

devido às concorrência do sudeste asiático– Queda dos preços do café a partir de 1913 – política anti-

truste dos EUA Defesa do padrão ouro agrava condições de crédito

domésticas: perda de reservas, contração monetária e recessão

Início da I Guerra: crise do BP, queda da receita tributária e queda das exportações de café

Medidas do governo: fechamento da caixa de conversão e injeção de liquidez

Desvalorização da moeda, estagnação da importações e moratória temporária

II funding loan e estabilização da taxa de câmbio

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Durante a I Guerra, aumentaram exportações não tradicionais

Aumento da liquidez e dificuldade de importar propiciou aumento da produção industrial a partir de 1915: indústria de bens de consumo nãos duráveis

Não houve aumento da capacidade produtiva devido à dificuldade de importar (navegação e redução da oferta exportável e preços de importação elevados) e ausência de oferta de doméstica de bens de capital

Importância da relação: flutuação no câmbio x produção industrial e capacidade produtiva

1916 – dificuldades de exportar café devido às restrições de importação dos aliados

1917 – II valorização do café financiada com emissão monetária

1918 – o auge e recessão do pós guerra

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1918 – fim da guerra– Geada e aumento dos preços do café– Aumento da demanda mundial

1920-22 – recessão– Deterioração do BP, desvalorização cambial e inflação – Déficit fiscal– Parada de empréstimos externos

1921-1922 – 3ª Valorização do Café 1922-1926 – governo Arthur Bernardes

– Transformar o Banco do Brasil em Banco Central– Fortalecer posição externa (defesa permanente do café e

empréstimo externo)– Reduzir déficit público

1924 – transfere o programa de defesa permanente do café para o governo de São Paulo

– Instituto Paulista de Defesa Permanente do Café 1924-1926 – Ajuste fiscal e monetário

– Recessão, queda da inflação e apreciação cambial

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1926-1930 – Governo Washington Luis Novo regime monetário: Caixa de Estabilização – padrão ouro

(1926-1930)– Estabilidade do câmbio e aumento da oferta de moeda e crédito– Situação externa favorável: investimentos externos e preços de

commodities 1927 – super safra de café, estoques aumentam, quase um

ano de produção em estoque 1928 – redução de entrada de capital e redução do ritmo de

crescimento da oferta monetária e liquidez doméstica, dificuldades de continuar financiamento da defesa do café. Governo Federal se recusa a utilizar crédito doméstico, pois prioridade é manter regime monetário

1929/30 – nova supersafra e queda de preços Perda de reservas das caixa de estabilização e contração da

oferta monetária e crédito doméstico Inviabilidade de financiar defesa do café: supersafra, retração

da demanda mundial, crise de liquidez doméstica e ausência de financiamento internacional

Os preços do café caem a 1/3 do seu valor anterior à crise

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A persistência no regime monetário do Padrão Ouro levou ao quase esgotamento das reservas e uma acentuada crise de liquidez

No apagar da luzes da república velha, Washington Luis suspendeu a conversibilidade e desvalorizou o mil réis em 7%

No governo provisório a Caixa de Estabilização foi suspensa e a desvalorização do mil réis foi de 55%

A importações caíram a 1/3 do valor e as exportações caíram pela metade (16% em volume)

Os termos de troca caíram 30% e a capacidade de importar 40%

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Dois importantes aspectos da evolução da economia brasileira na Primeira República são as políticas de valorização do café e as controvérsias sobre as origens da industrialização brasileira.

1. Uma das intervenções mais importantes do Estado na economia brasileira, na primeira metade do século XX, foi a política de valorização do café, adotada a partir do Convênio de Taubaté. A respeito desse tema, responda os seguintes itens:

a) Explique o que foi essa política, quais os seus elementos centrais, e analise seus efeitos sobre a economia.

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A intensa expansão da cafeicultura ocorrida no período anterior levaria a uma primeira crise de superprodução nos primeiros anos do século XX, quando o Brasil era o responsável por quase três quartos da produção mundial de café.

Os preços internacionais do café têm uma queda de aproximadamente 38% entre 1897 e 1901, refletindo a recuperação dos concorrentes internacionais e o excesso de oferta.

O aumento dos estoques, já que o consumo pouco crescera, exercia uma pressão sobre os preços, o que provocava uma perda de renda para os setores ligados ao café.

Contração monetária, aumento das exportações (aumento dos preços da borracha) e aumentos das entradas de capital levaram à apreciação cambial.

Situação complicada para os produtores de café– Preços deprimidos– Câmbio apreciado

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A elite cafeeira percebia a necessidade de uma política que defendesse o setor da queda de preços; essa política, chamada de valorização, foi engendrada no Convênio de Taubaté em 1906.

No Convênio de Taubaté estabeleceu-se que:– o governo compraria os excedentes de exportação

com o objetivo de restabelecer o equilíbrio entre a oferta e a demanda internacional de café;

– os juros dos empréstimos seriam pagos por meio de um imposto fixado em ouro, cobrado sobre cada saca de café exportada;

– os governos dos estados produtores deveriam desencorajar a produção.

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Os ciclos e os impactos sobre a economia

Fases de ascensão (queda) do preço internacional do café

Impactos positivos (negativos) sobre o restante da economia

Cresce (diminui) a lucratividade na atividade cafeeira

Boa parte dos lucros (não) são reinvestidos no próprio setor

Aumenta (diminui) o volume de emprego

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b) Explique porque a política de defesa do café, relativamente eficiente no primeiro quartel do século, havia conduzido a economia cafeeira a uma situação extremamente vulnerável na época da eclosão da crise mundial de 1929.

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O último item foi cumprido apenas nos primeiros anos posteriores à assinatura do Convênio.

A cafeicultura tornava-se um negócio cada vez mais atraente. A política de valorização não conseguira frear a produção, uma vez que, ao manter os preços elevados, aumentavam-se os lucros dos plantadores de café, os quais investiam em novas plantações.

Estes mecanismos eram eficientes no curto prazo para proteger a cafeicultura mas tinham efeitos negativos a longo prazo A política acentuava a tendência à superprodução e

outros países também eram indiretamente incentivados

a plantar café.

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A superprodução e a crise da economia cafeeira em 1930

Com a manutenção da rentabilidade da economia cafeeira, os recursos convergem para esta atividade levando à superprodução.

Em 1930, dois elementos se conjugaram: A produção nacional era enorme A economia mundial entrou numa das maiores crises

de sua história.

Consequências: Preços despencaram.

o governo passou a queimar parte dos estoques.

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c) Explique porque Celso Furtado atribui às políticas de proteção ao setor cafeeiro implementadas nos anos 30 um papel importante na recuperação da economia brasileira a partir de 1933.

A crise de 1930, iniciada nos Estados Unidos e que se repercutiu rapidamente na Europa, chegou ao Brasil com uma Crise no Balanço de Pagamentos– rápida queda na demanda por café.

– reversão dos fluxos de capital Dada a política do governo no Brasil a crise

foi menor e mais rápida do que nos EUA

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A Grande Depressão só precipitou uma crise que já vinha se arrastando potencialmente há décadas.

No período de 1925 -1929, a produção crescera quase 100%, com as exportações estáveis do café produzido no Brasil.

O consumo de café nos Estados Unidos era estável, com a renda per capita crescente nos anos 1920 e com os preços no varejo estáveis.

Mesmo com o início da Depressão, a produção continuou a aumentar, atingindo o seu ponto máximo em 1933, em função do início efetivo da produção plantada em 1927-1928.

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A política de “manutenção da renda”

– política de defesa do café: estocagem e queima de café

– Esta política, financiada em parte com crédito e emissão de moeda, sustenta a demanda agregada mantendo o emprego e a renda

– considerada uma típica política keynesiana

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O Deslocamento da demanda” problema de BP enfrentado com controles e

desvalorização cambial

produtos importados se tornam mais caros e difíceis de serem adquiridos

as dificuldades de importação deslocam a demanda que foi mantida dos produtos antes importados para a produção nacional.

A queda de rentabilidade do setor cafeeiro faz com que o capital flua para outros setores.

Setores domésticos (industria) aumentam sua importância frente aos exportadores (agricultura)

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Como resultado da crise e das fortes desvalorizações cambiais, estabeleceu-se um novo nível de preços relativos, com base no qual desenvolveram-se indústrias destinadas a substituir importações.

Segundo interpretação de Maria da Conceição Tavares, a Grande Depressão é o momento de ruptura com o modelo primário exportador da economia brasileira, em favor de um modelo de desenvolvimento voltado para o mercado interno.

A intensidade da procura interna criou uma situação nova, com a preponderância do setor ligado ao mercado interno no processo de formação de capital e no conjunto de investimentos no país.

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2. Originalmente duas grandes teses polarizaram o debate sobre o início do processo de substituição de importações, as quais podemos denominar de teoria dos choques adversos e industrialização induzida pelas exportações. Explicite seus fundamentos teóricos e as possíveis evidências históricas que, na economia brasileira, corroboram com a defesa de cada uma delas. A seguir, avalie-as criticamente, discutindo a possibilidade de conciliá-las e enfatizando a relação entre a taxa de câmbio e as variações da capacidade produtiva e do nível de produção no início do processo de industrialização brasileiro.

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As Origens da Indústria Brasileira

Duas correntes procuram explicar a origem da indústria no período agroexportador:– teoria dos choques adversos – a indústria

surgiu como uma resposta às dificuldades de importar produtos industriais em determinados períodos (I GM e Depressão de 30).

– industrialização induzida por exportações – a indústria crescia nos momentos de expansão da economia cafeeira (expansão da renda e do mercado consumidor).

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Na Teoria dos Choques Adversos: a industrialização dos países latino-americanos vincula-se às crises da agroexportação, criando-se assim as condições para que a economia se voltasse ao mercado interno, sob a liderança do setor industrial, por várias razões:

1) A crise incide sobre o balanço de pagamentos, deteriorando o preço dos bens exportáveis e dificultando o acesso a capitais e empréstimos para financiar os déficits em conta corrente. Necessidade de desvalorização cambial que cria uma proteção à produção doméstica ao encarecer as importações;

2) A crise resulta em queda da arrecadação de impostos, incitando os governos a adotar políticas monetárias expansivas para cobrir déficits orçamentários, sem que o governo disponha de condições políticas para promover o corte de gastos requerido. Assim, a política monetária se torna expansiva (queda dos juros) e estimula o investimento e a produção doméstica;

3) A crise estimula os governos a aumentar as tarifas sobre importações, favorecendo a produção doméstica;

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No caso brasileiro, algumas peculiaridades ajudam a reforçar essa associação mercado/Estado para imprimir novo direcionamento à economia, dentre as quais, destacam-se: 1) A crise do café era estrutural (longo prazo). A baixa elasticidade-preço e renda do café, associadas à expansão desenfreada da oferta, criavam uma situação insustentável a longo prazo pois as políticas governamentais de defesa do preço do café apenas recolocavam o problema de maneira ampliada (defender o preço do café estimulava a expansão dos cafezais); 2) A receita fiscal do governo vinha em grande parte de impostos de importação (Federal) e exportações (Provincial). Portanto, a crise no balanço de pagamentos implicava a crise das finanças públicas; 3) Crise de 1930: governo federal, ao comprar o excesso de café, agiu de forma que os preços do produto se sustentassem. Assim, o governo teria optado por uma política de expansão creditícia para fazer frente à crise, e por uma política de cunho keynesiano de sustentação da demanda agregada e do emprego, não atingiria só cultura cafeeira, mas, pelo efeito multiplicador, todo o complexo econômico que crescera em sua volta. A ausência de financiamento e a política expansionista internamente causavam o problema do estrangulamento externo, forçando a desvalorização da moeda.

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Quanto à “industrialização induzida pelas exportações”, o efeito renda das exportações de café criava condições para a industrialização, que era associada à própria necessidade de diversificação da riqueza, principalmente do comércio importador e exportador (setores mais lucrativos). As evidências históricas são:

1) A indústria já existia e tinha relativa importância antes de 1930;

2) PSI é visto como um processo lento e gradual, originado no seio da economia agroexportadora e em decorrência de seu crescimento e diversificação;

3) Política de queima do café foi financiada com novos impostos sobre o café, e não apenas com expansão do crédito; 4) De onde vieram os bens de capital? (crise estimula a produção interna, mas encarece os bens de capital e intermediários).

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Versiani mostra que ambas podem ser associadas para uma explicação mais completa das fases iniciais do PSI. Nos períodos favoráveis à exportação capitais ociosos eram investidos na compra de equipamentos, ferrovias e construção de fábricas que davam vazão ao impulso industrializante que os choques adversos geravam, de forma complementar e não antagônica.

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Fases de expansão do setor exportador

Aumento de divisas

Investimento industrial pela importação de máquinas.

Crises do setor exportador

Dificuldade de importação de bens de consumoincentiva a produção nacional.

Ocupação da capacidade instalada e aumento daprodução