primeira mão ufes 127 abril 2012

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PRI MEI RA oA ˜ abril 2012 PRI MEI RA oA ˜ revista laboratório de jornalismo Comunicação-UFES abril 2012

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Revista Labotório do curso de Comunicação da Ufes

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Do alto dos mirantes do Sumaré e da Cidade, a Ilha de Vitória é ainda mais bela.Localizado sobre o Maciço Cen-tral, no coração da Ilha, o Parque Estadual da Fonte Grande é o ponto mais alto da cidade, com 308 metros.A longa subida até lá, já permite vislumbrar um pouco do que está por vir. Dos seus três mirantes, é possível ter uma vista de 360 º de

Vitória, e de parte de Cariacica, Serra, e Vila Velha.Além dos mirantes, há opções de trilhas, uma vasta e bela veg-etação, e muitas espécies de distin-tos animais que vivem no local.Lá em cima, ainda é possível ver as torres de telecomunicações das emissoras de TV e rádio do Espírito Santo. (Texto e fotos: Raquel Santos Henriques)

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Vidas marcadas 4

Pagar, só no dia de São Nunca 6

Congelando o tempo 8

Direito autoral x Compartilhamento 10

De olho nos turistas 12

Inovações e tradições no grande dia 14

Acordes em harmonia 16

Foi sem querer querendo 18

Coluna Tecnologia 21

Marcas capixabas de sucesso 22

Uma cara lisa para a política do Brasil 24

Coluna Disco, livro, filme 26

Sky Lyght - ensaio fotográfico 27

SumarioPrimeira mao pra quem?

Há jovens que curtem música clássica e tam-bém funk; que frequentam lugares onde nem to-dos gostam de ir ou têm atitudes que fogem aos padrões, como casar de preto, não vestir roupas de marcas famosas etc. Há aqueles que conhecem os sinuosos caminhos da economia free e são ca-pazes de fazer coisas legais sem gastar quase nada. Há os que decidem ingressar num partido político para mudar o mundo.

Nós, da equipe da Revista Primeira Mão, bus-camos, em cada pauta levantada e discutida, iden-tificar o universo de questões e comportamentos que mobilizam os jovens de hoje.

Apostamos em assuntos do cotidiano daque-les que, assim como nós, acordam cedo para ir à universidade, pegam ônibus lotado, correm para não perder o ponto do estágio, curtem lazer e di-versão e gostam de discutir temas contemporâ-neos. Afinal, estamos na fase em que podemos fazer quase tudo, mas, é claro, com uma dose de responsabilidade.

Queremos que você aproveite ao máximo as próximas páginas. Fique à vontade para criticar e apontar nossos deslizes, afinal, crescer é tam-bém aprender com os erros; mesmo que eles sejam pequenos, contribuem para o nosso aper-feiçoamento.

Rafael Venuto

Editor geral

Expediente Primeira Mão é uma revista laboratório, produzida pelos alunos do 6º período do curso de Comu-nicação Social /Jornalismo, da Universidade Federal do Espírito Santo. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras | Vitória - ES CEP 29075-910 [email protected]

Ano XXI2, número 127 . Semestre 2012/1Profa. Orientadora: Ruth Reis - Reportagem e Edição: Ayanne Karoline, Carina Couto, Daniely Borges, Flávio Soeiro, Juliana Borges, Juliana Mota, Karla Danielle Secatto, Lary Gouveia, Leandro Reis, Marcelo Lobato, Maria Aidê Malanquini, Mateus Cordeiro, Lila Nascimento, Polânia Sôares, Poliana Pauli, Rafael Venuto, Raquel Malheiros, Raquel Santos, Raysa Calegari, Rayssa Santos, Re-beca Santos, Reuber Diirr, Sabrina dos Santos, Thaynara Lebarchi, Victoria Varejão, Vinícius Eulálio, Will Morais - Editor de Fotografia: Yuri Barichivich - Diagramação: Ruth Reis - Capa: Reuber Dirr Cogo - Revisão: Irislane Figueiredo - Impressão: Gráfica da Ufes

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A violência infantil pode estar em qualquer lugar, até mesmo dentro da nossa própria casa. O Delegado de Proteção à Criança e ao Adolescente - DPCA -, . Marcelo Nolasco informa que, por ano, registra cerca de 2,4 mil ocorrências de crimes contra criança e adolescente, e, na maioria dos ca-sos, eles são vítimas de pessoas pró-ximas, com as quais convivem diaria-mente .

A violência pode ser causada por um membro da família ou por pro-fissional contratado para cuidar da criança. Como ninguém está imune a esse risco, é importante para sa-ber identificar os primeiros sinais de agressão para que se possa agir a tempo de evitar que a criança tenha sua vida comprometida .

A psicóloga e terapeuta Adria-na Miller disse que, normalmen-te, uma criança já acostumada a conviver com pai, mãe e parentes próximos cria vínculos que dão

a ela uma sensação de ambiente se-guro. Isso se constrói através da ro-tina de convivência. Quando os pais contratam uma babá, logo a criança terá um certo receio, mas, com o pas-sar do tempo, ela começará a aceitar essa alteração.

No início, os pais costumam estar por perto e analisam, de forma assí-dua, a relação da criança com a subs-tituição. “Se meu pai e minha mãe confiam nessa pessoa, então, poderei confiar”, é o que a criança conclui. Se a pessoa contratada, em vez de dar proteção e carinho, começar a brigar, bater, colocar de castigo, humilhar, menosprezar e maltratar, a criança, por sua vez, ficará em dúvida se ela é merecedora de valor e isso acaba sendo levado para o resto da vida.

Quando a violência parte dos pró-prios pais ou familiares, a situação é ainda mais dramática e confusa para as crianças, uma vez que os laços de confiança são rompidos. A violência

vai além da agressão física. Esta é mais evidente porque deixa marcas no corpo, mas a violência psicológi-ca é, na maioria das vezes, tão pre-judicial quanto a física e mais difícil de identificar, pois não deixa marcas visíveis. Colocar a criança de castigo com frequência ou abandoná-la num cômodo por muito tempo também são comportamentos agressivos.

Primeiros sinais

Os primeiros sinais para saber se uma criança está sofrendo abuso po-dem aparecer em forma de choro e pesadelo. É importante verificar alte-rações no seu comportamento. A ali-mentação muda, a criança começa a comer pouco ou a comer demais, fica agressiva, repetindo, assim, aquilo que fazem com ela. É comum acon-tecer abuso com crianças que não conseguem ainda se expressar, o que exige mais observação sobre o com-portamento delas.

Vidas marcadas

Por Daniely Borges e Raysa Calegari

A violênica infantil deixa marcas profundas. Saber identificar os sinais de que há abuso é importante e é preciso lidar com as sequelas.

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Uma dica é prestar atenção no que a criança diz, buscando identifi-car se ela gosta realmente da pessoa que cuida. Na hora de tomar banho é sempre bom checar se há alguma mancha no corpo e perguntar o que aconteceu. A terapeuta exemplificou que, do mesmo jeito que se percebe que uma criança está doente, se per-cebe se ela está sofrendo algum tipo de agressão.

Em caso de seleção de cuidador, é importante que se conheça a fundo o perfil do profissional que está sendo contratado. Existem empresas espe-cializadas, ou mesmo indicações de amigos confiáveis. Mas, para saber se a pessoa é de confiança, é preci-so conviver com a pessoa e verificar como a criança se relaciona ela. Nos primeiros meses de convivência é re-comendado acompanhar de perto, e criar algumas situações-surpresa; os vizinhos também podem ser ouvidos, caso a criança chore muito durante o dia - eles acabam percebendo, e isso pode ser um alarme de que algo está errado.

Pós-descoberta do abuso

Para a psicóloga Adriana Miller, a primeira providência, assim que con-firmado o abuso, é afastar o agres-sor. O segundo passo é procurar um acompanhamento psicológico. Ge-ralmente, é recomendada uma te-rapia de família, e no caso em que o agressor for da família, este também deve ser afastado do contato com a criança.

A terapia familiar é recomenda pois, além das crianças, os pais tab-mém ficam fragilizados e inseguros. Muitas vezes passam a se sentir cul-pados por terem deixado os filhos nas mãos de quem fez mal.

É preciso resgatar os vínculos de confiança e a autoestima. Além do apoio à criança, os pais devem tam-bém se preocupar com as medidas legais a serem tomadas, para isso devem procurar a Delegacia de Pro-teção à Criança e ao Adolescente – DPCA. O Delegado titular da DPCA, localizada em Vitória, Dr. Marcelo No-

lasco de Abreu, informou que “esse tipo de crime de agressão depende de uma manifestação dos responsá-veis. Eles devem procurar uma de-legacia e, se quiserem a punição do agressor, devem abrir uma responsa-bilização criminal.”

Pais podem filmar a rotina da criança quando não estão em casa?

A tecnologia é uma forte aliada na hora de cuidar dos filhos, mesmo a distancia. Os pais podem recorrer ao uso de câmeras escondidas, den-tro de suas próprias residências, para filmarem a rotina da criança. O Dele-gado Nolasco explicou que “na DPCA é aceitável a gravação como prova. O que não se aceita são provas ilícitas, como escutas telefônicas ou filma-gens feitas por vizinhos ou terceiros do que acontece na casa; isto é con-siderado ilícito, pois invade a privaci-dade alheia.”

Punição

O crime de agressão tem pena de três meses a um ano, já no caso de violência doméstica – como é carac-terizada a agressão contra crianças pelas babás ou cuidadores – a pena varia de três meses a três anos. Este delito é classificado como ação penal privada ou ação pública condicionada à representação, ou seja, mesmo que um parente ou terceiro perceba essa situação, é dever dos pais ou respon-sáveis levarem o caso à polícia e reali-zar os trâmites legais cabíveis.

Direitos trabalhistas de agressores

Há ainda outras questões legais envolvidas neste assunto: os direitos trabalhistas do profissional contrata-do pelos pais. A demissão é o cami-nho óbvio a ser tomado. Em caso de dispensa for por justa causa, a pes-soa contratada perde o direito a avi-so prévio, 13º e férias proporcionais, além de não receber a multa rescisó-ria de 40% do FGTS (Fundo de Garan-tia por Tempo de Serviço).

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fotos: Yuri Barichivich

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Pagar???

Carina Couto e Vinícius Eulálio

O aumento da inflação, re-fletida nos preços dos produtos e serviços, de-sestimula a ida às com-

pras. Arcar com luxos e lazer já não é mais uma opção para muita gente. É pas-sagem mais cara, comida, bebida, tanta coisa que, no fim do mês, a conta pesa no bolso.

Para driblar essa situação, pessoas têm, cada vez mais, aderido à Economia Grátis – mais conhecida como Freeco-nomy. Esse novo modo de consumir é uma alternativa para quem quer se diver-tir e aproveitar as brechas da economia. A ideia de oferecer uma linha de serviços gratuita e de cobrar por benefícios e dife-renciais tem sido uma forma de negocia-ção útil para ambos os lados, produtores e consumidores.

Em alguns sítios na internet é possí-vel utilizar serviços como fazer downloa-ds de músicas, jogos e aplicativos – entre outros - sem precisar quebrar o porqui-

nho. Exemplos bem sucedidos são o Flickr, o Rapidshare, os “Social Ga-mes” e, até mesmo, alguns provedo-res, como é o caso do Uol.

Os grupos de redes sociais estão

cada vez mais famosos. Há, por exemplo, aqueles que promovem trocas de vestu-ário – comandadas pelo público femini-no. Um deles é conhecido como “Se tu não quer, tem quem queira”: as meninas conversam entre si, ao mesmo tempo em que compartilham fotos para trocarem peças de roupas, marcam um lugar e...pronto! Uma roupa nova é adquirida sem gastar um tostão sequer.

A estudante Larissa Netto, 20 anos, é adepta desse e de outros grupos que proporcionam produtos e bens gratuitos pelas redes virtuais. Além de comprá-los de outros países por preços acessíveis, ela admite que se diverte com as promo-ções. “Sou uma consumista internacio-nal, principalmente em relação a produ-tos pessoais”, comentou.

Larissa se tornou rapidamente sim-patizante do website de filmes, Netflix (https://signup.netflix.com), pois ele ofe-rece um mês de filmes online a qualquer hora sem cobrar nada. Para os fãs de ci-nema, é um prato cheio.

O Netflix exige o preenchimento de um cadastro em que é necessário colocar o número do cartão de crédito. É Impor-tante ter bastante cautela nessa hora!

Geralmente, os sites que oferecem seus produtos de graça renovam automatica-mente a assinatura do cliente, passando, assim, a cobrar mensalidades depois de um tempo.

Para evitar aquela dor de cabeça no final do mês é sempre recomendável ler os regulamentos para que não haja co-branças na conta do cartão de crédito – afinal, queremos lazer sem gastar muita bufunfa.

“Oferecer primeiramente” é uma estratégia adotada pelas empresas que têm amparo nas suas políticas de marke-ting. A ideia é permitir que o produto seja provado, testado. “Isso é muito antigo. A estratégia é a mesma; acontece que ela está mudando de lugar, atingindo mais gente e chegando a um público diferen-te”, explicou a professora da Universida-de Federal do Espírito Santo (Ufes), espe-cialista em Marketing, Janaína Leite.

A concorrência também é uma boa saída para que possamos aproveitar as super promoções. Quando uma empresa é nova no mercado, geralmente utiliza a antiga tática da experimentação. A inter-net se tornou uma boa praça para isso, devido ao seu grande público.

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Acesso à internet, academias, shows e até filmes de graça na web! Anote aí as opções

para aproveitar uma vida sem gastos em Vitória

Pagar??? $o no dia de $ao Nunca

Confira aqui alguns endereços

Internet grátis wi-fi

Jardim Camburi: nas imediações da

unidade de saúde;

Ilha das Caieiras - ao longo da Av. Bei-

ra-Mar e na rua dos restaurantes;

Parque Moscoso, Centro de Vitória;

Mata da Praia - Parque Pedra da Ce-

bola, Jucutuquara - Mercado São Se-

bastião e no Centro de Referência da

Juventude;

Maruípe - Horto de Maruípe

Centro - Biblioteca Municipal Adelpho

Poli Monjardim, funciona na Escola de

Teatro, Dança e Música Fafi; e Cultural

Carmélia Maria de Souza;

Santo André - Parque Baía Noroeste

Academias Populares

Santo Antônio - Pça Estela Coimbra,

Prainha

Horto de Maruípe, São Pedro (Pça. D.

João Batista)

Restaurante Popular de Vitória - Praça

Misael Pena, Parque Moscoso. Segun-

da a sexta-feira, das 10 às 14 horas.

Cursos Senac

Senac Vitória - Av. Mal. Mascarenhas

de Moraes, 2077 - Bento Ferreira.

Senac Vila Velha - Endereço: Rua Ja-

guaribe, 91 - Divino Espírito Santo.

Sempre tem um que lança a piadinha “hoje em dia, de graça, nem injeção na testa”, não é mesmo? Pois bem, na Gran-de Vitória há, sim, oportunidades que se podem aproveitar quando o dinheiro fica curto. As opções vão de internet wi-fi até cursos profissionalizantes.

A internet sem fio pública e gratuita oferecida pela Prefeitura de Vitória, ape-sar de não abranger toda a cidade pode ser utilizada em 10 pontos (confira os locais no quadro). Ela ainda é modesta: qualquer obstáculo nas ruas é motivo para interferência na qualidade. A prin-cípio, a velocidade é de 50 megabytes e varia com a quantidade de pessoas que utilizam. Mesmo assim, atinge um raio de 4 km do ponto fixo da antena.

O gerente de inclusão digital da Se-cretaria de Trabalho e Geração de Renda de Vitória (Setger), Hugo Tófoli, reitera que o “acesso é livre, basta ter um com-putador que tenha placa de rede e, ao co-nectar, preencher os dados do termo de permissão de uso”.

As conhecidas lan-houses também oferecem serviço grátis: os chamados telecentros. Existem 22 em bairros como Jardim Camburi, Jardim da Penha, Parque Moscoso e Bento Ferreira; para conferir o mais próxima de você, basta acessar o site www.vitoria.es.gov/setger. É uma boa dica para utilizar os computadores de for-ma gratuita, principalmente em extremo caso de necessidade. A pessoa, porém, não utiliza as máquinas a seu bel-prazer: cada um tem direito a uma hora diária.

Os estudos também não ficam de fora. Rogério da Silva, 27 anos, procurou investir em um curso profissionalizante e optou por um oferecido gratuitamen-te pela Prefeitura de Vila Velha. Ele fez aulas para aprender o ofício de garçon/barman. “Não tinha recursos para arcar com os custos de um curso em outros lo-

cais, por isso essa oportunidade foi muito importante para mim. Saí de lá e já pude trabalhar nessa área em alguns estabele-cimentos”, comenta.

Para quem procura se alimentar gastando pouco, o Restaurante Popular de Vitória é o lugar. Lá, a refeição custa apenas R$ 1 e conta com um cardápio va-riado - testado pelos repórteres da Revista Primeira Mão. O restaurante, localizado próximo ao Parque Moscoso, funciona de segunda a sexta-feira das 10 às 14 horas.

Aos que preferem manter o corpo em forma, as Academias Populares da Capital fornecem aulas gratuitas de mus-culação com profissionais habilitados. Elas estão instaladas em Santo Antônio, São Pedro e no Horto de Maruípe. Além delas, também existem outras academias ao ar livre espalhadas pela cidade em pra-ças e praias, porém sem a orientação de um profissional.

A diversão também tem seu lugar na Economia Grátis. A estudante Gisleidy Li-nhares, 20 anos, não passa um final de se-mana em casa. Ela e suas amigas saem para dançar e, o detalhe, sem gastar um centa-vo. “Geralmente, frequento locais onde as mulheres podem entrar de graça até certo horário como a BlowUp ou no pagode do Saperê, em Alvorada. Também aproveito algumas promoções que aparecem em si-tes de compras coletivas”, explicou.

Outra boa opção de lazer é a Estação Porto, localizada no Centro de Vitória. O Armazém 5 oferece atrações culturais va-riadas, como teatro, dança, mostra de ci-nema e exposições. Se quiser passar uma noite sem gastar nada, fique esperto! As novidades para este ano são uma sé-rie de projetos temáticos, como noi-tes dedicadas à música instrumental, ao cinema, a novidades sonoras, en-tre outras manifestações. No último mês, rolou homenagens à MPB.

Vida social: um pouco mais difícil não gastar, porém possível

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Acidade acorda, como em um dia qualquer. Amanhece rápido, em harmo-nia com a frenética sinfonia, orquestra-da pela dinâmica do Centro de Vitória. Carros, pessoas, ônibus, buzinas, traba-lhadores e comerciantes: todos em cons-tante movimento, sem direito a pausa.

Em outro ponto da cidade, o des-pertar de alguns privilegiados se dá em ritmo mais lento. Na beira da praia, há aqueles que se exercitam, outros tomam banho de sol ou de mar. Protegida pela sombra do guarda-sol, uma senhora en-sina o neto a construir castelos de areia. Não esses medievais, milimetricamente arquitetados com baldinhos de praia coloridos, mas aqueles artesanais, ha-bilmente erguidos com uma mistura de areia e água, transformados em concre-to de sonhos e de mar. Quase vencida pelo desinteresse do neto, distraído pe-las mensagens do celular, a senhora de mãos desenhadas por pintinhas de sol lembra o tempo em que aquelas areias ainda não brilhavam com o minério de ferro, vindo da Vale, que fez da praia de Camburi sua vizinhança.

De volta ao Centro de Vitória, meio de tarde. O caos urbano é comple-tado pelas reformas feitas na Rua Sete de Setembro, clássico cená-rio de antigas histórias do povo capixaba. A tradicional banca de

vres da base de eucatex graças à elabo-ração da massa feita a partir da areia.

Monique coletou areia das praias que mais frequenta no Espírito Santo: Carapebus, Camburi, Regência, Praia da Costa e Itaúnas. Os diversos pontos proporcionaram ao seu trabalho uma variedade de cores, texturas, formas e tamanhos. Esculturas prontas, o passo seguinte foi a inserção desses castelos em espaços não habituais, como bares, praças, escadarias e ruas. A instalação dessas obras em galeria, somadas às fotografias das intervenções urbanas realizadas, são os elementos que pre-tendem compor a primeira exposição individual da graduanda. O evento de abertura será no dia 24 de abril, a par-tir das 19h, na galeria do centro de ar-tes, localizada no campus universitário de Goiabeiras.

Memória afetiva

De sorriso fácil e fala tranquila, o vendedor da banca de revistas onde o castelo foi colocado relatou cenas da sua infância com uma riqueza de detalhes que a vitalidade de seus 46 anos de vida não deu conta de apagar. José Romério Galaz, mesmo interrompido por excla-mações como “Zé, me dá três maços de cigarro”; “me dê um jornal” ou “um real dessa bala aqui”, contava sobre os castelos de areia que fazia no bairro Vale

revistas, que, agora, disputa espaço com operários e máquinas, passaria desper-cebida se não fosse o “estranho” objeto colocado entre os jornais. No balcão foi deixado um castelo de areia. A escultura atrai olhares surpresos e curiosos, que não entendem a origem do objeto tão peculiar, tampouco a magia que o man-tém ali, intacto.

A artista plástica Monique Rocha desfaz essa magia explicando que a es-trutura é fruto de uma mistura de areia, água e cola. Os três elementos não só garantem a forma, mas também, apri-sionam no tempo algo de caráter tão efêmero. Monique explica que a inter-venção urbana é apenas parte de um lon-go projeto, que se tornou seu trabalho de conclusão do curso de artes plásticas feito na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

O desejo de produzir algo relacio-nado ao mar é anterior à formação aca-dêmica. Filha de artista plástica e fre-quentadora de praias, Monique teve a chance de produzir seus primeiros desenhos feitos com cola e areia sobre papel quando trabalhava em uma esco-la de artes antes mesmo de ingressar na universidade. No decorrer da pes-quisa, os desenhos foram saindo do papel e ganhando caráter escultórico. Primeiro sobre um suporte, depois li-

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Aidê Malanquini e Sabrina dos Santos

Uma exposição sobre tempo, memória,

afetividade e movimento

Congelando o tempo

DesejosMonique descreve sua criação

como uma espécie de ritual constituído pelo desfrute e observação da praia e

coleta da areia. Nesse processo, o que é relevante para ela como pessoa e como artista se mistura. A escolha da matéria- prima veio do gosto pela natureza, prin-cipalmente pelo mar. A coleta das areias foi feita nas praias que mais frequenta

como forma de trazer um ambiente querido para perto de si. Além disso, a

denúncia também faz parte do trabalho, realizada através da manipulação de

areias poluídas por lixo e minério de fer-ro. Ao mesmo tempo, a obra investe em uma tentativa de tirar o belo do lixo, do cotidiano, e dos fragmentos de tempo e

poesia capturados pelas ruas.

Encantado, onde vivia com a família. Ele explicou que, apesar de ter vivido em cidade litorânea, só passou a frequentar praia depois de adulto. Por isso, seus cas-telos eram feitos já aos 4 anos no areal do seu bairro. “Só que a areia de lá era bran-ca, não era como essa”, explica.

Tamanha foi a identificação entre a escultura e as lembranças da sua infância que José chegou a desejar a peça. “Achei muito interessante, deu até vontade de pegar para mim, botar na minha sala”, revelou. Monique explicou que essa me-mória afetiva se manifestou principal-mente entre adultos e idosos. “Através da intervenção foi possível perceber que as crianças, muitas vezes, nem sabem o que é um castelo de areia, o que mostra que essa prática cultural está se perden-do”. Monique lembrou também que “as pessoas só reconhecem e refletem so-bre determinado objeto, se entendem o seu contexto. Quem não teve contato com a praia não faz essa relação”. Mas mesmo quem não construiu essa memó-ria afetiva com o objeto não se coloca indiferente à intervenção. As reações de curiosidade, estranhamento e graça foram comuns durante as “exposições” em locais públicos.

Intervenção urbana

No decorrer dos seus cinco anos de banca na rua Sete, José contou que já viu até duende passar por ali. Ele disse que

a tranquila rua de paralelepípedo sempre serviu de palco para intervenções artísti-cas de diversas naturezas, como teatrais, musicais e até audiovisuais. Ele considerou a prática positiva, reforçando que “é disso que o Centro está precisando e merece”.

Essa aproximação do objeto artís-tico com o espectador em espaços tão inusitados é o que garante o caráter interativo da maioria das intervenções urbanas. Monique justificou a aposta em um centro urbano apontando que “os castelos de areia, assim como os bone-cos de neve, estão ligados ao cotidiano e ao local de vida das pessoas, ao lazer e à infância. Ambos os objetos são fu-gazes, com tendência a serem desfeitos pela própria natureza ou ação humana. Como nos centros urbanos as coisas não param, colocar um castelo que não se desfaz em um local de movimento é como inserir ali uma fotografia. Como se o castelo parasse no tempo e o que está em volta não”.

Essa poética do desejo de apreen-der o tempo é concretizada através da técnica de escultura desenvolvida pela artista e pelo impacto que seu trabalho causou nas ruas. Dessa forma, aqueles que resgatam na sua memória afetiva lembranças relacionadas ao castelo de areia também paralisam sua rotina coti-diana, já que não ficaram alheias ao obje-to encontrado.

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Você já parou para pensar que cada vez que uma música é reproduzida pu-blicamente há cobrança de direitos au-torais? Desde as canções tocadas em um show até aquelas que fazem o som ambiente de uma loja de departamento ou, ainda, as de espera nos serviços de telemarketing.

No Brasil, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) é o órgão responsável pela cobrança dos di-reitos autorais musicais. Ou seja, compo-sitores, intérpretes, gravadoras e demais envolvidos na produção da obra são re-munerados por meio do Ecad, que é uma sociedade civil criada por lei, em 1973. É administrado por nove associações de música para distribuição e arrecadação dos direito autorais. Essas associações que definem os valores distribuídos. Um dos prin-cipais critérios utilizados para o pagamento é o número de reproduções da obra.

Alvo de muitas polêmicas desde o fortalecimento das práticas de conteú-dos por meio da internet, O Ecad voltou a ganhar holofotes, em março deste ano, ao cobrar do blog “Caligrafitti” por in-serir em um post um link para um vídeo hospedado no Youtube, que já paga di-reitos autorais sobre os vídeos que abri-ga. A polêmica foi encerrada quando o Ecad voltou atrás e alegou ter cometido um erro operacional.

O professor de Música da Universi-dade Federal do Espírito Santo Marcos Moraes acha que o episódio demonstra má-fé do Ecad, por tentar cobrar do blog e duplicar sua receita. Na opinião dele, o Google também tem participação nisso, assumindo uma atitude ingênua de não averiguar se o órgão realmente paga pe-los direitos autorais que arrecada.

Fábio Malini, professor do Curso de Comunicação da Ufes, condena a atitude do Ecad. “Essa cobrança é indevida, por-que existe a ferramenta de incorporar os vídeos diretamente do Youtube, então a música nem vem do blog do ponto de vis-ta técnico, mas sim do Google”, explica.

O Ecad é alvo de uma Comissão Par-lamentar de Inquérito (CPI) no Congresso Nacional por supostas irregularidades. As investigações se debruçam sobre a arrecadação e a distribuição de recursos dos di-reitos autorais, até ocorrências de abuso da ordem econômica e da

prática de cartel.

Marcos Moraes criticou o trabalho do órgão dizendo que “às vezes funcio-na, mas não são todos que recebem. Pode ser que eles paguem a alguns ‘para inglês ver’. Há a pressa em arrecadar, po-rém, na hora de pagar, demora um bom tempo.” Exemplo dessa demora ocorreu com o compositor Remo Usai, que só após 30 anos de espera conseguiu rece-ber do Ecad R$3,5 milhões pela execução de suas obras na televisão e no cinema.

Proteção de direitos x compartilhamento

Um ponto de conflito é quando a li-vre distribuição de conteúdos e a prote-ção do trabalho intelectual e artístico se

encontram. Mas, o que poderia ser feito para agradar os dois lados? Malini aponta que as ferramentas existentes ajudam o artista e, também, fomentam a reparti-ção entre os usuários. “A licença Creative Commons é uma das que permitem aos artistas flexibilizarem seus direitos, caso ele queira participar de um regime mais colaborativo. Na forma tradicional, o pro-blema é que o artista cede todos os seus direitos a uma empresa que cuida do seu trabalho, seja ela gravadora, editora, etc. Se o artista entra nesse campo de licen-ças mais flexíveis, ele ajuda a diminuir essa ideia maluca de que o regime cola-borativo é criminilizador”, afirma Fábio Malini.

Direito autoral compartilhamento

Flávio Soeiro e Marcelo Lobato

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c ADPi P

Yuri Barichivich

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Marcos Moraes defende que se rea-lize um estudo para entender este novo mundo. “Uma pesquisa, acadêmica ou não, deve analisar essa nova realidade e antecipar os resultados, porque, hoje, se vive num modelo mais arcaico de compartilhamento e legislação sobre o assunto. Esses resultados poderão dizer o que pode ser feito e agradar os lados envolvidos.”

SOPA E ACTA

No começo deste ano, uma mobiliza-ção forte tomou conta da internet contra a proposta de uma nova legislação nos Estados Unidos, que ficou conhecida como SOPA (Stop Online Piracy Act), e

uma outra, conhecida como ACTA (Anti--Counterfeiting Trade Agreement), con-tando com apoio maciço da União Eu-ropeia. Se aprovadas, elas acabarão por interferir na jurisdição de outros países, controlar o compartilhamento entre os sites e identificar eventuais infratores.

Os grandes sites de compartilhamen-to de conteúdo, como o Google, Face-book e Yahoo, estão sediados nos Esta-dos Unidos. Se esses portais começarem a notificar outros sites que compartilham material com proteção de direito auto-ral, estes correm o risco de serem fecha-dos. “Se o nosso portal Universo Ufes compartilhasse algum vídeo, música ou

reportagem que tivesse uma restrição do seu autor, o Google seria obrigado a apagar os links do site e a fechar todos os outros serviços, como o gmail, por exem-plo”, explicou o professor Malini sobre o principal ponto da SOPA.

A legislação proposta causa também a destruição das formas colaborativas na rede mundial, por restringir qualquer tipo de transferência de conteúdos, em vez de flexibilizar as trocas.

Malini complementou a crítica ao go-verno americano e às empresas: “na ver-dade, essas leis não passam de respostas ao lobby feito pelas empresas sobre o go-verno americano para criar uma imagem criminalizadora do compartilhamento, estabelecer a censura prévia e dar uma sobrevida a um mercado que está fadado ao fracasso.”

O professor Marcos Moraes acredita que “o problema é a fiscalização de um mundo muito vasto. Mas o mundo livre deve ser feito, desde que haja remune-ração devida às pessoas envolvidas”. Malini concorda: “abre-se um leque de novas possibilidades de consumo e de negócios. O problema é que há pessoas que ainda querem viver no passado ao invés de se adaptarem a essa nova rea-lidade em que o conteúdo passa em vá-rios canais, diferente da televisão, por exemplo”.

Um tipo de serviço que ainda pode ser bem explorado é o uso de stream, no qual o usuário tem acesso a transmissões em tempo real. Moraes acredita que, “no futuro, não haverá download, e que a in-ternet será tão rápida que as pessoas vão optar pelo stream e por alguns serviços pagos que dão privilégios ao assinante, desde que mostrem os benefícios efe-tivos. Malini também concorda mas faz uma ressalva. “É fantástica essa ideia de stream. O problema é se você tem o direito de reproduzir, sem estar co-nectado. E se eu quiser assistir com outra vez? Qual o limite do stream de restringir essa liberdade de só acom-panhar estando online?”, questiona.

Direito autoral compartilhamento

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ACTA

x É possível viverem em harmonia?

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De olho no

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Shows, feiras, rotas de aventura

e muito lazer atraem pessoas de

todo o Brasil

Polânia Sôares e Raquel Malheiros

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Pequeno em extensão, porém grande em diversidade. O Espírito Santo é o esta-do onde os turistas podem ter a facilidade de curtir uma manhã ensolarada na praia e, à tarde, apreciar as belezas das monta-nhas capixabas. O crescimento se destaca na região metropolitana, onde os movi-mentos da economia em ascensão trazem junto o turismo de negócios, os eventos e aqueles que procuram o destino para as atividades de lazer e entretenimento.

A Organização Mundial do Turismo (OMT) classifica turismo como "atividade que as pessoas realizam durante suas via-gens e permanência em lugares distintos dos que vivem, por um período de tempo inferior a um ano consecutivo, com fins de lazer, negócios e outros".

Dados da Secretaria de Estado de Tu-rismo (Setur) mostram que em 2011 foram várias as ações que visavam aumentar o fluxo de turistas. Além das rotas do mar e das montanhas, outras segmentações fo-ram criadas para receber o maior número de visitantes. Sãos elas: a rota de aventura e ecoturismo, a de turismo náutico, pesca oceânica e a de turismo LGBT.

A Setur também propõe impulsionar o fluxo turístico na região metropolitana do Estado, pois esse nicho foi um dos que mais se desenvolveu no ano passado. O responsável por esse crescimento foi o tu-rismo de negócios, que tem trazido para o Estado eventos, feiras e congressos.

Quem exemplifica bem isso é o ca-rioca e empresário Pedro Nery, 25 anos, que, além de ser frequentador assíduo dos pontos turísticos capixabas, ressalta

que a diversidade e as oportunidades de emprego fizeram com que ele se mudasse para o Espírito Santo. “O Espírito Santo é muito bonito e tem a possibilidade de ter dois ambientes diferentes bem próximos, além de estar crescendo bastante na área empresarial”.

As pesquisas feitas pela Setur de-monstram que somente na alta tempora-da - mês de janeiro - no período de 2005 a 2010 o fluxo turístico cresceu 98%. E há investimentos em pesquisa para diag-nosticar as áreas que necessitam de me-lhorias para evitar que críticas como a da visitante vinda do Rio de Janeiro Taís de Hollanda, 20 anos, que reclama da falta de informações turísticas e do transporte no Estado.

“Mesmo sendo lindo, o Estado não investe em turismo de lazer e não há in-formações suficientes para orientar os tu-ristas”, afirma Taís. Ela também ressalta que o Estado está engatinhando para se tornar referência turística, ao contrário do Rio de Janeiro, que é considerado uma re-ferência turística no Brasil e investe muito no setor.

Pesquisas realizadas pela OMT, reve-lam que as despesas que alguns estados brasileiros fazem em suas respectivas re-giões não compensam, pois os investi-mentos feitos não retornam aos cofres públicos. E o Espírito Santo está de olho na Copa de 2014 e nas Olimpíadas de 2016 para atrair turistas e atletas, além de conseguir um retorno financeiro fa-vorável e integrar-se na lista de estados mais visitados do Brasil.

fotos: Yuri Barichivich

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Há quem prefira a igreja, com marcha nupcial, véu, grinalda e o noivo à espera no altar. Outros optam pela ausência de autori-dades religiosas, por uma celebração inusita-da e, quem sabe, um vestido vermelho e um all star? Apesar de repaginado, o casamento ainda permeia os sonhos de muitas mulheres - e homens - e segue adaptando-se ao local, ao tempo e às vontades dos casais.

Em uma época em que as tradições são substituídas por modismos, as cerimônias e festas de casamento também passam por adaptações, de acordo com as peculiaridades dos noivos. Com fogos de artifício ao final da celebração religiosa, a advogada Fernan-da Viola deixou claro seu desejo de fugir do comum. “Não queria casar na igreja, nem em um cerimonial, então pedi que fosse montado um lugar ao ar livre do lado do salão da As-sociação dos Magistrados do Espírito Santo, a Amages, onde foi minha festa”, disse.

Quanto às damas de honra, Fernanda con-tou que decidiu optar por suas amigas para tê-las mais próximas num dos mais importan-tes dias da sua vida numa cerimônia em que a quantidade de padrinhos já era grande. “Ge-ralmente, as cerimônias no Brasil só contam com crianças como damas e pajens. Eu quis fazer diferente colocando minhas amigas. Até na hora da entrada dos padrinhos, que sempre são casais, eu pedi que duas primas minhas entrassem juntas”, explicou a advo-gada.

Na festa, a novidade ficou por conta da banda gospel, que animou os convidados sem a presença, já considerada comum, de um DJ. Além disso, o coquetel foi substituído por

Inovações e tradições no grande dia

Juliana Borges Vitória Varejão

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um buffet de frutos do mar. Mesmo assim, a noiva preferiu manter certos detalhes de um casamento clássico, como a marcha nupcial na entrada e o vestido branco. “Quando as pessoas querem fazer tudo muito diferente, acabam tornando o acontecimento uma coisa brega”, ponderou.

E já que estamos discutindo as inovações, como não comentar a interferência da inter-net na organização dos casamentos? Quando Larissa Puppim percebeu que a tão esperada hora do sim já havia passado, decidiu que um dos maiores sonhos de sua vida não ficaria apenas na fotografia e saiu do papel de noiva para o de blogueira. Ela criou o blog “Peguei o Bouquet” para não se desligar do mundo dos bem-casados e, assim, poder auxiliar aquelas que ainda sonham com o “grande dia”. Fre-quentemente, chegam ao blog diversas histó-rias e pedidos de dicas que ajudem na organi-zação de casamentos.

“Quando voltei da minha lua-de-mel, per-cebi que eu continuava acessando todos os sites de casamento que eu adorava, para me deliciar com as lindas imagens do grande dia de outras noivinhas. Foi então que percebi que eu não só poderia continuar pesquisando sobre o assunto, mas, também, criar um can-tinho só meu, onde eu compartilharia inspi-rações com quem se interessasse”, lembra a blogueira.

Adaptações à parte, ainda há quem prefi-ra não abandonar o perfil habitual dos enla-ces matrimoniais. Seguindo a formação reli-giosa recebida na infância, os noivos Bianca Valentim e André Perim, ambos servidores públicos, optaram por se casar em uma igreja

Inovações e tradições no grande diaMesmo com as transformações nas cerimônias, o casamento prevalece em tempos de amor líquido

católica, em Vitória. “Não sou muito de mo-dismos e acho que o tradicional, na verdade, está sempre na moda. Casar na igreja era uma coisa de que eu não abriria mão. Sem dúvida alguma, ter a possibilidade de fazer uma fes-ta é uma coisa maravilhosa, mas a cerimônia, para mim, tem uma importância enorme”, contou.

Após o “sim”, o casal recebeu os convida-dos para um coquetel em um cerimonial. So-bre a recepção, Bianca destacou o momento em que sentou à mesa com seus pais, sogros e noivo para ter o tradicional jantar com a fa-mília. Apesar de clássica, a festa de Bianca e André não acabou ao final do tempo esta-belecido pelo local da festa. “Quando chegou o fim, às 3h, várias pessoas pegaram garrafas de champanhe e ficaram bebendo e dançando ao som da música de um carro até depois das 5h30”, lembrou.

Nos bastidores do grande dia das noivas, muitas escolhem contratar uma cerimonialis-ta para apresentar as melhores opções e au-xiliar nas escolhas. É o caso de Agda Reimão, que está no ramo desde 2006 e o próprio es-forço no trabalho a fez provar para si mesma que o casamento não é uma instituição falida, como muitos teimam em dizer. “Acredito que há quem prefira, hoje em dia, a comodidade que uma união estável pode oferecer, mas a quantidade de mulheres que me procuram sonhando com a cerimônia, com a festa de ca-samento ideal, com o amor, não é pequena. E muitas não querem saber de economizar, não. É quase um trocadilho, mas, convenhamos, se fosse mesmo uma instituição falida, os casais não gasta-riam tanto com o grande dia”, conclui Agda.

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Quando se fala em música clássica, nos-sos estereótipos vêm à tona, e, logo, pen-samos em compositores famosos como Beethoven e Mozart, em uma orquestra ou em uma ópera, cujo público é formado por senhores e senhoras com trajes engomados. Se pensamos em algum jovem, temos uma imagem de que ele é um sujeito quadrado, que deveria ter nascido no século retrasado, quase sempre rotulados como antissociais, “cults”, elite cultural, entre outros adjetivos.

Quando pensamos em música popular de sucesso, imaginamos, rapidamente, o hit do cantor sertanejo Michel Teló “Ai, se eu te pego” e um monte de gente se divertindo, com muito gingado. Mas será que, de fato, existe um distanciamento entre as pessoas que curtem música clássica e entre os que têm o gosto voltado para o popular? Será que no mundo onde tudo e todos estão co-nectados, as pessoas só ouvem um gênero? Para gostar de um é preciso repelir o outro?

O professor do curso de Música da Ufes, José Eduardo Costa Silva, diz que, hoje, os jo-vens se adaptam facilmente e têm gostos va-riados. “Uma pessoa pode se interessar por canções que estouram na mídia e, ao mesmo tempo, por composições eruditas. Muitos que gostam de rock, por exemplo, ouvem música clássica e começam a gostar, e nem por isso largam o rock. A música se divide em gêneros, mas esses não são totalmente puros. A música clássica, mesmo, deixou de

Acordes em harmonia

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Rayssa Santos

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Acordes em harmonia

ser algo ultrapassado. Em Vitória, há concer-tos acessíveis e o público que assiste é muito diversificado”, afirmou o músico. Quando se trata dos profissionais da música, o profes-sor destaca que quanto mais o músico se propuser a aprender sobre os diversos gê-neros mais experiências ele adquire, e é isso que faz dele um profissional completo.

Com uma trajetória diversificada, o graffi-teiro e músico Ficore Kabelera, 28 anos, des-de criança compõe e realiza experiências mu-sicais. “Pela minha experiência, percebo que a fusão musical só traz pontos positivos. Eu já fui o tipo de pessoa que andava de preto e cantava em uma banda de hardcore. Me iden-tificava com o estilo, mas nunca fui fechado para aprender novos gêneros. Certo dia, re-solvi misturar rock com rap e deu certo. A partir daí, só fui acrescentando repertórios e experimentando novos estilos”, assinala.

Nessa mesma época, teve um contato mais próximo com a música clássica. “Co-mecei a ouvir compositores eruditos por influência do meu irmão, que estudava vio-lão clássico. Foi aí que eu descobri um novo universo musical; me emocionava ao ouvir Vivaldi, Bach, Mozart, ao mesmo tempo em que tinha uma banda de hardcore. Parece pa-radoxal, mas foi assim que me encontrei na música. Por conta dessa influência e aproxi-mação, tive vontade de conhecer mais sobre o gênero. Então, comecei a estudar canto lí-rico na Fames para ajudar a minha banda a crescer e, paralelamente, passei a ouvir rap,

reggae, sem dispensar a música popular bra-sileira. Tudo isso só me agregou conhecimen-to e ampliou os meus conceitos a respeito da música. Hoje, componho no violão, canto em batalhas Mc´s e, ainda, curto ouvir uma bela sinfonia”.

Sobre os riscos de um gênero perder iden-tidade quando há junção dos estilos, o Kabelera é enfático: “acho que é importante preservar as raízes, mas isso não significa que as misturas sejam ameaças e não devam ser realizadas. Eu vejo que há uma evolução musical e ela sugere adaptações, fusões e novos conhecimentos. E é isso que nós, jovens, procuramos. Atualmente, os próprios conservadores ouvem e valorizam a diversidade dentro da música. Percebo que as pessoas estão saindo mais dos padrões e se rotulando menos”.

O estudante de marketing e violinista, Felipe Oliari, 19 anos, disse que para gostar de música clássica não precisa ser um músico erudito. Basta parar e ouvir. “Hoje, as pesso-as estão menos preconceituosas, o que con-tribui para a diversidade do público jovem. Eu mesmo tenho a música como um hobbie e ouço de clássicos a hip hop, à música eletrô-nica e MPB. Nosso país é multicultural e isso influencia no gosto dos jovens. Não acho que isso seja crise de identidade. Ter diversidade é muito bom porque as pessoas passam a ter mais ideias para compor, mais liber-dade para escolher e novos desafios para ampliar as opções do universo musical.”

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“Foi sem querer querendo”. Talvez essa seja a frase que expli-ca o grande sucesso, nos últimos 40 anos, do seriado ‘Chaves Del 8’, somando cerca de 350 milhões de fãs, em mais de 100 países, incluin-do o Brasil, onde a história não foi diferente. Bem sucedido roteirista dos anos 50, o mexicano Roberto Gomez Bolaños, 82 anos, ganhou o apelido de Chesperito - peque-no Sheakspeare - por sua geniali-dade na escrita e em programas de rádio e TV. Em 1970, Bolaños resolveu compilar seu humor em um programa chamado Chesperi-to, dando vida aos personagens Chapolin e Chaves.

O menino órfão saiu do barril para ganhar a simpatia e a fidelidade de três gerações de brasileiros que acompa-nham cada episódio, repro-duzindo seus bordões. Mas qual o segredo dessa fórmu-la tão duradoura? De acordo com Roberto Bolaños, a sim-plicidade é a essência do Cha-ves, que faz seu público se identificar com os persona-gens, retratando o cotidiano de muitas pessoas.

A vila do Sr. Barriga (Ed-gard Vivar, também intér-prete do Nhonho) tinha tudo para ser um lugar tranquilo da periferia, mas, com a chegada do menino Chaves, a história ganhou outros rumos. Soma--se a isso uma suposta ‘Bru-xa do 71’ (Angelina Fernan-

Reuber Diirr Cogo

dez), Seu Madruga (Ramón Valdez) – que deve eternos 14 meses de alu-guel - pai da Chiquinha (Maria An-tonieta de las Nieves), vizinhos de dona Florinda (Florinda Meza, tam-bém intérprete da Pops), mãe de Quico (Carlos Vilagrán) e que flerta com o Professor Girafales (Rubén Aguirre). Esses ingredientes deram um tempero mexicano ao seriado, atingindo sucesso mundial. O seria-do conta com a pureza e a inocên-cia das crianças que vivem em um

mundo onde as desigualdades po-dem ser superadas entre si.

Reza a lenda que, em 1982, a então TV Stu-

dio (TVS) - atual SBT - negociava

a compra de um paco-

te de f i lmes com a

rede me-xicana Te-

levisa. Esse acor-do continha novelas,

filmes e séries que foram dublados, inclusive o ‘Chaves’,

que, logo, foi apresentado a Sil-vio Santos. O mexicano foi pos-

to a teste, dentro do extinto pro-grama do Bozo e, ‘sem querer

querendo’, obteve grande sucesso.

Mistérios rondam al-guns episó-

dios que d e i x a r a m de ser exi-

Foi sem querer querendo

Seriado Chaves comemora 30 anos de Brasil com histórias que

já cativaram várias gerações.

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essa chavesmania”, concluiu

bidos pelo SBT. Após muitas co-branças dos ‘chavesmaníacos’, a assessoria da emissora afirmou que alguns capítulos foram perdi-dos nos antigos estúdios, porém, a explicação mais plausível é que a edição do Chaves foi feita em tecnologia primitiva e parte do material foi perdida com o tem-po, portanto, não tinham qualida-de para a exibição na TV. Nos anos 90, o SBT adquiriu novos capítu-los, todavia, o sucesso não foi o mesmo dos antigos, pois o dubla-dor do Chaves faleceu e o perso-nagem perdeu a característica da voz. Entretanto, a pressão dos fãs fez com que a emissora buscasse em seus arquivos e exibisse os episódios, mesmo com baixa qua-lidade.

De acordo com o adminis-trador do fórum Chaves (www.forumchaves.com.br) e membro do fã clube Chesperito Brasil, An-tonio Felipe Purcino, 21 anos, a volta dos episódios perdidos foi motivo de enorme comemoração para todos, depois de uma luta de 10 anos. “Foram exibidos 68 epi-sódios inéditos desde agosto no SBT, a maioria deles em igual qua-lidade ou até superiores a outros em exibição regular”, reforçou.

40 anos de sucesso

O ano de 2012 trouxe muitas comemorações: é o ano em que o SBT comemora seus 30 anos e quem apaga as velinhas também é a turminha mexicana. Chaves completou 40 anos de criação e 30 de Brasil. Para celebrar o aniversá-rio do campeão de audiência, o SBT resolveu tirar da manga um corin-ga: os episódios perdidos. A emis-sora resolveu atender os pedidos dos fãs e começou a exibi-los.

Sem querer querendo, o me-

nino do canal oito alvoroçou todo o mercado televisivo, com sua popularidade repercutindo na au-diência do canal, que, constante-mente, assume a vice-liderança na faixa das 18 horas. Além disso, o SBT criou um especial do Chaves, em versão nacional, conquistando bons índices de audiência.

Da tv para a internet

E não é que o Chaves não pa-rou por aí e ganhou a internet? Suas trapalhadas podem ser con-feridas pelo Youtube. Em come-moração aos seus 40 anos, o site disponibilizou 150 capítulos com boa qualidade. No meio virtual ainda se discute sobre os episó-dios em fóruns de debates. O fã clube Chesperito Brasil e o Fórum Chaves são os maiores. Eles reú-nem fãs de todos os lugares para dialogar sobre os personagens.

Antônio Felipe afirma que o Chaves é parte muito importante para os fãs. “O fórum é uma for-ma de compartilhar experiências, discutir aspectos inerentes aos seriados, falar sobre curiosidades, comentar episódios, trocar mate-rial multimídia, coleções ou, até mesmo, tirar pequenas dúvidas. Para alguns de nós, os persona-gens da série são quase como “da família”, ressaltou.

Felipe destacou o crescimen-to do fórum com as exibições dos episódios perdidos: “Tínhamos, em fevereiro de 2011, quase 1.500 usuários cadastrados. Hoje, esta-mos com quase 9.000 usuários”, pontuou. Ainda de acordo com ele, “o sucesso se deve ao seu humor atemporal e universal que tem a capacidade de sempre renovar seu público. A criação do fórum permi-tiu esse compartilhamento mútuo e também serviu para manter viva

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Não se sabe ao certo onde começa e onde termina a história dos perso-nagens do seriado Chaves. Segundo Bolaños, os episódios em que a turma vai a Acapulco selaram o fim do elenco completo. A despedida na praia, regi-da pela música ‘Boa Noite Vizinhança’, criação de Bolaños para Vilagrán, mar-cou a despedida de Quico. Especula-se que o personagem de Vilagrán ganhou mais destaque que o de Bolaños, resul-tando em desentendimentos, fazendo com que Quico fosse estrear seu próprio seriado – Frederrico –, na Venezuela.

Toda a trama se desenrola no pátio principal da Vila da casa do Sr. Barri-ga. Isso, isso, isso! O estúdio é o mes-mo, porém, com um toque residencial. Entre as poucas externas realizadas, merece lembrança a ida ao cinema de quase todos, menos Quico. Quando Bolaños gravou o episódio, no final de 1978, criou-se a frase ‘seria melhor ter ido ver o filme do Pelé’, ano auge do sucesso do jogador. Por conta disso, Bolaños recebeu uma ligação de Pelé convidando-o para levar Chaves literal-mente ao cinema, mas o ator não acei-tou a proposta.

Chaves resolveu entrar em campo, mas para treinar futebol americano. Sob o comando dos técnicos Seu Ma-druga e Professor Girafales, o time trei-nou em um terreno baldio dando um show de atuação. Com esses campeões mundiais do humor, o Professor Lingui-ça nos ensinou o que é ‘calistenia’.

A casa da Bruxa do 71 também foi parte do cenário da turma. O medo das crianças era tanto que, antes de

entrarem na casa de Dona Clotilde, a imaginação criou asas e nos deu um dos melhores e mais contagiantes epi-sódios do seriado. A cena em que Dona Florinda e o Professor Girafales andam de carrossel é marcante, bem como a parte em que o Chaves acerta todos com uma marreta, menos o alvo, para ganhar uma bola como prêmio. Mesmo entre brigas, pancadas, ‘cavalinho ala-zão’ e canções de amor, viu-se um dos episódios mais interessantes do seriado.

No mesmo espaço do parque, Cha-ves e Quico já se tornaram concorren-tes na venda de refrescos. O freguês podia experimentar o de laranja, que é de limão, mas tem gosto de tamarin-do. Quem descascava muitos abacaxis era o Professor Girafales, em sua es-colinha, tentando ensinar algo para as crianças do cortiço. Segundo Florinda Meza, em entrevista ao Programa do Ratinho, os episódios em sala de aula foram criados com mais intensidade na década de 90, quando Roberto Bolaños foi ficando mais velho e, por isso, com pouca dinâmica de corpo.

E para fechar, cabe ressaltar os episódios no Restaurante de Dona Flo-rinda. O estabelecimento, além de ge-rar muitas risadas, deu um emprego ao Chaves. Parte do elenco não estava presente, devido à a saída dos dos ato-res que faziam Quico e Seu Madruga. O restaurante conheceu muitas con-fusões geradas pelos ratos no estabe-lecimento. Isso revelou que o senhor Barriga fazia parte da Sociedade Prote-tora dos Animais, uma vez que ele era contra matar os animais.

O sucesso é tan-

to que mesmo com as

piadas repetidas e os

episódios reproduzidos

à exaustão, Chaves con-

tinua angariando fãs de

todas as idades, como

é o caso de Matheus Pi-

vetta Vidal da Penha. O

pequeno, de apenas três

anos, com influências

do pai, assiste, todos os

dias, ao seriado na TV e

repete os bordões dos

personagens. Matheus

fez sua mãe, Marcela

Pivetta, comprar os bo-

necos, as roupas e até a

marreta biônica do Chapolin Colorado,

tamanho é o apreço pelo personagem.

“Ele me fez comprar um DVD do seria-

do para assistir quando o da TV acaba.

Matheus chora e pede para assistir os

DVDs, junto com os amiguinhos. Ele

imita o jeito dos personagens e gosta

muito do Chaves e do Quico”, explicou

Marcela.

O mexicano agrada a todos, inclu-

sive aos universitários, como o estu-

dante de Ciências Econômicas, Nathan

Diirr, 19 anos, que assiste diariamente

ao seriado. O ‘chavesmaníaco’ disse

que desde os sete anos curte a turma

da Vila e que acha graça na simplicida-

de e alegria dos personagens em fazer

humor. “O sucesso do Chaves foi pro-

porcionado pela alegria e pelo talento

dos personagens e da própria direção

em fazer um seriado destinado ao

público infantil com tanta ênfase em

diversão”, reforçou Nathan, que con-

fessou gostar mais da Dona Florinda,

devido ao jeito protetor de mãe.

episódios marcantes...

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Documentos nas nuvensQuando o assunto é armazenar arquivos, CDs, pendrives e,

até mesmo, o HD do seu computador já ficaram para trás. Além da possibilidade da perda desses objetos e dos temíveis erros de gravação, vírus e inúmeros defeitos nos dispositivos podem inutili-zar seus arquivos. Com o crescimento das conexões de banda lar-ga, uma dica segura e prática para guardar seus dados é colocá-los na ‘nuvem’, o que significa disponibilizá-los em servidores da rede mundial de computadores. Depois, basta acessar a rede e pronto! Você terá seus arquivos à disposição, independente de onde você esteja plugado. Entre as opções disponíveis, vale conferir o Drop-box (www.dropbox.com), que disponibiliza 2GB de armazenamen-to grátis, e o Skydrive (www.skydrive.live.com), da Microsoft, que conta com 25GB de espaço. Ambos os serviços são acessados pelo seu navegador.

Internet + livrosQuem disse que internet não combina com leitura? Para quem

curte ler e acessar as redes sociais, esse caminho leva a ambientes como o Skoob (www.skoob.com) e O Livreiro (www.olivreiro.com.br). Na dúvida sobre a próxima leitura? Esses são sites ideais para pesquisa de obras e novos interesses. Muito mais que isso, são ambientes para discussão literária através de comunidades sobre livros, autores e ‘o prazer de ler’. Os usuários podem opinar, pro-duzir resenhas e, ainda, atribuir notas às suas leituras. Interessante também é a possibilidade de se montar murais personalizados com os livros já consumidos, indicar a leitura atual e listar as obras que você desistiu de ler.

Produção colaborativaReunir-se com seus colegas para realizar trabalhos às vezes

torna-se difícil; assim, a internet conquistou espaço como uma ferramenta essencial para a elaboração de atividades acadêmicas e empresariais a distância. Redes sociais dão apoio a essa tarefa, mas outros serviços são mais completos e práticos. O Google Docs (www.docs.google.com) é um deles - um local onde você pode es-crever juntamente com seus colegas, ao mesmo tempo e em um mesmo arquivo. Mas nada vira bagunça, o serviço conta com um chat interno para que você e seus amigos possam organizar suas ideias, além da possibilidade de se adicionar comentários a trechos do texto. E mais, pode-se guardar seus documentos e acessá-los de qualquer computador ou dispositivo móvel com acesso à internet. O Skydrive (www.skydrive.live.com) também oferece um serviço de produção colaborativa semelhante.

Ouvir e divulgar músicasUm cantinho para disponibilizar suas produções musicais e,

muito além disso, um lugar para que seus amigos e fãs comentem trecho por trecho de seu trabalho. Assim funciona o SoundCloud (www.soundcloud.com), uma rede para compositores e amantes da música. Os usuários podem seguir pessoas de interesse e baixar suas músicas prediletas. Não se trata de pirataria: os trabalhos dis-poníveis são distribuídos de maneira gratuita. Para discutir gêne-ros musicais e obras de artistas, o espaço conta com comunidades temáticas que abordam desde os mais variados compositores até estilos musicais exóticos. Também é possível postar gravações por meio de aplicativos para computadores e dispositivos móveis.

tecnologia

Will Morais

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Jeans “Global”A Presidium é uma empresa do grupo

Guermar - que também é detentor das mar-cas Genius, AZ Jeans e Donna Linda - criada há 14 anos e presente em todas as regiões do Brasil. O carro-chefe da grife é o jeans, mas ela também aposta na linha praiana e aces-sórios. A assessoria da empresa colatinense informou que ela ampliou a sua rede de fran-quias em 2011 e te m como objetivo chegar a 15 lojas nos principais centros do país até 2015.

A estudante de Administração Mariane Nascimento é cliente fiel à marca há alguns anos. “Acredito que o diferencial está na qualidade. Não adianta uma peça ser só bo-nita; tem que ser confortável e resistente”, afirmou. Ainda segundo a assessoria, desde 2002, a Presidium é fornecedora de roupas das novelas da Rede Globo e veste mais de 200 celebridades. Famosos como Priscila Fantin, Juliana Knust, Bruno Gagliasso, Cleo Pires, Caio Castro, Rodrigo Hilbert e Giovana Lancelotti estão entre os que usam as peças da marca.

ADCOSHá 18 anos no mercado, a empresa

traz em seu nome o foco de sua produ-ção: “Adcos Cosméstica de Tratamen-to”. A fábrica, localizada no município da Serra, tem capacidade produtiva de dois milhões de unidades por ano, tem mais de 200 pontos de vendas no Brasil, lojas próprias em Portugal e Espanha e expor-ta para a Venezuela e o México. A em-presa investiu em pesquisa, procurando, desta forma, oferecer aos seus clientes produtos inovadores, seguros e eficazes.

Entre as três linhas de produtos - fa-cial, corporal e capilar -, os consumidores da Adcos contam com maquiagens, sa-bonetes, protetores solar e diversos ou-tros itens que promovem o tratamento da pele. A empresa organiza ainda cursos e seminários para clientes, profissionais e convidados, nos quais lança e ensina o uso correto das mercadorias. A Adcos já estampou páginas de revistas como Vo-gue, Contigo, Caras, Cláudia e Elle. A em-presária por trás de todo esse sucesso é Ada Mota, dermo-farmacêutica, que, em 2007, foi a primeira mulher a ser escolhi-da Destaque Empresarial pelo Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças.

As riquezas do Espírito Santo vão além da ex-portação de minério de ferro, petróleo e rochas ornamentais. O Estado ganha espaço no mercado brasileiro, e também internacional, a partir do in-vestimento de empresas capixabas em imagem, posicionamento e também em produtos de qua-lidade. Dados do Sindicato do Comércio da Expor-tação e Importação do Estado (Sindiex) mostram que, em 2011, o Estado registrou alta de 27% nas vendas para o mercado externo, totalizando US$ 15,1 bilhões. Nesses números, empresas dedicadas a moda e a cuidados pessoais também contribuem para engordar as cifras e mostrar que o Espírito Santo se fortalece nesse segmento.

Karla Danielle Secatto

Lila Nascimento

Marcas capixabas de sucesso

Fotos: divulgação

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ViX Biquínis Na contramão dessas histórias está a designer Paula

Hermanny. Sua trajetória de sucesso começou nos Esta-dos Unidos. Capixaba, foi estudar inglês na Califórnia e não quis mais voltar. Suas amigas americanas adoravam os biquínis que importava do Brasil. Paula aproveitou essa oportunidade e, em 2003, abriu a empresa ViX Swi-mwear , em homenagem à sua cidade natal, Vitória. A filial no Brasil só foi inaugurada em 2007, com fábrica em Friburgo e escritório no Rio de Janeiro. A marca está presente em mais de 1200 pontos de venda em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos, e é consa-grada por desenvolver modelos para a grife americana “Victoria’s Secrets”.

A universitária e blogueira de moda Luisa Meirel-les,20 anos, é cliente e fã da marca. Para ela, as peças da grife são as mais belas e as que mais valorizam o corpo da mulher. A revista VOGUE de novembro de 2011 desta-cou o modelo Ripple, e a blogueira fez questão de pro-var, e recomendá-lo a suas leitoras.

“A grande vantagem deste modelo é o franzido es-tratégico e o formato de coração, que deixam o bum-bum empinadinho. Eu já tinha adquirido dois outros mo-delos, mas nenhum no estilo Ripple, então fui em busca do meu, experimentei e amei o efeito! Aprovadíssimo!”, afirmou Luisa.

Joia capixabaEm Colatina, a designer Emar Batalha iniciou seus

negócios com a venda de joias e relógios. A expansão da empresa aconteceu após 11 anos de trabalho: em 2004, Emar inaugurou sua primeira loja em Vitória, voltada apenas para confecção e modificação de joias. Já em 2007, com somente duas lojas, ambas na Capital, a gri-fe Emar Batalha contava com sua própria estrutura de criação, produção e vendas. O sucesso da empresa vai além da qualidade de seus produtos: o investimento em marketing é considerado pela gestora um diferencial.

A empresa informou que contrata consultorias de mercado e marketing para divulgar a marca com mer-chandising e propagandas em revistas regionais, nacio-nais e internacionais. Emar, constantemente, cria novos anéis, brincos, colares e pulseiras, que estampam edito-rias de moda de revistas como Vogue e Elle, e que caem no gosto de famosas como Hebe Camargo, Adriane Ga-listeu, Juliana Paes e Preta Gil. A jóia-símbolo da come-moração dos 15 anos da revista CARAS foi criada pela empresária.

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Uma cara lisa para a política do BrasilOs brasileiros, mais atentos, já

devem estar se preparando para a eleição de outubro, da qual sairão os vereadores e prefeitos que coman-darão os municípios pelos próximos quatro anos. Além dos candidatos que trabalham na elaboração das suas propostas e arquitetam alian-ças, cabe ao eleitor o dever de esco-lher com prudência o seu candidato no processo que legitima o regime democrático.

Cada vez mais os jovens estão se aventurando em disputas eleitorais. Segundo dados do Tribunal Supremo Eleitoral - TSE, na eleição de 2010, o número de candidatos entre 21 e 24 anos cresceu 75% na região Sudeste em relação ao número de concorren-tes no pleito de 2006.

O presidente da Juventude Pro-gressista do Espírito Santo e pré--candidato a vereador de Vitória pelo Partido Progressista (PP), Kauê Oliveira, 23 anos, disse que a descon-

fiança que atinge a política bra-sileira, fruto dos escândalos de corrupção e fraudes, vem contri-buindo para que os partidos po-líticos encontrem na juventude

uma alternativa para dar um novo ânimo aos debates. “O jovem não co-nhece a máquina pública e, no Brasil, isso passa a ser uma saída, tendo em vista que afasta os vícios recorrentes dos mais antigos” afirmou Kauê.

Para o professor de Filosofia da Ufes, Maurício Abdalla, além da con-tribuição natural, os jovens podem trazer duas importantes colabora-ções para a dinâmica política do país, desde que obedecidas algumas con-dições. “Essa nova geração carrega uma capacidade maior de indigna-ção com situações em que os mais velhos já se acomodaram. Nesse sen-tido, é oferecida certa abertura para a novidade e, ainda, para a vontade de querer mudanças.” Outro ponto destacado por Abdalla diz respeito às políticas de planejamento. “Ten-do mais vida pela frente, os jovens adquirem uma consciência da im-portância da política de longo prazo, cujos resultados serão colhidos por eles no futuro”.

Os jovens e os partidos

A juventude sempre atuou nas questões sociais brasileiras. Em mo-vimentos como a luta contra a dita-

dura militar e o AI-5, na década de 60, passeatas a favor das “diretas já”, de meados dos anos 80, e nos protestos que pediam o impeachment do ex--presidente Fernando Collor. Essas articulações sempre foram a porta de entrada para a vida política. Para Marcos Paulo Silva, 21, presidente da União dos Estudantes Secundaristas do Espírito Santo (UESES) e mem-bro da União da Juventude Socialista (UJS), esse conceito está se modi-ficando. “A mídia contribuiu para o descrédito das entidades represen-tativas e sociais. Portanto, a nova forma de entrar para a vida política, atualmente, é por meio das juventu-des partidárias”.

Segundo Kauê Oliveira, a atuação dentro do partido é um ponto forte para elaboração das pautas que reme-tem à juventude. “Trabalhamos em contato com a executiva nacional do partido; podemos, com isso, ter a no-ção dos problemas enfrentados por jovens de todo o país. Isso ajuda nas buscas por conquistas que beneficiem a todo o grupo”.

Para Abdalla a questão ultrapas-sa o local onde o jovem desabrocha-

Jovens capixabas se preparam para as eleições e buscam desmistificar os maus exemplos da política tradicional

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Mateus Cordeiro

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Uma cara lisa para a política do Brasilrá para a política; tem a ver com o método utilizado pelos partidos para o desenvolvimento dos interessados na atuação partidária. “Se o segmen-to jovem de um partido for apenas o “engravatamento” precoce e o treinamento para o exercício da po-lítica tradicional, por meio de parti-cipação em eleições, tem-se apenas uma cara lisa para uma política enru-gada”, ressaltou Abdalla, explicando a seguir que o trunfo é que o parti-do conceba o seu segmento jovem como uma fonte de elaboração de ideias, de militância político-social e de renovação e debate dos próprios programas internos do partido. “O partido que faz isso, além de se reno-var constantemente, forma cidadãos e militantes presentes”, propôs.

Os representantes e o Estatuto

Sobre os representantes do atual cenário político, Marcos Paulo se mos-tra relutante em acreditar em mudan-ças de curto prazo, apesar de acreditar na importância do Estatuto da Juven-tude recentemente aprovado pela Câ-mara dos Deputados. “A nossa repre-sentação é bem pequena, mas, mesmo assim, o Estatuto, caso seja aprovado no

O projeto de Lei nº4529/04 aprova-do pela câmara dos deputados no dia 05 de outubro de 2011 prevê como juven-tude a classe social que corresponde a faixa etária entre 15 e 29 anos. Dentre as medidas que propõe o Estatuto estão: ações afirmativas para garantir o acesso ao ensino superior a negros, indígenas, com deficiência e oriundos de escola pública, a criação do Sistema Nacional da Juventude, que trata da gestão de re-cursos destinados às políticas dirigidas aos jovens, meia-entrada em eventos culturais e esportivos e também 50% de desconto no transporte público, inclu-sive em viagens interestaduais, além de direitos no campo da saúde.

Idade mínima para candidatura no BrasilPresidente, Vice-presidente, Senador - 35 anosGovernador e Vice-Governador -30 anosDeputado Federal, Deputado Esta-dual, Deputado Distrital, Prefeito e Vice-Prefeito - 21 anosVereador - 18 anos

Senado e sancionado pela presidente Dil-ma, marcará um novo momento para os jovens no Brasil”.

Maurício Abdalla lembra aos jo-vens que, acima de tudo, represen-tantes políticos não são feitos apenas por identificação social e, sim, por meio das idéias que são defendidas. “Embora o número de jovens que entra na vida pública tenha crescido nos últimos anos, não me parece que a maioria dos atuais representantes jovens eleitos esteja preocupada com as próximas gerações, com mudanças na velha prática viciada da política, ou com políticas públicas voltadas para a juventude. Isso significa que a eleição de candidatos jovens, por si só, não ga-rante as transformações necessárias”.

Para ele, a luta por direitos deve ser diária e feita a partir da força social dos jovens. “A representação dos interesses da juventude na polí-tica não é garantida pela eleição de candidatos, mas pelas forças sociais que representam. E isso só se con-quista por meio da organização e da participação efetiva na vida da socie-dade, nos movimentos e entidades da sociedade civil”, acredita.

Jovens capixabas se preparam para as eleições e buscam desmistificar os maus exemplos da política tradicional

Estatuto

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Blues Funeral, 2012Mark Lanegan

Dono de uma das vozes mais intoxicantes da música, Mark Lanegan construiu uma carreira solo de respeito, com sete discos de alto nível na bagagem. Neste último, lançado em março, o ex-Screaming Trees dei-xou um pouco de lado o tratamento acústico que geralmente dava a seus discos e se aproximou mais do eletrônico. A voz, mergulhada num copo de uísque, costura belas e melancólicas melodias em texturas de sintetizadores e algumas guitarras distorcidas.

A experimentação de Blues Funeral não chega a ser uma ruptura, mas é da-queles álbuns que devem ser aclamados não só pela excelente qualidade, mas pela coragem de sair da zona de conforto.

Reino dos Medas, 1971, Reinaldo Santos Neves

O que marca, grita e conduz em Reino dos Medas é a urgên-cia existencial, materializada não só na prosa ritmada, mas em grande parte na iminência do contato corporal entre os perso-nagens, por sua vez derramados em tensão sexual. Mas o sexo, na história, passa longe da concepção mundana; ele é, na verda-de, algo místico, como uma porta de entrada para a libertação da existência. Esta obra de Reinaldo lida com a morte a cada frase. Quem exis-

te no livro parece ter a consciência verdadeira do término – aquele saber de quem se depara com o chamado final ao pé do ouvido, mesmo que seja de um ouvido alheio.

Der Himmel über Berlin, 1987 Wim Wenders

Refilmado em 1998 como “Cidade dos Anjos”, o filme tem péssima tradu-ção para o português: “Asas do Desejo”. A bela e metafórica obra de Wim Wenders chama-se “O(s) Céu(s) Sobre Berlim”. Na trama, dois anjos transitam pela Terra admirando ações cotidianas que nos passam despercebidas, como o abrir de um guarda-chuva durante um dilúvio para sentir as gotas de água percorrendo o corpo; o olhar do céu, que poderia vir de cima para baixo, vem ao lado, numa investigação sincera e acolhedora.

Amplificado pela utilização do preto e branco, o tom poético do longa apre-senta uma incrível abordagem sobre a solidão e a necessidade de encontrar alguém que nos faça inteiros.

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